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Resumo
Este artigo aborda a reforma curricular do Ensino Secundário que vem decorrendo desde meados da
década de 2000 em Moçambique. Tem como objectivo perscrutar a medida em que o processo tem
estado a ser desenvolvido, com base em pressupostos teóricos válidos e a sua repercussão na melhoria
da qualidade de ensino oferecida. Centra a sua atenção no processo da concepção da disciplina de
Ciências Sociais no Ensino Secundário Geral do 1º Ciclo, através de uma análise crítica da integração
curricular, defendida pela reforma. As categorias básicas tratadas são integração (curricular);
(disciplina de) Ciências Sociais; referências e valores (pátrios), assim como vínculos sócias, políticos
e culturais. É a justificativa fundamental da sua relevância. Baseando-se nos princípios
epistemológicos do paradigma dialéctico e nos pressupostos da análise o estudo se desenvolveu
através da documentação; pesquisa documental e bibliográfica; na sua aplicação o material
emitidos pelo Ministério da Educação de Moçambique. Apoiando-se nas reflexões que levaram ao
esboço de estratégias alternativas ao processo da construção curricular em apreço. Essas estratégias
deverão favorecer o cumprimento das finalidades das Ciências Sociais integrando outras disciplinas
do Ensino Secundário Geral, ou seja, a auto-realização dos alunos e da reconstrução social.
Palavras-chave: Reforma Curricular. Ciências Sociais. Moçambique.
ABSTRACT
This article addresses the curriculum reform of Secondary Education that has been going on since the
mid-2000s in Mozambique. It aims to examine the extent to which the process has been developed,
based on valid theoretical assumptions and its impact on improving the quality of teaching offered. It
focuses its attention on the process of conceiving the discipline of Social Sciences in General
Secondary Education of the 1st Cycle, through a critical analysis of curricular integration, defended
by the reform. The basic categories dealt with are integration (curricular); (discipline of) Social
Sciences; references and values (homelands), as well as social, political and cultural ties. It is the
fundamental justification for its relevance. Based on the epistemological principles of the dialectical
paradigm and the assumptions of the analysis, the study was developed through documentation;
documentary and bibliographic research; in its application the material issued by the Ministry of
Education of Mozambique. Based on the reflections that led to the outline of alternative strategies to
the curriculum construction process under consideration. These strategies should favor the fulfillment
of the purposes of Social Sciences by integrating other subjects of General Secondary Education, that
is, the self-realization of students and social reconstruction.
1. Conceito de Currículo
não podemos esquecer que o currículo supõe a concretização dos fins sociais e culturais, de
socialização, que se atribui à educação escolarizada, ou de ajuda ao desenvolvimento, de estímulo, e
cenário do mesmo, o reflexo de um modelo educativo determinado, pelo que necessariamente tem de
ser um tema controvertido e ideológico, de difícil concretização num modelo ou proposição simples
(p.15).
Na ideia de Zabalza (1992), currículo é o conjunto dos pressupostos da partida, das metas
que se deseja alcançar e dos passos que se dão para se alcançar, é o conjunto de
conhecimentos, habilidades, atitudes, outros que são consideradas importantes para serem
trabalhados na escola, ano após, ano‖ (p.12).
A estrutura curricular do ESG está orientada para uma formação integral e harmoniosa do
aluno. O currículo integra os saberes locais, a educação cívica e para a cidadania, com
vista a desenvolver nos jovens o espírito de tolerância e resolução pacífica de conflitos,
num contexto de emergência de uma sociedade multicultural e diversa como resultado da
grande mobilidade das pessoas. As novas Tecnologias de Comunicação e Informação
(TIC) e a necessidade da utilização racional dos recursos naturais, bem como a protecção
do meio ambiente, face às mudanças climáticas, constituem outras áreas actuais de vital
importância tratadas no novo currículo.
2-NAVALIAÇÃO DAS REFORMAS CURRICULAR DO ENSINO SECUNDARIO GERAL.
Nesse contexto, a alteração da lei teve reflexos também nas reformas curriculares ocorridas,
uma vez que o currículo6, como política educacional, é articulado ao contexto social e
político de cada momento. o Ministério da Educação e Cultura é responsável pela
planificação, direcção e controle do sistema Nacional de Educação, assegurando a unicidade
do Sistema. De igual modo, a lei do SNE atribui um carácter nacional os currículos e
programas de ensino, sendo estes aprovados pelo Ministério da Educação e Cultura
(MOÇAMBIQUE, 1983, p. 20). A reforma curricular de 2004 foi justificada, por um lado,
pelas transformações ocorridas nas esferas política, social e económica, através da
introdução de um sistema político multipartidário, com destaque para políticos, religiosos,
autoridades tradicionais, professores, alunos e sociedade civil, congregados no Fórum
Nacional de Consulta para a Transformação Curricular, em 2002, tem início a transformação
curricular do ensino básico, que culminou com o currículo implementado no ano de 2004.
É essencial um consenso, se se pretende uma reforma de currículo bem sucedida. Muitas vezes
se assevera que o currículo é somente tão bom quanto o é o professor que o implementa, bem
como quando a sociedade o aceita. Se os professores não concordarem com o currículo, podem
boicotar a sua implementação. Uma sociedade, que não aceita um currículo, pode reduzir as
oportunidades de participação nas actividades políticas, económicas e sociais daqueles que se
formaram com base dele (MOÇAMBIQUE, 1997, p. 27).
O currículo do ESG está organizado em áreas que, no ESG1, seguem a estrutura do EP,
nomeadamente as áreas da Comunicação e Ciências Sociais, Matemática e Ciências
Naturais e Actividade Práticas e Tecnológicas, que integram as várias disciplinas do ciclo.
No ESG2 o currículo organiza-se de forma similar à do 1º ciclo, diferindo apenas na área
das Actividades Práticas e Tecnológicas que é substituída pela de Artes Visuais e Cénicas.
O novo currículo do ESG propõe a introdução de mudanças importantes no processo de
ensino e aprendizagem, com incidência no ensino centrado no aluno e para disciplinas
opcionais e profissionalizantes, medidas de grande impacto para o sistema educativo.
Assim, no currículo moçambicano, entende-se por Ensino Secundário Geral
Profissionalizante, ao ensino baseado na abordagem transversal e multidisciplinar de
conteúdos, com integração de componentes práticas do saber fazer, com o objectivo de
desenvolver nos jovens competências práticas que lhes possam ser úteis para a vida
laboral, desenvolvendo uma profissão ou ofício e para o auto-emprego. No âmbito das
disciplinas profissionalizantes as escolas devem privilegiar o envolvimento de
empreendedores e profissionais por forma a permitir a transmissão da sua experiência
prática aos alunos e professores. Este envolvimento vai contribuir para potenciar a ligação
teoria prática. Contudo, a introdução das novas disciplinas vai exigir redução da carga
horária das disciplinas gerais no ESG1, a formação e colocação de professores e a
melhoria da gestão escolar para as acomodar. A implementação das disciplinas opcionais e
profissionalizantes será mais complexa nos cursos nocturnos e vai obrigar as direcções das
escolas a introduzir mecanismos de gestão apropriados para assegurar a operacionalização
do currículo.
No sentido de garantir a implementação do novo currículo, com a mesma qualidade de
ensino nos cursos diurnos e nocturnos, podem ser consideradas as seguintes alternativas:
A utilização dos sábados, para que os alunos dos cursos nocturnos possam ter o
mesmo número de horas que os do curso diurno e assim acomodar as disciplinas
profissionalizantes;
A introdução de mais um ano para cada um dos ciclos do ESG nocturno
Os ciclos de aprendizagem;
A promoção semi – automática;
O Ensino integrado;
O Currículo local;
As Línguas Moçambicanas no ensino;
As disciplinas de: Inglês a partir do 3º ciclo de aprendizagem (6ª e 7ª classe),
Ofícios e Educação Moral e Cívica (de forma integrado no 1º e 2º ciclos e como
disciplinas no 3º ciclo).
Círculos de interesse;
Cursos modulares de pequena duração.
A introdução da disciplina de ciência sócias esta centrada a sua atenção no processo de
concepção da disciplina para o ensino secundário geral do 1ͦ e 2ͦ ciclo através da analise
critica de integração curricular ,que carece inovações e integrações , a referencias nos
valores práticos, assim como vínculos culturais, e outras disciplinas que se pressupõe
mudanças nas unidades temáticas e inclusão nos programas de ensinos.
A estratégia de abordagem de conteúdos de interesse locais, neste nível poderá ser através
de:
O ensino de Línguas Moçambicanas visa promover nos alunos a consciência do valor das
línguas e cultura moçambicanas, no contexto multilingue e multicultural, contribuindo
para a sua melhor inserção na sociedade.
Neste âmbito, a disciplina será orientada para que o aluno seja capaz de:
4-PROCESSOS DE TRANSFORMAÇÕÊS.
Para finalizar, importa declarar que as ações sugeridas neste estudo não podem ser vistas como
receitas acabadas, mas como porta para visionar novas oportunidades de enriquecer o trabalho dos
atores educacionais na implementação das políticas públicas educacionais de forma mais segura e
dentro do estabelecido pelos regulamentos sem, no entanto, limitar a criatividade desses agentes.
Para que a melhoria da qualidade de ensino seja uma realidade, importa que novos estudos nessa
área sejam considerados. Uma inovação bem sucedida implica mais do que aperfeiçoar habilidades
técnicas. Ela também estimula a capacidade de compreensão dos professores em relação às
mudanças que estão enfrentando.
Conclusão
O currículo não é apenas planificação, mas também a prática em que se estabelece o diálogo
entre o s agentes sociais, os técnicos, as famílias, os professores e os alunos.
Ele é determinado pelo contexto, e nele adquire diferentes sentidos conforme os diversos
protagonistas. Desse modo, pode-se dizer que o currículo é muito importante no processo de
ensino, pois é a partir dele que são definidos os limites a serem atingidos, que constituiu
assim um dos factores que maior influência possui a qualidade do ensino. Os professores e
demais profissionais exercem um papel activo no processo de interpretação e reinterpretação
das políticas educacionais e, dessa forma, o que eles pensam e no que acreditam têm
implicações para o processo de implementação das políticas. Uma inovação bem-sucedida
implica mais do que aperfeiçoar habilidades técnicas. Ela também estimula a capacidade de
compreensão dos professores em relação às mudanças que estão enfrentando. Alguns autores
concordam que a elaboração e a implementação de um currículo resultam em processos
conflituosos, com decisões necessariamente negociadas. Como afirma Saviani (2003, p.1), a
principal negociação é a que ocorre na relação pedagógica propriamente dita, quando
professores/as redefinem a programação, segundo as peculiaridades de cada turma, nas
condições (possibilidades e limites, seus e dos alunos/as) para desenvolvê-la e vão
frequentemente alterando-a, a partir do modo como os discentes a ela respondem (SAVIANI,
2003, p. 1).
Com a presente reflexão sobre o currículo do Ensino Secundário, não pretendo colocar um
ponto final, nem fazer uma nova proposta curricular, mais apenas mostrar os limites de uma
planificação, que por mais sinceras que sejam as suas esperanças e declaração de vontade e
esforços teóricos , práticos para a implementação de um currículo é preciso que se respeite as
condições matérias e económicas do país, para que de facto o currículo transite em
planificado para o ensinado na escola, isto é sem diferenças entre o currículo planificado e o
efectivamente ensinado. A formação continuada dos professores, então, deve ser vista como
uma possibilidade de articular aprendizagens de novas , antigas e reforçar a sua prática
pedagógica, uma análise das competências do Currículo do Ensino Secundário em
Moçambique nas componentes de Educação Moral e Cívica e Ciências Sociais e outras
disciplinas, que continuidade no Ensino Secundário Geral.
Referências bibliográficas