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Não demorou e a Aranha foi conferir sua lavra de milho, mas descobriu que
ela estava devastada; desesperado, percorreu o milharal e deu com o bode do
rei, lá no meio, ainda mastigando o milho que fora tão cuidadosamente
cultivado. Furioso, Anansi pegou uma pedra e jogou na cabeça do bode, que
caiu morto no meio dos pés de milho.
Quando a raiva passou, Kwaku-Anansi olhou para o bode morto e soube que
estava perdido. O rei condenava à morte quem tocasse seu animal, e logo
descobriria quem o matara... Sentou-se então sob uma árvore e se pôs a
pensar em algum estratagema que o livrasse da fúria do rei. De repente, um
fruto muito suculento caiu dos galhos lá em cima, bem sobre sua cabeça, e
aquilo lhe deu uma ideia.
A outra aranha achou que não tinha outra coisa a fazer senão confessar o
acontecido ao rei. Tomou o corpo do bode e, a caminho da casa do soberano,
parou para falar com sua mulher sobre o que acontecera. A mulher chamou o
marido de imbecil: desde quando bodes sobem em árvores? Ele havia caído
em alguma armadilha.
A conselho da mulher, o vizinho então foi ao palácio do rei, mas nem levou o
bode e nem falou com o soberano. Quando voltou do passeio, foi dizer a
Anansi que ele estava certo, o rei não tinha se importado nem um pouco com a
morte do animal, e ainda lhe tinha dado uma parte da carne do bode! Anansi
ficou inconformado, achando que aquilo não era justo: se ele é que tinha
matado o bode, ele é quem deveria ganhar uma porção de sua carne! Ao ouvir
aquilo, o vizinho e sua mulher arrastaram Kwaku- Anansi á presença do rei e
lhe contaram tudo. A aranha não teve outro jeito senão confessar e pedir o
perdão do rei.
Mas este ficou tão furioso que caiu de pontapés sobre Anansi, e foram tantos
golpes que a aranha se dividiu em muitos pedacinhos; cada um fugiu para se
esconder em um canto. E é por isso que os descendentes da aranha, que
antes era enorme, hoje são bem pequenos e se escondem pelos cantos das
casas...