Você está na página 1de 7

RÉPLICA GUARDALUPE

Preliminarmente
Em preliminar foi alegado pela parte requerida que o presente feito
merece extinção e arquivamento. Tal alegação fundada na justificativa de
“”uma vez que os requeridos não praticaram as condutas apontadas na
inicial e nem deram causas as mesmas”

Como apresentado na inicial acusatória, foi apresentado documentos d p.


11 a 28que sim comprovam um nexo causal entre a lide os fatos e os
requeridos.
Ademais, os requerentes são pessoas idôneas, professores e cidadãos do
bem e de boa fé, que estão se adaptando a situação atual do país no Covi-
19, para trabalhar em Home Office e garantir a educação essencial de seus
alunos, adaptação essa que esta sendo impossível diante das atitudes e
ações dos requeridos.

Da legitimidade
Foi alegado também em contestação que a parte Jurandir Tiossi Junior de
Oliveira este que apenas reside e mora no local, não desenvolvendo
nenhum tipo de atividade comercial no local dos fatos, já que trabalha em
local diverso como autônomo.
Vejamos o que diz o Código civil:
Art. 1566 do Código Civil que estabelece como deveres de ambos os
cônjuges: fidelidade recíproca; vida em comum, no domicílio conjugal;
mútua assistência; sustento, guarda e educação dos filhos, além do
respeito e consideração mútuos.
Assim claramente fica mais do que comprovado a legitimidade do
requerido supra mencionado a participação neste feito.

O artigo 267, VI, do Código de Processo Civil (CPC), não deve ser aplicado
neste feito pois embora a parte requerida alegue que que os requeridos
nada fizeram de injusto aos Requerentes, não os prejudicando em nada, e
que passa apenas de um “mero aborrecimento”, houve sim danos
psicológicos pelas tentativas de solução, foram ameaçados como consta
em documentos já apresentados, além de estar sendo um fato reincidente
com provocações.
Desta forma merece regular prosseguimento do feito em relação ao
requerido supra citado, reconhecendo sua legitimidade.

Dos fatos em síntese


Ora vemos claramente a culpa dos requeridos e em seus atos. Embora
dito na contestação de não terem controle sobre o que acontece nas
dependências do estabelecimento, tais como proprietários tem a
responsabilidade civil de organizar e comandar o estabelecimento.
Ainda o artigo 1277 Codigo Civil
Artigo 1.277 do Código Civil de 2002, pode o proprietário ou possuidor
de um prédio “fazer cessar as interferências prejudiciais à segurança, ao
sossego e à saúde, dos que habitam, provocadas pela utilização de
propriedade vizinha”

Desta forma tratando de uma vizinhança onde existe habitação e


convivência com outros serem humanos, fica evidente que os requeridos
devem sim ter a responsabilidade de comandar e o poder de fazer parar
quaisquer atividades em seu estabelecimento.
Ainda :
PENAL. CONTRAVENÇÃO PENAL. PERTURBAÇÃO DO TRABALHO OU DO
SOSSEGO ALHEIO. RESPONSÁVEIS POR BARES. CONDUTA DA CLIENTELA.
RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA. VEDAÇÃO. VÍTIMA.
COLETIVIDADE. NÃO VERIFICAÇÃO. ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO.
DOLO. AUSÊNCIA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. ABSOLVIÇÃO. DIREITO DE
VIZINHANÇA. RESPONSABILIDADE CIVIL. PODER DE POLÍCIA. VIAS
ORDINÁRIAS. 1. A CONTRAVENÇÃO DE PERTURBAÇÃO DO TRABALHO
OU DO SOSSEGO ALHEIOS É PRATICADA PELAS PESSOAS QUE SE
COMPORTAM CONFORME OS TIPOS DESCRITOS NOS INCISOS DO ART. 42
DA LEI DE CONTRAVENCOES PENAIS, SOMENTE ALCANÇANDO OS
RESPONSÁVEIS PELO ESTABELECIMENTO SE FICAR DEMONSTRADO
CABALMENTE QUE ELES INCENTIVARAM DIRETAMENTE OU
CONTRIBUÍRAM PARA AS CONDUTAS DA SUA CLIENTELA. 2. NÃO
RESTANDO PROVADO NOS AUTOS QUE OS RESPONSÁVEIS PELOS
ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS PRATICARAM OU INCENTIVARA ESSAS
CONDUTAS, A SUA CONDENAÇÃO COMO INCURSOS NA PENA DO ART.
42 DA LCP CONSAGRA A RESPONSABILIDADE PENAL OBJETIVA, O QUE É
VEDADO PELO ORDENAMENTO JURÍDICO. 3. O SUJEITO PASSIVO DA
CONTRAVENÇÃO PREVISTA NO ART. 42 DA LCP É A COLETIVIDADE, NÃO
HAVENDO CRIME SE APENAS DUAS PESSOAS SE SENTIRAM LESADAS E
OFERECERAM NOTITIA CRIMINIS À AUTORIDADE COMPETENTE. 4. O
ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO NA CONTRAVENÇÃO PREVISTA NO ART.
42 DA LCP É O DOLO, A VONTADE LIVRE E CONSCIENTE DE PERTURBAR O
SOSSEGO OU O TRABALHO ALHEIO. 5. A AUSÊNCIA DO INCENTIVO OU
DA CONTRIBUIÇÃO DOS RESPONSÁVEIS PELOS ESTABELECIMENTOS
GERA A ATIPICIDADE DA CONDUTA, QUE DETERMINA A ABSOLVIÇÃO
DOS RÉUS. 6. OS RESPONSÁVEIS PELOS ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS
PODEM SER CIVILMENTE RESPONSABILIZADOS PELOS EVENTOS
VERIFICADOS NOS AUTOS, POR MEIO DA VIA PROCESSUAL ADEQUADA.
CONHECIDOS. PROVIDOS. UNÂNIME.

(TJ-DF - APR: 20040110314033 DF, Relator: ALFEU MACHADO, Data de


Julgamento: 15/06/2005, Segunda Turma Recursal dos Juizados
Especiais Cíveis e Criminais do D.F., Data de Publicação: DJU 10/08/2005
Pág. : 105)

E tratando da interdição da pratica (som alto e gritarias) cito o seguinte:


AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. POLUIÇÃO SONORA
CAUSADA PELO CONSUMO DE BEBIDAS ALCOÓLICAS EM LOJA DE
CONVENIÊNCIAS DE POSTO DE COMBUSTÍVEIS. TUTELA ANTECIPADA
DEFERIDA PARA IMPEDIR TAL ATIVIDADE. PERTURBAÇÃO DO SOSSEGO
DOS VIZINHOS. REQUISITOS AUTORIZATIVOS PARA A CONCESSÃO DA
MEDIDA ANTECIPATÓRIA PRESENTES. INTERLOCUTÓRIA MANTIDA.
RECURSO DESPROVIDO. A concessão de tutela antecipada, na senda do
art. 273 do Código de Processo Civil, requer prova inequívoca do
alegado, conducente a um juízo de verossimilhança, aliada à presença
de um dos requisitos elencados nos incisos I e II do mesmo preceptivo, no
caso o receio de dano irreparável ou de difícil reparação. Assim, havendo
prova inequívoca do alegado na petição inicial, pois existem fortes
indícios de perturbação do sossego dos vizinhos do estabelecimento
comercial agravante (posto de combustíveis) por conta da poluição
sonora provocada pelos consumidores de bebidas alcoólicas em sua loja
de conveniências, é de ser mantida a decisão que deferiu liminar para
interditar a continuidade dessa prática.

(TJ-SC - AI: 20140606496 Concórdia 2014.060649-6, Relator: João


Henrique Blasi, Data de Julgamento: 16/12/2014, Segunda Câmara de
Direito Público)

Não se trata de um mero aborrecimento, como alegado em contestação,


pois a pratica do aborrecimento não é configurada pela reincidência,
ameaças e pirraças como vem acontecendo. (documentos e vídeos
apresentados na inicial).
E falando de provas, as alegações iniciais da parte autora encontram-se
comprovados com áudios, relatórios policiais, vídeos, print’s de conversas
e testemunhas.
O fato de terem sido, se são ou não clientes, não traz a este nexo de causa
entre a lide em tela.
Claramente tal feito merece prosperar condenando os requeridos nos
termos da inicial acusatória

Da responsabilidade civil

A responsabilidade civil dos estabelecimentos comerciais por danos


causados a seus usuários (clientes ou vizinhos) é objetiva, ou seja,
independe da configuração de culpa, conforme dispõe o parágrafo único
do artigo 927 do Código Civil e o art. 14 do Código de Defesa do
Consumidor.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano,
independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando
a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por
sua natureza, risco para os direitos de outrem.

Os atos de violência praticadas por terceiros se inserem no conceito de


fato fortuito, que segundo entendimento consolidado no âmbito do C. STJ,
trata-se fato/ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera um ou
mais efeitos/consequências inevitáveis.

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos
consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como
por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o
consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas
técnicas.
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando
provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
§ 4º A responsabilidade pessoal dos profissionais liberais será apurada
mediante a verificação de culpa.
Desta forma há responsabilidade dos requeridos, sendo permitido por lei
a responsabilização por serem fornecedores de serviços conforme artigo
supra citado.

Da indenização por danos morais

Além do estão de calamidade que estamos vivendo diante da atual


situação do país pelo Covid-19, e adaptações para se continuar a viver e
tentar levar uma vida se adaptando, os requerentes são professores e
dependem da paz e concentração para tal atividade.
É cabível o pedido de indenização pois conforme :
Dano moral. Perturbação do sossego. Barulho excessivo. Vizinho.
Condomínio. 1 – O art. 1.277 do Cód. Civil assegura ao proprietário ou ao
possuidor o direito ao sossego, ou seja, de não ser perturbado, entre
outros barulhos, por ruídos excessivos, que tiram a tranquilidade da
família e provocam desgastes. 2 – Os moradores de condomínio devem
se submeter às regras da convenção do condomínio, que proíbe a
produção de barulho excessivo entre 22h e 7h, de forma a evitar a
perturbação dos demais moradores. 3 – Caracteriza dano moral a
conduta de moradora de apartamento que causa perturbações aos
vizinhos em decorrência de ruídos excessivos provocados por festas. 4 –
Apelação provida.

(TJ-DF - APC: 20130710263447, Relator: JAIR SOARES, Data de


Julgamento: 16/03/2016, 6ª Turma Cível, Data de Publicação: Publicado
no DJE : 29/03/2016 . Pág.: 391)

Ainda :
DIREITO CIVIL. PROCESSO CIVIL. APELAÇÃO CÍVEL.
INDENIZAÇÃO PELOS DANOS MORAIS. LIGAÇÕES TELEFÔNICAS
INDESEJADAS. PERTUBAÇÃO DO SOSSEGO E TRANQUILIDADE.
DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM MAJORADO. RECURSO A
QUE SE DÁ PROVIMENTO. 1. Restaram nítidos, nos autos, os danos
morais caracterizados por todo o transtorno e angústia
indiscutivelmente sofridos pela apelante/autora em virtude das ligações
telefônicas incessantes e indesejadas realizadas pelas apeladas/rés. 2. A
indenizaçãoserve a propósito punitivo e preventivo, não podendo,
porém, exorbitar da compensação efetivamente devida, para não restar
configurado o enriquecimento sem causa. Assim, dadas as nuances do
caso concreto, majoro de R$ 1.000,00 para R$ 5.000,00 a título de danos
morais, montante este que satisfaz os parâmetros da razoabilidade e da
proporcionalidade. 3. Recurso a que se dá provimento. (TJ-PE - AC:
3851341 PE, Relator: José Fernandes de Lemos, Data de Julgamento:
02/10/2019, 5ª Câmara Cível, Data de Publicação: 15/10/2019)

Posto isto, postula coerentemente os requerentes, que seja impugnados


todas as alegações, a manutenção dos pedidos nos termos da inicial,
condenando os requeridos, ao pagamento de indenização por danos
morais, caracterizados pelos fatos e provas acima narrados, no valor de R$
************), ou caso o meritíssimo juiz entenda diferente, que seja
arbitrado por vossa excelência em outro quantum.

Pedidos:
Por todo o exposto requer se digne Vossa Excelência em receber a
presente impugnação, a fim de dar pela procedência da ação, com a
condenação dos requeridos em todos os pedidos contidos na exordial

Você também pode gostar