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Antologia Poetica
Antologia Poetica
ANTOLOGIA POÉTICA
VINÍCIuS DE MORAES
3. o autor.................................................................................................. 10
4. a obra..................................................................................................... 14
5. exercícios ........................................................................................... 29
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Antologia poética
Vinícius de moraes
Antologia poética
O Modernismo
O início do século XX foi marcado por profundas mudanças de ordem tec-
nológica e científica. No entanto, os artistas não ficaram à margem das transfor-
mações. A Europa se encontrava em intensa turbulência. Problemas de natureza
política e conflitos entre países vizinhos contribuíram para o surgimento, em
1914, da Primeira Guerra Mundial. Tais crises geraram um clima propício para
a efervescência artística, favorecendo o aparecimento das chamadas vanguardas
europeias. Essas manifestações artísticas eram formadas por intelectuais em geral
que, não satisfeitos com o mundo turbulento à sua volta, buscaram novas solu-
ções, novas formas de expressão artística, surgindo assim os famosos “ismos”:
futurismo, expressionismo, cubismo, dadaísmo e surrealismo.
Apesar de diferentes entre si, as vanguardas guardavam algumas seme-
lhanças, principalmente em se tratando do questionamento à herança cultural
proveniente do século XIX. Havia consenso contra a arte conservadora e crista-
lizada do passado, e fazia-se urgente a construção de novos modelos de beleza
e de arte.
A situação histórica
A enorme crise econômica, social e moral que acontecia na Europa, durante
o período “entreguerras”, estendeu-se aos países capitalistas na década de 20.
Os liberais sofreram vários ataques e, a partir da Primeira Guerra (1914) e da
Revolução Russa (1917), viram-se enfraquecidos e mais tarde derrotados. Toda
essa instabilidade foi gerada por uma verdadeira insatisfação e por um forte
rompimento com os ideais do século XIX. Tanto as correntes cientificistas sur-
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Vinícius de Moraes
O Modernismo no Brasil
No Brasil, a ideia de que era necessária uma mudança radical no meio
artístico-cultural não era adotada por todos. A árdua tarefa ficou a encargo de
um grupo de jovens artistas (escritores, pintores etc.) que promoviam e articu-
lavam movimentos com o objetivo de agitar o ambiente cultural adormecido da
época.
Liderados por Oswald de Andrade e Mário de Andrade, o grupo não sa-
bia ainda bem o que queria, mas sabia exatamente o que não queria. São Paulo
responsabilizou-se por essa empreitada de renovação artística. O grupo pretendia
dar um novo grito de independência (1922 – 100 anos da independência do Brasil)
contra o atraso cultural do país. Após meses e meses de preparo, entre apoios
e críticas, os jovens, com a importante adesão de nomes como Graça Aranha,
Paulo Prado e outros que financiaram o evento, apresentaram a Semana de Arte
Moderna no Teatro Municipal de São Paulo.
A partir desse momento, o Modernismo iniciou seu longo caminho de
“abre-alas” cultural, estendendo-se por muitos anos. Sendo assim, costuma-se
caracterizar o movimento por fases, de acordo com seus principais objetivos:
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Vinícius de Moraes
3. O AUTOR
Marcus Vinícius da Cruz de
Mello Moraes nasceu, em meio a
forte temporal, na madrugada de
19 de outubro de 1913, no bairro
da Gávea, Rio de Janeiro. Cursou
o Ensino Médio com os jesuítas do
Colégio Santo Inácio e graduou-se
em Direito em 1933.
No mesmo ano lançou O ca-
minho para a distância, sua primeira
obra. Nas décadas de 1930 e 40, tra-
balhou como censor e como crítico
de cinema, além de estudar literatu-
ra inglesa em Oxford.
Em 1943, ingressou na carreira
diplomática e serviu nos Estados
Unidos, Espanha, Uruguai e França. Capitão-do-mato, poeta, diplomata,
Aposentou-se como diplomata em o branco mais preto do Brasil. Saravá.
1968. No entanto, durante todo esse
tempo, não perdeu contato com o ambiente artístico e literário carioca.
Em 1954, tornou-se conhecido no meio artístico por sua peça teatral Orfeu
da Conceição. Em meados da década de 1950, sua carreira artística definitivamente
tomou corpo. Foi nessa mesma época que ele conheceu Tom Jobim, um dos seus
parceiros mais costumeiros, e que diversas de suas composições foram gravadas
por inúmeros artistas.
A partir daí, muitas outras parcerias foram-se firmando: Baden Powell,
Toquinho, Carlos Lyra, Chico Buarque e Francis Hime, dentre outros.
Poeta que ousou viver sob o signo da paixão, como dizia Carlos Drummond
de Andrade, Vinícius casou-se nove vezes, sempre apaixonado e acreditando ter
encontrado seu grande amor.
Em 1979, voltando da Europa, sofreu um derrame cerebral no avião, do
qual não se recuperou totalmente, sendo operado a 17 de abril de 1980 para a
instalação de um dreno cerebral.
Morreu, na manhã de 9 de julho, de edema pulmonar, em sua casa, na
Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher, Gilda de Queirós
Mattoso.
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Antologia poética
Obras do Autor
De acordo com o próprio poeta, sua obra pode ser assim classificada:
• 1ª fase
Fase transcendental, resultante de sua educação cristã, é uma fase de pro-
fundo misticismo e, portanto, marcada pela preocupação religiosa, pela angústia
existencial diante da condição humana e pelo desejo de superar o pecado e a
culpa, inerentes ao homem, pela via da transcendência mística.
Em geral, os poemas deste período são longos e se utilizam de linguagem
abstrata. Esta fase se inicia com a obra O caminho para a distância (1933) e se fina-
liza com a obra Ariana, a mulher (1936).
O incriado
Distantes estão os caminhos que vão para o Tempo – outro luar eu vi passar na altura
Nas plagas verdes as mesmas lamentações escuto como vindas da eterna espera
O vento ríspido agita sombras de araucárias em corpos nus unidos se amando
E no meu ser todas as agitações se anulam como as vozes dos campos moribundos.
Oh, de que serve ao amante o amor que não germinará na terra infecunda
De que serve ao poeta desabrochar sobre o pântano e cantar prisioneiro?
Nada há a fazer pois que estão brotando crianças trágicas como cactos
Da semente má que a carne enlouquecida deixou nas matas silenciosas.
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Vinícius de Moraes
Nem plácidas visões restam aos olhos – só o passado surge se a dor surge
E o passado é como o último morto que é preciso esquecer para ter vida
Todas as meias-noites soam e o leito está deserto do corpo estendido
Nas ruas noturnas a alma passeia, desolada e só em busca de Deus.
[...]
Eu sou o Incriado de Deus, o que não pode fugir à carne e à memoria
Eu sou como velho barco longe do mar, cheio de lamentações no vazio do bojo
No meu ser todas as agitações se anulam – nada permanece para a vida
Só eu permaneço parado dentro do tempo passado, passando, passando...
• 2ª fase
Nesta fase, há grande aproximação da poética de Vinícius com o mundo
real. É quando o poeta passa a se interessar por temas cotidianos, por uma abor-
dagem mais simples da vida e mais sensual dos temas que versam sobre o amor
e a mulher.
Também a linguagem empregada pelo poeta se transforma, tendendo mais
à simplicidade, com utilização do verso livre, para uma comunicação mais direta
e mais dinâmica com o leitor. Apesar de sua poesia, desde cedo, ter tido como
características certa dicção clássica e a predileção pelo soneto, pela primeira vez
podemos perceber que a poética de Vinícius mostra uma aproximação maior às
propostas dos modernistas de 1922.
O soneto, forma clássica do poema, adquire roupagem mais moderna
e mais real nas mãos de Vinícius. Em seus sonetos, o poeta faz largo uso de
termos simples e cotidianos, expediente pouco comum neste tipo de com-
posição.
Abaixo, um exemplo de erotismo no soneto, uma ousadia de Vinícius:
Soneto de despedida (Fragmento)
Uma lua no céu apareceu
Cheia e branca; foi quando, emocionada,
A mulher a meu lado estremeceu
E se entregou sem que eu dissesse nada.
Poesia social
A poesia de cunho social também foi característica da obra de Vinícius.
Neste tipo de poema, o poeta se utiliza de uma linguagem ainda mais simples e
mais direta, chegando quase ao didatismo. O seu objetivo é despertar a consci-
ência social no leitor por via de quem o lê ou o ouve.
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4. A OBRA
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da evolução do poeta e a admiração do que ele tem feito de mais alto e melhor.
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Uma segunda edição, acrescida de uma seleção dos Novos poemas II, (1959),
aconteceu anos mais tarde, em 1960, pela Editora do Autor. Porém, anos mais
tarde, já postumamente, uma nova versão da obra foi lançada, em 2003, da qual
apresentamos o texto introdutório:
Nova antologia poética
A antiga Antologia poética de Vinícius de Moraes data de 1954. Foi organizada
pelo próprio autor (com a ajuda de amigos, principalmente Manuel Bandeira), que a
atualizou em 1967, mantendo sua estrutura.
Esta Nova antologia poética vem assinada pelos poetas Antônio Cícero e Euca-
naã Ferraz, e foi lançada originalmente em 2003. Os organizadores reviram conceitos,
refizeram a estrutura e montaram uma seleção criteriosa, lançando um olhar renovado
sobre a obra viniciana.
Tanto a crítica especializada quanto o público reconheceram de imediato que na
nova antologia a poesia de Vinícius de Moraes mostra-se mais livre, mais moderna, mais
densa e, simultaneamente, mais leve. O volume foi um sucesso imediato, e logo passou
a ser editado também na Companhia de Bolso.
Ele passa a fazer parte, agora, do novo projeto editorial das obras de Vinícius de
Moraes e traz, entre outras novidades, um belo caderno de imagens com diversas fotos
inéditas, reprodução de manuscritos e documentos raros. Fechando o volume, o leitor
encontrará uma seleção de textos críticos, entre eles a orelha da “velha” Antologia poética,
assinada por Rubem Braga, seguindo-se uma cronologia da vida e da obra deste que é um
dos maiores poetas brasileiros do século XX.
ESTRUTURA DA OBRA
Como já foi explicitado anteriormente, a obra apresenta poemas de fases
distintas do poeta, assim representadas:
– 27 poemas correspondentes à fase transcendental do poeta (1933-1936);
– 05 elegias que ilustram a fase de transição do poeta (1943);
– 112 poemas correspondentes à fase de maior aproximação do mundo material.
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Antologia poética
Talvez da carne do homem prostrado se visse sair uma sombra igual à minha
Que amasse as andorinhas, os seios virgens, os perfumes e os lírios da terra
Talvez… mas todas as visões estariam também em minhas lágrimas boiando
E elas seriam como óleo santo e como pétalas se derramando sobre o nada.
[...]
Agora porém estou vivendo da tua chama como a cera
O infinito nada poderá contra mim porque de mim quer tudo
Ele ama no teu sereno cadáver o terrível cadáver que eu seria
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Viemos de longe... Quem sabe no sono de Deus tenhamos aparecido como espectros
Da boca ardente dos vulcões ou da órbita cega dos lagos desaparecidos
Quem sabe tenhamos germinado misteriosamente do sono cauterizado das batalhas
Ou do ventre das baleias quem sabe tenhamos surgido?
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Antologia poética
[...]
Quantos somos, não sei... somos um, talvez dois, três, talvez quatro; cinco, talvez, nada
Talvez a multiplicação de cinco mil e cujos restos encheriam doze Terras
Quantos, não sei… Somos a constelação perdida que caminha largando estrelas
Somos a estrela perdida que caminha desfeita em luz.
[...]
Na elegia a seguir, note a aproximação do poeta aos acontecimentos coti-
dianos:
Elegia desesperada (Fragmento)
Alguém que me falasse do mistério do Amor
Na sombra – alguém! alguém que me mentisse
Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto morriam
As aves do céu! [...]
[...]
O desespero da piedade
Meu senhor, tende piedade dos que andam de bonde
E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...
Mas tende piedade também dos que andam de automóvel
Quando enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção.
[...]
O eu lírico continua pedindo piedade para os políticos, as mulheres, a moça
feia, a mulher na hora do parto, as desquitadas, as casadas, as vagabundas, as
primeiras namoradas etc., e ao fim:
Tende piedade, Senhor, das santas mulheres
Dos meninos velhos, dos homens humilhados – sede enfim
Piedoso com todos, que tudo merece piedade
E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!
A respeito da última elegia, assim se pronunciou o poeta na introdução
da obra: “Quanto à última, escrevi-a de jato, naquele maio de 1939, em Londres,
vendo, do meu apartamento, a manhã nascer sobre os telhados novos do bairro
de Chelsea. A qualidade da experiência vivida e o lugar onde a vivi criaram-lhe
espontaneamente a linguagem em que se formou, mistura de português e inglês,
com vocábulos muitas vezes inventados e sem chave morfológica possível. Mas
não houve sombra de vontade de parecer original. É uma fala de amor como a
falei, virtualmente transposta para a poesia, na qual procurei traduzir, dentro
de sonoridades estanques de duas línguas que me são tão caras e com arranjos
gráficos e ordem puramente mnemônica, isso que foi a maior aventura lírica da
minha vida.”
Fragmento
Greenish, newish roofs of Chelsea
Onde, merencórios, toutinegram rouxinóis
Forlornando baladas para nunca mais!
Ó imortal landscape
no anticlímax da aurora!
ô joy for ever!
Na hora da nossa morte et nunc et semper
Na minha vida em lágrimas!
uer ar iú
Ó fenesuites, calmo atlas do fog
Impassévido devorador das esterlúridas?
Darling, darkling I listen...
“... it is, my soul, it is
Her gracious self...”
murmura adormecida
É meu nome!...
sou eu, sou eu, Nabucodonosor!
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Antologia poética
Motionless I climb
the wa
t
e
r
Am I p a Spider?
Am I p a Mirror?
e
Am I s an X Ray?
Segunda parte
Os poemas mais conhecidos do poeta estão reunidos nessa parte da obra.
Adotando uma postura mais voltada para a realidade, seu interesse volta-se para
os aspectos do cotidiano e para o relacionamento amoroso, muito influenciado
pela lírica camoniana.
Nessa fase, a linguagem torna-se mais dinâmica, mais concisa e mais
criativa, embora o poeta não abandone a forma fixa dos sonetos, porém revi-
gora o modelo, adicionando-lhe linguagem cotidiana e coloquial, sem perder
a profundidade.
Digna representante dessas mudanças programadas, o poeta inicia a se-
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Vinícius de Moraes
O tema que parece ter sido desenvolvido, anos mais tarde, na música Garota
de Ipanema, em parceria com Tom Jobim, já aparece no poema abaixo:
A mulher que passa (Fragmento)
Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seu dorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Os acrobatas (Fragmento)
Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão.
Verlaine (Fragmento)
Verlaine, pobre alma sem rumo
Louco, sórdido, grande irmão
Do sangue do meu coração
Que te despreza e te compreende
1 Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 1886 – Rio de Janeiro, 1968). Poeta representante da chamada 1ª fase
do Modernismo brasileiro. Autor de Libertinagem, Estrela da manhã e muitas outras. Além de poeta, exerceu as funções de
crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor.
2 Pedro da Silva Nava (Juiz de Fora, 1903 – Rio de Janeiro, 1984). Intelectual, amigo de inúmeros artistas e intelectuais de
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Juro que estava comigo Mas oh, não! que ele não morra
Há coisa de não faz muito Sem escutar meu segredo
Enchendo bem a caveira Estou nas garras da Cachorra
Ao seu eterno defunto. Vou ficar louco de medo
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Antologia poética
[...]
Sentindo que a violência Disse, e fitou o operário
Não dobraria o operário Que olhava e que refletia
Um dia tentou o patrão Mas o que via o operário
Dobrá-lo de modo vário. O patrão nunca veria.
De sorte que o foi levando O operário via as casas
Ao alto da construção E dentro das estruturas
E num momento de tempo Via coisas, objetos
Mostrou-lhe toda a região Produtos, manufaturas.
E apontando-a ao operário Via tudo o que fazia
Fez-lhe esta declaração: O lucro do seu patrão
– Dar-te-ei todo esse poder E em cada coisa que via
E a sua satisfação Misteriosamente havia
Porque a mim me foi entregue A marca de sua mão.
E dou-o a quem bem quiser. E o operário disse: Não!
Dou-te tempo de lazer [...]
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
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I
[...]
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.
Vinícius (2005)
Direção: Miguel Faria Jr.
O documentário mostra a vida, a obra, a família, os amigos e os amores de
Vinícius de Moraes; apresenta também a essência criativa do artista e filósofo do
cotidiano e as transformações do Rio de Janeiro, por meio de raras imagens de
arquivo, entrevistas e interpretações de muitos de seus clássicos.
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Antologia poética
5. Exercícios
1. Cesgranrio-RJ
Pátria minha
A minha pátria é como se não fosse, é íntima
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
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5. Cesgranrio-RJ
Toda época literária mantém um diálogo com fases anteriores, tanto em relação
à escolha temática quanto em relação ao aproveitamento de recursos formais.
Qual a observação incorreta na relação entre os estilos de época?
a) A poesia da década de 1930 filia-se à experiência do Parnasianismo.
b) O romance de 1930 aprofunda a perspectiva do Realismo.
c) A poesia concreta valoriza os processos lúdicos do Barroco.
d) O Modernismo de 1922 redimensiona a preocupação nacionalista do Roman-
tismo.
e) A poesia de 1945 rompe com a liberdade formal do Modernismo.
6. UFRGS-RS
Considere as afirmativas seguintes.
I. Mário Quintana usou desde o soneto até o poema em prosa para encarnar
sua visão de mundo irônica e melancólica, em que as possibilidades formais
aliam-se ao exame do dia a dia humilde e despretensioso do poeta e de seus
personagens.
II. Capaz de sonetos que honram a tradição camoniana, tais como o Soneto da
separação e o Soneto de fidelidade, Vinícius de Morais aproximou-se da bossa
nova e da música popular brasileira e veio a se tornar letrista de sambas e
canções.
III. Em vários momentos da obra de Cecília Meireles, a sensação de vago e in-
corpóreo é associada à temática urbana revelada em cenas repletas de humor
e crítica ao provincianismo da elite paulista, tudo expresso em versos cuja
sonoridade explora as dissonâncias e a fala popular.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
a) Apenas I d) Apenas II e III
b) Apenas III e) I, II e III
c) Apenas I e III
7. ENEM
Soneto de fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
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8. Unirio-RJ
A um passarinho
Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Vinícius de Moraes
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9. PUCCamp-SP
Uma mulher ao sol – eis todo o meu desejo
Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz
A flor dos lábios entreaberta para o beijo
A pele a fulgurar todo o pólen da luz.
A quadra anterior introduz um soneto de Vinícius de Moraes. Nesses versos, o
leitor pode comprovar a seguinte característica da lírica amorosa do poeta:
a) dilaceramento provocado pela paixão carnal e pela ânsia de salvação religio-
sa.
b) reconhecimento da fugacidade do tempo, revelada num momento de excitação
sensual.
c) celebração da amada num quadro cotidiano, valorizando-se o estilo típico
dos modernistas combativos.
d) visão mística, na qual os desejos são sublimados e a natureza é diviniza-
da.
e) exaltação erótica, integrada no mundo natural e elevada ao plano do subli-
me.
10. UFSM-RS
A respeito da poesia de Vinícius de Moraes, assinale verdadeiro (V) ou falso (F)
em cada afirmação a seguir.
( ) Sob a forma de soneto, privilegia temáticas líricas, sobretudo o amor e suas
múltiplas manifestações.
( ) Celebra a sensualidade com versos que apresentam imagens a respeito do
sexo e do corpo.
( ) O cunho erótico dos poemas exclui a experiência mística do amor.
A sequência correta é:
a) V – F – F d) V – F – V
b) V – V – F e) F – F – V
c) F – V – F
11. UFSM-RS
Soneto da separação
1 De repente do riso fez-se o pranto
2 Silencioso e branco como a bruma
3 E das bocas unidas fez-se a espuma
4 E das mãos espalmadas fez-se espanto.
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c) decassílabos – moralizante – 8
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14. UEM-PR
Leia o texto a seguir e assinale o que for correto.
Soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
01) A teoria literária moderna reconhece três gêneros literários fundamentais – o épico,
o lírico e o dramático – e, apesar de não fazer diferença de prestígio entre eles,
não aceita a mistura deles em uma mesma obra literária. Podem-se subdividir
esses três gêneros em espécies ou formas: o soneto é uma das formas dramáticas;
a tragédia é uma das formas épicas; a balada é uma das formas líricas.
02) No texto acima, predomina o gênero dramático, que tem a sua manifesta-
ção mais viva nos aspectos trágicos, procurando representar os conflitos e
os dramas vivenciados pelos homens e a precariedade do mundo em que
estão inseridos. Nesse caso específico, trata-se de representar o drama da
separação de dois amantes.
04) No texto acima, predomina o gênero lírico, caracterizado, essencialmente,
por manifestar a subjetividade do eu lírico, expressando-lhe os sentimentos,
as emoções, o mundo interior. De modo geral, a musicalidade é um elemento
fundamental no texto lírico. Nesse texto de Vinícius de Moraes, além das rimas,
a ocorrência considerável de fonemas sibilantes /sê/ e a semelhança de som de
palavras como fez, espuma, espalmadas, espanto etc. consistem nos principais
recursos empregados pelo artista para alcançar a referida sonoridade.
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