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1.

INTRODUÇÃO
Diante do conjunto de problemas que a educação vivencia
atualmente, a valorização da ética no currículo escolar seria um dos
parâmetros mais considerados para o equilíbrio social. A sua
presença torna-se necessária tendo em vista a
imprescindibilidade de sua orientação para a nova realidade na vida
social e por saber que ela encontra-se sempre presente nas
discussões relativas ao comportamento humano.

A pesar de serem distintas a ética e a moral são indissociáveis, pois


possuem significados comuns e apresentam-se inseridas na mesma
pasta dos valores humanos. É um dos grandes pilares de
preocupação, reflexão e discussão entre indivíduos para o
discernimento entre o certo ou o errado e que deve sinalizar o
conciliamento dos interesses tanto individuais quanto sociais.

Nenhuma sociedade ganharia progressão ascendente se não fosse


levado em conta um conjunto de princípios ou normas que
delineassem o comportamento socialmente ajustado como ético. No
entanto, o trabalho ético é aquele que globaliza a sua prática
cotidiana com reflexões que proporcionem o equilíbrio do
pensamento e a prática de ações norteadoras. A ética na prática
pedagógica, por exemplo, tende a valorizar os conhecimentos dos
educandos e harmonizar a convivência entre todos que ali
encontram-se inseridos.

Por se considerar a ética um conjunto de valores que norteiam o


comportamento humano, em relação aos outros, na mesma
sociedade em que vive, esta deve ser instituída nos
estabelecimentos de ensino com o objetivo de formalizar o bem –
estar social. Raras são as vezes em que a ética tem sido discutida de
maneira explícita no currículo pedagógico.

A ética é a teoria ou a ciência do comportamento moral dos homens


em sociedade, ou seja, é a ciência de uma forma específica de
comportamento humano. (…) enquanto conhecimento científico, a
ética deve aspirar a racionalidade e a objetividade mais completas e,
ao mesmo tempo, deve proporcionar conhecimentos sistemáticos,
metódicos e, no limite do possível, comprováveis. (VASQUEZ, 2003,
p. 23)

Portanto, apregoar a ética no espaço pedagógico é, ao mesmo


tempo, oferecer desafios no segmento do ensino-aprendizagem em
busca de supostas atitudes críticas. Isso proporcionaria condições
para o avanço do desenvolvimento social e autonomia dos
educandos além de oferecer-lhes capacidades de posicionamento
mediante ações coletivas realizadas.

Comunga-se com MORETTO, 2001, quando diz: “A ação do educador


deve pautar-se na ética profissional vista como o compromisso de o
homem respeitar os seus semelhantes, no trato da profissão que
exerce…” Com essa afirmação, conclui-se que a tarefa pedagógica
exige ética, uma vez que a mesma representa um compromisso
político-social, relações recíprocas e respeito ao conjunto de normas
e regras sociais.

Infelizmente há uma grande ausência de eticidade nos vários setores


da sociedade hodierna, inclusive no educacional e profissional,
gerando, assim, grande preocupação por saber que a ética é de
fundamental importância em todos os âmbitos sociais. Logo, a sua
presença faz-se necessária diante da necessidade dos indivíduos
para um comportamento aceitável na vida social.

2. ÉTICA E MORAL NO AMBIENTE ESCOLAR


Tanto a ética quanto a moral são assuntos que devem ser
trabalhados no ambiente escolar com o intuito de nortear o
comportamento dos indivíduos na sociedade em que vivem. Por ser
a escola a verdadeira formadora de cidadãos, cabe-lhe a tarefa de
orientar o comportamento ético e moralista dos seus educandos. A
partir do momento em que o indivíduo não adulterar documentos ou
produtos para obter vantagens, tratar as pessoas com respeito, não
falar palavrões etc., estaria cumprindo com as normas da ética e da
moral adquiridas na instituição educacional.
Os temas “ética e moral” são normas que necessariamente deveriam
estar inclusas nos Projetos Políticos – Pedagógicos (PPPs) e nos
Regimentos Escolares (RE) para que fossem disciplinados ao longo
dos estudos, sentenciando assim, o fim das desigualdades sociais.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a questão
central da moral e da ética é desenvolver uma visão crítica nos
educandos, de como proceder diante dos outros.

O cumprimento da ética torna-se, às vezes, complexo diante de um


dilema. Por exemplo: Dever-se-ia roubar ou não um remédio, cujo
preço é inacessível, mas precisar-se-ia salvar alguém, e que, sem ele,
morreria? Quem deveria ser privilegiado, a vida ou a propriedade
privada? Esses desafios deveriam ser apresentados aos alunos para
discussões a respeito do cumprimento ético no contexto histórico
social. “Uma escola ética é aquela que orienta os seus educandos a
se comportarem com honestidade, retidão e responsabilidade para a
efetivação dos princípios morais na sociedade em que eles
encontram-se inseridos.” (Grifo nosso)

Admite-se que a ética esteja consagrada no bojo da família, da


escola e da comunidade por ser a base de uma sociedade mais justa
e igualitária e que, portanto, carece de um olhar humano mais
aprofundado, pois ela é uma forma racional humana de viver em
harmonia com outros humanos.

Nossos educandos devem ter em mente a importância do caráter


democrático da sociedade, levando em consideração a promoção da
liberdade, do respeito e da tolerância para vivenciar a diversidade
que lhes rodeia. Nesse contexto, cabe a escola orientar e viabilizar
meios que possam, de fato, tomar parte nessa construção e
tornarem-se livres para pensarem e tomarem decisões.

A reflexão ética traz à luz a discussão sobre a liberdade de escolha.


A ética interroga sobre a legitimidade de práticas e valores
consagrados pela tradição e pelo costume. Abrange tanto a crítica
das relações entre os grupos, dos grupos nas instituições e perante
elas, quanto a dimensão das ações pessoais.” (PCNs, p. 29-30. 2001)

Todavia, a ética norteia os princípios morais e os valores


necessários aos indivíduos em suas ações com outros membros da
sociedade da qual fazem parte. Com base nos Parâmetros
Curriculares Nacionais – PCNs, uma reflexão realizada pela ética
refletirá na transformação da moral. Não se poderia fazer cidadania
se fosse deixado de lado a ética, e o lócus propício para o seu
aprendizado e o seu exercício, é a escola. Cabe a escola trabalhá-la  
no seu âmbito, ensinando e exigindo a sua prática, propiciando
assim um resultado qualitativo.

A reprodução de valores impostos pela sociedade está sempre


sendo feita com as orientações do que é certo ou errado.
Atualmente, é comum assistir-se a noticiários de comportamentos
reprováveis pela sociedade. E aí pergunta-se: Será que ainda existe
uma sociedade que valoriza a ética e a moralidade? Quais
expectativas se têm das futuras gerações?

3. A ÉTICA NO AMBIENTE PROFISSIONAL


Na área profissional, a ética tem o objetivo de formar uma
consciência livre e conduta compatível com os preceitos
estatutários. Algumas qualidades como honestidade, competência,
perseverança, prudência, respeito, imparcialidade entre outras, são
virtudes essenciais para a eficiência do trabalho profissional. É
preciso que se tenha a responsabilidade individual para a realização
de certas tarefas. As vezes, seria melhor o recusamento e a
justificativa da inviabilidade de um trabalho que não pudesse ser
executado, do que uma vez aceito, deixasse-o à desejar.

A ética exige a honestidade para o zelo da prática do respeito e


consideração ao direito do outro. O indivíduo comprometido com a
ética não se deixa corromper, em nenhuma circunstância, mesmo
que conviva com problemas ao extremo. Na área profissional, a
prudência é imprescindível para que o sujeito analise as situações,
minuciosamente, e com maior profundidade evitando, assim,
atropelamentos e julgamentos conflituosos ou equivocados.

Contudo, praticar a ética é, ao mesmo tempo, praticar a


imparcialidade e a justiça, pois a primeira assume as qualidades e
cumprimento dos deveres e a segunda depende, essencialmente, da
primeira. A ética é o pivô que dá sustentação e equilíbrio às tarefas
profissionais no dia a dia e que, portanto, deveria estar presente em
todos os setores da sociedade. Para ser ético, o profissionalismo
exige a tomada de consciência dos atos, o cumprimento das normas
e o respeito mútuo.

Admite-se que a ética apresenta grande influência na vida


profissional de qualquer indivíduo, em meio a sociedade na qual ele
opera a sua profissão. A ética é um resquício do que se aprende na
família, responsável pela construção dos alicerces e definição de
virtudes e caráteres do homem, ensinando como se comportar
diante da sociedade. A liberdade do homem garante ações dentro
dos limites exigidos pela ética e parte do respeito aos direitos dos
outros.

Um profissional que não cultiva a ética, perde a confiança e a


credibilidade no espaço social em que desenvolve as suas
atividades. Portanto, deixa de ser um mero e autêntico profissional
para ser um suicida da profissão, contribuindo para o descrédito
irreversível. (Grifo nosso)

A família é o lócus da convivência da criança e, portanto, o espaço


legítimo da apregoação da ética que, posteriormente, se ampliará,
em outras instituições sociais com a veiculação de valores. A ética
do indivíduo depende muito da relação social mantida com os
demais dentro da sociedade que ele pertence. Trabalhá-la nas
instituições educacionais faz parte do currículo, apesar de
apresentar vários choques de valores e modos de comportamentos
compartilhado por cada estudante.

Já faz parte do nosso vocabulário falar de ética profissional ou de


sua ausência em meio a sociedade. Os seus benefícios são
imensuráveis ao equilíbrio da harmonia entre os profissionais.
Segundo Mário Cortella, a ética é um conjunto de valores e princípios
que usamos para responder a três grandes questões da vida: quero?
devo? posso? Pois nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que
eu posso eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz
de espírito quando aquilo que você quer é ao mesmo tempo o que
você pode e o que você deve.
Quando um profissional (dentista) recebe um paciente e esse pede
para extrair um dente que vem lhe tirando noites de sono e, após
diagnosticar o problema, o dentista resolve recuperá-lo, ao invés de
removê-lo, estaria honrando com a sua ética profissional. Esse é o
sentido da ética na cidadania e o respeito ao outro na mesma
sociedade. O conhecimento sem ética não faz sentido e tampouco
efeito social.

Todo profissional, ao concluir a sua formação, faz um juramento de


honradez a sua profissão, que sinaliza a sua adesão, o seu
comprometimento e a sua responsabilidade com a categoria. E ao
cumprir com esse juramento o profissional estaria efetivando os
seus princípios éticos dentro de sua área.

Enfim, o profissional ético é aquele que procura oferecer o melhor


dos seus conhecimentos, como o médico que se preocupa com as
suturas internas antes de realizar as externas, o professor que se
preocupa com estratégias que propiciem ao aluno a pensar e
resolver desafios, o engenheiro que demonstra certa preocupação
com o melhor material para a construção da passarela, além de
outras ações que objetivam a consumação de um trabalho seguro e
de credibilidade. De modo que a ética efetiva ações e consolida
metas que podem comprometer ou favorecer o sucesso desses
profissionais.

O indivíduo ético procura sair de sua zona de conforto em busca das


inovações e dos conhecimentos científicos, principalmente, de sua
área, com o intuito de poder oferecer o melhor para sua clientela.
Segue os princípios normativos e as regras estatutárias com
competência, respeito, tolerância, flexibilidade e boas maneiras pois,
as negligências observadas, atualmente, são frutos da passividade,
do desconhecimento e da falta de compromisso.

De forma que a ética passa a ser algo indispensável na vida


profissional do homem, tendo em vista a sua contribuição no
processo de humanização e norteamento de conduta e de valores.
São esses valores que, uma vez relacionados aos interesses do
indivíduo, movem seus atos positivamente. É imprescindível,
portanto, que todos os profissionais das mais diversas áreas,
questionem o sentido de suas ações em suas práticas de trabalho.
4. ÉTICA E CIDADANIA
Entende-se que a ética dedica-se aos estudos dos valores morais e
os princípios do comportamento humano perante a sociedade,
garantindo o bem – estar social do cidadão. Não poderia haver
cidadania se a ética deixasse de ser cumprida. O cidadão ético é
aquele que sabe buscar os seus direitos e os seus benefícios sociais
em conformidade da lei.

A ética deve ser compreendida como crítica reflexiva e responsável


pela conduta humana em todos os setores sociais. Ela é histórica e
construída socialmente, tendo como base referencial as relações
humanas coletivas. Segundo SOUZA,

A ética situa-se no campo dos princípios morais e dos valores que


orientam os homens em suas ações, tomando como referência
outros indivíduos de determinada sociedade. Sendo um produto
histórico social, a ética ilumina a consciência humana à medida que
“[… sustenta e dirige as ações do homem, norteando a conduta
individual e social […] e define o que é a virtude, o bem ou o mal, o
certo ou o errado, permitindo ou proibindo, para cada cultura e
sociedade.” (SOUZA, 1995, p. 187)

É percebível que a ética procura equilibrar a conduta do cidadão, do


profissional e, principalmente, do político, suscitando nesses
indivíduos uma profunda reflexão, incitando-os ao cumprimento da
responsabilidade e a realização de previsões das supostas
consequências resultantes de suas decisões. No mundo globalizado
e nos países capitalistas onde há a ganância desenfreada e o
imensurável egocentrismo, cresce, substancialmente, a necessidade
das instituições educacionais contribuírem com a formação integral
dos indivíduos e, portanto, com o favorecimento da construção da
ética dos sujeitos.

Considera-se que além da família, a escola é o espaço extremamente


propício para a formação ética do cidadão, tendo em vista, que ela
participa da formação dos seus educandos, explicitando regras e
valores através dos professores, do material didático pedagógico, do
comportamento e da hibridização de costumes e saberes dos
alunos. A ética é, pois, um objeto de reflexão que contribui com o
convívio da pluralidade em todos os setores públicos, inclusive nas
instituições educacionais, principais formadoras da cidadania.

Na medida em que os anos passam, no mundo globalizado, nos


países capitalistas e das tecnologias de ponta, observa-se, com
frequência, o rompimento das ações e o atropelamento à dignidade
humana sem nenhum receio ao descumprimento da ética. No
entanto, para que a dignidade seja imposta e a cidadania efetivada,
faz-se necessário que a ética seja buscada, uma vez que ela exige a
apregoação do respeito mútuo, da justiça, da solidariedade e do
diálogo. A dimensão da ética favorece a plena formação e
construção do sujeito cidadão permitindo-lhe compreender a sua
importância como membro social.

O cidadão que exerce sua ética, preserva a estreita relação


humanizadora em seus diferentes contextos – econômico, político,
social, educacional etc., além de assumir o caráter da cidadania
coletiva. Viabilizar a educação ética é, ao mesmo tempo,
proporcionar aos educandos o combate ao preconceito e a
discriminação de vária naturezas, valorizando o diálogo com os
presentes em seu meio social.

A ética de um indivíduo é sempre observada e admirada pela


sociedade a que ele pertence pois, ele procura fundamentar as suas
ações morais de acordo a razão. Contudo, em meio a essa gama de
influências, atitudes e comportamentos negativos e corrompedores
vivenciados no ambiente hodierno, a ética deve apresentar-se
bastante consistente para não se desnortear.

Para refletir: Será que poderia criticar-se os outros, uma vez que não
age-se com os princípios éticos ou morais? Segundo o juiz federal
Sérgio Moro, “quando se tem a oportunidade de furtar… não se perde
a oportunidade. Como base nos problemas da Lava Jato ele
assegura que os políticos de hoje foram oportunistas no passado e
se não for mudada a estrutura de valores de nossa sociedade com a
busca da ética e da moral como pilares do comportamento, nunca
seremos um povo realmente honesto e justo.”

A partir do momento em que se chega a uma fila e que procura-se


atendimento antecipado, sem nenhuma justificativa de prioridade,
“jeitinho brasileiro”, estaria, de certa forma, descumprindo com o
dever social e ao mesmo tempo asfixiando a norma ética. Da mesma
sorte, quando recebe-se um troco com erro de superávit e não
preocupa-se com a sua devolução, uma vez que o princípio ético
exige que não se deve pegar ou usufruir aquilo que não lhe pertence,
aconteceu a burlação da eticidade.  Semelhante as quebras de
regras de uma instituição, que deveriam ser discutidas apenas no
lócus ou o apunhalamento a terceiros quando esses não se fazem
presentes pra se defenderem.

Contudo, está nitidamente percebível que a ética é algo que se


constrói ao longo da vida. Certas normas que, anteriormente, eram
exigidas, atualmente passaram a ser cumpridas pelo
reconhecimento de sua importância, como o exemplo do professor
Cortella: quando o uso do cinto de segurança passou a ser de
obrigatoriedade, alguns motoristas, para atropelar a lei, usavam
camisas do Vasco, por apresentarem uma tarja preta e coincidir com
o cinto, para confundir os agentes de trânsito. Hoje ao entrar no
veículo, a primeira coisa que se faz é colocá-lo sem, no entanto, se
precaver de multa mas da própria segurança. Portanto, conclui-se
que a ética vai se construindo a partir da conscientização no dia a
dia.

5. A ÉTICA E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO


Quando se fala de ética, refere-se a questão exclusivamente humana
por que ela pressupõe, escolha e decisão. Ética tem a ver com
liberdade, liberdade reflexiva e responsável. Ao tomar uma decisão, o
indivíduo deve usar do conhecimento que possui porque o
conhecimento tem a ver com a ética. Agir sem pensar nas
consequências, é agir com máscaras cínicas e nessa hora o perigo
se avizinha.

O indivíduo que tem a ousadia de buscar vantagens sobre o prejuízo


de terceiros, aniquila os seus conhecimentos e burla a sua ética
pessoal. É preciso que se tenha o cuidado para o zelo da integridade,
mantendo-se inteiro, transparente e verdadeiro. Zelar pela ética é, ao
mesmo tempo, zelar pela morada do humano pois ela oferece abrigo,
garante identidade e sustenta a verdadeira marca do ser social.
Sendo a ética a habitação humana, questiona-se: Como encontra-se
essa morada? Abriga ou desabriga? Inclui ou exclui? O vínculo da
ética à produção do conhecimento relaciona-se a capacidade de
descartar a ideia de desigualdade dentro da mesma sociedade. A
percepção e a reflexão são os melhores exercícios da ética. François
já dizia: “Conheço muitos que não puderam, quando deviam, porque
não quiseram, quando podiam.”

Para que haja desenvolvimento educacional, para que se construa o


autêntico conhecimento e para que se efetive o caráter do indivíduo
em meio as pressões hodiernas resultantes do modo de viver,
exigido pela sociedade, os valores éticos e morais são
imprescindíveis. Somente com ações que direcionem esses valores
à produção do conhecimento é que se propiciaria consumação da
verdadeira cidadania. O comportamento do homem na sociedade
depende da reflexão exigida pela ética sobre os sistemas morais
produzidos por ele no dia a dia.

Atualmente há uma acentuada preocupação da sociedade brasileira,


de como encontrar estratégias que possam, de fato, efetivar o
respeito às diferenças e o combate a violência. Os casos de
desrespeito, discriminação e outras ações violentas são realmente
assustadoras e inaceitáveis numa sociedade que almeja os
princípios éticos e morais.

A ética é um princípio de comportamento que deve estar presente na


produção do conhecimento do indivíduo para que esse torne-se
consolidado e compromissado com a cidadania. Se um motorista,
por exemplo, aprendeu que não que não se deve ultrapassar a faixa
contínua e ultrapassou, que não deve exceder a velocidade máxima
permitida e excedeu, infringiu as regras de trânsito e feriu os
princípios éticos e morais.

Exercer a ética é algo que requer certo esforço pois tem a ver com a
prática da capacidade e da responsabilidade da pessoa. O
conhecimento construído com ética torna-se muito mais consistente
e eficaz além da consolidação de uma sociedade mais justa.

Se a ética é a ciência normativa que conduz ideais promissores


dentro da comunidade, uma vez que o ser humano é um animal
social, seria inútil compreendê-la como ciência para indivíduos
isolados. Na verdade tudo o que o indivíduo produz ou realiza, reflete
consequências que podem atingir outras pessoas.

No contexto social, da atualidade, é comum observar alguém


querendo sobressair-se melhor em relação ao outro, sendo mais
esperto, apegando-se ao jeitinho brasileiro e a muitas outras práticas
indecentes e reprovadas pela cidadania. Essas atitudes ou maus
costumes são características de uma sociedade que, pela ausência
do respeito, do civismo e da consideração coletiva macula a
verdadeira cidadania.

6. A PRÁTICA DA ÉTICA PARA O EXERCÍCIO DA


CIDADANIA
A Constituição Brasileira de 1988, no seu artigo 205º e a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, artigo 2º
garantem: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos
princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem
por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo
para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”.
Contudo, é a atividade ética que materializa tanto a cidadania quanto
a qualificação do indivíduo pois são construídas e refletidas pelas
suas práticas e ações diárias.

Os princípios éticos nascem de um sentimento social com a


apregoação do respeito, da honestidade e da solidariedade aos seus
semelhantes. O progresso humano se dá a partir da valorização do
trabalho, da fraternidade e principalmente da liberdade. Dessa forma
a ética vai interferindo, orientando e conduzindo o homem ao
cumprimento de sua função social e, consequentemente, de sua
cidadania. O comportamento do indivíduo em sociedade deve ser
ajustado buscando sempre um desempenho virtuoso em prol do
bem comum.

Quando uma pessoa preocupa-se em praticar o bem, fazer o certo e


ser justo em suas ações na própria comunidade, a prática do dever
individual e social se consolida. É essa homogeneidade do trabalho
executado que habilita o exercício da cidadania em meio a classe
social que o homem pertence.

Sabe-se que em todas as áreas representativas das atividades


humanas há o código de ética que regulamenta as relações
profissionais. São “Conselhos” normativos que exigem uma atuação
democrática e responsável, instrumentos formais que regem
notadamente as profissões e as relações, tanto com a categoria
quanto com a sociedade. O código de ética de cada profissão tem
como objetivo a formação da consciência profissional à respeito dos
padrões de conduta.

Entende-se, portanto, que o principal papel da ética, como ciência, é


orientar a conduta humana e propiciar o regulamento
comportamental da vida em sociedade para que essa possa viver
plenamente bem. Em resumo, a ética é também uma ponte
estruturante que possibilita ao indivíduo, acesso à cidadania, além
de tentar freiar o egoísmo, a desonestidade, a discriminação, as
irracionalidades entre outras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após refletir-se sobre o tema, percebeu-se a grandeza de sua
importância e o imensurável valor de sua conduta inserido nas ações
humanas no dia a dia. Conduzir uma missão ou exercer uma
atividade que a sua profissão lhe propiciou sem, no entanto,
considerar os princípios éticos e morais de sua conduta, seria mera
contradição de um juramento que deixou de cumprir com as suas
normas.

Torna-se necessário que se reflita no sentido de que novas ações


sejam realizadas com o intuito de tornar as pessoas mais sensíveis,
mais responsáveis e mais conscientes das atividades que praticam
em qualquer espaço da vida. O individualismo e a ganância pelo
poder vem quebrando valores, burlando regras e eliminando o
verdadeiro sentido da ética e da moral diante da sociedade.

A ética na educação torna-se concebida a partir do momento em que


os valores forem considerados e o exercício profissional um
propiciador de ações humanizadoras. A sociedade vem exigindo dos
indivíduos uma postura aceitável com ações e responsabilidades
que possam, de fato, oferecer respostas que sinalizem a mais
perfeita harmonia para o bem estar social. E, para que isso se
concretize, a ética deve estar impregnada nas ações realizadas no
dia a dia, nas mais diversas áreas e nas mais distintas profissões.

Certas classes sociais e políticas relegam a ética, quebrando valores


e burlando princípios em prol do individualismo, ignorando-a e
desnorteando-a do seu sentido. No entanto, é preciso que se discuta
conceitos e dialogue as discrepâncias existentes entre sujeitos e
sociedades, com o intuito de abolir-se as práticas errôneas do
cenário que vivencia. O sentido da solidariedade, da consideração e
do respeito parece escassearem, tendo em vista que a dedicação
absoluta passou a ser exclusiva do próprio “eu”.

REFERÊNCIAS
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed. São Paulo: ática, 2002.

Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988.

CORTELLA, Mário Sérgio. Qual é a tua obra? Inquietações


propositivas sobre gestão, liderança e ética. 9ª ed. – Petrópolis, R J,
Vozes, 2010.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN / Lei nº


9.394 de 20 de dezembro de 1996.

Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, p. 29-30, 2001.

RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e Vida Social. Programa de formação


de professores em exercício. Módulo I, Unidade VI. Identidade,
Sociedade e Cultura, 4ª ed. Brasília: MEC/FUNDESCOLA, 2002, p. 53-
73.

SOUZA, Sônia Maria Ribeiro de. Um outro olhar: filosofia. São Paulo:


FTD, 1995.
VAZQUEZ, Adolfo Sanches. Ética Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira, 24ª ed., 2003.

 Formado em Normal Superior pela UESPI (Universidade Estadual


[1]

do Piauí), Pós-graduado em Supervisão Escolar pela Faculdade de


Teologia Hokemãh – Fateh e Mestrando em Educação pela Anne
Sullivan University

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