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TOLEDO
Estado do Paraná
outubro - 2007
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE
CENTRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIAS EXATAS - CECE
TOLEDO
Estado do Paraná
outubro - 2007
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO OESTE DO PARANÁ - UNIOESTE
CENTRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIAS EXATAS - CECE
AGRADECIMENTOS
A Deus que esteve presente em todos os momentos da minha vida, e sem Sua
proteção e amparo eu não teria chegado aqui.
A minha família, que mesmo estando longe, sempre me dedicou amor, apoio e
incentivo nos momentos que precisei.
Ao meu Orientador Prof. Robie Allan Bombardelli, pela oportunidade, confiança,
paciência e orientação, que foram fundamentais em todos os momentos.
A Cristina, uma das melhores amizades que conquistei durante o curso, mão
amiga sempre estendida tanto em momentos difícies, como nos momentos de festas.
A Fran e o Bé, amigos do peito, anjos da guarda, que em pouco tempo se tornaram
pecas importantes na minha vida, presentes nos momentos de lágrimas, estudos,
discussoes, e também durante os momentos de descontração.
A todos professores do curso de Engenharia de Pesca que contribuiram para a
minha formação.
Aos grupos de pesquisa GEMAQ e GERPEL, que no decorrer do curso abriram
horizontes, despertando afinidades com determinadas áreas.
Ao Prof. Mutsuo e aos colegas de Belém/PA, que de uma forma ou de outra
contribuiram na realização do meu estágio.
As empresas da Região Norte do Estado do Pará, que me receberam de “portas
abertas”, tornando possível meu estágio.
Enfim, a todas as pessoas que, direta ou indiretamente participaram desta etapa da
minha vida, e com certeza serei grata por toda a minha vida.
v
BIOGRAFIA
Página
RESUMO..........................................................................................................................x
ABSTRACT................................................................................................................... xii
I. INTRODUÇÃO.............................................................................................................1
II. Revisão da Literatura ...................................................................................................3
2.1. Produção mundial de pescado....................................................................................3
2.2. Produção de pescado no Brasil ..................................................................................4
2.3. Produção de pescado na região Norte........................................................................7
2.4. Aqüicultura no Brasil...............................................................................................10
2.5. Pesca extrativa no Brasil..........................................................................................13
2.6. Frota pesqueira brasileira.........................................................................................16
2.7. Finalidade do pescado..............................................................................................18
2.8. HACCP ....................................................................................................................21
V. RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................26
5.1. – Indústria “A”.........................................................................................................26
5.2. – Fazenda “A”..........................................................................................................30
5.3. – Indústria “B”. ........................................................................................................39
VI. CONCLUSÃO..........................................................................................................47
6.1. - Indústrias de processamento do pescado...............................................................47
6.2. – Carcinicultura........................................................................................................49
vii
LISTA DE TABELAS
Página
LISTA DE FIGURAS
Página
Segundo dados estatísticos é fato que a pesca extrativa está em declínio no Brasil,
devido principalmente à sobre-pesca dos principais recursos pesqueiros nacionais e o
comprometimento da renovação de estoques Devido a esta estagnação da produção
extrativa houve maiores investimentos na aqüicultura tanto continental quanto marítima.
Na aqüicultura marinha, a carcinicultura tem apresentado destaque em produção, mas,
tem chamado atenção dos diversos segmentos da sociedade, por demandar captação e
lançamento de elevados volumes de água não tratada no meio ambiente. O presente
estudo foi desenvolvido através do acompanhamento no processamento industrial do
camarão-rosa (Farfantepenaeus subtilis), piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii),
pargo (Lutjanus purpureus), que são espécies oriundas da pesca extrativa industrial, e
do acompanhamento no cultivo e processamento do camarão-branco (Litopenaeus
vannamei), que é uma espécie exótica cultivada na carcinicultura, no Estado do Pará,
com o intuito de aprimorar conhecimentos técnicos nas referidas áreas. O
processamento do camarão-rosa, piramutaba e pargo foram acompanhados diretamente
em duas indústrias no Município de Belém, Distrito de Icoaraci, desempenhando as
atividades de recepção, retirada do esporão/descamação, lavagem, corte de nadadeiras,
descabeçamento, extração da pele, evisceração, toillet, congelamento, classificação por
espécie e tamanho, glaseamento, embalagem primária, pesagem, embalagem
secundaria, estocagem, expedição, análise de concentração de Metabissulfito e swab. O
cultivo e processamento do camarão-branco foi acompanhado indiretamente numa
fazenda em Curucá, desempenhando atividades de arraçoamento, biometria e
repovoamento, e coletando dados sobre o processamento. Na indústria de
processamento do camarão-rosa as normas do APPCC são aplicadas severamente, já
que 70% da sua produção vão para os mercados do Japão e Europa, diferentemente da
indústria de processamento do pescado, que abastece o mercado nacional com 80% da
sua produção. Na fazenda de carcinicultura o processamento do camarão é artesanal e
vendido em feiras livres de Belém. Nenhuma das indústrias de processamento possui
tratamento de resíduos, a processadora de camarões alegou não possuir resíduos sólidos,
pois os camarões são descabeçados em alto-mar, e quanto ao resíduo líquido, há um
projeto em andamento. A processadora de pescados informou que seus resíduos sólidos
são coletados por uma empresa (Indústria de farinha de pescado) e o líquido despejado
na Baía do Guajará. Na fazenda de carcinicultura, as boas práticas de manejo não são
aplicadas, a começar pela implantação da mesma em área de manguezal, taludes sem
proteção e o não tratamento de efluentes. Para as indústrias de processamento os
xi
Statistical data is fact that fishing exploration is declining in Brazil, which had mainly to
on-fishes of the main resources national fishing boats and the problems in the renewal
fishing communities, however this stagnation of production had greatest investments in
how much in such a way maritime the continental acquaculture. In the sea acquaculture,
the shrimp farming has presented prominence in production, but, has called attention the
diverse segments of the society, for demanding receiver and pouring out of high
volumes of water not treated in the environment. The present study it was developed
through the accompaniment in the industrial processing of the shrimp-rose
(Farfantepenaeus subtilis), piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii), pargo (Lutjanus
purpureus), deriving species of industrial fishes exploration, accompaniment in the
culture and processing shrimp’s white (Litopenaeus vannamei), a cultivated exotic
species in the carcinicultura, in Pará, the purpose was to improve knowledge technician
in the cited areas. The processing of the shrimp-rose, piramutaba and pargo had been
observed directly in two industries in Belém, District of Icoaraci, performing the
activities of reception, sting’s withdrawal/scalling off, paddle laudering, cut off the
head, skin’s extraction, retreat intestine, toillet, freezing, classification for species and
size, glaseamento, primary packing, pesagem, packing would second, stockage,
expedition, analysis of concentration of Metabissulfito and swab, the white shrimp’s
culture and processing observed indirectly in a farm in Curucá, executing supply
portion, biologic weight and introduce of shrimps, and collecting processing
informations. In the industry of rose shrimp’s processing the norms of the APPCC are
applied severely, considering 70% of its production go for the markets of Japan and
Europe, differently of the industry of fish’s processing, that it supplies the national
market with 80% of its production. In the shrimp farm the processing of the shrimp is
artisan, and sells in you wounded free of Belém. None of the processing industries
possess treatment of residues, the processing of shrimps alleged not to possess solid
residues, therefore the shrimps are beheaded in high-sea, and how much to the liquid
residue, it has a in progress project. The processing of fished informed that its solid
residues are collected by a company (fished flour Industry of), and the liquid poured in
the Bay of the Guajará. In the carcinicultura farm, good the practical ones of handling
are not applied, to start for the implantation of the same one in area of swamp, slopes
without protection and not the treatment of effluent. For the processing industries the
biggest impediments are: the fall in the captures of the fished one, mainly of the shrimp-
rose; difficulty of fulfilment of the norms of the APPCC; lack of incentive on the part of
xiii
the government and the fall of the dollar, that weakens the exportations. For the
carcinicultura the biggest difficulties are: the absence of laboratories of larvicultura of
shrimp in the state, fact that endear the acquisition of after-larvae due to the freight;
high cost of the ration, that also does not possess industry in the state; high cost of the
electric energy and the artisan processing that adds little value to the shrimp. A
suggestion for the industry of processing of the fished one, would be other forms of
processing of the fished one, using integrally the accompanying fauna, adding bigger
value to the fished one, and conquering other consuming markets. For the carcinicultura
it is considered that it has a bigger integration between the producers, the producer and
fishing associations, agency governmental inspection and, university and the researchers
so that it has a bigger exchange of experiences, exposition of the problems and the
advantages of the carcinicultura as brainstorming for the sustainable development.
Segundo dados estatísticos é fato que a pesca extrativa está em declínio no Brasil,
devido principalmente à sobre-pesca dos principais recursos pesqueiros nacionais e o
comprometimento da renovação de estoques. Com a esta estagnação da produção
extrativa houve maiores investimentos em estruturas produtivas, o que provocou
aumento na participação da aqüicultura tanto continental quanto marítima (DIEGUES,
2006).
Mundialmente a aqüicultura apresentou, na última década, um crescimento anual
médio cinco vezes superior ao apresentado pela bovinocultura, avicultura e suinocultura
(BORGHETTI et al, 2003). No Brasil a produção aqüícola também vem crescendo,
entre 2000 (176.531 toneladas) e 2001 (210.000 toneladas) o crescimento foi de 17%,
sendo que a aqüicultura continental foi responsável por 78,1% (164 mil toneladas) e os
21,9% restantes (46 mil toneladas) foram produzidos em marinhas ou estuarinas (FAO,
2003).
Estima-se que somente na região Nordeste, entre áreas adjacentes aos manguezais,
salinas e viveiros de peixes desativados, existam 300.000 hectares propícios para a
expansão do cultivo do camarão marinho. O pleno aproveitamento dessa área
significaria a produção anual de 1,5 milhão de toneladas, gerando US$ 7,5 bilhões de
renda e 1,3 milhões de empregos diretos e indiretos, o que elevaria as condições sócio-
econômicas da faixa rural da costa nordestina, com considerável impacto no
desenvolvimento regional (BRANDÃO, 2007).
O estado do Pará possui 1.248.042 km2, o que representa quase 15% do território
brasileiro, 562 km de litoral cujo percurso vai do Cabo Norte a Foz do Rio Gurupi,
compreendendo 70.000 km2, de plataforma arrastável, permitindo diversas formas de
2
FIGURA 4 - Cilindro
giratório com água corrente.
Segundo dados da SEAP (2004), a frota pesqueira marinha e estuarina que opera
no litoral brasileiro, tanto na zona costeira quanto na pesca oceânica, está estimada em
torno de 30.000 embarcações, 10% das quais, consideradas de médio e grande portes, e
conhecidas como frota industrial.
Significa que 27.000 embarcações são utilizadas pela pesca dita artesanal,
composta por embarcações de pequeno porte (jangadas, canoas, botes, etc.) que, pelas
suas características, tem pouco raio de ação e, conseqüentemente, limitada autonomia
em operações pesqueiras no mar (SEAP, 2004).
A pesca artesanal atua nas capturas com o objetivo comercial, associado à
obtenção de alimento para as famílias dos participantes, onde predominante do trabalho
familiar, ou do grupo comunitários e possui como fundamento o fato de que os
pescadores são proprietários de seus meios de produção (redes, anzóis etc.) (SEAP,
2004).
A embarcação da pesca artesanal, não é, exclusivamente, um meio de produção,
mas, também, de deslocamento, o proprietário da embarcação é, normalmente, um dos
pescadores que participa como os demais, de toda a atividade de pesca. Porém, é
também significativa a interferência de intermediários, o que, na maioria dos casos,
resulta na apropriação, pelos mesmos, de grande parte da renda dos pescadores (SEAP,
2004).
Algumas das modalidades de pesca descritas na Tabela 6, em função da intensa
exploração, principalmente na costa e no estuário, estão sendo objeto de restrições ao
incremento de frota, vedando-se a inclusão de novas embarcações, a não ser em caso de
substituições por desativação, destruição ou naufrágio. São consideradas frotas com
esforço controlado/limitado: a) arrasto de camarões (litoral norte e sudeste/sul); b)
arrasto de piramutaba (litoral norte); c) linheiros para pargo (norte/nordeste); d)
armadilha para lagosta e pargo (litoral norte/nordeste); e) cerco para sardinha
(sudeste/sul); f) arrasto de fundo para peixes demersais (sudeste/sul).
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2.8. HACCP
No ano de 2005 foi utilizada uma área total de 15,8 hectares, com uma produção
de 79 toneladas. Para a venda da produção firmaram-se contratos negociados antes do
ciclo produtivo com as empresas Amazon Catfish e Campasa.
4.2. – PROCEDIMENTOS
viveiro precisa ser realizada somente se o pH estiver abaixo de 7,0, usando carbonato de
cálcio, hidróxido de cálcio ou óxido de cálcio.
Segundo ABCC (2005), a manutenção das boas condições do solo nos viveiros
assegura o sucesso dos cultivos. O solo influência diretamente a qualidade da água e dos
camarões que, por seu hábito bentônico, ficam por mais tempo em contato com a
superfície do solo. A preparação do fundo dos viveiros compreende a esterilização de
poças, a secagem e revolvimento do solo, a correção do pH (acidez) e a vedação das
comportas. A duração desses procedimentos totaliza de 10 a 20 dias, dependendo do
teor de matéria orgânica e da velocidade de sua decomposição pelas bactérias.
ABCC (2005), sugere que a esterilização deve ser feita com a aplicação de cloro
nas poças para eliminar competidores e predadores. O pH deve ser corrigido com a
utilização de calcário dolomítico, aplicado em duas etapas, antes e após o revolvimento
do solo. O calcário em conjunto com a exposição do solo aos raios solares e ao oxigênio
atmosférico atua melhorando as condições do ambiente para as bactérias responsáveis
pela decomposição da matéria orgânica, que deverá se manter em níveis inferiores a
4%.
Após as desinfecção e calagem, o viveiro deve ser abastecido com uma lâmina de
água de pelo menos, dez centímetros para receber as substâncias húmicas, que são
substâncias orgânicas com a função de transferir do solo para a água elementos
químicos como o potássio, o cálcio, o ferro, o cobre, e o zinco, que se acumulam ao
longo dos ciclos de cultivo. Esses elementos químicos (cátions e ânions), na água são
aproveitados pelo fitoplâncton como nutrientes. Os ácidos húmicos e fúlvicos são as
substâncias húmicas usadas no cultivo de camarões (BRANDÃO, 2007).
A turbidez dos viveiros é medida com o auxílio de um disco de secchi, sendo que
o nível ideal é entre 40 e 60 cm, podendo ser corrigido com a aplicação de calcário e de
fertilizantes químicos inorgânicos, em casos de transparência elevada, é necessário
proceder-se uma adubação de correção (NUNES et al, 2005).
Segundo ALVES & MELLO (2007) Existem dois tipos básicos de turbidez nos
viveiros: a que resulta do crescimento do fitoplâncton e a que é ocasionada pelas
partículas de sólidos suspensos. Ambas restringem a penetração da luz na água - uma
menor quantidade de luz no fundo evita ou limita o crescimento de indesejáveis
filamentos de algas aquáticas. Porém, o fundo não deve ser destituído totalmente de luz,
pois teremos um ambiente anaeróbio. Assim, o produtor deve estar atento para o “ponto
de compensação”.
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NUNES (2000) sugere que durante as primeiras duas semanas de engorda, a ração
deve ser distribuída por voleio próximo aos taludes e uma pequena quantidade
concentrada em bandejas localizadas no perímetro do viveiro. Durante este estágio,
recomenda-se o uso de 20 bandejas/ha. A partir da 2° semana, deve ser iniciada a
distribuição de ração em todos os comedouros.
As bandejas de alimentação (Figura 9) são distribuídas na proporção de 50/ha, não
servindo somente para a alimentação e também para observar as condições dos
camarões, pois se há carapaças soltas na maioria das bandejas significa que a maioria
dos camarões está em fase de muda, portanto mais vulneráveis, não sendo recomendável
uma possível despesca.
Para NUNES (2000), a prática do comedouro é mais trabalhosa, mas permite
observações diretas do grau de apetite e condições físicas dos camarões, já que o animal
é geralmente visto no comedouro. Essa prática leva a uma redução do desperdício de
ração e melhora os índices de conversão alimentar.
Segundo ABCC (2005), além de incrementar a qualidade da água de cultivo e,
conseqüentemente, de seus efluentes, o sistema de arraçoamento em bandejas fixas
contribui para a diminuição da troca de água nos cultivos semi-intensivos e intensivos,
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No decorrer do cultivo os fatores mais observados são: ração e oxigênio, pois são
considerados fatores limitantes no crescimento e sobrevivência. Estando o oxigênio
dissolvido numa faixa de desconforto, abaixo de 5mg/l, os camarões entram em estresse
e suspendem a alimentação, comprometendo seu crescimento e funções vitais. O
fornecimento da ração deve ser contínuo, pois a suspensão do fornecimento por 2 ou
mais dias podem interromper o crescimento causando prejuízos a produção.
No dia 16/08 foi efetuada uma biometria, coletados 30 camarões, sendo 15 de cada
viveiro (V4 e V5), com tamanho e peso de aproximadamente 7 centímetros (Figura 11)
e 3,6 gramas com 27 dias de cultivo. A previsão é de que deste momento em diante o
camarão engorde cerca de 2 gramas por semana, alcançando 12 gramas em 60 dias, que
é o peso ideal para ser oferecido ao mercado local.
Segundo ABCC (2005), a biometria e um método para medir o incremento
semanal de peso dos camarões estocados e realizar os ajustes na quantidade de ração
semanal ofertada aos animais. Com os resultados das biometrias é possível se identificar
o crescimento dos camarões, são realizadas semanalmente a partir do 30º ao 35º dia de
cultivo e consistem em capturar, com o auxílio de uma tarrafa, um número
representativo de camarões em vários pontos de cada viveiro de engorda, os quais são
pesados para determinação do peso médio. Durante as biometrias são observados o grau
de repleção do intestino dos camarões, a presença de doenças e de parasitas e a prática
do canibalismo. A avaliação é também importante para definir o momento da despesca.
37
Os peixes passam por várias fases nas etapas de processamento (Anexos 01 e 02),
como: evisceração, retirada da cabeça, retirada da pele, higienização e toillet,
classificação por tamanho, qualidade e espécie, filetagem, postejamento, congelamento,
embalagem, estocagem e expedição do produto final.
Segundo BEIRÃO et al (2000), a segurança de produtos marinhos com relação à
contaminação bacteriana é usualmente relacionada com o potencial de causar infecção
alimentar, o qual normalmente é o resultado de descuido no manuseio durante ou após o
preparo. A contaminação começa, sem dúvida, no barco e especialmente com materiais
associados ao convés, como tábuas, gelo, rede e trabalhadores a bordo, sendo que o
mercado e a planta de processamento bem como todos os equipamentos, inclusive
caixas sanitizadas inadequadamente, facas e também a água de processamento podem
aumentar a contaminação.
Ainda na recepção, operárias devidamente treinadas, utilizando-se de
machadinhas, higienizadas e sanitizadas, sobre bases em estrutura de aço inoxidável e
placas de borracha sintética, efetuam a retirada dos esporões dos peixes (Figura 15) para
logo em seguida destinarem o pescado para a fase de lavagem (piramutaba). Uma vez
no cilindro giratório de aço inoxidável, perfurado internamente e aletado na forma de
parafuso sem-fim (piramutaba) ou em rampa de material inox (pargo), sob esguichos de
água resfriada entre 5 a 15º C e clorada a 5 ppm, o pescado recebe lavagem com a
finalidade de diminuir a flora bacteriana presente na sua pele. A temperatura da água, do
pescado e o nível de cloro residual são verificados a cada 1 h e 2 h respectivamente.
43
A B
FIGURA 16 - (A) Acondicionamento do pescado em bandejas plásticas. (B) Congelamento do
pescado em túnel de ar forçado.
compradores, como: 2/4, 4/6, 6/8, 8/10, 10/12 e 14/16 (em onças); ¾ /1, 1/2, 2/4, 4/6,
6/8 (em libra).
Realiza-se a operação de glaseamento pela imersão do produto uma única vez
numa mistura de água com gelo, contida em um tanque de aço inoxidável, com a função
de proteger o pescado para não ser “queimado” devido à baixa temperatura.
BEIRÃO et al (2000) sugere que o glaseamento é uma forma de preservar a
qualidade do pescado evitando a dessecação e a rancificação, podendo ser feito com
água pura; com soluções aquosas de antioxidantes, formando uma película protetora de
gelo na superfície do pescado.
Após um pré-congelamento e glaseamento, os produtos são transportados para
mesas em aço inox, devidamente higienizadas e sanitizadas, e por operários treinados,
são acondicionados em sacos de polietileno ou polipropileno e posteriormente pesados,
acrescentando-se a diferença de peso ganho pelo produto durante o processo de
glaseamento, sendo em seguida fechados em máquina seladora a quente (polietileno) ou
costurados (polipropileno), com todas as informações impressas na rotulagem.
Em seguida, os produtos que são embalados em sacos de polietileno são
acondicionados em caixas de papelão de primeiro uso (master box), com o plano de
marcação impresso e os que são embalados em sacos de polipropileno seguem direto
para a estocagem.
O produto é rigorosamente identificado no plano de marcação, sendo feita
anotações devidas, como: data de fabricação, data de validade, tamanho, espécie e
número do lote.
Uma vez concluída a embalagem final, as caixas ou sacos de polipropileno são
transportadas para a câmara de estocagem de produto final, sendo empilhados uma
sobre a outra, obedecendo a um espaço mínimo entre as pilhas, para melhor circulação
do ar frio.
A temperatura é mantida nos limites entre –18ºC a –25ºC, monitorada a cada uma
hora (1 h), através de termômetros localizados na parte externa, na sala de máquinas, em
pontos de fácil visualização, registrada no mapa de controle de temperatura das
unidades de frio e também através de termo registrador. O sistema de frio industrial é
rigorosamente mantido sob controle, possuindo uma equipe que controla e realiza as
manutenções devidas.
Segundo OETTERER (2003), a temperatura do pescado congelado é geralmente
inferior a -18ºC. Os microrganismos deterioradores não se desenvolvem abaixo de cerca
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de -10ºC, o que elimina esse problema. No entanto, a autólise continua ocorrendo até as
temperaturas muito inferiores a –10ºC, portanto, quanto mais baixa a temperatura, mais
lenta será a ação destas enzimas.
Os produtos devidamente embalados e estocados são transferidos para containers
frigoríficos, limpos, que são transportados até o cais do porto, onde são embarcados em
navios que transportam a carga até o país de destino (mercado internacional) ou para
caminhões frigoríficos, limpos, que transportam a carga por via rodoviária até a cidade
de destino (mercado nacional). O embarque é realizado de forma contínuo e sem
interrupções. A temperatura do produto obedece ao limite entre –18ºC a –22ºC,
monitorada por um auxiliar do controle de qualidade, que fará o seu registro em
formulário próprio.
Os resíduos sólidos gerados pelo processamento do pescado são recolhidos por
uma Indústria de Farinha animal, que está processando a farinha de pescado classe “A”,
e óleo de pescado com menos de 1% de acidez, e revendendo-os para indústrias de
ração animal em Fortaleza.
Segundo OETTERER (2003), o aproveitamento dos resíduos depende do custo
despendido para tal, podendo ser utilizado para o consumo humano ou animal, o que
diminui a poluição causada pelo descarte deste material na rede pública e abaixa o custo
dos insumos industriais.
VI. CONCLUSÃO
pargo e fauna acompanhante aproveitada) tem sua produção voltada para o mercado
interno (Minas Gerais, São Paulo, Ceará e Pará). Em relação a tecnologia usada nas
atividades de processamento, foram introduzidas algumas mudanças, mas não houve
transformação de maior vulto na forma de processamento de camarão e peixe.
Principalmente no processamento do pescado, existe muito descarte de carcaças
que poderiam ser utilizadas na extração da CMS, e assim processar nuggets, fishburger,
lingüiças, patês e salsichas, que agregariam valor ao pescado, e aumentariam a gama de
produtos ofertados.
A diminuição da quantidade capturada de camarão-rosa, e a queda do dólar, têm
feito com que as empresas adotem mudanças em seu processo de produção, as quais tem
tido rebatimentos diretos sobre o processo de trabalho, como por exemplo, o
processamento intenso de piramutaba e pargo, como também de algumas espécies que
compõem sua fauna acompanhante. Porém, esse processamento da fauna acompanhante
ainda é considerado “pequeno”, quando comparado ao montante capturado e descartado.
Grande parte da fauna acompanhante e as cabecas de camarões sao descartados em
“alto-mar”, gerando poluição e desperdícios.
Os resíduos líquidos são despejados na Baía do Guajará, sem nenhum tipo de
tratamento, degradando o meio ambiente e prejudicando a qualidade da água e a
comunidade ictiológica local.
Com relação a aplicação do sistema APPCC na indústria do processamento do
pescado, sofre uma influência relacionada à necessidade de se cumprir os requisitos
sanitários impostos pelos principais países importadores destes produtos, principalmente
do Japão, que é o país mais exigente quanto a qualidade do camarão.
Segundo os responsáveis pela implatação e cumprimento do sistema APPCC na
indústria do processamento, um dos maiores entraves é a resistência as normas do
APPCC, tanto por parte dos funcionários da linha de produção, que tentam “burlar” as
rotinas, quanto por parte dos diretores, que afirmam que em alguns procedimentos do
APPCC, atrasa e encarece o processamento.
A obrigatoriedade da adoção do sistema APPCC trouxe um aumento de
produtividade e uma melhora na qualidade do produto final, contudo observa-se que a
indústria de processamento tem problemas de infra-estrutura, pois as instalações são
antigas. Essa situação traz dificuldades para que essas empresas busquem melhorar sua
posição no Mercado ou, até mesmo, conquistar novos nichos de Mercado, pois não
possuem tecnologia para elaborar produtos de maior valor agregado.
49
6.2. – Carcinicultura
diretamente no corpo d’água receptor, podendo afetar a vegetação nativa (mangue, mata
de capoeira e apicuns) e a qualidade da água dos estuários.
É importante salientar que o metabissulfito é um composto oxidante e, ao ser
lançado no ambiente, diminui a concentração de oxigênio dissolvido, podendo provocar
a morte de organismos aquáticos.
Após ser lançado na água, o metabissulfito também libera o gás dióxido de
enxofre (SO2). O SO2 é um gás irritante para os trabalhadores que manipulam o
produto durante o processo da despesca e beneficiamento do camarão. A intoxicação
desse gás nos humanos ocorre pela absorção da mucosa nasal. Além disso, sua absorção
também é bastante rápida pela laringe, provocando edema de glote e privação do fluxo
de ar para os pulmões, podendo até causar edema pulmonar e choque, com a morte
imediata.
A ação erosiva nos taludes dos viveiros e canais de despesca está presente na
maioria das fazendas, uma vez que os mesmos encontram-se desnudos ou revestidos
com pouca vegetação natural. Essa erosão pode contribuir para o assoreamento dos
corpos hídricos da região, além de alterar a estrutura do solo já modificado com as
escavações dos viveiros de cultivo. Seria necessário ampliar e aprofundar as pesquisas
sobre as conseqüências desta ação erosiva nos taludes dos viveiros, para se obter
respostas mais eficazes à sua prevenção.
Apesar das irregularidades, a água do estuário do rio Curuçá (PA), que recebe o
efluente de fazendas de cultivo de camarão marinho no Estado, não apresenta sinais de
poluição, em decorrência de serem fazendas de pequeno porte, além de estarem situadas
numa região em que o regime de pluviosidade e de circulação diária de água é muito
intenso, com máres semi-diurnas de grande amplitude (aproximadamente cinco metros),
o que propicia a diluição e o transporte dos possíveis contaminantes para o mar aberto.
Propõe-se que haja uma maior integração entre os produtores, os trabalhadores
destas fazendas, as associações de pescadores e de produtores, bem como os órgãos
fiscalizadores e governamentais, as escolas públicas e os pesquisadores para que haja
uma maior troca de experiências, exposição dos problemas e das vantagens da
carcinicultura como busca de solução para o desenvolvimento sustentável.
VII. REFERÊNCIAS
FAO. The state of World’s Fisheries and aquaculture 2003. Disponível em:
<http://www.fao.org>.Acesso em 26 de maio, 2007.
FAO. The state of World’s Fisheries and aquaculture 2004. Disponível em:
<http://www.fao.org>.Acesso em 26 de maio, 2007.
FAO. The state of World’s Fisheries and aquaculture 2007. Disponível em:
<http://www.fao.org>.Acesso em 26 de maio, 2007.
MAIA, E.L.; OGAWA, M. Química do pescado. Restraint. In: OGAWA, M., MAIA,
E.L. Manual de Pesca – Ciência e Tecnologia do Pescado. vol.1. São Paulo: Livraria
Varela, 1999. p. 27 – 71.