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INSTITUTO EVANDRO CHAGAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIROLOGIA

LUIZ FÁBIO MAGNO FALCÃO

ALTERAÇÕES NO SISTEMA PULMONAR DE PACIENTES COM PARAPARESIA


ESPÁSTICA TROPICAL OU MIELOPATIA ASSOCIADA AO HTLV-1 (PET/MAH)

ANANINDEUA
2016
LUIZ FÁBIO MAGNO FALCÃO

ALTERAÇÕES NO SISTEMA PULMONAR DE PACIENTES COM PARAPARESIA


ESPÁSTICA TROPICAL OU MIELOPATIA ASSOCIADA AO HTLV-1 (PET/MAH)

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Virologia do Instituto Evandro Chagas para obtenção do
título de Doutor em Virologia.
Orientador: Prof. Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma

ANANINDEUA
2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca do Instituto Evandro Chagas

Falcão, Luiz Fábio Magno.


Alterações no sistema pulmonar de pacientes com paraparesia espástica
tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1(PET/MAH). / Luiz Fábio Magno
Falcão. – Ananindeua, 2016.
95 f.: il.; 30 cm

Orientador: Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma


Tese (Doutorado em Virologia) – Instituto Evandro Chagas, Programa de
Pós-Graduação em Virologia, 2016.

1. HTLV-1. 2. Inflamação. 3. Sistema respiratório. I. Quaresma, Juarez


Antônio Simões, orient. II. Instituto Evandro Chagas. III. Título.

CDD: 616.9188
LUIZ FÁBIO MAGNO FALCÃO

ALTERAÇÕES NO SISTEMA PULMONAR DE PACIENTES COM


PARAPARESIA ESPÁSTICA TROPICAL OU MIELOPATIA ASSOCIADA AO
HTLV-1 (PET/MAH)

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em


Virologia do Instituto Evandro Chagas para obtenção do
título de Doutor em Virologia.

Aprovado em: ______/______/______

BANCA EXAMINADORA

_________________________________________________
Profa. Dra. Ana Cecília Ribeiro Cruz
Instituto Evandro Chagas

_________________________________________________
Profa. Dra. Hellen Thais Fuzii
Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará

_________________________________________________
Profa. Dra. Maria da Conceição Nascimento Pinheiro
Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará

_________________________________________________
Profa. Dra. Luisa Caricio Martins
Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará

_________________________________________________
Profa. Dra. Rita Catarina Medeiros Sousa (Suplente)
Instituto Evandro Chagas
AGRADECIMENTOS

“Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de sí,
levam um pouco de nós.” (Antoine de Saint-Exupéry)

Neste período aprendi que a construção do conhecimento passa necessariamente pelo


compartilhamento de idéais, valores e experiências com outras pessoas e que no meu caso
em particular seria praticamente impossível a conclusão desta pesquisa sem a ajuda de
outras pessoas, muitos dos quais se tornaram meus amigos. Por este motivo, agradeço
sincera e profundamente a todos que muito me ajudaram a produzir algo de valor em minha
vida, em particular ao meu orientador Prof. Dr Juarez Antônio Simões Quaresma que desde
o mestrado nunca hesitou em me ensinar e orientar com seus preciosos conselhos. Muito
obrigado!

Manifesto aqui também minha profunda gratidão ao Instituto Evandro Chagas, Núcleo de
Medicina Tropical, Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, Clínica Pulmocenter e em
especial à Universidade do Estado do Pará que me proporcionaram elementos facilitadores
para a conclusão deste desafio tal como a concessão de exames clínicos e minha licença e
bolsa de pesquisa.

Por fim, agradeço em especial àqueles que sempre me apoairam incondicionalmente, que
apostam em mim mais do que ninguém e que seguramente são os que mais compartilham da
minha alegria: minha amada família e a Deus que é digno de toda honra e glória!

Mais uma etapa foi vencida, porém não tenho dúvidas que ainda é só o começo ....

Fábio Falcão
“A tarefa não é tanto ver aquilo que ninguém viu, mas pensar o que ninguém ainda pensou
sobre aquilo que todo mundo vê”. (Arthur Schopenhauer).
RESUMO

Associação entre HTLV e alterações no sistema pulmonar tem sido cada vez mais descrita
na literatura como parte de processo inflamatório desencadeado pelo vírus resultando em
infiltração linfocítica e liberação de citocinas e quimiocinas lesivas ao tecido pulmonar.
Assim, o objetivo desta pesquisa foi comparar achados de tomografia computadorizada (TC)
de tórax e função pulmonar entre grupos de pacientes infectados pelo Vírus T-linfotrópico
humano (HTLV). Trata-se de um estudo observacional transversal realizado entre janeiro de
2013 e abril de 2016 incluindo pacientes com paraparesia espástica tropical ou mielopatia
associada ao HTLV-1 (PET/MAH) do tipo definitivo (n=19), PET/MAH provável (n=11) e
sem PET/MAH (n=18), os quais realizaram exames de TC de tórax e espirometria e os
achados foram comparados entre os grupos cujo nível α adotado foi de 0.05. Ao final do
estudo pôde ser observado maior número de pacientes com PET/MAH definitivo que
apresentaram achados anormais de TC quando comparado a pacientes sem PET/MAH
(p=0.00), sendo mais frequentes bronquiectasias (p=0.00), cicatriz fibrosa (p=0.00),
espessamento de septo interlobular (p=0.04), espessamento pleural (p=0.01) e cicatrizes
pulmonares (p=0.00). Além disso, 18,75% (9/48) dos pacientes apresentaram distúrbio
ventilatório obstrutivo ou restritivo, sendo 31,5% (6/19) PET/MAH definitivo, 27% (3/11)
PET/MAH provável e nenhum (0/18) sem PET/MAH (p=0.01 e p=0.04, respectivamente).
Adicionalmente, 23% (11/48) dos pacientes com HTLV-1 apresentaram diâmetro da artéria
pulmonar principal igual ou superior a 29mm (µ=31.5±4.0mm). Em resumo, alterações
pulmonares foram observadas principalmente nos pacientes com PET/MAH o que pode
estar relacionado à resposta inflamatória desencadeada pelo vírus.

Palavras-chave: HTLV-1; Inflamação; Sistema respiratório.


ABSTRACT

Association between HTLV and changes in pulmonary system has been described in the
literature as part of the inflammatory process triggered by the virus resulting in lymphocytic
infiltration and release of cytokines/chemokines harmful to lung tissue. The aim of this
study was to compare computed tomography (CT) scans of chest and lung function among
patients with Human T-Lymphotropic Virus Type 1 (HTLV) with and without HTLV-1
assoaciated myelopathy/tropical spastic paraparesis (HAM/TSP). In this cross-sectional
observational study performed between January 2013 and April 2016, we included patients
who were difinitively diagnosed with HAM/TSP (n=19), probable for HAM/TSP (n=11) and
without HAM/TSP (n=18). CT scans of the chest and spirometry were performed, and the
findings compared between groups. We used α = 0.05 to denote statistical significance.
More patients who were HAM/TSP definitive had abnormal CT results (P=0.00), including
more frequent bronchiectasis (P=0.01), fibrous scars (P=0.00), interlobular septal thickening
(P=0.04) and pleural thickening (P=0.01). In addition, 31.5% (6/19) patients who were
HAM/TSP definitive, 27% (3/11) who were HAM/TSP probable and none of the controls
had obstructive or restrictive lung disease (P=0.01 and 0.04, respectively). Finally, 23%
(11/48) of patients with HTLV-1 have the largest diameter main pulmonary artery equal to
or greater than 29mm (μ=31.5±4.0mm). In summary, we observed pulmonary changes
especially those patients with definitively diagnosed with HAM/TSP, and this may be
associated with the inflammatory response triggered by the virus.

Key-words: HTLV-1; Inflamation; Respiratory system.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Organização genômica do HTLV ....................................................................... 18


Quadro 1 - Alguns genes ativados pela proteína tax ............................................................ 18
Figura 2 - Representação esquemática do ciclo viral ........................................................... 19
Figura 3 - Contato célula-célula necessário para criar sinapse virológica. Genoma viral
transmitido de célula a célula ............................................................................................... 21
Figura 4 - Hipótese para a patogênese da PET/MAH .......................................................... 25
Figura 5 - Ressonância Nuclear Magnética da coluna vertebral........................................... 28
Figura 6 - Infiltração linfocítica em bronquíolos respiratórios e parede alveolar no lobo
superior direito ..................................................................................................................... 31
Figura 7 - Células CD8+ HTLV-1 Tax-specific em lavado broncoalveolar (BALF) e
sangue (PBMCs) .................................................................................................................. 32
Figura 8 - Grupos de pacientes do estudo ............................................................................ 36
Figura 9 - Rearranjo dos grupos de pacientes do estudo ..................................................... 36
Figura 10 - Análise estatística do estudo ............................................................................. 44
Figura 11 - Distribuição percentual dos pacientes com achados anormais de TC de tórax
nos diferentes grupos do estudo ........................................................................................... 47
Figura 12 - TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH definitivo ....................... 47
Figura 13 - TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH definitivo ....................... 48
Figura 14 - TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH definitivo ....................... 48
Figura 15 - TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH definitivo ....................... 49
Figura 16 - TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH definitivo ....................... 49
Figura 17 - TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH provável ......................... 50
Figura 18 - TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH provável ......................... 50
Figura 19 - TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH provável ......................... 51
Figura 20 - TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH provável ......................... 51
Figura 21 - TC transversal de tórax de paciente sem PET/MAH ........................................ 52
Figura 22 - TC transversal de tórax de paciente sem PET/MAH ........................................ 55
Figura 23 - Comparação das variáveis de função pulmonar entre os grupos do estudo do
sexo feminino ....................................................................................................................... 60
Figura 24 - Comparação das variáveis de função pulmonar entre os grupos do estudo do
sexo masculino...................................................................................................................... 60
Figura 25 - TC transversal de tórax sem contraste de um paciente do sexo masculino com
PET/MAH provável (59 anos) e diâmetro da artéria pulmonar principal igual a 41.2mm 61
Figura 26 - TC transversal de tórax sem contraste de um paciente do sexo masculino sem
PET/MAH (60 anos) e diâmetro da artéria pulmonar principal igual a 29 mm .................. 62
Figura 27 - Distribuições amostrais do diâmetro da artéria pulmonar principal nos
diferentes grupos analisados do sexo feminino …………………………………………... 62
Figura 28 - Distribuições amostrais do diâmetro da artéria pulmonar principal nos
diferentes grupos analisados do sexo masculino …………………………………………. 63
Figura 29 - Comparação do diâmetro da artéria pulmonar principal entre pacientes
PET/MAH e sem PET/MAH cujo diámetro foi igual ou superior a 29 mm …………….... 64
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Manifestações clínicas associadas ao HTLV-1 …………..…….............….... 24


Tabela 2 - Criterios clínicos para definição da PET/MAH ………….…................…….. 27
Tabela 3 - Caracterização dos sujeitos do estudo. Belém/PA, 2013-2016 ....... ............... 45
Tabela 4 - Distribuição dos achados anormais de TC de tórax em pacientes com
PET/MAH definitivo e sem PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016 …....…......................… 53
Tabela 5 - Achados Anormais de TC de tórax entre pacientes PET/MAH definitivo e
PET/MAH provável. Belém/PA, 2013-2016 ……………….……………………...…… 54
Tabela 6 - Achados Anormais de TC de tórax entre pacientes PET/MAH provável e
sem PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016 ……………….…...……...…………………… 54
Tabela 7 - Achados Anormais de TC de tórax entre pacientes PET/MAH (definitivo e
provável) e sem PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016 …….…………..…………………. 55
Tabela 8 - Volumes, capacidades e fluxos obtidos e previstos para mulheres e homens
com PET/MAH definitivo. Belém/PA, 2013-2016 ......................………………............ 57
Tabela 9 - Volumes, capacidades e fluxos obtidos e previstos para mulheres e homens
com PET/MAH provável. Belém/PA, 2013-2016 ..................……………….................. 57
Tabela 10 - Volumes, capacidades e fluxos obtidos e previstos para mulheres e homens
sem PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016 ...............................……………….................... 58
Tabela 11 - Volumes, capacidades e fluxos de mulheres e homens com PET/MAH
definitivo e sem PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016 ........………………….................... 59
Tabela 12 - Volumes, capacidades e fluxos obtidos e previstos para mulheres e homens
com HTLV-1 cujo diâmetro da artéria pulmonar principal foi igual ou superior a 29
mm. Belém/PA, 2013-2016 ...................................……………………........................... 65
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AFC Alveolite fibrosante criptogênica


AP-1 Proteína ativada-1
CA Capsídio
CREB cAMP response function-associated elementobinding
CT Cycle threshold
DM Distrofia muscular
DPOC Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica
EDTA Ácido Etilenodiamino Tetra-ácido
ELA Esclerose Lateral Amiotrófica
ELISA Enzyme Linked Immunosorbent Assay
Foxp3 Forkhead box P3
Gag Antígenos Grupo Específicos
GLUT-1 Transportador de glicose-1
GM-CSF Fator estimulante de colônias de macrófagogranulócito
HAM/TSP Mielopatia associada ao HTLV-1/Paraparesia espástica tropical
HBz HTLV-1 bZip fator
HLA Human Leukocyte Antigen
HP Hipertensão pulmonar
HSPGs Moléculas de proteoglicanas de heparan sulfato
HTLV Vírus T-linfotrópico humano
ICAM-1 Intercelular achesion molecule 1
IFN Interferon
IL Interleucina
L/ATL Leucemia/Linfoma de Células T do Adulto
LBA Fluido do Lavado Broncoalveolar
LCR Líquido Céfalo Raquidiano
LFA-1 Leukocyte functionassociated antigen 1
LTC Linfócitos T Citotóxicos
LTR Long Terminal Repeats
MA Matrix Viral
MAD1 Mitotic arrest deficiente 1
MHC-I Complexo principal de histocompatibilidade de classe I
MMII Membros inferiores
MS Ministério da Saúde
MTOC Centro Organizador de Microtubos
NC Nucleocapsídio
NF-κB Nuclear Fator κB
NIH National Institutes of Health
NMT Núcleo de Medicina Tropical
NRP-1 Neurofilina-1
ORF Fase de Leitura Aberta
pb Pares de bases
PBMCs Células mononucleares sanguíneas periféricas
PCR Reação em Cadeia da Polimerase
PDGF Fator de crescimento derivado de plaqueta
PET/MAH Paraparesia espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1
Pol Polimerase
PTHrP Proteína relacionada ao hormônio da paratireoide
RNaseH Ribonuclease H
RNM Ressonância Nuclear Magnética
RT-PCR Reação em cadeia da polimerase em tempo real
SNC Sistema Nervoso Central
SRF Serum Response Binding 1
SUS Sistema Único de Saúde
TR Transcriptase reversa
TB Tuberculose pulmonar
TC Tomografia Computadorizada
TGF-β Fator de crescimento tumoral β
TNF-β Fator de necrose tumoral β
TH1 T helper cell type 1
TH2 T helper cell type 2
Treg Células T reguladoras
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 14
2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................. 16
2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O HTLV ................................................................... 16
2.2 ESTRUTURA VIRAL, DESCRIÇÃO TAXONÔMICA E ORGANIZAÇÃO 17
GENÔMICA ..............................................................................................................
17
2.3 CICLO VIRAL ............................................................................................................ 18
2.4 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E TRANSMISSÃO DO HTLV ........................... 21
2.5 HTLV NA AMAZÔNIA ............................................................................................. 22
2.6 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL .......................................................................... 23
2.7 ASPECTOS CLÍNICOS ASSOCIADOS AO HTLV-1 .............................................. 23
2.7.1 PET/MAH ............................................................................................................... 24
2.7.1.1 Patogênese e resposta imunológica ....................................................................... 24
2.7.1.2 Diagnóstico e manifestações clínicas .................................................................... 27
2.8 ALTERAÇÔES PULMONARES ASSOCIADAS AO HTLV .................................. 30
3 OBJETIVOS ............................................................................................................... 34
3.1 GERAL ....................................................................................................................... 34
3.2 ESPECÍFICOS ........................................................................................................... 34
4 MATERIAIS E MÉTODOS ...................................................................................... 35
4.1 SUJEITOS DA PESQUISA ....................................................................................... 35
4.2 LOCAIS DO ESTUDO .............................................................................................. 37
4.2.1 NMT/UFPA: ambulatório de doenças tropicais .................................................. 37
4.2.2 FSCMPA: Centro de Diagnóstico por Imagem ................................................... 38
4.2.3 Clínica Pulmocenter ............................................................................................... 38
4.3 DESENHO DO ESTUDO E CÁLCULO AMOSTRAL ........................................... 38
4.4 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO ...................................................................................... 39
4.4.1 Inclusão ................................................................................................................... 39
4.4.2 Exclusão .................................................................................................................. 39
4.5 COLETA DE DADOS ............................................................................................... 40
4.5.1 Análise de prontuário clínico e entrevista ........................................................... 40
4.5.2 Tomografia computadorizada de tórax de alta resolução .................................. 40
4.5.3 Espirometria ........................................................................................................... 41
4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA ........................................................................................ 43
4.7 ASPECTOS ÉTICOS ................................................................................................. 44
5 RESULTADOS ........................................................................................................... 45
6 DISCUSSÃO ............................................................................................................... 66
7 CONCLUSÃO ............................................................................................................. 76
REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 77
APÊNDICES .................................................................................................................... 85
ANEXOS .......................................................................................................................... 90
14

1 INTRODUÇÃO

O Vírus T-Linfotrópico Humano (HTLV) é um retrovírus de ocorrência mundial


que infecta aproximadamente cinco a dez milhões de pessoas em todo mundo com maior
prevalência no Japão, África, Caribe e América do Sul. No Brasil é considerado endêmico
com distribuição epidemiológica heterogênea. Na Amazônia, a incidência é elevada, sendo
relatado inclusive em comunidades indígenas o que faz do HTLV doença de grande
importância à saúde pública regional (PAIVA; CASSEB, 2015; FALCÃO et al., 2013;
ISHAK et al., 1995).

O HTLV-1 é o agente causador da paraparesia espástica tropical ou mielopatia


associada ao HTLV (PET/MAH), a qual caracteriza-se por ativação de linfócitos que
atravessam a barreira hematoencefálica com produção de quimiocinas e citocinas pró-
inflamatórias neurotóxicas (FUZII et al., 2014; SATOU et al., 2012). Além disso, pacientes
com PET/MAH apresentam disfunções imunológicas que aparentemente não estão presentes
nos indivíduos sem PET/MAH (ANDERSON et al., 2014; SARKIS et al, 2013; GESSAIN,
MAHIEUX, 2012).

Por outro lado, associação entre HTLV e alterações no sistema pulmonar tem
sido cada vez mais descritos na literatura como parte de um processo inflamatório
desencadeado pelo vírus com infiltração linfocítica e liberação de citocinas/quimiocinas
lesivas ao tecido pulmonar semelhante ao que ocorre ao nível da medula espinhal nos
pacientes PET/MAH (KAWABATA et al., 2012). Assim, é então razoável pressupor que
lesões pulmonares seriam mais evidentes em pacientes com HTLV-1 e PET/MAH
associada, uma vez que infiltração linfocítica pulmonar é mais provável em virtude da
doença inflamatória sistêmica subjacente nesses indivíduos. No entanto, vale destacar que
tal associação não está completamente clara.

Além disso, são escassas as pesquisas que associam o HTLV às alterações


pulmonares e as que existem, na grande maioria, são provenientes do Japão. Na América
Latina os estudos são oriundos principalmente do Peru (VERDONCK et al., 2007, 2008) e
no Brasil estão praticamente restritos ao estado da Bahia, os quais relatam somente a relação
entre o HTLV e a infecção pelo Mycobacterium tuberculosis (BASTOS et al., 2009, 2012;
MARINHO et al., 2005). Na Amazônia brasileira tal abordagem é inexistente.
15

Dessa forma, investigações relativas ao sistema pulmonar em pacientes com


HTLV-1 baseadas em imagens de tomografia computadorizada (TC) de tótax e análise da
função pulmonar pode esclarecer se de fato tais alterações são mais frequentes em pacientes
com PET/MAH do que em indivíduos HTLV-1-portador assintomático possibilitando,
assim, realizar inferências sobre o binômio lesão pulmonar e inflamação sistêmica. Além
disso, os resultados aqui coletados serão úteis a fim de melhorar a compreensão sobre a
patogenicidade do HTLV-1 ampliando, por consequência, as pesquisas na Região
Amazônica que segundo Vallinoto e colaboradores (2006) é reconhecidamente uma área
endêmica para o vírus no Brasil.

Nesse sentido, este estudo investigou alterações no sistema pulmonar de


pacientes com HTLV-1, incluindo o parênquima pulmonar, a função pulmonar e o sistema
vascular pulmonar em três principais grupos (PET/MAH definitivo, PET/MAH provável e
sem PET/MAH) residentes na Amazônia Oriental brasileira.
16

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 BREVE HISTÓRICO SOBRE O HTLV

A história dos retrovírus mostra que interesse médico pelos agentes infecciosos
causadores de tumores teve início com a descrição da possível transmissibilidade do
chamado sarcoma de Rous em aves em 1911. Apartir de então, foi observado associação de
processos neoplásicos em diversos animais com os então recém-descritos agentes virais, o
que gerou, na comunidade científica, grande expectativa que algumas neoplasias humanas
também pudesse estar associada a infecções por esses agentes (YOSHIDA, 2010).

No entanto, relação entre retrovírus e neoplasias em seres humanos só pôde ser


feita na década de 1980, nos Estados Unidos, quando um grupo de pesquisadores do
National Institutes of Health (NIH) isolou o primeiro retrovírus humano a partir de linhagem
de células linfoblastóides de um paciente afro-americano com Linfoma cutâneo de células T,
o qual foi denominado vírus de linfoma cutâneo de células T humanas (HTLV) (POIESZ et
al., 1980). Tal doença foi descrita paralelamente no Japão a partir do soro de pacientes com
leucemia/linfoma de células T do adulto (L/ATL), em situações independentes. No ano de
1982 foi isolado um segundo tipo de HTLV a partir de um paciente com tricoleucemia.
Métodos de cultivo in vitro e a caracterização biológica e molecular evidenciaram que se
estava frente a dois agentes intimamente relacionados, porém distintos, que passaram a ser
denominados HTLV-1 e HTLV-2, sendo este último bem menos patogênico que o primeiro.
Posteriormente foi definido o tropismo desses dois vírus para linfócitos TCD4+ e TCD8+,
respectivamente. O HTLV-2 compartilha 65% de similaridade na sequência de nucleotídeos
com o HTLV-1 (BASSANI et al., 2007).

Já no ano de 1983 um grupo francês iniciou uma série de estudos no Caribe,


precisamente na Martinica e Guiana Francesa, a fim de investigar mieloneuropatia endêmica
na região e o seu respectivo impacto clínico. Os resultados evidenciaram associação entre o
HTLV-1 e a referida mielopatia crônica originalmente denominada Paraparesia Espástica
Tropical. Moléstia similar foi descrita na mesma época no Japão. Descobriu-se mais tarde
que as duas descrições se tratava da mesma doença, atualmente descrita como paraparesia
espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1 (PET/MAH) (GESSAIN;
MAHIEUX, 2012).
17

Desde o isolamento do HTLV-1 e HTLV-2 outros tipos virais foram descritos, o


HTLV-3 (CALLATTINI et al., 2005) e o HTLV-4 (WOLFE et al., 2005). Apenas quatro
casos do HTLV-3 e um caso de HTLV-4 foram relatados em indivíduos camaronenses. As
poucas informações existentes sobre esses dois subtipos virais não são suficientes para
determinar se estes vírus podem ser transmitidos entre humanos ou são capazes de
desencadear doenças (TURPIN et al., 2015; GRIVAS et al., 2014).

2.2 ESTRUTURA VIRAL, DESCRIÇÃO TAXONÔMICA E ORGANIZAÇÃO


GENÔMICA

O HTLV-1 é um agente viral de tamanho médio (100nm), seu genoma possui


duas moléculas de RNA de cadeia simples, iguais, com polaridade positiva e infecta
primariamente os linfócitos TCD4+. Pertence à família Retroviridae, subfamília Oncovirinae
e gênero Deltaretrovirus. Os retrovírus, de um modo geral, apresentam estrutura genômica
com LTR-gag-pol-env-LTR ou LTR-δgag-onc-δenv-LTR, enquanto o HTLV apresenta
estrutura genômica com LTR-gag-pol-env-pX-LTR. Além dos genes estruturais comuns
aos retrovírus (gag, pol e env), o HTLV possui uma região denominada pX (gene
transformador responsável pela oncogênese e condições patológicas inflamatórias
relacionadas ao vírus), o qual exibe áreas de leitura (open reading frames, ORF)
codificadoras de proteínas reguladoras como tax, rex e HBZ, além de outras com função
desconhecidas. O genoma viral apresenta ainda em suas extremidades duas regiões LTR
(Long Terminal Repeats) sem função de codificação, porém com larga variabilidade entre
diferentes isolados e por essa razão são particularmente preteridas para a caracterização
genotípica dos subtipos virais (NIEDERER; BANGHAM, 2014; CIMINALE et al., 2014)
(Figura 1).
18

Figura 1 – Organização genômica do HTLV

Fonte: http://evunix.uevora.pt.
M-MULV: murine leucemia viroses. RSV: respiratory syncitial vírus.
HTLV-1: human t-lymphotropic vírus type 1. BLV: bovine leucemia vírus.

O conhecimento dos genes e suas expressões proteicas são importantes para o


entendimento da resposta imunológica do hospedeiro infectado, da patogênese e
imunopatogênese das doenças associadas ao HTLV. O quadro 1 mostra alguns genes
ativados pela proteína tax relacionados diretamente à patogenicidade do HTLV tais como
inflamação e oncogênese.

Quadro 1 – Alguns genes ativados pela proteína tax


Interleucinas 1, 2, 3 e 6 (IL-1, IL-2, IL-3 e IL-6)
Fator de crescimento de colônias de macrófagos/granulócito (GM-CSF)
Oncogenes c-fos, c-myc, c-sis
Vimentina
Proteína ligada ao paratormônio
Fator de crescimento tumoral – β1 (TGF-β1)
Antígeno de histocompatibilidade principal classe I (MHC-I)
Fator nuclear kβ (NFkβ)
Fator de crescimento neural (NGF)
Fator de necrose tumoral β (TNF-β)
Fonte: Ministério da Saúde do Brasil, 2013.

2.3 CICLO VIRAL

Adsorção da partícula viral à superfície celular do hospedeiro e a penetração em


seu interior ocorre entre glicoproteínas do envelope viral e receptores específicos da
19

superfície celular susceptível. Co-receptores de superfície celular também facilitam a adesão


e entrada na célula (MIYAZATO et al., 2016). Moléculas de proteoglicanos de heparan
sulfato (HSPGs) e neurofilina-1 (NRP-1) são utilizadas para ligação inicial com a célula.
Além disso, o transportador de glicose-1 (GLUT-1) é recrutado durante o processo de
entrada do vírus no citoplasma e fusão na membrana plasmática. A entrada viral é seguida
pelo desnudamento do capsídeo que é liberado no conteúdo celular. Em seguida, o RNA
viral é transcrito em DNA pela transcriptase reversa usando como primer um RNAt (RNA
transportador) específico. A dupla fita de DNA linear migra para o núcleo e integra-se no
genoma do hospedeiro pela ação de uma integrase viral, sendo caracterizado nesse momento
como provírus (Figura 2) (THÉNOZ et al., 2014; MIYAZATO et al., 2016).

Figura 2 – Representação esquemática do ciclo viral

Fonte: LOPES, 2006.

Tal integração se faz de maneira aleatória, difere entre os infectados e


permanece por toda a vida da célula. Os sítios de integração nas células infectadas
determinam o padrão de proliferação durante a expansão clonal que é a principal forma de
expansão da infecção pelo HTLV (OUAGUIA et al., 2014). Essa proliferação poderá
ocorrer por:
20

 Integração policlonal: várias células infectadas criam diversos clones


celulares e onde diversos sítios de integração proviral são encontrados.
 Integração oligoclonal: poucas células formam poucos clones e com presença
de poucos sítios de integração proviral.
 Integração monoclonal: Ocorre a partir de uma única célula infectada.

O processo de integração do provírus marca o final da fase precoce do ciclo de


multiplicação viral e se inicia a fase tardia que é caracterizada pela síntese do RNA viral
(mediada por enzimas do hospedeiro), levando à formação de um longo transcrito primário,
o qual é processado para formar os RNAs mensageiros (RNAm) e RNA genômico. Uma vez
integrado, o provírus utiliza a maquinaria celular para a replicação do genoma, transcrição
de genes, tradução de proteínas virais (OUAGUIA et al., 2014).

O contato celular entre os linfócitos T é necessário para a transmissão eficiente


do HTLV entre as células. O principal modo de infecção por contato célula-célula é a
sinapse viral onde linfócitos T infectados formam espontaneamente conjugados com
linfócito T não infectados. As proteínas virais gag e env, bem como os RNAs genômicos são
direcionados até o ponto de contato entre as células por transporte ativo do citoesqueleto,
indicando que a montagem viral ocorre na junção das células. O contato entre as células
depende de interações entre a proteína env e receptores da célula alvo como NRP-1 e Glut-1,
além de moléculas de adesão ICAM-1 (intercelular achesion molecule 1) e LFA-1
(leukocyte functionassociated antigen 1) (MIYAZATO et al., 2016). Este contato estável
entre as células determina um espaço intracelular conhecido como fissura sináptica,
favorecendo a transferência do HTLV da célula infectada para a célula não infectada sem
que o corra a liberação dos virions para o meio extracelular (Figura 3) (TANAKA et al.,
2015). Uma vez na corrente sanguínea, o HTLV-1 infecta preferencialmente linfócitos T
CD4+, embora os linfócitos T CD8+ sejam importantes reservatórios virais (NEROME et
al., 2014).
21

Figura 3 – Contato célula-célula necessário para criar sinapse virológica. Genoma


viral é transmitido de célula a célula.

Fonte: MATSUOKA; JEANG, 2007.


HTLV-1: Vírus Linfotrópico de células T humanas do tipo 1. ICAM1: Molécula de adesão
interleucina 1. LFA1: Antígeno associado à função de Linfócito 1. MTOC: Centro
organizador de microtubo.

2.4 DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E TRANSMISSÃO DO HTLV

É estimado que cerca de 20 milhões de pessoas estejam infectadas pelo HTLV


no mundo e o maior volume de dados sobre os aspectos epidemiológicos e clínicos
associados ao vírus provém do Japão, África, ilhas caribenhas e Américas Central e do Sul
que são as áreas de maior prevalência. Regiões que apresentam mais de 5% de
soropositividade são consideradas de alta prevalência; entre 5% e 1%, de média prevalência;
e menos de 1%, de baixa prevalência para o HTLV. A distribuição geográfica do vírus
possui uma característica peculiar chamada “cluster” onde regiões de altíssima prevalência
podem ser observadas adjacentes a áreas de prevalência zero (RIBEIRO et al., 2010).

Aproximadamente 90% das pessoas com HTLV permanecerão assintomáticas ao


longo de suas vidas. Esses indivíduos mantém uma rede de transmissão silenciosa que
ocorre através de transmissão sexual, sanguínea (agulha ou seringas contaminadas e
transfusão sanguínea e seus derivados) ou vertical (mãe-filho) (ABAD-FERNÁNDEZ et al.,
2015). Já o aleitamento materno é a principal via de transmissão vertical ocorrendo em 20%
a 30% dos lactentes amamentados por mães infectadas cujo risco está associado ao tempo de
amamentação. Por outro lado, a transmissão intrauterina ou no período periparto ocorre em
menos de 5% dos casos. A infecção adquirida através da atividade sexual é resultado dos
22

linfócitos infectados presentes no sêmen e secreção vaginal, sendo mais eficiente no sentido
homem-mulher de modo que a infecção se revela mais elevada nas mulheres (NEROME et
al., 2014).

A via de transmissão favorece o desenvolvimento de doenças específicas


associadas ao HTLV-1. A leucemia ou linfoma de células T do adulto, por exemplo,
correlaciona-se com o aleitamento materno, enquanto a PET/MAH possui ligação com a
transfusão de sangue. No contexto social, a infecção está associada a indicadores sócio-
econômicos e educacionais desfavoráveis, tanto em regiões endêmicas quanto não
endêmicas. No Brasil, a infecção pelo HTLV-1 tem o padrão mundial de características
epidemiológicas, ou seja, a soropositividade aumenta com a idade e é maior naqueles com
comportamento de risco (BRASIL, 2013; RIBEIRO et al., 2010).

2.5 HTLV NA AMAZÔNIA

A infecção pelo HTLV encontra-se presente em todas as regiões brasileiras,


porém varia de um estado a outro, sendo mais elevada na Bahia, Pernambuco, Maranhão e
Pará (PAIVA; CASSEB, 2015). Em se tratando da Região Norte, a Amazônia é considerada
um extenso território endêmico para o vírus e alguns estudos relacionando a prevalência,
distribuição geográfica, transmissão e manutenção do HTLV confirmam a difusão à locais
rurais e urbanos com endemicidade relevante e prevalência variável (PAIVA; CASSEB,
2015; ISHAK et al., 2007).

Ishak e colaboradores em 1995 identificaram a presença do HTLV em 25


comunidades indígenas no estado do Pará com soroprevalência de até 7,8%. Índices
elevados da infecção foram observados em comunidades como os Munduruku, Arara do
Laranjal e o Tyrió. Já Vallinoto et al., (2006), descrevem o HTLV em comunidades na Ilha
do Marajó/PA como Santana do Arari (3%) e em Ponta de Pedras (1%). Segundo os autores,
os resultados representam o primeiro relato de infecção pelo HTLV em um mocambo
localizado na Amazônia brasileira.

A epidemiologia do HTLV na Amazônia pode também ser explicada por


grandes obras de desenvolvimento governamental realizado na região. Estudo conduzido
pelo nosso grupo às margens da usina hidrelétrica de Tucuruí/PA, Amazônia Oriental
23

brasileira, aponta alta soroprevalência do HTLV 1/2 (4,7%) impulsionada em grande parte
pela forte migração durante a fase de construção da usina. Segundo os resultados, alguns
fatores como o baixo grau de escolaridade e o tempo de residência elevado na área ao
entorno da usina refletem a alta incidência da infecção viral (FALCÃO et al., 2013).

2.6 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

O diagnóstico do HTLV pode requerer tanto a habilidade de detectá-lo como a


capacidade de diferenciar os tipos virais. A estratégia para identificação, confirmação e
diferenciação dessa infecção tem evoluído de acordo com a disponibilidade de novas
técnicas sorológicas, biológicas e moleculares (GESSAIN, 2011).

Sob o ponto de vista laboratorial o diagnóstico pode ser realizado através de dois
tipos de testes: os de triagem tipo ELISA (enzyme linked immunosorbent assay), o qual
apresenta alta sensibilidade e é baseado na detecção de anticorpos contra o vírus presentes
no soro e/ou no líquido céfalo raquidiano (LCR) e os confirmatórios, tais como PCR (reação
em cadeia da polimerase), Western Blot, Imunoflorescência Indireta, entre outros
(MORENO et al., 2013).

O algorítimo recomendado pelo Ministério da Saúde do Brasil (BRASIL, 2013)


preconiza a utilização de testes imunoenzimáticos com amostras de soro em duplicata,
técnica simples de alta sensibilidade e que pode ser automatizada para a testagem simultânea
de grande número de amostras. O soro ou plasma do paciente é incubado com os antígenos
específicos do HTLV adsorvidos a uma placa de poliestireno e o resultado é obtido segundo
a intensidade colorimétrica que é medida em densidade ótica. De acordo com o valor de
corte (cut off) é definido se o soro é reagente ou não. Mais recentemente, antígenos
recombinantes do HTLV-1/2 e gp21e foram incorporados ao teste ELISA melhorando sua
especificidade e sensibilidade (ISHIHARA et al., 2014).

2.7 ASPECTOS CLÍNICOS ASSOCIADOS AO HTLV-1

Doenças associadas ao HTLV-1 apresentam diferenças quanto à forma clínica,


evolução e resposta terapêutica, pois o vírus altera a resposta imunológica do hospedeiro ao
atacar principalmente linfócitos TCD4+ helper que tem papel central na resposta
24

imunológica adaptativa. Várias doenças têm sido associadas ao HTLV-1 e dentre elas
destaca-se a L/ATL, PET/MAH, uveíte, dermatite infecciosa, doenças reumatológicas,
alterações psicológicas e mais recentemente o acomentimento pulmonar cujas manifestações
são variadas (BRASIL, 2013) (Tabela 1).

Tabela 1 – Manifestações clínicas associadas ao HTLV-1


Leucemia/Linfoma de células T do Adulto.
Paraparesia espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1.
Vasculite
Uveíte
Alveolite pulmonar
Polimiosite
Dermatite infecciosa
Artrite
Fonte: Ministério da Saúde, 2013.

2.7.1 PET/MAH

Embora a infecção pelo HTLV-1 seja persistente, apenas 2% a 3% dos


infectados desenvolvem PET/MAH cujos fatores de risco são altos títulos de anticorpos, alta
carga proviral e pertencer ao sexo feminino. Por outro lado, estudos imunogenéticos revelam
que indivíduos que possuem o gene HLA-A02* tem menor carga proviral e,
consequentemente, menor risco de desenvolver tal neuropatia (ARAUJO et al., 2015).

2.7.1.1 Patogenia e resposta imunológica

Existem três hipóteses para explicar a neuropatogenia da PET/MAH. Na


primeira, chamada teoria da toxidade direta, células gliais infectadas pelo HTLV-1
expressariam antígenos virais em sua superfície fazendo com que linfócitos T citotóxicos
CD8+ específicos cruzem a barreira hematoencefálica destruindo tais células nervosas. Na
segunda hipótese, denominada teoria da autoimunidade, antígeno próprio da célula glial
seria confundido com algum antígeno viral e então linfócitos TCD4 helper tomariam tal
célula glial como elemento estranho o que resultaria na morte celular. A identificação
recente da proteína neuronal hnRNP-A1 que apresenta reação cruzada com a proteína viral
25

tax pode fornecer mais subsísidios a esse modelo de mimetismo celular danoso. A terceira e
mais aceita de todas as hipóteses, descrita como dano circundante ou “bystander”está
fundamentada no fato que linfócitos TCD4+ infectados e linfócitos TCD8+ específicos para
a proteína viral tax atravessariam a barreira hematoencefálica resultando na liberação de
citocinas danosas ao sistema nervoso central com consequente lesão (Figura 4)
(MATSUURA et al., 2015; VALLINOTO et al., 2015; FUZII et al., 2014).

Figura 4 – Hipótese para patogênese da PET/MAH

Fonte: FUZII et al., (2014).


Foxp3+: forkhead box p3. HTLV-1: human t-lymphotropic vírus type 1. CTL: cytotoxic T cell.
TGF-β: transforming growth factor beta. IL: interleukin. CNS: central nervous system.
Proliferação espontânea de linfócitos T CD4+ infectados e aumento da capacidade de migração
dos leucócitos circulantes, percentagem de linfócitos T CD8+ específicos ao HTLV-1 e produção
de citoquinas inflamatórias no SNC (IFN-y e TNF-α), reduções da expressão de Foxp3+ e
citocinas anti-inflamatórias (IL-10 e TGF-β) responsável pela função de resposta imunológica
supressiva.

Uma vez infectadas pelo HTLV-1, as células T proliferam, aumentam a


expressão constitutiva de IL-2R e como consequência ocorre grande produção de citocinas
envolvidas na manutenção e proliferação celular. Tax estimula e regula a expressão de genes
virais e celulares interagindo com fatores de transcrição celular e moléculas de sinalização
que induzem a proliferação espontânea dos linfócitos T e consequente produção de várias
citocinas, incluindo IFN- γ, TNF-α, GM-CSF e IL-1 em pacientes com PET/MAH. Apesar
da grande variabilidade de produção individual de citocinas, os pacientes com PET/MAH
apresentavam concentrações significantemente mais elevadas de IFN-γ do que os infectados
assintomáticos, demonstrando intensa resposta imunológica celular inflamatória nestes
26

pacientes e sugerindo que células T com perfil Th1 predominam (FUZII et al., 2014;
JAKOBSEN et al., 2015; VALLINOTTO et al.; 2015).

Segundo estudo de revisão publicado por Fuzii e cols. (2014), linfócito T CD4+
presentes em pacientes com PET/MAH possuem atividade transmigratória e capacidade em
atravessar a barreira hematoencefálica significantemente maior quando comparado as
mesmas células de pacientes assintomáticos. Já as células T CD8+ estão cronicamente
ativadas e a maioria reconhece a proteína viral tax. A ativação dos linfócitos T CD8+
específicos para tax induz intensa produção de citocinas pró-inflamatórias (NIEDERER et
al., 2014).

Além das citocinas pró-inflamatórias, as quimiocinas (pequenas proteínas


envolvidas no tráfego normal dos leucócitos e no recrutamento de leucócitos para sítios de
lesão) também possuem papel importante durante a resposta inflamatória observada na
PET/MAH. CXCL-9 e CXCL-10, quimiocinas reconhecidas como importantes no
recrutamento de células Th1, estão aumentadas no soro de pacientes com PET/MAH quando
comparadas a portadores assintomáticos, sugerindo que a presença destas moléculas
aumentam o recrutamento de fatores pró-inflamatórios para o tecido medular, contribuindo
para os danos observados no desenvolvimento da mielopatia (NIEDERER et al., 2014;
FUZII et al., 2014).

Ainda assim, fatores virais, genética do hospedeiro e a carga proviral também


podem influenciar o desenvolvimento da PET/MAH. Nesse sentido, considerada a mais
importante proteína regulatória do vírus, tax é essencial à replicação viral e transformação
celular (NDHLOVU et al., 2011). Já a carga proviral do HTLV-1 e o risco de desenvolver
PET/MAH são influenciados pela eficiência da resposta imunológica celular contra o vírus.
Indivíduos que apresentam resposta eficiente dos LTC específicos contra a proteína tax
conseguem manter a população de células infectadas em equilíbrio, reduzindo a carga
proviral. Por outro lado, nos indivíduos com resposta pouco eficiente, a carga proviral se
manteria alta e os LTCs constantemente estimulados o que produziria excesso de
mediadores inflamatórios lesivos ao SNC como Interferon gama (IFN-γ) e Fator de Necrose
Tumoral alfa (TNF-α) (NIEDERER et al., 2014; VAKILI et al., 2013; NDHLOVU et al.,
2011).
27

2.7.1.2 Diagnóstico e manifestações clínicas

O diagnóstico da PET/MAH baseia-se em dados clínicos e laboratoriais cujos


critérios foram propostos pela Organização Mundial de saúde (OMS). Em 2006
neurologistas de vários países reavaliaram tais parâmetros e propuseram um modelo para
diagnosticar a PET/MAH em três categorias: PET/MAH definitivo, PET/MAH provável e
PET/MAH possível (CASTRO-COSTA et al., 2006). Vale destacar ainda que um único
sinal clínico ou sintoma pode ser evidência precoce de PET/MAH, uma vez que o quadro
clínico típico da doença nem sempre está presente quando o paciente se apresenta pela
primeira vez ao examinador (Tabela 2).

Tabela 2 – Critérios clínicos para definição da PET/MAH


Critérios e classificação

Definitivo:
1. Paraparesia espástica progressiva não remitente com alteração na marcha referida pelo paciente. Alterações
sensoriais (podem ou não estar presentes). Alterações esfincterianas (podem ou não estar presentes).
2. Sorologia para HTLV-1 (sangue e/ou LCR) confirmado por PCR ou Western Blot positivo.
3. Exclusão de outras doenças semelhantes a PET/MAH.
Provável:
1. Apresentação monossintomática: espasticidade ou hiperreflexia nos MMII ou sinal de Babinski com ou
sem alterações sensoriais ou somente bexiga neurogênica (confirmado por teste urodinâmico).
2. Sorologia para HTLV-1 (sangue e/ou LCR) confirmado por PCR ou Western Blot positivo.
3. Exclusão de outras doenças semelhantes a PET/MAH.
Possível:
1. Apresentação clínica completa ou incompleta.
2. Sorologia para HTLV-1 (sangue e/ou LCR) confirmado por PCR ou Western Blot positivo para o HTLV-1.
3. Distúrbios que podem se assemelhar a PET/MAH não devem ser excluídos.
Fonte: Adaptado de CASTRO-COSTA et al., (2006).

A Paraparesia espástica tropical é uma doença crônica normalmente de início


insidioso, progressivo e sem períodos de remissão. Afeta frequentemente as mulheres na
proporção aproximada de 3:1, predomina na 4ª e 5ª décadas de vida e raramente antes dos 20
ou após os 70 anos. O risco associado varia de 0,25% a 2,4% entre os portadores do vírus.
Os pacientes com baixos títulos de anticorpos no líquor geralmente tem um período de
latência maior, sintomas mais frustos e níveis mais baixos de neopterina no LCR (marcador
28

de atividade macrofágica) do que aqueles com altos títulos de anticorpos (MARTIN et al.;
2014).

A PET/MAH possui como característica marcante um processo de degeneração


da substância branca associado a forte evento inflamatório com pouco envolvimento da
substância cinzenta ao nível da medula torácica inferior. Nos casos mais avançados ou de
longa duração a degeneração predomina sobre o processo inflamatório com a substituição do
padrão celular por um padrão atrófico - atrofia medular de moderada à grave e espessamento
das meninges (MARTIN et al.; 2014) (Figura 5).

Figura 5 – Ressonância Nuclear Magnética da coluna vertebral.

Fonte: http://www.scielo.br/img/fbpe/rsbmt/v35n4/a15fig02.gif.
RNM: Ressonância Nuclear Magnética.
Presença de atrofia da medula espinhal (seta).

Os tratos córtico-espinais (vias piramidais) são os mais acometidos estando


presentes sinais clínicos como espasticidade, babinsk positivo, clônus e hiperreflexia. Há
também acometimento dos tratos espino-cerebelares (propriocepção inconsciente) e espino-
talâmico (dor e sensação térmica), embora menos frequente. Nos nervos periféricos há
infiltrado linfocitário perivascular ao redor do epineuro e menos intenso no endoneuro,
correspondendo a uma neuropatia periférica com sinais de desmielinização e degeneração
axonal nos casos de longo curso (SÁ et al., 2015; MARTIN et al.; 2014).
29

Alterações na marcha, fraqueza e enrijecimento dos membros inferiores e o


comprometimento do equilíbrio dinâmico constituem os principais sinais e sintomas de
apresentação da doença. Todos os grupos musculares podem ser acometidos de maneira a
tornar a marcha com velocidade diminuída, além de resultar em grande dispêndio
energético. O grau de espasticidade torna-se, portanto, o principal fator limitante, havendo
restrição da deambulação e necessidade de auxílio progressivo à marcha como bengalas e
andadores. A cadeira de rodas representa o estágio final da evolução. A progressão da
incapacidade neurológica parece ocorrer principalmente durante os dois ou três primeiros
anos da doença, tornando-se relativamente estável após esse período (ARAUJO, 2015;
CASTRO-COSTA et al., 2006).

As alterações sensoriais nem sempre acompanham o quadro motor, mas pode


haver relato de disestesias e parestesias nos membros inferiores, predominantemente distais.
A dor em região dorso-lombar constitui também sintoma comum; correlaciona-se, às vezes,
aos dermátomos acometidos ou manifesta-se com raquialgia ou dor segmentar. A disfunção
erétil no homem pode ocorrer precocemente; se não, ela ocorrerá com a evolução da doença.
Em relação às funções corticais superiores, revela-se incomum o déficit cognitivo
(ARAUJO, 2015).

O comprometimento da bexiga depende do estágio evolutivo da doença,


podendo os sintomas de disfunção autonômica anteceder, serem concomitantes ou
manifestar-se tardiamente. É mais comum a bexiga hiperreflexa, de pequena capacidade,
com baixa complacência e altas pressões intravesicais. Associa-se, com frequência,
dissinergia detrusora esfincteriana que representa fator complicador do esvaziamento
vesical, produzindo jato urinário fraco, ou intermitente, ou mesmo a impossibilidade de
micção. As manobras de Valsalva e de Credé, realizadas a intervalos variados auxiliam o
esvaziamento vesical. As infecções urinárias de repetição, a litíase do trato urinário e até
quadros graves de pielonefrite crônica ou de insuficiência renal, constituem complicações
comuns (ARAUJO, 2015).

A constipação intestinal progressiva também encontra explicação na lesão das


raízes sacrais. O intestino neuropático provoca grande desconforto: constipação/obstipação,
formação de fecalomas, distensão e timpanismo abdominal, doença procto-hemorroidária e
incontinência fecal constituem achados corriqueiros. Ao processo de reeducação vesical
30

associam-se estímulos ao funcionamento intestinal de forma a otimizar o esvaziamento. As


dietas ricas em fibras e laxativas, as massagens abdominais e o estímulo dígito-anal auxiliam
no tratamento da constipação (SÁ et al., 2015; MARTIN et al., 2014).

Outras manifestações clínicas podem também estar associadas à PET/MAH tais


como alveolite pulmonar, uveíte, síndrome de Sjögren, artropatia e vasculite (KAWABATA
et al., 2012).

2.8 ALTERAÇÕES PULMONARES ASSOCIADAS AO HTLV

O espectro de doenças associadas ao HTLV não está completamente definido,


porém como já citado anteriormente, algumas condições patológicas têm sido associadas ao
vírus, incluindo artropatia, uveite, neuropatia, leucemia e doenças pulmonares. Vale destacar
que estas desordens podem ser encontradas simultaneamente em um mesmo indivíduo,
indicando que envolvimento sistêmico ocorre durante a infecção pelo HTLV. Já as doenças
pulmonares podem variar em relação a sua forma de acometimento no paciente infectado.
Em pacientes com L/ATL, a pneumopatia é causada principalmente por infecções
oportunistas ou infiltração pulmonar de células leucêmicas. Em portadores assintomáticos e
em pacientes com PET/MAH podem ser observados alveolíte T linfocítica, pneumonia
interesticial, bronquiolite e panbronquiolite difusa, além do risco aumentado para
cryptococcose pulmonar, tuberculose pulmonar e pneumonia adquirida na comunidade
(FUKUOKA et al., 2013; ATSUMI et al., 2009).

Estudos vêm demonstrando estreita relação entre a expressão de RNAm viral e


ativação de linfócitos em nível pulmonar com consequente desenvolvimento de lesões
inflamatórias em pacientes com HTLV-1 em comparação a indivíduos sadios (MIYAZATO
et al., 2000; MURPHY et al., 2003). Análise histopatológica e molecular utilizando ratos
infectados pelo HTLV (ratos transgênicos expressando tax) evidenciou acúmulo de células
inflamatórias que consistiu principalmente de linfócitos, as quais estavam presentes em
áreas peribronquiolar, perivascular e septos alveolares, enquanto que os camundongos
controles não apresentaram tais alterações. Além disso, citocinas inflamatórias como a IL-
1b, TNF-α e IFN-γ e quimiocinas diversas foram detectadas nos pulmões desses ratos
infectados, mas não nos controles. Os autores sugeriram que a proteína viral p40tax está
envolvida no desencadeamento de tais lesões (MIYAZATO et al, 2000). Para Teruya et al.,
31

(2008), o HTLV-1 infecta células epiteliais do pulmão com subsequente produção local de
citocinas e quimiocinas através da indução de NF-kB e AP-1.

Do ponto de vista radiológico, a infecção pelo HTLV-1 pode produzir lesões


pulmonares como nódulos centrolobulares, bronquiectasias e espessamento da parede
brônquica. Bronquiectasias tem sido reportado entre arborígenas australianos e em
afrodescentes residentes no reino unido infectados pelo HTLV-1 (HONARBAKHSH;
TAYLOR, 2015). Patologicamente esses achados corresponderam à infiltração de linfócitos
no parênquima pulmonar periférico, a exemplo da parede dos bronquíolos respiratórios e
interstício peribronquiolar adjacente (OKADA et al., 2006; TATEISHI et al., 2001) (Figura
6).

Figura 6 – Infiltração linfocítica em bronquíolos


respiratórios e parede alveolar em lobo superior direito
(setas)

Fonte: OKADA et al., (2006)

Para Kawabata et al., (2012) existe correlação positiva entre a carga proviral e o
número de linfócitos no fluído do lavado broncovascular (LBA) de pacientes com
PET/MAH havendo formação de clusters de linfócitos T CD8+ HTLV-1 tax-specifico em
tecido pulmonar e bronquiolite associada. Além disso, células T CD8+ HTLV-1 tax-
specifico no LBA se correlacionam positivamente com as mesmas células em sangue
periférico, sugerindo que aumentos da frequência de células T CD8+ HTLV-1 específico no
32

sangue levam a infiltração eficiente das mesmas células no interior dos pulmões
ocasionando lesões (Figura 7).

Figura 7 – Células CD8+ HTLV-1


Tax-específica em lavado
broncoalveolar (BALF) e no sangue
(PBMC’s).

Fonte: KAWABATA et al., 2012.


HTLV-1: human t-lymphotropic vírus type
1. CD: cluster of differentiation. PBMCs:
sangue periférico. BALF: lavado
broncoalveolar.

Estudo recente mostrou que a expressão de HTLV-1 bZIP factor (HBZ) aumenta
o número de células T regulatórias por indução da transcrição de forkhead box P3 (Foxp3)
em ratos transgênicos que expressam HBZ em células T CD4+, os quais desenvolveram
processo de inflamação pulmonar com liberação de citocinas e quimiocinas. Assim, tax e
HBZ podem desempenhar papel crítico na patogênese do envolvimento pulmonar de
pacientes com HTLV-1 via expressão Foxp3, uma vez que tax pode ser importante para
iniciar a doença enquanto o HBZ pode promover a progressão da doença inflamatória a nível
pulmonar (NAKAYAMA et al., 2013).

Portanto, estes achados sugerem que o pulmão é um sítio preferencial para o


HTLV e que este tropismo peculiar possa ser o principal responsável pelas lesões
pulmonares muitas das quais descobertas ocasionalmente ou diante de sintomatologia grave,
a qual parece ser menos comum e restrita a alguns casos que podem requerer internações
33

hospitalares. No geral a sintomatologia pulmonar é subclínica, exceto em casos de doença


pulmonar avançada.
34

3 OBJETIVOS

3.1 GERAL

 Investigar a presença de alterações morfológicas e funcionais no sistema pulmonar de


pacientes infectados pelo HTLV-1 com e sem PET/MAH.

3.2 ESPECÍFICOS

 Comparar achados de TC de tórax entre pacientes com e sem PET/MAH.


 Comparar achados de função pulmonar entre pacientes com e sem PET/MAH,
confrontando-os com valores preditos.
 Compilar medidas associativas de risco referente a cada achado tomográfico do estudo
nos diferentes grupos.
 Mensurar o diâmetro da artéria pulmonar principal entre pacientes com HTLV-1,
comparando-os entre os indíviduos com e sem PET/MAH, bem como com achados
radiológicos e espirométricos.
 Fazer inferências sobre o binômio inflamação sistêmica versus lesão pulmonar.
35

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 SUJEITOS DA PESQUISA

O estudo foi realizado junto a indivíduos infectados pelo HTLV-1 e que estão
em acompanhamento clínico no ambulatório do Núcleo de Medicina Tropical (NMT) da
Universidade Federal do Pará (UFPA). O diagnóstico para o referido vírus foi caracterizado
pela presença de anticorpos anti HTLV-1 e posterior integração policlonal do DNA proviral
em células sanguíneas periféricas.

Os sujeitos da pesquisa foram selecionados por conveniência, respeitando a


ordem de chegada ao serviço, obedecendo aos critérios de inclusão propostos. Tais pacientes
são provenientes principalmente do Centro de Hemoterapia e Hematologia do Estado do
Pará (HEMOPA) ou são familiares dos pacientes já cadastrados no NMT da UFPA tal como
irmãos, mãe, pai, filhos, cônjuge, etc; ou então são oriundos das diferentes unidades de
saúde vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). No geral, há uma suspeita clínica ou
triagem sorológica para o HTLV-1 que justifique o encaminhamento dos mesmos ao
ambulatório do NMT da UFPA.

Setenta (70) indivíduos com HTLV-1 foram selecionados inicialmente entre


janeiro de 2013 e abril de 2016. Destes, 20 foram excluídos devido histórico de tuberculose
pulmonar (n=09), anemia hemolítica (n=01), esclerodermia (n=01), recusa em participar do
estudo (n=01), tabagismo (n=01), exposição à poeira no trabalho (n=02), gravidez (n=02) e
co-infecções (n=03; dois por hepatite do tipo C e um por HIV). Dos 50 pacientes restantes,
02 não realizaram exame de TC de tórax perfazendo o total de 48 pacientes elegíveis, dos
quais 19 foram classificados como PET/MAH definitivo e 11 PET/MAH provável
(CASTRO-COSTA et al.; 2006) e 18 sem PET/MAH (Figura 8).
36

Figura 8 – Grupos de pacientes do estudo

Fonte: Protocolo de pesquisa. Belém/PA, 2013-2016.


HTLV-1: human t-lymphotropic vírus type 1. PET/MAH: paraparesia espástica
tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1. TC: tomografia computadorizada de
tórax.

Outra forma de agrupar os indivíduos no estudo foi realizada da seguinte


maneira: grupo alteração neurológica, denominado PET/MAH (n=30; 19 PET/MAH
definitivo e 11 PET/MAH provável) e grupo sem alteração neurológica, denominado Sem
PET/MAH (n=18) (Figura 9).

Figura 9 – Rearranjo dos grupos de pacientes do estudo

Fonte: Protocolo de pesquisa. Belém/PA, 2013-2016.


HTLV-1: human t-lymphotropic vírus type 1. PET/MAH: paraparesia espástica
tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1. TC: tomografia computadorizada de
tórax.
37

Os pacientes com PET/MAH foram classificados de acordo com os critérios


propostos por Castro-Costa e colaboradores (2006), assim descrito: a) PET/MAH definitivo:
presença de paraparesia espástica progressiva e não remissiva em membros inferiores com
comprometimento da marcha. Sinais ou sintomas sensoriais podem ou não estar presentes e
quando presentes permanecem sutis e sem um nível bem definido. Sinais ou simtomas
urinário e de esfíncter anal podem ou não estar presentes b) PET/MAH provável:
apresentação clínica do tipo monossintomática seja com a presença de espasticidade ou
hiperreflexia nos membros inferiores; ou sinal de Babinsk isolado com ou sem sinais e
sintomas sensoriais subjacentes; ou bexiga neurogênica confirmada por meio de teste
urodinâmico. Em ambos os grupos é necessário confirmar a infecção pelo HTLV-1 através
de exames laboratoriais e excluir outras doenças semelhantes à PET/MAH (ANEXO A).
Tais manifestações clínicas refletem o processo inflamatório sistêmico que é mais
exuberante nos pacientes PET/MAH definitivo do que na PET/MAH provável.

Todos os indivíduos do estudo são soronegativos para o HIV, não realizavam


uso de drogas imunossupressoras, relataram não ter diabetes e/ou histórico de doença
cardiovascular e pulmonar.

4.2 LOCAIS DO ESTUDO

4.2.1 NMT/UFPA: Ambulatório de doenças tropicais

O Núcleo de Medicina Tropical é uma unidade de integração da UFPA


localizado na cidade de Belém e destinado ao ensino de pós-graduação, pesquisa e extensão
na área de doenças tropicais e demais temas de interesse amazônico com o propósito de
fomentar o desenvolvimento sócio-ambiental e melhoria da qualidade de vida da população
amazônica. O ambulatório do NMT é referência no acompanhamento clínico e
multiprofissional voltado a pacientes com doenças infecciosas, incluindo o HTLV, oriundos
do sistema estadual de saúde da região metropolitana de Belém e interior do estado do Pará.
Atualmente conta com profissionais médicos de diferentes especialidades, fisioterapeutas,
farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e enfermeiros. No ambulatório do NMT
da UFPA foi realizado análise de prontuário clínico e entrevista com cada indivíduo do
estudo por meio de preenchimento de ficha protocolo especialmente elaborada para a
pesquisa (APENDICE B).
38

4.2.2 FSCMPA: Centro de Diagnóstico por Imagem

A Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará (FSCMPA) é um órgão da


administração indireta vinculada à Secretaria de Estado de Saúde Pública e certificada como
hospital de ensino tendo como finalidades o tripé assistência-ensino-pesquisa. O hospital
atende 100% da demanda do SUS e o Centro de Diagnóstico por Imagem
da instituição oferece exames de tomografia computadorizada (TC), raios-x,
ultrassonografia, endoscopia, entre outros. O serviço de radiologia da FSCMPA realiza mais
de 20 procedimentos de TC de tórax/dia. Neste local foi realizado exame de TC de tórax de
alta resolução junto aos pacientes do estudo, bem como sua respectiva análise.

4.2.3 Clínica Pulmocenter

Entidade privada onde são realizados procedimentos vinculados à área da


pneumologia. Além do atendimento clínico através de consultas é também possível a
realização de exames de diagnóstico. Em média são realizados nesse local mais de 30
procedimentos de espirometria por dia. A realização dos exames de espirometria junto aos
pacientes do estudo se deu por meio de parceria da instituição com o referido projeto de
pesquisa na forma de cortesia.

4.3 DESENHO DO ESTUDO E CÁLCULO AMOSTRAL

Trata-se de estudo quali-quantitativo do tipo observacional transversal ou de


Inquéritos ou Surveys. Para o cálculo do tamanho da amostra foram consideradas as
prevalências de 30.1% de achados anormais pulmonares em indivíduos HTLV-1 portador
(OKADA et al., 2006) e de 8,3% a partir de estudo piloto envolvendo 12 pacientes. O poder
do teste foi de 80%, intervalo de confiança de 95% e nível alfa de 5%, obtendo-se amostra
estimada de 28 indivíduos.
39

4.4 CRITÉRIOS DE SELEÇÃO

4.4.1 Foram incluídos na pesquisa os indivíduos

 Com diagnóstico sorológico e molecular para o HTLV-1 e em


acompanhamento clínico no NMT da UFPA.
 Que aceitaram realizar todos os procedimentos relativos ao estudo.

4.4.2 Foram excluídas da pesquisa as pessoas:

 Que se negaram assinar o termo de consentimento livre e esclarecido


(APÊNDICE A);
 Com qualquer tipo de pneumopatia simultânea, tais como doenças do
colágeno (ex: esclerodermia), sarcoidose, doenças ocupacionais, asma, doença
pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), deficiência de α1 antitripsina, etc. Essas
alterações podem manifestar achados radiológicos anormais como opacidade
em vidro fosco, bronquiectasias, espessamento de feixes broncovasculares,
bem como alterar a função pulmonar. Além disso, substâncias existentes no
local de trabalho capazes de provocar doenças pulmonares ocupacionais
exercem suas influencias principais por mecanismos irritativo, inflamatório,
tóxico, fibrogênico, imunológico, etc.
 Portadoras de doenças infecciosas simultâneas tais como HIV, HCV, HBV,
etc. Tais infecções podem alterar a resposta imunológica.
 Portadoras de malignidade tal como a L/ATL, a qual cursa com processo de
imunossupressão e infecções pulmonares oportunistas.
 Gestantes devido ao risco de exposição aos raios-x.
 Com doenças degenerativas do sistema nervoso ou sistema
musculoesquelético ou outra condição que acometa a função ventilatória, tais
como: esclerose lateral amiotrófica, distrofias musculares, etc.
 Com doenças cardíacas e/ou portadores de diabetes mellitus.
40

4.5 COLETA DE DADOS

4.5.1 Análise de prontuário clínico e ntrevista

Previamente à coleta de dados da pesquisa foram extraídas informações a partir


dos prontuários clínicos dos respectivos pacientes tais como sinais e sintomas clínicos
gerais, presença de doenças associadas, informações referentes a exames laboratoriais,
medicação utilizada, procedência, entre outros.

Posteriormente foi realizado entrevista com cada indivíduo por meio do


preenchimento de ficha-protocolo específica (APÊNDICE B) de onde foi possível coletar
informações gerais, dados clínicos, informações sobre doenças pulmonares,
cardiovasculares, metabólicas e infecciosas, prática de tabagismo, exposição ocupacional à
substâncias tóxicas, distúrbio esfincteriano, uso de dispositivos auxiliares para marcha,
condição socioeconômica, grau de escolaridade, idade, estatura, estado civil, naturalidade,
local de residência, etc. Em conjunto, tais informações também foram úteis para incluir ou
excluir os pacientes do estudo.

4.5.2 Tomografia computadorizada de tórax de alta resolução

Foram realizadas como parte da rotina de atendimento clínico e cada indivíduo


do estudo foi submetido a único exame sem administração de fármacos, sedativos e/ou
contraste endovenoso. Na posição de decúbito dorsal o paciente realizou inspiração
profunda seguida de apneia momentânea no interior do tomógrafo de alta resolução GE
Multislice Brightspeed Edge Select 8 CH™ (GE Healthcare, Chalfont St Giles, Reino Unido)
para captação de imagens transversais do tórax com cortes menores do que 1mm de
colimação o que auxiliou na detecção mesmo de pequenas lesões.

Análise das TC’s de tórax foram realizadas por médico radiologista em conjunto
com fisioterapeuta especialista em reabilitação cardiopulmonar, os quais estavam cientes do
diagnóstico clínico de HTLV-1 dos pacientes. Foi utilizado o computador Imac™ (Apple Inc,
Cupertino, EUA) e o software Osirix MD versão 5.8.5™ (Pixmeo Company, Bernex, Suiça)
o que possibilitou avaliação precisa e abrangente das estruturas do sistema pulmonar. Os
achados de TC de tórax presentes no estudo foram classificados de acordo com os critérios
41

propostos por Silva et al., (2010) e Hansell et al., (2008), tal como: a)
bronquiectasias/bronquioloectasias: dilatações anormais de bronquios e bronquíolos,
respectivamente b) cicatriz fibrosa: área de cicatriz presente no parênquima pulmonar c)
espessamento pleural: espessamento/cicatriz da pleura dos pulmões d) nódulo centrolobular:
pequenas nodulações com espessamento da parede ou preenchimento da luz bronquiolar e)
espessamento de septo interlobular: espessamento/cicatriz dos septos de tecido conjuntivo
que separam os lóbulos pulmonares secundários f) cisto pulmonar: área arredondada no
parênquima pulmonar com interface bem definida g) opacidade em vidro fosco: aumento da
densidade do parênquima pulmonar em que permanecem visíveis os contornos dos vasos e
brônquios no interior da área acometida h) atenuação em mosaico: aparência em retalho de
regiões com atenuações distintas.

Por fim, a mensuração do diâmetro da artéria pulmonar principal ao nível da


bifurcação e perpendicular ao seu eixo foi realizada baseado nas recomendações propostas
por Peña et al., (2012). Todas as fatias acima do nível do diafragma foram avaliadas em cada
paciente submetidos a TC.

4.5.3 Espirometria

A espirometria dinâmica envolve a medida de volumes, capacidades e fluxos


aéreos. A mensuração e interpretação dos resultados obtidos nesse estudo obedeceu às
normas estabelecidas pelo Consenso Brasileiro de Espirometria e Sociedade Brasileira de
Pneumologia e Tissologia (PEREIRA, 2002) por meio da utilização do espirômetro
SpiroLab™ (Medical International Research, Wisconsin, USA) e levou em consideração os
seguintes dados:

 Capacidade vital (CV): representa o maior volume de ar mobilizado, podendo ser


medido tanto na inspiração quanto na expiração. Esta grandeza é expressa em litros
nas condições de temperatura corporal (37ºC), pressão ambiente e saturado de vapor
de água (BTPS).
 Capacidade vital forçada (CVF): volume máximo de ar que pode ser expirado
(expiração forçada) após uma inspiração máxima. A partir dessa manobra, obtem-se
a maioria das demais variáveis de função pulmonar, seja de forma direta (Ex: VEF1)
42

ou indireta (Ex: VEF1/CVF, FEF25-75%, FEF50%, FEF75%, etc). Esta grandeza é expressa
em litros (BTPS).
 Volume expiratório forçado no primeiro segundo (VEF1): volume de ar exalado no
primeiro segundo da manobra de CVF. Exprime o fluxo aéreo da maior parte das
vias aéreas, sobretudo aquelas de maior calibre, sendo expressa em litros (BTPS).
 Razão VEF1/CVF: fração que representa o VEF1 em relação à CVF. Valores abaixos
do limite inferior de normalidade estão associados a distúrbio obstrutivo.
 Fluxo expiratório forçado 25%-75% (FEF25-75%): fluxo médio de ar que ocorre no
intervalo entre 25% e 75% da CVF. Tem sido considerada uma das mais importantes
medidas de fluxos na avaliação da permeabilidade das vias aéreas, por representar a
velocidade com que o ar sai exclusivamente dos brônquios. Esta grandeza é expressa
em litros/segundo (BTPS).
 Tempo expiratório forçado 25%-75% (TEF25%-75%): tempo expiratório forçado médio
entre 25% e 75% da CVF. Esta grandeza é expressa em segundos.
 Fluxo expiratório forçado máximo (FEFmáx): representa o fluxo máximo de ar
durante a manobra de capacidade vital forçada. Esta grandeza também é denominada
de pico de fluxo expiratório (PFE) e é expressa em litros/segundo (BTPS).
 Fluxo expiratório forçado 50% (FEF50%): fluxo expiratório forçado no ponto médio
da CVF. Representa a velocidade com que o ar da parte central das vias aéreas
inferiores deixa o sistema respiratório durante a expiração forçada. Esta grandeza é
expressa em litros/segundo (BTPS).
 Fluxo expiratório forçado 75% (FEF75%): fluxo expiratório forçado a 3/4 da CVF.
Representa a velocidade com que sai o último 1/4 de ar dos pulmões em uma
expiração forçada. Esta grandeza é expressa em litros/segundo (BTPS).
 Ventilação voluntária máxima (VVM): é o maior volume de ar que o indivíduo pode
mobilizar (ar inspirado e expirado) em um minuto com esforço voluntário máximo.
Essa manobra constitui um teste que tem ênfase no desempenho ventilatório, mais
precisamente no desempenho muscular respiratório. Esta grandeza é expressa em
litros/minuto (BTPS).

Durante a realização do exame o paciente permaneceu sentado com a cabeça


mantida em posição neutra fazendo uso de clipe nasal. Em seguida foi solicitada a realização
43

de inspiração máxima até a capacidade pulmonar total seguida de expiração forçada


(manobra de capacidade vital forçada).

Previamente ao início do exame, o indivíduo permaneceu em repouso entre


cinco a dez minutos e o comando verbal foi feito da seguinte forma:

- Estando sentado, você irá respirar através de um bocal que está conectado ao
aparelho. Nós não podemos perder o ar que você está respirando; por isso, um clipe de
borracha fechará o seu nariz enquanto você respira pela boca.
- Respire tranquilamente por algum tempo
- Encha o peito maximamente!
- Assopre! - Com o máximo de força e rapidez possível, até que eu peça para
você encher o peito novamente.

Análise de cada variável que compõe a função pulmonar foi realizada de forma
comparativa entre os grupos do estudo levando em consideração os dados obtidos e preditos
para cada paciente, bem como o gênero.

4.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA

As informações coletadas foram armazenadas no software Excel 2010™


(Microsoft Corporation, Redmond, USA) e analisadas por meio do software Graphpad prism
versão 5.0™ (Graphpad software, Inc., San Diego, USA). Para comparar os valores medidos
entre os diferentes grupos do estudo, o teste de Shapiro-Wilk foi usado para avaliação da
distribuição normal. Os testes t de Student e ANOVA (analisys of variance) foram usados
para o tratamento das variáveis com distribuição normal; ao passo que os testes Exato de
Fisher, Qui quadrado, Mann-whitney, Wilcoxon e Kruskal-wallis foram usados para as
variáveis que não apresentaram distribuição normal (Figura 10). Para os achados de TC foi
também utilizado o Risco Relativo. Adotou-se nível α de 0.05 para rejeição da hipótese nula.
44

Figura 10 – Análise estatística do estudo

Fonte: Protoolo de pesquisa. Belém/PA, 2013-2015.


ANOVA: análise de variancia.

4.7 ASPECTOS ÉTICOS

Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto


Evandro Chagas (CEP/IEC) sob parecer nº 292.251 (ANEXO B). No desenvolvimento do
estudo foram respeitadas as normas de pesquisa envolvendo seres humanos (Res. CNS
466/12) e suas complementares do Conselho Nacional de Saúde/Ministério da Saúde do
Brasil. Além disso, o termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) (Apêndice A), foi
explicado de forma verbal a cada paciente e aplicado antes da coleta de dados. No TCLE,
foram esclarecidos a utilização dos dados clínicos da avaliação, as características dos
exames, o sigilo dos dados obtidos e a livre decisão de participação. Ainda assim, foi
exigido que os pacientes autorizassem sua participação no estudo por meio de assinatura.
45

5 RESULTADOS

Ao todo 48 pacientes elegíveis fizeram parte da amostra, dos quais 19 foram


classificados como PET/MAH definitivo, 11 PET/MAH provável e 18 sem PET/MAH. A
caracterização dos pacientes do estudo está resumida na tabela 3.

Tabela 3 - Caracterização dos sujeitos do estudo. Belém/PA, 2013-2016


Variáveis HTLV-1 p-valor
PET/MAH definitivo PET/MAH provável Sem PET/MAH
(N=19) (N=11) (N=18)
Homens/mulheres 08/11 03/08 06/12 0.69
Casado/solteiro 10/09 05/06 08/10 0.86
Residência 09/10 05/06 07/11 0.86
(Belém/Fora de Belém)
Idade (anos) 51.13±9.6 53.0±13.2 51.4±8.8 0.88
Estatura (cm) 157.7±7.4 155.2±10 152.2±7.7 0.27
Peso (Kg) 63.3±7.8 61.2±12.29 69.16±9.18 0.20
Escolaridade (anos) 8.27±3.95 9.18±3.81 8.45±4.18 0.77
Renda familiar 2.68±2.64 2.36±1.74 1.45±0.93 0.27
(salário mínimo)
Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Dados expressos como média ± desvio padrão e em forma de proporção. Teste Qui quadrado (p<0.05*). Teste
ANOVA (p<0.05*). Teste Kruskal-Wallis (p<0.05). HTLV-1: Vírus T-linfotrópico humano do tipo 1.
PET/MAH: Paraparesia espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1.

Tomografia computadorizada de tórax

Oito tipos de padrões anormais de TC de tórax foram observados no estudo e


54% (26/48) dos pacientes com HTLV-1 apresentaram algum tipo de achado anormal o que
correspondeu aos seguintes aspectos: bronquiectasia/bronquioloectasia (14/48; 29%),
cicatriz fibrosa (14/48; 29%), espessamento pleural (9/48; 18,7%), nódulo centrolobular
(7/48; 14,5%), espessamento de septo interlobular (7/48; 14,5%), cisto pulmonar (5/48;
10,5%), opacidade em vidro fosco (5/48; 10,5%) e atenuação em mosaico (3/48; 6,5%)
(Figuras 11 a 22)

Ao considerar somente os pacientes do grupo PET/MAH definitivo, 84% (16/19)


apresentaram algum tipo de achado tomográfico anormal assim distribuídos:
bronquiectasia/bronquioloectasia (10/19; 52,5%), cicatriz fibrosa (10/19; 52,5%),
46

espessamento pleural (6/19; 31,5%), nódulo centrolobular (5/19; 26,5%), espessamento de


septo interlobular (5/19; 26,5%), cisto pulmonar (4/19; 21%), opacidade em vidro fosco
(2/19; 10,5%) e atenuação em mosaico (2/19; 10,5%) (Figuras 11 a 22; Tabelas 4 e 5).

No grupo PET/MAH provável, 54% (6/11) dos pacientes apresentaram achados


radiológicos anormais: bronquiectasia/bronquioloectasia (2/11; 18%), cicatriz fibrosa (3/11;
27%), espessamento pleural (3/11; 27%), nódulo centrolobular (1/11; 09%), espessamento
de septo interlobular (2/11; 18%), cisto pulmonar (1/11; 09%), opacidade em vidro fosco
(1/11; 09%) e atenuação em mosaico (1/11; 09%) (Figuras 11 a 22; Tabelas 5 e 6).

No grupo de pacientes com algum tipo de alteração neurológica, denominado


PET/MAH (grupo PET/MAH definitivo e grupo PET/MAH provável) os achados anormais
estiveram presentes em 73,5% (22/30) dos indivíduos e foram assim descritos:
bronquiectasia/bronquioloectasia (12/30; 40%), cicatriz fibrosa (13/30; 43,5%),
espessamento pleural (09/30; 30%), nódulo centrolobular (06/30; 20%), espessamento de
septo interlobular (07/30; 23,5%), cisto pulmonar (05/30; 16,5%), opacidade em vidro fosco
(03/30; 10%) e atenuação em mosaico (03/30; 10%) (Figuras 11 a 22; Tabela 7).

Por outro lado, os achados tomográficos em pacientes sem PET/MAH estiveram


presentes em 22% (4/18) e foram distrubuídos da seguinte forma:
bronquiectasia/bronquioloectasia (2/18; 11%), cicatriz fibrosa (1/18; 5,5%), nódulo
centrolobular (1/18; 5,5%) e opacidade em vidro fosco (2/18; 11%). Espessamento pleural,
espessamento de septo interlobular, cisto pulmonar e atenuação em mosaico não foram
observados nesse grupo (Figuras 11 a 22; Tabelas 4, 6 e 7).
47

Figura 11 – Distribuição percentual dos pacientes com achados anormais de TC de


tórax nos diferentes grupos do estudo

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.


PET/MAH: paraparesia espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1.

Figura 12 – TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH definitivo


apresentando bronquiectasias com aspecto de anel de sinete (setas brancas)
associado à extensa opacidade em vidro fosco bilateralmente (setas pretas)

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.


48

Figura 13 – TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH definitivo sendo


mostrado opacidade em vidro fosco (seta branca) e cisto pulmonar (setas pretas)
em lobo inferior direito

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.

Figura 14 – TC transversal de tórax de paciente PET/MAH definitivo com


bronquiectasias em aspecto de anel de sinete (setas brancas) associado à cicatriz
fibroza (setas pretas) em lobos inferiores

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.


49

Figura 15 – TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH definitivo


apresentando cisto pulmonar de bordas espessadas (seta)

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.

Figura 16 – TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH definitivo


apresentando bronquiectasias de tração em aspecto de anel de sinete (setas),
bilateralmente

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.


50

Figura 17 – TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH do tipo provável


apresentando espessamento pleural (setas brancas) e bronquiectasias com aspecto
de anel de sinete e aspecto em trilho de trem (ponta de setas), bilateralmente

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.

Figura 18 – TC transversal de tórax de paciente com PET/MAH provável


apresentando cicatriz fibrosa na forma de banda parenquimatosa (setas),
bilateralmente

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.


51

Figura 19 – TC de tórax de paciente com PET/MAH provável que evolui com


padrão radiológico de perfusão em mosaico bilateralmente

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.

Figura 20 – TC transversal de tórax de paciente PET/MAH do tipo provável com


nódulos centrolobulares em aspecto de árvore em brotamento no lobo superior
esquerdo (círculo)

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.


52

Figura 21 – TC transversal de tórax de paciente sem PET/MAH apresentando


espessamento de cissura pulmonar e cicatriz fibrosa (setas) associado à
bronquiectasias iniciais (ponta de seta)

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.

Figura 22 – TC transversal de tórax de paciente sem PET/MAH apresentando


cicatriz fibrosa com bronquiectasias iniciais de tração em lobo superior
esquerdo (seta)

Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.

Nos pacientes clasificados como PET/MAH definitivo as seguintes combinações


anormais de TC foram vistos com maior frequência: bronquiectasia e espessamento pleural
53

(6/19; 31,5%), bronquiectasia e cicatriz fibrosa (5/19; 26,5%), bronquiectasia e


espessamento de cisura/septo (4/19; 21%), bronquiectasia e nódulo centrolobular (4/19;
21%), nódulo centrolobular e cicatriz fibrosa (4/19; 21%). De 29 combinações binárias
possíveis, 26 estiveram presentes ao menos uma vez e somente as combinações entre
perfusão em mosaico e cicatriz fibrosa, vidro fosco e bronquiectasia, além de espessamento
de cisura e cisto pulmonar não estiveram presentes. Além disso, 37% dos pacientes (7/19)
apresentaram a combinação de três ou mais achados anormais. Ou seja, além da variedade
de achados, estes no geral não aconteceram de forma isolada.

Os achados anormais de TC de tórax foram também comparados entre os grupos


PET/MAH definitivo e sem PET/MAH (Tabela 4), PET/MAH definitivo e PET/MAH
provável (Tabela 5), PET/MAH provável e sem PET/MAH (Tabela 6), bem como entre o
grupo PET/MAH (PET/MAH definitivo e PET/MAH provável) e sem PET/MAH (Tabela 7)

Tabela 4 – Achados anormais de TC de tórax entre pacientes PET/MAH definitivo e sem


PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016
Variáveis HTLV-1 Total P-valor RR P-valor
PET/MAH Sem
definitivo PET/MAH
(N=19) (N=18)
Indivíduos com achados anormais 16 (84.0%) 04 (22.0%) 20 (41.5%) 0.000* 3.79 0.000
Bronquiectasia/bronquioloectasia 10 (52.5%) 02 (11.0%) 12 (25.0%) 0.012* 4.74 0.009
*
Cicatriz fibrosa 10 (52.5%) 01 (05.5%) 11 (23.0%) 0.003 9.47 0.002
*
Espessamento de septo interlobular 05 (26.5%) 00 (00.0%) 05 (10.5%) 0.046 --- ---
*
Espessamento pleural 06 (31.5%) 00 (00.0%) 06 (12.5%) 0.019 --- ---
Cicatrizes pulmonares 14 (73.5%) 01 (05.5%) 15 (31.3%) 0.000* 13.2 0.000
Cisto pulmonar 04 (21.0%) 00 (00.0%) 04 (08.5%) 0.105 --- ---
Nódulo centrolobular 05 (26.5%) 01 (05.5%) 06 (12.5%) 0.179 4.74 0.102
Opacidade em vidro fosco 02 (10.5%) 02 (11.0%) 04 (08.5%) 1.000 0.95 0.318
Atenuação em mosaico 02 (10.5%) 00 (00.0%) 02 (04.0%) 0.486 --- ---
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Teste exato de Fisher (p<0.05*).
TC: Tomografia computadorizada. HTLV-1: Vírus T-linfotrópico humano do tipo 1. PET/MAH: paraparesia
espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1. RR: Risco relativo.
54

Tabela 5 – Achados anormais de TC de tórax entre pacientes PET/MAH definitivo e PET/MAH


provável. Belém/PA, 2013-2016
Variáveis HTLV-1 Total P-valor RR P-valor
PET/MAH PET/MAH
definitivo provável
(N=19) (N=11)
Indivíduos com achados anormais 16 (84.0%) 06 (54,5%) 22 (73,5%) 0.104 1.54 0.089
Bronquiectasia/bronquioloectasia 10 (52.5%) 02 (18,0%) 12 (40,0%) 0.121 2.89 0.070
Cicatriz fibrosa 10 (52.5%) 03 (27,0%) 13 (43,5%) 0.259 1.93 0.166
Espessamento de septo interlobular 05 (26.5%) 02 (18,0%) 07 (23,5%) 0.685 1.45 0.476
Espessamento pleural 06 (31.5%) 03 (27,0%) 09 (30,0%) 1.000 1.16 0.434
Cicatrizes pulmonares 14 (73.5%) 04 (36,5%) 18 (60,0%) 0.062 2.03 0.052
Cisto pulmonar 04 (21.0%) 01 (09,0%) 05 (16,5%) 0.626 2.32 0.367
Nódulo centrolobular 05 (26.5%) 01 (09,0%) 06 (20,0%) 0.371 2.89 0.253
Opacidade em vidro fosco 02 (10.5%) 01 (09,0%) 03 (10,0%) 1.000 1.16 0.306
Atenuação em mosaico 02 (10.5%) 01 (09,0%) 03 (10,0%) 1.000 1.16 0.306
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Teste exato de Fisher (p<0.05*).
TC: Tomografia computadorizada. HTLV-1: Vírus T-linfotrópico humano do tipo 1. PET/MAH: paraparesia
espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1. RR: Risco relativo.

Tabela 6 – Achados anormais de TC de tórax entre pacientes PET/MAH provável e sem


PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016
Variáveis HTLV-1 Total P-valor RR P-valor
PET/MAH Sem
provável PET/MAH
(N=11) (N=18)
Indivíduos com achados anormais 06 (54,5%) 04 (22.0%) 10 (34.5%) 0.114 2.4 0.084
Bronquiectasia/bronquioloectasia 02 (18,0%) 02 (11.0%) 04 (14.0%) 0.622 1.6 0.492
Cicatriz fibrosa 03 (27,0%) 01 (05.5%) 04 (14.0%) 0.267 4.9 0.137
Espessamento de septo interlobular 02 (18,0%) 00 (00.0%) 02 (07.0%) 0.135 --- ---
*
Espessamento pleural 03 (27,0%) 00 (00.0%) 03 (10.5%) 0.045 --- ---
Cicatrizes pulmonares 04 (36,5%) 01 (05.5%) 05 (17.0%) 0.050* 6.5 0.050
Cisto pulmonar 01 (09,0%) 00 (00.0%) 01 (03.5%) 0.379 --- ---
Nódulo centrolobular 01 (09,0%) 01 (05.5%) 02 (07.0%) 1.000 1.6 0.348
Opacidade em vidro fosco 01 (09,0%) 02 (11.0%) 03 (10.5%) 1.000 0.8 0.324
Atenuação em mosaico 01 (09,0%) 00 (00.0%) 01 (03.5%) 0.379 --- ---
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Teste exato de Fisher (α<0.05*).
TC: Tomografia computadorizada. HTLV-1: Vírus T-linfotrópico humano do tipo 1. PET/MAH: paraparesia
espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1. RR: Risco relativo.
55

Tabela 7 – Achados anormais de TC de tórax entre pacientes com PET/MAH (PET/MAH


definitivo e PET/MAH provável) e sem PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016
Variáveis HTLV-1 Total P-valor RR P-valor
PET/MAH Sem PET/MAH
(N=30) (N=18)
Indivíduos com achados anormais 22 (73.5%) 04 (22.0%) 26 (54.0%) 0.000* 3.3 0.000
*
Bronquiectasia/bronquioloectasia 12 (40.0%) 02 (11.0%) 14 (29.0%) 0.049 3.6 0.035
*
Cicatriz fibrosa 13 (43.5%) 01 (05.5%) 14 (29.0%) 0.007 7.8 0.007
*
Espessamento de septo interlobular 07 (23.5%) 00 (00.0%) 07 (14.5%) 0.035 --- ---
*
Espessamento pleural 09 (30.0%) 00 (00.0%) 09 (19.0%) 0.009 --- ---
*
Cicatrizes pulmonares 18 (60.0%) 01 (05.5%) 19 (39.5%) 0.000 10.8 0.000
Cisto pulmonar 05 (16.5%) 00 (00.0%) 05 (10.5%) 0.141 --- ---
Nódulo centrolobular 06 (20.0%) 01 (05.5%) 07 (14.5%) 0.231 3.6 0.171
Opacidade em vidro fosco 03 (10.0%) 02 (11.0%) 05 (10.5%) 0.995 0.9 0.357
Atenuação em mosaico 03 (10.0%) 00 (00.0%) 03 (06.3%) 0.281 --- ---
Fonte: Protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Teste exato de Fisher (α<0.05*).
TC: Tomografia computadorizada. HTLV-1: Vírus T-linfotrópico humano do tipo 1. PET/MAH: paraparesia
espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1. RR: Risco relativo.

A prevalência de bronquiectasias/bronquioloectasias em relação à forma clínica


do HTLV-1 feita através de análise de regressão logística simples resultou na seguinte
equação: Logit Pi = -1.7047 + (1.8101 X1). Assim, a probabilidade do paciente com HTLV-1
desenvolver bronquiectasias/bronquioloectasias é de 52,63% se ele tiver PET/MAH
definitivo, 40% se ele apresentar qualquer tipo de alteração neurológica (PET/MAH
definitivo ou PET/MAH provável) e de 11,0% se ele não evoluir com PET/MAH. Para os
achados de cicatrizes pulmonares (cicatriz fibrosa, espessamento pleural e/ou espessamento
de septo interlobular) obteve-se a seguinte equação: Logit Pi = -2.4849 + (3.5145 X1).
Assim, para pacientes com PET/MAH definitivo a probabilidade de desenvolver qualquer
achado cicatricial é de 73,68% e de 60% se apresentar alteração neurológica associada ao
vírus (PET/MAH definitivo ou PET/MAH provável) e de 5,5% nos pacientes sem
PET/MAH.

É importante salientar que alguns padrões anormais de TC de tórax como


espessamento de septo interlobular, espessamento pleural, cisto pulmonar e atenuação em
mosaico não foram observados nos pacientes do grupo sem PET/MAH, diferentemente dos
indivíduos PET/MAH definitivo e PET/MAH provável que exibiram a exibir todos os 08
padrões anormais de TC de tórax. Nenhum desses pacientes apresentou histórico de doenças
56

infecciosas, cardiovasculares, metabólicas, pulmonares ou ocupacionais a exemplo do HIV,


diabetes melitus, sarcoidose, tuberculose pulmonar, pneumoconiose, asma, doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC), pneumonia, sarampo e coqueluche na infância, condições
congênitas, exposição à irritantes químicos ou doenças degenerativas, deficiência relatada de
α1 antitripsina, etc.

Função Pulmonar

De todos os pacientes com HTLV-1, 18,75% (9/48) foram diagnosticados com


distúrbio ventilatório obstrutivo (DVO) ou restritivo (DVR). Destes, 31,5% (6/19) eram
PET/MAH definitivo (03 com DVO e 03 com DVR), 27% (3/11) PET/MAH provável (02
com DVR e 01 com DVO) e nenhum (0/18) sem PET/MAH (p=0.019 e p=0.045,
respectivamente), ou seja, diagnóstico de alteração na função pulmonar ocorreu somente nos
grupos de pacientes com algum tipo de alteração neurológica.

Além disso, valores espirométricos obtidos foram comparados com valores


preditos levando em consideração o gênero dos indivíduos do estudo. No grupo de pacientes
PET/MAH definitivo, 50% (5/10) dos indicadores de função pulmonar obtido nas mulheres
e 70% (7/10) nos homens estiveram significativamente diminuídos quando comparados aos
valores preditos (Tabela 8). Análise semelhante foi realizado entre os pacientes PET/MAH
provável (Tabela 9) e sem PET/MAH (Tabela 10).
57

Tabela 8 – Volumes, capacidades e fluxos pulmonares obtidos e previstos para mulheres e homens
com PET/MAH definitivo. Belém/PA, 2013-2016
Mulheres (N=11) P-valor Homens (N=08) P-valor
Variáveis Obtido Predito Obtido Predito
*
CV (L) 2.44 ± 0.46 2.95 ± 0.38 0.00 3.44 ± 0.73 4.23 ± 0.26 0.01*
CVF (L) 2.53 ± 0.42 2.95 ± 0.38 0.00* 3.48 ± 0.74 4.23 ± 0.26 0.02*
VEF1 (L) 2.00 ± 0.43 2.42 ± 0.31 0.00* 2.80 ± 0.56 3.47 ± 0.25 0.00*
VEF1/CVF (%) 78.8 ± 8.99 81.6 ± 1.84 0.87 81.07 ± 7.8 81.73 ± 2.13 0.81
FEF25-75 (L/min) 1.99 ± 0.79 2.37 ± 0.29 0.12 2.74 ± 0.84 3.50 ± 0.46 0.01*
TEF25-75 (s) 0.79 ± 0.61 0.58 ± 0.05 0.48 0.67 ± 0.20 0.60 ± 0.05 0.27
*
FEFmáx (L/s) 4.64 ± 1.26 6.74 ± 0.50 0.00 6.68 ± 1.96 10.54 ± 0.29 0.00*
FEF50% (L/s) 2.68 ± 1.13 3.08 ± 0.28 0.23 3.44 ± 0.86 4.43 ± 0.44 0.00*
FEF75% (L/s) 0.83 ± 0.30 0.87 ± 0.17 0.67 1.26 ± 0.81 1.34 ± 0.27 0.76
*
VVM (L/min) 71.5 ± 14.38 90.27 ± 11.99 0.00 97.23 ± 20 129.7 ± 10.1 0.00*
Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Dados expressos como média±desvio padrão. Test t de Student pareado (p<0.05 *). Teste de Wilcoxon
(p<0.05*).
CV: Capacidade vital. CVF: Capacidade vital forçada. VEF1: Volume expiratório forçado no 1º segundo.
VEF1/CVF: relação entre Volume expiratório forçado no 1º segundo e capacidade vital forçada. FEF 25-75%:
fluxo expiratório forçado 25%-75%. TEF25%-75%: tempo expiratório forçado 25%-75%. FEFmáx: fluxo
expiratório máximo forçado. FEF50%: Fluxo expiratório forçado 50%. FEF75%: Fluxo expiratório forçado 75%.
VVM: ventilação voluntária máxima. PET/MAH: paraparesia espástica tropical ou mielopatia associada ao
HTLV-1.

Tabela 9 – Volumes, capacidades e fluxos pulmonares obtidos e previstos para mulheres e homens
com PET/MAH provável. Belém/PA, 2013-2016
Mulheres (N=08) P-valor Homens (N=03) P-valor
Variáveis Obtido Predito Obtido Predito
CV (L) 2.58 ± 0.28 2.79 ± 0.26 0.102 3.66 ± 4.49 ± 0.429
CVF (L) 2.69 ± 0.36 2.79 ± 0.26 0.488 4.31 ± 4.49 ± 0.866
VEF1 (L) 2.25 ± 0.36 2.30 ± 0.28 0.746 3.47 ± 3.60 ± 0.839
VEF1/CVF (%) 83.5 ± 3.89 82.2 ± 2.6 0.506 82.3 ± 79.9 ± 0.767
FEF25-75 (L/min) 2.59 ± 0.88 2.37 ± 0.48 0.567 3.43 ± 3.30 ± 0.677
TEF25-75 (s) 0.55 ± 0.12 0.58 ± 0.07 0.599 0.63 ± 0.62 ± 0.937
FEFmáx (L/s) 5.57 ± 1.42 6.53 ± 0.24 0.086 7.28 ± 10.7 ± 0.163
FEF50% (L/s) 3.32 ± 1.21 3.07 ± 0.45 0.601 4.20 ± 4.23 ± 0.967
FEF75% (L/s) 1.01 ± 0.36 0.90 ± 0.31 0.577 1.73 ± 1.22 ± 0.505
VVM (L/min) 79.8 ± 17.4 80.9 ± 34.5 0.937 121.5 ± 133.0± 0.705
Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Dados expressos como média±desvio padrão. Test t de Student pareado (p<0.05 *). Teste de Wilcoxon
(p<0.05*).
CV: Capacidade vital. CVF: Capacidade vital forçada. VEF1: Volume expiratório forçado no 1º segundo.
VEF1/CVF: relação entre VEF1 e CVF. FEF25-75%: fluxo expiratório forçado 25%-75%. TEF25%-75%: tempo
expiratório forçado 25%-75%. FEFmáx: fluxo expiratório máximo forçado. FEF50%: Fluxo expiratório forçado
50%. FEF75%: Fluxo expiratório forçado 75%. VVM: ventilação voluntária máxima. PET/MAH: paraparesia
espástica tropical/mielopatia associada ao HTLV-1.
58

Tabela 10 – Volumes, capacidades e fluxos pulmonares obtidos e previstos para mulheres e homens
sem PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016
Mulheres (N=12) P-valor Homens (N=06) P-valor
Variáveis Obtido Predito Obtido Predito
CV (L) 2.69 ± 0.32 2.83 ± 032 0.10 4.26 ± 0.64 4.32 ± 0.31 0.88
CVF (L) 2.77 ± 0.40 2.83 ± 0.32 0.56 4.76 ± 0.76 4.32 ± 0.31 0.27
VEF1 (L) 2.34 ± 0.35 2.34 ± 0.30 0.92 3.81 ± 0.56 3.49 ± 0.21 0.34
VEF1/CVF (%) 84.26 ± 4.53 82.49 ± 1.88 0.20 79.74 ± 5.33 80.76 ± 2.07 0.71
FEF25-75 (L/min) 2.79 ± 0.76 2.4 ± 0.39 0.09 3.64 ± 0.76 3.34 ± 0.28 0.53
TEF25-75 (s) 0.52 ± 0.13 0.57 ± 0.06 0.22 0.66 ± 0.13 0.61 ± 0.03 0.54
*
FEFmáx (L/s) 5.89 ± 1.22 6.55 ± 0.36 0.03 8.65 ± 0.63 10.6 ± 0.31 0.00*
FEF50% (L/s) 3.53 ± 0.9 3.10 ± 0.37 0.10 4.63 ± 1.1 4.28 ± 0.27 0.56
FEF75% (L/s) 1.10 ± 0.39 0.90 ± 0.24 0.12 1.49 ± 0.49 1.24 ± 0.16 0.44
VVM (L/min) 85.66 ± 15.25 87.65 ± 27.26 0.73 139.9 ± 22 129.3 ± 8.06 0.40
Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Dados expressos como média±desvio padrão. Test t de Student pareado (p<0.05 *). Teste de Wilcoxon
(p<0.05*).
CV: Capacidade vital. CVF: Capacidade vital forçada. VEF1: Volume expiratório forçado no 1º segundo.
VEF1/CVF: relação entre Volume expiratório forçado no 1º segundo e capacidade vital forçada. FEF 25-75%:
fluxo expiratório forçado 25%-75%. TEF25%-75%: tempo expiratório forçado 25%-75%. FEFmáx: fluxo
expiratório máximo forçado. FEF50%: Fluxo expiratório forçado 50%. FEF75%: Fluxo expiratório forçado 75%.
VVM: ventilação voluntária máxima. PET/MAH: paraparesia espástica tropical ou mielopatia associada ao
HTLV-1.

Além disso, ao comparar os grupos PET/MAH definitivo e sem PET/MAH foi


observado que 80% (8/10) dos indicadores de função pulmonar nas mulheres com
PET/MAH definitivo estiveram significativamente reduzidos quando comparados às
mulheres sem PET/MAH. Já nos homens, 40% (4/10) dos indicadores estiveram
significativamente reduzidos no primeiro gupo em relação ao segundo (Tabela 11).
59

Tabela 11 – Volumes, capacidades e fluxos pulmonares de mulheres e homens com PET/MAH


definitivo e sem PET/MAH. Belém/PA, 2013-2016
Mulheres (N=23) p-valor Homens (N=14) p-valor
Variáveis PET/MAH Sem PET/MAH Sem
definitivo PET/MAH definitivo PET/MAH
(N=11) (N=12) (N=08) (N=06)
CV (L) 2.44 ± 0.21 2.69 ± 0.10 0.11 3.44 ± 0.73 4.26 ± 0.64 0.08
CVF (L) 2.53 ± 0.17 2.77 ± 0.16 0.14 3.48 ± 0.74 4.7 ± 0.76 0.01*
VEF1 (L) 2.00 ± 0.19 2.34 ± 0.12 0.03* 2.80 ± 0.56 3.81 ± 0.56 0.01*
VEF1/CVF (%) 78.82 ± 8.99 84.26 ± 4.53 0.03* 81.07 ± 781 79.74 ± 5.33 0.76
FEF25-75 (L/min) 1.99 ± 0.79 2.79 ± 0.76 0.01* 2.74 ± 0.84 3.64 ± 0.76 0.09
*
TEF25-75 (s) 0.79 ± 0.61 0.52 ± 0.13 0.04 0.67 ± 0.20 0.66 ± 0.13 0.93
*
FEFmáx (L/s) 4.64 ± 1.26 5.89 ± 1.22 0.01 6.68 ± 1.96 8.65 ± 0.63 0.08
*
FEF50% (L/s) 2.68 ± 1.13 3.53 ± 0.9 0.02 3.44 ± 0.86 4.63 ± 1.10 0.05*
FEF75% (L/s) 0.83 ± 0.30 1.1 ± 0.39 0.06 1.26 ± 0.81 1.49 ± 0.49 0.61
*
VVM (L/min) 71.5 ± 14.38 85.6 ± 15.2 0.02 97.2 ± 20.0 139.9 ± 22.0 0.00*
Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Dados são expressos como média±desvio padrão. Test t de Student não pareado (p<0.05*). Teste Mann
Whitney (p<0.05*).
CV: Capacidade vital. CVF: Capacidade vital forçada. VEF1: Volume expiratório forçado no 1º segundo.
VEF1/CVF: relação entre Volume expiratório forçado no 1º segundo e capacidade vital forçada. FEF 25-75%:
fluxo expiratório forçado 25%-75%. TEF25%-75%: tempo expiratório forçado 25%-75%. FEFmáx: fluxo
expiratório máximo forçado. FEF50%: Fluxo expiratório forçado 50%. FEF75%: Fluxo expiratório forçado
75%. VVM: ventilação voluntária máxima. PET/MAH: paraparesia espástica tropical ou mielopatia
associada ao HTLV-1.

Os valores de função pulmonar foram também comparados entre os três grupos


estudados (PET/MAH definitivo, PET/MAH provável e sem PET/MAH) tal como
mostrados nas figuras 23 e 24.
60

Figura 23 – Comparação das variáveis de função pulmonar entre os grupos do


estudo do sexo feminino

8
Valores de função pulmonar Sem PET/MAH
PET/MAH provável
6
PET/MAH definitivo

0
C

áx
5%

5%

%
V
V

FV

50

75
Fm
FE

-7

-7

F
25

25

FE

FE
FE
T
F
FE

FE

Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016. CV: Capacidade vital. CVF: Capacidade vital
forçada. VEF1: Volume expiratório forçado no 1º segundo. FEF25-75%: fluxo expiratório
forçado 25%-75%. TEF25%-75%: tempo expiratório forçado 25%-75%. FEFmáx: fluxo
expiratório máximo forçado. FEF50%: Fluxo expiratório forçado 50%. FEF75%: Fluxo
expiratório forçado 75%. PET/MAH: paraparesia espástica tropical ou mielopatia
associada ao HTLV-1.

Figura 24 – Comparação das variáveis de função pulmonar entre os grupos do


estudo do sexo masculino

10
Sem PET/MAH
Valores de função pulmonar

8 PET/MAH provável
PET/MAH definitivo
6

0
CV

1
F

%
áx
5%
5%
EF
CV

50

75
Fm
-7
-7
V

F
25
25

FE

FE

FE
F

F
TE
FE

Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016. CV: Capacidade vital. CVF: Capacidade vital
forçada. VEF1: Volume expiratório forçado no 1º segundo. FEF25-75%: fluxo expiratório
forçado 25%-75%. TEF25%-75%: tempo expiratório forçado 25%-75%. FEFmáx: fluxo
expiratório máximo forçado. FEF50%: Fluxo expiratório forçado 50%. FEF75%: Fluxo
expiratório forçado 75%. PET/MAH: paraparesia espástica tropical ou mielopatia
associada ao HTLV-1.
61

Artéria pulmonar principal

23% (11/48) dos pacientes do estudo apresentaram diâmetro da artéria pulmonar


principal igual ou superior a 29mm (µ=31.5±4.0mm; 06 homens e 05 mulheres). Destes,
16% (3/19) eram PET/MAH definitivo (µ=32.3±3.21mm; 02 homens e 01 mulher), 27,5%
(3/11) PET/MAH provável (µ=34.9±6.05mm; 02 homens e 01 mulher) e 28% (5/18) sem
PET/MAH (µ=29±0.0mm; 02 homens e 03 mulheres). Em todos os casos, a relação entre o
diâmetro da artéria pulmonar principal e aorta ascendente foi superior a 01 (Figuras 25 e 26).

Figura 25 – TC transversal de tórax sem contraste de um paciente do sexo masculino


com PET/MAH provável (59 anos) e diâmetro da artéria pulmonar principal igual a
41,2mm

Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.


62

Figura 26 – TC transversal de tórax sem contraste de um paciente do sexo


masculino sem PET/MAH (60 anos) e diâmetro da artéria pulmonar principal igual a
29,0 mm

Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.

Além disso, ao comparar a mensuração do diâmetro da artéria pulmonar principal entre


todos os grupos de pacientes do estudo, levando em consideração o gênero, não houve
diferenças significativas (Figuras 27 e 28).

Figura 27 – Distribuições amostrais do diâmetro da artéria


pulmonar principal nos diferentes grupos do sexo feminino

35
Diâmetro artéria pulmonar (mm)

p=0.55 p=0.19 p=0.51


30

25

20

15
T
T

T
o

el
v

PE

PE

PE

PE
áv
iti

ov
fin

m
pr
Se

Se

Se
de

T
T

PE
PE

Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.


63

PET: paraparesia espástica tropical (definitivo e


provável)

Figura 28 – Distribuições amostrais do diâmetro da artéria


pulmonar principal nos diferentes grupos do sexo masculino.

50
p=0.38

Diâmetro artéria pulmonar (mm)


p=0.79 p=0.64
40

30

20

10

0
vo

el
T

T
T
PE

PE

PE
PE
áv
iti

ov
fin

m
pr
Se

Se

Se
de

T
T

PE
PE

Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.


PET: paraparesia espástica tropical (definitivo e provável).

Por outro lado, ao comparar os pacientes que apresentaram diâmetro da artéria pulmonar
principal igual ou superior a 29mm tanto do grupo PET/MAH (PET/MAH definitivo e
PET/MAH provável) com os pacientes sem PET/MAH, houve, entretanto, diferenças tal
como mostrado na figura 29.
64

Figura 29 – Comparação do diâmetro da artéria pulmonar


principal entre pacientes PET/MAH (µ=33.6±4.5) e sem
PET/MAH (µ=29.0±0.0) cujo diâmetro foi igual ou
superior a 29mm (n=11; p=0.006)

45

Diâmetro da artéria pulmonar (mm)


p=0.006

40

35

30

25
H

H
A

A
M

M
T/

T/
PE

PE
m
Se

Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.


PET/MAH: paraparesia espástica tropical ou mielopatia
associada ao HTLV (definitivo e provável).

Dos pacientes cujo diâmetro da artéria pulmonar principal foi igual ou superior a
29mm, independentemente do grupo estudado, 72,5% (8/11) apresentaram algum tipo de
alteração radiológica, a saber: cicatriz fibrosa (07/11; 63,5%),
bronquiectasias/bronquioloectasia (05/11; 45,5%), espessamento de septo interlobular (5/11;
45,5%), espessamento pleural (03/11; 27,5%), opacidade em vidro fosco (02/11; 18%),
nódulo centrolobular (01/11; 09%), cisto pulmonar (01/11; 09%) e atenuação em mosaico
(01/11; 09%). Além disso, 36,5% (04/11) desses mesmos pacientes apresentaram distúrbio
ventilatório restritivo (n=02) ou obstrutivo (n=02), cujos achados obtidos e previstos foram
comparados levando em consideração o gênero (Tabela 12), ou seja, grande parte dos
pacientes com dilatação anormal da artéria pulmonar já apresentavam algum tipo de
alteração pulmonar.
65

Tabela 12 – Volumes, capacidades e fluxos obtidos e previstos para mulheres e homens com HTLV-
1 cujo diâmetro da artéria pulmonar principal foi igual ou superior a 29mm. Belém/PA, 2013-2016
Mulheres (N=05) P-valor Homens (N=06) P-valor
Variáveis Obtido Predito Obtido Predito
*
CV (L) 2.09 ± 0.12 2.61 ± 0.28 0.01 3.26 ± 0.72 4.29 ± 0.23 0.01*
CVF (L) 2.13 ± 0.23 2.61 ± 0.28 0.07 3.55 ± 0.75 4.29 ± 0.23 0.04*
VEF1 (L) 1.80 ± 0.15 2.14 ± 0.23 0.03* 2.86 ± 0.49 3.50 ± 0.12 0.01*
VEF1/CVF (%) 84.7 ± 5.80 81.7 ± 1.67 0.37 80.9 ± 8.74 81.5 ± 2.15 0.89
FEF25-75 (L/min) 1.97 ± 0.57 2.15 ± 0.19 0.44 2.90 ± 0.65 3.46 ± 0.27 0.13
TEF25-75 (s) 0.56 ± 0.14 0.61 ± 0.03 0.50 0.65 ± 0.21 0.60 ± 0.03 0.63
*
FEFmáx (L/s) 4.21 ± 1.32 6.30 ± 0.37 0.03 6.53 ± 1.83 10.5 ± 0.22 0.00*
FEF50% (L/s) 2.75 ± 1.12 2.86 ± 0.19 0.83 3.58 ± 0.93 4.39 ± 0.26 0.08
FEF75% (L/s) 0.87 ± 0.17 0.76 ± 0.10 0.37 1.38 ± 0.80 1.31 ± 0.16 0.86
*
VVM (L/min) 55.4 ± 8.46 79.4 ± 8.62 0.00 101 ± 23.2 130 ± 5.20 0.01*
Fonte: protocolo de pesquisa, 2013-2016.
Dados expressos como média±desvio padrão. Test t de Student pareado (p<0.05 *). Teste de Wilcoxon
(p<0.05*).
PET/MAH: paraparesia espástica tropical ou mielopatia associada ao HTLV-1. CV: Capacidade vital. CVF:
Capacidade vital forçada. VEF1: Volume expiratório forçado no 1º segundo. VEF 1/CVF: relação entre Volume
expiratório forçado no 1º segundo e capacidade vital forçada. FEF 25-75%: fluxo expiratório forçado 25%-75%.
TEF25%-75%: tempo expiratório forçado 25%-75%. FEFmáx: fluxo expiratório máximo forçado. FEF50%: Fluxo
expiratório forçado 50%. FEF75%: Fluxo expiratório forçado 75%. VVM: ventilação voluntária máxima.

Achados clínicos

Do ponto de vista clínico foi investigado a presença de dispneia, hipersecreção


brônquica e tosse. A dispneia esteve presente em 33,5% (16/48) de todos os pacientes do
estudo, dos quais 63% (12/19) eram PET/MAH definitivo, 18% (2/11) PET/MAH provável
e 11% (2/18) sem PET/MAH, sendo, portanto, mais frequente a presença desse sintoma no
grupo PET/MAH definitivo quando comparado ao grupo sem PET/MAH (p=0,001). Por
outro lado, não houve diferenças entre o grupo PET/MAH provável e sem PET/MAH
(p=0,622). Já a hipersecreção bônquica foi relatada em 12,5% (6/48) dos pacientes do
estudo, sendo 21% (4/19) PET/MAH definitivo, 18% (2/11) PET/MAH provável e nenhum
(0/18) sem PET/MAH (p=0,105 e p=0,486, respectivamente). A combinação dos dois
sintomas esteve presente em 8,5% (4/48) dos pacientes, sendo 10,5% (2/19) PET/MAH
definitivo, 18% (2/11) PET/MAH provável e 0% (0/18) sem PET/MAH (p=0,486 e p=0,135,
respectivamente). Tosse seca ou tosse produtiva não foi relatado como síntoma corrente.
66

6 DISCUSSÃO

Até a presente data o relatório mais abrangente de imagem pulmonar em


pacientes com HTLV-1 é o de Okada e colaboradores (2006) que realizaram revisão
retrospectiva de imagens de TC de tórax em 320 indivíduos assintomáticos entre os anos de
1996 a 2004 no Japão cujas anormalidades do parênquima foram registrados em 30,1% dos
pacientes (98/320) onde a maioria apresentou nódulos centrolobulares (95/320; 29,7%),
espessamento peribroncovascular (55/320; 17,2%), opacidades em vidro fosco (51/320;
16%) e bronquiectasia (50/320; 15,7%).

No entanto, envolvimento pulmonar em pacientes com PET/MAH foi


primeiramente descrito por Sugimoto e colaboradores em 1987. De lá para cá evidência
laboratorial e radiológica tem sido reportada, destacando-se as infiltrações linfocíticas e
bronquiectasias. De fato, brônquios e bronquíolos periféricos têm sido apontados como
importante sítio de lesão nas doenças pulmonares associadas ao HTLV-1 (KAWABATA et
al., 2012). Bronquiectasias foram os principais achados relatados por Nakayama e
colaboradores (2013) em pacientes assintomáticos para o HTLV-1 (19/37; 51.3%) e para
Kadota et al., (2004), bronquioloectasias podem estar presentes em até 67% dos pacientes
infectados pelo vírus. Estudo conduzido por Einsiedel et al., (2014) envolvendo 72 indígenas
australianos concluiu que a infecção pelo HTLV-1 foi o principal preditor de
bronquiectasias (p=0.006) e esta por consequência, a maior preditora de morte (p=0.004).
Para os autores, a bronquiectasia resulta de processo inflamatório mediado pelo HTLV-1.
Honarbakhsh e Taylor em 2015 ao conduzir estudo retrospectivo com 64 pacientes
infectados pelo HTLV-1 concluíram que os achados de bronquiectasias estão presentes
principalmente naqueles pacientes com doenças inflamatórias associadas ao vírus tal como a
uveíte e a PET/MAH do que em pacientes assintomáticos (p=0.04).

Embora a prevalência de bronquiectasia no Brasil não esteja bem estabelecida,


foi observado neste estudo a presença de tal condição patológica em 52,5% dos pacientes
com PET/MAH definitivo e de 40% em todos os indivíduos com algum tipo de alteração
neurológica (PET/MAH definitivo ou provável) o que foi bem superior aos 0,4%
(170/42.500) de todos os diagnósticos relatados em pesquisa de larga escala com 42.500
internações efetuadas em hospital especializado em doenças pulmonares em Porto
Alegre/RS no período de 1978 a 2001 (MOREIRA et al., 2003). Assim é provável que
67

dilatações anormais dos brônquios ou bronquíolos sejam mais frequentes em pacientes com
HTLV-1, principalmente aqueles que desenvolvem a PET/MAH, do que entre a população
geral brasileira.

É importante salientar ainda que histórico de tuberculose pulmonar que é uma


causa freqüente de bronquiectasias nos países em desenvolvimento foi identificado em
alguns pacientes do estudo, os quais foram excluídos. Além disso, fibrose cística e outras
causas de bronquiectasias tais como pneumonias, exposição à poeiras tóxicas, infecções
virais (adenovírus, sarampo, influenza), deficiência de α1 antitripsina ou doença pulmonar
na infância não foram relatadas pelos pacientes do estudo durante entrevista.

Acúmulo de linfócitos T CD8+ e T CD4+ específicos para o HTLV-1 tem sido


observado no lavado broncoalveolar de pacientes infectados pelo vírus com consequente
desenvolvimento de resposta imunológica especifica e alteração da expressão do RNAm
para algumas citocinas e quimiocinas pró e anti-inflamatórias tais como as IL-2, IL-10, IL-
12 e IFN- (YAMASHIRO et al., 2012; YU et al., 2009; TERUYA et al., 2008;
YAMAZATO et al., 2003; SEKI et al., 2000). Estudo utilizando coloração por tetrâmero
revelou que células T CD8+ específicas para o HTLV-1 estão presentes no tecido pulmonar
de tais pacientes e que aumentos de linfócitos no sangue proporcionam infiltrações
eficientes dessas células no interior dos pulmões com consequente acúmulo de citocinas
lesivas ao pulmão (KAWABATA et al., 2012). Para O’Garra et al., (2008), a IL-10 que é
uma citocina anti-inflamatória com papel crítico na prevenção de inflamação regulando
negativamente a ativação de células T e suprimindo a produção de IFN- está diminuída em
pacientes com HTLV-1 e doença pulmonar associada. Estudo conduzido por Nakayama et
al., (2013), evidenciou aumentos significativos na expressão de citocinas relacionadas à
resposta imunológica do tipo Th1 (célula T helper do tipo 1), incluindo as interleucinas 2 e
12 (IL-2 e IL-12) e interferon gama (IFN-γ) no lavado broncoalveolar de pacientes com
HTLV-1 e envolvimento pulmonar comparado a indivíduos controles.

Sabe-se que o HTLV-1 codifica diversos genes regulatórios na região pX,


incluindo o gene tax que desempenha papel central no processo inflamatório sistêmico uma
vez que ativa vias de sinalização celular e resposta imunológica, incluindo aquelas que
levam à produção de citocinas e quimiocinas a nível pulmonar (YAMASHIRO et al., 2012;
68

ATSUMI et al., 2009). Pacientes com HTLV-1 associado à panbronquiolite apresentaram


níveis elevados de MIP-1α e IP-10 e estes se correlacionaram positivamente com
CD3+/CD25+ no lavado broncoalveolar quando comparado a pacientes HTLV-1 negativos
(YAMAMOTO et al., 2004). Estes achados reforçam a idéia que a infecção pelo HTLV-1
induz o desenvolvimento de inflamação pulmonar cujas manifestações são diversas e inclui
bronquiolite, alveolite e panbronquiolite difusa (KAWABATA et al., 2012).

Adicionalmente, achados cicatricias que remetem à áreas de fibrose pulmonar


foram bastante observados nas imagens de TC dos pacientes do estudo. Ao analisar
conjuntamente os achados de espessamento pleural, alteração fibrocicatrial e espessamento
de septo interlobular houve prevalência de 56% (27/43) em todos os pacientes com HTLV-1
e destes, 73,5% (14/19) eram PET/MAH definitivo e 60% (18/30) tinham algum tipo de
alteração neurológica já instalada (PET/MAH definitivo ou PET/MAH provável). Vale
destacar ainda que boa parte das bronquiectasias observadas no estudo eram do tipo
bronquiectasia de tração as quais são frequentes em doenças intersticiais (lesões cicatriciais)
pelo efeito da retração elástica sobre as vias aéreas intrapulmonares.

Matsuyama e colaboradores em 2003 investigaram a presença de fibrose


pulmonar idiopática (FPI) ou alveolite fibrosante criptogênica (AFC) em 72 pacientes com e
sem HTLV-1. A AFC é uma doença pulmonar intersticial crônica de causa desconhecida,
caracterizada patologicamente por inflamação e fibrose do parênquima pulmonar. Os
resultados apontaram prevalência de 25% de AFC (18/72) nos indivíduos com HTLV-1
sendo que 89% eram PET/MAH (16/18; p<0,05). Além disso, ao comparar os níveis de
quimiocinas no lavado broncoalveolar os autores observaram aumentos significativos de
metaloproteinases da matriz (MMP-2) e proteína 10 induzida por INF-γ (IP-10) e níveis
baixos de TIMP-2 (inibidores teciduais de metaloproteinases de matriz) em pacientes com
HTLV-1 e AFC quando comparado a indíviduos HTLV-1 negativos (p<0,01). As MMPs
pertencem à família de endopeptidases de zinco e dependentes de cálcio capazes de degradar
proteoliticamente muitos dos componentes da matriz extracelular e TIMPs são os inibidores
endógenos de MMPs. As MMPs são associadas com a reparação de lesões no epitélio
respiratório humano, enquanto TIMPs são associadas com remodelação irreversível da
estrutura pulmonar através de miofibroblastos. O desequilíbrio destes fatores contribui para
o desenvolvimento de doenças pulmonares intersticiais. Segundo os autores, pacientes com
HTLV-1 são susceptíveis ao desequilíbrio entre MMPs e TIMPs que induzem fibrose
69

pulmonar e por consequência lesões cicatriciais. A IP-10 também está envolvido na


patogênese da fibrose pulmonar (fibrose pulmonar induzida por bleomicina, por radiação e
pelo vírus da imunodeficiência humana alveolite-associada). Além disso, estudo in
vivo conduzido por Miyazato et al., (2000) mostrou que a proteína p40tax induz a produção
de IP-10 no pulmão de ratos.

Pacientes com PET/MAH podem desenvolver panbronquiolite difusa a qual


caracteriza-se por manifestação pulmonar crônica associado ao HTLV e que foi
primeiramente descrita em 1983 como entidade clinicopatológica caracterizada por
bronquiolite crônica recorrente com infiltração de linfócitos e células do plasma causando
muitas vezes obstrução de pequenas vias aéreas com formação de granulomas e cicatrizes
pulmonares (KADOTA et al., 2004; HOMMA et al., 1983). Padrão de panbronquiolite foi
observado também em 45,9% (17/37) dos pacientes com HTLV-1 em estudo de Nakayama
et al., (2013). Segundo Nakagawa et al., (1995), alterações radiológicas foram observadas
em metade dos pacientes com PET/MAH e estudos histopatológicos revelam infiltração das
paredes dos bronquíolos e interestício por linfócitos (HONARBAKHSH; TAYLOR, 2015;
OKADA et al., 2006).

É possível que achados radiológicos anormais aqui relatados possam ser


decorrentes de processo inflamatório subjacente. Além das bronquiectasias que podem ser
resultante da infiltração de linfócitos, os cistos aéreos podem ter como causa a pneumonia
interesticial linfocítica com acúmulo de liquido em seu interior. As lesões cicatriciais podem
ser resultantes da cadeia final de processo contínuo e progressivo caracterizado por
inflamação seguido de reparo tecidual. Nódulos centrolobulares com padrão de árvore em
brotamento representam bronquíolos dilatados e preenchidos por tecido patológico
inflamatório sendo particularmente comum em processos infecciosos crônicos das vias
aéreas (por ex.: bronquiolite infecciosa). Atenuação em mosaico pode representar doença
parenquimatosa infiltrativa, enfermidade obliterativa de pequenas vias aéreas ou afecção
vascular oclusiva. Por fim, opacidade em vidro fosco é indicativo de processo inflamatório
até que se prove do contrário (SILVA et al., 2010; HANSELL et al., 2008).

Os resultados aqui descritos mostram que as lesões pulmonares associadas ao


HTLV-1 foram mais prevalentes no grupo PET/MAH definitivo, seguido do grupo
PET/MAH provável e em menor escala nos pacientes sem PET/MAH. O próprio
70

estadiamento da doença neurológica neses três grupos evidencia o grau de inflamação e,


portanto, o grau de lesão neural relacionada ao binômio vírus-inflamação. Assim, os
pacientes PET/MAH definitivo apresentam por definição grande extensão de lesão nervosa
ocasionada pelo processo inflamatório, seguido de menor área de lesão nos pacientes
PET/MAH provável e ausência de inflamação neuronal nos pacientes sem PET/MAH.
Talvez, a inflamação sistêmica desencadeada pelo vírus seja mais provável a nível pulmonar
nos pacientes PET/MAH. Mesmo assim, não é possivel afirmar que os pacientes sem
PET/MAH estariam totalmente livres de inflamação, pois não foi pesquisado nesse estudo
outras manifestações inflamatórias ligadas ao HTLV-1 como, por exemplo, uveíte, vasculite,
artrite, etc uma vez que alguns dos pacientes sem PET/MAH evoluíram com achados
anormais de TC. É possível também que o próprio processo inflamatório tenha como ponto
de partida o sistema pulmonar em alguns pacientes.

Por outro lado, existem pouquíssimos estudos a respeito da função pulmonar em


pacientes com HTLV-1. Entretanto, tal informação é importante uma vez que o rol
patológico dessa infecção retroviral crônica ainda não está completamente descrito na
literatura. Para Yamamoto et al., (2004) baixos valores de VEF1 são observados em
pacientes com HTLV-1 quando comparados a indivíduos sadios. Achados discordantes
foram publicados por Murphy et al., (2003). No estudo conzido por Matsuyama e
colaboradores (2003) foram descritas reduções significativas de CV e VEF1 nos pacientes
com HTLV-1 comparados à indivíduos sadios e os autores associaram tais alterações
funcionais às áreas de lesões pulmonares observadas no primeiro grupo.

Os resultados aqui relatados apontaram para diagnóstico de alteração da função


pulmonar (distúrbio ventilatório obstrutivo ou restritivo) em 18,75% (9/48) dos pacientes
com HTLV-1, onde todos os indivíduos apresentaram algum tipo de alteração neurológica,
ou seja, ou eram PET/MAH definitivo ou PET/MAH provável. No geral, os valores de cada
variável que compõe a função pulmonar estiveram diminuídos nos pacientes com PET/MAH
definitivo seja em relação aos valores preditos ou quando comparados aos valores obtidos
pelos pacientes sem PET/MAH. Por outro lado, os valores de função pulmonar obtidos não
estiveram alterados significativamente quando comparado aos valores preditos nos pacientes
sem PET/MAH, exceto para a variável FEFmáx, evidenciando que tais alterações funcionais
predominam nos pacientes com alteração neurológica e, portanto, processo inflamatório
sistêmico já instalado.
71

Valores diminutos de CV e/ou CVF estão relacionados a distúrbios ventilatórios


restritivos. O VEF1 que é a medida de função pulmonar mais útil na prática clínica quando
diminuído está associado à obstrução de vias aéreas, podendo inclusive, correlacionar-se
com o prognóstico e gravidade dos sintomas. Fluxos mensurados após a expiração dos
primeiros 30% da CVF são considerados máximos (FEFmáx), sendo muito sensíveis na
maioria das doenças que afetam os pulmões quando reduzidos. Além disso, variáveis como
FEF50% estão alteradas nas fases iniciais de distúrbios obstrutivos. A sensibilidade do FEF25-
75% para detecção de obstrução está bem estabelecida e valores anormais estão associados à
alterações histológicas em vias aéreas periféricas. Adicionalmente, o VVM que é o maior
volume de ar que o indivíduo pode mobilizar em um minuto com esforço voluntário máximo
e que testa a capacidade do indivíduo para sustentar um alto nível de ventilação pode estar
alterado tanto em doenças que afetam o pulmão quanto em condições adversas que alteram a
mobilidade da caixa torácica e que geram desvantagem da musculatura ventilatória
(PEREIRA, 2002), tal como em pacientes que possuem mobilidade reduzida.

Dessa forma é razoável pressupor que a grande quantidade e variedade de


achados anormais pulmonares observados na TC de tórax nos pacientes com PET/MAH
justifique as diferenças também encontradas entre os valores de função pulmonar e que a
presença de distúrbios ventilatórios obstrutivos e restritivos possa estar associada ao
acometimento das vias aéreas e às lesões cicatriciais pulmonares, respectivamente, as quais
foram bastante prevalentes nos pacientes com a doença neurológica associada ao vírus.
Além disso, é pertinente afirmar que a própria condição de baixa mobilidade que acomete os
pacientes com PET/MAH (muito dos quais restritos ao uso de dispositivos auxiliares de
marcha), tenha papel fundamental na alteração da função pulmonar porque altera o padrão
ventilatório e também o próprio condicionamento cardiopulmonar e por consequência o
endurance ventilatório observado por meio da redução significativa do VVM. Por fim,
reduções das variáveis que compõe a função pulmonar podem indicar prognóstico de
acometimento pulmonar futuro uma vez que a inflamação sistêmica presente em pacientes
com PET/MAH parece acompanhar a própria evolução clínica da doença que é lenta,
progressiva e crônica.

Outro tipo de análise do estudo foi a mensuração do diâmetro da artéria


pulmonar principal cujos valores iguais ou superiores a 29mm denota valor preditivo
positivo de 97%, sensibilidade de 87% e especificidade de 89% para hipertensão pulmonar o
72

que, entretanto, não exclui a presença da doença em diâmetros inferiores a 29mm, uma vez
que nos pacientes com hipertensão pulmonar leve a artéria pulmonar principal pode estar
pouco dilatada. Além disso, a relação entre a medida do diâmetro da artéria pulmonar
principal e da aorta ascendente superior a 1 (relação > 1:1) possui sinal radiológico também
importante com valor preditivo positivo de 96% e especificidade de 92% para a referida
hipertensão. Nesse sentido, a TC de tórax torna-se um dos instrumentos não invasivos mais
úteis para estimar tal condição patológica, embora a cateterização do lado direito do coração
seja o método de diagnóstico confirmatório para a doença, pois permite a mensuração direta
das pressões pulmonares, embora seja um método invasivo (PEÑA et al., 2012; DEVARAJ
et al., 2010; REVEL et al., 2009).

Segundo a classificação Dana Point, atualizado durante o 4º Simpósio Mundial


sobre hipertensão pulmonar, realizada em Dana Point, Califórnia, em 2008, algumas
condições clínicas como as vasculites, as doenças pulmonares crônicas e infecções virais
podem estar associadas ao desenvolvimento de hipertensão pulmonar na população geral
(PEÑA et al., 2012). Sabe-se que alguns vírus como o HIV, eritrovírus B19,
citomegalovírus, varicela-zoster e o próprio HTLV-1 estão implicados no desenvolvimento
de vasculites (PAGNOUX et al., 2006). Por outro lado, a própria infecção pelo retrovírus
HIV está associada ao desenvolvimento de hipertensão pulmonar primária. A presença
combinada de obstrução e restrição pulmonar, independentemente da doença de base, é
causa comum de hipertensão pulmonar (ONDA et al., 2014). Adicionalmente, a resposta
imunológica exacerbada com liberação induzida de diferentes mediadores inflamatórios, tal
como interleucinas e endotelina-1, podem induzir hipertensão pulmonar porque diminuem a
luz dos vasos aumentando a resistência vascular pulmonar (GHOFRANI et al., 2015;
FEIJOO et al., 2014; PARQUE et al., 2014). Nesse sentido, é possível que pacientes com
HTLV-1 possam reunir algumas condições possivelmente predisponentes ao
desenvolvimento de hipertensão pulmonar como vasculites, lesão pulmonar e resposta
imunológica alterada, porém mais estudos são necessários.

Aumentos no diâmetro da artéria pulmonar igual ou superior a 29 mm foram


observados em 23% (11/48) dos pacientes com HTLV-1 do estudo. No entanto,
investigações futuras e mais detalhadas a respeito do curso fisiopatológico dessa possível
associação precisam ser realizadas para que tais conclusões sejam ou não ratificadas. É
importante salientar ainda que a infecção ocasionada pelo HTLV-1 é progressiva e, portanto,
73

o desenvolvimento das lesões no sistema pulmonar, incluindo o sistema vascular, pode


acompanhar esse processo e talvez, no futuro, um maior número de alterações possa ser
observado nesses mesmos pacientes.

Por outro lado, até o presente momento somente dois estudos foram publicados
fazendo relação entre o HTLV-1 e hipertensão pulmonar. Um deles relata a presença da
doença em uma mulher de 59 anos de idade oriunda da Índia e portadora de L/ATL
(BLAQUIÈRE et al., 2004) e o outro descreve a doença em um paciente hemofílico com
HTLV-1 (SUZUKI, 1995). No entanto, a hipótese da ligação entre hipertensão pulmonar e
outro retrovírus, tal como o HTLV-1, precisa ser comprovada por meio de mais estudos e os
achados aqui expostos não são capazes de confirmar tal relação, embora sejam sugestivos e
devam ser interpretados como um passo inicial para estudos futuros.

Vale destacar ainda que a maioria das pessoas infectadas pelo HTLV-1 possui
condição socioeconômica baixa e residem nos chamados “países em desenvolvimento”
cujos recursos financeiros e estruturais em saúde são limitados o que aumenta a
possibilidade de morbidade e mortalidade. A própria complexidade da infecção e seu
respectivo tratamento exige um serviço em saúde bem estruturado. Para Einsiedel et al.,
2012, a doença pulmonar parece ser clinicamente incomum entre as pessoas infectadas pelo
HTLV-1 nos países desenvolvidos, em contraste à populações menos favorecidas, pois
pesquisa realizada com indígenas pobres na Austrália Central evidenciou que o
acometimento pulmonar foi uma das principais causas de mortalidade precoce entre adultos
infectados pelo HTLV-1, algo incomum na população geral daquele país. Além disso, é
importante destacar que as pneumopatias aumentam as taxas de morbimortalidade quando
associadas a outras doenças de base e nos países em desenvolvimento são responsáveis por
elevadas taxas de internação hospitalares e óbitos (LUNA et al., 2016). Nesses países com
menores recursos de saúde as bronquiectasias pós-infecciosas continuam sendo um grande
desafio à saúde pública (SANTOS et al., 2015).

Por outro lado, é possível que a característica insidiosa da doença com sinais e
sintomas pulmonares predominantemente subclínicos possa fazer com que muitos
indivíduos infectados pelo HTLV-1 não sejam investigados precocemente mascarando a
verdadeira face da infecção viral, pois nenhum paciente deste estudo havia sido previamente
diagnosticado com bronquiectasias ou qualquer outro tipo de alteração radiológica, bem
74

como com alterações funcionais pulmonares. Nesse sentido, pacientes com HTLV-1 só
descubririam alterações pulmonares em fases bem avançadas de acometimento pulmonar e
com extensas áreas de lesão radiológica formando um ciclo silencioso de lesão pulmonar
que dificultaria o manejo clínico adequado da doença.

Sob o ponto de vista clínico, dois tipos de sintomas pulmonares foram descritos
nesse estudo: dispneia e hipersecreção brônquica, sendo que o primeiro foi mais prevalente
que o segundo, especialmente nos pacientes PET/MAH definitivo. A dispneia pode estar
associada às lesões pulmonares que cursaram com áreas de destruição do parênquima
pulmonar e fibrose. Já a hipersecreção brônquica pode estar relacionada às
bronquiectasias/bronquioloectasias que também foram bastante prevalentes. Segundo Dalcin
et al., (2007), o quadro bronquiectásico pode se apresentar clinicamente como uma doença
indolente, supurativa ou com hemoptise. A apresentação como uma doença indolente
envolve o fato de que as bronquiectasias podem ser encontradas em indivíduos
assintomáticos (geralmente observadas em fases iniciaiais da doença - graus menores de
bronquiectasias) ou em quadros de bronquiectasias de tração. Talvez isso possa explicar o
fato de alguns pacientes terem apresentado bronquiectasias, porém sem a presença de
hipersecreção brônquica e esta ter sido menos frequente que a dispneia.

Por fim, algumas limitações podem ser enumeradas neste estudo, tais como: o
menor número de pacientes analisados quando comparado a algumas pesquisas anteriores a
exemplo de Yamashiro et al., (2012) e Okada et al., (2006) o que pode ter subestimado a
incidência de lesões pulmonares, principalmente nos pacientes com PET/MAH. Uma das
explicações para isso é o fato de que a grande maioria das pesquisas que abordam alterações
pulmonares em indivíduos com HTLV-1 são oriundas do Japão, região reconhecidamente
com a maior taxa de pessoas infectadas pelo vírus no mundo.

Outra limitação foi o baixo número de pacientes sem PET/MAH do sexo


masculino. No entanto, sabe-se que a procura dos homens por serviço médico ainda é bem
menor quando comparado às mulheres (PAIVA; CASSEB, 2015), além disso a maioria dos
pacientes do sexo masculino cadastrados no ambulatório do NMT da UFPA representa a
única fonte de sustento familiar o que dificultava que os mesmos comparecem às consultas
de rotina, bem como à realização dos exames. Ainda assim, deve-se considerar que a
transmissão do HTLV-1 no sentido mulher-homem é menos efetiva e que os pacientes sem
75

PET/MAH por não apresentarem uma forma clínica relacionada ao vírus tendem a não
procurar o atendimento médico por “não apresentarem sintomas”.

Como terceira limitação, o estudo em questão não realizou análise de


mediadores inflamatórios ao nível do lavado broncoalveolar uma vez que a broncoscopia
seria procedimento invasivo e sem indicação clínica que a justificasse. Além disso, não foi
avaliado a nível laboratorial a deficiência da enzima proteica alfa 1 antitripsina cuja
deficiência está relacionada ao desenvovimento de enfisema pulmonar e bronquiectasias. No
entanto, vale destacar que todos os pacientes do estudo foram submetidos a entrevista clínica
e perguntado sobre qualquer tipo de alteração pulmonar pregressa ou atual, incluindo o
diagnóstico de enfisema pulmonar. Adicionalmente, nenhuma TC de tórax de qualquer
paciente do estudo foi compatível com achados de enfisema pulmonar e/ou DPOC. Por fim,
a amostra do estudo não foi do tipo randomizada o que traria mais acurácia à analise
estatística, porém a presença de grupos bem definidos no estudo somado ao número restrito
de pacientes com HTLV tornou inviável a aleatoriedade. Ainda assim, estudos futuros que
eliminem ou minimizem tais limitações supracitadas principalmente ao que concerne a
pesquisa laboratoria de alfa 1 antitripisina em estudos futuros é de fundamental importância
já que a incidência de bronquiectasias no estudo foi bastante prevalente.
76

7 CONCLUSÃO

Padrões anormais de TC foram observados em pacientes com HTLV-1,


principalmente aqueles que desenvolveram a PET/MAH e o acometimento pulmonar inclui
também a função pulmonar. Por outro lado, o sistema vascular pulmonar precisa de mais
estudos que ratifiquem alguns achados aqui descritos. Assim, métodos de avaliação
pulmonar devem ser incorporados precocemente ao acompanhamento de pacientes com
HTLV-1, sendo a TC de tórax e espirometria exames fundamentais e devem fazer parte do
manejo clínico de rotina e inserido nos manuais das organizações governamentais em saúde
uma vez que tal condição patológica parece ser silenciosa tal como a própria transmissão do
vírus.
77

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85

APÊNDICES
86

APÊNDICE A –Termo de consentimento livre e esclarecido

Este projeto irá investigar uma possível relação entre pacientes em


acompanhamento clínico no ambulatório do NMT da UFPA infectados pelo HTLV e a
ocorrência de doenças/alterações pulmonares. Para isso, será realizado exame físico,
preenchimento de um questionário, realização de TC e serão coletados amostras de sangue
para a realização dos exames, tanto para verificar a condição de saúde como para
diagnóstico das possíveis alterações pulmonares. Os exames laboratoriais serão feitos em
Belém no Núcleo de Medicina Tropical da UFPA e o de imagem na FSCMPA. Os exames
servirão como métodos de diagnóstico de doença pulmonar em pacientes com HTLV. As
amostras biológicas serão guardadas em freezer e se necessário, elas serão utilizadas para a
realização de outro teste para melhorar o diagnóstico e investigação dessas doenças.

Se você tiver qualquer pergunta sobre esse estudo ou riscos, você pode entrar em
contato com o Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma, telefone (91) 3241-0032. Se você tiver
dúvidas sobre seus direitos ou com relação aos aspectos éticos do trabalho você pode entrar
em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (CEP) no
núcleo de medicina tropical da UFPA localizada na av Generalíssimo Deodoro, nº92,
Umarizal, Belém/PA no telefone: (91) 3241-0032.

É garantida a liberdade de retirar o consentimento a qualquer momento e deixar


de participar da pesquisa. As informações serão analisadas em conjunto com outros
pacientes, não sendo divulgado a identificação de nenhum paciente. Não há nenhuma
despesa pessoal adicional ao participante nesse estudo. Também não haverá compensação
financeira relacionada à sua participação. Os dados obtidos por sua participação serão
apenas utilizados para este estudo e trabalhos que estejam vinculados a este.

Consentimento: acredito ter sido suficientemente informado a respeito das


informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o estudo Alterações
respiratórias em pacientes infectados pelo HTLV

Eu discuti com o Dr. Juarez Antônio Simões Quaresma sobre a minha decisão
em participar nesse estudo. Ficaram claros para mim, quais são os propósitos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
87

confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha


participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso a tratamento hospitalar
quando necessário. Concordo voluntariamente em participar desse estudo e poderei retirar o
meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou
prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adiquirido.

___________________________ Belém ____/_____/_____


Participante
___________________________ Belém ____/____/_____
Testemunha

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o consentimento livre e


esclarecido deste paciente para a participação neste estudo.

_______________________ Belém ____/_____/_____


Pesquisador
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APÊNDICE B – Ficha protocolo


1. IDENTIFICAÇÃO
Nome:
Matrícula: Contato: Ocupação:
Data nascimento: ______/______/______ Idade: Estatura: IMC:
Sexo: □ Masc □ Fem
Naturalidade: □ capital □ Metropolitana □ Interior
Endereço atual: □ capital □ Metropolitana □ Interior
Classificação clínica do HTLV 1: □ Portador □ PET DEF □ PET PROV. □ PET POSS.
2. CONDIÇÃO SÓCIOECONÔMICA
□ Analfabeto □ Pré escolar □ Fundamental □ Médio □ Superior □ Pós graduação
□ < 1 mínimo □1 mínimo □ 2 mínimos □ 3-5mínimos □ 5-10 mínimos □ > 10 mínimos
3. ESTILO DE VIDA
Estado marital: □ Solteiro □ Casado/União estável
Tabagista: □ Não □ Sim Qto tempo?
Ex-tabagista: □ Não □ Sim Qto tempo?
Fumante passivo: □ Não □ Sim Qto tempo?
4. CONDIÇÃO DE SAÚDE
Internação hospitalar? □ Não □ Sim Quando e qtas?
Motivo da internação hospitalar?
Cardiopatias? □ Não □ Sim Qual?
HAS? □ Não □ Sim
Doenças infecciosas? □ Não □ Sim Qual?
Outras doenças?
5. SINAIS E SINTOMAS PULMONARES
Tosse: □ Ineficaz □ Eficaz □ Produtiva □ Improdutiva
Expectoração: □ Ausente □ Presente □ Peq. Qtdade □ Média. Qtdade □ Gde. Qtdade
□ Fluida □ Viscosa
□ Mucóide □ Muco-purulenta □ Purulenta □ Hemoptise
□ Fétida □ Normal
Dispneia □ Não □ Sim □ Repouso □ Esforço
Borg modificada: 00 Nenhum 0,5 Mto, mto leve 01 Mto leve 02 Leve 03 Moderado
04 Um pouco forte 05 e 06 Forte 07 e 08 Mto Forte 09 Mto, mto forte 10 Máxima
Dor torácica □ Não □ Sim
Cianose □ Não □ Sim
Outros: □ Não □ Sim
6. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL:
□ Partículas sólidas (poeiras, carvão, sílica, asbeto): Qto tempo?
□ Partículas líquidas/gasosas (vapores, gases tóxicos): Qto tempo?
89

□ Substâncias irradiantes (raios-x): Qto tempo?


□ Outros: Qto tempo ?
7. DOENÇA PULMONAR PREGRESSA OU ATUAL:
Câncer pulmonar □ Não □ Sim
Tuberculose pulmonar □ Não □ Sim Qtas vezes? Ano?
Pneumonia □ Não □ Sim Qtas vezes? Ano?
Enfisema ou DPOC □ Não □ Sim Ano?
Bronquite □ Não □ Sim Ano?
Outras? □ Não □ Sim Qual? Ano?
8. SINAIS VITAIS:
FR: FC: SpO 2: PAS:
9. AUSCUTA PULMONAR:
MV: □ Presente □ Diminuído □ Ausente.
Roncos □ Não □ Sim
Estertores □ Não □ Sim
Sibilos □ Não □ Sim
Atrito pleural □ Não □ Sim
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ANEXOS
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ANEXO A – Critérios para diagnóstico e estadiamento da PET/MAH

Definitivo:
 Paraparesia espástica
 Alteração da marcha referida pelo paciente
 Alterações de sensibilidade
 Alterações esfincterianas
 PCR positivo para HTLV-1
 Exclusão de outras doenças semelhantes a PET/MAH

EM; Meningite Ca; Paraparesia espástica familiar; Mielite Transversa; ELA; SD


paraneoplásica; Seringomielia; Lyme; Def. de B12 e Folato; Behçet; Neurosífilis; Neuro
TB; Sarcoidose; HIV; Doença do colágeno; Mielopatia autoimune; Sjögren; Mielopatia por
fungo; Fístula arteriovenosa; Mielopatia hepática; Mielopatia por Ascaris e Toxocara;
Compressão medular; Mielopatia por Neurocisticercose.

Provável:
Apresentação monossintomática:
 Espasticidade ou;
 Hiperreflexia ou;
 Sinal de Babinski;
 Alterações sensoriais
 Bexiga neurogênica (teste urodinâmicos)
 PCR positivo para HTLV-1
 Exclusão de outras doenças semelhantes a PET/MAH

Possível:
 Apresentação clínica completa ou incompleta
 Sorologia para HTLV-1 (sague e/ou LCR) ou;
 PCR positivo para HTLV-1
 Distúrbios que podem se assemelhar a PET/MAH não devem ser excluídos
92

ANEXO B – Aprovação do projeto pelo CEP.


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