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O TERCEIRO

OLHO
O Poder da Intuição

BENÉ VIANA

Copyright © 2014 Bené Viana


Todos os direitos reservados.

Revisão: Egilena Silva


Capa: Bené Viana
bvg.viana@htomail.com
facebook/Bené Viana
“Minhas intuições se tornam mais claras ao esforço de transpô-las para
palavras...”( Clarice Lispector)
Dedicatória

A Deus por ter se manifestado em cada pessoa que contribuiu para que este
projeto fosse realizado. E a todas as pessoas que serviram de veículo dessa
força poderosa.
Sumário

Prefácio
.......................................................................................

Capítulo I O Terceiro Olho………………...............................

Capítulo II Fé e Crença…………………..................................

Capítulo III Trabalho e Missão.................................................

Capítulo IV O verdadeiro Sentido da Vida...............................

Capítulo V O Poder da Espiritualidade....................................


Agradecimentos

As experiências por mim vividas, que resultaram nas ideias que aqui
proponho, foram marcadas por presenças e participações de inúmeras
personalidades. Agradeço primeiramente a Deus, o Supremo poder criador
pelo dom da vida, e depois às duas pessoas que devo tudo que sou, minha
mãe Raimunda Viana Gonçalves e meu pai Benedito Lacerda Gonçalves que
desde criança com muito amor, dedicação e ternura construíram o alicerce da
minha educação, que me enche de orgulho por terem me mostrado a direção
do caminho que hoje percorro. Sou profundamente grato aos meus
professores e imortais mestres da vida, de modo especial à filosofia de René
Descartes, ao mestre espiritual Huberto Rohden, ao psicólogo e psicanalista
Augusto Cury e ao palestrante Carlos Hilsdorf, pelo privilégio de conhecer
seus ensinamentos e compartilhar suas sabedorias. Meu muito obrigado aos
meus familiares, que sempre estiveram comigo em todos os momentos e que
me deram desvelo naqueles mais difíceis da minha vida. De modo especial à
minha esposa Egilena Silva, que com muito entusiasmo e dedicação
embarcou nessa viagem, e me ajudou a gestar este livro.
.
Prefácio

“Vamos ver as coisas com outros olhos.” “Vamos ver as coisas


sobre um outro ponto de vista.” “Abre o olho”. É natural ouvirmos essas
frases no nosso dia a dia, em casa, no trabalho, na conversa com os amigos.
Mas, será que fazemos ideia da sagacidade e da autenticidade delas? Minha
mãe quando me mandava fazer algo que exigia muita atenção recomendava:
“Meu filho sexto sentido!”. No entanto, nunca tinha refletido sobre isso,
afinal aprendi que os órgãos dos sentidos são apenas cinco: o tato (pele); o
paladar (língua); o olfato (nariz); a visão (olhos) e a audição (ouvido). O que
seria o sexto sentido?
Imagine uma viagem a um lindo lugar, com belas paisagens, onde
as brisas acariciam as aves e os pássaros alegres ensaiam suas mais belas e
primorosas serenatas e que nesse lugar tem alguém esperando por você
ansiosamente, que ao chegar lhe diz que é o seu melhor amigo, ao se
abraçarem um novo horizonte se abre, uma latitude de paz e harmonia agora
entra em sintonia com os cantos dos passarinhos. Vocês começam um longo
papo.
Então percebe que essa pessoa sabe tudo de você, no entanto, você
não sabe nada sobre ela. Como? Nunca tinha visto, nunca tinha falado com
ela, pior ainda, nunca tinha ouvido falar dessa pessoa. Será? Mas, nesse
momento essas indagações são dispensáveis, pois ninguém quer saber esses
detalhes, a longa e prazerosa conversa continua. A pessoa garante que tem
muita coisa para lhe contar que nem você mesmo sabe. Se você for curioso
como eu sou, certamente quando alguém lhe dissesse isso, não resistiria e
despertaria uma enorme curiosidade. Você quer embarcar nessa experiência?
Estou lhe lançando um convite para uma longa aventura, uma viagem que
poucos têm coragem de fazer. Um turbilhão de emoção e conhecimento.
Conhecimento de um mundo que poderá parecer um conto de fada,
um romance, uma história de super-herói. Não posso garantir que você
embarcará, porque não basta apenas adquirir o exemplar, pois ele é apenas
um guia de viagem, mas uma coisa eu posso lhe assegurar, quem embarcar,
vai viajar e não voltará sem conhecer esse amigo secreto.
O terceiro olho é o poder da intuição, o nosso sexto sentido, a visão
interior. Em outras palavras podemos dizer, que é a sensibilidade de
percepção. O que é este poder? Onde está? É real? Ou será que são apenas
algumas pessoas que possuem esse dom de perceber? Talvez a maioria das
pessoas que estão lendo agora não conheça, não faça ideia desse grande poder
do ser humano. Um poder que muitos estudiosos já desvendaram há séculos e
que a princípio me parecia como algo sobrenatural, místico. A verdade é que
não sabemos nada sobre nós mesmos. Como disse um dos fundadores da
filosofia ocidental “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em
vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”.
O homem é o único ser na face da terra que superou todos os
estágios da evolução, do mineral ao espiritual, ou seja, da criação de Adão “o
primeiro” à Ascenção de Jesus “o Cristo”. Esta última fase de evolução
capacitou ao homem distinguir entre o bem e o mal, e o tornou
conscientemente responsável por seus atos. O filósofo e educador Huberto
Rohden escreveu em seu livro Em Comunhão com Deus “O Cristo já está em
nós, como que concebido, mas ainda não nascido; anda como que em
gestação, em viagem, rumo a Belém, gloriosa Belém do nascimento da
consciência divina, ou, no dizer do Mestre, o renascimento pelo espirito”. A
consciência Divina é a essência de todo SER humano, o nascimento do Cristo
no próprio homem.
Este trabalho é uma partilha da minha experiência de vida. Muitas
pessoas contribuíram com seus conhecimentos e experiências, dessa forma eu
também quero contribuir com aquilo que o Filho do Homem, Jesus de
Nazaré, em uma das suas sábias e Divinas analogias chamou de Talentos.
O dia a dia é a nossa maior escola, uma grande universidade. Como
escreveu um dos meus grandes colaboradores Augusto Cury “A vida é uma
grande universidade, mas pouco ensina quem não sabe ser um aluno”.
Estamos o tempo todo nesse grande colégio, cercados de “professores” da
vida (aqueles que nos ensinam o bem e o mal), mas, às vezes “matando
aula”, não prestando atenção nos que eles estão nos ensinando.
Você sabe o que acontece na hora da prova com os alunos que não
frequentam as aulas ou que não prestam atenção ao que os professores
ensinam? Eu sempre observei os colegas que gostavam de brincar, fazer as
“palhaçadas” em plena aula no tempo que estudei o ensino fundamental. E
hoje no papel de professor também fico analisando e refletindo. Os sujeitos
ficam sem saber por onde começar, sem norte, e no desespero para tentar
resolver a situação buscam alternativas que são um risco para o resultado da
sua nota. Na linguagem popular “chutam”, ou tentam algo muito comum que
acontece com o aluno que não estuda, eles tentam “colar” do colega que está
ao lado. E o resultado disso? Às vezes são desastrosos. Assim também é a
nossa vida. Não prestar atenção no que acontece no nosso dia a dia, não estar
alerto é viver uma vida no “chute” e ir pelo outros é um grande perigo no
resultado final.
Ver as coisas com outros olhos é uma intuição, uma sabedoria que
dispensa análise intelectual. Mas, é possível que o ser humano adolesça essa
percepção, um potencial que todos humanos são dotados, uma espécie de luz,
uma bússola da vida. Quando desenvolvemos essa percepção nossas vidas
tomam direção, parece que somos iluminados, e tudo faz sentido.
Jesus de Nazaré ao encarnar o Cristo, o espírito de Deus, o
primogênito e unigênito do Pai, aquele que estava desde o princípio, que era
o verbo que estava com Deus e era Deus; Ao ser batizado, que quer dizer
“iniciado”, assumiu a sua grande Missão. A partir disso, tudo que pregava
era em nível espiritual, apesar do grosso da humanidade até hoje, ainda não
ter compreendido isso “Tudo que vos falo é espírito e verdade, a carne de
nada vale”. Em um de seus ensinamentos disse: “Hipócrita! Tira primeiro a
trave do teu olho, e então poderás ver com clareza para tirar o cisco do olho
de teu irmão.” Jesus falou do terceiro olho, o grande poder de percepção, o
olho que não é material, palpável, mas que é real, aliás, a realeza Divina. É a
partir do momento que desenvolvemos essa percepção é que tiramos a
“trave” e então “podemos ver com clareza”.
Vendo as coisas com outros olhos, conseguimos distinguir o bem
do mal, o certo do errado. Dessa forma, passamos a tirar as lições de vida em
todas as circunstâncias da qual antes, só se via caos. Muitas vezes, as coisas
acontecem nas nossas vidas para crescermos pessoal e profissionalmente,
porém nem sempre percebemos. Neste sentido, escreveu o lendário escritor
russo Liev Tolstói “Há quem passe pelo bosque e só veja lenha para
fogueira”. Isto quer dizer que devemos ver além do natural, do normal para
libertar-se de suas crenças antigas arquivadas em suas mentes.
Só poderemos encontrar felicidade de verdade se vivermos livres.
Mas isso só é possível para aqueles que estão dispostos a romper o estado do
pensamento que na psicologia chama-se acomodação.Sempre ouvimos ou até
mesmo dizemos que o verdadeiro sentido da vida é viver, entretanto, existe
uma grande diferença entre viver e apenas respirar. Se alguém perguntasse a
você: Está vivendo ou apenas respirando? Qual seria sua resposta?
O foco principal deste livro é tentar mostrar através da minha
experiência, que a vida é mais do que respirar, ou então nascer, crescer, lutar
para sobreviver, reproduzir-se, envelhecer e morrer. Assim escreveu Alan
Watts “O sentido da vida é estar vivo. É tão claro, tão óbvio e tão simples.
Mesmo assim, todo mundo não para de correr em pânico, como se fosse
necessário conseguir alguma coisa além de si própria”. A vida só pode ser
vivida se vivermos a cada instante, cada minuto um por um. Viver é como
um passeio com hora marcada para voltar.
O encontro do homem consigo mesmo é o último estágio da sua
evolução aqui na terra, através desse encontro pessoal o ser humano descobre
que ele não é apenas o que ver (visão material) e percebe então que existe de
fato outra realidade, e essa realidade é totalmente diferente da material, pois é
essa nova realidade que lhe mostrará um verdadeiro sentido para a vida.
A nossa cultura há milênios de anos nos educa que o real é aquilo
que vemos ou tocamos. Por isso é compreensível que muitos ainda sintam
dificuldade em aceitar uma realidade totalmente ao contrário. A busca dessa
nova realidade é cheia de paradoxos, nas palavras do Mestre Jesus “uma
porta estreita”, “um Jugo suave, um fardo leve”. Uma porta estreita porque
é difícil de encontrar, porém depois que encontramos percebemos que é
suave e leve. É como um pássaro que está preso, quando encontra um
escapamento na gaiola sai e no infinito espaço do universo ensaia suas mais
belas canções de prazer. É o gozo da liberdade.
Uma das grandes altercas do ser humano há milhares de anos é
tentar compreender o humano e o Divino. Muitos foram e são os apologistas
que travaram sérias e calorosas discussões em torno desse assunto.
Infelizmente, a grande massa da humanidade ainda se encontra num estado
de infantilidade espiritual. Para a maioria, espírito é um ser sobrenatural.
Assim como uma criança não tem capacidade de compreender a
personalidade de um adulto, assim também é muito difícil uma pessoa com o
nível espiritual infantil compreender um indivíduo com nível espiritual mais
elevado, dessa forma, é preciso alfabetizar, começar pelo “ABC” da
espiritualidade. A crença dualista ainda é muito predominante e
incompreensiva, na nossa cultura. E essa mesma crença torna o ser humano
ateísta. O “abandonar” o mundo ainda é incompreensível pelo grosso da
humanidade, assim como o “andar na presença de Deus”.
Aqui não tratarei de “religião” porque sou um leigo e respeito
todas, além de ser grato a todos os religiosos principalmente aqueles que
contribuíram direta e indiretamente com seus conhecimentos nessa jornada da
vida. A religião até hoje, na sociedade contemporânea ainda exerce uma parte
social vigente, pois a maioria das pessoas tem uma crença e isso por um lado
é bom, pois a crença é um princípio, já diz um poeta “quem acredita sempre
alcança”. Por outro lado, muitos se aproveitam dessa fortaleza humana. Junto
com a educação e a política, a religião integra os pilares da sociedade, porém
precisam atualizar-se para contribuir com o bem estar das pessoas.
Neste livro, falarei de espiritualidade, poder do pensamento, que
para mim é o fator essencial na busca por nossas autorrealizações. “O homem
se torna aquilo que pensa”. Ainda que a grande massa da humanidade
acredite que falar de espiritualidade, de Deus é assunto apenas dos religiosos.
Aqui, espírito não se trata de um ser sobrenatural, mas da força que nos guia
e nos conduz. Falarei da experiência de ter encontrado a presença de Deus na
minha vida. A verdade Divina, que só quem experimentou pode dar
testemunho.
Este livro trata de questões relacionadas à vida, Jesus declarou isso
com muita convicção “Eu vim para que todos tenham vida e tenham em
abundância”. Ele sabia que não existe nada nesse mundo mais precioso que
ela, o dom de Deus, o sopro do altíssimo, a alma humana, a razão do Criador
sobre sua criatura.
Entretanto, nesse contexto fica inaceitável para quem ainda não
descobriu que Jesus não foi um “bode expiatório”, mas que morreu apenas
por não negar que era o filho de Deus. Ele veio para dar testemunho da
verdade, que foi a sua razão de viver. Quem não gostaria de encontrar uma
razão para viver melhor neste mundo tão complexo? Um mundo cheio de
angústia, decepções, falta de amor. Será que ainda existe razão para viver?
Onde encontrar essa razão?
O primeiro capítulo intitulado de O Terceiro Olho, explicará o
motivo da escolha do título do livro e fará referências aos conhecimentos
científicos pesquisados, em seguida descreverei a minha experiência e como
desenvolvi esse Divino potencial na minha vida.
No segundo capítulo trata da Fé e a Crença, farei uma análise do
real sentido desses dois termos com base em estudos de grandes pessoas
iluminadas que me ajudaram a despertar para essa nova alvorada na minha
vida.
No terceiro capítulo intitulado de Trabalho e Missão tratarei sobre
a diferença entre trabalho e missão, também será um relato da minha própria
experiência como professor e educador.
O quarto capítulo chama-se o Verdadeiro Sentido da Vida, como
nos demais capítulos, este apresentará histórias e reflexões, além de relatos
reais que farão refletir que ainda é possível encontrar um verdadeiro e real
sentido para viver bem de verdade e que tudo depende de nós mesmos.
E no quinto e último capítulo intitulado de O Poder da
Espiritualidade, descreverei minhas experiências vividas e mostrarei meios de
como ter um nível espiritual mais elevado e alcançar uma paz interior através
desse Divino Poder. O Mestre de todos os mestres recomendava “buscai
primeiro as coisas do alto e tudo a vós será acrescentado”. É nas alturas do
nosso espírito que encontramos tudo que precisamos na nossa vida. Espero
que faça desse livro o teu guia dessa viagem.
O autor
“...representa o Filho de Deus em nós, nossa consciência
espiritual e amorosa, alimentada pela vontade divina que nos chega dos céus
e o amor que vem do nosso coração... é a única glândula do corpo
diretamente ligada à Consciência Superior”.

Não sou nenhum paranormal, psicólogo, psiquiatra ou terapeuta de


formação acadêmica, eu sou um ser normal como qualquer um de vocês.
Apenas um grande curioso e apaixonado pela vida, a vontade de viver me
despertou interesse de estudar o comportamento humano. Haja vista, que sou
pedagogo e estou me especializando na psicologia da educação. A minha
profissão me influenciou muito nessas descobertas, porque ser professor é
descobrir a cada dia um novo horizonte. Por isso, o que você lerá nesse
primeiro capítulo é parte integrante das minhas buscas. Albert Einstein já
dizia “A curiosidade é mais importante que o conhecimento”. Porque é a
curiosidade e a necessidade como dizia Rubens Alves que produz o
conhecimento.
O que é o Terceiro Olho? Segundo a revista Bons Fluídos, num
texto de Laiane Camargo de Almeida Alves, postado por José Carlos
Medeiros de Araújo no blog do holístico Caio, o terceiro olho fica bem no
centro do cérebro e não é um olho, mas uma glândula, chamada de pineal.
Segundo cientistas, é um potente centro receptor de informações, relacionado
à intuição, espiritualidade e percepção de acontecimentos sutis. O terceiro
olho, como um radar, recebem informações que dependem de outras regiões
cerebrais para serem compreendidas. Essa área, segundo os cientistas, está
associada à intuição, à clarividência e à mediunidade. Tão pequena quanto
uma ervilha e na forma de pinha, daí o seu nome, a glândula pineal é
considerada como um terceiro olho, pois tem a mesma estrutura básica de
nossos órgãos visuais. Acreditava-se, até há pouco tempo, que era um órgão
atrofiado, um olho não desenvolvido, de funções indefinidas. Mesmo assim,
despertou o interesse dos cientistas, que descobriram funções relacionadas à
física e aos fenômenos paranormais. Constataram que, como uma antena, a
pineal, também chamada de epífise, é capaz de receber radiações
eletromagnéticas da lua, que regula ciclos menstruais, por exemplo, as
radiações eletromagnéticas vindas do sol e ainda despertar a produção de
certas substâncias neurotransmissoras, que estimulam a atividade física e
mental. Também é a glândula pineal que ativa a produção de hormônios
sexuais no início da puberdade, iniciando-se assim o ciclo da reprodução
humana. Nos animais (sim, ela também está presente neles), capta os campos
eletromagnéticos da Terra, orientando as migrações das andorinhas ou das
tartarugas, por exemplo. E há ainda funções muito intrigantes relacionadas a
esse ponto no centro do cérebro. “A pineal é capaz de captar campos
eletromagnéticos não apenas desta dimensão, onde vivemos, que é a terceira,
mas também de outras dimensões do Universo, acessando campos espirituais
e sutis”, conta Sérgio Felipe de Oliveira, psiquiatra, mestre em ciências pela
Universidade de São Paulo e diretor-clínico do Instituto Pineal-Mind, de São
Paulo. Segundo a Teoria das Supercordas, da física quântica, existem ao
menos 11 dimensões diferentes no Universo e é possível a comunicação entre
elas. Em outras palavras: a pineal é capaz de detectar dimensões invisíveis
aos olhos comuns, e esse pequeno radar está relacionado a fenômenos como
clarividência (vidência de acontecimentos ainda não ocorridos), telepatia
(comunicação por meio do pensamento) e capacidade de entrar em contato
com outras dimensões (mediunidade).
Após analisar a composição da glândula pineal, o cientista Sérgio
Felipe de Oliveira detectou na sua estrutura cristais de apatita, mineral
também encontrado na natureza sob a forma de pedras laminadas. Segundo
suas pesquisas, esse cristal capta campos eletromagnéticos. “E o plano
espiritual age por meio desses campos. A interferência divina sempre
acontece obedecendo as leis da própria natureza” esclarece Sérgio Felipe,
que é diretor-presidente da Associação Médico Espírita de São Paulo
(Amesp). “Os médiuns, pessoas capazes de entrar em contato com outras
dimensões espirituais, apresentam maior quantidade de cristais de apatita na
pineal. Os iogues e místicos, que experimentam estados de meditação e
êxtase profundos, têm menor quantidade”, atesta Sérgio Felipe. E ninguém
pode aumentar ou diminuir essa concentração de cristais, garante o psiquiatra
– ela é uma característica biológica, assim como a cor dos olhos e cabelos.
Sérgio explica que a glândula é um receptor poderoso, mas quem decodifica
as informações recebidas são outras áreas do cérebro, como o córtex frontal
cerebral. “Sem essa interação, as informações recebidas não são
compreendidas. É por isso que os animais não podem decodificá-las: as
outras partes do cérebro deles não têm esse atributo”, conclui.
No Ocidente, a importante função dessa glândula foi descrita no
livro A Terceira Visão (ed. Nova Era), escrito por um inglês que adotou o
pseudônimo de Lobsang Rampa. O filósofo e matemático francês René
Descartes também se curvou ao fascínio da pineal. Na sua famosa Carte a
Mersenne, escrita em 1640, ele afirmava que existe no cérebro uma glândula
que é o local onde a alma se fixa mais intensamente. As religiões também
consideram o terceiro olho como um centro de percepção espiritual.
Para os espíritas – A doutora Marlene Nobre, médica e diretora do
jornal Folha Espírita, conta que as funções espirituais e psíquico-espirituais
da pequena glândula eram consideradas pelo fundador do espiritismo, Allan
Kardec, no século XIX, e foram descritas no livro Missionários da Luz (ed.
FEB), psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado pela
primeira vez em 1958. “Segundo o livro, a melatonina, o hormônio
segregado pela pineal, gera os impulsos para as experiências que promovem
seu desenvolvimento espiritual”, finaliza a médica.
Para os hindus – Na antiga tradição da Índia, dois chacras, ou
centros de energia, são responsáveis pelo desenvolvimento da espiritualidade:
o chacra do terceiro olho, que fica na testa, um pouco acima da linha das
sobrancelhas, e o chacra coronário, no topo da cabeça. Esses dois centros,
que captam e transmitem energia vital, dizem os indianos, revelam
informações espirituais que influem em nossas ações e escolhas. “O chacra
do terceiro olho é responsável pela clarividência e pela criatividade. O
centro coronário nos reabastece de energia cósmica e nos dá força
espiritual”, explica a professora de ioga Alda Biggi, do Centro Vishnu de
Hatha Yoga, em São Paulo. As cores relacionadas ao chacra que fica no alto
da cabeça são o branco, o violeta e o dourado. “Está ligado ao canal central
de energia que passa pela coluna vertebral”, diz a professora. Ele rege a
glândula pineal, que, para os hindus, é o principal órgão do corpo. “É a
representação do céu dentro do homem e está associada às qualidades mais
puras e elevadas que temos dentro de nós”, conta Alda. Já o chacra do
terceiro olho está ligado à tonalidade azul-índigo e à glândula pituitária, que
também fica no cérebro. “Ele influencia todas as formas de expressão,
capacidade artística e intelectual”, complementa.
Para os cristãos – “Ela representa o Filho de Deus em nós, nossa
consciência espiritual e amorosa, alimentada pela vontade divina que nos
chega dos céus e o amor que vem do nosso coração”, diz Amarilis de
Oliveira, doutora em psicologia e diretora do Instituto Cisne de Pesquisas, em
São Paulo, dedicado a estudos na área da inteligência espiritual. “Ela é a
única glândula do corpo diretamente ligada à Consciência Superior”,
conclui.
Outra publicação que descreve a existência desse órgão, descobri
através do site Epoch Times postado por Tara Maclsaac diz que a glândula
pineal, que fica no cérebro humano, tem a estrutura de um olho. Possui
células que funcionam como receptores de luz, tal como a retina faz. Ela tem
uma estrutura comparável com o vítreo, uma substância parecida com um gel
que fica entre a retina e a lente do olho. Ela tem também a estrutura
semelhante a uma lente.
Cientistas ainda estão aprendendo muito sobre a glândula pineal,
conhecida tanto no espiritualismo oriental quanto na filosofia ocidental como
a sede da consciência humana. Crenças orientais também sustentam que, em
outros planos de existência, os olhos podem ser vistos por todo o corpo. A
ciência ocidental está lentamente começando a entender a glândula pineal
como um terceiro olho.
Por muitos anos, os cientistas reconheceram as semelhanças entre a
glândula pineal e os olhos. Em 1919, Frederick Tilney e Luther Fiske Warren
escreveram que as similaridades listadas acima provam que a glândula pineal
foi formada para ser sensível à luz, e possivelmente ter outras capacidades
visuais.
Mais recentemente, em 1995, a Dra. CherylCraft, presidente do
departamento de neurobiologia e células da Universidade da Califórnia do
Sul, escreveu sobre o que ela chamou de “olho da mente”. “Sob a pele do
crânio de um lagarto encontra-se um ‘terceiro olho’ sensível à luz, que é
equivalente à glândula pineal do cérebro humano. A pineal humana não tem
acesso à luz diretamente, mas como o ‘terceiro olho’ do lagarto, ela mostra
uma versão melhorada do seu hormônio, a melatonina, durante a noite”,
escreveu ela. “A glândula pineal é o ‘olho da mente’”.
Um feixe de fibras nervosas a conecta à comissura posterior, uma
outra parte do cérebro que não é bem compreendido. Por volta de 1950,
pesquisadores descobriram a habilidade da glândula pineal de detectar a luz, e
de produzir melatonina de acordo com a quantidade de luz que ela detecta.
Deste modo, ela controla de forma essencial alguns ritmos importantes do
corpo. Ela afeta os sistemas de reprodução e do sistema imunológico. A
glândula pineal foi previamente pensada em ser algo vestigial, mas esta
descoberta mostrou que ela realmente tem uma função importante.
Em maio de 2013, foi feita uma outra descoberta que poderia
mudar completamente a visão sobre a glândula pineal. Foi observado que a
glândula pineal de um rato produz N,N-Dimethyltryptamine (DMT). O DMT
tem uma ampla presença nos seres orgânicos que não é bem compreendida.
Algumas pessoas ingerem DMT para induzir experiências psicodélicas,
muitas vezes caracterizadas como intensamente espirituais.
O Dr. Rick Strassman realizou uma pesquisa clínica aprovada pelo
governo dos EUA na Universidade do Novo México em 1990, injetando
DMT em voluntários humanos. Ele chama o DMT de a “molécula do
espírito”. O estudo que confirmou a presença de DMT na glândula pineal dos
ratos foi realizado na Universidade de Michigan pelo Dr. JimoBorjigin e na
Universidade Estadual de Louisiana pelo Dr. Steven Barker. Ele foi
parcialmente financiado pela Fundação de Pesquisa Cottonwood, que é
dirigido pelo Dr. Strassman, que apoia pesquisas científicas sobre a natureza
da consciência. O estudo foi publicado na revista Cromatografia Biomédica.
Compreendo que para muitas pessoas isso ainda pode ser uma
novidade, até mesmo um espanto, afinal nossa cultura não foi educada para
estudar a consciência humana, falamos de consciência de uma forma muita
superficial, isto é, inconscientemente. Esse apanhado acima não é o
fundamento do conteúdo do livro, é apenas um esclarecimento em torno, do
título do mesmo. O terceiro olho existe, porém, em cada cultura com seu
significado. Aqui usarei o conceito baseado na cultura Cristã, que se refere a
nossa consciência espiritual, amorosa, ligado ao poder divino, isto é, a
consciência Superior.
Mas, falar do terceiro olho, intuição, sexto sentido, não é uma
tarefa fácil, vemos que há muitos anos várias culturas, tanto filosóficas,
religiosas, científicas e espirituais, testemunharam a existência desse órgão e
que até nos dias atuais ainda é objeto de pesquisas. Portanto, para falar de
uma forma real e concreta teríamos que ter a sabedoria de Salomão, a
experiência de Jesus Cristo, e a inteligência de Albert Einstein.
O que é a intuição? A intuição, segundo o Dicionário Aurélio é
“Ato de ver, perceber, discernir, Pressentimento, presságio.” Neste caso, a
intuição se identifica no primeiro significado ao simples ato de identificar
algo no mundo, ou seja, de ver mesmo, por exemplo, este texto que aqui se
apresenta, podemos vê-lo, identificá-lo, percebê-lo e mais que isso, sabemos
que ele é um texto. Então, a intuição não se limita a ver uma coisa, mas
também a sabermos a respeito dela.
Já no segundo significado, e este é o mais conhecido e usado
popularmente, é atribuído à intuição características mais místicas.
Pressentimento, ou pressentir algo é de fato uma intuição, mas é importante
saber que isto não se dá de maneira sobrenatural, mística como que se
houvesse no indivíduo que pressente um dom, algo que o faça transcender as
condições de si e ter acesso a alguma previsão de um tempo futuro. Há
também quem confunda a intuição com revelação, isto é, um conhecimento
obtido por intermédio de Deus que, através do seu poder e sabedoria
infinitos, insere no intelecto do indivíduo o conhecimento.
Ainda nesse sentido, a intuição entendida como presságio é algo
puramente lógico, ou seja, ocorre por inferências simples no intelecto do
indivíduo, o que o faz saber de imediato que algo pode acontecer ou vir a ser,
isso se dá basicamente por dedução, ou seja, o indivíduo ao longo da vida
adquire experiências que são suficientes para ele deduzir que tal coisa pode
decorrer de outras, caso sejam concretizadas. Com isso, ele forma de maneira
automática um encadeamento de relações causais onde a causa final será a
dita intuição. Assim, a intuição também seria perceber, ver, mas agora
interiormente, entender algo que vem de dentro de si, por exemplo, uma
pessoa entrar em um bairro violento, da sua cidade, pode “intuir” que será
assaltado ou levar um tiro por bala perdida, isto é, por motivo da violência
(causa) ele intui que corre riscos.
Então, podemos perceber aqui dois tipos de intuição, uma que seria
relacionada ao interior e outra pautada ao exterior, no sentido de que nesta,
olhamos para fora de nós para ter a intuição ou que a mesma está relacionada
a objetos externos, enquanto que, naquela olhamos para dentro de nós para
termos a intuição ou percebermos o que ocorre ao nosso redor, isto é, nossos
conhecimentos e experiências previamente obtidos.
Na filosofia, mais especificamente nos trabalhos dos filósofos
ligados à “Teoria do Conhecimento” a intuição tem um papel de destaque.
Isso por que ela é peça fundamental para entender o processo de produção do
conhecimento humano. Grandes filósofos como René Descartes, o qual é a
minha base desse trabalho, a intuição ganha ênfase nas suas teses a respeito
do “conhecimento” com um significado não tão diferente destes expressados
no dicionário Aurélio, mas com certeza são bem mais amplos e assim mais
abrangentes.
Um conceito básico de intuição vista desta maneira (filosófica)
pode ser encontrado no Dicionário básico de Filosofia: “Intuição: (lat.
Intuitio: ato de contemplar) Forma de contato direto ou imediato da mente
com o real, capaz de captar sua essência de modo evidente, mas não
necessitando de demonstração”. De certo modo, este conceito se aproxima
em parte do significado básico do Aurélio. Porém, é visto que ele se mostra
bem mais específico ao conhecimento e não qualquer conhecimento, mas
aquele racional da realidade na sua essência, mesmo que de forma imediata.
Para entendermos melhor como isto se dá vamos analisar um fragmento do
livro escrito pelo filósofo René Descartes. “Por intuição entendo não a
confiança flutuante que dão os sentidos ou o juízo enganador de uma
imaginação de más construções, mas o conceito que a inteligência pura e
atenta forma com tanta facilidade e distinção que não resta absolutamente
nenhuma dúvida sobre aquilo que compreendemos; [...] Deste modo, cada
qual pode ver por intelectual que existe, que pensa, que um triangulo é
limitado só por três linhas, um corpo esférico por uma única superfície [...]”.
(In Regras para a direção do Espírito)
Descartes foi um filósofo que sempre buscou estabelecer um
critério racional para conhecermos as coisas, totalmente despendido de
dúvida. No “Discurso do método”, nas “Meditações” ele vai buscar este
critério racional e chega inclusive a citar as formas pelas quais conhecemos
que apresentam dúvida e que consequentemente pode nos induzir ao engano,
ao erro, à ilusão. Os sentidos (sensibilidade) seria uma destas formas de
conhecimento que não é segura em sua totalidade, pois em algumas
circunstâncias podemos nos enganar quanto aos sentidos.
Estabelecendo que Deus é bom em sua totalidade e que assim não
pode nos enganar quanto à realidade (pois não seria bom se assim
procedesse), temos a segurança de que podemos conhecer as coisas sem que
um possível “gênio mau” nos engane, nos iluda. Entre estes e outros
argumentos ele fundamenta a segurança para podermos conhecer o que nos
rodeia.
Para ele, a intuição seria uma forma de conhecer as coisas de forma
segura. Através desta, podemos captar de maneira segura e direta por meio da
nossa inteligência (razão) os conhecimentos simples, que por assim serem
não nos resta qualquer resquício de dúvida quanto a sua validade. Isto por
que a intuição é caracterizada por nos fornecer ideias claras e distintas e uma
apreensão da totalidade do objeto, sem precisarmos de uma devida
demonstração, pois tudo isso é dado de forma imediata. Em outras palavras,
conhecemos determinado objeto completamente sem precisarmos de um
aprofundamento para se chegar a sua essência, uma vez que a totalidade da
ideia ou do objeto nos é fornecido no momento em que se dá o contato direto.
Podemos concluir que a intuição é uma forma de percepção. A
forma que percebemos as situações do dia a dia, seja ela, interior ou
exteriormente, determina nosso grau de intuição, quanto mais intuitiva é uma
pessoa mais conhecimento terá.
Eu sou educador e conheci a filosofia de René Descartes por meio
do meu curso de pedagogia. Desse modo, farei algumas considerações sobre
este filósofo considerado por muitos como “o pai” da filosofia moderna, pois
como foi dito anteriormente ele me serviu de base para desenvolver este
trabalho.
O pensamento de Descartes é revolucionário para uma sociedade
feudalista em que ele nasceu, onde a influência da Igreja ainda era muito forte
e quando ainda não existia uma tradição de "produção de conhecimento".
Para a sociedade feudal, o conhecimento estava nas mãos da Igreja.
Aristóteles tinha deixado um legado intelectual que o clero se encarregava de
disseminar.
René Descartes viveu numa época marcada pelas guerras religiosas
entre Protestantes e Católicos na Europa. Ele viajou muito e viu que
sociedades diferentes têm crenças diferentes, mesmo contraditórias. Aquilo
que numa região é tido por verdadeiro, é achado como ridículo, disparatado,
mentira nos outros lugares.
A contribuição filosófica de Descartes para a educação centra-se na
proposta do método sem o qual a mente não se organiza para processar o
conhecimento seguro. Para ele, a razão é igual em todos os homens. A razão
é o bom senso e todos devem desejar possuí-la, pois representa o poder de
julgar de forma correta e discernir entre o verdadeiro e o falso.
Para Descartes, a diversidade de opiniões decorre do
direcionamento do pensamento e por não serem consideradas as mesmas
coisas por todos, indistintamente. Não haveria, a princípio, pessoas mais
racionais que outras. Pois, seria insuficiente ter o espírito bom, o importante
seria aplicá-lo bem, se continuasse pelo caminho reto mesmo avançando
devagar, sem desistir, poderiam avançar bem mais do que aqueles que não
persistiram.
Desde muito cedo, Descartes foi instruído nas letras. Estava
convencido de que, por intermédio delas, poder-se-ia adquirir um
conhecimento claro e seguro de tudo o que é útil na vida. Porém, assim que
terminou os estudos, mudou radicalmente de opinião pelo fato de estar
embaraçado em inúmeras dúvidas e erros, o que pensava, não seria próprio
ocorrer após ter recebido instruções. Constatou que quanto mais tentava se
instruir, descobria cada vez mais a sua ignorância, apesar de ter estudado
numa das mais célebres escolas da Europa, onde imaginava que devia haver
homens sábios, se é que havia em algum lugar da Terra.
Porém, isso não o desestimulava a deixar de apreciar os exercícios
com os quais se ocupam nas escolas, pois tinha convicção da necessidade e
do valor que representavam para a sua personalidade ávida por
conhecimentos.
Com isso, Descartes não abria mão das formas possíveis de
conhecer a realidade. Uma dessas formas merece destaque: a conversação
com as pessoas mais qualificadas do passado, que se estabelece com a leitura
de bons livros.
Para Descartes, a educação deve fazer a equalização entre o
passado e o presente para nortear o futuro. E mais, deve dar vazão à cultura
que está próxima, sem afastar a possibilidade de conhecer a de outros povos.
Em conclusão, embora não fosse à intenção de Descartes em dar
contribuições efetivas para a educação, a forma que pautou a sua vida e o
relato dessa experiência acabou por não só alertar à humanidade sobre a
necessidade do método como também legar um método (método cartesiano)
como caminho seguro para a produção de conhecimentos seguros. O método
cartesiano partia da premissa “duvidar de tudo” e tinha quatro regras
principais: (1) só aceitar como verdadeiro o que está claro e não suscita
dúvidas; (2) dividir cada problema em tantas partes quantas forem
necessárias; (3) analisar cada parte com clareza e plenamente, acrescentando-
a ao conhecimento do todo; (4) não deixar de levar em conta nada que possa
ser fonte de erro. Em grande parte devido a esse método que enfatizava como
sabemos o que sabemos e não o que é possível saber.
Quando conheci a sua filosofia fiquei encantado e passei estudar
um pouco mais do que exigia meu curso. Depois de um longo período de
estudos mais aprofundados, conclui que o ser humano apesar de ter os órgãos
dos sentidos perfeitos são “deficientes”. A ignorância é a falta de
conhecimento e isso é uma deficiência. Como ninguém conhece tudo, somos
todos ignorantes. Conhecer é como abrir o olho, o olho do espírito (mente,
pensamento).
O título desse livro O TERCEIRO OLHO, o poder da intuição, é
uma contextualização do dizer popular “Abre teus olhos”, ou seja, fica
esperto. Além da contribuição da filosofia de René Descartes, outros autores
também fizeram parte na construção deste “guia”. Mas, a psicologia de
Augusto Cury no seu livro “O código da inteligência” merece destaque, ele
propõe a técnica do DCD (Duvide – Critique - Decida). Essa técnica consiste
em você analisar tudo que te rodeia, e antes dos cincos primeiro 5 minutos
fazer uma análise crítica para tomar sua decisão. E hoje é fundamental para
que não “cairmos em tentação” Jesus, o Cristo sabia muito bem dessa
psicologia e recomendou “vigiai e orai” vigiar é prestar atenção, estar
esperto, olhos abertos para as circunstâncias do dia a dia. Orar é pedir em
pensamentos o que queremos ou comunicar nossos desejos a Deus. Contudo,
é preciso o conhecimento de si mesmo e depois do mundo. Será que nos
conhecemos? Será que conhecemos o mundo? Será que conhecemos a Deus?
Estas e outras respostas estão nos próximos capítulos.

“Pensamentos sem conteúdos são vazios; intuições sem conceitos são


cegas”. (Immannuel kante)
“...caminham juntas como nossos pés, um depende do outro para
caminhar... quando subimos ou descemos a uma escada, colocamos um pé e
depois precisamos pôr o outro para que possamos efetuar o processo de
subir ou de descer... Muitos confundem Fé com a simples ideia de querer, ou
crer intensamente. Mas, Fé é atitude! É agir movido pela certeza do Amor
Divino e da Divina Justiça...Romper um estado da nossa mente nem sempre é
possível porque estamos “encarcerados” pelo poder que a cultura exerce
sobre cada um de nós... A crença substantivo do verbo, crer, é uma opção
vaga, incerta, indefinida; assim como alguém diz: creio que vai chover, creio
que fulano morreu – mas nada disso é certo”

O ser humano é capaz de superar um estado psicológico e


encontrar caminhos que possibilitem a libertação do seu pensamento. A
depressão por exemplo é um desses estados da nossa mente que na maioria
das vezes é preciso ajuda profissional para libertar-se. O ser humano vive
muitas vezes encarcerado pela sua própria mente. Uma prisão psicológica que
Augusto Cury chamou em uma de suas obras de: A pior prisão do mundo.
Deus é o SER Criador de todas as criaturas, no livro dos Salmos
encontramos “todo ser que respira, louve ao Senhor”. Exatamente isso,
porque todo ser que tem vida respira, as árvores, os animais, até os
minúsculos insetos. Louvar é manifestar-se, porém muitos ainda acham que
louvor é apenas quando abrimos a boca para falar ou cantar. Tudo é forma de
manifestação. Expressar a Deus seus agradecimentos também é louvor.
Porém contemplar a sua criação esse é o maior louvor.
Na verdade, Deus existe através de suas manifestações, ninguém
poderá vê-Lo se não for através delas no nosso dia a dia. O universo inteiro
está repleto de sua presença, é só prestarmos atenção para reconhecermos que
o Deus do universo é o grande Poder criativo, que quando analisamos uma
planta, quando olhamos para o céu em uma noite estrelada, quando
observamos o nascer de uma borboleta entendemos esse grande mistério. Foi
através dessa manifestação da sabedoria Divina no homem, que fiz uma
grande descoberta que mudou totalmente minha vida em todos os sentidos,
pois encontrei respostas que há muito tempo procurava, porém ainda era
difícil a compreensão devido a mente está impedida de aceitar uma nova
realidade. É uma prova que muitas vezes, precisamos de alguém que abra
nosso olho, isto é, desperte nosso sentido, a intuição.
Em toda caminhada é preciso sempre dar o primeiro passo, depois
o outro para assim continuarmos até o destino final. O primeiro passo nessa
caminhada é dissolver os conceitos já formados na mente, o segundo é abrir a
mente para os novos conceitos. Superei o primeiro estágio, que no meu ponto
visto é o mais difícil, posso dizer refletindo as palavras de Jesus Cristo que
esse achado é “uma porta estreita”.
A porta estreita representa a dificuldade que todos sentem em
encontrar a saída no meio desse estágio, é como um pássaro engaiolado, que
ao adaptar-se à prisão não consegue ver a abertura por mais que esteja bem na
sua frente. Segui então alguns conselhos dos grandes mestres, buscando as
origens dos vocábulos. E percebi que há muita diferença entre a
epistemologia das palavras e os seus sentidos contidos nos dicionários.
Nestes, encontramos os significados delas, na maioria das vezes, duas
palavras sinônimas (mesmo sentido) podem possuir significados totalmente
diferentes se buscarmos suas origens. Isso faz muita diferença na psicologia
do pensamento. Porém, o convite aqui é ser mais intuitivo, reflexivo,
perceptivo, ir além dos dicionários. A teoria filosófica do conhecimento pode
ser, (pelas minhas experiências vividas) a chave ou a direção para a saída, o
despertar do terceiro olho, a busca do conhecimento.
Entre muitas outras, essas duas palavras (fé e crença) que intitulam
este capítulo, foi para mim um princípio que me motivou, foi a causa de uma
grande busca e grandes descobertas. Descobertas que muitas pessoas já
haviam realizadas, porém a nossa cultura ainda não as compreendem, e isso
pode ser um grande obstáculo. Aparece então um fator que é responsável
pelas implicações de nossos pensamentos. A cultura. O que a cultura
influencia em nossos estados de espírito?
Segundo o dicionário Aurélio, cultura significa: “1- Ato, arte,
modo de cultivar. 2- Lavoura. 3- Conjunto das operações necessárias para
que a terra produza. 4- Vegetal cultivado. 5- Meio de conservar, aumentar e
utilizar certos produtos naturais. 6- Aplicação do espírito a (determinado
estudo ou trabalho intelectual). 7- Instrução, saber, estudo. 8 Apuro;
perfeição; cuidado”. Observe que a palavra cultura tem conceito muito
amplo, podendo se encaixar em muitos exemplos. Aqui trataremos no sentido
de conservação, saber, aplicação do espírito, neste livro trato espírito como
expressão do pensamento. Sendo assim, veremos que cultura é o conjunto de
manifestações artísticas, sociais, linguísticas e comportamentais de um povo
ou civilização. Portanto, fazem parte da cultura de um povo as seguintes
atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e
escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções,
pensamentos, formas de organização social, etc. O site suapesquisa.com
definiu o termo cultura da seguinte forma: “Uma das capacidades que
diferenciam o ser humano dos animais irracionais é a capacidade de
produção de cultura”. Analisando esse conceito percebemos a relação que
existe entre a cultura e as nossas crenças, por esse motivo confundimos
crença com a fé.
Qual a diferença entre fé e crença? Numa visão geral as duas
palavras são sinônimas, ou seja, parecem ter o mesmo significado. Mas,
vamos analisar sobre outro ponto de vista, vendo com outros olhos, a partir
de uma visão psicológica. Quando tratamos de fé e crença não há como negar
que as religiões são as maiores instituições que tratam desse tema, por causa
do poder que elas exercem desde nossos antepassados. No entanto, hoje com
o fluxo de informações e a velocidade do conhecimento esse cenário tem
mudado bastante, fazendo com que muitas pessoas tenham acesso as fontes e
cheguem às suas próprias conclusões.
A psicologia do pensamento também entendida por psicologia
espiritual, constituiu o alicerce para que eu pudesse abrir o que eu chamo de
“o terceiro olho”, ou seja, a minha percepção. Dois grandes mestres
despertaram em mim o poder da intuição, em relação à fé e a crença que
antes, por razão da nossa própria cultura acreditava que fossem palavras
sinônimas e que possuíam o mesmo sentido. Você perceberá como a cultura
religiosa influencia no nosso desenvolvimento espiritual, isso não quer dizer
que as religiões sejam as “culpadas”, mas apenas mostrar que nós somos
descendentes delas. Diante dessas reflexões podemos perceber que o ser
humano poderá viver como disse Jesus em abundância. A abundância da qual
o Mestre se refere é a fortaleza espiritual. Essa é grande descoberta do
“tesouro escondido”. Carlos Hisldorf, um economista, conferencista,
palestrante em seu livro 51 atitudes essenciais para vencer na vida escreveu
“A palavra “fé” vem do latim (fides), do qual vem também a palavra
“fidelidade”, qualidade de quem é fiel. Para os romanos, fé significava a
materialização da palavra dada, o compromisso cumprido. Assim, a fé em
Deus é a certeza de que a palavra Dele será sempre cumprida. Muitos
confundem Fé com a simples ideia de querer, ou crer intensamente. Mas, Fé
é atitude! É agir movido pela certeza do Amor Divino e da Divina Justiça.
Não é ficar inoperante, à espera que Deus faça as coisas por nós. Ele nos
dotou de todas as condições para fazê-las e nos concedeu liberdade para
agir. Quem vive a fé produz boas obras, assim como as boas árvores
produzem bons frutos. Fé não é crença, é convicção, é certeza! Fé é a certeza
que resta quando todas as outras deixam de existir! Quando temos fé,
seguimos determinados por caminhos que outras pessoas julgariam ser
impossíveis. Fé não é teoria, é prática. Viva sua fé e você chegará a lugares
muito melhores do que aqueles aos quais sonhou chegar. Faça por merecer o
Amor que Deus dedica a você em cada segundo de sua existência!” Huberto
Rohden: ex-padre, filósofo, educador, mestre espiritual da terceira
humanidade em seu livro a Sabedoria das Parábolas escreveu: “Há quase
2000 anos que a cristandade identifica fé com crença – esta identificação
marcou o início de uma das maiores tragédias espirituais do cristianismo de
todos os setores, sobretudo do protestantismo, que se baseia principalmente
no princípio de ‘quem crer será salvo’. A nossa palavra fé vem do termo
fides, radical de fidelidade. Fé é, pois uma atitude de fidelidade, harmonia,
sintonia. Quando o meu aparelho de rádio está sintonizado com a onda
eletrônica pela estação emissora, então o meu rádio apanha nitidamente a
música irradiada pela emissora – meu rádio tem fé, fidelidade, alta
fidelidade, com a estação emissora. Mas quando o meu aparelho receptor
não está afinado pela mesma frequência, vibratória da emissora, não apanha
a música, porque não tem fé, fidelidade, sintonia. A crença nada tem a ver
com a fé. A crença substantivo do verbo, crer, é uma opção vaga, incerta,
indefinida; assim como alguém diz: creio que vai chover, creio que fulano
morreu – mas nada disso é certo”.
Veja que nos dois argumentos os autores dizem a mesma coisa, “fé
não é crença” (Carlos Hilsdorf) “A crença nada tem a ver com fé”(Huberto
Rohden). Então, por que usamos a palavra crença em vez de fé? O próprio
Huberto Rohden esclarece que foi devido os primeiros textos dos evangelhos
serem escritos em grego e nesta língua fides, fé, é pistis, que tem o verbo
pisteuein, ter fé, fidelizar. No entanto, a tradução latina, não encontrou verbo
derivado de fides, viu-se obrigado a recorrer ao termo vago credere que em
português significa crer, esta significa acreditar, um estado da mente.
Portanto, segundo esse filósofo, Jesus teria dito: “Quem for fiel a mim, será
salvo” em vez de “Quem crer em mim, será salvo”.
Se analisarmos sobre esse ponto de vista, as palavras do Mestre
ganham uma reciprocidade em relação à personalidade de Jesus, pois, Este
foi o Homem com a mais autêntica atitude e ação. Quando aquela pecadora
foi trazida até Jesus, Ele não pediu que cresse Nele, mas que fosse fiel. E
exigiu somente atitude (fidelidade à sua ordem) “Vai e não peca mais”.
Quando li sobre isso custei entender, porém depois a luz foi se
abrindo e compreendendo percebi que crença pode ser uma doença
psicológica, no sentido de temer, acreditar em algo, como por exemplos as
superstições, a feitiçaria, são pontos negativos da crença. E foi nessa alvorada
que acabei descobrindo que a crença no sentido de acreditar é o mais potente
poder do ser humano. Ela pode ser a chave da libertação e da prisão.
Quando eu tinha mais ou menos 6 anos de idade minha irmã me
contou uma história de uma animal que não tinha cabeça e saia fogo pelo
pescoço, que morava nas florestas e gostava de comer criança. Passei a
acreditar realmente nessa história, e isso fez com que eu não conseguisse
andar sozinho por muito tempo, sempre que saia lembrava do animal sem
cabeça querendo pegar as crianças para comer. Quando minha mãe me
matriculou para estudar, não conseguia ir para a escola e nem voltar para casa
sozinho. Minha casa ficava fora do povoado e toda vez que precisava voltar
sem a companhia do meu irmão, que apenas me deixava no colégio, parecia
que estava vendo sair de dentro do mato aquele “monstro”, eu ficava em
pânico. Quando cresci, descobri que se tratava de uma lenda, “A mula sem
cabeça”. Hoje ninguém consegue me amedrontar com essa história. O que
houve com o medo da mula sem cabeça?
Na psicologia a palavra crença está vinculada um estado da mente,
acreditar, ou seja, é dar crédito, é confiar, enquanto que, fé está relacionada às
atitudes, ações. E é bem compreensivo. A fé é um conjunto de princípios:
acreditar, perseverar e esperar. Um não pode acontecer sem o outro. Quando
acreditamos, mas não perseveramos e não esperamos perdemos a fé. Ficamos
apenas com a crença. Não há como perseverar e tão pouco esperar se não
acreditamos. Isso também me fez refletir o papel de Deus em nossa vida.
Fidelidade é um pacto um ato de confiança mútua. Analise um casal de
pessoas que é fiel um ao outro, o peso é igual, o respeito, a cumplicidade
devem ser de ambos. Porém, é preciso cuidado, em comparar a fidelidade
Divina com a fidelidade humana, pois Deus é manifestação e não um ser
humano. A fidelidade Divina é incondicional não depende da cumplicidade
do outro, mas de um acreditar profundo, um perseverar ardente e um esperar
sensato. Não compreender a essência Divina e o ego humano pode ser um
dos maiores equívocos que o ser humano ainda comete.
Vejamos um exemplo básico: Quando procuramos um banco para
nos dar crédito, estamos pedindo que o banco acredite em nós. O banco
acredita e quer que sejamos fiéis ao crédito dado. Quando comecei a fazer
essa diferenciação entre os dois termos, senti que libertava meu espírito.
Muitas indagações como essas passavam pela minha cabeça: Devemos
acreditar em Deus ou ser fiéis a Ele? Quem confia a quem? Será que somos
nós quem confiamos em Deus ou Deus que já confiou em nós? Nesse ponto
de vista, não teria Deus confiado à vida a nós (crédito) e quer apenas que
sejamos fiéis a ele (ter fé)? Imagine quando o banco dá um crédito, (acredita)
a um cliente e este não é fiel (não tem fé). Certamente terá muitas
complicações na sua vida financeira, desde o nome sujo nos órgãos
competentes, a não poder fazer outras negociações. Observe o quanto é
essencial ser fiel a quem nos confia. A crença no sentido de acreditar é
aquilo que você cria na sua mente, os seus desejos, por exemplo: um sonho é
um produto da nossa imaginação. A fé é uma atitude diante daquilo que
imaginamos, sonhamos.
Suponhamos que seu grande desejo (sonho) é ter sua casa própria,
você está acreditando essa ideia na sua mente (estado de crença). Então
começa ir em busca dessa realização, como por exemplo: procurar um
trabalho, fazer economias, poupanças, aplicações. Essa atitude de construir os
meios de realizar este seu desejo é a fidelidade a sua ideia (fé).
A falta de compreensão em diferenciar estes termos (Fé e crença)
tem atrapalhado o homem em conhecer a verdade Divina. O ser humano
acredita em Deus, no entanto nem sempre é fiel. Quem não gostaria de ver
Deus? Ou você é daquelas pessoas que acredita que só poderemos ver Deus
depois que morrermos? Se você assim acredita, é melhor refletir sobre quem
é Deus para você? Onde está? Ele existe mesmo? Acreditar em Deus até o
ateu acredita, pois quando está em apuros clama por ele. Mas, se você
acredita que Deus é real e que pode se manifestar na sua vida aqui mesmo
nesta terra, dois passos devem ser dados. O primeiro é crer que ele existe. E o
segundo ser fiel, e quem é fiel tem atitude e vai em busca.
A nossa cultura impregnou na mente dos seres humanos que
veremos Deus apenas no “juízo final” e essa crença faz com que poucos
busquem um encontro pessoal com Ele ainda aqui nessa dimensão da
matéria. Podemos perceber que para ser fiel a alguma coisa primeiramente
essa coisa deve existir (ou fazer existir, afinal nossa mente tem esse grande
poder). Como ser fiel a algo que não existe? Impossível. É nesse sentido que
faz toda diferença, você saber o que é ação (Fé) e o que é produto da
imaginação (crença). Um dia vai perceber que a imaginação é apenas um
princípio, um caminho que leva a uma realidade por meio de uma atitude.
Porém, se você analisou com intuição percebeu que a crença é uma espécie
de alimento da fé, um caminho que leva a um destino. Para as grandes
realizações na nossa vida precisamos de dois passos: acreditar (confiar) e ser
fiel (tomar uma atitude). Eu já ouvi muitas pessoas dizerem “Eu acredito em
Deus e ele é fiel a mim”. Eu diria “Deus acredita em mim, e eu busco ser fiel
a ele”, no meu ponto de vista, fidelidade não é algo pronto e acabado, é um
exercício diário. As pessoas quando querem alcançar algo principalmente
nos momentos mais difíceis da vida, constantemente clamam a Deus, por que
sabem que ele existe. Mas, muitas vezes quando não recebem o que querem
não compreendem. Esse processo é um ato de “fé” ou apenas um momento
de “crença”?
O alpinista
Esta é a história de um alpinista que sempre buscava superar mais e
mais desafios. Ele resolveu, depois de muitos anos de preparação, escalar o
Aconcágua. Mas, ele queria a glória somente para ele, e resolveu escalar
sozinho sem nenhum companheiro, o que seria natural no caso de uma
escalada dessa dificuldade.
Ele começou a subir e foi ficando cada vez mais tarde, porém ele
não havia se preparado para acampar resolveu seguir a escalada, decidido a
atingir o topo. Escureceu, e a noite caiu como um breu nas alturas da
montanha, e não era possível mais enxergar um palmo à frente do nariz, não
se via absolutamente nada. Tudo era escuridão, zero de visibilidade, não
havia lua e as estrelas estavam cobertas pelas nuvens.
Subindo por uma “parede”, a apenas 100 metros do topo, ele
escorregou e caiu… Caía a uma velocidade vertiginosa, somente conseguia
ver as manchas que passavam cada vez mais rápidas na mesma escuridão, e
sentia a terrível sensação de ser sugado pela força da gravidade. Ele
continuava caindo e, nesses angustiantes momentos, passaram por sua mente
todos os momentos felizes e tristes que ele já havia vivido em sua vida. De
repente, ele sentiu um puxão forte que quase o partiu pela metade …shack!
Como todo alpinista experimentado, havia cravado estacas de segurança com
grampos a uma corda comprida que fixou em sua cintura.
Nesses momentos de silêncio, suspenso pelos ares na completa
escuridão, não sobrou para ele nada além do que gritar:
- Oh, meu Deus! Me ajude! - De repente uma voz grave e profunda
vinda do céu respondeu:
- O que você quer de mim, meu filho?
- Me salve, meu Deus, por favor!
- Você realmente acredita que eu possa te salvar?
- Eu tenho certeza, meu Deus.
- Então corte a corda que te mantém pendurado…
Houve um momento de silêncio e reflexão. O homem se agarrou
mais ainda a corda e refletiu que se fizesse isso morreria…
Conta o pessoal de resgate que ao outro dia encontrou um alpinista
congelado, morto, agarrado com força com as suas duas mãos a uma corda …
a tão somente dois metros do chão.
Autor desconhecido

Veja bem como aquele alpinista não foi fiel (não teve fé), acreditou
(teve crença) mas, faltou atitude. A crença e a fé caminham juntas como
nossos pés, um depende do outro para caminhar. Observe quando subimos ou
descemos a uma escada, colocamos um pé e depois precisamos pôr o outro
para que possamos efetuar o processo de subir ou de descer, ou seja, para que
possamos realizar precisamos agir. O alpinista deu o primeiro passo faltou
dar o segundo. Dessa forma, percebemos que a crença é um princípio
psicológico potente, enquanto que a fé é uma atitude. Por isso, Deus está em
cada um de nós, buscamos-Lhe através dos nossos pensamentos viver em sua
comunhão, e Ele se manifesta no homem por meio dos gestos. É a harmonia
do corpo e da alma, o humano e o Divino.
Deus é a fonte de energia de toda nossa mente e se conecta a nós
através do nosso pensamento, ou seja, a mente é a tomada que nos liga a
Deus, é como um aparelho eletrônico que se liga na rede elétrica. A mente é o
aparelho receptor, o pensamento é o fio condutor e Deus a fonte de energia.
O que acontece com os aparelhos eletrônicos quando desligamos a tomada
que conecta à rede elétrica? Simplesmente desliga, para de funcionar, é
exatamente isso que ocorre quando nos desligamos da fonte maior da nossa
energia. É fácil confiar em Deus, basta apenas colocar nossos pensamentos
voltados a Ele.
Entretanto, é muito mais difícil ser fiel, pois exige ação, uma
atitude, e muitas vezes essa atitude depende de uma grande decisão, como fez
com aquele alpinista. Por isso, muitos confiam em Deus, mas quando Deus
exige provar sua confiança, falham. Portanto, acreditar é o momento que você
quer algo e aplica inteiramente seus pensamentos a fonte. Mas, isso requer
uma atitude para a realização do que se almeja. Aquilo que eu chamo de
segundo passo.
Você já deve ter passado por situação que alguém disse, ou você
mesmo tenha dito: “Pensamento positivo e tudo vai dar certo”. O fator
psicológico é a principal força. Porque tudo começa no pensamento. Mas essa
situação também merece uma análise. Às vezes queremos algo, desejamos e
não conseguimos. Um exemplo: Por que o mundo clama por paz e parece que
cada dia fica pior? Todo pensamento é causa de um efeito, todos os nossos
pensamentos tomam forma de alguma maneira. Agora eis o “segredo”.
Nossos pensamentos são vibrações do nosso interior, isso significa que a
“força do pensamento” não depende apenas de um grande “desejo” de querer
algo, mas de um querer interiorizado, e depende do estado da nossa mente.
Muitos confundem mente com pensamento, na verdade o
pensamento é o produto da nossa mente. Uma mente saudável significa que
os pensamentos serão saudáveis também. Assim como uma mente confusa,
doentia, certamente produzirá pensamentos confusos e doentios. Jesus Cristo
se referiu a isso quando disse: “A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem
a árvore ruim produzirá bons frutos”.
O nosso cérebro é um órgão principal de todo o nosso sistema
nervoso central, ele comanda todo o nosso movimento do corpo material
através da nossa mente. Portanto, a mente é um instrumento do nosso
cérebro, ela é responsável por todo o nosso pensamento. E o pensamento é a
mais potente energia do ser humano. Apesar da grande massa humana não
saber disso. E como toda e qualquer energia, ela precisa de uma fonte
geradora para existir. De onde veio à energia que está alimentando a TV da
sua casa? Certamente de uma fonte geradora que passou por várias
subestações até chegar na TV.
Para o nosso pensamento existir precisa de uma fonte geradora, o
Criador, Supremo, Deus, o Pai como dizia Jesus. A mente é apenas o veículo
que conecta a fonte. É como se fosse um grande tubo que traz água da
nascente. Agora imagine uma nascente de água pura, e que o tubo que traz a
água até você, esteja sujo. A água certamente chegará suja, não por causa da
nascente(fonte), mas pelo veículo(condutor) que a trouxe. Por isso, o estado
da mente é essencial para realizações dos nossos desejos. Então, por que será
que nossos pedidos de paz para o mundo não chegam ao ouvido de Deus?
Será que estamos num estado em que nossos desejos possam ser atendidos?
Jesus alertou “a paz que eu vos dou não é a paz que o mundo oferece”. Qual
é a paz que queremos?
Quando estamos em uma situação desesperadora é muito comum
pensarmos: Onde está Deus? Parece que não me ouve, será que me
abandonou? Nesse caso, nosso cérebro poderá estar funcionando
normalmente, mas a mente está num estado enleado, por isso não
conseguimos ter respostas e essas dúvidas às vezes são externadas através das
palavras.
Em 2000, foi o ano que eu descobri que estava com um problema
de saúde, passei mal, fui ao médico e detectei uma gastrite. Iniciei o
tratamento, melhorei, mas não conclui o mesmo. E sem sentir nada levei uma
vida normal, em 2002 mais uma vez passei mal, voltei ao médico, e estava
com uma gastrite avançada. Retomei ao tratamento, melhorei novamente,
parecia estar tudo bem, continuei levando uma vida “normal”. Em 2011
passei muito mal, perdi peso, não dormia, e sentia muita indisposição. Fui ao
médico, e em uma endoscopia digestiva, foi detectado que estava com duas
úlceras no estômago e possivelmente malignas, pois o médico teve que
recolher o material de exame para enviar aos laboratórios especializados para
uma análise mais concreta e definitiva. Nesse momento, perdi todas as
minhas estruturas psicológicas, não conseguia ver nada mais a não ser o fim
da minha vida. Foram 15 dias e 15 noites de grande angústia e grande
sofrimento até o resultado final do exame. Durante esse período de espera a
irmã de uma colega indicou um psicanalista e me levou até ele.
Lembro-me que quando estava na sala de espera tinha uma imagem
de Jesus Cristo na cruz. Olhei para ela e pensei: “pai tu que curaste leprosos,
cegos cochos e aleijados toma conta de mim”. E fiz uma promessa: “Pai se
você me der a última chance, eu serei o testemunho da tua existência”.
Quando entrei no consultório, o psicanalista me perguntou o que estava
sentindo, contei tudo. Ele me perguntou você acredita em Deus? Respondi
que sim. Perguntou onde está Deus? Eu disse que estaria no céu. Ele me
olhou com um olhar sarcástico e sorriu, confesso que naquele momento senti
raiva dele. Eu era muito religioso, sonhei um dia em ser padre, fui catequista,
agente comunitário na pastoral da juventude. E sempre participei ativamente
na igreja. Não entendi a “incredulidade” daquele homem, e me perguntava:
por que ele coloca a imagem de Jesus na porta do seu consultório, se não
acreditava em Deus? Depois de uma descontraída legal, ele me relaxou os
pensamentos e disse: você tem uma arma muito forte, você confia em Deus,
basta ser fiel a ele. Descubra esse poder e você nada temerá. Em seguida, me
indicou os livros de Augusto Cury para ler como terapia de
autoconhecimento.
Às vezes quando reflito essa história, recordo de quando pedi a
Deus por meio daquele símbolo na porta daquele consultório, e minutos
depois estaria ele (Deus) se manifestando através daquele homem. Passei a
compreender a manifestação Divina no ser humano. O evangelista João em
uma de suas cartas escreveu “Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos
uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor”. Percebi
que não entendia nada sobre Deus, apenas acreditava que existia. Se você
também analisou essa história percebeu que acreditar somente, não basta. Foi
a partir desse grande óbice que fui à busca de Deus na minha vida.
Hoje, posso dizer que diante das diversidades que já enfrentei,
posso afirmar que encontrei Deus e sei que ele é muito mais real do que
quando apenas acreditava, posso contar com esse poder sempre, em todos os
momentos. Ele se manifesta em nós de todas as maneiras e até nas coisas
menos improváveis para o ser humano. Deus jamais nos abandona, ele é a
vida. A nossa alma, nosso corpo é apenas um santuário do Senhor. Muitas
vezes temos tanto cuidado, respeito por um “sacrário” morto de madeira,
feito pela mão humana para “simbolizar” e esquecemos que o nosso corpo
que é a casa de Deus, um santuário vivo como escreveu o apóstolo Paulo a
comunidade de corinto "Não sabei vós que sois templo de Deus, e que o
Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus
o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós é santo". Deus está em
nós, mas nem sempre estamos nele, nos afastamos dele por nosso próprio
egoísmo, fazemos como aquele “filho” que Jesus contou nessa profunda
parábola.
A parábola do filho pródigo
Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai,
dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele repartiu os haveres.
Passados não muitos dias, o filho mais moço, juntando tudo o que
era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens,
vivendo dissolutamente.
Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande
fome, e ele começou a passar necessidade.
Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este
o mandou para os seus campos a guardar porcos.
Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam;
mas ninguém lhe dava nada.
Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm
pão com fartura, e eu aqui morrendo de fome!
Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei
contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-
me como um dos teus trabalhadores; E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha
ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o
abraçou, e beijou.
E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não
sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos:
Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no
dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos
e regozijemos-nos; porque este meu filho estava morto e reviveu, estava
perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.
Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao
aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e
perguntou-lhe que era aquilo.
E ele informou: veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho
cevado, porque o recuperou com saúde.
Ele se indignou e não queria entrar, saindo, porém, o pai procurava
conciliá-lo.
Mas ele respondeu a seu pai. Há tantos anos que te sirvo sem
jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para
alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que
desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o
novilho cevado.
Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo;
tudo o que é meu é teu.
Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos,
porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.
Apesar dessa comparação que Jesus faz do SER humano com seu
próprio egoísmo, quase sempre a grande parte da humanidade interpreta com
exclusividade como a parábola clássica do pai misericordioso para com o
pecador penitente, meu objetivo aqui não é excluir tal interpretação.
O grande educador espiritual Huberto Rohden fez com que me
identificasse nessa grande mitologia bíblica, quando mostrou a essência do
simbolizado a partir dessa analogia. Uma intensa comparação do homem que
se encontra com seu ego. Uma espécie de conversa do nosso Eu Divino com
a “imagem” que vemos no espelho das ilusões. A mais pura e avançada
evolução do homem através de erros humanos para a verdade Divina. Fez
perceber que quando estamos passando pelas maiores dificuldades da nossa
vida é que realmente “caímos em si”. Carlos Hilsdorf diz que a dor, não a dor
material, mas a dor moral, é uma professora severa, porém eficaz. Buscamos
conhecer quem somos. Quem sou? Quem é meu pai? De onde vim? Nós nos
conscientizamos, e certamente desejamos voltar ao Pai não com desígnio de
ser chamado filho, exigir direitos, mas apenas de ser um servo.
Veja quanto significado tem esse binômio (fé e crença) e quanto
elas influenciam a nossa vida. Romper um estado da nossa mente nem
sempre é possível porque estamos “encarcerados” pelo poder que a cultura
exerce sobre cada um de nós. É preciso romper com os pensamentos que nos
aprisionam, nesse estado o ser humano não consegue imaginar, ou seja, sair
da gaiola que apresa o pássaro chamado imaginação. A leitura de bons livros,
como dizia René Descartes, refletir sobre os significados de nossa existência
como recomendava Mahatma Gandhi, são caminhos que nos levam a
encontrar os meios de libertar nossas ideias. Muitas vezes é preciso
tenacidade para abandonar nosso lar da acomodação, e conhecimento para
retornar a ele como aquele filho que teimou em sair. Mas, aprendeu,
conheceu a verdade sobre ele mesmo, teve sabedoria e retornou. Acreditar é
um princípio, mas a essência está em descobrir a verdade, às vezes esta é
dolorosa e isso poucos estão dispostos a aceitar. Entretanto, a ideia da
verdade é equivocada. Jesus ao dizer “descobrireis a verdade e a verdade vos
libertará” quis explicar que a única verdade existente é aquela sobre nós
mesmos.
Acreditar em tudo que dizem sem ir à busca da profunda realidade
é como alguém que acredita que as estrelas estão mortas somente porque o
céu está nublado.
A crença é um estado da mente. A fé é uma atitude.
“O melhor trabalho político, social e espiritual que podemos fazer
é parar de projetar nossas sombras nos outros” (C. G. Jung)

“...podem significar a mesma coisa. Toda missão é um trabalho,


mas nem todo trabalho é uma missão. As pessoas que fazem do seu trabalho
a sua missão, já não se preocupam com o “como” nem com “o quê” fazer,
mas somente tem certeza que o seu trabalho não é um benefício de si próprio
mas, sabe que ele é uma luz que ilumina, uma direção que encaminha, um
cajado que abre os mares rumo as terras prometidas...”
É o sonho de todo cidadão ou cidadã encontrar um trabalho, uma
estabilidade na vida. De norte a sul de leste ao oeste deste planeta, sem
dúvida, essa é a maior luta do ser humano. Pois, é através de seu trabalho que
o homem sobrevive dignamente. Milhares de pessoas no mundo estão
entrando em depressão por falta de um trabalho. No entanto, um considerável
número estão no mesmo estado psicológico por excesso dele. E aqueles que
mesmo com as possibilidades não conseguem realizar seus sonhos? O que
impossibilita?
Andala, o pardal
O sol anunciava o final de mais um dia e lá, entre as árvores, estava
Andala, um pardal que não se cansava de observar Yan, a grande águia. Seu
voo preciso, perfeito, enchia seus olhos de admiração. Sentia vontade em
voar como a águia, mas não sabia como o fazer. Sentia vontade em ser forte
como a águia, mas não conseguia assim ser. Todavia, não cansava de segui-la
por entre as árvores só para vislumbrar tamanha beleza... Um dia estava a
voar por entre a mata a observar o voo de Yan, e de repente a águia sumiu da
sua visão. Voou mais rápido para reencontrá-la, mas a águia havia
desaparecido. Foi quando levou um enorme susto: deparou de uma forma
muito repentina com a grande águia a sua frente. Tentou conter o seu voo,
mas foi impossível, acabou batendo de frente com o belo pássaro. Caiu
desnorteado no chão e quando voltou a si, pôde ver aquele pássaro imenso
bem ao seu lado observando-o. Sentiu um calafrio no peito, suas asas ficaram
arrepiadas e pôs-se em posição de luta. A águia em sua quietude apenas o
olhava calma e mansamente, e com uma expressão séria, perguntou-lhe:
- Por que estás a me vigiar, Andala?
- Quero ser uma águia como tu, Yan. Mas, meu voo é baixo, pois
minhas asas são curtas e vislumbro pouco por não conseguir ultrapassar meus
limites.
- E como te sentes amigo sem poder desfrutar, usufruir de tudo
aquilo que está além do que podes alcançar com tuas pequenas asas? –
Sinto tristeza. Uma profunda tristeza. A vontade é muito grande de
realizar este sonho... O pardal suspirou olhando para o chão... E disse:
- Todos os dias acordo muito cedo para vê-la voar e caçar. És tão
única, tão bela. Passo o dia a observar-te.
- E não voas? Ficas o tempo inteiro a me observar? Indagou Yan.
- Sim. A grande verdade é que gostaria de voar como tu voas...
Mas as tuas alturas são demasiadas para mim e creio não ter forças para
suportar os mesmos ventos que, com graça e experiência, tu cortas
harmoniosamente...
- Andala, bem sabes que a natureza de cada um de nós é diferente,
e isto não quer dizer que nunca poderás voar como uma águia. Sê firme em
teu propósito e deixa que a águia que vive em ti possa dar rumos diferentes
aos teus instintos. Se abrires apenas uma fresta para que esta águia que está
em ti possa te guiar, esta dar-te-á a possibilidade de vires a voar tão alto como
eu. Acredita!
- E assim, a águia preparou-se para levantar voo, mas voltou-se
novamente ao pequeno pássaro que a ouvia atentamente:
- Andala, apenas mais uma coisa: Não poderás voar como uma
águia, se não treinares incansavelmente por todos os dias. O treino é o que dá
conhecimento, fortalecimento e compreensão para que possas dar realidade
aos teus sonhos. Se não pões em prática a tua vontade, teu sonho sempre será
apenas um sonho. Esta realidade é apenas para aqueles que não temem
quebrar limites, crenças, conhecendo o que deve ser realmente conhecido. É
para aqueles que acreditam serem livres, e quando trazes a liberdade em teu
coração poderás adquirir as formas que desejares, pois já não estarás apegado
a nenhuma delas, serás livre! Um pardal poderá, sempre, transformar-se
numa águia, se esta for sua vontade. Confia em ti e voa, entrega tuas asas aos
ventos e aprende o equilíbrio com eles.
Autor desconhecido

Quando conheci essa história lembrei-me de um professor de


matemática do ensino médio, no dia que a turma havia aprontado uma
“bagunça” na sala. Ele entrou e nos deu um sermão, e lembro que ele dizia:
“o que vocês querem da vida de vocês, a sociedade é uma selva, só os mais
fortes sobrevivem.” Talvez o professor tivesse agido com a melhor das
intenções, mas não entendi a mensagem e talvez não somente eu. Não
concordei com essa pedagogia e sempre refleti. Então, será por isso que as
pessoas são capazes de praticar atos cruéis, só para serem os mais fortes?
Uma grande massa humana pode usar essa justificativa para suas atitudes.
Passei a me sentir um Andala da vida, apenas admirando as “águias”.
No entanto, um dia minha professora de psicologia da educação em
meu primeiro dia de aula do curso de pedagogia me apresentava uma das
maiores lições para minha vida. Ela disse: “compare nossa vida com uma
grande maratona, todos são iguais, com a mesma possibilidade, partindo do
mesmo ponto. Porém, apenas aquele que se prepara melhor, chega. Seja ele
em primeiro, segundo ou terceiro não importa. Mas se vocês observarem
uma grande maratona perceberão que do ponto de partida sai uma grande
quantidade de participantes, cada um com um objetivo. Alguns apenas para
participar do evento, outros para testar seus limites e ainda tem alguns que
querem apenas queimar um pouco de calorias. Contudo, tem aqueles que seu
objetivo é ser um vencedor, um campeão” E concluiu: “qual é o seu objetivo
na maratona da vida”? Foi nesse momento que entendi o meu professor de
matemática. Somos assim, quantas pessoas estão como estive, apenas
admirando as águias? Eu não deixei de admirá-las, mas hoje tento treinar meu
voo todos os dias.
Quando falamos de trabalho, estamos relacionando nossos sonhos,
pois são por causa de nossos sonhos que saímos cedo da nossa cama. Mas é
necessário que saibamos definir nossos sonhos para evitarmos que ele se
transformem em um pesadelo. O que são os sonhos? Na nossa cultura temos
pelo menos dois conceitos de sonhos. Um está relacionado ao momento do
sono que nosso espírito se desprende do corpo físico. O outro aos nossos
desejos, imaginação. Trataremos aqui no sentido do segundo conceito. O
sonho no sentido de desejo ou de querer.
O sonho das três árvores
Havia, no alto da montanha, três pequenas árvores que sonhavam
com o que seriam depois de grandes... A primeira, olhando as estrelas, disse:
- Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros.
Para tal, até me disponho a ser cortada.
A segunda olhou para o riacho e suspirou: - Eu quero ser um
grande navio para transportar reis e rainhas. A terceira árvore olhou o vale e
disse:
- Eu quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que, as
pessoas ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em Deus.
Muitos anos se passaram, e certo dia vieram três lenhadores e
cortaram as três árvores, todas muito ansiosas em serem transformadas
naquilo com que sonhavam.
A primeira árvore acabou sendo transformada num cocho de
animais, coberto de feno.
A segunda virou um simples e pequeno barco de pesca, carregando
pessoas e peixes todos os dias, a terceira, mesmo sonhando em ficar no alto
da montanha, acabou cortada em altas vigas e colocada de lado em um
depósito.
E todas as três se perguntavam desiludidas e tristes:
- Para que isso?
Mas, numa certa noite, cheia de luz e de estrelas, onde havia mil
melodias no ar, uma jovem mulher colocou seu neném recém-nascido
naquele cocho de animais. E de repente, a primeira árvore percebeu que
continha o maior tesouro do mundo!
A segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um
homem que acabou dormindo no barco, mas quando a tempestade quase
afundou o pequeno barco, o homem se levantou e disse: "PAZ".
E num relance, a segunda árvore entendeu que estava carregando o
rei dos céus e da terra.
Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a terceira árvore espantou-se
quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem foi pregado
nela. Logo, sentiu-se horrível e cruel. Mas logo no Domingo, o mundo vibrou
de alegria e a terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado um
homem para salvação da humanidade, e que as pessoas sempre se lembrariam
de Deus e de seu filho Jesus Cristo ao olharem para ela.
Autor desconhecido

Como tudo muda quando vemos as coisas com outros olhos, o


terceiro olho é o ponto de luz na escuridão, é a sapiência do ser humano. A
intuição, o sexto sentido é olho de Deus no homem. Podemos analisar que o
“sonho das três árvores” não foi realizado como elas imaginaram, mas foram
surpreendidas com o resultado dos sonhos, pelo significado que cada um
representou. Essa é a grande razão da nossa autorrealização. Um dia sonhei
em ser padre, entretanto me tornei professor, hoje sou tão feliz quanto
qualquer um que vive sua missão para ser feliz e contribuir para construir a
felicidades das pessoas. Isso é missão, encontrar um significado para nossos
desejos e dar sentido à vida. Quando vemos às coisas com o olho Divino,
presente em nós através da nossa própria consciência, os acontecimentos da
nossa vida tantos os bons quanto os ruins são motivos de grande aprendizado.
Os bons são guardados como recordações e os ruins como lição de vida. Sem
usar o poder da intuição parecemos cegos, levamos os eventos ao “pé da
letra”.
Na sociedade que vivemos cheia de desilusão em todas as esferas
da vida, é preciso “acordar” abrir o olho, “vigiar” como dizia Jesus,
“buscar a razão” como recomendava René Descartes. Mas, a sociedade
infelizmente não apela para essas sabedorias, pois ainda preferem viver sobre
o poder do intelectualismo e dominados pela emoção.
A sabedoria não é adquirida nos centros acadêmicos, é alcançada
no nosso dia a dia. Nós crescemos em sabedoria quando prestamos atenção
em tudo que nos rodeia. Um simples ato de resolver situações cotidianas tem
um grande espólio de sabedoria da parte de quem sabe resolver os problemas.
A sabedoria se destacou na época do barbarismo quando a inteligência
humana era pouco evoluída. Com o desenvolvimento da inteligência, o
homem achou que resolveria todos os problemas apenas com essa ferramenta.
Uma vez um rei que morava num grande castelo, levantou-se
apavorado. Havia tido um sonho terrível no qual teria perdido de uma só vez
todos os dentes. Preocupado, ordenou:
– Chame o meu melhor sábio.
Em poucos minutos, lá estava o sábio diante do rei. Após contar-
lhe o sonho terrível, ordenou-lhe:
– Diga-me, sábio, o que significa esse meu sonho?
O sábio pensou… pensou… pensou… e, virando-se para o rei,
disse-lhe:
– Majestade, vai acontecer uma desgraça na sua família. Uma
doença terrível vai invadir o castelo e morrerá o mesmo número de parentes
tanto quanto for o número de dentes perdidos em seu sonho.
O rei, furioso, ordenou ao seu comandante da guarda que amarrasse
o sábio no toco e lhe desferisse cem chibatadas diante de todos os súditos.
– Chame outro sábio, este é um idiota – ordenou aos gritos.
Logo, logo, lá estava o outro sábio diante do rei. Contando-lhe todo
o sonho terrível, ordenou-lhe:
– Diga-me, sábio, o que significa esse sonho?
O sábio pensou… pensou… pensou… e, olhando nos olhos do rei
deu um sorriso largo, disse:
– Vossa Majestade é realmente um iluminado, um protegido por
Deus. O número de dentes que sonhou perder será o mesmo número de
familiares que morrerão vítimas de uma doença terrível.
Mas, apesar de toda a desgraça do castelo, Vossa Alteza irá
sobreviver são e salvo.
O rei, feliz da vida, ordenou que lhe entregassem cem moedas de
ouro.
Quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
– Não é possível! A interpretação que você fez foi à mesma que o
seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele puniu com cem
chibatadas e a você ele recompensou com cem moedas de ouro.
Autor desconhecido

Observamos que a mesma situação foi dada aos dois sábios, no


entanto a forma de resolver foi diferente. O que para um, foi causa de
condenação para o outro foi motivo de glória.
A resiliência é um conceito psicológico emprestado da física,
definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar
obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc.,
sem entrar em surto psicológico. No entanto, Job que estudou a resiliência em
organizações, argumenta que a ela se trata de uma tomada de decisão quando
alguém depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de
vencer. Essa decisão propicia forças na pessoa para enfrentar a adversidade.
Assim entendido, Barbosa propôs que se pode considerar a resiliência como
uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para
enfrentar e superar problemas e adversidades.
“Os problemas nasceram para serem resolvidos” diz uma
sabedoria popular. Na verdade os problemas são ilusórios, é um estágio da
mente, porque o problema é o grau das dificuldades, apesar dos nomes
(dificuldade e problema) parecerem sinônimos, eles se diferem totalmente. Se
dissermos tenho um problema para resolver, teremos um problema, porém se
mudarmos e dissermos estou enfrentando uma dificuldade, significa que já
estamos resolvendo o “problema”. Portanto, encare as dificuldades e
perceberá que não existem problemas. Carlos Hilsdorf disse: “Uma semente
possui o ‘gérmen vital’; a potencialidade de vida, para efetivá-la terá de
vencer uma série de dificuldades: o rompimento da membrana que envolve o
‘sêmen’; encontrar no solo os nutrientes necessários para o seu
desenvolvimento; vencer a força a resistência que o solo aplica ao seu
crescimento; vencer a força da gravidade na sua busca pela luz do sol, entre
muitas outras”.
O mesmo acontece conosco, temos dificuldades, não problemas.
Problemas somos nós que criamos, as dificuldades fazem parte da nossa
própria natureza, sempre surgirão. A corrida pela concepção é a nossa
primeira e maior das dificuldades, entre todas que teremos, afinal são milhões
de espermatozoides em busca de um óvulo. Não é esse o mistério da vida?
Uma dificuldade poderá transformar-se em um problema. Porém,
depende muito de como você lida como as dificuldades. Qual sua atitude
diante das dificuldades? Reflita através dessa história.

O lavrador e o sábio
Conta uma lenda que um lavrador foi procurar o sábio do seu
vilarejo para se queixar sobre as dificuldades da vida. Estava cansado de lutar
com os problemas. Parecia que mal terminava de resolver um e surgia outro
pior. Estava a ponto de desistir de tudo.
O sábio pediu-lhe para descer até o lago e trazer um balde com
água. Feito isso, o sábio dividiu a água em 3 panelas e colocou-as no fogão.
Logo a água estava fervendo.
Na primeira panela, colocou uma cenoura; na segunda, um ovo; e
na terceira, um punhado de folhas de chá.
Depois de meia hora, o sábio tirou as panelas do fogão. Pegou a
cenoura e colocou-a numa tigela, o ovo em outra e derramou o chá numa
terceira tigela. Virando-se para o lavrador, perguntou:
- Diga-me o que você está vendo?
- Cenoura, ovo e chá.
- Pegue a cenoura e aperte-a. O que lhe parece?
- A cenoura esta cozida, mole.
- Agora, apanhe o ovo e quebre - disse o sábio.
O lavrador quebrou a casca e viu que o ovo estava cozido e firme.
Por fim, o sábio mandou o lavrador tomar o chá.
Ele sorriu quando sentiu o aroma delicioso e bebeu com prazer. Em
seguida, perguntou:
- O que o senhor pretende com isto?
O sábio explicou que essas três coisas tinham enfrentado a mesma
dificuldade: a água fervente. E cada uma reagiu de maneira diferente. A
cenoura entrou forte e rígida, mas ao ser submetida ao calor, amoleceu. O
ovo era frágil, só contava com a casca muita fina para proteger seu interior,
mas a água fervente o fez endurecer. As folhas de chá, entretanto, mostraram
um comportamento singular: depois de passarem alguns segundos
mergulhados na água fervente, elas modificaram a água!
- Qual deles é você? - indagou o sábio. Como reage quando a
adversidade bate à sua porta? Você como a cenoura, o ovo ou as folhas de
chá?
Autor desconhecido
Quando você estiver diante dos “problemas” da vida, pergunte a si
próprio: O que sou? Uma cenoura, que parece forte, mas amolece e se
fragiliza na primeira dificuldade? Um ovo que começa com um coração frágil
e espírito fluido, mas depois da perda ou outro problema torna-se rígido e
endurecido? Ou a folha de chá, que consegue transformar as dificuldades em
oportunidades, liberando seus aromas e sabores.
Trabalhar é uma missão ou nossa missão é trabalhar? A palavra
missão provém do verbo latino “militere”, significa “enviar, mandar”.
Segundo o dicionário Aurélio significa: encargo, poder dado a alguém para
fazer alguma coisa. Observamos que missão é uma ordem recebida de
alguém, que enviou para um determinado trabalho. O homem já tem certeza
que é uma criatura, isso significa que ele não é auto criador. Quem nos criou?
Quem nos enviou? Estas reflexões, já nos remetem a uma resposta, isto é,
que temos uma missão, portanto, somos missionários do nosso Criador, pois
somos enviados. Viemos ao mundo enviado por aquele que nos criou,
porque somos uma criatura, independentemente de credo ou religião.
Nenhum homem conseguiu tamanha façanha, isto é, de dar vida a um ser
humano, portanto, dependemos de um Ser Superior, Aquele que nos enviou e
que, portanto, nos deu a vida. Mas, qual é a nossa missão? Para que viemos a
este mundo? Podemos encontrar respostas a essas indagações perguntando a
si mesmo, O que eu quero para minha vida? Onde estou? Até quando estarei
aqui? O que estou fazendo? Como estou fazendo? Por quê? Para quê?
A partir do nosso autoconhecimento, somos capazes de
diferenciarmos esses dois termos, e percebermos que missão e trabalho
podem significar a mesma coisa. Toda missão é um trabalho, mas nem todo
trabalho é uma missão. As pessoas que fazem do seu trabalho a sua missão, já
não se preocupam com o “como” nem com “o quê” fazer, mas somente tem
certeza que o seu trabalho não é um benefício de si próprio mas, sabe que ele
é uma luz que ilumina, uma direção que encaminha, um cajado que abre os
mares rumo as terras prometidas.
O sentido da palavra missão neste livro está relacionado ao envio.
Imagine um capitão de um exército, ele manda seus soldados à guerra, e
ordena que estes devam fazer o possível e o impossível para vencer. O
capitão é o superior e os soldados, os enviados. Os soldados farão de tudo
para cumprir a ordem recebida do seu superior. O “tudo” que eles farão é o
trabalho que terão para cumprir a missão, isto é, trabalharão por uma grande
causa. Agora imagine trabalhar sem causa, sem saber para quem nem para
quê. Isto é viver sem rumo. E acredite é angustiante, é como um carro sem
piloto, em um indeterminado momento vai bater, e quanto maior a
velocidade, maior é o impacto. Talvez, isso seja a causa de muitas pessoas
viverem infelizes, no trabalho, em seu dia a dia e até mesmo com sua própria
vida. William Barclay disse: “Há dois dias extraordinários na vida do
homem: quando nasce e quando descobre o porquê”.
Existem muitas pessoas que vivem apenas no nível do ambiente. O
que isso significa? Elas apenas reagem ao ambiente em que vivem. Tornam-
se, portanto, vítimas deste. Essas pessoas passam o dia inteiro no trabalho
reclamando da empresa e culpando-a por todos os seus problemas. Dizem
frases do tipo: “Na minha empresa existem problemas que nenhuma outra
tem. Você só vai acreditar se trabalhar aqui um dia. Por isso não consigo
progredir nem realizar todo o meu potencial”. Colocam toda a culpa no
ambiente. Chega um dia em que mudam de empresa, passam-se alguns meses
de “lua-de-mel” e vem a grande surpresa: a nova empresa tem os mesmos
problemas da anterior. Alguns até piores. Não adianta nada você mudar de
ambiente e levar você com você. Os problemas tendem a se repetir. Isso
acontece sempre que trabalhamos somente no nível do ambiente.
Mudanças apenas no ambiente podem ser respostas a problemas
ocasionais, mas dificilmente atacam as causas. Podemos chamar essas
mudanças de “remediáveis”. Elas apenas remediam o problema, mas
dificilmente geram grandes mudanças. É como, por exemplo, um dente
quando dói e tomamos um antibiótico. Portanto, se sonhamos com mudanças
profundas no ambiente que vivemos, devemos mudar interiormente.
O que move as pessoas generosas a trabalhar diariamente, e não
desistir nunca? Somente a consciência da nossa missão é que mostra a
resposta para tal pergunta. Quando você tem a consciência de que através do
seu trabalho estará realizando sua missão, você desenvolve uma força extra,
capaz de levá-lo ao cume da montanha mais alta do planeta.
Infelizmente, muita gente se perde nesta viagem e distorce o
sentido de sua existência (missão) e vive apenas trabalhando, pensando que
acumular bens materiais é o objetivo da vida. E quando chega ao final do
caminho percebe que o caixão não tem gavetas e que ela só vai poder levar
daqui o bem que fez às pessoas. Como o capitão que envia seus soldados à
guerra, nossa vida também é assim, existe um Ser Superior que nos mandou,
ordenou, confiou uma missão. Tudo que faremos deve ter relação com a
ordem recebida. Quem é o seu Superior? Essa reflexão pode ser a linha de
chegada ou o ponto de partida. Para aqueles que já sabem que o seu trabalho
é uma missão que tem a cumprir, também sabe que um dia prestará conta de
seus serviços. Porém, aqueles que ainda não sabem para onde estão indo, é
melhor encontrar um caminho.
Todo enviado recebeu uma missão daquele que o enviou. Uma
coisa preciso descobrir: Para quem estou trabalhando? Qual é o projeto do
meu superior? Em que meu trabalho contribui no projeto do meu Superior.
Vejamos o exemplo do capitão. Certamente, tudo que seus soldados fizeram
foram em prol do seu exército. O exército é uma espécie de “reino”. Reino é
uma grande organização, que lembra hierarquia. No reino há um superior
(rei) e os súditos (subordinados) alguém que orienta e os que seguem sua
orientação. Será que meu trabalho está contribuindo com os projetos do
“reino” do meu “Administrador”? Quando um homem disse que foi enviado
do seu Pai, que está nos Céus, ele declarou para que veio: “Eu vim para que
todos tenham vida, e tenham em abundância”. Quem responde para que veio
tem certeza de sua missão.
Muitos foram as personagens que sabiam que seu trabalho era uma
grande missão e fizeram da sua missão um grande trabalho. O que dizer do
maior de todos, Jesus de Nazaré, como professor e educador ele é o meu
maior pedagogo, na minha filosofia de vida é o meu maior filósofo, no meu
desespero, o maior psicólogo, na certeza da vida eterna, ele é o meu Mestre
espiritual.
Vale ressaltar, que outros também fizeram história com sua ousadia
de sonhar, capacidade de concretização de seus objetivos, desejos de fazer o
bem e amor incondicional ao próximo. Essas são algumas das características
que certamente encontramos ou encontraremos em nossos grandes
sonhadores e que se tornam fonte de inspiração para o nosso trabalho. Foram
e serão seres humanos, que além de nos deixarem seus valiosos exemplos de
vida e legados, eram dotados de virtudes extremamente importantes e que
servem para superarmos nossos obstáculos do dia a dia, e principalmente,
construirmos algo produtivo para o bem comum.
Ensinamentos como a cidadania de Betinho, a compaixão de
Mahatma Gandhi, a coragem de Martin Luther King, a determinação de
Ayrton Senna, a humildade de Albert Einstein, a fraternidade de São
Francisco, o otimismo de Charles Chaplin, a perseverança de Beethoven, a
superação de Stephen Hawking, dentre outros, essas exposições são apenas
uma introdução à grandeza destas pessoas, que enfrentaram tantas
dificuldades (de formas diversas e distintas) para alcançar seus objetivos,
semeando durante suas vidas um mundo melhor, mais justo e fraterno, e que
fazemos questão de divulgá-los, com o intuito de motivar e conscientizar a
todos, a serem mais otimistas, perseverantes, solidários e a criarem uma
“corrente do bem” cada vez mais ampla, sincronizada e eficiente. Esse é um
de nossos maiores desafios, é nossa missão passarmos esses ensinamentos
adiante, se cada ser humano se conscientizasse de sua missão ou trabalho,
trabalho ou missão, o mundo estaria mais digno, mais Divino. Mas o que
fazer diante de um mundo que parece não ter mais solução? É um problema
ou uma dificuldade?
O beija flor e a floresta
Diz a lenda que havia uma imensa floresta onde viviam milhares de
animais, aves e insetos. Certo dia uma enorme coluna de fumaça foi avistada
ao longe e, em pouco tempo, embaladas pelo vento, as chamas já eram
visíveis por uma das copas das árvores. Os animais assustados diante da
terrível ameaça de morrerem queimados fugiam o mais rápido que podiam,
exceto um pequeno beija-flor. Este passava zunindo como uma flecha indo
veloz em direção ao foco do incêndio e dava um voo quase rasante por uma
das labaredas, em seguida voltava ligeiro em direção a um pequeno lago que
ficava no centro da floresta. Incansável em sua tarefa e bastante ligeiro, ele
chamou a atenção de um elefante, que com suas orelhas imensas ouviu suas
idas e vindas pelo caminho, e curioso para saber por que o pequenino não
procurava também afastar-se do perigo como todos os outros animais, pediu-
lhe gentilmente que o escutasse, ao que ele prontamente atendeu, pairando no
ar a pequena distância do gigantesco curioso.
– Meu amiguinho, notei que tem voado várias vezes ao local do
incêndio, não percebe o perigo que está correndo? Se retardar a sua fuga
talvez não haja mais tempo de salvar a si próprio! O que você está fazendo de
tão importante?
Tem razão senhor elefante, há mesmo um grande perigo em meio
aquelas chamas, mas acredito que se eu conseguir levar um pouco de água
em cada voo que fizer do lago até lá, estarei fazendo a minha parte para evitar
que nossa mãe floresta seja destruída.
Em menos de um segundo o enorme animal marchou rapidamente
atrás do beija-flor e, com sua vigorosa capacidade, acrescentou centenas de
litros d’água às pequenas gotinhas que ele lançava sobre as chamas.
Notando o esforço dos dois, em meio ao vapor que subia vitorioso
dentre alguns troncos carbonizados, outros animais lançaram-se ao lago
formando um imenso exército de combate ao fogo.
Quando a noite chegou, os animais da floresta exaustos pela dura
batalha e um pouco chamuscados pelas brasas e chamas que lhes fustigaram,
sentaram-se sobre a relva que duramente protegeram e contemplaram um luar
como nunca antes haviam notado.
Na profissão de professor decidi ser um educador, assumi esta
missão (como todas, não é uma tarefa fácil) o qual é o meu trabalho, minha
fonte de sobrevivência, através dele procuro contribuir a cada dia, mesmo que
seja como o beija flor. Muitas vezes o que observamos no nosso dia a dia é
um pensamento utópico generalizado, principalmente no campo político
partidário, isto é, grandes sonhadores, que querem mudar, sua cidade, seu
estado, seu país, o mundo, no entanto ainda não conseguiram mudar o seu
próprio mundo interior.
Havia, certa vez, um rapaz que era revoltado com os erros da
sociedade. Ele quis então mudar o mundo. Esforçava-se, lutava... Viu que os
resultados eram muito pequenos.
Então decidiu: Eu vou mudar a minha cidade. E começou a
trabalhar nesse sentido. Mas, um tempo depois, percebeu que a tarefa estava
difícil.
Ele pensou: Já sei. Vou mudar pelo menos a minha rua. E
empregou todos os esforços nesse sentido. Depois de um tempo, coitado! Não
viu resultado.
Então ele decidiu com entusiasmo: Vou mudar a minha família.
Após alguns meses, viu que os frutos da sua luta eram pequenos demais.
Após um bom tempo, já adulto, ele decidiu: Vou mudar a mim
mesmo. E começou a se esforçar nesse sentido. Logo ele viu que estava
melhorando. E, para sua alegria, viu que, junto com ele, a família estava se
tornando melhor, a sua cidade estava mais rica em virtudes, as quais, aos
poucos, iam se espalhando pelo mundo.
Padre Queiroz
Acredito que não podemos transformar o mundo exterior como
num passo de mágica, mas creio na mudança do mundo interior do homem.
Se quisermos transformar o exterior, o primeiro passo estar na mudança da
nossa mente, dos pensamentos, na conscientização de nossos atos e atitudes
diante das dificuldades. Platão escreveu: “Tente mover o mundo - o primeiro
passo será mover a si mesmo.” Há milhares de anos atrás os homens mais
sábios já conheciam o caminho da mudança. Infelizmente, o homem
contemporâneo devido ao grande avanço do intelectualismo desprezou essa
sabedoria.
O autoconhecimento será sem dúvida o primeiro passo, para as
grandes transformações, dessa forma, é possível afirmar que é de dentro do
homem que se manifestam os seus verdadeiros sentimentos. Aqueles que
sonham em ter, sem ser, apenas sonham, mesmo que seus esforços sejam
grandes e muito bem intencionados. Ao acordar para realidade muitos
desistem por se decepcionarem com os resultados na maioria das vezes
frustrantes. Os sonhos são o combustível da realização dos nossos desejos.
Um dia um colega e eu saímos de moto para outra localidade mais
ou menos a 20 km de distância de onde moro. Calculamos que o combustível
que havia no tanque daria para chegar até o nosso destino. Porém, antes de
chegarmos acabou a gasolina e lá ficamos, tínhamos a esperança que alguém
passasse pela estrada e nos ajudasse. Depois de passadas quase duas horas,
apareceu um amigo que me levou até um posto, comprei a gasolina e voltei
para buscar o meu colega que ficou vigiando a moto. Quando liguei a moto
Pensei: “Uma moto sem gasolina é como um ser humano sem sonhos.”
Poderia esquecer aquela viagem por causa da angústia que vivemos, mas dela
tirei um grande aprendizado que nunca esquecerei.
É assim a nossa vida, a máquina que é o nosso corpo, muitas vezes
está perfeita. O espírito que nos conduz também pode estar bem. Porém, sem
o combustível que o alimenta, que são os nossos desejos e sonhos, tudo fica
imobilizado e perdemos a vontade de continuar e paramos como aquela
moto. Ainda neste sentido escreveu Carlos Hilsdorf: “O sonho é matéria
prima mental, espiritual. A toda matéria prima é preciso impor o trabalho, a
persistência, a dedicação, a disciplina, ou seja: o esforço e a atitude
orientada para que o sonho se realize. Não basta apenas sonhar. Não basta
apenas querer. É preciso ter atitude. Atitude é o que define, que abre
caminhos, que faz a diferença. Sonhar é preciso! Mas a atitude de trabalhar
conscientemente pela realização do sonho é imprescindível! O sonho é um
potencial, mas só a materialização dele torna sua existência real! As
recompensas vêm das nossas realizações, não do nosso potencial! Sonhe.
Sonhe muito. Mas lembre-se: sonhar é importante, mas o sonho é apenas o
combustível do motor das realizações. Sonho sem atitude é delírio.”
Podemos concluir que na interpretação de Hilsdorf, sonhos têm a
ver com atitude, e esta é ação. Tomemos o exemplo da moto, quando cheguei
com a gasolina e a coloquei no tanque, ela precisou das ações, primeiro do
espírito da moto (o motorista) e depois do corpo dela (a máquina). A gasolina
era só o combustível. O mesmo acontece conosco, máquinas humanas. O
motorista é o nosso espírito, aquele que nos conduz, a máquina é o nosso
corpo material que trabalha, age e os sonhos são o combustível, a energia que
nos movem. Então podemos refletir que somos movidos pelos nossos grandes
sonhos. A autorrealização, isto é, a realização do nosso ser, e não do nosso
querer como vimos no conto das três arvores é o nosso reconhecimento maior
da nossa missão, Jesus disse: “Eu vim para que todos tenham vida e tenham
em abundância” e o seu mandamento foi que apenas amemos uns aos outros
como ele o fez. “Um novo mandamento eu dou a vocês: que amem uns aos
outros; assim como eu amei vocês. Assim também vocês deverão amar uns
aos outros”. No entanto, esse Amor ainda é incompreensivo, o egoísmo do
ser humano pode anular os sentimentos, que é o canal de acesso, para chegar
a uma verdadeira razão da nossa vida.
Um pescador certa vez pescou um salmão. Quando viu seu
extraordinário tamanho, exclamou: “Que peixe maravilhoso! Vou levá-lo ao
Barão! Ele ama salmão fresco.”
O pobre peixe consolou-se, pensando: “Ainda posso ter alguma
esperança.”
O pescador levou o peixe à propriedade do nobre, e o guarda na
entrada perguntou: “O que tem aí?”
“Um salmão”, respondeu o pescador, orgulhoso.
“Ótimo”, disse o guarda. “O Barão ama salmão fresco”. O peixe
deduziu que havia motivos para ter esperança. O pescador entrou no palácio,
e embora o peixe mal pudesse respirar, ainda estava otimista. Afinal, o Barão
amava salmão, pensou ele.
O peixe foi levado à cozinha, e todos os cozinheiros comentaram o
quanto o Barão gostava de salmão.
O peixe foi colocado sobre a mesa e quando o Barão entrou,
ordenou: “Cortem fora a cauda, a cabeça, e abram o salmão.” Com seu
último sopro de vida, o peixe gritou em desespero:
“Por que você mente? Se realmente me ama, cuide de mim, deixe-
me viver. Você não gosta de salmão, gosta de si mesmo!”
Autor desconhecido

O verdadeiro amor é incompreensivo para muitas pessoas e usado


equivocadamente. O egoísmo pode ser confundido com amor, (no caso
daquele barão) o egocentrismo pode ser confundido com o amor próprio, e
assim muitos outros sentimentos poderão ser confundidos com o amor.
Contudo, o amor não é sentimento. O Amor é uma razão de toda a nossa
existência, é a consciência universal, o Poder criativo do Criador sobre a
experiência de toda a criatura. A sua existência é evidenciada por meio de
gestos e atitudes. Como fez o grande Mestre, quando deu sua própria vida,
para libertar a povo, das opressões do poder que regia aquela sociedade. O
testemunho da verdade custou sua vida por Amor. “Não há maior amigo do
que aquele que doa a sua própria vida pelos seus irmãos” Esse Amor ele
recomendou aos seus discípulos.
Doar a vida nem sempre é morrer pelos outros, se apenas
morrermos sem uma razão não estamos “dando a vida”. Simplesmente
seremos um “herói” morto. O doar a vida pode estar também relacionado à
dedicação. Jesus dedicou a sua vida em pregar a verdade do reino de Deus, e
assumiu as consequências. Naquele tempo ele desafiou o poder da “igreja” e
morreu por isso. Não voltou atrás por mais que tenha sentido muito medo.
“Pai se for possível, afasta de mim este cálice de sofrimento”. Mas o seu
Amor superou todos os desafios e cumpriu sua missão “tudo está
consumado”.
Talvez Jesus de Nazaré tenha sido um grande sonhador, quando
desejou libertar Israel do jugo da Igreja romana. Uma libertação que até hoje,
muitos ainda se perguntam, será que valeu a pena? A libertação da qual Jesus
anunciou era do espírito dos seres humanos que estavam encarcerados pelas
“leis de Deus” que serviam apenas para oprimi-los. A vinda do Messias era a
única esperança. Porém, o Messias que esperavam seria um grande guerreiro
como Davi, bom de espada e com um poder de derrubar os gigantes. O
Messias veio e poucos foram aqueles que reconheceram e até hoje ainda não
foi reconhecido pela maioria da humanidade. Para aqueles que como Paulo
de Tarso reconheceram que Jesus era de fato o Messias o qual ele chama de
Cristo, que quer dizer “o ungido”, compreende que a morte de cruz
simboliza a sua nova e eterna aliança, que seu sangue não foi derramado em
vão. Porém, para aqueles que não conseguiram libertar-se da lei, a morte de
Jesus foi baldado. Um justo morreu por nada. Por mais que adorem, venerem
não passa de uma pseudolibertação.
Na visão do homem material é difícil compreender, pois o que ele
imagina é uma libertação carnal. Por outro lado, existem as culturas religiosas
que por falta de conhecimento, quase por unanimidade acreditam no
“cordeiro de Deus”. O sangue do “bode expiatório” de Israel foi substituído
pelo sangue de um único homem para a remissão dos pecados. O fato é que
quem liberta-se desse julgo pesado, sai desse cárcere da mente, liberta seu
espírito e compreende que toda a salvação do homem depende
essencialmente de dois pontos fundamentais: oração e renúncia. Oração não
no sentido de rezar (proferir palavras), apenas de pedir a Deus como se Ele
fosse um servo a disposição, mas como respiração da alma. A renúncia
também não se trata somente de bens materiais, haja vista que isso pode
contribuir para a renúncia de si mesmo, do seu egoísmo.
Entretanto, de nada vale abandonar as coisas objetivas se as
subjetivas permanecem em nós. E isso depende de um grande poder que Deus
entregou a cada um de nós, o livre arbítrio, a liberdade de escolha. Essa é a
graça de Deus da qual Jesus sempre pregou, não foi compreendido e acabou
morto. As palavras na cruz não foram um pedido de perdão pelas almas
daquelas pessoas que o crucificavam, mas foi o desabafo do que concluía nos
últimos instantes da sua vida. “Pai perdoa, eles não sabem o que fazem”.
A dedicação é uma forma de doar a vida. Quando nos dedicamos às
causas de nossos próximos estamos doando nossa vida. Quando uma pessoa
dedica-se aos seus estudos, por exemplo, pensando no seu bem estar e da
sociedade em que vive, abre mão de uma vida, para ir à busca de outra.
Muitas pessoas doam sua vida, e prol de si mesmo e do bem estar da
sociedade. Imagine como seria o mundo hoje sem os professores, sem os
padres, sem os médicos, sem os psicólogos, sem os cientistas, entre todos que
contribuem “para que todos tenham vida” como dizia o Mestre. Todas essas
pessoas são exemplos de quem abandona uma vida, para buscar outra.
E você em que tem dedicado sua vida?
Uma senhora aproximou-se de um exímio instrumentista ao final
de um concerto e disse-lhe:
- O senhor toca divinamente, nos transporta, nos eleva... Eu daria
minha vida para tocar como o senhor!
Ao que ele respondeu:
- Foi o que eu fiz senhora!
“...é viver...é quando o homem encontra o Amor pela sua própria
vida, e pela dos outros, o gosto de estar vivo e não de apenas existir.
Quando descobrimos que o Amor de Deus é uma fortaleza em nós que supera
todos os obstáculos, e que somos o filho do Pai, um ser de luz, de paz e plena
alegria... é “ser” feliz...”.

Será que um dia você nunca se perguntou qual é o verdadeiro


sentido da vida? Por que viemos ao mundo? Para que viemos?
Vida significa existência. Do latim “vita”, que se refere à vida. É o
estado de atividade incessante comum aos seres organizados. É o período que
decorre entre o nascimento e a morte. Por extensão, vida é o tempo de
existência ou funcionamento de alguma coisa. A palavra vida tem um
conceito bastante amplo e pode ter vários significados dependendo do
contexto onde é inserida. Por exemplo: ouço muitas pessoas dizerem frases
como: “vida boa é de professor”, “Eu tenho uma vida social agitada”, “A
vida dele está nas mãos de Deus”, “Oh! vida de cão” “minha recompensa
será a Vida eterna”, “Quero ser educador pelo resto da vida”.
Se não analisarmos intuitivamente cada frase parece que a palavra
vida tem o mesmo significado. No entanto, ao verificarmos sobre um ponto
de vista mais amplo, percebemos que em cada caso tem um significado, ou
seja, um sentido. Muitas pessoas com certeza já devem ter se perguntado qual
é o verdadeiro sentido da vida. E posso garantir que muitos já o encontraram.
Mas, sei também que muitos ainda se autoenganam. Assim como a palavra
vida, viver tem um sentido muito amplo, por exemplo, “todo ser que respira
vive”. Podemos negar isso? Lógico que não, foi o que aprendemos. Nesse
sentido todos nós humanos vivemos.
Sim, mas por que ainda se autoenganam? 80% das pessoas acham
que o verdadeiro sentido da vida é ser feliz e não resta dúvida disso. Ser feliz
é encontrar o verdadeiro sentido da vida. Até aí ninguém está enganado. Mas
encontrar um verdadeiro sentido na vida é ter a certeza que ontem já passou,
que o amanhã não existe e que só o hoje é um presente. Quantas pessoas
vivem infelizes por causa de um acontecimento do passado? Quantas pessoas
ainda não estão felizes por esperar que no futuro serão? Hoje podemos sorrir,
amanhã quem sabe? Hoje podemos sonhar, amanhã quem sabe? Hoje
podemos fazer, amanhã quem sabe? Hoje podemos tudo, amanhã quem sabe?
E ontem já passou, não nos serve mais, ninguém pode voltar no tempo.
A professora que quis ser aluna.
No primeiro dia de aula nosso professor se apresentou aos alunos, e
nos desafiou a que nos apresentássemos a alguém que não conhecêssemos
ainda.
Eu fiquei em pé para olhar ao redor quando uma mão suave tocou
meu ombro.
Olhei para trás e vi uma pequena senhora, velhinha e enrugada,
sorrindo radiante para mim. Um sorriso lindo que iluminava todo o seu ser.
Ela disse: “Ei, bonitão. Meu nome é Rose. Eu tenho oitenta e sete
anos de idade”. Eu ri, e respondi entusiasticamente: “É claro que pode!”, e
ela me deu um gigantesco apertão. Não resisti e perguntei-lhe: “Por que você
está na faculdade em tão tenra e inocente idade?”, e ela respondeu
brincalhona: “Estou aqui para encontrar um marido rico, casar, ter um casal
de filhos, e então me aposentar e viajar.” “Está brincando”, eu disse. Eu
estava curioso em saber o que a havia motivado a entrar neste desafio com a
sua idade, e ela disse: “Eu sempre sonhei em ter um estudo universitário, e
agora estou tendo um!”.
Após a aula nós caminhamos para o prédio da união dos
estudantes, e dividimos um milkshake de chocolate. Nos tornamos amigos
instantaneamente. Todos os dias nos próximos três meses nós teríamos aula
juntos e falaríamos sem parar. Eu ficava sempre extasiado ouvindo aquela
“máquina do tempo” compartilhar sua experiência e sabedoria comigo. No
decurso de um ano, Rose tornou-se um ícone no campus universitário, e fazia
amigos facilmente, onde quer que fosse.
Ela adorava vestir-se bem, e revelava-se na atenção que lhe davam
os outros estudantes. Ela estava curtindo a vida! No fim do semestre nós
convidamos Rose para falar no nosso banquete de futebol. Jamais esquecerei
o que ela nos ensinou.
Ela foi apresentada e se aproximou do pódio. Quando ela começou
a ler a sua fala, já preparada, deixou cair três, das cinco folhas no chão.
Frustrada e um pouco embaraçada, ela pegou o microfone e disse
simplesmente: “Desculpem-me, eu estou tão nervosa”!
Eu não conseguirei colocar meus papéis em ordem de novo, então
deixem-me apenas falar para vocês sobre aquilo que eu sei.
Enquanto nós ríamos, ela limpou sua garganta e começou: “Nós
não paramos de jogar porque ficamos velhos; nós nos tornamos velhos
porque paramos de jogar”.
Existem somente quatro segredos para continuarmos jovens, felizes
e conseguir o sucesso. Primeiro você precisa rir e encontrar humor em cada
dia. Segundo, você precisa ter um sonho.
Quando você perde seus sonhos, você morre. Nós temos tantas
pessoas caminhando por aí que estão mortas e nem desconfiam! Terceiro, há
uma enorme diferença entre envelhecer e crescer.
Se você tem dezenove anos de idade e ficar deitado na cama por
um ano inteiro, sem fazer nada de produtivo, você ficará com vinte anos. Se
eu tenho oitenta e sete anos e ficar na cama por um ano e não fizer coisa
alguma, eu ficarei com oitenta e oito anos. Qualquer um, mais cedo ou mais
tarde ficará mais velho. Isso não exige talento nem habilidade, é uma
consequência natural da vida. A ideia é crescer através das oportunidades. E
por último, não tenha remorsos. Os velhos geralmente não se arrependem por
aquilo que fizeram, mas sim por aquelas coisas que deixaram de fazer.
As lágrimas mais amargas diante de um túmulo, são mais por
palavra não ditas do que por palavras ditas, portanto, não tenha medo de
viver. Ela concluiu seu discurso cantando corajosamente “A Rosa”. Ela
desafiou a cada um de nós a estudar poesia e vivê-la em nossa vida diária.
No fim do ano Rose terminou o último ano da faculdade que começara há
tantos anos atrás. Uma semana depois da formatura, Rose morreu
tranquilamente em seu sono. Mais de dois mil alunos da faculdade foram ao
seu funeral, em tributo à maravilhosa mulher que ensinou, através de seu
exemplo, que nunca é tarde demais para ser tudo aquilo que você pode
provavelmente ser, se realmente desejar. “Ficar velho é obrigatório, crescer
é opcional”.
Autor desconhecido

A história de Rose nos remete a um legado de aprendizado.


Poderíamos escrever um livro analisando a atitude dessa personagem. Mas,
vamos analisá-lo numa visão mais psicológica. Considerando os mesmos
números de pessoas lá do início de nossa conversa. Quantas Rose
encontramos nos dias atuais? Quantas pessoas buscam ser feliz? Ser feliz nos
dias de hoje, carece uma grande reflexão. Primeiro lugar: Qual é meu
conceito de felicidade? Segundo: Eu quero ser feliz ou eu quero ter
felicidade? O mundo nos impõe ter felicidade, e somos levados por esses
desejos, na maioria das vezes inconscientemente, que na psicologia do
pensamento chama-se conduta gregária.
A filosofia popular diz “querer não é poder”. Numa visão material
faz todo sentido. Muitos querem, mas não podem. Contudo, numa visão
intuitiva, percebemos que é ao contrário, isto é, o “querer” é o “poder”. O
querer é um princípio que começa no nosso pensamento, portanto, o início de
qualquer coisa na nossa vida começa com uma grande vontade de querer.
Porém querer é apenas o impulso. É preciso que tenha mais que essa
estremeção do nosso pensamento, além de querer muito é preciso ter força de
vontade. Eu quero eu posso, mas por que não tenho? Se você também pensou
assim, é porque ainda não percebeu que tudo em nós é impulsionado pela
mente. Esta é o instrumento comparado ao violão que o músico através dele
retira as harmonias sonoras. Isto quer dizer que, assim como o violão não
toca sozinho, apenas a mente não realiza, ela apenas é uma ferramenta. Nas
pessoas mais intuitivas, a sua filosofia de vida ao invés de “querer não é
poder” seria “querer não é ser” e “querer é poder” Se eu quero eu posso,
porém é preciso ser para ter. Quem é feliz tem felicidade. Onde encontrar a
tal felicidade? Constâncio C. Vigil disse: “Quem busca a felicidade fora de si
é como um caracol que caminha em busca da sua casa”.
O conceito de felicidade imposto pela sociedade atual é o de ter
para ser. Se tenho sou feliz, mas se não tenho não sou. O Mestre Jesus
recomendou a mais de 2000 anos atrás “buscai primeiro as coisas do alto, e
tudo a vós será acrescentado”. Jesus nos encoraja em priorizar a busca dos
valores espirituais que são eternos e alimentam nossa alma, porque os valores
materiais serão supridos conforme nossas necessidades. Era como se ele nos
dissesse, prepara primeiro o teu espírito, e você não pode esquecer que
espírito é o pensamento. A falta de compreensão ou devido as crenças
limitadoras imposta por milênios de anos principalmente pelas religiões,
fazem com que as pessoas não busquem “essas coisas do alto”.
Quantas pessoas são infelizes hoje por causa da busca material?
Quantas são infelizes por medo de perder o que já possui? A falta de
compreensão do que ensinou esse Divino homem ainda é motivo de muitas
pessoas ficarem tristes, como aquele jovem rico que ao perguntar a Jesus o
que faria para ter o reino de Deus, teve como resposta do Mestre “Vai, vende
tudo que tu tens e divide aos pobres”. Talvez esse jovem fosse feliz
materialmente porque era um possuído, todo o conflito humano em possuir e
ser possuído é relatado nesse contexto.
Muitos são possuídos, poucos possuem, é fato que não podemos
viver sem possuir, por exemplo: precisamos de trabalho, casa, roupas,
alimentos, pois somos seres humanos e precisamos das coisas desse mundo.
Portanto, aquele jovem era um possuído e não um possuidor, pois não
conseguia se libertar dos bens materiais, toda sua vida girava em torno do que
tinha, por isso o motivo de tanta tristeza quando ouviu as palavras do Mestre.
Quantas pessoas tiraram sua vida, na crise de 1929 que culminou com a
quebra da bolsa de valores de Nova York?
É bem mais fácil possuir e se deixar ser possuído, a maioria das
pessoas são. É muito mais difícil possuir e não se deixar ser possuído, poucos
conseguem. Quando ouvimos essa frase do Mestre: “Ninguém pode servir a
dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e
desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. É
insuportável para um possuído, que ainda não compreendeu a essência do
Homem de Nazaré. Em relação a isso, o grande filósofo e educador Huberto
Rohden escreveu em seu livro Em comunhão com Deus “Há pouquíssimos
homens que, na verdade, possuem aquilo que dizem ou parecem possuir;
muitos deles vivem em perpétua ilusão, cuidando possuir determinados bens
externos, quando, de fato são eles possuídos”. Realmente, essa é a grande
hostilidade do homem material, porém, isso se deve a cultura ocidental
também chamada de estilo de vida ocidental ou civilização europeia, que é o
conjunto dos temas e tradições artísticos, filosóficos, literários e legislativos.
Somos “teleguiados” por esses costumes. O homem atribui a tal “maldade”
do mundo a um ante Deus, um satã, que quer dizer adversário. Quando na
verdade esse mal não está no “objeto” coletivo (mundo) e sim no “sujeito”
individual (homem), ou seja, aquele que faz uso das coisas do mundo de
forma errada.
Se analisarmos com intuição o caso de Rose podemos concluir que
ela não estava querendo ter felicidade e sim querendo apenas mostrar que era
feliz. Uma mulher de mais de 80 anos certamente não teria como sonho usar
seu aprendizado adquirido em uma academia para ensinar. A sua vida era
uma lição. Realizar seus sonhos era o seu objetivo.
E você, Quais são seus sonhos? Será que seu sonho é ser feliz ou
ainda está esperando ter felicidade?
É fácil ser feliz, o difícil é aceitar o conceito de felicidade
propagada principalmente pela mídia. Os comerciais dos Bancos, por
exemplo, propõe uma felicidade que motiva aqueles que compreendem que
lutar, trabalhar, realizar seus sonhos é ser feliz. Por outro lado, desmotiva
aqueles que estão esperando ter para ser.
O ser humano é muito pouco intuitivo, ele não consegue perceber
as coisas pequenas do seu dia a dia. Se deixam levar pelo mundo midiático do
qual só mostra as estrelas que estão brilhante, mas não contam quantas
nuvens se passaram na sua frente.
Conta-se que um buscador saiu em uma jornada disposto a
encontrar o segredo para alcançar grandes objetivos... No caminho ele passou
por um vilarejo...um vilarejo onde um homem muito forte conseguia levantar
uma enorme vaca por cima dos ombros, para assombro dos seus
espectadores...
Quando perguntado como que ele conseguia realizar tal proeza,
ninguém soube responder. Eles diziam apenas: “Ele é só um homem forte”...
Mas o viajante-buscador sabia que havia algo mais e sentiu que
precisava descobrir...Então ele levou o homem para um canto e lhe perguntou
o seu segredo...o seu exercício secreto, o nutriente secreto, ou a sua técnica
secreta... O homem respondeu “Eu tenho levantado esta vaca aqui todos os
dias, no mesmo lugar, mas as pessoas não se importavam e nem davam bola,
pois a vaca era só um bezerro e eles não achavam isto nada de tão
extraordinário.”
Autor desconhecido

Somos assim mesmo, sempre apreciamos os grandes feitos, as


coisas consideradas extraordinárias, quantos milhões de pessoas praticam
ações admiráveis e que não valorizamos. Um palhaço que faz as crianças
sorrirem, um jardineiro que cuida das plantinhas, um gari que faz a limpeza
das ruas... Por que não valorizamos? Demóstenes escreveu: “É extremamente
fácil enganar a si mesmo, pois, o homem geralmente acredita no que
deseja.” O desejo é apenas um princípio, um combustível.
O ser humano materialista não consegue sentir admiração por
coisas pequenas, pois seus desejos dominam a razão, isto é, a consciência
espiritual. Isso ocorre pelo fato que a maioria das pessoas não conhece a si
mesmo. A escola prepara para o mundo, para conhecer galáxias além do
planeta terra, mas é falha no conhecimento de si mesmo. Como disse o
psicanalista e educador Gilson Tavares “O homem conhece cada vez mais o
mundo em que vive, mas não o mundo que é. As crianças conhecem cada vez
mais o imenso espaço e o pequeno átomo, mas não conhecem a construção
da inteligência e o funcionamento da sua própria mente. Esta carência de
interiorização educacional faz com que elas percam a melhor oportunidade
de desenvolver as funções mais profundas da inteligência: a capacidade de
pensar e refletir sobre si mesmas; a capacidade de analisar seus
comportamentos; a capacidade de perceber seus limites; a capacidade de
autocrítica e de dar respostas mais maduras para as suas frustrações e
sofrimentos; a capacidade de compreender a construção das relações
humanas e aprender a se colocar no lugar do outro.”
No entanto, a mais de 20 séculos, o maior homem de toda nossa
história ensinou que para sermos felizes, deveríamos “nascer de novo”.
Apesar de o cristianismo ser a religião de mais seguidores no mundo, a
grande massa humana ainda não compreendeu o Mestre.
A bíblia é o maior livro das sabedorias dos nossos antepassados,
devido o mesmo ser restrito aos religiosos por muito tempo, os homens ainda
utilizam somente para fins destas instituições. Entretanto, se usarmos com um
pouco de intuição e análise percebemos que este livro sagrado pode ser para
nós o que o Cristo nos disse “o caminho a verdade e a vida”. Por outro lado,
pode ser um dificulto para aqueles que como Nicodemos não compreendeu o
grande Mestre, ou que ainda estão “presos” aos dogmas religiosos.
Havia um fariseu chamado Nicodemos, que era líder dos judeus.
Uma noite ele foi visitar Jesus e disse:
- Rabi, nós sabemos que o senhor é um mestre que Deus enviou,
pois ninguém pode fazer esses milagres se Deus não estiver com ele. Jesus
respondeu:
- Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: Ninguém pode ver o
Reino de Deus se não nascer de novo. Nicodemos perguntou:
- Como é que um homem velho pode nascer de novo? Será que ele
pode voltar para a barriga da sua mãe e nascer outra vez?
Jesus disse:
- Eu afirmo ao senhor que isto é verdade: Ninguém pode entrar no
Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito. Quem nasce de pais
humanos é um ser de natureza humana; quem nasce do Espírito é um ser de
natureza espiritual. Por isso, não fique admirado porque eu disse que todos
vocês precisam nascer de novo. O vento sopra onde quer, e ouve-se o barulho
que ele faz, mas não se sabe de onde ele vem, nem para onde vai. A mesma
coisa acontece com todos os que nascem do Espírito. –
Como pode ser isso? - perguntou Nicodemos. Jesus respondeu:
- O senhor é professor do povo de Israel e não entende isso? Pois
eu afirmo ao senhor que isto é verdade: Nós falamos daquilo que sabemos e
contamos o que temos visto, mas vocês não querem aceitar a nossa
mensagem. Se vocês não creem quando falo das coisas deste mundo, como
vão crer se eu falar das coisas do céu? Ninguém subiu ao céu, a não ser o
Filho do Homem, que desceu do céu. Assim como Moisés, no deserto,
levantou a serpente de bronze numa estaca, assim também o Filho do Homem
tem de ser levantado, para que todos os que crerem nele tenha a vida eterna.
Será que nós não estamos com a mentalidade de Nicodemos de
mais de 20 séculos atrás? Jesus falou as claras “Ninguém pode entrar no
Reino de Deus se não nascer da água e do Espírito”. A água significa
pureza, limpeza, lavagem. E espírito significa pensamento, aquele que nos
conduz para o bem, ou para o mal. Mas, há um grande engano aqui, para
aqueles que ainda acham e acreditam que o “Reino de Deus” o “Céu” é um
lugar geográfico, e que Deus é uma personalidade. O Céu é o infinito
universal e Deus é a força criadora de todo o universo cósmico, o logos, a
palavra, o verbo ou razão da criação de todas as criaturas.
Onde está Deus? Os nossos antepassados, os profetas, viam Deus,
falavam com Ele. Por que hoje Deus se faz estranho para mim? “Não consigo
ouvi a voz de Deus” e Jesus diz, “Quem nasce de pais humanos é um ser de
natureza humana; quem nasce do Espírito é um ser de natureza espiritual”.
Está muito claro que nós não sabemos quem somos. Não é triste viver sem
saber o porquê vivemos? Já nascemos materialmente (natureza humana). O
que falta? Será que não precisamos “nascer de novo”? Somos apenas
matéria? O livro do Gênesis diz que Deus criou o homem a sua “imagem e
semelhança”, mas Deus não é uma pessoa (matéria). Quem somos?
Certa vez uma pessoa dormia mal porque morava num porão
escuro. Ela sonhava em colocar uma lâmpada no ambiente. Depois de muito
trabalhar, contratou um eletricista e colocou a tão desejada lâmpada. Antes de
acendê-la, pensou: “Agora finalmente vou dormir tranquilo.” Ao acendê-la,
uma surpresa. Perdeu o sono. Por quê? Porque a luz expôs uma realidade que
ela não via: sujeira, insetos, aranhas. Só descansou depois de uma bela
faxina.
Talvez seja esse o maior medo de todo ser humano, descobrir a si
próprio. Quantas vezes vemos um homem desafiando o outro e caso o outro
não aceite o desafio é taxado como covarde, medroso. Não há maior covarde
do que aquele que tem medo de si mesmo. Sócrates disse “Conhece-te a ti
mesmo e conhecerás o universo e os deuses”. Não somos o que vemos
apenas, nosso corpo é um veículo de nós mesmos. Somos mais que carne e
osso. Osho escreveu “A felicidade não é um destino, é uma viagem. A
felicidade não é amanhã, é agora. A felicidade não é uma dependência, é
uma decisão. A felicidade é o que você é, não o que você tem”. Tudo que
temos é material, tudo o que somos é espiritual.
Será que devemos ter beleza ou ser belo? Será que devemos ter
poesia ou ser um poeta? Será que devemos ter dinheiro ou ser rico? Será que
devemos ter razão ou ser a razão? Os poetas, por exemplo, que são poetas
tem o entusiasmo criador como reflexo do seu interior. Nunca queira
compreender um poeta porque eles descrevem a sua própria alma. Fernando
Pessoa ao descrevê-lo define seu alento.
Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços.
Quantos o mundo pode dar.
– Eu... Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu... Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu... Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...
O verdadeiro sentido da vida acontece, quando o homem se
encontra consigo mesmo. Numa viagem que poucos já experimentaram.
Como escreveu Augusto Cury “A vida humana é o maior mistério
da existência. Só não se encanta com ela quem nunca a explorou. Todavia, se
compararmos a personalidade humana com uma grande casa, a maioria não
conhece nem mesmo a sala de visitas do seu próprio ser”. O encanto pela
vida começa quando você se encontra nela. A palavra viver já não é apenas
respirar, é sentir prazer em estar vivo. É admirar as estrelas, é se encantar
com a lua, é rir das coisas sem graça, é se aventurar no mar do dia a dia sem
medo de se afogar, é levar a vida a sério como uma brincadeira de criança.
Contudo, só podemos nos encontrar quando mudamos nosso sentido, de ver
as coisas, quando mudamos a direção do nosso olhar. Disse Carl G. Jung.
“Quem olha pra fora, sonha; quem olha pra dentro, acorda”. Quando
olhamos para dentro de nós mesmos, acordamos nosso poder intuitivo, O
terceiro olho. Entre a razão e a emoção existe a intuição, como um grande
mapa.
Quantas vezes nós nos encontramos numa grande indecisão?
Nesses momentos o que fazer? Ativar o poder da intuição é avivar sua
percepção, o olho de Deus, o seu terceiro olho. Quando você atear esse
grande poder em seu interior irá dizer sem anfibologia “Vou deixar que Deus
decida”. Deus é vida, é amor, felicidade, paz, alegria e plenitude. Como
encontrar Deus nesse momento? Escreveu Vitor Hugo: “Escuta tua
consciência antes de agir, porque a consciência é Deus presente no homem”.
A emoção é o conjunto de sentimentos produzido pela nossa mente
provocado através dos nossos sentidos. Essa emoção pode se manifestar em
vários sentimentos: raiva, inveja, cobiça, desejo, paixão, carinho e muitos,
outros. E o Amor? Amor não é um sentimento, é razão. O Amor está no lado
oposto dos sentimentos e caminham juntos. Que paradoxos da vida! Pois são
neles que existem a essência da nossa existência. A emoção é uma espada de
dois gumes. A paixão é uma emoção assim como o ódio. A maioria das
pessoas chamam a qualquer sentimento de carinho, paixão, ou afeto, de amor.
Entretanto, esse é um grande engano. Existe apenas um Amor, e este é
incondicional e independente. Há muitos enganos quando falamos de amor,
muitos dizem que há várias maneiras de amar, na verdade há várias maneiras
de sentir o amor ou manifestá-lo. O Amor é manifestação. Dessa forma, o
Amor que tenho pela minha mãe, pelo meu pai, pelos meus irmãos, é o
mesmo que tenho pela minha esposa, porém, a forma como eu manifesto que
é diferente. Sentir é emoção, saber é a razão.
Quando uma pessoa termina um relacionamento, se ele (a)
soubesse que sua dor é superável, que amanhã poderá encontrar um novo
amor, uma nova paixão, não sentiria nada. Mas, por não saber, sente. Uma
das coisas mais comum, que ocorre com as pessoas que não conseguem
diferenciar a razão da emoção é quando as pessoas se conhecem, e se
apaixonam, a emoção está a 100% e razão 0, onde a emoção domina, a razão
se afasta. É normal nesse estágio dizerem ter encontrado o amor da sua vida,
e com o passar dos tempos, o “amor” acaba. Não se veem como antes. Já não
sentem a mesma atração, passam a não concordar um com o outro. O que
aconteceu? Acabou o Amor (razão) ou a emoção (sentimento)?
Na verdade a emoção é um combustível, aquele que motiva,
incendeia. Mas como tudo na vida, devemos ter o controle dela. Se nos
deixarmos levar pelas emoções corremos o riscos de não encontrar a razão.
Um jovem quando levado pela emoção a experimentar uma droga, pode
depois não conseguir se livrar dela. Assim como não podemos viver somente
sobre a razão, o ser humano precisa sorrir, brincar, apaixonar pelas coisas
belas da vida, para viver. Só Deus é a razão, a consciência cósmica. Somos
humanos e divinos.
Augusto Cury escreveu “A mente humana é como o pêndulo de um
relógio que flutua entre a razão e a emoção. Nossa capacidade de tolerar,
solidarizar-nos, doar-nos, divertir, criar, intuir, sonhar é uma das
maravilhas que surgem desse complexo movimento. O Amor é seu melhor
fruto. Cuidado com os desvios desse pêndulo”. Podemos perceber que nossa
mente é uma grande árvore em constante produção. E desse processo de
produção poderá ter outros frutos, além do Amor. O melhor é o Amor, a
razão. Ser emotivo é uma virtude, viver sobre a emoção é um risco.
O verdadeiro sentido da vida é quando o homem encontra o Amor
pela sua própria vida, e pela dos outros, o gosto de estar vivo e não de apenas
existir. Quando descobrimos que o Amor de Deus é uma fortaleza em nós
que supera todos os obstáculos, e que somos o filho do Pai, um ser de luz, de
paz e plena alegria.
Deus é Amor e Este se manifesta plenamente nas atitudes.

Uma carta de Deus


Quero te perguntar se já não teve o suficiente? Quero saber se está
pronto (a) agora? Quer mesmo saber as respostas das suas perguntas?
Você tem me feito muitas perguntas, está irritado (a) e agora eu te
pergunto, que mesmo saber as respostas das perguntas que está fazendo ou é
só desabafo.
Eu sei o que está pensando, pois é louco receber esta carta, mas eu
falo com todo mundo o tempo todo, com suas vozes, mas a questão é, quem
me ouve?
Da montanha mais alta foi proclamado e do lugar mais baixo seu
sussurro foi ouvido, pelos corredores da experiência humana a verdade
ecoou, o amor é a resposta para tudo.
Vocês humanos projetam o papel de pai em Deus, e por isso
imaginam um Deus que julga, recompensa e puni, vocês criam uma realidade
no medo entorno do amor, essa realidade do amor baseada no medo domina
sua experiência no amor. Mas você tem certeza que é do medo que precisa
para ser, fazer e ter o que intrinsecamente correto? Tem que se sentir
ameaçado para ser bom? E o que é ser bom? Quem tem a palavra final sobre
isso?
Vocês criam as próprias regras, vocês dão as diretrizes, só existe o
amor, você já ouviu isto, eu até coloquei em um adesivo para você, mas em
tempos de problemas, preocupações, dificuldades, dúvidas ou medos você
prefere esquecer.
O que deveria fazer agora é responder uma simples pergunta, o que
o amor faria agora?
Lembre-se, você está a todo momento se recriando, está a cada
momento decidindo quem ou o que você é. Você decide isso pelas escolhas
que faz de acordo com quem ou pelo que você gosta. Saiba o sofrimento não
tem nada a ver com os fatos, mas como se reage a eles, o que está
acontecendo no mundo só está acontecendo, como se sente sobre eles é o que
importa. Saiba também que a preocupação é uma atividade da mente de quem
não entende a conexão comigo.
Você se lembra da pergunta - o que o amor faria agora? Responda
a pergunta e eu estarei lá, sempre de toda e qualquer forma.
Você às vezes, entende tudo errado, eu não quero nada de você, a
não ser te fazer feliz. Mas você acha que está debaixo de mim, quando na
verdade somos iguais e não há separação, saiba que o que quero para você e o
mesmo que você quer para você, nada mais e nada menos. Os seus pedidos
são carências e dizer que deseja algo, apenas produz essa mesma experiência,
o desejo em sua realidade. Pense bem. Eu deveria puni-lo por fazer uma
escolha que eu mesmo pus na sua frente? Esta é a pergunta que tem que se
fazer antes de me atribuir ao papel Deus condenador.
Eternamente você tem suplicado para que eu me mostre, me
explique, me revele, e agora é o que estou fazendo claramente para que
compreenda, estou sempre aqui, bem aqui neste momento. Agora, estar na
hora de você se espiritualizar, mas do que nunca vai lhe trazer paz mental, e
da mente pacificada grandes ideias vão fluir, são ideias que podem ser
soluções para os seus problemas.
Você pensa que os seus problemas são enormes, mas eu te
pergunto, seus problemas são grandes demais para mim resolver? Tirá-lo (a)
do aperto é muita coisa pra mim? Entendo que para você possa ser, mesmo
até com as ferramentas que te dei. Mas você acha muita coisa para mim
resolver?
Eu não estou preocupado com seu sucesso material no mundo, só
você está. Você não precisa se preocupar em ganhar a vida, pois os mestres
são aqueles que escolheram viver em vez de ganhá-la, vá em frente faça o
que realmente gosta, não faça mais nada, por que você tem muito pouco
tempo. Para que vai servir o tempo que foi gasto em algo que não gosta?
Fazer o que não gosta não é viver, isso é morrer.
Não se sinta abandonado, pois eu estarei sempre com você, não o
deixarei, nunca, jamais poderei deixá-lo, porque você é minha criação e meu
produto. Você meu filho, minha filha, meu propósito e eu mesmo; portanto,
me chame onde quiser em qualquer lugar que for. E se estiver sozinho,
lembre-se de mim. Se estiver separado da parte que eu sou me chame, e eu
estarei lá.
Com muito carinho, assinado: DEUS!
“Você precisa abandonar o abrigo do seu conforto e penetrar no terreno da
sua intuição. O que você vai descobrir será fantástico. Você se descobrirá”
(Alan Alda)

“... o mistério do Reino de Deus...uma experiência... é o alimento


da alma, tem gosto, tem sabor, assim, não posso afirmar que o sal é salgado
sem antes ter experimentado, ... , somos seres individuais e isso é o maior
aprendizado de quem experimentou esse alento... é uma atitude, aqui
podemos chamá-lo de Fé...”
Ao longo da vida todos nós passamos por momentos decisivos e
situações que nos pressionam a agir por impulso ou de forma irracional. As
atitudes que tomamos de forma irracional são os principais responsáveis pela
falta de sucesso, prosperidade, abundância e equilíbrio em nossas vidas.
Enquanto uma pessoa calma e equilibrada tem toda a sua energia disponível
para criar saúde e prosperidade, uma pessoa com a mente agitada ou
desalinhada desperdiça sua energia e ao invés de encontrar soluções, cria
mais problemas. Muitas pessoas perdem as melhores oportunidades de suas
vidas simplesmente porque não estão conscientes para perceber e aproveitar
estas oportunidades, pois o “Terceiro Olho” está fechado, sem intuição ou
sem perceber nada, como uma criança brincando de “pata cega”.
Este capítulo é produto de uma grande experiência pessoal, foi
depois de uma grande “turbulência” nesta viagem da vida, que pude
compreender o poder da espiritualidade. Percebi que quando a dor agasta o
nosso espírito, é que descobrimos que vivemos sobre um véu de ilusão. Hoje
a sociedade contemporânea está num colapso total, é acordar de manhã ligar
a TV, ou outros meios de comunicações assistir aos noticiários para muitas
vezes até perdermos o ânimo de viver. As notícias são uma trepidação de
caos social. O que fazer diante de tamanho acabrunhamento? É diante dessas
situações do dia a dia que procuramos condições para ainda sobrevivermos.
Durante a dor ser suportável, ficamos acomodados, porém quando não dar
mais, procuramos os meios de saída.
O cão preguiçoso
Isso aconteceu com um cara que saiu para fazer uma caminhada no
interior durante final de semana.
Depois de um longo dia de caminhada, ele se deparou com uma
casa. Um senhor idoso estava sentado em uma cadeira de balanço na varanda
de madeira e seu grande cachorro estava deitado ao seu lado. O cara
caminhou sozinho o dia inteiro, por isso, estava com vontade de conversar
um pouco com o senhor.
Enquanto eles estavam conversando, o cachorro começou a gemer
e fazer alguns barulhos.
O cara perguntou: “O seu cachorro está bem?” O senhor disse:
“Sim, apenas ignore-o, ele só é preguiçoso.”
Eles continuaram a conversar, mas depois de alguns poucos
minutos o cachorro começou a gemer novamente. O cara disse: “Você tem
certeza que o cachorro está bem?”
O senhor disse: “Sim, ele está bem... ele só está gemendo porque
está deitado sobre um prego. A dor é apenas o suficiente para fazê-lo gemer,
mas não o suficiente para fazê-lo mudar de lugar”
Autor desconhecido

Somos quase que unanimidade em ter esse comportamento. Como


aquele cachorro, gememos, reclamamos, porém continuamos na acomodação.
No entanto, quando a dor é insuportável movemo-nos. A história é uma
reflexão sobre o comportamento do ser humano, diante das situações do dia a
dia, ela tem uma grande lição a ser aprendida. Na psicologia, os psicólogos
identificaram essa atitude e chamam de “acomodação” ou “zona de
conforto”.
Falar de espiritualidade não é algo fácil, pois é uma experiência.
Não há como convencer alguém apenas com palavras, é uma prática, um
caminho que nos leva a verdade divina. Muitos são esses caminhos e cada um
encontrará o seu, se o buscar de verdade. Como orientam os grandes mestres,
aqueles que experimentaram podem apenas indicar a direção. Não foi esse o
caminho que o Grande Mestre Jesus Cristo indicou?
A espiritualidade é o alimento da alma, tem gosto, tem sabor,
assim, não posso afirmar que o sal é salgado sem antes ter experimentado,
também ninguém pode provar por outro o poder da espiritualidade, somos
seres individuais e isso é o maior aprendizado de quem experimentou esse
alento.
Ainda há um grande preconceito principalmente nas bases
religiosas em termo da espiritualidade, porém com o avanço das tecnologias,
as informações estão tornando-se mais acessíveis e isso tem provocado
mudanças em todos os âmbitos da vida humana. A psicologia também tem se
atualizado e quebrado os paradigmas impostos por culturas de séculos. Diante
disso, podemos dizer que as pessoas começam a caminhar com suas próprias
“pernas”.
Será que um dia você já se perguntou qual é o maior mistério da
vida?
A ciência explica o processo, o funcionamento dos órgãos vitais,
mas não o mistério da vida. Por que estamos vivos? Será porque nossos
órgãos estão em perfeito funcionamento apenas? Se assim fosse, não seria
capaz o homem saber quando iria morrer? Percebemos que estar vivo não
depende apenas de nós, fazemos o possível para isso. Cuidamos da nossa
saúde, evitamos correr riscos de acidentes. Quando adoecemos, procuramos
os médicos. E estes podem nos ajudar, com suas sabedorias e conhecimentos
que são dádivas de Deus. Porém, a vida, o sopro divino, a alma humana,
nenhum ser humano é capaz de dar ao outro. Esse é o maior mistério da vida.
A alma humana pode ser confundida com o espírito, no entanto, os dois não
são os mesmos.
O que é o espírito?
A palavra espírito apresenta diferentes significados e conotações, a
maioria deles relativos a algo invisível, que não possui forma e faz contraste
com o corpo material. Este termo (espírito) é muitas vezes usado
metafisicamente para se referir à consciência ou personalidade. No entanto,
espírito é o que nos conduz, e diferencia os humanos dos outros seres vivos.
Neste caso, percebe-se que espírito é o pensamento. Nenhum animal pensa,
apenas age por instinto. Na verdade a alma é a vida de um corpo. Todos os
seres vivos têm alma, mas somente os seres humanos têm espírito.
No livro Bíblico do Gêneses descreve que somente o homem
recebeu o sopro divino. “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e
soprou em suas narinas o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.”
Os outros seres foram apenas ordenados por Deus. “E Deus prosseguiu,
dizendo: ‘Produza a terra almas viventes segundo as suas espécies, animal
doméstico, e animal movente, e animal selvático da terra, segundo a sua
espécie.’ E assim se deu.” As palavras espírito e sopro são traduções da
palavra hebraica neshamah e da palavra grega pneuma. As palavras
significam “forte rajada de vento ou inspiração”. O ser humano foi feito a
“imagem e semelhança de Deus”. “E disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança”. Há milhões de anos o homem
compara o seu aspecto físico com o de Deus. Se analisarmos, percebemos
que Deus é uma grande força, um entusiasmo criador e não uma persona.
Neste contexto, podemos dizer que o espírito é uma “força da alma”, que
somente a espécie humana o possui.
Qual é essa força que distingue o homem de outras espécies de
seres vivos? Um cachorro, por exemplo, tem capacidade de tomar suas
próprias decisões? É lógico que não, age apenas por sua própria natureza, que
chamamos de instinto animal. Ainda no livro do Gêneses é apresentado o
poder dado por Deus ao homem “e domine sobre os peixes do mar, e sobre
as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil
que se move sobre a terra.” A expressão “E domine” revela o controle do
homem como o regente do seu Criador na terra, Deus proporcionou esta
capacidade ao homem de dominar e sujeitar a terra e tudo o que nela há.
Chamamos a isso de livre arbítrio. O livre arbítrio é o pensamento do homem.
O homem é livre para pensar, o pensamento é a mesma “força da alma”.
Portanto, pensamento é o sopro de Deus no homem, a inspiração. Mas, na
história do Gênesis apareceu a serpente que foi a causa de todo o sofrimento
do homem.
Entretanto, que faz o homem dotado do livre arbítrio? E o satanás
nessa história toda onde está? A palavra Satanás deriva do radical satã, que
quer dizer adversário, opositor, força contrária. E a serpente? A palavra
serpente quer dizer “inteligência”. Observe o que diz o livro do Gênesis
“Então a serpente disse à mulher: Não morrer, mas Deus sabe o dia em que
comerdes desse fruto, vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses,
conhecedores do bem e do mal”. A serpente deu a Eva “o fruto do
conhecimento” simbolicamente representado pela maçã. Paulo diz que a
serpente “por sua astúcia enganou Eva”. Adão culpou Eva por seu pecado:
“A mulher que pusestes me deu da árvore” e Eva culpou a serpente “A
serpente me enganou, e eu comi”. Nenhum satanás aparece nessa história.
Por que o mundo está cada dia mais infrene? Quanto mais o ser
humano “conhece” mais o caos se instala como uma grande moléstia
mundial. O que tem a ver a chamada “evolução humana” nesse contexto?
Não há como falar de espiritualidade sem falar de Deus e o seu
reino. Jesus o Mestre dos mestres, e não há outro na história da humanidade
que tenha falado com tanta frequência do “Reino de Deus” ou “Reino dos
Céus” através de uma pedagogia até hoje usada pela maioria dos professores
de educação infantil. Jesus contava histórias do dia a dia para fazer analogia
ao Reino de Deus ou Reino dos céus. Essa comparação ficou conhecida como
as parábolas de Jesus. “O Reino dos Céus é como... O Reino de Deus é
como...”
Porque Jesus usava essa metodologia?
Para ajudar a compreender, vamos conhecer um pouco da história e
a cultura do povo daquela época.
A maioria da população era pobre e/ou escravos, os “livres”
viviam principalmente da agricultura (trigo, cevada, azeite, legumes etc.),
pecuária (bois, camelos, ovelhas etc), pesca e artesanato. Não tinha acesso à
educação.
Nos povoados, os Romanos cobravam impostos: sobre a colheita, a
corveia para manter o exército, pedágio e alfândega sobre o transporte de
mercadorias. Quem fazia a cobrança eram os Publicanos, que eram muito
corruptos. Isso levou o povo a desprezar e marginalizar essa categoria (Mc
2,15-26).
Era obrigatório também o Dízimo para o Templo, em Jerusalém:
10% das colheitas, 1% para os pobres, a cada 7 anos, o produto referente a
um ano de trabalho. O templo era o banco central e centro de câmbio (troca
de moedas). Todos os impostos eram centralizados ali, graças às
peregrinações, os visitantes (mais ou menos 60 mil durante a Páscoa)
alimentavam um comércio de lembranças, artesanato e objetos de luxo, havia
um conjunto de hospedarias e comércio de animais para os sacrifícios. O
templo era uma fonte de empregos entre sacerdotes, funcionários, cambistas,
vendedores e operários, eram 18 mil pessoas que viviam da organização do
templo.
O templo tinha deixado de ter significado religioso para sustentar a
dominação. Quando Jesus entrou naquele lugar, e expulsou os cambistas, ele
desafiou a maior ordem do sistema econômico que se apoiava nele (no
templo). Esse foi um dos motivos de sua condenação (Mc 11,15s). Jesus veio
do campo, de uma aldeia humilde chamada Nazaré. Seus moradores eram
marginalizados, tratados como ignorantes e bandidos (Jo1,46;7,52). Jesus era
carpinteiro ou biscateiro. Pagava impostos aos sacerdotes e aos romanos (Mc
12,13s).
A maior parte da população da Palestina vivia no campo e era
constituída de trabalhadores pobres, que sobreviviam no ganho do dia a dia.
Os ricos moravam nas cidades. Havia uma classe média pouco numerosa.
Nela se encontrava os Escribas e Fariseus.
A família era patriarcal. Na Palestina o pai era o centro da família,
tinha plena autoridade sobre a casa. A mulher não participava da vida em
sociedade, era considerada inferior ao homem em todas as situações, as filhas
não tinham os mesmos direitos que os filhos. A mulher precisava ser fiel ao
marido, sob pena de morte, mas o marido podia ter outras mulheres além da
esposa, não podia ler no culto, não tinha o direito de estudar e ser discípula,
no tribunal, a mulher não podia ser testemunha, resumidamente, a mulher
pertencia ao grupo de pessoas excluídas da sociedade, assim como os doentes
(surdos, mudos, cegos, leprosos, etc.), pagãos, escravos, estrangeiros,
publicanos.
Saduceus: Pertenciam a camada mais rica da Judeia. Tinham,
portanto, o poder econômico em suas mãos. Por um lado, esse grupo era
formado pelos grandes proprietários de terra e pelos donos do grande
comércio. Formavam a elite leiga e rica que considerava sua riqueza sinal de
bênção de Deus. Os saduceus eram defensores da ordem estabelecida.
Colaboravam com o Império Romano para não serem destituídos de seus
cargos. Eles tinham privilégios de defender, especialmente sua situação
econômica, seus cargos e seu poder no Templo. Eles não aceitavam a tradição
oral, apegando-se somente à lei escrita no Pentateuco (5 primeiros livros da
nossa bíblia). Esperavam o Messias numa aparição gloriosa.
Fariseus: Na sua maioria era formado de pessoas leigas. Suas
origens eram de todas as camadas sociais, mas, sobretudo, das camadas
médias. Também, a maior parte dos Escribas, especialistas nas escrituras,
pertencia ao grupo dos Fariseus. Por seu saber bíblico, estes eram as maiores
lideranças nas sinagogas (comunidades). Eram guias espirituais das
comunidades. Seu conhecimento das leis e do hebraico, como especialista em
direito, administração e educação, também lhe assegurava lugares
importantes no Sinédrio. De um modo geral, eram nacionalistas. Por isso,
eram contra a presença de povos estrangeiros, considerando-os impuros (At
10,11-16). Valorizavam a tradição oral dos antepassados. Achavam que o
messias viria como um guerreiro para expulsar os romanos.
Com o tempo, viraram fanáticos. Insistiam em coisas exteriores,
visíveis (ex: a observância do sábado, do jejum, da esmola, circuncisão etc.).
Realizavam tudo isto para mostrar que eram judeus observantes da lei de
Moisés e de outras prescrições impostas pela tradição. Eram rígidos nas suas
posições. Oprimiam a quem não seguissem seu fanatismo. Prendiam-se às
exterioridades, mas deixavam dominar-se pela injustiça.
Escribas ou Doutores da Lei: O povo tinha veneração pelos
escribas, por serem especialistas nas escrituras. Mas também tinha medo
deles, pois passaram a exercer um controle ideológico. Eram eles que diziam
o que era certo ou errado, bom ou mau, santo ou profano. Muitas vezes
estavam ligados à classe dominante. Muitos fariseus eram escribas (Mc 2,16;
7,5). Os fariseus e os escribas tornaram-se “donos” da consciência do povo,
impondo suas ideias.
Sacerdotes: O Sumo-sacerdote controlava o Templo e através dele,
toda a vida econômica do país. Os romanos deixavam que os sacerdotes
tomassem certas decisões econômicas, contanto que eles dessem o dinheiro
exigido por Roma. O culto era um instrumento ideológico, muito baseado no
puro e no impuro. Puro era quem frequentava o Templo (pagar seus tributos).
Os demais... O Sinédrio: ou grande conselho era responsável pela
administração da justiça em Israel. Era o supremo tribunal político, criminal e
religioso. Foi esse tribunal que resolveu entregar Jesus aos romanos para que
fosse eliminado (Mc 14,55). Era composto de 71 homens e funcionava numa
sala junto ao Templo. O chefe era o sumo sacerdote indicado pelo procurador
romano da ocasião. O grande sacerdote era o responsável não só pelo
Sinédrio, mas também pelo culto no Templo, pela segurança no santuário,
pelas finanças do Templo e pelo comércio que aí se fazia. Faziam parte desse
tribunal: os Sacerdotes, os Escribas (por causa do seu saber a respeito da Lei
ou Tora), os Saduceus (grupo de maior influência).
Samaritanos: eram considerados raça impura pelos demais judeus,
por serem descendentes de população misturada com estrangeiros. Os
samaritanos se julgavam israelitas autênticos, veneravam Moisés e esperavam
o Messias. Por serem marginalizados, tinham pouca influência sobre a
maneira de pensar do restante da Palestina. Jesus diz que os samaritanos,
longe de serem impuros, podiam ser modelos de pensar, agir, amar e rezar
(Lc 10,33s).
A Palestina era dividida em dois territórios: a Judeia e a Samaria,
ao Sul e a Galileia, ao norte. Na Judeia e na Samaria, havia um procurador
romano, ou seja, alguém que governava em nome do Imperador romano,
morava na cidade marítima Cesaréia (na Samaria). Na Judéia e na Samaria, o
Procurador romano deixava o Sinédrio exercer o poder, nomeava o Sumo
Sacerdote e só intervinha quando havia protestos populares. A Galileia tinha
um Rei que, na época de Jesus era Herodes, Morava em Tiberíades. Herodes
era amigo de César, o Imperador Romano, e para não perder o seu cargo,
fazia de tudo para agradá-lo.
Talvez com esse apanhado histórico. Você esteja até assustado, e se
perguntando. O que isso tem a ver com espiritualidade? Compreendo, pois o
que expresso nesse livro é a minha própria experiência.
Talvez agora você comece a entender porque tive que esclarecer o
significado das palavras fé e crença e como elas influenciam a nossa vida.
Fomos doutrinados a aceitar através das religiões o Jesus Cristo, como
redentor dos nossos pecados, mas não conhecemos o humanismo de Jesus e o
seu tempo conturbado. René Descartes, por exemplo, dizia que a educação só
faria sentido quando adviesse o passado com o presente para nortear o futuro.
Ao conhecer um pouco mais da história do tempo em que viveu o “filho do
homem”, é que hoje posso testemunhar com perspicácia os seus enormes
prodígios. Uma história que poucos conhecem devido a nossa herança
cultural.
Por muito tempo confundi espiritualidade com Religião, achava
que era simplesmente rezar. Entretanto, essa nada tem a ver com aquela,
como escreveu Luciana Souza “Ser espiritualizado não é ser nenhum
religioso; é ser cristão. Não é ostentar uma crença. É vivenciar a fé sincera.
Não é ter uma religião especial; é deter uma grave responsabilidade. Não é
superar o próximo; é superar a si mesmo. Não é construir templos de pedras;
É transformar o coração em templo eterno”. Jesus mesmo disse:
“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.
A liberdade do espírito, encarcerado pelas doutrinas, pelos dogmas
e as crenças culturais. Por que Jesus teria dedicado inteiramente a sua vida a
espiritualidade? Os evangelhos registram que ele passava a noite nos altos
das montanhas em profunda oração. Foi nesse ápice espiritual de comunhão
com o Pai, que Jesus teria descoberto o Reino de Deus dentro do homem “o
Reino de Deus está dentro de vós”.
Não podemos negar que Jesus foi um ser humano, social, cultural
que viveu naquela sociedade e compreendeu que o Reino de Deus está dentro
do homem que busca encontrá-Lo. Jesus desde criança fez isso, buscou esse
Reino e encontrou. Só depois dessa grande e profunda experiência espiritual
resolveu compartilhar tudo que vivera interiormente. Como fazer para que o
povo daquela época compreendesse? Imagine a sociedade em que vivia esse
povo. De um lado, escravos, analfabetos sem condições de entender tamanha
realidade. Do outro, aqueles que se julgavam “donos” do reino de Deus. Foi
depois de ter conhecido um pouco sobre aquela sociedade, em que viveu
Jesus de Nazaré, que passei a refletir muitas vezes e compreender o grande
Mestre. Dessa forma, conclui que foi por isso que Jesus não falava
abertamente do Reino de Deus e dizia a seus discípulos “A vós é dado
compreender os mistérios do Reino de Deus, mas ao povo só lhes falo em
Parábolas”. Ou seja, aquele povo era infantil espiritualmente.
Hoje, costumo usar histórias com meus alunos, por causa da
sabedoria que expressa, a facilidade de compreensão e a riqueza de
interpretação. Sempre fui apaixonado por Jesus, quantas vezes me peguei
em prantos quando assistia aos filmes durante a semana santa. E me
perguntava: por que mataram um homem tão bom e tão carismático? Porém,
depois de conhecer um pouco sobre sua humanidade e a sociedade em que
viveu, esse sentimento tem aumentado e se transformado a cada dia. Ouço
pessoas dizerem “eu amo a Jesus”. Eu ainda não sou capaz de professar
tamanha declaração. Mas, busco cada dia exercitar os seus mandamentos.
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Porque Ele mesmo disse
“quem ouve minhas palavras e põe-nas em prática, estes são a minha
família”. E isso tenho alcançado através da espiritualidade, no silêncio do
meu íntimo. Não basta silenciarmos apenas o ambiente exterior é necessário
calar nosso ambiente interno.
Muita gente acha que é difícil começar uma caminhada.
Pessoalmente e por experiência própria penso diferente. Para mim, mais
difícil que iniciar é continuar. De começos o mundo está cheio: os que
começam um casamento, os que começam a abandonar um vício, os que
iniciam um curso, e assim por diante. Ir em frente é mais complicado, exige
persistência e muita força de vontade. Requer que nós olhemos para trás com
sentimento de satisfação pela experiência adquirida e não com remorso ou
sensação de arrependimento. Que nós tenhamos sonhos, mas que não
vivamos de sonhos. Que choremos, mas não deixemos as lágrimas turvarem
nossa visão. Que escutemos os outros, mas que não desistamos de fazer o que
julgamos certo, por causa deles. Tudo isso de tão simples parece coisa de
criança. E é mesmo! Nos últimos tempos tenho aprendido muito com elas,
não é à toa que o Mestre as comparou com o “Reino dos Céus”.
Antes de aprendermos a andar precisamos: cair muitas vezes, nos
machucar, chorar, ser motivo de riso, e nem por isso desistimos ou deixamos
de levantar. Nisso, temos muito que aprender com as crianças, elas “sabem”
que antes de dar os primeiros passos é preciso ficar de pé, e antes disso é
preciso engatinhar. Outra sábia lição é o Amor puro delas, observo
diariamente na sala de aula como comportam-se “brigam” se empurram, às
vezes choram, e dentro de cinco minutinhos estão felizes confraternizando
dividindo o mesmo brinquedo.
Espiritualidade é um exercício diário, em casa, no trabalho, na
igreja, em todos os momentos de nossa vida. Assim como cuidamos do corpo
material, escovando os dentes, tomando banho, fazendo a barba, fazendo a
unha, assim devemos tratar do nosso espírito. Do mesmo modo como o
exercício físico, aumenta a resistência do corpo material, assim também o
exercício espiritual exerce a mesma função para o espírito. Quanto mais
“malhação”, mais resistência.
Não há mais dúvida que Deus é o Amor, o que acontece é que
muitos ainda não compreenderam o “Amar a Deus sobre todas as coisas”
Talvez por não o conhecer. Como amar alguém que eu não conheço? Como
amar a Deus? Afinal amar é uma razão. E sendo uma razão não posso apenas
dizer ou sentir. Tenho que provar. Como posso provar esse Amor? Com que
atitude se deve demonstrar esse Amor? Amar a Deus sobre todas as coisas é
amar a si mesmo. Deus está em nós porque estamos vivos e Deus é a vida.
Amar a sua vida é amar a Deus, ninguém ama a Deus se não ama a sua
própria vida. Como alguém pode amar outra pessoa se não ama a si mesmo?
Quem ama a si mesmo se cuida, tem cuidado com sua saúde corporal e
espiritual, trabalha dignamente para seu sustento. Quem ama a vida, preserva
a natureza, pois, reconhece o valor dela para uma vida saudável. Quem ama a
vida, respeita a vida.
Amor não pode ser confundido com egoísmo e nem com
egocentrismo. Egoísmo é um “amor” pelos seus próprios interesses, opiniões
e necessidades. Pelos seus interesses é capaz de passar por cima de todo
mundo sem medir consequências. O que dizer dos grandes latifundiários que
desmatam enormes extensões de terra, pondo em risco a sua própria vida e de
todos os seres vivos do planeta? Egocentrismo é um “amor” que gira em
torno de si. Poderá ser confundido com egoísmo e autoestima, porém a
diferença é que um ser egocêntrico é uma pessoa desligada dos seus
próximos, aquele que não compreende que os seres humanos são
heterogêneos. Exemplos dessa personalidade são os homo fóbicos, os
apologistas políticos e/ou religiosos. O grande Mestre Jesus sabia disso,
porque os homens religiosos do seu tempo “amavam a Deus” sobre todas as
coisas. Porque Deus para eles era a Lei. Por isso, não compreenderam o
Amor a Deus que o Cristo, anunciava, e quando os mestres da Lei
interrogaram qual era o primeiro mandamento Jesus nem só respondeu qual
era o primeiro, mas também falou qual era o maior de todos. “Amarás, pois,
ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o
teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E
o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Não há outro mandamento maior do que estes.”
Amar de verdade é pôr-se no lugar do outro. O Amor é uma razão e
não um sentimento. O amor é sentido no coração, mas, ele é provado nas
atitudes. Por isso, Jesus disse que não há outro mandamento maior que o
primeiro e o segundo. O primeiro se manifestará, na vivência da ética do
segundo.
A única razão de toda a existência humana é o Amor. Este é o
mistério do Reino dos Céus. Neste sentido escreveu Giseli Silva: “Eu acho
que o Amor é a única religião que o mundo está precisando. Eu tenho visto
tanta gente levantando a mão para ‘Louvar’ e não estende as mesmas mãos,
para levantar alguém que precisa de ajuda. Tem gente que aponta o dedo
para julgar e não abre as mãos para acolher. Tem gente que pede perdão a
Deus e não perdoa os outros... Deus está aí para habitar o coração de
qualquer um. Mas, algumas pessoas parecem não querer que Ele entre e faça
sua morada”.
Quando o ser humano se aproxima do seu Eu espiritual, ele se
aproxima do Reino de Deus, vale ressaltar que este não é um lugar
geográfico, mas um estado do seu próprio espírito. O Reino de Deus está
dentro de nós. Contudo, o que fazer para entrar no Reino de Deus? Essa
pergunta Nicodemos, fez a Jesus. E o Mestre não lhe disse o que deveria
fazer, mas mostrou-lhe o caminho para ser. “Na verdade, na verdade te digo
que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus”. Este é
“o caminho a verdade e a vida”.
Toda a essência espiritual está numa questão de ser e não de fazer.
Podemos fazer muitas coisas pelo Reino de Deus, porém só poderemos
participar desse Reino quando somos alguém. Quem sou? Como ser alguém?
O único caminho para alguém entrar em comunhão com Deus é despojar-se
do “homem velho” e vestir-se do “homem novo”. Uma vida de
espiritualidade não é uma “continuação” é um “novo início”.
O ser humano nasce puro, no entanto, a sua natureza faz com que
ele se encha do seu ego. Ego é um conjunto de nossos defeitos psicológicos,
na filosofia conhecido como os sete pecados capitais. E quanto mais o
homem se enche desses defeitos mais se esvazia do seu Eu espiritual, a ponto
de zerar e/ou anular, adormecer, assim como estava em Lázaro. Quando
Cristo o ressuscitou. “Lazaro não está morto ele apenas dorme.” A
ressurreição é o morrer para ressurgir, é o nascimento de uma nova criatura.
Como ter uma vida de espiritualidade?
Antes de conhecer o verdadeiro sentido da espiritualidade,
imaginava que uma pessoa espiritualizada era alguém místico, que vivia
ajoelhado em “oração” constantemente, que não se envolvia com as coisas
do dia a dia do ser humano. Parecia algo incompatível com uma vida
normalmente humana e com atividades profissionais do homem comum.
Com ajuda das interpretações do grande mestre Huberto Rohden,
compreendi que para ser uma pessoa espiritualizada, é necessário encontrar a
si mesmo, conscientizar o seu Eu divino que está dentro de cada um de nós,
às vezes ainda dormente. Mas, acordar o espírito de Deus requer uma grande
decisão de “morrer todos os dias” como disse o apóstolo Paulo. Para nascer
do espírito é preciso matar o nosso egoísmo todos os dias, é preciso estar
alerto em oração. “Vigiai e orai para não cair em tentação, pois o espírito é
forte, mas a carne é fraca”. Todo ser material é mortal. Somente o espírito é
imortalizável. O ego é realmente a causa de nossos sofrimentos,
inconsciência, erros, vícios, medos, fraquezas, etc.
É o desejo de todo ser humano viver bem, já imaginou uma vida
sem sofrimento? Foi por isso que Jesus suportou tudo, ele esvaziou-se do seu
ego. Quando o homem decide, “morrer para viver” compreende que vive no
mundo sem ser do mundo, sem deixar sua profissão, sua família. Segue
intuitivamente seu destino, pois passa a compreender os paradoxos que Jesus
e aqueles que seguiram seus conselhos falavam em relação ao espírito. Em
relação a isso, o apostolo Paulo disse “Eu morro todos os dias, para que eu
viva, pois já não sou eu que vivo, mas é cristo que vivem em mim”.
O ego é causa de todo sofrimento humano, somente quando o
homem esvazia-se de si mesmo, isto é, de seu próprio ego é que encontra seu
Eu Divino, a essência da vida. Entretanto, como Paulo essa prática deve ser
vivenciada todos os dias. A todo instante somos “tentados” por situação do
dia a dia, cabe a nós estarmos despertos, atentos, vigilantes para não cairmos
em tentação. A oração é o exercício para fortalecer o espírito, porém muitos
ainda atribuem o sentido de orar, a rezar.
A fé é essencial, porém, vimos nos capítulos anteriores que no
sentido de acreditar, é apenas um princípio. No entanto, no sentido de uma
atitude, de busca, de perseverança e paciência, podemos alcançar os
“milagres” em nossa vida. A espiritualidade é unicamente individual. Por
esse motivo, Jesus Cristo disse “Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que
a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim
não é digno de mim”. Não posso levar uma vida espiritual pelo meu pai,
minha mãe, meus filhos. O próprio Cristo conduziu a sua vida espiritual, por
si mesmo e ensinou o caminho.
Dessa forma, cada um de nós devemos caminhar. “Quem quiser me
seguir tome a sua própria cruz e siga-me”. É uma infantilidade espiritual,
achar que Jesus pagou pelos nossos pecados, nesse caso não teríamos nada a
prestar conta. Mas, Jesus morreu pela verdade, porque esclareceu que a
salvação depende de cada um de nós, e não como pregava ou ainda prega a
maioria das religiões. Jesus mostrou o caminho da libertação, que muitos
ainda até os dias atuais não conseguiram se libertar.
Augusto Cury escreveu “A pior prisão do mundo não é aquela que
restringe os movimentos do corpo, mas a que confina os pensamentos e
controla as emoções e, consequentemente engessa a capacidade de pensar e
impede a poesia da vida.” É dessa prisão que o ser humano em pleno século
XXI deve libertar-se e tornar um ser mais compreensivo: primeiro consigo
mesmo, depois com sua família, com a comunidade, com a sociedade e com
o mundo. Não é porque alguém não comunga de nossos ideais religiosos que
podemos julgá-lo como inferior, pois somente Deus conhece os corações.
Jesus disse que seria seu irmão, sua mãe aqueles que fizessem a vontade de
Deus. E a vontade de Deus é que todos vivam plenamente.
Só é possível ao homem entrar no “Reino dos Céus” (que está
dentro de cada um), quando nasce pelo espírito, ou seja, é de dentro do
próprio homem que nasce o espírito, não pode haver purificação externa para
o espírito. Nada material pode purificar ou contaminar o espírito. Jesus Cristo
disse: “Vocês ainda não entenderam que tudo que entra na boca passa pelo
estômago, e acaba indo para o sanitário? Mas o que sai da boca procede do
coração, e isso contamina o homem. Porque do coração procedem os maus
pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e
blasfêmias. São estas coisas que contaminam o homem; mas comer sem lavar
as mãos, isso não contamina o homem”. Tudo aquilo que ingerimos serve
para a matéria, mas o que exteriorizamos, seja através de palavras ou atitudes
vem do pensamento. Isto é, do nosso espírito. Como disse o grande Mestre
“procedem do coração”.
Um funesto erro é a falta de compreensão entre o símbolo material
e o simbolizado espiritual, quem se apega ao símbolo material, não comunga
do simbolizado espiritual. Comer com a mão suja, por exemplo, contamina o
corpo material, causa vermes, bactérias. Mas, Jesus Cristo não falava de
corpo material e sim do ser espiritual do homem. “As palavras que vos digo
são espírito e vida, a carne de nada vale”. Tudo que nos purifica ou
contamina vem de dentro de nós mesmos. Assim como o filho pródigo somos
responsáveis por nossa ida e pela nossa volta. Tudo depende de nós, Deus
apenas nos recebe de braços abertos.
Como ouvir a voz de Deus?
Invariavelmente encontramos pessoas que nos aconselham com
uma frase padrão do tipo: “Busque ouvir a voz de Deus e a obedeça, não faça
nada fora da vontade dele”. Apesar de ser uma resposta bíblica e correta ela
é muito vaga e certamente não satisfaz a dúvida da pessoa, na verdade
somente cria outra: Como Deus fala? Em primeiro lugar você precisa
entender que quando várias pessoas estão falando ao mesmo tempo é muito
difícil ouvir uma delas. Da mesma forma, no mundo natural e espiritual,
várias vozes estão falando. Deus nos fala constantemente, mas como existem
outras vozes, não discernimos qual é a dele.
Por isso, o primeiro passo é calar as outras vozes que estão falando
na sua cabeça: das pessoas a sua volta e a do seu próprio coração. O coração
é o símbolo do Amor o terreno da gratidão, o pomar da dignidade. Sua
primeira atitude é parar de pedir opinião a qualquer pessoa sobre sua dúvida.
Cada um trará seu ponto de vista, sua forma de agir, e isso o confundirá.
Outra etapa é orar em pensamento, buscando em Deus a resposta, o inimigo
(pensamentos negativos) não deve ter acesso às suas dúvidas, pois ele poderá
se apropriar dela para te conduzir, confundir ou deixar mais ansioso. Busque
no secreto do seu quarto, oportunidade de orar e falar com Deus. Orar não é
apenas pedir, ou declamar textos decorados, é agradecer, abrir a sua mente, é
ligar a tomada do pensamento à fonte que o alimenta. Oração é um diálogo,
por isso é importante deixar Deus falar também. Busque um lugar deserto,
silencioso, onde o os pássaros gorjeiam, onde o som da natureza canta para
você dormir. Ouça músicas de relaxamentos e meditação, isso ajuda a
acalmar nossos pensamentos.
Espiritualidade é estar em comunhão com Deus na sua casa, no seu
trabalho, nas suas viagens, no seu lazer. Deus nunca nos abandona, somos
nós que o abandonamos. Quando perdemos os nossos pensamentos positivos,
que faz bem a nós e para os nossos próximos, afastamo-nos de Deus e
aproximamos do adversário do bem (Satã), pensamentos negativos, que faz
mal, que prejudica a nós mesmos e ao nosso próximo. Não existe uma
fórmula engessada sobre como Deus falará para você.
Na Bíblia encontramos maneiras variadas pelas quais Deus falou
com seus profetas e delegados: Em uma sarça ardente: “E apareceu-lhe o
anjo do Senhor em uma chama de fogo do meio duma sarça; e olhou, e eis
que a sarça ardia no fogo, e a sarça não se consumia.” (Êxodo 3.2) Por meio
de uma mula: “Então o Senhor abriu a boca da jumenta, a qual disse a
Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes?”(Números 22.28)
Na brisa: “E depois do terremoto um fogo; porém também o Senhor não
estava no fogo; e depois do fogo uma voz mansa e delicada.” (1 Reis 19.12)
Pessoalmente: “E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou
Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os
aguilhões.”(Atos 9.5) Com visões: “Eu fui arrebatado no Espírito no dia do
Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta”, que dizia:
“Eu sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o derradeiro; e o que vês, escreve-o
num livro, e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e
a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodicéia.”
(Apocalipse 1.10-11) Em sonhos: “E há de ser que, depois derramarei o meu
Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os
vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões.” (Joel 2.28)
Quanto mais íntimos estivermos com o Espírito Santo,
(pensamentos para o bem) mais sensível estaremos às imprevisíveis
manifestações da voz do Pai. O “pecado” (transgressão da lei Divina) além
de nos separar de Deus, também atrapalha nossa comunicação com Ele. Por
isso, temos que ter o coração aberto para sentir e a mente limpa para aceitar
que Deus se manifeste por meio de sua multiforme para falar conosco.
Permita-se em ser surpreendido pela “voz de Deus” Fica em silêncio e ouça
sua consciência! “Clama a mim, e responder-te-ei, e anunciar-te-ei coisas
grandes e firmes que não sabes.” (Jeremias 33.3) Quanto mais eu me
silencio, mais alto ouço a voz de Deus. Como já mencionei no capítulo
anterior, não podemos fazer nada além do que indicar o caminho, mostrar
uma direção, compartilhar experiências, o caminhar é uma atitude, aqui
podemos chamá-lo de Fé. Foi o que fizeram os maiores mestres que pisaram
neste chão. Reflita o que escreveu um desses grandes homens.
Nada tenho algo de novo para ensinar ao mundo. A verdade e a não
violência são tão antigas quanto as montanhas. Tudo o que tenho feito é
tentar praticar as duas na escala mais vasta que me é possível. Assim fazendo,
errei algumas vezes e aprendi com os meus erros. Toda a minha filosofia, se é
que se pode dar este nome pretensioso, está contida no que tenho dito.
O amor é a força mais abstrata, e também a mais potente que há no
mundo. O amor e a verdade estão tão unidos entre si, que é praticamente
impossível separá-los. São como as duas faces da mesma moeda. O amor é o
meio, a verdade é o fim. Se usarmos o meio, cedo ou tarde chegaremos ao
fim, à Verdade, a Deus.
O caminho da paz é o caminho da verdade. Ser honesto é ainda
mais importante do que ser pacífico. Na verdade, a mentira é a mãe da
violência. Um homem sincero não pode permanecer violento por muito
tempo. Ele vai perceber, no curso de sua busca, que não tem necessidade de
ser violento. Vai também descobrir que, enquanto houver nele o menor
vestígio de violência, não conseguirá encontrar a verdade que está
procurando.
A não violência não é somente um estado negativo que consiste em
não fazer o mal, mas também um estado positivo que consiste em amar, em
fazer o bem a todos, inclusive a quem nos faz mal.
Podemos constatar (o amor) entre pai e filhos, entre irmãos, entre
amigos. Mas temos de aprender a usar esta forma entre tudo que vive; no uso
dela está o conhecimento de Deus. Onde existe amor, existe vida. O ódio leva
à destruição. Tudo o que vive é teu próximo!
A não violência nunca deve ser usada como um escudo para a
covardia. É uma arma para bravos.
Não vejo bravura nem sacrifício em destruir vida ou propriedade
alheia.
A não violência não existe se apenas amamos aqueles que nos
amam. Só há não violência quando amamos aqueles que nos odeiam. Sei
como é difícil assumir essa grande lei do amor, mas, todas as coisas grandes e
boas não são difíceis de realizar? O amor a quem nos odeia é o mais difícil de
tudo; no entanto, com a graça de Deus, até mesmo essa coisa tão difícil se
torna fácil de realizar, se assim quisermos.
O teste maior da não violência está no fato de não ficar qualquer
rancor depois de um conflito não violento, com inimigos transformando-se
em amigos.
A lei do amor pode ser melhor compreendida através das crianças.
Se quisermos alcançar a verdadeira paz nesse mundo e se
quisermos desfechar uma verdadeira guerra contra a guerra, temos de
começar pelas crianças; se crescerem com sua inocência natural, não teremos
que lutar; não teremos que tomar resoluções ociosas e infrutíferas, mas
seguiremos do amor para o amor, da paz para a paz, até que finalmente todos
os cantos do mundo estarão dominados pela paz e amor, pelo que o mundo
inteiro está ansiando, consciente ou inconscientemente. O mundo está
cansado de ódio.
Se a corrida armamentista alucinada continuar, é inevitável que
resulte em massacre como jamais ocorreu na história. Se restar um vitorioso,
a própria vitória será uma morte em vida para a nação que emergir vencedora.
A não violência é a maior força a serviço da humanidade.
Nesta era de maravilhas, ninguém dirá que uma coisa ou ideia não
presta porque é nova. Dizer que é impossível porque é difícil não está de
acordo com o espírito de nosso tempo. Coisas que jamais foram sonhadas
estão sendo vistas diariamente, o impossível está a todo instante se tornando
possível. Ficamos constantemente impressionados com descobertas
espantosas no campo da violência. Mas afirmo que descobertas ainda mais
espetaculares e aparentemente impossíveis serão feitas no campo da não
violência.
Mahatma Gandhi
Quando o homem conscientizar-se de seus atos e atitudes, o Reino
de Deus será restaurado aqui na terra, o grande Reino do Amor. Todavia,
muitos já conseguiram encontrar dentro de si, e contribuíram com suas
grandiosas experiências. O ser humano não pode encontrar o Reino de Deus
fora de si, pois esse Reino é o Amor e está no coração de cada um, por mais
que esteja no estado dormente. Um choque psicológico, por exemplo, pode
despertar os sentimentos e através desses encontrar a grande Razão da vida.
Os mistérios de Deus, aquilo que o homem há muitos anos tenta compreender
e buscar exteriormente, está dentro de si mesmo. A razão de toda a existência
é o Amor. Desperte seus sentimentos e busque a razão deles, se for o Amor,
terás encontrado a Deus. Um homem sem Amor é um homem sem Deus.

Coragem de seguir o coração.


“Não deixe o barulho da opinião dos outros abafar sua voz
interior. E mais importante tenha a coragem de seguir seu coração e sua
intuição. Eles de alguma forma já sabem o que você realmente quer se
tornar. Tudo o mais é secundário...” ( Steve Jobs)

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