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Implementação em MATLAB de métodos geométricos para simulação da


acústica de salas

Conference Paper · January 2018


DOI: 10.17648/sobrac-87151

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3 authors:

João Vítor Possamai de Menezes Marcelo de Oliveira Rosa


Federal University of Minas Gerais Federal University of Technology - Paraná/Brazil (UTFPR)
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Márcio Avelar
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IMPLEMENTAÇÃO EM MATLAB DE MÉTODOS GEOMÉTRICOS PARA
SIMULAÇÃO DE ACÚSTICA DE SALAS

Menezes, João Vítor Possamai de1; Rosa, Marcelo de Oliveira2; Avelar, Marcio3
(1) Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Av. Sete de Setembro, 3165, Curitiba, Paraná,
joaovmenezes@gmail.com.
(2) Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Av. Sete de Setembro, 3165, Curitiba, Paraná,
mrosa@utfpr.edu.br.
(3) Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Av. Sete de Setembro, 3165, Curitiba, Paraná,
marcio.avelar@gmail.com.

RESUMO
Para a simulação de respostas ao impulso de salas, são especialmente bem-sucedidos os métodos que
usam os princípios da acústica geométrica. Para comprimentos de onda pequenos em relação às
dimensões da sala, tais métodos facilitam a obtenção de estimativas da Resposta ao Impulso de uma
Sala (RIS), já que as ondas sonoras são modeladas como raios, eliminando a necessidade de resolução
da equação da onda. Dada a relevância dos métodos, este trabalho apresenta uma implementação do
método híbrido proposto por Michael Vorländer em 1989 que combina o método do traçado de raios
(MTR) e o método das fontes virtuais (MFV). Esse método aprimorado combina a rapidez do traçado
de raios com a precisão das fontes virtuais. Primeiramente, propõe-se uma versão desse método híbrido
implementada em linguagem MATLAB. Outros benefícios esperados com o desenvolvimento nesse
ambiente são a facilidade de divulgação, por meio de pacote de scripts, e de uso em disciplinas de
graduação e pós-graduação na área de acústica e processamento de sinais. Em seguida, a qualidade dos
resultados é analisada comparando-se as respostas ao impulso medidas com respostas obtidas
analiticamente através de parâmetros acústicos e do erro quadrático médio (EQM) entre tais respostas.
Foram também analisados os impactos da implementação de fonte sonora não uniforme e de reflexões
difusas. Obtiveram-se resultados não inteiramente conclusivos, mas que indicaram caminhos para
continuidade da pesquisa. Novos estudos com concentrações de raios mais compactas na fonte sonora e
também com mais variações de implementação de reflexões difusas incorporando o coeficiente de
difusão das superfícies são próximos passos a serem dados, além de comparações com softwares
comerciais para obtenção de RIS.
Palavras-chave: Acústica geométrica, MATLAB, Traçado de raios, Fontes virtuais.

ABSTRACT
For the simulation of room impulse responses (RIRs) are specially well succeeded methods built within
the geometrical acoustics principles. For wave lengths which are small in relation to the room
dimensions, such methods facilitate the obtainment of RIR estimates, since the sound waves are
modelled as rays, eliminating the need for a wave equation-based solution. Given the relevance of such
methods, this paper presents an implementation of the hybrid method proposed by Michael Vorländer
in 1989, which combines the ray tracing and the image sources methods. This improved method
combines the speed of the ray tracing with the precision of the image sources. Initially is proposed a
version of this hybrid method, which is implemented in MATLAB. Other benefits of the development
of the method in MATLAB are expected, such as the ease of disclosure through packages of scripts and
its application in signal processing and acoustics undergraduate and graduate classes. Then the quality
of the method’s results was analyzed through the comparison of simulated and analytically obtained
RIRs using acoustical parameters and mean-squared error (MSE). Were also analyzed the impacts of
the implementation of non-uniform sound source and diffuse reflections. The results were not absolutely
conclusive, but they show promising paths for further research. New studies using more concentrated
non-uniformities on the sound source and more variations of the diffuse reflections applying the
diffusion coefficient of surfaces are next steps to be taken, as well as comparisons with commercial
softwares that simulate RIR.
Keywords: Geometrical acoustics, MATLAB, Ray tracing, Image sources.

1. INTRODUÇÃO

A resposta ao impulso de uma sala pode ser obtida por meio da solução da equação da onda ou
por meio da análise estatística da propagação da energia. A solução da equação da onda é
complexa e pode ser feita analiticamente apenas para casos específicos ou feita por meio de
métodos numéricos, como o método dos elementos finitos ou o método dos elementos de
contorno. Devido, entretanto, à complexidade dessa análise numérica para salas muito grandes
e frequências muito altas, o tempo de processamento computacional inviabiliza esse tipo de
solução [1]. Atualmente os programas de computador, comerciais ou não, mais utilizados para
a caracterização do comportamento acústico de ambientes fazem uma boa aproximação para a
maioria dos casos se utilizando da análise estatística da propagação da energia, que se baseia
na acústica geométrica. A condição principal para essa análise geométrica é que a propagação
do som se dá por meio de raios, e não por meio de ondas, como realmente acontece. Essa é uma
aproximação válida para frequências médias e altas, nas quais o comprimento de onda do som
é pequeno em relação às dimensões dos ambientes [2]. Para isso, os métodos mais utilizados
são o do traçado de raios (MTR) [3], o das fontes virtuais (MFV) [4], o de traçado de cones ou
pirâmides [5], o da transição de energia [6] e o da radiosidade [7]. Além disso, há os métodos
híbridos, que combinam alguns dos métodos anteriores [8, 9].

Este trabalho tem como foco o desenvolvimento em MATLAB de um método híbrido entre o
MTR e o MFV. Cada método possui características específicas. O MTR parte de uma fonte
sonora que emite o som em várias direções, sendo que cada onda sonora é modelada como uma
partícula. Para um ponto receptor específico, esse método traça o caminho percorrido por cada
partícula, salvando informações relevantes sempre que ela encontra o receptor. A cada reflexão,
a partícula perde energia devido ao contato com uma parede ou aparato, o que determina o
critério de parada do algoritmo, definido geralmente por uma energia mínima do raio.

A Figura 1 exemplifica o início da trajetória de uma partícula no MTR. Ela colidiu com o
receptor duas vezes (𝐸1 e 𝐸2 ), mas com energias diferentes e em instantes de tempo diferentes.
Em 𝐸2 a energia é menor que em 𝐸1 , pois houve perdas devido às reflexões nas paredes.

Figura 1: Ilustração do princípio do MTR. Fonte: Gomes, M. H. A.; Bertoli, S. R.; Dedecca, J. G, 2007 [10].
O MFV, segundo Gomes et al [10], pode ser descrito por meio de uma analogia óptica na qual
todas as paredes do ambiente fechado são espelhos. Segundo Vorländer, em um “ambiente
fechado com paredes planas e reflexão especular, pode-se traçar raios de um ponto receptor até
a fonte sonora.” [8]. Com isso, determinam-se fontes virtuais de ordem n, sendo n o número de
reflexões que o raio que a gerou sofreu. Cada fonte virtual deve ser refletida em relação a todas
as paredes para que se forme uma malha de fontes virtuais que serão usadas para o cálculo da
RIS. Contudo, segundo Gomes et al [10], não são todas as fontes virtuais que podem ser
utilizadas para esse cálculo. Para que sejam úteis, elas devem obedecer aos critérios de validade,
proximidade e visibilidade. O teste de visibilidade é custoso computacionalmente e limita a RIS
gerada pelo MFV devido ao elevado tempo de processamento necessário para ordens grandes.
Exemplificando, para uma fonte virtual de primeira ordem, o critério de visibilidade é satisfeito
se a linha que a conecta ao receptor cruza o plano que a gerou. Para fontes de ordens superiores,
o teste é mais complexo.

A Figura 2 exemplifica a determinação de fontes virtuais de primeira e segunda ordem num


ambiente fechado de paredes planas e reflexão especular. A partir da primeira reflexão do raio
partindo da fonte sonora, gerou-se a fonte virtual de primeira ordem. A partir da segunda
reflexão do raio partindo da fonte sonora, gerou-se a fonte virtual de segunda ordem.

Figura 2: Ilustração do princípio do MFV. Fonte: Gomes, M. H. A.; Bertoli, S. R.; Dedecca, J. G, 2007 [10].
Segundo Vorländer [8], o MFV é mais preciso que o MTR, pois as energias e os tempos de
chegada dos raios são obtidos com precisão de variáveis de ponto flutuante, sendo possível
calcular a transformada de Fourier da RIS para analisar a acústica do ambiente no domínio da
frequência. Por outro lado, a resolução temporal obtida pelo MTR é limitada. Com isso, a RIS
calculada pelo MFV é truncada logo em seu trecho inicial, pois, ainda segundo Kulowski [3],
o tempo computacional requerido aumenta exponencialmente com a extensão temporal da
função calculada. Para o MTR, o tempo computacional aumenta proporcionalmente à extensão
temporal da função calculada. Tem-se, deste modo, um problema na obtenção de RIS: o tempo
de processamento computacional do método mais preciso, que é o MFV, depende
principalmente da ordem máxima desejada das fontes [8]. É possível, contudo, diminuir esse
tempo computacional com o auxílio do MTR, que pré-seleciona todas as fontes virtuais visíveis,
eliminando a necessidade do teste de visibilidade integrante do MFV original. Essa seleção se
dá por meio da análise da história das partículas que passaram pelo MTR [5]. Assim, o método
híbrido nada mais é do que o MFV acelerado pelo pré-processamento do método do MTR.

Segundo Vorländer [8], o tempo computacional desse método híbrido seria sensivelmente
reduzido, como exemplificado na Figura 3:
Figura 3: Tempo computacional em horas num computador pessoal para um caso particular em função do
tamanho da RIS. a) MFV convencional. b) Novo algoritmo híbrido. Fonte: Adaptado de Vorländer, M. 1989 [8].

2. IMPLEMENTAÇÃO DO MÉTODO HÍBRIDO

O método das fontes virtuais híbrido (MFVH) foi implementado de modo que o resultado do
algoritmo do MTR eliminou a necessidade do oneroso teste de visibilidade exigido pelo MFV
tradicional. Deste modo, para cada raio que atinge o receptor é gerada uma tag, que é a
sequência de paredes que refletiram o raio até o momento. Com as tags de todos os raios que
atingiram o receptor, são separadas apenas as fontes virtuais correspondentes a esses raios.

Isso somente é possível pois um paralelo entre os dois métodos pode ser definido: por exemplo,
um raio refletido por determinadas paredes corresponde à fonte virtual gerada pelas reflexões
da fonte inicial nas mesmas paredes. A Figura 4 exemplifica essa relação. O raio vermelho,
refletido nas paredes 1 e 4 (tag 14), corresponde à fonte virtual em vermelho, gerada pela
reflexão da fonte original nas paredes 1 e 4 (tag 14). O mesmo vale para o raio e a fonte virtual
azuis (ambos com tag 1).

Com isso, determina-se todas as fontes virtuais que efetivamente colaboram para a resposta ao
impulso. A figura 5 demonstra o fluxograma do MFVH, que se aproveita do resultado do MTR
para calcular mais rapidamente a resposta ao impulso por meio do MFV.

Figura 4: Esquema de correlação entre os raios do MTR e as fontes do MFV. (Adaptado de Gomes, M. H. A.;
Bertoli, S. R.; Dedecca, J. G, 2007 [10]).
Figura 5: Fluxograma do algoritmo híbrido combinando o MTR e o MFV.

3. AMBIENTE SIMULADO

O ambiente para o qual a RIS foi simulada é uma sala em formato caixa de sapato (shoe box)
de dimensões 4m x 5m x 3m. Todas as paredes foram consideradas uniformes com coeficiente
de absorção igual a 0,1 e a atenuação do ar foi desprezada. Com referencial de coordenadas
cartesianas (0m, 0m, 0m) num canto inferior da sala, a fonte sonora está posicionada na
coordenada (1m, 1m, 1m) e o receptor na coordenada (2m, 3m, 4m). O modelo de fonte
utilizado foi baseado na subdivisão geodésica do icosaedro [10] e o receptor utilizado foi
modelado por uma circunferência que gira em torno de seu centro para que todos os raios a
atinjam perpendicularmente [10].

Uma RIS analítica foi gerada, baseada na superposição modal, conforme descrito por Kuttruff
[11] (pg. 70, equação 3.8), que leva em conta o tempo de reverberação, as dimensões da sala e
as posições de fonte sonora e receptor. Para a implementação da referida equação, uma rotina
otimizada, gentilmente cedida pelo Prof. Eric Brandão (Universidade Federal de Santa Maria),
foi utilizada.

4. RESULTADOS

Foram realizadas análises da performance do MTR e do MFVH na simulação da RIS do


ambiente simulado descrito no item anterior. Como base de comparação foi utilizada uma RIS
desse ambiente obtida analiticamente. Não foram feitas comparações com resultados de
softwares comerciais devido a não disponibilidade deles em nossa instituição. Valores de erro
quadrático médio (EQM), tempo de decaimento inicial (EDT), tempo de reverberação aferido
do trecho da curva de decaimento de -5 a -25dB (T20) e razão entre a energia nos primeiros
50ms e a energia total da RIS (Definição ou D50) foram utilizados como parâmetro para as
análises, pois são parâmetros acústicos convencionalmente utilizados para acústica de salas [10,
12, 13]. Para o MTR foram utilizados os seguintes parâmetros em todas as análises: 60.000
raios gerados pela fonte e energia mínima igual a 0,001 para parada do algoritmo. Para o MFVH
utilizou-se a ordem máxima igual a 8. Foram também realizadas simulações nas quais variou-
se a densidade de raios emanada pela fonte, originalmente uniforme, e nas quais uma rotina de
reflexões difusas para o MFVH foi implementada. Para a construção de todos os gráficos
utilizou-se frequência de amostragem igual a 6 kHz. Para serem representadas graficamente, as
RIS foram normalizadas por seus picos de energia, sendo atribuído o valor de 1 a esse ponto.
Devido a isso, tem-se como título do eixo das ordenadas desses gráficos “Proporcional à energia
sonora”.

4.1 Desempenho do MFVH em relação ao MTR

Os resultados do MTR e do MFVH demonstram que o segundo não foi suficiente para simular
a RIS completa para a sala estudada, pois a ordem máxima de fontes virtuais igual a 8 é
insuficiente para uma RIS correta. Segundo estudo realizado por Gomes et al [10], a RIS obtida
por um MFV convencional se aproximaria satisfatoriamente da correta com ordem máxima de
fontes virtuais muito maior do que a utilizada nas simulações do presente trabalho. Logo, para
maior efetividade do MFVH proposto, simulações com maior ordem máxima de fontes virtuais
devem ser realizadas, sendo o tempo de processamento computacional o maior obstáculo a essas
simulações. As curvas de decaimento são mostradas na Figura 6.

Figura 6: Comparação entre as curvas de decaimento da RIS obtida analiticamente, da RIS obtida pelo MTR e
da RIS obtida pelo MFVH.
Percebe-se que, para a situação estudada, a RIS analítica é, em sua totalidade, melhor simulada
pelo MTR, conforme os parâmetros da Tabela 1. Os EQMs foram calculados em relação à RIS
obtida analiticamente. Para o cálculo dos EQMs foram desprezados os instantes de tempo das
RISs obtidas em que nenhum valor numérico foi encontrado.

Tabela 1: Parâmetros acústicos de todas as RISs obtidas. Na primeira linha estão listados os métodos de
obtenção das RISs e na primeira coluna estão os parâmetros acústicos medidos.

Fontes Virtuais Fontes Virtuais


Método analítico
Fontes Virtuais híbrido híbrido
baseado na Fontes Virtuais
Traçado de Raios híbrido com proveniente de proveniente de
superposição híbrido
Reflexões Difusas fonte não fonte não
modal
uniforme (v1) uniforme (v2)
EQM entre RIS (proporcional à energia) - 0,1324 0,1067 0,1185 0,2676 0,2680
EQM entre Curvas de Decaimento (dB) - 13,8327 176,2119 163,6498 189,1953 188,9730
EDT (s) 1,2540 1,0240 0,2860 0,2860 0,2910 0,2890
T20 (s) 0,9780 1,0240 0,1675 0,1830 0,1675 0,1675
Definição 0,5339 0,4693 0,8065 0,7999 0,7870 0,7835
O EQM de ambos os métodos em relação à RIS é semelhante, embora o melhor resultado da
RIS obtida pelo MFVH se deva ao fato de que ela se aproxima melhor da RIS analítica em seus
instantes iniciais. Contudo, grande diferença é notada pelo EQM entre as curvas de decaimento.
Embora ambos os valores (13,8327 dB e 176,2119 dB) sejam altos, devido à incapacidade de
ambos os métodos de simular razoavelmente as reflexões mais tardias, o MFVH decai mais
rapidamente, acarretando em maiores diferenças e maior EQM. Em relação aos parâmetros
EDT, T20 e D50, o MFVH também não apresentou resultados satisfatórios: os baixos valores
de EDT e T20 indicam rápido decaimento e o alto valor de D50 indica grande concentração de
energia nos primeiros 50 ms da RIS.

4.2 Variações de densidade na fonte

Foi analisado o desempenho do MTR e do MFVH com fontes não uniformes. A densidade de
raios que emana da fonte sonora faz parte dos parâmetros iniciais para o MTR e seu impacto
foi avaliado em ambos os métodos aqui apresentados. A modelagem para variação da densidade
de raios da fonte sonora foi realizada de modo a multiplicar por um número natural N a
quantidade de raios original de uma porcentagem k da superfície da esfera. Essa superfície
possui como centro um ponto P tal que

𝑃 = 𝐶 + 𝑣⃗ , (1)
sendo 𝐶 o centro da fonte e 𝑣⃗ um vetor que representa a direção na qual a densidade de raios
aumentará. As simulações foram realizadas aumentando-se a densidade de raios com parâmetro
N = 2 e k = 25% para dois valores diferentes de 𝑣⃗ segundo as Equações 2 e 3:

𝑣⃗1 = 𝐶receptor − 𝐶 (2)


𝑣⃗ 2 = 𝐶 − 𝐶receptor (3)
sendo 𝐶receptor o centro do receptor sonoro. Analisando o início da RIS, notou-se diferenças
entre as RIS obtidas pelo MFVH provenientes de fonte uniforme e de fontes não uniformes,
conforme Figura 7:

Figura 7: Comparação entre o período inicial de RISs. À esquerda, entre as RISs obtidas pelo MFVH
provenientes de fonte uniforme e fonte não uniforme. À direita, entre as RISs obtidas pelo MFVH provenientes
de fonte não uniforme com 𝑣⃗ 1 e 𝑣⃗ 2 .
A não uniformidade da fonte sonora afetou a RIS de ambas as variações do MFVH. Quando a
densidade de raios na fonte é maior, há mais energia no resultado do método híbrido. Contudo,
a direção dessa não uniformidade da fonte não gerou muitos impactos. Motivos para isso são,
provavelmente, a posição da fonte sonora na situação simulada, que está muito próxima ao
canto da sala, e o fato de a sala ser muito reverberante. Contudo, essa relação deve ser melhor
investigada sob outras condições. As duas últimas colunas da Tabela 1 trazem os parâmetros
acústicos relativos às simulações apresentadas na Figura 7.

A redução do parâmetro acústico D50 quando a não uniformidade da fonte foi implementada
indica maior distribuição da energia ao longo da RIS. O aumento dos EQMs indica que não se
pode afirmar que a não uniformidade da fonte colabora para uma simulação mais precisa do
caso estudado. Simulações com valores de k menores, ou seja, com a não uniformidade da fonte
mais direcionada, podem trazer resultados diferentes, pois simulariam casos em que há uma
maior concentração de raios numa determinada parcela da superfície da fonte sonora.

4.3 Reflexões Difusas

A rotina implementada para as reflexões difusas no MFVH é estatística e se baseia numa


probabilidade p que determina se para cada fonte virtual serão criadas n fontes posicionadas
aleatoriamente a uma distância d dela. Para que a energia total seja mantida, a energia de cada
fonte após o procedimento é dividida por (n + 1). Para as simulações realizadas, foram
utilizados os parâmetros p = 0,5, n = 1 e d = 0,0001 m. Analisou-se em comparação à RIS obtida
analiticamente os trechos iniciais das RISs do MFVH com e sem as reflexões difusas, conforme
a Figura 8.

Figura 8: Comparação entre o período inicial de RISs. À esquerda, entre a RIS obtida analiticamente e pelo
MFVH sem reflexões difusas. À direita, entre a RIS obtida analiticamente e pelo método das MFVH com
reflexões difusas.
Houve diferenças nas RISs obtidas pelo MFVH com e sem reflexões difusas. Contudo, esse
método de implementação das reflexões difusas ainda deve ser aprimorado. A comparação entre
as duas curvas de decaimento na Figura 9 demonstra o decaimento mais suave da RIS obtida
pela simulação com reflexões difusas.
Figura 9: Comparação entre as curvas de decaimento das RIS obtidas analiticamente e por meio do MFVH com
reflexões difusas e sem reflexões difusas.
O aumento do T20 e a diminuição da D50, ainda que de pequena intensidade, do MFVH com
reflexões difusas em relação ao sem reflexões difusas também demonstra que a energia no
primeiro é mais distribuída. A quarta e a quinta coluna da Tabela 1 trazem os parâmetros
acústicos relativos às RIS representadas na Figura 9.

5. CONCLUSÃO

As implementações descritas nesse trabalho foram realizadas em âmbito de Trabalho de


Conclusão de Curso de graduação e objetivou-se simular o maior número de modelos possível,
como a variação de uniformidade da fonte sonora no MTR e as reflexões difusas no MFVH
Para maiores conclusões, avaliações mais cuidadosas em relação ao impacto desses modelos
devem realizadas. No caso estudado, a implementação de ambos os métodos se mostrou
satisfatória, com o MTR apresentando bons resultados e o MFVH mostrando que precisaria de
fontes virtuais de maior ordem para um melhor desempenho. Como próximos passos devem ser
consideradas simulações em ambientes não tão reverberantes como o estudado e comparações
com softwares comerciais, que infelizmente não puderam ser utilizados no presente trabalho.
Além disso, devido ao fato de as implementações serem realizadas em MATLAB, uma
linguagem de alto nível, e de o programa ainda estar em desenvolvimento, os tempos de
processamento certamente são maiores do que aqueles de softwares comerciais.

AGRADECIMENTOS

Agradecimentos ao professor Eric Brandão, da Universidade Federal de Santa Maria, que


gentilmente cedeu uma rotina otimizada utilizada nesse trabalho para a obtenção da Resposta
ao Impulso analítica segundo equação descrita por Kuttruff [11].
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[11] Kuttruff, H., Room Acoustics. 5a Ed. Abingdon: Spon Press, 2009.

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