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ATLAS DO ESPORTE NO CEARÁ

CAPOEIRAGEM
LEOPOLDO GIL DULCIO VAZ

Origens e Definições A capoeira é hoje um dos esportes nacionais do Brasil, embora


sua origem seja controvertida. Há uma tendência dominante entre historiadores e
antropólogos de afirmar que a Capoeira surgiu no Brasil, fruto de um processo de
aculturação ocorrido entre africanos, indígenas e portugueses. Entretanto, não houve
registro de sua presença na África bem como em nenhum outro país onde houve a
escravidão africana. Em seu processo histórico surgiram três eixos fundamentais,
atualmente denominados de Capoeira Desportiva, Capoeira Regional e Capoeira
Angola, os quais se associaram ou se dissociaram ao longo dos tempos, estando hoje
amalgamados na prática. Desde o século XVIII sujeita à proibição pública, ao longo do
século XIX e até meados do século XX, ela encontrou abrigo em pequenos grupos de
praticantes em estados do sudeste e nordeste. Houve distintas manifestações da dança-
luta na Bahia, Maranhão, Pará e no Rio de Janeiro, esta última mais utilitária no século
XX. Na década de 1970 sua expansão se iniciou em escala nacional e na de 1980,
internacional. Embora sejam encontrados diversos significados para o vocábulo
“capoeira”, cada qual referindo-se a objetos, animais, pessoas ou situações, em termos
esportivos, trata-se de um jogo de destreza corporal, com uso de pernas, braços e
cabeça, praticado em duplas, baseado em ataques, esquivas e insinuações, ao som de
cânticos e instrumentos musicais (berimbau, atabaque, pandeiro, agogô e reco-reco).
Enfocada em suas origens como uma dança-luta, acabou gerando desdobramentos e
possibilidades de emprego como: ginástica, dança, esporte, arte, arte marcial, folclore,
recreação e teatro, caracterizando-se, de modo geral, como uma atividade lúdica.
http://www.atlasesportebrasil.org.br/textos/1.pdf

1832 – a primeira referencia à prisão de um ‘capoeira’, conforme consta do Diário


do Império, edição de 1832, seção correspondente aos acontecimentos no Ceará,
certamente referentes às estatísticas do ano anterior:
1852 - A primeira referencia com a palavra ‘capoeira’ no Jornal ‘O Cearense”, que
circulou de 1846 a 1891 - data de 1847; na edição de 04 de janeiro de 1952 de
numero 20, refere-se à mato rasteiro, em uma poesia, que não identificamos o
autor. As referencias seguintes também tratam de mato rasteiro... São 84
referencias nesse jornal, sendo a primeira, de capoeira como individuo praticante
de uma luta, data de 1852 – “O Cearense”, edição de 17 de dezembro, n.588-,
aparece nota sobre o alferes João Torres, que teria sofrido ataque de “um
capoeira”:
1853 - Na edição de 13 de setembro de 1853, refere-se à artigo publicado em outro
jornal, “Pedro II” – circulou de 1840 a 1889 - como era normal naquele tempo -,
rebatendo notícia veiculada, referindo-se à ‘capoeira’, no seu sentido de denegrir
outrem, como facinoroso:

1858 - edição de 28 de novembro, a nota – editorial – do jornal O Cearense, defendia-se


do sr. João Silveira de Souza, publicada, também, no jornal “Pedro II”,
chamando-o de ‘pobre capoeira”:

1859 - Em “O SOL”, de 05 de maio de 1859, acusa-se o Padre Carlos de prática de


gestos semelhantes aos de um capoeira durante as missas:
1862 - ‘O CEARENSE’, em sua edição de 28 de outubro, publica carta de um leitor, da
cidade de Santa Quitéria, relatando os acontecimentos políticos, refere-se a um
cidadão a quem acusa ser ‘capoeira’, pelas injurias que assacava:

1863 - Novamente em ‘O Cearense’, na edição de 10 de novembro de 1863, consta:


- Já na “GAZETA OFFICIAL DO CEARÁ”, edição de 18 de novembro, consta o
seguinte:
- Em 24 de novembro, em ‘O Cearense”, há uma resposta, com o mesmo título, à nota
da “Gazeta Official, de 18 de novembro (acima),

1865 - Em “O Tagarella”, em sua edição de março traz-nos:

- Em “A Constituição” – circulou de ‘863 a 1889, de 23 de outubro de 1865 a referencia


também é de malfeitor:
1866 - Voltamos a “O Cearense, edição de 12 de janeiro, em nota ‘de repudio’, contra o
que fora publicado em outro jornal, pelo sr. Francisco Manoel Dias, taxando-o de
‘capoeira’

1868 - Nesse mesmo ‘O Cearense, edição de 22 de novembro, noticia de um assassinato


em Indaiá:

1869 - Na edição de 12 de outubro de O Cearense, noticiado o assassinato de um


capoeira, por sua mulher:
- Esse crime continua repercutindo na cidade, sendo que no relatório dos crimes do mês,
também aparece, como Maria Mussu tendo assassinado a José Capoeira, no bairro
do Livramento, da capital. Na edição de 16 de dezembro de 1869 dá-se mais
detalhes, informando-se que José Capoeira chegara recentemente do Paraguai:

1871 - 23 de julho, publicado o seguinte diálogo, em O Cearense:


1872 - E derrubam-se ministros por meio de rasteiras e cabeçadas, conforme a edição
de 30 de maio d’ O Cearense, sobre boatos publicados em A Reforma:

1874 - Em “O Pyrilampo”, de 15 de março, pedia-se que se ensinasse capoeira a alguns


jornalistas:

- “O Cearense”, em sua edição de 24 de junho publica anúncio de fuga de um escravo,


oferecendo-se recompensa; uma das características, era o andar de capoeira:
1876 - 16 de janeiro, em O Cearense, em correspondência da cidade de Ipu, Arthedouro
Burgos de’Oliveira acusa ao juiz da cidade de o haver agredido, utilizando-se de
golpes à moda de capoeira:

- A 13 de abril de 1876, também em O Cearense, em todas a pedido, do interior, um


juiz, em suas decisões, contrariando interesses políticos, é comparado à ‘um
capoeira”:
- Desta vez, e não é a primeira, um padre é chamado de ‘capoeira’, dada a sua
truculência em tratar de seus paroquianos, também por divergências politicas,
conforme o Cearense de 27 de agosto de 1876:

1880 - No jornal “A Gazeta do Norte”, do ano de 1880, edição 74, - circulou de 1880 a
1890 -aparece pela primeira vez o termo de busca ‘capoeira’, referindo-se à mato raso.
Na edição de 07 de dezembro, n. 149, já se refere a facínoras,
1881 - Em “O Libertador” – órgão da Sociedade Cearense Libertadora, com edições de
1881 a 1889, na sua publicação de 17 de março de 1881, em sua sexta edição,
‘capoeira’ significando malfeitor e vagabundo. Temos a identificação de um
capoeira, Júlio de Vasconcelos, português, de cor branca, preso por ser vagabundo
e capoeira, embora redator de um jornal rival, O Cruzeiro:

- no jornal “Pedro II”, Noticias de crimes associavam o uso de facas à capoeiras, como
malfeitores, aparecem em sua edição 84, de 1881:
- Em A GAZETA DO NORTE, edição de 28 de abril de 1881, um delegado de policia
desafia os presos a jogar capoeira:
- O “Pedro !!” em sua edição de 27 de novembro de 1881 trás os instrumentos utilizados
na capoeira – o cacete:

1882 - N’A GAZETA DO NORTE, edição de 7 de fevereiro de 1882, em resposta,


novamente a designação de ‘capoeira’ a indivíduo sem caráter:

1886 - Em O Libertador de 12 de abril de 1886, ao noticiar a prisão de um Cearense,


como era conhecido José Francisco das Chagas, de 20 anos de idade; é
apresentada sua ficha criminal, com várias prisões, por vagabundagem,
embriaguez e furto. Algumas dessas prisões, pelo exercício de capoeiragem, ou
por capoeira:
1883

1887 - O Libertador, na edição de 18 de fevereiro de 1887, caracteriza um capoeira:


- O CEARENSE de 20 de julho de 1887 anuncia o recebimento do numero 13 de A
Quinzena, e ao apresentar o sumário, um dos temas é ‘Capoeira”:

1888 - No “Constituição” de 10 de fevereiro de 1888, mais uma nota policial,


envolvendo um capoeira:

1892 - O jornal “José de Alencar”, órgão do grêmio literário do mesmo nome, em sua
edição de 16 de outubro de 1892, traz-nos umas memórias “do Torres”, escrito
por Jubas Coréa; ao descreve-lo:
1893 - Em “A República” – fusão de O Libertador e Estado do Ceará, editado de 1892 a
1897, em sua edição de 28 de maio de 1893, refere-se a um tal de “Domingos
Capoeira”:

1895 - N´A Republica de 10 de março de 1895, outra nota de uma agressão, sendo um
dos contendores, um capoeira:
- Jornal “O Republicano”, de 28 de dezembro de 1895:

1904 - No “Jornal do Ceará, edição de 03 de agosto de 1904, também se refere à mato;


na edição de 26 de agosto, noticia de um crime, ocorrido em Acaraú-Mirim:
1907 - O REBATE, traz:

1921 - No jornal “A Nota”, em sua edição de 30 de julho de 1921,

1928 - No “O Ceará”, de 30 de março de 1928, com o sentido de mato; na de 04 de


abril, refere-se à navalha de um capoeira:
DÉCADA DE 1930 – Em “A Razão” – publicado de 1929 a 1938, na edição de 02 de
outubro de 1930, refere-se à luta:

- Tem-se, como ponte de partida, no Ceará a participação do cearense Cisnando na


constituição da Capoeira Regional de Mestre Bimba: Ele era um jovem que foi
estudar Medicina na Bahia, pois na época não havia tal curso no Ceará. Lá
conheceu Manoel dos Reis Machado, o famoso Mestre Bimba, criador da
Capoeira Regional. No documentário Mestre Bimba: A Capoeira Iluminada de
2007, o Mestre de Capoeira, Doutor Decânio fala sobre Cisnando e o início da
Capoeira Regional. Referindo-se a história da Capoeira de Bimba, ele diz: “A
história começa para mim, quando Cisnando chega na Bahia. Ele corre aos
capoeiristas, só encontrou um que ele respeitou, que era um negão, que era
carvoeiro na Liberdade, que era Bimba” (sic).Cisnando foi um capoeirista que
contribuiu para a história da Capoeira, mas infelizmente não desenvolveu trabalho
no Ceará e até onde se sabe não formou discípulos.

FOTO: Bimba y Cisnando -FUENTE: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/cp020539.pdf


1

- José Cisnando Lima nasceu em 9 de Outubro de 1914, no Sítio Santa Rosa,


Crato/CE. Ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1932, formando-se
em 1937. Iniciou suas atividades profissionais em Sta. Bárbara/Ba. Regressou à
sua terra natal, em 1943, clinicando em varias cidades do sul do estado até 1950,
quando retornou a Sta. Bárbara/BA. Sonhador, empreendedor, apaixonado pela
agricultura, trouxe colonos japoneses para incrementar as técnicas agrícolas em
sua propriedade e foi pioneiro na irrigação das suas culturas, o que o conduziu à
presidência do Sindicato Rural de Feira de Santana/BA. Eleito vereador em Feira
de Santana, foi líder do partido situacionista neste município. Nomeado médico da
Secretaria de Agricultura, foi requisitado paras a função de legista da Secretaria de
Segurança Pública. Exerceu os cargos de Supervisor Estadual da Merenda Escolar
e representante federal da Campanha Nacional para a Merenda Escolar. Eleito
Presidente da Câmara Municipal de Feira de Santana, assumiu a Prefeitura local
durante 4 meses por motivo de saúde do prefeito em exercício.
Dois anos depois dedicou-se inteiramente à psiquiatria, fundando duas clínicas
particulares para doentes mentais. Ensinou biologia no Colégio Santanópolis, no
Instituto Guimarães e no Educandário da Casa São José. Aprendeu Jiu-jitsu com

1
IMAGEM ENVIADA POR Javier Rubiera Cuervo rubierj@gmail.com, via correspondência eletrônica
pessoal, em 07/08/2018, publicada na revista O CRUZEIRO de 14 de maio de 1955, O Cruzeiro : Revista
(RJ) - 1928 a 1985 – disponível em
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReaderMobile.aspx?bib=003581&pesq=Capoeira%20ceara
Takeo Yano antes de chegar a Salvador. Com Takamatsu, 5o dan da Shotokan e
2o da Kodokan, praticou e estudou o karatê. Um dos seus colonos japoneses o
iniciou em Kendô e Bojitsu. A sua equipe de japoneses, oriunda da TakuDai,
incluía Saito Masahiro, 2o dan pela Kodokan e 1o dan pela Shotokan, que ensinou
Judô e Karatê no Spartan Gym de Dr. Geraldo Blandy Motta e no Gremio da
Escola de Politécnica, com o qual também pratiquei as duas artes marciais.
http://capoeiradabahia.portalcapoeira.com/dr-jos-qcisnandoq-lima-a-pedra-
fundamental-da-regional/

- Continuando com Nascimento (2017), este autor traz duas outras hipóteses da
introdução da Capoeira: [...] outras narrativas existentes, alimentam a ideia de
que, os primórdios da prática da capoeira do Ceará teve início com o retorno de
cearenses, formados em Direito e Medicina nas universidades baianas, que
teriam aprendido capoeira naquele estado com Mestre Bimba, criador da
capoeira Regional baiana (Neto, 2012). De volta ao estado, após o término dos
seus respectivos cursos, alguns destes ex-alunos de Bimba, teriam dado aulas e
iniciado alguns neófitos na arte da capoeiragem.
DÉCADA DE 1950 – A revista “O Cruzeiro” em sua edição de 14 de maio de 1955
publica artigo sobre o Candomblé na bahia, e apresenta uma foto com o título de
“Capoeira no Ceará”
http://memoria.bn.br/DocReader/DocReaderMobile.aspx?bib=003581&pesq=Capoeira
%20ceara

DECADA DE 1960 - José Renato de Vasconcelos Carvalho, conhecido por mestre Zé


Renato, natural de Crateús-CE filho primogênito de Joaquim Severiano Ferreira
de Carvalho e Vicência Vasconcelos Carvalho. Nasceu em 24 de maio de 1951:
Em vinte e quatro de maio, / De cinqüenta e um nasceu,/ Em Crateús e cresceu / Na arte
fazendo ensaio, / Para brilhar como um raio,/ O artista Zé Renato; / Mestre em
artesanato/ E também em capoeira,/ Essa luta brasileira/ Feita por negros no mato .
(CARVALHO FILHO, 1997, p. 1).
1960 - chega a Crateús, lotado no 4 Batalhão de Engenharia de Construção, um sargento
de nome Cipolati, gaúcho que havia residido na Bahia por longa temporada, pai
de Carlos e Evandro e ex-aluno de um famoso capoeirista, mestre Bimba.
Cipolati foi o responsável por iniciar Zé Renato na prática da capoeira. A capoeira
fazia parte das atividades em família, treinando após o regresso do trabalho junto
aos filhos. Ao ver a capoeira pela primeira vez, José Renato apaixonou-se e
iniciou seus treinos.
Carvalho Filho (1997) 2 conta que: [...] um militar que chegara a cidade vindo da
Bahia, trazia consigo a arte da capoeira. O Mestre muito curioso fazia perguntas
sobre a cidade do baiano, encantara-se com a ginga e com a habilidade do
mesmo. Depois de terminado o primeiro grau, atual ensino fundamental, vai para
a Bahia e conhece o famoso Mestre Bimba. Mestre Zé Renato terminou o Segundo
Grau, atual Ensino Médio, em Ilhéus, onde jogava Angola na praia. Todo final de
semana estava em Salvador para jogar na capital. Em 1967, retorna à sua terra
natal.

2
CARVALHO FILHO, José Bento de. Capoeira: a história do Mestre Zé Renato. Literatura de cordel.
Fortaleza – CE, 1997.
1967/68 – parte para o Rio de Janeiro, aos 18 anos de idade, devendo ter ficado nesse Estado
por volta de três anos. No Rio, foi jogar capoeira na Central do Brasil com o famoso
mestre Leopoldina 3. Conhecido por Ceará e pelo jogo diferenciado, Zé Renato dedica–se
ao aprendizado da capoeira em solo carioca, adquirindo sempre novos conhecimentos.
DÉCADA DE 1970 - Ainda seguindo Silva (2013) 4, pouco tempo depois, ao surgir
uma oportunidade de trabalho no Maranhão, na área de topografia, o jovem José
Renato ficou tentado atingir mais outra meta na vida que era a de conhecer o
“berço de negros”, como ele mesmo diz: As experiências do Maranhão pelos idos
de 1970 gravitavam ao redor de práticas de capoeira Angola, Tambor de Crioula
e de todas as manifestações de que pôde participar. Amante das artes
popularescas, Zé Renato defendeu a ideia de que naquela época os praticantes
viam capoeira como arte, apenas isso.
1971 – MESTRE OUSADO - José Maria Cardoso da Costa, em artigo de jornal de
2011, afirma que há 40 anos preserva a arte da capoeira em Fortaleza é o tema do
livro “As Asas do Mestre”. O material tem projeto editorial e organização de Luiz
Renato Vieira, que também é mestre de capoeira e doutor em sociologia da
cultura. Mestre Ousado foi percursor da capoeira em outros países, como a
Inglaterra, ainda no início dos anos 1990. Atualmente ele ministra aulas em
universidades e escolas públicas de Cingapura, sendo reconhecido pelos
Ministérios da Educação, Arte e Esporte. “A capoeira é para muitos jovens
asiáticos o primeiro contato real com a cultura brasileira. Embora o futebol
brasileiro seja admirado é através da capoeira que muitos aprendem a falar
português, ao gingar ao som do berimbau e acabam por construir laços de uma
vida toda com o Brasil”, afirma mestre Ousado. O nome do livro foi pensado pelo
próprio mestre. “Já dei uma volta ao mundo com a capoeira. Ela nos leva igual ao
vento”, completa. http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/fortaleza/livro-sobre-
mestre-ousado-conta-parte-da-historia-da-capoeira-em-fortaleza/

3
Mestre Leopoldina (12/02/1933 – 17/10/2007) Demerval Lopes de Lacerda, Mestre Leopoldina
nascido o 12 de fevereiro de 1933 no Rio de Janeiro. Inicio-se na capoeira na decada de 1950, com
Joaquim Felix de Souza, Mestre Quinzinho, um temido malandro de favela que já tinha proceso penal
por morte, heredeiro das violentas maltas de capoeira que aterrorizaram o Rio de Janeiro no século
XIX. Depois que mestre Quinzinho foi asesinado na decada do 50 na Colonia Penal, o Mestre
Leopoldina sumio das ruas por medo a represarias por inimigos de Quinzinho. Logo continuou seu
treino com o baiano Mestre Artur Emídio que abriu uma academia e influenciou a capoeira Carioca na
década 50 e 60 baseado no método sistematizado de Mestre Bimba. Mestre Leopoldina começo a dar
aula em 1961 na academia Guanabara, no Rio de Janeiro, e graças à capoeira viajou na Suiza, Italia,
Amsterdam, Alemanha e Senegal. O mestre tem muita afinidade com o povo de rua, na chamada lei
dos malandros, com a filosofía da malandragem, que é a estrategias de não confronto. Sua visão de
mundo e sua relação com a malandragem transparecem em suas histórias e suas músicas.
Protagonista do documentario “Mestre Leopoldina, A Fina Flor da Malandragem”, 2005. O
documentário narra a vida de Mestre Leopoldina, de vendedor de bala na Central a Mestre de
Capoeira reverenciado mundialmente, feito por seu aluno Mestre Nestor Capoeira. Fonte:
Documentario Mestre Leopoldina, a fina flor da Malandragem / Site Revista de História.
https://jogodavidaweb.wordpress.com/2017/02/12/mestre-leopoldina/
4
SILVA, Sammia Castro.. PROTAGONISTAS NO ENSINO DA CAPOEIRA NO CEARÁ: relações entre lazer,
aprendizagem e formação profissional. Dissertação submetida à Coordenação do Programa de
PósGraduação em Educação Brasileira, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Educação. Área de concentração: História e Memória da Educação.
Orientador: Prof. Pós-Dr. José Gerardo Vasconcelos. UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC
FACULDADE DE EDUCAÇÃO – FACED PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO BRASILEIRA/
MESTRADO NÚCLEO DE HISTÓRIA E MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO. FORTALEZA (CE) 2013
1972 - Mestre Zé Renato regressa a Fortaleza, e começa o processo de implantação da
capoeira no Estado. Ensinou nas Escolas Oliveira Paiva e Castelo Branco.
Apresentou-se na TV, divulgando a cultura afro-brasileira. Teve como primeiro
aluno Demóstenes. Devem ser também lembrados por serem co-fundadores Jorge
Negão, Everaldo, João Baiano, Márcio, Sérgio, Zé Ivan, George, Juarez, Datim,
Antônio Luiz.51972 (?)- Já em Brasília, para onde se mudara, e após observar a
capoeira praticada naquela cidade, declara: [...] ter tomado conhecimento de que o
estilo regional estava sendo popularizado e praticado em Fortaleza [...] ele
ressalta a importância da união entre o jogo baixo angoleiro e do jogo alto da
regional e descreve que a sucessão de movimentos da capoeira se torna, desse
modo, um movimento em onda com maiores possibilidades de ataque, defesa e
malícia.
1978 – Grupo Zumbi6 foi fundado por Everaldo Monteiro de Assis, mais conhecido
como Mestre Ema, o grupo surgiu no bairro Planalto Pici, e hoje tem sua sede
instalada no bairro Henrique Jorge, em Fortaleza. Ao longo de sua trajetória, o
Zumbi de Capoeira realizou um notável trabalho social com crianças e jovens
carentes da periferia, principalmente em comunidades dos bairros Henrique Jorge,
Monte Castelo, Padre Andrade, Messejana, João XXIII e Praia do Futuro, além de
inserções em outros municípios do estado, como Paraipaba e
São Benedito. http://blogs.opovo.com.br/clubedaluta/2018/03/02/coluna-grupo-
zumbi-de-capoeira-completa-40-anos-de-atuacao-no-ceara/
- REGINALDO DA SILVEIRA COSTA - Mestre Squisito., chega a Fortaleza-CE,
Nasceu em Montes Claros – MG no dia 11 de março de 1953, sendo filho de José
Gomes Costa e Iracema de Paula, ambos mineiros, nascidos também em Montes
Claros, já falecidos. Seu primeiro contato com a capoeira foi em meados de 1968,
no bairro de Bonsucesso, subúrbio do Rio de Janeiro, onde conheceu um
capoeirista que estudava na mesma escola em que freqüentava, porém só se
firmou na capoeira no ano de 1974, em Brasília-DF, na Academia Tabosa de
Capoeira, a mais renomada da época. A academia era freqüentada por muita
gente, onde havia os melhores capoeiristas da cidade e local de encontro dos
velhos mestres, o que despertou a sua curiosidade. Desde então começou a treinar
e pegou sua 1ª graduação (batizado) em seis de dezembro de 1974, tendo como
padrinho, Mestre Tonhão.Devido sua timidez, sempre foi uma pessoa discreta em
sua passagem pela Academia Tabosa, mas não fugindo de suas responsabilidades
como capoeirista. Por volta de 1975 fundou, em parceria com o Mestre Tranqueira
(Luiz Lopes Tranqueira, aluno da Academia do Mestre Adilson e que se formou
mais tarde como Mestre pelo também finado Mestre Muzenza, oriundo da Senzala
do Rio de Janeiro), o Grupo Berimbau de Ouro de Capoeira, onde embora
inexperiente, porém cheio de idéias, associou-se com um capoeirista formado e
respeitado em todo o Distrito Federal, porém não desvinculando-se do Mestre
Tabosa, conciliando sempre as suas funções entre os grupos, no Berimbau de
Ouro, como articulador e organizador e na Academia Tabosa, como aluno e
discípulo. O trabalho que desenvolvia no Grupo Berimbau de Ouro, era de apoiar
o Mestre Tranqueira, dando aulas em sua ausência, fazendo aquecimentos,
alongamentos e garantindo a organização do trabalho no SESC da 503 Sul em
Brasília (fichas, inscrições, mensalidades, material de divulgação, etc.).

5
CARVALHO FILHO, José Bento de. Capoeira: a história do Mestre Zé Renato. Literatura de cordel.
Fortaleza – CE, 1997.
6
https://www.socialesporteclube.com.br/historias/associacao-zumbi-capoeira-fortaleza/
Apesar do seu trabalho independente, sempre foi aluno fiel ao Mestre Tabosa, o
qual considera o seu Mestre na Capoeira e mais importante figura em sua
formação. Em agradecimento, cita em seu livro: “Ao Mestre Tabosa, meu Mestre
na Capoeira: eu serei sempre parte da sombra de sua grandeza, aprendendo sua
humildade e admirando sua competência de capoeirista, Mestre!” (Costa,
Reginaldo da Silveira (Mestre Squisito). Capoeira: o Caminho do Berimbau, 2ª.
Edição – Brasília/DF, 2000. p-5.). Em 1976 recebeu a corda amarela (formado), e
em 1978 recebeu a corda roxa (contra-mestre), no mesmo ano mudou-se para
Fortaleza-CE por motivo de serviço, pois foi transferido para lá (trabalhava na
Caixa Econômica Federal, onde é funcionário até hoje).
1979 – Mestre Esquisito (Squisito) em novembro cria a Cia. DA CAPOEIRA Terreiro
do Brasil, essa criação se deu através de um sonho que teve quando estava saindo
de Brasília para ir trabalhar e morar no Ceará. Na preparação para ir embora para
o Nordeste, desenhou numa folha de papel uma idéia que teve de um local de chão
batido e cobertura de palha, que deu o nome de Associação Terreiro de Capoeira.
Era o seu ideal, com o objetivo de poder ensinar o que acreditava, o que sabia,
tendo uma academia rústica e simples, compatível com o Nordeste, mas onde
pudesse ter capoeira de alto nível, como achava que havia na Academia Tabosa,
de Brasília, da qual se sentia um legítimo representante.
http://www.capoeira.art.br/site/site/administrator/squisito.htm
- MESTRE ESPIRRO MIRIM se inicia na Capoeira: Começou Capoeira no Colégio
Julia Jorge em Fortaleza 1979 com o Mestre Everaldo Ema no ”Grupo Capoeira
favelas”. Em 1982 o grupo mudou-se para as favelas Centro Social César Cals e o
grupo mudou seu nome para o ”Grupo Capoeira Zumbi”, onde recebeu o
apelido de Mirim. Em 1981 foi escolhido pela imprensa esportiva o melhor
capoeirista daquele ano. Em 1984 ele recebeu o título de professor. Ele foi o
primeiro professor, que foi nomeado pelo Mestre Everaldo. Viajou ao Rio de
Janeiro, para a casa de seu irmão em Bara Mansa onde treinou por uns tempos no
grupo Palmares com o Mestre Branco e Gomes. No mesmo ano recebeu o convite
de seu amigo (Didi) para viajar para São Paulo, pois ele o levaria a academia do
Mestre Suassuna. La chegando encontrou o que almejava, uma capoeira leve e
solta, jogada com destreza e avidez. Em 1985 integra-se ao Grupo Cordão de
Ouro como estagiário, onde o Mestre Suassuna lhe apelida de “Espirro”, para não
fugir de suas origens une os dois apelidos “Espirro Mirim”. Em 1988, foi formado
pelo o Mestre Suassuna professor, no mesmo ano retorna a Fortaleza-Ce, com
uma experiencia maior resolvi então dar inicio a um trabalho pelo o grupo aqui no
Ceará , Nascia então o grupo Cordão de Ouro Ceará. Em 1991 ele foi nomeado
Mestre 1o grau pelo o Mestre Suassuna.Em 1997 ele foi nomeado Mestre 3º grau
(azul e branco) e em 2001 Mestre (corda branca). No ano seguinte faz sua
primeira viagem para São Francisco (E.U.A.) a convite do Mestre Marcelo Pereira
(Caverinha). Em 1995 ele retornou aos Estados Unidos e começou a sua carreira
internacional. Ele viajou em 1996 pela primeira vez a Israel. A partir do ano de
1998 inicia sua carreira internacional, ministrando durante 4 meses, curso na
academia Cordão de Ouro em Orlando (Florida), nesse período fez apresentações
da Disneylândia e a abertura da Miss Brasil (E.U.A.), em Miami. Todo ano viaja
para Israel, onde participa do Batizado e troca de cordão do Grupo Cordão de
Ouro. Em 1999, para Nova Iorque. Em 2000 e 2001, trabalhou em Israel. Em
2004 ele visitou Inglaterra, em 2005, Espanha, em 2006, Franca, Portugal e
Alemanha em 2007 e em 2008 na Hungria e na Escócia. Actualmente reside nos
Estados Unidos e realiza um trabalho, na Holanda, Ungria e Israel.
http://tribunadoceara.uol.com.br/esportes/sem-categoria/dia-da-capoeira-e-
lembrado-por-mestre-cearense/

DÉCADAS DE 1980/90 - em Fortaleza só havia dois grupos de capoeira, Senzala e


Zimbi. Neste apareciam nomes como Espirro Mirim, Geléia, Jean, Soldado, Lula,
Ulisses, figura como Paulão, 7Canário, Dingo, Gamela, Araminho, Gurgel.
- A Associação Zumbi do Mestre Everaldo tem entre seus Mestres associados, Lula,
Ulisses, Júnior, Jean, Geléia e Wladimir. Este último mora no exterior, divulgando
a capoeira do Ceará. O Mestre Lula atua na Prefeitura de Fortaleza ajudando
capoeiristas, de qualquer grupo, a desenvolverem projetos na cidade.
(CARVALHO FILHO, 1997).
- O Mestre Ulisses atua no Centro Social do Bairro Henrique Jorge. Os demais também
dão sua contribuição através de aulas e rodas. (CARVALHO FILHO, 1997).
- Carvalho Filho (1997) não deixa de citar também o Mestre Paulão do Ceará que na
década de oitenta divulgou bastante a Capoeira no Estado, indo para o exterior no
início dos anos 1990. Ele teve discípulos como os mestres: Ratto, Zebrinha,
Ferrim, Picapau, Envergado, dentre outros que formaram seus grupos. E outros
como Kim, Cibriba, Marcão, Juruna que continuam a divulgar a Capoeira do
estado no Brasil e no Exterior
- José Olímpio Ferreira Neto. “A HISTÓRIA DA CAPOEIRA NO CEARÁ NAS
DÉCADAS DE 1980 E 1990 ATRAVÉS DA MEMÓRIA E ORALIDADE”.
http://www.uece.br/eventos/encontrointernacionalmahis/anais/trabalhos_completos/5
2-5434-26082012-231518.pdf

1981 - Integrante do Grupo Capoeira Brasil, o MESTRE KIM pratica capoeira desde
1981. Discípulo do Mestre Paulão, ministra aulas em escolas, clubes, além de
participar de eventos nacionais e internacionais dando workshops em vários
estados do Brasil e em outros países. Ao longo dos anos participou e realizou
workshops na Holanda, França, Alemanha, Polônia, Itália, Suécia, Romênia,
Bélgica, Turquia , Suíça, Portugal, Hungria, Venezuela, Colômbia e Argentina.
Hoje, seu objetivo é continuar contribuindo para o crescimento do projeto social
ACCEV, difundindo os aspectos positivos que a capoeira oferece para a
transformação de uma sociedade melhor. https://www.kimcapoeira.com/mestre-
kim/sobre-o-mestre/
1982 – Mestre Esquisito retorna para Brasília, deixando plantada sua semente em todo o
Ceará. Nesse tempo em que ficou no Ceará adquiriu respeito, amigos e discípulos
que levam sua filosofia de trabalho até hoje. Logo após sua chegada em Brasília
recebe a graduação roxo-branco, a última antes da corda de mestre.

7
https://www.youtube.com/watch?v=hNIMVWBlfv0
Mestre Paulão é um dos fundadores do Grupo Capoeira Brasil junto com Mestre Boneco e Mestre
Paulinho Sabiá. Com um trabalho consolidado em Fortaleza, no ano de 1993, Mestre Paulão decide-se
mudar para a Holanda e, de lá para cá, vem realizando um belo trabalho para o desenvolvimento da
capoeira na Europa. Hoje o Grupo Capoeira Brasil está nos seguintes países europeus: Austrália, Bélgica,
França, Espanha, Alemanha, Itália, Hungria, Polônia e Suécia. As aulas são ministradas por graduados,
instrutores, professores, formandos e formados, todos sob a supervisão de Mestre Paulão.
https://www.magalicapoeira.com/capoeira-brasil/mestre-paulao-ceara
1983 - MESTRE RATTO - Eu nasci e me criei em Fortaleza, na beira de praia. Como
é tradicional em qualquer beira de praia, é comum ver-se rodas de Capoeira. Meu
irmão Ricardo, teve oportunidade de ter um contato com um grupo de rapazes que
todo o final de tarde praticava Capoeira, chamada de vadiagem de beira de praia.
Logo o Ricardinho passou a fazer parte do grupo, e foi se destacando por sua
agilidade e facilidade de girar a cabeça no chão (peão de cabeça). No inicio de
1983, eu já tinha uma certa segurança no jogo e estava mais à vontade numa roda.
Na época só existiam dois grupos de Capoeira em vam capoeiristas dos
dois grupos. Eu passei então a conhecer os feras da Capoeira. De um lado, o grupo
Zumbi com Espirro Mirim, Geléia, Jean, Soldado, Lula, Ulisses. De outro lado, o
grupo Senzala com Paulão, Canário, Dingo, Gamela, Araminho, Gurgel. Fiquei
sabendo que existiam outras rodas na cidade, como a do Mestre Geléia na Barra
do Ceará. Minha mãe ficava cada vez mais preocupada comigo, por rodar cada
vez mais a cidade atrás de Capoeira. Em 1984, eu não conseguia mais esconder a
admiração e a vontade de conhecer uma aula do Mestre Paulão, na Escola de Arte
Senzala. Eu via nas rodas que o estilo dele era diferente, me chamava à atenção
essa Capoeira de muita classe praticada pelo Boneco, Cibriba, Pica Pau, Maroca,
Bisquim, Atabaque, Querido e Juruna. As acrobacias me enchiam os olhos. Eu
decidi então que tinha que participar dessa escola. Um dia apareceram dois
capoeiristas de Brasília no DCE, eles pediram informação sobre o horário e local
da aula do mestre Paulão, e eu me ofereci a acompanhá-los. Chegando lá, o
Mestre Paulão tinha acabado de terminar a primeira aula, e estavam todos, na
época chamado colégio Capital. O Mestre convidou a gente a ficar para a aula
seguinte e eu nem consegui acreditar nisso. Mostrei então a minha capacidade e
no final da aula pedi informações sobre a mensalidade. Ele me perguntou se
estava mesmo a fim de treinar e eu respondi bem rápido que sim. Como ele já
tinha feito com outros garotos, ele me prometeu uma calça e uma camisa. Foi o
necessário, para que eu saísse dali maravilhado. O treino era diferente, a
movimentação mais fascinante e a roda de se arrepiar todo. Fui fazendo amizade
com a garotada, me integrando e logo fiz parte da equipe de show do Mestre
Paulão. No inicio eu era sempre quem carregava o atabaque, fazia os arames dos
berimbaus, etc. Comecei a dar aula quando ainda era corda azul, alguns desses
alunos ainda são hoje meus alunos, como Peninha e Marcelo. O local era a
Academia Linhas e Curvas e as aulas aconteciam três vezes por semana. Através
do Capoeira Brasil e do Mestre Paulão, tive a oportunidade de ter contato cedo
com grandes mestres do Brasil e no mundo. No Grande Encontro de Mestres e
Professores de Capoeira, realizado no Center Um, recebi a corda verde. Conheci
nessa ocasião grandes nomes da Capoeira: Mestre João Grande, Mestre João
Pequeno, Mestre Suassuna, Mestre Itapoã, Mestre Mão Branca, Mestre Boneco,
Mestre Paulinho. Foi assim que nasceu o meu interesse em rodar o Brasil todo
atrás de mais conhecimentos e experiências de Capoeira. Em 1992, recebi a corda
Marrom e me tornei Formando. Foi nessa época que o Mestre Paulão decidiu
morar na Holanda, Europa. Essa foi uma experiência que marcou muita a minha
vida como capoeirista, pois passei a ser um dos organizadores do grupo em
Fortaleza, juntamente com Mestre Zebrinha, Marcão, Kim, Envergado, Cibriba,
Ferrim, Serê. Foi um grande desafio da parte do Mestre Paulão e foi a porta que
abriu para os contatos do grupo na Europa. Para o grupo Capoeira Brasil do
Ceará. Logo em seguida iniciaram-se as minhas viagens para fora do Brasil. A
minha primeira viagem foi um mês na Alemanha. E depois inúmeras vezes a
vários países da Europa como a França, Holanda, Espanha, Bélgica, Alemanha,
Inglaterra. Em 2001, me tornei Formado Ratto ao receber a ultima corda do grupo,
a corda preta. Esse dia foi um dos dias mais importantes da minha vida, pois foi o
reconhecimento de 19 anos de trabalho dedicado à Capoeira. Foi um momento
inesquecível, uma grande satisfação de receber essa corda na presença de Mestres
ilustres como o Mestre Itapoã, Mestre Paulinho Sabiá, Mestre Boneco e Mestre
Tony Vargas. Em 2002, fundei oficialmente o projeto social Água de Beber, com
o objetivo de trabalhar a Capoeira nas comunidades carentes de Fortaleza, fazendo
um trabalho de resgate das crianças que residem nessas localidades. Os esforços
investidos nesse projeto valeram a pena, pois rapidamente nosso trabalho cresceu,
difundindo-se em várias áreas de risco social da cidade, culminando, no ano de
2006, com a transformação projeto social Água de Beber em instituição social
autônoma com o nome CENTRO CULTURAL CAPOEIRA ÁGUA DE
BEBER.” http://capoeira-cecab.eu/cecab-2/mestre-ratto/?lang=pt-br
1987 - MESTRE PAULÃO CEARA Ik ben paulo Sales Neto en ik ben geboren op 14
januari 1961 in Fortaleza. Ik heb mijn leven van jongs af aan gewijd aan capoeira.
Toen ik begon met capoeira wist ik niet dat het mij zo ver zou brengen maar
capoeira heeft mij op alle gebieden in het leven een wijzer mens gemaakt. in 1987
hebben Mestre Paulinho Sabiá, Mestre Boneco en ik Grupo Capoeira Brasil
opgericht. Om capoeira met een ,voor mij onbekend, nieuw deel van de wereld te
delen ben ik in 1993 naar Nederland gekomen. Dit was voor mij een zeer
bijzondere ervaring waarbij ik veel heb geleerd over mijzelf maar ook over hoe
anders het leven in Nederland is. Dit was heel leuk maar ook vaak zwaar en ik ben
daarom erg trots op de groep die ik in Nederland heb opgebouwd. in 2011 heb ik
het moeilijke besluit genomen om Nederland achter te laten om bij mijn vrouw en
twee kinderen in Hongarije te gaan worden. Ondanks dat ik nu verder weg woon
voelt Nederland altijd als thuis en probeer ik zo vaak mogelijk op en neer te
vliegen naar Nederland om de band met onze groep sterk te houden. Ik houd heel
erg van het leven en ik probeer altijd een goede vader, man, vriend maar ook een
voorbeeld voor alle leerlingen te zijn. Toen ik 14 jaar oud was zag ik een van mijn
vrienden op het strand bewegingen doen. Het zag er heel mooi uit en ik heb hem
gevraagd wat hij deed. Hij zei: Dit is capoeira. Vanaf deze dag was ik verkocht en
ben ik gaan trainen. http://www.capoeirabrasil.nl/mestre-paulao-ceara/

1997 - é publicada em Fortaleza, a história do Mestre Zé Renato através de um cordel


de autoria de José Bento de Carvalho Filho, vulgo Zelito. O referido autor conta
através de versos a história do Mestre Zé Renato, relatada pelo mesmo e
confirmada pelos capoeiristas e alunos que conhece tão admirável nome que inicia
a caminhada da Capoeira na Terra da Luz:
- CARVALHO FILHO, José Bento de. Capoeira: a história do Mestre Zé Renato.
Literatura de cordel. Fortaleza – CE, 1997.
2006 – Rocha (2006) identifica os seguintes grupos de Capoeira atuando em Fortaleza:
Abadá – Mestre Camisa.
Capoeira Brasil – Mestre Paulão, Boneco, Sabiá
Cordão de Ouro – Mestre Espirro Mirim
Zumbi dos Palmares – Mestre Lula
Terreiro Capoeira – Mestre Esquisito
Muzenza – Mestre Pedro
Atitude – Mestre Moraes (vulgo Asa Branca)
GCAP – Professor Armandinho
Candeias – Mestre Suíno
Legião Brasileira de Capoeira – Mestre Zebrinha
Raízes da Terra – Mestre Assis
Camará – Mestre Chimpanzé
Capoeira Mundi – Mestre Dingo
2009 - BARROSO, Oswald. Folguedos afro-brasileiros no Ceará: uma aproximação
com a capoeira no Ceará. In: HOLANDA, Cristina Rodrigues (org.). Negros no
Ceará: história, memória e etnicidade. Fortaleza: Museu do Ceará/ Secult/
Imopec, 2009.
2010 - CÂMARA, Samara Amaral. Práticas educacionais transmitidas e produzidas na
capoeira angola do Ceará: história, saberes e ritual. Dissertação de Mestrado em
Educação Brasileira- Núcleo de História e Memória da Educação. Fortaleza:
Universidade Federal do Ceará, 2010.
2011 - “Valorização dos grupos folclóricos, dos artesãos e artistas populares
cearenses na divulgação turística”: 8 [...] a professora elenca o que ela
denomina de “furadas turísticas” e coloca a Capoeira figurando nessa lista,
assim como o Carnaval fora de época, o Fortal, os Resorts etc. Afirma que
quando se apresenta um grupo de Capoeira, divulga-se a Bahia e não o Ceará.
Em verdade, pensa-se a Capoeira como sendo baiana, talvez pela divulgação da
Capoeira que se tem hoje ter sido realizada em grande parte por mestres baianos.
Porém, como já foi supracitado, o próprio Dossiê realizado pelo IPHAN não a
reconhece como prática oriunda da Bahia e o Governo Federal a reconhece
como Patrimônio Imaterial do Brasil. Também é verdade que a Capoeira
desenvolvida no Ceará é muito jovem. Poucas ou quase nenhuma cantiga de
Capoeira faz referência ao Ceará, mesmo já havendo uma produção cearense
divulgada fora do Estado. Dizer que a Capoeira, praticada aqui, é da Bahia é um
ledo engano, ou melhor, desconhecimento do assunto. Até porque, existem grupos
oriundos do Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, etc e que trazem inúmeras
características desses Estados. Em qualquer bairro da cidade de Fortaleza
percebe-se essa manifestação cultural como prática em ambientes fechados ou em
praça pública. Essa cultura que é desenvolvida no Estado é bastante conhecida
no exterior por ser uma capoeira solta, estilizada e cheia de floreios9.
- I JOGOS ABERTOS DE CAPOEIRA DO CEARÁ - Sob a organização dos
mestres; Lula,Ratto,Maizena e Pano. realizado em Fortaleza encontro inédito de
quase todos os grupos de capoeira do Ceará .
http://portalacapoeira.blogspot.com/2011/09/i-jogos-abertos-de-capoeira-do-
ceara.html
2012 - ALBUQUERQUE, Carlos Vinícius Frota de. Tá na água de beber: Culto aos
ancestrais na capoeira. Fortaleza, 2012. Dissertação (Mestrado em Sociologia)-
Programa de Pós-Graduação em Sociologia do Departamento de Ciências Sociais
da Universidade Federal do Ceará.

8
MACENA, Maria de Lourdes. Valorização dos grupos folclóricos, dos artesãos e artistas populares
cearenses na divulgação turística. In I Fórum IOV Ceará de Folclore e Artes Populares. Fortaleza – CE.
2011.
9
In I FÓRUM DE FOLCLORE E ARTES POPULARES NA CIDADE DE FORTALEZA - IOV – Ceará,
Internacionale Organisation für Volkskunst/Organização Internacional de Folclore e Artes Populares,
18 e 19 de março de 2011 -
2013 - SILVA, Sammia Castro.. PROTAGONISTAS NO ENSINO DA CAPOEIRA
NO CEARÁ: relações entre lazer, aprendizagem e formação profissional.
Dissertação submetida à Coordenação do Programa de PósGraduação em
Educação Brasileira, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em Educação. Área de concentração: História e
Memória da Educação. Orientador: Prof. Pós-Dr. José Gerardo Vasconcelos.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ – UFC FACULDADE DE
EDUCAÇÃO – FACED PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
EDUCAÇÃO BRASILEIRA/ MESTRADO NÚCLEO DE HISTÓRIA E
MEMÓRIA DA EDUCAÇÃO. FORTALEZA (CE) 2013
2014 – Lançamento de livro que conta a história da capoeira no CE: “A capoeira no
Ceará”, primeira obra com a temática da história da capoeira no Estado, fruto de
uma dissertação de mestrado em Educação Brasileira, pela linha de História e
Memória da Educação, da Universidade Federal do Ceará (UFC). Fruto de uma
efetiva pesquisa de campo, lançada pela EdiUECE, de autoria da capoeirista
Sammia Castro, e têm co-autoria de José Gerardo Vasconcelos, que foi orientador
da obra, autor do livro “Bezouro Cordão de Ouro – o capoeira justiceiro”; e Lia
Machado Fiúza. http://tribunadoceara.uol.com.br/blogs/ie-
camara/cultura/lancamento-de-livro-que-conta-historia-da-capoeira-ce-nesta-
quarta-22/

2017 - NASCIMENTO, Ricardo. Políticas e performances: Um estudo de caso sobre o


processo de patrimonialização da capoeira do Ceará. IN ACENO, Vol. 4, N. 7, p.
65-82. Jan. a Jul. de 2017. ISSN: 2358-5587. Cultura Popular, Patrimônio e
Performance (Dossiê).
2018 – Publicado Indicios de Capoeiragem no Ceará, no CEV, de autoria de Leopoldo
Gil Dulcio Vaz, base deste Atlas da capoeiragem no Ceará.
FONTES:
https://www.youtube.com/watch?v=E0QF4QR-fHQ
https://www.youtube.com/watch?v=TaOugpBkeSQ
http://tribunadoceara.uol.com.br/blogs/ie-camara/cultura/lancamento-de-livro-que-conta-historia-da-
capoeira-ce-nesta-quarta-22/
http://www.repositorio.ufc.br/bitstream/riufc/6035/1/2013-DIS-SCSILVA.pdf

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