Você está na página 1de 8

SEBASTIÃO ALBA – NINGUÉM MEU AMOR

______ meu amor

ninguém como nós ______ o sol

Podem utilizá-lo nos _______ pagar com ele

os barcos de papel dos nossos lagos

podem _____-_____ a parar

à entrada das casas mais baixas

podem ainda fazer

com que a noite ____

_____ do mesmo lado

Mas ninguém meu amor

ninguém como nós conhece o sol

Até que o sol ______

o horizonte em que um a um

nos ______

vendando-nos os olhos.
Período Pré-Colonial

Os primitivos povos de Moçambique eram bosquímanos caçadores e recolectores. 

As grandes migrações entre 200/300 DC dos povos Bantu de hábitos guerreiros e oriundos
dos Grandes Lagos, forçaram a fuga destes povos primitivos para as regiões mais pobres em
recursos. 

Antes do séc. VII, foram estabelecidos Entrepostos comerciais pelos Suahil-árabes na costa
para trocar produtos do interior, fundamentalmente ouro e marfim por artigos de várias
origens.

Os portugueses (llegaron) a Moçambique em 1498 e a administração colonial foi instalada três


anos mais tarde, ficando o território dependente do Estado da Índia até 1752. Em 1569,
Moçambique foi elevada à condição de capitania-geral, (englobando) a região de Sofala e a
do Monomotapa. A (ocupación) de Moçambique se iniciou em 1507, contudo, (según) o
historiador Luiz Felipe de Alencastro, a (penetración) portuguesa em Moçambique foi muito
frágil, sobretudo se comparada à conquista e à ocupação de Angola, na costa (occidental) da
África.

Durante boa parte da colonização portuguesa, Moçambique desempenhou a função de


entreposto comercial e de ponto de apoio para os navios com destino ao Oriente. Com relação
ao (desarrollo) interno da colonização, de acordo com Luiz Felipe de Alencastro, os
portugueses praticamente não interferiram no processo produtivo da região, além de não
conseguirem reorientar em benefício próprio os circuitos de comércio local, o que corrobora a
posição estratégica de Moçambique na carreira da Índia. As (intercambios) permaneceram
voltadas para o Norte da África e para o Leste, em direção ao Golfo Pérsico, onde regiões
como Omã adquiriam grande quantidade de escravos.

Para Charles Boxer, a penetração portuguesa no território de Moçambique também foi


dificultada, até o século XVIII, pela insalubridade verificada nas regiões costeiras da África e
da Ásia. A correspondência oficial entre Lisboa e Goa, de 1650 a 1750, relata a preocupação
das autoridades com o escasso contingente de portugueses reinóis no Oriente e com as altas
(tazas) de mortalidade na região, incluindo Moçambique como parte do circuito indiano. Tal
situação parece não ter se alterado depois de 1750, pois, em 1799, o vice-rei conde de
Resende sugeriu o envio anual de (vagabundos) e voluntários do Rio de Janeiro para povoar
diferentes regiões africanas, como Moçambique.
Quanto ao tráfico de (esclavos) a região do Congo-Angola (suplió) grande parte da demanda
de mão-de-obra durante o período colonial. O (flujo) de escravos de Moçambique, em especial
para o Rio de Janeiro, foi pequeno e irregular até o início do século XIX, havendo, no entanto,
referências a iniciativas de negociantes desta praça, (comprometidos) no circuito de
Moçambique, Sena e Goa, para instalar uma companhia de comércio de gêneros e escravos
africanos, em 1744. Algumas décadas antes, em 1719, uma ordem de d. João V enviada ao
governador-geral do Estado do Brasil, d. Sancho de Faro e Sousa, determinava uma alteração
emergencial na rota do tráfico de escravos do Atlântico para a baía de Lourenço Marques, no
sul de Moçambique, em virtude dos ataques de navios holandeses aos portugueses na costa
ocidental da África. Essas medidas demonstram que, até o final do século XVIII, o tráfico de
escravos da África Oriental ainda não havia se consolidado.

O caçador, os cães e a bruxa

Havia um homem que morava sozinho perto da floresta. Ele era caçador e,
na verdade, não morava totalmente sozinho: tinha seis cães. Muitas vezes,
entrava na floresta e nunca se perdia, pois era caçador experiente,
acostumado com a região. Os cães iam sempre com ele e, além de lhe
fazerem companhia, ajudavam-no a encontrar os caminhos e a caça.

Certo dia, no entanto, ele se perdeu. Deu voltas, perambulou entre as


árvores, procurou por ali e por aqui, mas não achou o caminho de volta. Os
cães farejavam, farejavam, mas também não conseguiam achar rastro do
caminho de casa. O dia passou, entardeceu, e ele e seus cães ainda não
haviam voltado…

“Onde vou passar a noite?”, pensou o caçador. “Onde eu e meus cães iremos
dormir?”
Então ele avistou uma casa bem no meio da floresta. Animou-se todo, pois
poderia pedir abrigo a quem nela morasse. A moradora era uma feiticeira,
mas o caçador não sabia disso e foi todo feliz pedir-lhe que o deixasse passar
a noite lá. No dia seguinte, poderia continuar a caçar e achar o caminho de
volta para casa.

A velha deixou que ele e todos os cachorros entrassem e, conforme costume


antigo, todos ficaram na frente da fogueira. A velha tinha somente um dente,
o que ao mesmo tempo assustou e penalizou o caçador. A fogueira estava tão
quentinha e o abrigo tão bom que, em pouco tempo, todos dormiram: a
velha, o caçador e os seis cães.

No meio da noite, a feiticeira acordou. Levantou-se, pegou uma barra de


ferro e a esquentou no fogo.

O que ela queria fazer com aquilo? Furar e matar o caçador, para depois
comê-lo.

A feiticeira estava muito animada com o banquete humano que havia


aparecido lá, na frente de sua casa.

Esquentou bastante o ferro e estava prestes a furar o caçador quando os cães,


que também haviam acordado, colocaram-se entre ela e o homem.

Com medo daqueles seis bichos, a velha de um dente só não ousou


aproximar-se.

O ferro esfriou, e ela o colocou novamente para esquentar na fogueira. Cada


vez que a bruxa retirava o ferro quente para matar o caçador, os cães se
colocavam entre ela e o homem. A velha, com medo, não conseguia fazer
nada. Enquanto isso, o homem dormia um sono pesado, sem nem sonhar
com o que estava acontecendo.
A bruxa esquentava o ferro na fogueira, tirava-o e ia furar o homem, mas os
cachorros a impediam. Esquentava o ferro, tirava-o, ia furar o homem, e os
cães a impediam. Tentou várias vezes, durante a noite inteira. Mas nada. Os
cães sempre defendiam seu dono.

No dia seguinte, pela manhã, o caçador acordou todo contente, sem saber o
que havia acontecido. Se os cães pudessem falar, contariam, mas eles só
latiam, e o homem achou que era de animação com o novo dia.

A bruxa não se conformava com aquilo. Onde já se viu, ver sua refeição indo
embora assim, vivinha da silva?

Ela tinha um belo terreiro, com embondeiros ao redor da casa. Os


embondeiros são baobás, árvores enormes e muito antigas, que dão sombra e
abrigo para todos da região. Eles estavam carregados de frutos. A feiticeira
disse ao caçador:

— Antes de ir, me faça um favor? Eu sou velhinha e não consigo subir nesses
embondeiros. Você pode subir em um deles e pegar as frutas? Preciso delas e
não consigo tirá-las sozinha…

O homem respondeu:

— Claro que sim!

Em agradecimento à velha, subiu na primeira árvore que encontrou, um


embondeiro gigante e cheio de frutos. Quando chegou ao topo, todo
contente, começou a colher os frutos. Foi quando a velha gritou:

— Epa! Nem precisa colher os frutos! Você escapou durante a noite, mas
agora não escapa! Eu ia matá-lo, mas seus cães o defenderam!
Agora você está aí em cima, sozinho! Seus cachorros foram embora quando o
viram subindo, subindo, subindo na árvore em direção ao céu.

O caçador ficou olhando para ela com cara de quem não estava entendendo
nada: ela não era uma pobre velhinha solitária que morava na floresta? Que
história era aquela de tentar matá-lo durante a noite? E por que ele havia
feito o esforço de subir naquela árvore enorme se ela nem queria os frutos?

A velha continuou a gritar, ao pé do embondeiro:

— Eu quis que você subisse para que seus cachorros fossem embora! Agora
eu vou derrubar esse embondeiro, com você aí em cima! Vou roer todo o
tronco com meu único dente, matá-lo e comê-lo, sem que seus cães possam
fazer coisa alguma. Eles nem estão aqui!

Os cães, ao verem o dono subir na árvore, de fato se desinteressaram e foram


fazer outra coisa.

A velha continuou a gritar:

— Você vai ver! Agora, sim! Você vai ser a minha carne! Eu vou comê-lo! Vou
derrubar a árvore e você vai morrer!

O caçador, muito assustado, pôde ver lá de cima a velha roendo o tronco com
seu único dente, que parecia feito do mais afiado metal.

A velha roía, roía, roía, e logo o tronco foi ficando fininho, fininho…

O caçador sentiu o tronco balançando para lá e para cá. E viu que logo iria
cair nos braços da velha faminta e roedora.

Acontece que ele era muito atlético e, além de subir em árvores, era capaz de
dar saltos muito compridos. Ao cair, a árvore aproximou-se de outro
embondeiro, e o homem saltou para a outra árvore.
A velha ficou furiosa, mas parou de gritar, talvez para poupar suas forças.
Aproximou-se do outro tronco e começou a roê-lo com seu único dente.
Roeu, roeu e roeu, até que o tronco enorme ficou fininho e começou a
balançar…

O caçador saltou novamente para a árvore seguinte e subiu cada vez mais
alto.

A velha não aguentou e voltou a berrar:

— Você não me escapa! Você vai ser minha carne e eu vou comê-lo!

E roía, roía, roía cada árvore até derrubá-la, mas sempre o homem conseguia
pular para a seguinte. E assim foi com todos os embondeiros até chegar ao
sétimo e último.

O homem ficou triste e se lembrou dos cães, pois sabia que não poderia mais
escapar. Aquele era o último embondeiro e seriam necessários pelo menos
uns cem anos até que o próximo nascesse e crescesse o bastante. Estava
triste pelo destino das árvores e dos cães. Por causa de tanta tristeza,
começou a cantar enquanto a velha roía, roía, roía, com seu único dente, o
tronco do sétimo embondeiro:

— Estou morrendo, Matchima. Estou morrendo, Matchima.

Matchima era o nome de seu cão preferido, o mais velho e sábio, chefe dos
outros. Os cães estavam na floresta brincando e se divertindo, mas
escutaram o canto do dono. Finalmente perceberam o que estava
acontecendo e correram para salvá-lo. Correram tão rápido que a velocidade
fez surgir uma tempestade, uma tempestade tão forte que poderia abater o
último embondeiro.

A velha ficou contente:


— Ainda bem! Uma tempestade! Venha, tempestade! Meu único dente já está
cansado de roer tantos embondeiros. Venha, tempestade! Ela nem
suspeitava de que a tempestade tivesse sido provocada pela velocidade dos
cães. Os cães chegaram em meio à chuva e ao vento. Fizeram a velha em
pedaços e derrubaram a árvore para o dono descer.

A feiticeira morreu e o caçador foi salvo por seus cães. Nunca mais se
perderam.

Contos de Moçambique, organização de Christian Paina, adaptação de


Luana Chnaiderman de Almeida (FTD Educação, 96 págs.)

Você também pode gostar