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Academia Militar Marechal Samora Machel-AMMSM

ÉTICA E DEONTOLOGIA PROFISSIONAL DO GESTOR DE RH – Jun. 2021

Ética e Perfil do Gestor/ Pedagogo: Reflexão de Competências e Funções da Postura


do Gestor na Escola Primária do 1º e 2º grau de Natiri-Angoche
Rui Abílio1
Academia Militar Marechal Samora Machel
e-mail: rui.abilio1@gmail.com
“… as negligências observadas, actualmente, são frutos da passividade, do desconhecimento e da falta de
compromisso” Bastos.
RESUMO: O presente artigo é marcado por análise da ética e perfil do gestor/pedagogo: Reflexão de
competências e funções da postura de gestor na Escola Primaria do 1º e 2º grau de Natiri-Angoche . Como
tema, trata da ética e perfil do gestor na educação, é preciso que haja um comprometimento aprofundado com a
qualidade da formação dos indivíduos, para que se efective os princípios da ética e a prática de valores. O
objectivo geral é analisar a relevância da ética e perfil de gestores oferecida à gestão de escolas. São objetivos
específicos: conceituar ética e perfil, analisar sua previsão legal, literária, seus princípios e valores, e delinear
sua importância na gestão e no ambiente escolar. Nessa perspectiva, o comportamento social do indivíduo deve
gerar em torno dos princípios e valores da sociedade. Portanto, a ética é prática cotidiana com reflexões que
proporcionem o equilíbrio do pensamento e a prática de ações norteadoras. Trata-se do método dedutivo, com
uma abordagem qualitativa, instrumentalizada por observação e pesquisa bibliográfica. Adverte-se a
desvinculação entre o perfil ético oferecido e o contexto da gestão escolar, criando necessidade de estudos e
inserção da deontologia profissional. Sugere-se que se configurem novas abordagens ao processo da dimensão
da ética e perfil de gestores, aprofundando as dimensões pedagógicas e administrativas para fortalecer a gestão
escolar.
Palavras-Chave: Ética, Perfil, Gestor, Gestão escolar.

ABSTRACT: This article is entailed to analyze the ethics and profile of the manager/pedagogue: Reflection of
skills and functions of the managerial posture at Natiri Upper Primary School in Angoche. As a theme, it deals with
ethics and the profile of the manager in education, it is necessary that there is a deep commitment to the quality of
training of individuals, so that the principles of ethics and the practice of values are effective. The general objective
is to analyze the relevance of ethics and the profile of managers offered to school management. The specific
objectives are: conceptualize ethics and profile, analyze its legal and literary provisions, its principles and values,
and outline its importance in management and in the school environment. From this perspective, the individual's
social behavior must be based on the principles and values of society. Therefore, ethics is a daily practice with
reflections that provide a balance of thought and the practice of guiding actions. It is the deductive method, with a
qualitative approach, observation and bibliographical research instruments. The disconnection between the ethical
profile offered and the context of school management, creates the need for studies and insertion of professional
deontology. It is suggested that new approaches to the process of the ethical dimension and the profile of managers
be configured, deepening the pedagogical and administrative dimensions to strengthen school management.
Key words: Ethics, Profile, Manager, School management.
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Mestrando em Administração e Regulação da Educação (MARE)
1. INTRODUÇÃO

Diante do conjunto de problemas que a educação enfrenta na actualidade, a valorização da ética e perfil
do gestor escolar seria uma das competências mais consideradas para o equilíbrio da gestão escolar (GE).
A sua presença torna-se necessária tendo em vista deontológica a sua orientação como um dos pilares
para a transformação social e a contribuição da escola para uma melhor organização da sociedade, em
busca de uma melhor qualidade para o processo ensino aprendizagem que ela encontra-se sempre
presente nas discussões relactivas ao comportamento humano.

Apesar de serem distintas a ética e o perfil são indissociáveis, pois dependem entre-se e apresentam-se
inseridas na mesma pasta de valores humanos. É um dos grandes pilares de preocupação, reflexão e
discussão entre indivíduos para o entendimento entre o certo ou o errado, e consequentemente o modo de
ser e actuar sobre a conecção dos interesses tanto individuais quanto sociais.

Ninguém na “sociedade ganharia progressão ascendente se não fosse levado em conta um conjunto de
princípios ou normas que delineassem o comportamento socialmente ajustado como ético e que sejam
aplicados na realidade” (Bastos, 2017). No entanto, o trabalho ético é aquele que globaliza a sua prática
cotidiana com reflexões que proporcionem o equilíbrio do pensamento e a prática de acções guias. A ética
na prática pedagógica, por exemplo, tende a valorizar os conhecimentos dos educandos e harmonizar a
convivência entre todos que ali encontram-se inseridos. O perfil do gestor/pedagogo cujas competências
são a criatividade e a visão estratégica que pode mudar a realidade escolar.

Por se considerar a ética um conjunto de valores que norteiam o comportamento humano, em relação aos
outros, na mesma sociedade em que vive, esta deve ser instituída nos estabelecimentos de ensino com o
objectivo de formalizar o bem – estar social; e o perfil é um dos aspectos que pode materializar a
competência de uma postura ética, influenciando a caracterização da identidade da escola em termos de
índices de desenvolvimento.

A ética é a teoria ou a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, é a ciência de
uma forma específica de comportamento humano. (…), enquanto conhecimento científico, a ética deve
aspirar a racionalidade e a objectividade mais completas e, ao mesmo tempo, deve proporcionar
conhecimentos sistemáticos, metódicos e, no limite do possível, comprováveis. (VASQUEZ, 2003, p. 23).

Portanto, manifestar a ética no espaço pedagógico é, ao mesmo tempo, oferecer desafios no segmento do
ensino-aprendizagem em busca de supostas atitudes críticas. Comunga-se com MORETTO, 2001, quando
diz: “A acção do educador deve pautar-se na ética profissional vista como o compromisso de o homem
respeitar os seus semelhantes, no trato da profissão que exerce…”. Com esta afirmação, conclui-se que a
tarefa de gestor escolar exige ética, uma vez que a mesma representa um compromisso político-social,
relações recíprocas e respeito ao conjunto de normas e regras sociais.

Infelizmente há uma grande ausência de ética no perfil de gestores nos vários sectores da sociedade
actual, inclusive no educacional e profissional, gerando, assim, grande preocupação por saber que a ética
é de fundamental em todos os âmbitos sociais. Logo, a sua presença faz-se necessária diante da
necessidade dos indivíduos para um comportamento aceitável na vida social e profissional.

2. Ética no Ambiente Escolar e Professional

2.1 Ética no Ambiente Escolar

Tanto a ética quanto o perfil é assuntos que devem ser trabalhados na gestão escolar com o intuito de
nortear o comportamento dos indivíduos na sociedade em que vivem. A escola é a verdadeira formadora
de cidadãos, cabendo-lhe a tarefa de orientar o comportamento ético nos profissionais no geral e nos
gestores em particular. A partir do momento em que o indivíduo não adulterar documentos, normas ou
produtos para obter vantagens, tratar as pessoas com respeito, não falar palavrões etc., estaria cumprindo
com as normas da ética adquirida na instituição, proporcionando assim um perfil adequado na profissão e
na sociedade.

Os temas “ética e perfil” são norma e caracter respectivamente, que necessariamente deveriam estar
inclusos nos Processos Políticos – Pedagógicos e nos Regulamentos Escolares (RE) para que fossem
disciplinados ao longo dos estudos, reputando assim, o fim das desigualdades sociais. Segundo o Sistema
Nacional de Educação (SNE, 2018), a questão central da ética é desenvolver “o conhecimento de um
conjunto de regras de conduta, do modo de ser e estar do Homem. Está associada ao estudo fundamentado
dos valores morais que orientam o comportamento humano em sociedade”.

O cumprimento da ética torna-se, às vezes, complexo diante de um dilema. Por exemplo: Uma escola sem
salas de aula, ou seja sem infraestruturas, cuja possui o Apoio Directo as Escolas (ADE), e com uma
comunidade trabalhadora, mas precisar-se-ia construir salas melhoradas ou precárias. Assim, surge a
questão: Seria ético a escola funcionar sem salas de aulas, durante todo o ano e acompanharia melhor a
aprendizagem? Esses desafios deveriam ser apresentados aos gestores para discussões a respeito do
cumprimento ético no contexto histórico social. “Uma escola ética é aquela que orienta […] a se
comportarem com honestidade, retidão e responsabilidade para a efectivação dos princípios morais na
sociedade em que eles encontram-se inseridos.” (Anonimo, s.d)
Admite-se que a ética esteja consagrada no seio da família, da escola e da comunidade por ser a base de
uma sociedade mais justa e igualitária e que, portanto, carece de um olhar humano mais aprofundado,
pois ela é uma forma racional humana de viver em harmonia com outros humanos. Por isso, como perfil
ético, exalta o Paro (2008, p. 130):

O gestor escolar tem de se conscientizar de que ele, sozinho, não pode administrar todos os
problemas da escola. O caminho é a descentralização, isto é, o compartilhamento de
responsabilidades com alunos, pais, professores e funcionários. Isso na maioria das vezes
decorre do fato de o gestor centralizar tudo, não compartilhar as responsabilidades com os
diversos atores da comunidade escolar. Na prática, entretanto, o que se dá é a mera rotinização
e burocratização das atividades no interior da escola, e que nada contribui para a busca de
maior eficiência na realização de seu fim educativo.

Todavia, a ética norteia os princípios morais e os valores necessários aos indivíduos em suas acções com
outros membros da sociedade da qual fazem parte. A ética “é o conjunto de princípios e regras de conduta
ou deveres de uma determinada profissão. É conhecida como teoria do dever, é um tratado dos deveres e
da moral”. (SNE, Lei 18/2018). Cabe a escola trabalhá-la  no seu âmbito, ensinando e exigindo a sua
prática, propiciando assim um resultado qualitativo. É desde modo, que os comportamentos reprováveis
pela sociedade devem ser corrigidos e em particular da gestão escolar. E aí pergunta-se: Será que o perfil
do gestor escolar harmoniza-se com o valor da ética profissional? Por que o aspecto físico da escola não
corresponde a realidade de uma escola?

2.2 A Ética no Meio Profissional

Na área profissional, a ética tem o objectivo de formar uma consciência livre e conduta compatível com
os princípios regulamentares. Algumas qualidades como honestidade, competência, perseverança,
prudência, respeito, imparcialidade entre outras, são virtudes essenciais para a eficiência do trabalho
profissional. É preciso que se tenha a responsabilidade individual para a realização de certas tarefas.

A ética exige a honestidade para o zelo da prática do respeito e consideração ao direito do outro. O
indivíduo comprometido com a ética não se deixa corromper, em nenhuma circunstância. Na área
profissional, a prudência é imprescindível para que o sujeito analise as situações minuciosamente,
evitando assim, atropelamentos e julgamentos conflituosos ou equivocados. E na perspectiva do Silva,
(2015) sublinha que:

Ética na gestão escolar, esta pautada não somente em princípios pessoais do gestor, mas
principalmente, na importância destes, na condução do trabalho de todos os envolvidos na
comunidade escolar, qual a contribuição de fato para o reconhecimento de que todos que ali
estão, são responsáveis direto, para o desenvolvimento e execução de um trabalho eficaz que
permita o reconhecimento […] da construção de um trabalho em conjunto.
Contudo, praticar a ética é, ao mesmo tempo, praticar a imparcialidade e a justiça, pois a primeira assume
as qualidades e cumprimento dos deveres e a segunda depende, essencialmente, da primeira. Por
exemplo: Se o meu comportamento é sempre ético, eu passo a ter a capacidade de exigir que o
comportamento das outras pessoas para comigo seja da mesma forma ético. O relacionamento com todos
se altera a partir da minha mudança individual. O meu comportamento ético fará com que as pessoas
passem a me tratar de forma mais respeitosa e justa.
Dessa maneira, a minha opinião passa a ter mais valor, minhas acções passam a ter mais peso e por fim
minha influência positiva na sociedade passa a ser sentida e me traz retornos positivos.

Para ser ético, o profissionalismo exige o equilíbrio às tarefas no dia-a-dia, a tomada de consciência dos
actos, o cumprimento das normas e o respeito mútuo. Dessa forma, Silva (2015) admite que “se não
houver um esforço para estimular à prática da conduta ética, valorizando a credibilidade, a reputação, a
transparência e a correção na condução e execução de rotinas, e, principalmente, no relacionamento
pessoal com os colegas, professores, alunos, pais, a imagem da escola, pode estar sob constante ameaça”.
Assim, admite-se que a ética apresenta grande influência na vida profissional de qualquer indivíduo, em
meio a sociedade na qual ele opera a sua profissão, e é responsável pela construção e definição de
virtudes e caracteres do homem, ensinando como se comportar diante da sociedade.

Segundo Mário Cortella, “a ética é um conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três
grandes questões da vida: quero? devo? posso? Pois nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu
posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é
ao mesmo tempo o que você pode e o que você deve”. Então, um profissional que não cultiva a ética,
perde a confiança e a credibilidade no espaço social em que desenvolve as suas actividades, deixando de
ser um mero e autêntico profissional para ser um suicida da profissão, contribuindo para o descrédito
irreversível.

Todo profissional, ao concluir a sua formação, faz um juramento de honra a sua profissão, que sinaliza a
sua adesão, o seu comprometimento e a sua responsabilidade com a categoria e estaria efectivando os
seus princípios éticos dentro de sua área.

Considera Bastos (2017), “o profissional ético é aquele que procura oferecer o melhor dos seus
conhecimentos, como o gestor que se preocupa com o desenvolvimento da instituição, o professor que se
preocupa com estratégias que propiciem ao aluno a pensar e resolver desafios, além de outras acções que
objectivam a consumação de um trabalho seguro e de credibilidade”. Nesta perspectiva, o indivíduo ético
procura sair de sua zona de conforto em busca das inovações e dos conhecimentos científicos,
principalmente, da sua área, com o intuito de poder oferecer o melhor para seus servidos. Segue os
princípios normativos e as regras com competência, respeito, tolerância, flexibilidade e boas maneiras. É
imprescindível, que todos os profissionais das mais diversas áreas, questionem o sentido de suas acções
em suas práticas de trabalho (perfil).

3. PERFIL DO GESTOR ESCOLAR, SUAS COMPETÊNCIAS E FUNÇÕES

3.1 PERFIL DO GESTOR ESCOLAR

O perfil do gestor é um dos aspectos que pode caracterizar a identidade da escola em termos de índices de
desenvolvimento, isso porque o líder com o perfil tem competências como a criatividade e visão
estratégica, e ele pode mudar a realidade escolar, inserido professores/ funcionários, Pais e/ou
encarregados de educação e alunos em contextos diversificados no que diz respeito à gestão,
administração ou frequência do processo educativo. Na medida que o perfil do gestor reflecte as
competências aplicadas, ocorre uma interligação de acções que indicam o conhecimento profissional,
assim, o gestor é dotado da “Ética profissional”. Conforme afirma Zarifian (2001) “a competência
profissional é uma combinação de conhecimentos, de saber-fazer, de experiências e comportamentos que
se exercem em […] contexto preciso […]” (ZARIFIAN, 2001, p. 37).

Por isso, entender o perfil do gestor escolar e aprimorar suas habilidades, e é fundamental para a
instituição que almeja a melhoria da qualidade da escola, ou do ensino. Por que,

Segundo BARROSO (1999, p.131-132):

Existiram sempre duas perspetivas em confronto relativamente à nomeação do chefe de


estabelecimento de ensino que exprimem duas conceções em termos do seu papel e das suas
funções: “nuns casos ele é visto fundamentalmente como representante dos professores e um
líder profissional; - em outros casos, ele é visto mais como um delegado do governo e um
director administrativo”.

Como mostra o autor, é de suma importância o gestor possuir suas próprias competências que dignificam
o seu papel “gerir” e a sua função “dirigir” a instituição ou a unidade institucional com normas. Deste
modo, ele tem o perfil “ético” e poderá “desenvolver” a escola baseando-se nos princípios institucionais
traçados, e, principalmente buscar anseios de melhorias da qualidade de serviços e resultados. O gestor
deve ter uma postura profissional de perceber “o quê” e aplicar as competências que pesam sobre a sua
responsabilidade de gestão.

Nesta era moderna e de tecnologias por exemplo, o perfil de “um profissional deve buscar constantemente
o aprendizado, a qualificação e a capacitação; deve ser capaz de evoluir e enfrentar as rápidas mudanças.
É necessário também que tenha habilidade para aprender e trabalhar com desafios cada vez maiores”
(Santaella & Rodrigues, 2015. p.3). Igualmente, o gestor é ético, quando ele mostra o seu perfil. Portanto,
diz o Silva (2009):

O gestor educacional é o principal articulador na construção do ambiente de diálogo e de


participação favorável para o melhor desenvolvimento do trabalho dos profissionais e,
consequentemente, para o sucesso do processo educativo- pedagógico. Para isso é importante
que seja um líder audacioso, com visão de conjunto, unindo e integrando sectores,
vislumbrando resultados para a instituição educacional […], alinhado a um propósito bem
definido […] com sua equipe.

Conforme mostra o autor, é de suma importância para o gestor educacional administrar suas próprias
acções, respeitando as diferenças, pesquisando, analisando, dialogando, cedendo, ouvindo e aceitando
opiniões divergentes. Deste modo, ele poderá “construir” a escola em conjunto com a comunidade,
buscando atender seus anseios, e, principalmente, suas necessidades. Para isso, deve ter disciplina para
integrar, aliando esforços necessários para realizar acções determinadas para melhoria da qualidade de
ensino, tendo coragem de agir com a razão, ou seja “ética” e liderança para as situações mais adversas do
cotidiano, como seu compromisso.

De acordo com Silva (2009), o gestor educacional também deve ter disponibilidade para superar os
desafios que são encontrados nas funções de sua responsabilidade. Ao realizar seu papel, deve manter em
evidência a necessidade da valorização da escola, dos funcionários e, principalmente, de seus alunos, para
que os mesmos se sintam estimulados e incentivados para aprender e assimilar novos conhecimentos.

Considerando a ideia do Silva, “características como: autoridade, responsabilidade, decisão, disciplina e


iniciativa são ligadas com o papel do gestor educacional, e apontam que a escola precisa ser um ambiente
envolvente de aprendizagem, contribuindo para a formação da cidadania e a humanização do indivíduo”.
Nesse sentido o gestor educacional tem a tarefa de buscar o equilíbrio entre os aspectos pedagógicos e
administrativos, com a percepção que o primeiro constitui-se como essencial e deve privilegiar a
qualidade por interferir directamente no resultado da formação dos alunos e o segundo deve dar condições
necessárias para o desenvolvimento pedagógico.

As características que definem o perfil de liderança de um gestor não estão agregadas apenas nos traços
pessoais, mas naquelas características que são aperfeiçoadas diariamente, nas ações que são enfrentadas,
nas dificuldades superadas. Esses e tantos outros aspectos transformam e modificam o modo de trabalho
do gestor como líder e com uma postura positiva, ou seja uma “postura ética” nas suas ações, e
consequentemente contagia sua equipe que se torna estimulada, sem receio das mudanças e desafios.

De acordo com Silva (2009), [..] ser um gestor educacional vai muito além de um cargo ou uma profissão
de grande responsabilidade, implica ser autêntico, ter visão e liderança, pois o líder envolve todos no
trabalho, promove a união dos setores da escola, faz das suas acções um exemplo, tornando importante
cada membro de sua equipe, motivando para que todos os envolvidos acreditem no seu próprio valor
pessoal e profissional para uma boa gestão.

Cabe ao gestor servir e liderar, compartilhar acertos e desacertos, ajudar, acolher, aceitar críticas e
opiniões, criar um ambiente que envolva prazerosamente toda a instituição voltada para a educação dos
alunos, valorizando sempre o conhecimento e a realização pessoal e colectiva.
3.2 O PERFIL DO GESTOR E SUAS COMPETÊNCIAS
O gestor deve ser aquele que assume a figura que supostamente pode potenciar e possibilitar acções que
amostrem a melhoria, e que irão direcçionar as mudanças na instituição, como forma de
comprometimento, cujo é materializado em três (3) princípios institucionais: i) Objectivos; ii)
Organização, e iii) Funcionamento (OOF). Estes princípios possibilitam ao gestor manifestar o seu perfil,
uma vez que é dotado de conhecimento e competências que segundo a autora acima as distingue das
seguintes formas:
a) Competências sobre processos de trabalho propriamente ditos;
b) Competências técnicas, ou seja, os conhecimentos específicos sobre o trabalho que
está sendo realizado;
c) Competências sobre os fluxos de trabalho da organização;
d) Competências de serviço; e
e) Competências sociais, relacionadas ao comportamento dos indivíduos.

O Gestor que estiver a frente da direcção ou gestão da escola é necessário ter competências para que seja
um bom líder, pois os colaboradores podem ficar motivados e a qualidade de ensino pode melhorar. As
actividades do gestor ficam focadas em manter a organização e funcionamento da instituição em todos os
aspectos: físico, sócio- político, relacional, material, financeiro e sobretudo pedagógico visando a
qualidade de ensino oferecida em sua Unidade Escolar. Entretanto, os gestores se deparam
constantemente com situações adversas, devendo ser capazes de solucioná-las. De acordo com Lück
(2000):

[...] um diretor de escola é um gestor da dinâmica social, um mobilizador e orquestrador de


atores, um articulador da diversidade para dar-lhe unidade e consistência, na construção do
ambiente educacional e promoção segura da formação de seus alunos. Para tanto, em seu
trabalho, presta atenção a cada evento, circunstância e ato[…], de modo interativo e
dinâmico. (LÜCK, 2000, p. 16).

3.3 PERFIL DO GESTOR E SUAS FUNÇÕES

Segundo Lück (2004, p. 32), As funções do trabalho do gestor estão diretamente relacionadas à
organização e gestão da escola. O processo de organização escolar dispõe, portanto, de funções,
propriedades comuns ao sistema organizacional de uma instituição, com base nos quais se definem acções
e operações necessárias ao funcionamento institucional. São quatro as funções constitutivas desse
sistema: a) planejamento; b) organização: racionalização de recursos humanos, físicos, materiais,
financeiros, criando e viabilizando as condições e modos para realizar o que foi planejado; c)
direcção/coordenação: coordenação do esforço humano colectivo do pessoal da escola; d) avaliação:
comprovação do funcionamento. Observa-se que o cumprimento de funções do profissional/gestor,
determina o estilo do seu perfil na gestão da instituição.

Segundo Colling (2012) “o gestor influencia no trabalho do professor, sendo o agente facilitador na
escola, proporcionando uma estrutura escolar harmônica e organizada, […], resultando em ações
positivas, reflexivas e inovadoras, para uma aprendizagem consistente e sólida tendo como objectivo a
formação integral do educando”. Nesse processo, o gestor exercendo sua liderança, assumindo a sua
função de facilitador, reconhecendo o valor e as normas, mediando as práticas de ensino, proporcionando
meios didáticos e materiais para que possa desenvolver boas metodologias em prática pedagógica, é que
se faz um perfil e ético do gestor, atingindo seus objectivos e fazendo com que seus membros sejam
agentes de transformação da sociedade em que fazem parte.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após refletir-se sobre o tema, percebeu-se a grandeza de sua utilidade e o imensurável valor de sua
conduta inserido nas acções humanas no dia a dia. Conduzir uma missão ou exercer uma actividade que a
sua profissão lhe propiciou sem, no entanto, considerar os princípios éticos e morais de sua conduta, seria
mera contradição de um juramento que deixou de cumprir com as suas normas.

Torna-se necessário que se reflita no sentido de que novas acções sejam realizadas com o intuito de tornar
as pessoas mais sensíveis, mais responsáveis e mais conscientes das actividades que praticam em
qualquer espaço da vida. O individualismo, a negligência e a ganância pelo poder são perfis inaceitáveis,
vem quebrando valores, ludibriando regras e eliminando o verdadeiro sentido da ética diante da
sociedade. A ética na educação torna-se concebida a partir do momento em que os valores forem
considerados e o exercício profissional um propiciador de acções humanas.

A sociedade vem exigindo dos indivíduos uma postura, ou seja um perfil aceitável com acções e
responsabilidades que possam, de facto, oferecer respostas que indiquem a mais perfeita harmonia para o
bem-estar social. O desafio do gestor é adquirir “um perfil e postura ética profissional” coordenando
diferentes aspectos: equipe, espaços, parcerias, recursos – para promover a aprendizagem. Assim, “o
olhar do gestor deve voltar-se fundamentalmente para três eixos: a organização dos espaços pedagógicos
(não só a sala de aula), a mobilização de uma equipe coesa (que trabalhe com uma proposta pedagógica
definida) e o estabelecimento de comunicação entre a escola e os pais” (Bastos, 2017).

E, para que isso se concretize, a ética deve estar entranhada nas acções realizadas no dia a dia, nas mais
diversas áreas sociais e profissionais. No entanto, é preciso que se discuta conceitos e dialogue as
discrepâncias existentes entre profissionais e a sociedade, com o intuito de abolir-se as práticas erradas no
ambiente social e profissional.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICA

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