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Pinto
Patrícia Feiten Pinto1 Relação com as Mídias Sociais
Resumo
Este artigo tem como foco uma análise do contexto da
adolescência e suas peculiaridades, enfatizando a
decatexia dos objetos amorosos familiares com a
construção da identidade do adolescente, que é
considerada a tarefa mais importante da adolescência,
além dos resultados destes processos no
desenvolvimento do adolescente. Concomitantemente a
isso, será analisado o uso das mídias sociais como
recurso mediador da retirada dos investimentos
familiares para o grupo de iguais e como ferramenta para
a construção da identidade do adolescente. A
metodologia da pesquisa foram observações de grupos
de adolescentes, registrados em diário de campo.
1 Introdução
A adolescência é uma das etapas do desenvolvimento
humano que se fundamenta na busca frenética de uma
construção identificatória. Para construir a identidade, eles
precisam se espelhar em alguém e este espelhamento já não
pode ser mais os objetos amorosos primários. A consolidação
final da sua personalidade precisa de um objeto novo: o grupo
de iguais. Deste modo, o grupo de iguais é uma espécie de
auxilio que proporciona condições para o adolescente se
posicionar subjetivamente.
No que tange a adolescência inicial, há um incremento dos
impulsos sexuais e agressivos. O objetivo primordial dessa
subfase de desenvolvimento consiste na decatexia dos
objetos amorosos familiares, então a libido objetal está livre
para novos objetos, logo o adolescente irá buscar relações
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2 Desenvolvimento
2.1 Metodologia
Na psicologia, o método de observação é apontado como um
instrumento satisfatório no processo da pesquisa. A
observação é um instrumento de coleta de dados que permite
à socialização e consequentemente a avaliação do trabalho e
é utilizada para coletar dados acerca do comportamento e da
situação ambiental. (DANNA; MATOS, 1999).
A pesquisa de observação foi desenvolvida a partir de 10
observações, que ocorreram durante 10 semanas. As
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falando com quem raqueou e essa pessoa disse que era uma
guria e que se chama Carol” “Mas será que não te mentiram”
“Não sei”.
As redes sociais também são formas de compartilhamento de
informações e conhecimento entre os adolescentes, além de
ser um meio a qual eles utilizam para compartilhar fotos ou
simplesmente para conhecer outras pessoas e conversar. Um
exemplo disso coletado durante as observações seria: “Tu não
têm chat no celular né”? A outra responde: “Não, eu excluí”.
“Baixa que eu quero te enviar uma foto”.
Diante das possibilidades que as mídias sociais oferecem,
temos os jogos, já que ele proporciona para o adolescente a
socialização. Podemos verificar o uso dos jogos nas
observações feitas: Um deles diz: “estou querendo baixar um
jogo novo, mas ele é muito pesado” “eu quero o jogo X, dá
para falar, é fera”. Nesse sentido, para Cabral (2004), os jogos
representam uma atividade lúdica e socializadora, pois
transportam crianças e adolescentes para experiências
diversas, abrindo-lhes as portas para o entendimento da
realidade e ajudando-os a construir os valores tomados como
próprios.
O ápice dessas tecnologias, tanto as redes sociais, quanto os
games e chats, é que eles são uma ferramenta para a
construção da identidade do adolescente e,
consequentemente, eles são formas de retirada de
investimento familiar, ou seja, a decatexia dos objetos
amorosos familiares. A mídia social, portanto, é uma
alternativa que o adolescente contemporâneo encontra para
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3 Conclusão
Com a análise das observações, verificou-se que a
adolescência não é apenas a aquisição da imagem corporal,
como era pensado há algum tempo atrás, mas também a
estruturação final da personalidade, visto que os adolescentes
passam por muitos conflitos durante esta fase, como a
instabilidade emocional, busca pela identidade e pela
independência e a rebeldia.
A partir desses conflitos, o jovem passa a desenvolver uma
relação um tanto conturbada com os pais, exatamente devido
à decatexia dos objetos amorosos familiares, pois o
adolescente se sente não compreendido pelos pais devido à
moratória imposta pelos mesmos, que lhes impõem regras e
limites e isso pode acarretar em problemas de
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Referências
BLOS, P. Adolescência uma interpretação psicanalítica.
São Paulo: Martins Fontes, 1998.