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O Terceiro Olho, O Poder Da Intuição - Bené Viana - 95
O Terceiro Olho, O Poder Da Intuição - Bené Viana - 95
OLHO
O Poder da Intuição
BENÉ VIANA
A Deus por ter se manifestado em cada pessoa que contribuiu para que este
projeto fosse realizado. E a todas as pessoas que serviram de veículo dessa
força poderosa.
Sumário
Prefácio
.......................................................................................
Capítulo II Fé e Crença…………………..................................
As experiências por mim vividas, que resultaram nas ideias que aqui
proponho, foram marcadas por presenças e participações de inúmeras
personalidades. Agradeço primeiramente a Deus, o Supremo poder criador
pelo dom da vida, e depois às duas pessoas que devo tudo que sou, minha
mãe Raimunda Viana Gonçalves e meu pai Benedito Lacerda Gonçalves que
desde criança com muito amor, dedicação e ternura construíram o alicerce da
minha educação, que me enche de orgulho por terem me mostrado a direção
do caminho que hoje percorro. Sou profundamente grato aos meus
professores e imortais mestres da vida, de modo especial à filosofia de René
Descartes, ao mestre espiritual Huberto Rohden, ao psicólogo e psicanalista
Augusto Cury e ao palestrante Carlos Hilsdorf, pelo privilégio de conhecer
seus ensinamentos e compartilhar suas sabedorias. Meu muito obrigado aos
meus familiares, que sempre estiveram comigo em todos os momentos e que
me deram desvelo naqueles mais difíceis da minha vida. De modo especial à
minha esposa Egilena Silva, que com muito entusiasmo e dedicação
embarcou nessa viagem, e me ajudou a gestar este livro.
.
Prefácio
Veja bem como aquele alpinista não foi fiel (não teve fé), acreditou
(teve crença) mas, faltou atitude. A crença e a fé caminham juntas como
nossos pés, um depende do outro para caminhar. Observe quando subimos ou
descemos a uma escada, colocamos um pé e depois precisamos pôr o outro
para que possamos efetuar o processo de subir ou de descer, ou seja, para que
possamos realizar precisamos agir. O alpinista deu o primeiro passo faltou
dar o segundo. Dessa forma, percebemos que a crença é um princípio
psicológico potente, enquanto que a fé é uma atitude. Por isso, Deus está em
cada um de nós, buscamos-Lhe através dos nossos pensamentos viver em sua
comunhão, e Ele se manifesta no homem por meio dos gestos. É a harmonia
do corpo e da alma, o humano e o Divino.
Deus é a fonte de energia de toda nossa mente e se conecta a nós
através do nosso pensamento, ou seja, a mente é a tomada que nos liga a
Deus, é como um aparelho eletrônico que se liga na rede elétrica. A mente é o
aparelho receptor, o pensamento é o fio condutor e Deus a fonte de energia.
O que acontece com os aparelhos eletrônicos quando desligamos a tomada
que conecta à rede elétrica? Simplesmente desliga, para de funcionar, é
exatamente isso que ocorre quando nos desligamos da fonte maior da nossa
energia. É fácil confiar em Deus, basta apenas colocar nossos pensamentos
voltados a Ele.
Entretanto, é muito mais difícil ser fiel, pois exige ação, uma
atitude, e muitas vezes essa atitude depende de uma grande decisão, como fez
com aquele alpinista. Por isso, muitos confiam em Deus, mas quando Deus
exige provar sua confiança, falham. Portanto, acreditar é o momento que você
quer algo e aplica inteiramente seus pensamentos a fonte. Mas, isso requer
uma atitude para a realização do que se almeja. Aquilo que eu chamo de
segundo passo.
Você já deve ter passado por situação que alguém disse, ou você
mesmo tenha dito: “Pensamento positivo e tudo vai dar certo”. O fator
psicológico é a principal força. Porque tudo começa no pensamento. Mas essa
situação também merece uma análise. Às vezes queremos algo, desejamos e
não conseguimos. Um exemplo: Por que o mundo clama por paz e parece que
cada dia fica pior? Todo pensamento é causa de um efeito, todos os nossos
pensamentos tomam forma de alguma maneira. Agora eis o “segredo”.
Nossos pensamentos são vibrações do nosso interior, isso significa que a
“força do pensamento” não depende apenas de um grande “desejo” de querer
algo, mas de um querer interiorizado, e depende do estado da nossa mente.
Muitos confundem mente com pensamento, na verdade o
pensamento é o produto da nossa mente. Uma mente saudável significa que
os pensamentos serão saudáveis também. Assim como uma mente confusa,
doentia, certamente produzirá pensamentos confusos e doentios. Jesus Cristo
se referiu a isso quando disse: “A árvore boa não pode dar frutos ruins, nem
a árvore ruim produzirá bons frutos”.
O nosso cérebro é um órgão principal de todo o nosso sistema
nervoso central, ele comanda todo o nosso movimento do corpo material
através da nossa mente. Portanto, a mente é um instrumento do nosso
cérebro, ela é responsável por todo o nosso pensamento. E o pensamento é a
mais potente energia do ser humano. Apesar da grande massa humana não
saber disso. E como toda e qualquer energia, ela precisa de uma fonte
geradora para existir. De onde veio à energia que está alimentando a TV da
sua casa? Certamente de uma fonte geradora que passou por várias
subestações até chegar na TV.
Para o nosso pensamento existir precisa de uma fonte geradora, o
Criador, Supremo, Deus, o Pai como dizia Jesus. A mente é apenas o veículo
que conecta a fonte. É como se fosse um grande tubo que traz água da
nascente. Agora imagine uma nascente de água pura, e que o tubo que traz a
água até você, esteja sujo. A água certamente chegará suja, não por causa da
nascente(fonte), mas pelo veículo(condutor) que a trouxe. Por isso, o estado
da mente é essencial para realizações dos nossos desejos. Então, por que será
que nossos pedidos de paz para o mundo não chegam ao ouvido de Deus?
Será que estamos num estado em que nossos desejos possam ser atendidos?
Jesus alertou “a paz que eu vos dou não é a paz que o mundo oferece”. Qual
é a paz que queremos?
Quando estamos em uma situação desesperadora é muito comum
pensarmos: Onde está Deus? Parece que não me ouve, será que me
abandonou? Nesse caso, nosso cérebro poderá estar funcionando
normalmente, mas a mente está num estado enleado, por isso não
conseguimos ter respostas e essas dúvidas às vezes são externadas através das
palavras.
Em 2000, foi o ano que eu descobri que estava com um problema
de saúde, passei mal, fui ao médico e detectei uma gastrite. Iniciei o
tratamento, melhorei, mas não conclui o mesmo. E sem sentir nada levei uma
vida normal, em 2002 mais uma vez passei mal, voltei ao médico, e estava
com uma gastrite avançada. Retomei ao tratamento, melhorei novamente,
parecia estar tudo bem, continuei levando uma vida “normal”. Em 2011
passei muito mal, perdi peso, não dormia, e sentia muita indisposição. Fui ao
médico, e em uma endoscopia digestiva, foi detectado que estava com duas
úlceras no estômago e possivelmente malignas, pois o médico teve que
recolher o material de exame para enviar aos laboratórios especializados para
uma análise mais concreta e definitiva. Nesse momento, perdi todas as
minhas estruturas psicológicas, não conseguia ver nada mais a não ser o fim
da minha vida. Foram 15 dias e 15 noites de grande angústia e grande
sofrimento até o resultado final do exame. Durante esse período de espera a
irmã de uma colega indicou um psicanalista e me levou até ele.
Lembro-me que quando estava na sala de espera tinha uma imagem
de Jesus Cristo na cruz. Olhei para ela e pensei: “pai tu que curaste leprosos,
cegos cochos e aleijados toma conta de mim”. E fiz uma promessa: “Pai se
você me der a última chance, eu serei o testemunho da tua existência”.
Quando entrei no consultório, o psicanalista me perguntou o que estava
sentindo, contei tudo. Ele me perguntou você acredita em Deus? Respondi
que sim. Perguntou onde está Deus? Eu disse que estaria no céu. Ele me
olhou com um olhar sarcástico e sorriu, confesso que naquele momento senti
raiva dele. Eu era muito religioso, sonhei um dia em ser padre, fui catequista,
agente comunitário na pastoral da juventude. E sempre participei ativamente
na igreja. Não entendi a “incredulidade” daquele homem, e me perguntava:
por que ele coloca a imagem de Jesus na porta do seu consultório, se não
acreditava em Deus? Depois de uma descontraída legal, ele me relaxou os
pensamentos e disse: você tem uma arma muito forte, você confia em Deus,
basta ser fiel a ele. Descubra esse poder e você nada temerá. Em seguida, me
indicou os livros de Augusto Cury para ler como terapia de
autoconhecimento.
Às vezes quando reflito essa história, recordo de quando pedi a
Deus por meio daquele símbolo na porta daquele consultório, e minutos
depois estaria ele (Deus) se manifestando através daquele homem. Passei a
compreender a manifestação Divina no ser humano. O evangelista João em
uma de suas cartas escreveu “Ninguém jamais viu a Deus; se nos amamos
uns aos outros, Deus está em nós, e em nós é perfeito o seu amor”. Percebi
que não entendia nada sobre Deus, apenas acreditava que existia. Se você
também analisou essa história percebeu que acreditar somente, não basta. Foi
a partir desse grande óbice que fui à busca de Deus na minha vida.
Hoje, posso dizer que diante das diversidades que já enfrentei,
posso afirmar que encontrei Deus e sei que ele é muito mais real do que
quando apenas acreditava, posso contar com esse poder sempre, em todos os
momentos. Ele se manifesta em nós de todas as maneiras e até nas coisas
menos improváveis para o ser humano. Deus jamais nos abandona, ele é a
vida. A nossa alma, nosso corpo é apenas um santuário do Senhor. Muitas
vezes temos tanto cuidado, respeito por um “sacrário” morto de madeira,
feito pela mão humana para “simbolizar” e esquecemos que o nosso corpo
que é a casa de Deus, um santuário vivo como escreveu o apóstolo Paulo a
comunidade de corinto "Não sabei vós que sois templo de Deus, e que o
Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus
o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós é santo". Deus está em
nós, mas nem sempre estamos nele, nos afastamos dele por nosso próprio
egoísmo, fazemos como aquele “filho” que Jesus contou nessa profunda
parábola.
A parábola do filho pródigo
Certo homem tinha dois filhos; o mais moço deles disse ao pai: Pai,
dá-me a parte dos bens que me cabe. E ele repartiu os haveres.
Passados não muitos dias, o filho mais moço, juntando tudo o que
era seu, partiu para uma terra distante e lá dissipou todos os seus bens,
vivendo dissolutamente.
Depois de ter consumido tudo, sobreveio àquele país uma grande
fome, e ele começou a passar necessidade.
Então, ele foi e se agregou a um dos cidadãos daquela terra, e este
o mandou para os seus campos a guardar porcos.
Ali, desejava ele fartar-se das alfarrobas que os porcos comiam;
mas ninguém lhe dava nada.
Então, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm
pão com fartura, e eu aqui morrendo de fome!
Levantar-me-ei, e irei ter com o meu pai, e lhe direi: Pai, pequei
contra o céu e diante de ti; já não sou digno de ser chamado teu filho; trata-
me como um dos teus trabalhadores; E, levantando-se, foi para seu pai. Vinha
ele ainda longe, quando seu pai o avistou, e, compadecido dele, correndo, o
abraçou, e beijou.
E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e diante de ti; já não
sou digno de ser chamado teu filho. O pai, porém, disse aos seus servos:
Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o, ponde-lhe um anel no
dedo e sandálias nos pés; trazei também e matai o novilho cevado. Comamos
e regozijemos-nos; porque este meu filho estava morto e reviveu, estava
perdido e foi achado. E começaram a regozijar-se.
Ora, o filho mais velho estivera no campo; e, quando voltava, ao
aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos criados e
perguntou-lhe que era aquilo.
E ele informou: veio teu irmão, e teu pai mandou matar o novilho
cevado, porque o recuperou com saúde.
Ele se indignou e não queria entrar, saindo, porém, o pai procurava
conciliá-lo.
Mas ele respondeu a seu pai. Há tantos anos que te sirvo sem
jamais transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito sequer para
alegrar-me com os meus amigos; vindo, porém, esse teu filho, que
desperdiçou os teus bens com meretrizes, tu mandaste matar para ele o
novilho cevado.
Então, lhe respondeu o pai: Meu filho, tu sempre estás comigo;
tudo o que é meu é teu.
Entretanto, era preciso que nos regozijássemos e nos alegrássemos,
porque esse teu irmão estava morto e reviveu, estava perdido e foi achado.
Apesar dessa comparação que Jesus faz do SER humano com seu
próprio egoísmo, quase sempre a grande parte da humanidade interpreta com
exclusividade como a parábola clássica do pai misericordioso para com o
pecador penitente, meu objetivo aqui não é excluir tal interpretação.
O grande educador espiritual Huberto Rohden fez com que me
identificasse nessa grande mitologia bíblica, quando mostrou a essência do
simbolizado a partir dessa analogia. Uma intensa comparação do homem que
se encontra com seu ego. Uma espécie de conversa do nosso Eu Divino com
a “imagem” que vemos no espelho das ilusões. A mais pura e avançada
evolução do homem através de erros humanos para a verdade Divina. Fez
perceber que quando estamos passando pelas maiores dificuldades da nossa
vida é que realmente “caímos em si”. Carlos Hilsdorf diz que a dor, não a dor
material, mas a dor moral, é uma professora severa, porém eficaz. Buscamos
conhecer quem somos. Quem sou? Quem é meu pai? De onde vim? Nós nos
conscientizamos, e certamente desejamos voltar ao Pai não com desígnio de
ser chamado filho, exigir direitos, mas apenas de ser um servo.
Veja quanto significado tem esse binômio (fé e crença) e quanto
elas influenciam a nossa vida. Romper um estado da nossa mente nem
sempre é possível porque estamos “encarcerados” pelo poder que a cultura
exerce sobre cada um de nós. É preciso romper com os pensamentos que nos
aprisionam, nesse estado o ser humano não consegue imaginar, ou seja, sair
da gaiola que apresa o pássaro chamado imaginação. A leitura de bons livros,
como dizia René Descartes, refletir sobre os significados de nossa existência
como recomendava Mahatma Gandhi, são caminhos que nos levam a
encontrar os meios de libertar nossas ideias. Muitas vezes é preciso
tenacidade para abandonar nosso lar da acomodação, e conhecimento para
retornar a ele como aquele filho que teimou em sair. Mas, aprendeu,
conheceu a verdade sobre ele mesmo, teve sabedoria e retornou. Acreditar é
um princípio, mas a essência está em descobrir a verdade, às vezes esta é
dolorosa e isso poucos estão dispostos a aceitar. Entretanto, a ideia da
verdade é equivocada. Jesus ao dizer “descobrireis a verdade e a verdade vos
libertará” quis explicar que a única verdade existente é aquela sobre nós
mesmos.
Acreditar em tudo que dizem sem ir à busca da profunda realidade
é como alguém que acredita que as estrelas estão mortas somente porque o
céu está nublado.
A crença é um estado da mente. A fé é uma atitude.
“O melhor trabalho político, social e espiritual que podemos fazer
é parar de projetar nossas sombras nos outros” (C. G. Jung)
O lavrador e o sábio
Conta uma lenda que um lavrador foi procurar o sábio do seu
vilarejo para se queixar sobre as dificuldades da vida. Estava cansado de lutar
com os problemas. Parecia que mal terminava de resolver um e surgia outro
pior. Estava a ponto de desistir de tudo.
O sábio pediu-lhe para descer até o lago e trazer um balde com
água. Feito isso, o sábio dividiu a água em 3 panelas e colocou-as no fogão.
Logo a água estava fervendo.
Na primeira panela, colocou uma cenoura; na segunda, um ovo; e
na terceira, um punhado de folhas de chá.
Depois de meia hora, o sábio tirou as panelas do fogão. Pegou a
cenoura e colocou-a numa tigela, o ovo em outra e derramou o chá numa
terceira tigela. Virando-se para o lavrador, perguntou:
- Diga-me o que você está vendo?
- Cenoura, ovo e chá.
- Pegue a cenoura e aperte-a. O que lhe parece?
- A cenoura esta cozida, mole.
- Agora, apanhe o ovo e quebre - disse o sábio.
O lavrador quebrou a casca e viu que o ovo estava cozido e firme.
Por fim, o sábio mandou o lavrador tomar o chá.
Ele sorriu quando sentiu o aroma delicioso e bebeu com prazer. Em
seguida, perguntou:
- O que o senhor pretende com isto?
O sábio explicou que essas três coisas tinham enfrentado a mesma
dificuldade: a água fervente. E cada uma reagiu de maneira diferente. A
cenoura entrou forte e rígida, mas ao ser submetida ao calor, amoleceu. O
ovo era frágil, só contava com a casca muita fina para proteger seu interior,
mas a água fervente o fez endurecer. As folhas de chá, entretanto, mostraram
um comportamento singular: depois de passarem alguns segundos
mergulhados na água fervente, elas modificaram a água!
- Qual deles é você? - indagou o sábio. Como reage quando a
adversidade bate à sua porta? Você como a cenoura, o ovo ou as folhas de
chá?
Autor desconhecido
Quando você estiver diante dos “problemas” da vida, pergunte a si
próprio: O que sou? Uma cenoura, que parece forte, mas amolece e se
fragiliza na primeira dificuldade? Um ovo que começa com um coração frágil
e espírito fluido, mas depois da perda ou outro problema torna-se rígido e
endurecido? Ou a folha de chá, que consegue transformar as dificuldades em
oportunidades, liberando seus aromas e sabores.
Trabalhar é uma missão ou nossa missão é trabalhar? A palavra
missão provém do verbo latino “militere”, significa “enviar, mandar”.
Segundo o dicionário Aurélio significa: encargo, poder dado a alguém para
fazer alguma coisa. Observamos que missão é uma ordem recebida de
alguém, que enviou para um determinado trabalho. O homem já tem certeza
que é uma criatura, isso significa que ele não é auto criador. Quem nos criou?
Quem nos enviou? Estas reflexões, já nos remetem a uma resposta, isto é,
que temos uma missão, portanto, somos missionários do nosso Criador, pois
somos enviados. Viemos ao mundo enviado por aquele que nos criou,
porque somos uma criatura, independentemente de credo ou religião.
Nenhum homem conseguiu tamanha façanha, isto é, de dar vida a um ser
humano, portanto, dependemos de um Ser Superior, Aquele que nos enviou e
que, portanto, nos deu a vida. Mas, qual é a nossa missão? Para que viemos a
este mundo? Podemos encontrar respostas a essas indagações perguntando a
si mesmo, O que eu quero para minha vida? Onde estou? Até quando estarei
aqui? O que estou fazendo? Como estou fazendo? Por quê? Para quê?
A partir do nosso autoconhecimento, somos capazes de
diferenciarmos esses dois termos, e percebermos que missão e trabalho
podem significar a mesma coisa. Toda missão é um trabalho, mas nem todo
trabalho é uma missão. As pessoas que fazem do seu trabalho a sua missão, já
não se preocupam com o “como” nem com “o quê” fazer, mas somente tem
certeza que o seu trabalho não é um benefício de si próprio mas, sabe que ele
é uma luz que ilumina, uma direção que encaminha, um cajado que abre os
mares rumo as terras prometidas.
O sentido da palavra missão neste livro está relacionado ao envio.
Imagine um capitão de um exército, ele manda seus soldados à guerra, e
ordena que estes devam fazer o possível e o impossível para vencer. O
capitão é o superior e os soldados, os enviados. Os soldados farão de tudo
para cumprir a ordem recebida do seu superior. O “tudo” que eles farão é o
trabalho que terão para cumprir a missão, isto é, trabalharão por uma grande
causa. Agora imagine trabalhar sem causa, sem saber para quem nem para
quê. Isto é viver sem rumo. E acredite é angustiante, é como um carro sem
piloto, em um indeterminado momento vai bater, e quanto maior a
velocidade, maior é o impacto. Talvez, isso seja a causa de muitas pessoas
viverem infelizes, no trabalho, em seu dia a dia e até mesmo com sua própria
vida. William Barclay disse: “Há dois dias extraordinários na vida do
homem: quando nasce e quando descobre o porquê”.
Existem muitas pessoas que vivem apenas no nível do ambiente. O
que isso significa? Elas apenas reagem ao ambiente em que vivem. Tornam-
se, portanto, vítimas deste. Essas pessoas passam o dia inteiro no trabalho
reclamando da empresa e culpando-a por todos os seus problemas. Dizem
frases do tipo: “Na minha empresa existem problemas que nenhuma outra
tem. Você só vai acreditar se trabalhar aqui um dia. Por isso não consigo
progredir nem realizar todo o meu potencial”. Colocam toda a culpa no
ambiente. Chega um dia em que mudam de empresa, passam-se alguns meses
de “lua-de-mel” e vem a grande surpresa: a nova empresa tem os mesmos
problemas da anterior. Alguns até piores. Não adianta nada você mudar de
ambiente e levar você com você. Os problemas tendem a se repetir. Isso
acontece sempre que trabalhamos somente no nível do ambiente.
Mudanças apenas no ambiente podem ser respostas a problemas
ocasionais, mas dificilmente atacam as causas. Podemos chamar essas
mudanças de “remediáveis”. Elas apenas remediam o problema, mas
dificilmente geram grandes mudanças. É como, por exemplo, um dente
quando dói e tomamos um antibiótico. Portanto, se sonhamos com mudanças
profundas no ambiente que vivemos, devemos mudar interiormente.
O que move as pessoas generosas a trabalhar diariamente, e não
desistir nunca? Somente a consciência da nossa missão é que mostra a
resposta para tal pergunta. Quando você tem a consciência de que através do
seu trabalho estará realizando sua missão, você desenvolve uma força extra,
capaz de levá-lo ao cume da montanha mais alta do planeta.
Infelizmente, muita gente se perde nesta viagem e distorce o
sentido de sua existência (missão) e vive apenas trabalhando, pensando que
acumular bens materiais é o objetivo da vida. E quando chega ao final do
caminho percebe que o caixão não tem gavetas e que ela só vai poder levar
daqui o bem que fez às pessoas. Como o capitão que envia seus soldados à
guerra, nossa vida também é assim, existe um Ser Superior que nos mandou,
ordenou, confiou uma missão. Tudo que faremos deve ter relação com a
ordem recebida. Quem é o seu Superior? Essa reflexão pode ser a linha de
chegada ou o ponto de partida. Para aqueles que já sabem que o seu trabalho
é uma missão que tem a cumprir, também sabe que um dia prestará conta de
seus serviços. Porém, aqueles que ainda não sabem para onde estão indo, é
melhor encontrar um caminho.
Todo enviado recebeu uma missão daquele que o enviou. Uma
coisa preciso descobrir: Para quem estou trabalhando? Qual é o projeto do
meu superior? Em que meu trabalho contribui no projeto do meu Superior.
Vejamos o exemplo do capitão. Certamente, tudo que seus soldados fizeram
foram em prol do seu exército. O exército é uma espécie de “reino”. Reino é
uma grande organização, que lembra hierarquia. No reino há um superior
(rei) e os súditos (subordinados) alguém que orienta e os que seguem sua
orientação. Será que meu trabalho está contribuindo com os projetos do
“reino” do meu “Administrador”? Quando um homem disse que foi enviado
do seu Pai, que está nos Céus, ele declarou para que veio: “Eu vim para que
todos tenham vida, e tenham em abundância”. Quem responde para que veio
tem certeza de sua missão.
Muitos foram as personagens que sabiam que seu trabalho era uma
grande missão e fizeram da sua missão um grande trabalho. O que dizer do
maior de todos, Jesus de Nazaré, como professor e educador ele é o meu
maior pedagogo, na minha filosofia de vida é o meu maior filósofo, no meu
desespero, o maior psicólogo, na certeza da vida eterna, ele é o meu Mestre
espiritual.
Vale ressaltar, que outros também fizeram história com sua ousadia
de sonhar, capacidade de concretização de seus objetivos, desejos de fazer o
bem e amor incondicional ao próximo. Essas são algumas das características
que certamente encontramos ou encontraremos em nossos grandes
sonhadores e que se tornam fonte de inspiração para o nosso trabalho. Foram
e serão seres humanos, que além de nos deixarem seus valiosos exemplos de
vida e legados, eram dotados de virtudes extremamente importantes e que
servem para superarmos nossos obstáculos do dia a dia, e principalmente,
construirmos algo produtivo para o bem comum.
Ensinamentos como a cidadania de Betinho, a compaixão de
Mahatma Gandhi, a coragem de Martin Luther King, a determinação de
Ayrton Senna, a humildade de Albert Einstein, a fraternidade de São
Francisco, o otimismo de Charles Chaplin, a perseverança de Beethoven, a
superação de Stephen Hawking, dentre outros, essas exposições são apenas
uma introdução à grandeza destas pessoas, que enfrentaram tantas
dificuldades (de formas diversas e distintas) para alcançar seus objetivos,
semeando durante suas vidas um mundo melhor, mais justo e fraterno, e que
fazemos questão de divulgá-los, com o intuito de motivar e conscientizar a
todos, a serem mais otimistas, perseverantes, solidários e a criarem uma
“corrente do bem” cada vez mais ampla, sincronizada e eficiente. Esse é um
de nossos maiores desafios, é nossa missão passarmos esses ensinamentos
adiante, se cada ser humano se conscientizasse de sua missão ou trabalho,
trabalho ou missão, o mundo estaria mais digno, mais Divino. Mas o que
fazer diante de um mundo que parece não ter mais solução? É um problema
ou uma dificuldade?
O beija flor e a floresta
Diz a lenda que havia uma imensa floresta onde viviam milhares de
animais, aves e insetos. Certo dia uma enorme coluna de fumaça foi avistada
ao longe e, em pouco tempo, embaladas pelo vento, as chamas já eram
visíveis por uma das copas das árvores. Os animais assustados diante da
terrível ameaça de morrerem queimados fugiam o mais rápido que podiam,
exceto um pequeno beija-flor. Este passava zunindo como uma flecha indo
veloz em direção ao foco do incêndio e dava um voo quase rasante por uma
das labaredas, em seguida voltava ligeiro em direção a um pequeno lago que
ficava no centro da floresta. Incansável em sua tarefa e bastante ligeiro, ele
chamou a atenção de um elefante, que com suas orelhas imensas ouviu suas
idas e vindas pelo caminho, e curioso para saber por que o pequenino não
procurava também afastar-se do perigo como todos os outros animais, pediu-
lhe gentilmente que o escutasse, ao que ele prontamente atendeu, pairando no
ar a pequena distância do gigantesco curioso.
– Meu amiguinho, notei que tem voado várias vezes ao local do
incêndio, não percebe o perigo que está correndo? Se retardar a sua fuga
talvez não haja mais tempo de salvar a si próprio! O que você está fazendo de
tão importante?
Tem razão senhor elefante, há mesmo um grande perigo em meio
aquelas chamas, mas acredito que se eu conseguir levar um pouco de água
em cada voo que fizer do lago até lá, estarei fazendo a minha parte para evitar
que nossa mãe floresta seja destruída.
Em menos de um segundo o enorme animal marchou rapidamente
atrás do beija-flor e, com sua vigorosa capacidade, acrescentou centenas de
litros d’água às pequenas gotinhas que ele lançava sobre as chamas.
Notando o esforço dos dois, em meio ao vapor que subia vitorioso
dentre alguns troncos carbonizados, outros animais lançaram-se ao lago
formando um imenso exército de combate ao fogo.
Quando a noite chegou, os animais da floresta exaustos pela dura
batalha e um pouco chamuscados pelas brasas e chamas que lhes fustigaram,
sentaram-se sobre a relva que duramente protegeram e contemplaram um luar
como nunca antes haviam notado.
Na profissão de professor decidi ser um educador, assumi esta
missão (como todas, não é uma tarefa fácil) o qual é o meu trabalho, minha
fonte de sobrevivência, através dele procuro contribuir a cada dia, mesmo que
seja como o beija flor. Muitas vezes o que observamos no nosso dia a dia é
um pensamento utópico generalizado, principalmente no campo político
partidário, isto é, grandes sonhadores, que querem mudar, sua cidade, seu
estado, seu país, o mundo, no entanto ainda não conseguiram mudar o seu
próprio mundo interior.
Havia, certa vez, um rapaz que era revoltado com os erros da
sociedade. Ele quis então mudar o mundo. Esforçava-se, lutava... Viu que os
resultados eram muito pequenos.
Então decidiu: Eu vou mudar a minha cidade. E começou a
trabalhar nesse sentido. Mas, um tempo depois, percebeu que a tarefa estava
difícil.
Ele pensou: Já sei. Vou mudar pelo menos a minha rua. E
empregou todos os esforços nesse sentido. Depois de um tempo, coitado! Não
viu resultado.
Então ele decidiu com entusiasmo: Vou mudar a minha família.
Após alguns meses, viu que os frutos da sua luta eram pequenos demais.
Após um bom tempo, já adulto, ele decidiu: Vou mudar a mim
mesmo. E começou a se esforçar nesse sentido. Logo ele viu que estava
melhorando. E, para sua alegria, viu que, junto com ele, a família estava se
tornando melhor, a sua cidade estava mais rica em virtudes, as quais, aos
poucos, iam se espalhando pelo mundo.
Padre Queiroz
Acredito que não podemos transformar o mundo exterior como
num passo de mágica, mas creio na mudança do mundo interior do homem.
Se quisermos transformar o exterior, o primeiro passo estar na mudança da
nossa mente, dos pensamentos, na conscientização de nossos atos e atitudes
diante das dificuldades. Platão escreveu: “Tente mover o mundo - o primeiro
passo será mover a si mesmo.” Há milhares de anos atrás os homens mais
sábios já conheciam o caminho da mudança. Infelizmente, o homem
contemporâneo devido ao grande avanço do intelectualismo desprezou essa
sabedoria.
O autoconhecimento será sem dúvida o primeiro passo, para as
grandes transformações, dessa forma, é possível afirmar que é de dentro do
homem que se manifestam os seus verdadeiros sentimentos. Aqueles que
sonham em ter, sem ser, apenas sonham, mesmo que seus esforços sejam
grandes e muito bem intencionados. Ao acordar para realidade muitos
desistem por se decepcionarem com os resultados na maioria das vezes
frustrantes. Os sonhos são o combustível da realização dos nossos desejos.
Um dia um colega e eu saímos de moto para outra localidade mais
ou menos a 20 km de distância de onde moro. Calculamos que o combustível
que havia no tanque daria para chegar até o nosso destino. Porém, antes de
chegarmos acabou a gasolina e lá ficamos, tínhamos a esperança que alguém
passasse pela estrada e nos ajudasse. Depois de passadas quase duas horas,
apareceu um amigo que me levou até um posto, comprei a gasolina e voltei
para buscar o meu colega que ficou vigiando a moto. Quando liguei a moto
Pensei: “Uma moto sem gasolina é como um ser humano sem sonhos.”
Poderia esquecer aquela viagem por causa da angústia que vivemos, mas dela
tirei um grande aprendizado que nunca esquecerei.
É assim a nossa vida, a máquina que é o nosso corpo, muitas vezes
está perfeita. O espírito que nos conduz também pode estar bem. Porém, sem
o combustível que o alimenta, que são os nossos desejos e sonhos, tudo fica
imobilizado e perdemos a vontade de continuar e paramos como aquela
moto. Ainda neste sentido escreveu Carlos Hilsdorf: “O sonho é matéria
prima mental, espiritual. A toda matéria prima é preciso impor o trabalho, a
persistência, a dedicação, a disciplina, ou seja: o esforço e a atitude
orientada para que o sonho se realize. Não basta apenas sonhar. Não basta
apenas querer. É preciso ter atitude. Atitude é o que define, que abre
caminhos, que faz a diferença. Sonhar é preciso! Mas a atitude de trabalhar
conscientemente pela realização do sonho é imprescindível! O sonho é um
potencial, mas só a materialização dele torna sua existência real! As
recompensas vêm das nossas realizações, não do nosso potencial! Sonhe.
Sonhe muito. Mas lembre-se: sonhar é importante, mas o sonho é apenas o
combustível do motor das realizações. Sonho sem atitude é delírio.”
Podemos concluir que na interpretação de Hilsdorf, sonhos têm a
ver com atitude, e esta é ação. Tomemos o exemplo da moto, quando cheguei
com a gasolina e a coloquei no tanque, ela precisou das ações, primeiro do
espírito da moto (o motorista) e depois do corpo dela (a máquina). A gasolina
era só o combustível. O mesmo acontece conosco, máquinas humanas. O
motorista é o nosso espírito, aquele que nos conduz, a máquina é o nosso
corpo material que trabalha, age e os sonhos são o combustível, a energia que
nos movem. Então podemos refletir que somos movidos pelos nossos grandes
sonhos. A autorrealização, isto é, a realização do nosso ser, e não do nosso
querer como vimos no conto das três arvores é o nosso reconhecimento maior
da nossa missão, Jesus disse: “Eu vim para que todos tenham vida e tenham
em abundância” e o seu mandamento foi que apenas amemos uns aos outros
como ele o fez. “Um novo mandamento eu dou a vocês: que amem uns aos
outros; assim como eu amei vocês. Assim também vocês deverão amar uns
aos outros”. No entanto, esse Amor ainda é incompreensivo, o egoísmo do
ser humano pode anular os sentimentos, que é o canal de acesso, para chegar
a uma verdadeira razão da nossa vida.
Um pescador certa vez pescou um salmão. Quando viu seu
extraordinário tamanho, exclamou: “Que peixe maravilhoso! Vou levá-lo ao
Barão! Ele ama salmão fresco.”
O pobre peixe consolou-se, pensando: “Ainda posso ter alguma
esperança.”
O pescador levou o peixe à propriedade do nobre, e o guarda na
entrada perguntou: “O que tem aí?”
“Um salmão”, respondeu o pescador, orgulhoso.
“Ótimo”, disse o guarda. “O Barão ama salmão fresco”. O peixe
deduziu que havia motivos para ter esperança. O pescador entrou no palácio,
e embora o peixe mal pudesse respirar, ainda estava otimista. Afinal, o Barão
amava salmão, pensou ele.
O peixe foi levado à cozinha, e todos os cozinheiros comentaram o
quanto o Barão gostava de salmão.
O peixe foi colocado sobre a mesa e quando o Barão entrou,
ordenou: “Cortem fora a cauda, a cabeça, e abram o salmão.” Com seu
último sopro de vida, o peixe gritou em desespero:
“Por que você mente? Se realmente me ama, cuide de mim, deixe-
me viver. Você não gosta de salmão, gosta de si mesmo!”
Autor desconhecido