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RESUMO

Palavras-Chave: Ética, Moral, Sociedade, Cidadania.

1. INTRODUÇÃO

Diante do conjunto de problemas que a educação vivencia atualmente, a valorização da ética no


currículo escolar seria um dos parâmetros mais considerados para o equilíbrio social. A sua presença
torna-se necessária tendo em vista a imprescindibilidade de sua orientação para a nova realidade na
vida social e por saber que ela encontra-se sempre presente nas discussões relativas ao comportamento
humano.

A pesar de serem distintas a ética e a moral são indissociáveis, pois possuem significados comuns e
apresentam-se inseridas na mesma pasta dos valores humanos. É um dos grandes pilares de
preocupação, reflexão e discussão entre indivíduos para o discernimento entre o certo ou o errado e
que deve sinalizar o conciliamento dos interesses tanto individuais quanto sociais.

Nenhuma sociedade ganharia progressão ascendente se não fosse levado em conta um conjunto de
princípios ou normas que delineassem o comportamento socialmente ajustado como ético. No entanto,
o trabalho ético é aquele que globaliza a sua prática cotidiana com reflexões que proporcionem o
equilíbrio do pensamento e a prática de ações norteadoras. A ética na prática pedagógica, por exemplo,
tende a valorizar os conhecimentos dos educandos e harmonizar a convivência entre todos que ali
encontram-se inseridos.

Por se considerar a ética um conjunto de valores que norteiam o comportamento humano, em relação
aos outros, na mesma sociedade em que vive, esta deve ser instituída nos estabelecimentos de ensino
com o objetivo de formalizar o bem – estar social. Raras são as vezes em que a ética tem sido discutida
de maneira explícita no currículo pedagógico.

A ética é a teoria ou a ciência do comportamento moral dos homens em sociedade, ou seja, é a ciência
de uma forma específica de comportamento humano. (…) enquanto conhecimento científico, a ética
deve aspirar a racionalidade e a objetividade mais completas e, ao mesmo tempo, deve proporcionar
conhecimentos sistemáticos, metódicos e, no limite do possível, comprováveis. (VASQUEZ, 2003, p. 23)
Portanto, apregoar a ética no espaço pedagógico é, ao mesmo tempo, oferecer desafios no segmento
do ensino-aprendizagem em busca de supostas atitudes críticas. Isso proporcionaria condições para o
avanço do desenvolvimento social e autonomia dos educandos além de oferecer-lhes capacidades de
posicionamento mediante ações coletivas realizadas.

Comunga-se com MORETTO, 2001, quando diz: “A ação do educador deve pautar-se na ética profissional
vista como o compromisso de o homem respeitar os seus semelhantes, no trato da profissão que
exerce…” Com essa afirmação, conclui-se que a tarefa pedagógica exige ética, uma vez que a mesma
representa um compromisso político-social, relações recíprocas e respeito ao conjunto de normas e
regras sociais.

Infelizmente há uma grande ausência de eticidade nos vários setores da sociedade hodierna, inclusive
no educacional e profissional, gerando, assim, grande preocupação por saber que a ética é de
fundamental importância em todos os âmbitos sociais. Logo, a sua presença faz-se necessária diante da
necessidade dos indivíduos para um comportamento aceitável na vida social.

2. ÉTICA E MORAL NO AMBIENTE ESCOLAR

Tanto a ética quanto a moral são assuntos que devem ser trabalhados no ambiente escolar com o
intuito de nortear o comportamento dos indivíduos na sociedade em que vivem. Por ser a escola a
verdadeira formadora de cidadãos, cabe-lhe a tarefa de orientar o comportamento ético e moralista dos
seus educandos. A partir do momento em que o indivíduo não adulterar documentos ou produtos para
obter vantagens, tratar as pessoas com respeito, não falar palavrões etc., estaria cumprindo com as
normas da ética e da moral adquiridas na instituição educacional.

Os temas “ética e moral” são normas que necessariamente deveriam estar inclusas nos Projetos
Políticos – Pedagógicos (PPPs) e nos Regimentos Escolares (RE) para que fossem disciplinados ao longo
dos estudos, sentenciando assim, o fim das desigualdades sociais. Segundo os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCNs), a questão central da moral e da ética é desenvolver uma visão crítica nos educandos,
de como proceder diante dos outros.

O cumprimento da ética torna-se, às vezes, complexo diante de um dilema. Por exemplo: Dever-se-ia
roubar ou não um remédio, cujo preço é inacessível, mas precisar-se-ia salvar alguém, e que, sem ele,
morreria? Quem deveria ser privilegiado, a vida ou a propriedade privada? Esses desafios deveriam ser
apresentados aos alunos para discussões a respeito do cumprimento ético no contexto histórico social.
“Uma escola ética é aquela que orienta os seus educandos a se comportarem com honestidade, retidão
e responsabilidade para a efetivação dos princípios morais na sociedade em que eles encontram-se
inseridos.” (Grifo nosso)

Admite-se que a ética esteja consagrada no bojo da família, da escola e da comunidade por ser a base de
uma sociedade mais justa e igualitária e que, portanto, carece de um olhar humano mais aprofundado,
pois ela é uma forma racional humana de viver em harmonia com outros humanos.

Nossos educandos devem ter em mente a importância do caráter democrático da sociedade, levando
em consideração a promoção da liberdade, do respeito e da tolerância para vivenciar a diversidade que
lhes rodeia. Nesse contexto, cabe a escola orientar e viabilizar meios que possam, de fato, tomar parte
nessa construção e tornarem-se livres para pensarem e tomarem decisões.

A reflexão ética traz à luz a discussão sobre a liberdade de escolha. A ética interroga sobre a legitimidade
de práticas e valores consagrados pela tradição e pelo costume. Abrange tanto a crítica das relações
entre os grupos, dos grupos nas instituições e perante elas, quanto a dimensão das ações pessoais.”
(PCNs, p. 29-30. 2001)

Todavia, a ética norteia os princípios morais e os valores necessários aos indivíduos em suas ações com
outros membros da sociedade da qual fazem parte. Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais –
PCNs, uma reflexão realizada pela ética refletirá na transformação da moral. Não se poderia fazer
cidadania se fosse deixado de lado a ética, e o lócus propício para o seu aprendizado e o seu exercício, é
a escola. Cabe a escola trabalhá-la no seu âmbito, ensinando e exigindo a sua prática, propiciando assim
um resultado qualitativo.

A reprodução de valores impostos pela sociedade está sempre sendo feita com as orientações do que é
certo ou errado. Atualmente, é comum assistir-se a noticiários de comportamentos reprováveis pela
sociedade. E aí pergunta-se: Será que ainda existe uma sociedade que valoriza a ética e a moralidade?
Quais expectativas se têm das futuras gerações?

3. A ÉTICA NO AMBIENTE PROFISSIONAL

Na área profissional, a ética tem o objetivo de formar uma consciência livre e conduta compatível com
os preceitos estatutários. Algumas qualidades como honestidade, competência, perseverança,
prudência, respeito, imparcialidade entre outras, são virtudes essenciais para a eficiência do trabalho
profissional. É preciso que se tenha a responsabilidade individual para a realização de certas tarefas. As
vezes, seria melhor o recusamento e a justificativa da inviabilidade de um trabalho que não pudesse ser
executado, do que uma vez aceito, deixasse-o à desejar.

A ética exige a honestidade para o zelo da prática do respeito e consideração ao direito do outro. O
indivíduo comprometido com a ética não se deixa corromper, em nenhuma circunstância, mesmo que
conviva com problemas ao extremo. Na área profissional, a prudência é imprescindível para que o
sujeito analise as situações, minuciosamente, e com maior profundidade evitando, assim,
atropelamentos e julgamentos conflituosos ou equivocados.

Contudo, praticar a ética é, ao mesmo tempo, praticar a imparcialidade e a justiça, pois a primeira
assume as qualidades e cumprimento dos deveres e a segunda depende, essencialmente, da primeira. A
ética é o pivô que dá sustentação e equilíbrio às tarefas profissionais no dia a dia e que, portanto,
deveria estar presente em todos os setores da sociedade. Para ser ético, o profissionalismo exige a
tomada de consciência dos atos, o cumprimento das normas e o respeito mútuo.

Admite-se que a ética apresenta grande influência na vida profissional de qualquer indivíduo, em meio a
sociedade na qual ele opera a sua profissão. A ética é um resquício do que se aprende na família,
responsável pela construção dos alicerces e definição de virtudes e caráteres do homem, ensinando
como se comportar diante da sociedade. A liberdade do homem garante ações dentro dos limites
exigidos pela ética e parte do respeito aos direitos dos outros.

Um profissional que não cultiva a ética, perde a confiança e a credibilidade no espaço social em que
desenvolve as suas atividades. Portanto, deixa de ser um mero e autêntico profissional para ser um
suicida da profissão, contribuindo para o descrédito irreversível. (Grifo nosso)

A família é o lócus da convivência da criança e, portanto, o espaço legítimo da apregoação da ética que,
posteriormente, se ampliará, em outras instituições sociais com a veiculação de valores. A ética do
indivíduo depende muito da relação social mantida com os demais dentro da sociedade que ele
pertence. Trabalhá-la nas instituições educacionais faz parte do currículo, apesar de apresentar vários
choques de valores e modos de comportamentos compartilhado por cada estudante.
Já faz parte do nosso vocabulário falar de ética profissional ou de sua ausência em meio a sociedade. Os
seus benefícios são imensuráveis ao equilíbrio da harmonia entre os profissionais. Segundo Mário
Cortella, a ética é um conjunto de valores e princípios que usamos para responder a três grandes
questões da vida: quero? devo? posso? Pois nem tudo que eu quero eu posso; nem tudo que eu posso
eu devo; e nem tudo que eu devo eu quero. Você tem paz de espírito quando aquilo que você quer é ao
mesmo tempo o que você pode e o que você deve.

Quando um profissional (dentista) recebe um paciente e esse pede para extrair um dente que vem lhe
tirando noites de sono e, após diagnosticar o problema, o dentista resolve recuperá-lo, ao invés de
removê-lo, estaria honrando com a sua ética profissional. Esse é o sentido da ética na cidadania e o
respeito ao outro na mesma sociedade. O conhecimento sem ética não faz sentido e tampouco efeito
social.

Todo profissional, ao concluir a sua formação, faz um juramento de honradez a sua profissão, que
sinaliza a sua adesão, o seu comprometimento e a sua responsabilidade com a categoria. E ao cumprir
com esse juramento o profissional estaria efetivando os seus princípios éticos dentro de sua área.

Enfim, o profissional ético é aquele que procura oferecer o melhor dos seus conhecimentos, como o
médico que se preocupa com as suturas internas antes de realizar as externas, o professor que se
preocupa com estratégias que propiciem ao aluno a pensar e resolver desafios, o engenheiro que
demonstra certa preocupação com o melhor material para a construção da passarela, além de outras
ações que objetivam a consumação de um trabalho seguro e de credibilidade. De modo que a ética
efetiva ações e consolida metas que podem comprometer ou favorecer o sucesso desses profissionais.

O indivíduo ético procura sair de sua zona de conforto em busca das inovações e dos conhecimentos
científicos, principalmente, de sua área, com o intuito de poder oferecer o melhor para sua clientela.
Segue os princípios normativos e as regras estatutárias com competência, respeito, tolerância,
flexibilidade e boas maneiras pois, as negligências observadas, atualmente, são frutos da passividade, do
desconhecimento e da falta de compromisso.

De forma que a ética passa a ser algo indispensável na vida profissional do homem, tendo em vista a sua
contribuição no processo de humanização e norteamento de conduta e de valores. São esses valores
que, uma vez relacionados aos interesses do indivíduo, movem seus atos positivamente. É
imprescindível, portanto, que todos os profissionais das mais diversas áreas, questionem o sentido de
suas ações em suas práticas de trabalho.
4. ÉTICA E CIDADANIA

Entende-se que a ética dedica-se aos estudos dos valores morais e os princípios do comportamento
humano perante a sociedade, garantindo o bem – estar social do cidadão. Não poderia haver cidadania
se a ética deixasse de ser cumprida. O cidadão ético é aquele que sabe buscar os seus direitos e os seus
benefícios sociais em conformidade da lei.

A ética deve ser compreendida como crítica reflexiva e responsável pela conduta humana em todos os
setores sociais. Ela é histórica e construída socialmente, tendo como base referencial as relações
humanas coletivas. Segundo SOUZA,

A ética situa-se no campo dos princípios morais e dos valores que orientam os homens em suas ações,
tomando como referência outros indivíduos de determinada sociedade. Sendo um produto histórico
social, a ética ilumina a consciência humana à medida que “[… sustenta e dirige as ações do homem,
norteando a conduta individual e social […] e define o que é a virtude, o bem ou o mal, o certo ou o
errado, permitindo ou proibindo, para cada cultura e sociedade.” (SOUZA, 1995, p. 187)

É percebível que a ética procura equilibrar a conduta do cidadão, do profissional e, principalmente, do


político, suscitando nesses indivíduos uma profunda reflexão, incitando-os ao cumprimento da
responsabilidade e a realização de previsões das supostas consequências resultantes de suas decisões.
No mundo globalizado e nos países capitalistas onde há a ganância desenfreada e o imensurável
egocentrismo, cresce, substancialmente, a necessidade das instituições educacionais contribuírem com
a formação integral dos indivíduos e, portanto, com o favorecimento da construção da ética dos
sujeitos.

Considera-se que além da família, a escola é o espaço extremamente propício para a formação ética do
cidadão, tendo em vista, que ela participa da formação dos seus educandos, explicitando regras e
valores através dos professores, do material didático pedagógico, do comportamento e da hibridização
de costumes e saberes dos alunos. A ética é, pois, um objeto de reflexão que contribui com o convívio
da pluralidade em todos os setores públicos, inclusive nas instituições educacionais, principais
formadoras da cidadania.

Na medida em que os anos passam, no mundo globalizado, nos países capitalistas e das tecnologias de
ponta, observa-se, com frequência, o rompimento das ações e o atropelamento à dignidade humana
sem nenhum receio ao descumprimento da ética. No entanto, para que a dignidade seja imposta e a
cidadania efetivada, faz-se necessário que a ética seja buscada, uma vez que ela exige a apregoação do
respeito mútuo, da justiça, da solidariedade e do diálogo. A dimensão da ética favorece a plena
formação e construção do sujeito cidadão permitindo-lhe compreender a sua importância como
membro social.

O cidadão que exerce sua ética, preserva a estreita relação humanizadora em seus diferentes contextos
– econômico, político, social, educacional etc., além de assumir o caráter da cidadania coletiva. Viabilizar
a educação ética é, ao mesmo tempo, proporcionar aos educandos o combate ao preconceito e a
discriminação de vária naturezas, valorizando o diálogo com os presentes em seu meio social.

A ética de um indivíduo é sempre observada e admirada pela sociedade a que ele pertence pois, ele
procura fundamentar as suas ações morais de acordo a razão. Contudo, em meio a essa gama de
influências, atitudes e comportamentos negativos e corrompedores vivenciados no ambiente hodierno,
a ética deve apresentar-se bastante consistente para não se desnortear.

Para refletir: Será que poderia criticar-se os outros, uma vez que não age-se com os princípios éticos ou
morais? Segundo o juiz federal Sérgio Moro, “quando se tem a oportunidade de furtar… não se perde a
oportunidade. Como base nos problemas da Lava Jato ele assegura que os políticos de hoje foram
oportunistas no passado e se não for mudada a estrutura de valores de nossa sociedade com a busca da
ética e da moral como pilares do comportamento, nunca seremos um povo realmente honesto e justo.”

A partir do momento em que se chega a uma fila e que procura-se atendimento antecipado, sem
nenhuma justificativa de prioridade, “jeitinho brasileiro”, estaria, de certa forma, descumprindo com o
dever social e ao mesmo tempo asfixiando a norma ética. Da mesma sorte, quando recebe-se um troco
com erro de superávit e não preocupa-se com a sua devolução, uma vez que o princípio ético exige que
não se deve pegar ou usufruir aquilo que não lhe pertence, aconteceu a burlação da eticidade.
Semelhante as quebras de regras de uma instituição, que deveriam ser discutidas apenas no lócus ou o
apunhalamento a terceiros quando esses não se fazem presentes pra se defenderem.

Contudo, está nitidamente percebível que a ética é algo que se constrói ao longo da vida. Certas normas
que, anteriormente, eram exigidas, atualmente passaram a ser cumpridas pelo reconhecimento de sua
importância, como o exemplo do professor Cortella: quando o uso do cinto de segurança passou a ser
de obrigatoriedade, alguns motoristas, para atropelar a lei, usavam camisas do Vasco, por apresentarem
uma tarja preta e coincidir com o cinto, para confundir os agentes de trânsito. Hoje ao entrar no veículo,
a primeira coisa que se faz é colocá-lo sem, no entanto, se precaver de multa mas da própria segurança.
Portanto, conclui-se que a ética vai se construindo a partir da conscientização no dia a dia.

5. A ÉTICA E A PRODUÇÃO DO CONHECIMENTO

Quando se fala de ética, refere-se a questão exclusivamente humana por que ela pressupõe, escolha e
decisão. Ética tem a ver com liberdade, liberdade reflexiva e responsável. Ao tomar uma decisão, o
indivíduo deve usar do conhecimento que possui porque o conhecimento tem a ver com a ética. Agir
sem pensar nas consequências, é agir com máscaras cínicas e nessa hora o perigo se avizinha.

O indivíduo que tem a ousadia de buscar vantagens sobre o prejuízo de terceiros, aniquila os seus
conhecimentos e burla a sua ética pessoal. É preciso que se tenha o cuidado para o zelo da integridade,
mantendo-se inteiro, transparente e verdadeiro. Zelar pela ética é, ao mesmo tempo, zelar pela morada
do humano pois ela oferece abrigo, garante identidade e sustenta a verdadeira marca do ser social.

Sendo a ética a habitação humana, questiona-se: Como encontra-se essa morada? Abriga ou desabriga?
Inclui ou exclui? O vínculo da ética à produção do conhecimento relaciona-se a capacidade de descartar
a ideia de desigualdade dentro da mesma sociedade. A percepção e a reflexão são os melhores
exercícios da ética. François já dizia: “Conheço muitos que não puderam, quando deviam, porque não
quiseram, quando podiam.”

Para que haja desenvolvimento educacional, para que se construa o autêntico conhecimento e para que
se efetive o caráter do indivíduo em meio as pressões hodiernas resultantes do modo de viver, exigido
pela sociedade, os valores éticos e morais são imprescindíveis. Somente com ações que direcionem
esses valores à produção do conhecimento é que se propiciaria consumação da verdadeira cidadania. O
comportamento do homem na sociedade depende da reflexão exigida pela ética sobre os sistemas
morais produzidos por ele no dia a dia.

Atualmente há uma acentuada preocupação da sociedade brasileira, de como encontrar estratégias que
possam, de fato, efetivar o respeito às diferenças e o combate a violência. Os casos de desrespeito,
discriminação e outras ações violentas são realmente assustadoras e inaceitáveis numa sociedade que
almeja os princípios éticos e morais.
A ética é um princípio de comportamento que deve estar presente na produção do conhecimento do
indivíduo para que esse torne-se consolidado e compromissado com a cidadania. Se um motorista, por
exemplo, aprendeu que não que não se deve ultrapassar a faixa contínua e ultrapassou, que não deve
exceder a velocidade máxima permitida e excedeu, infringiu as regras de trânsito e feriu os princípios
éticos e morais.

Exercer a ética é algo que requer certo esforço pois tem a ver com a prática da capacidade e da
responsabilidade da pessoa. O conhecimento construído com ética torna-se muito mais consistente e
eficaz além da consolidação de uma sociedade mais justa.

Se a ética é a ciência normativa que conduz ideais promissores dentro da comunidade, uma vez que o
ser humano é um animal social, seria inútil compreendê-la como ciência para indivíduos isolados. Na
verdade tudo o que o indivíduo produz ou realiza, reflete consequências que podem atingir outras
pessoas.

No contexto social, da atualidade, é comum observar alguém querendo sobressair-se melhor em relação
ao outro, sendo mais esperto, apegando-se ao jeitinho brasileiro e a muitas outras práticas indecentes e
reprovadas pela cidadania. Essas atitudes ou maus costumes são características de uma sociedade que,
pela ausência do respeito, do civismo e da consideração coletiva macula a verdadeira cidadania.

6. A PRÁTICA DA ÉTICA PARA O EXERCÍCIO DA CIDADANIA

A Constituição Brasileira de 1988, no seu artigo 205º e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional –
LDBEN, artigo 2º garantem: “A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de
liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do
educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Contudo, é a
atividade ética que materializa tanto a cidadania quanto a qualificação do indivíduo pois são construídas
e refletidas pelas suas práticas e ações diárias.

Os princípios éticos nascem de um sentimento social com a apregoação do respeito, da honestidade e


da solidariedade aos seus semelhantes. O progresso humano se dá a partir da valorização do trabalho,
da fraternidade e principalmente da liberdade. Dessa forma a ética vai interferindo, orientando e
conduzindo o homem ao cumprimento de sua função social e, consequentemente, de sua cidadania. O
comportamento do indivíduo em sociedade deve ser ajustado buscando sempre um desempenho
virtuoso em prol do bem comum.
Quando uma pessoa preocupa-se em praticar o bem, fazer o certo e ser justo em suas ações na própria
comunidade, a prática do dever individual e social se consolida. É essa homogeneidade do trabalho
executado que habilita o exercício da cidadania em meio a classe social que o homem pertence.

Sabe-se que em todas as áreas representativas das atividades humanas há o código de ética que
regulamenta as relações profissionais. São “Conselhos” normativos que exigem uma atuação
democrática e responsável, instrumentos formais que regem notadamente as profissões e as relações,
tanto com a categoria quanto com a sociedade. O código de ética de cada profissão tem como objetivo a
formação da consciência profissional à respeito dos padrões de conduta.

Entende-se, portanto, que o principal papel da ética, como ciência, é orientar a conduta humana e
propiciar o regulamento comportamental da vida em sociedade para que essa possa viver plenamente
bem. Em resumo, a ética é também uma ponte estruturante que possibilita ao indivíduo, acesso à
cidadania, além de tentar freiar o egoísmo, a desonestidade, a discriminação, as irracionalidades entre
outras.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Após refletir-se sobre o tema, percebeu-se a grandeza de sua importância e o imensurável valor de sua
conduta inserido nas ações humanas no dia a dia. Conduzir uma missão ou exercer uma atividade que a
sua profissão lhe propiciou sem, no entanto, considerar os princípios éticos e morais de sua conduta,
seria mera contradição de um juramento que deixou de cumprir com as suas normas.

Torna-se necessário que se reflita no sentido de que novas ações sejam realizadas com o intuito de
tornar as pessoas mais sensíveis, mais responsáveis e mais conscientes das atividades que praticam em
qualquer espaço da vida. O individualismo e a ganância pelo poder vem quebrando valores, burlando
regras e eliminando o verdadeiro sentido da ética e da moral diante da sociedade.

A ética na educação torna-se concebida a partir do momento em que os valores forem considerados e o
exercício profissional um propiciador de ações humanizadoras. A sociedade vem exigindo dos indivíduos
uma postura aceitável com ações e responsabilidades que possam, de fato, oferecer respostas que
sinalizem a mais perfeita harmonia para o bem estar social. E, para que isso se concretize, a ética deve
estar impregnada nas ações realizadas no dia a dia, nas mais diversas áreas e nas mais distintas
profissões.
Certas classes sociais e políticas relegam a ética, quebrando valores e burlando princípios em prol do
individualismo, ignorando-a e desnorteando-a do seu sentido. No entanto, é preciso que se discuta
conceitos e dialogue as discrepâncias existentes entre sujeitos e sociedades, com o intuito de abolir-se
as práticas errôneas do cenário que vivencia. O sentido da solidariedade, da consideração e do respeito
parece escassearem, tendo em vista que a dedicação absoluta passou a ser exclusiva do próprio “eu”.

REFERÊNCIAS

CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 13ª ed. São Paulo: ática, 2002.

Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988.

CORTELLA, Mário Sérgio. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança e ética. 9ª
ed. – Petrópolis, R J, Vozes, 2010.

Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN / Lei nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996.

Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, p. 29-30, 2001.

RIOS, Terezinha Azeredo. Ética e Vida Social. Programa de formação de professores em exercício.
Módulo I, Unidade VI. Identidade, Sociedade e Cultura, 4ª ed. Brasília: MEC/FUNDESCOLA, 2002, p. 53-
73.

SOUZA, Sônia Maria Ribeiro de. Um outro olhar: filosofia. São Paulo: FTD, 1995.

VAZQUEZ, Adolfo Sanches. Ética Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 24ª ed., 2003.
[1] Formado em Normal Superior pela UESPI (Universidade Estadual do Piauí), Pós-graduado em
Supervisão Escolar pela Faculdade de Teologia Hokemãh – Fateh e Mestrando em Educação pela Anne
Sullivan University

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Manoel de Jesus Bastos

MANOEL DE JESUS BASTOS

Formado em Normal Superior pela UE

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