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ISSN 1806-4779
4 APRESENTAÇÃO
Saneas é uma publicação técnica quadrimestral
da Associação dos Engenheiros da Sabesp
5 EDITORIAL
AESABESP
DIRETORIA EXECUTIVA
Eliana Kazue Irie Kitahara / Presidente
6 CARTAS
Amauri Pollachi / Vice-Presidente
Cecília Takahashi Votta / 1ª. Secretária
Aram Kemechian / 2º. Secretário
PONTO DE VISTA
Choji Ohara / 1º. Tesoureiro 7 Sustentabilidade e transdisciplinaridade
Emiliano Stanislau de Mendonça / 2º. Tesoureiro
48 RESENHAS
RECONHECIMENTO
50 José Medaglia
51 AESABESP
Foto-montagem
a partir de fotos
de Odair Faria
Além da especialização
N esta edição de abril de 2005, nossa matéria
de capa complementa os principais assun-
tos das quatro edições anteriores. “Engenharia:
com outras áreas de conhecimento para ter re-
sultados efetivos. O Projeto de Educação Am-
biental Gleba do Pêssego é um bom exemplo
profissão antiga, perspectivas novas” discute a de como isso acontece na prática.
formação do engenheiro necessária para ven- Os impactos positivos, no setor Saneamen-
cer os desafios ambientais, sociais, econômicos to, causados pela revisão da Resolução CONA-
e políticos atuais. MA 20, são mostrados pela Engenheira Paula,
Nessas edições tratou-se do paradoxo do sa- em Legislação. Indicadores com limites mais
neamento, que leva benefícios às pessoas, mas adequados às nossas realidades, certamente,
que pode degradar o meio ambiente, pelo lan- irão contribuir para a legalização da conformi-
çamento de efluentes sem tratamento. As mu- dade dos efluentes em muitas localidades.
danças climáticas globais e seus efeitos regionais Os artigos técnicos, bastante diversificados
e locais também foram discutidos, na tentativa e com muita qualidade, são direcionados aos
engenheiros que lidam com água, esgotos, ar e
eficiência energética.
A entrevista desta edição foi feita com Mau-
rício Reis, Diretor da Cia. Vale do Rio Doce, e
trata da questão ambiental. Se no passado esse
setor era considerado impeditivo para o suces-
so de muitas empresas, atualmente represen-
ta oportunidade de negócios, com grande po-
tencial de expansão. Aí também o engenheiro
é personagem fundamental, com conhecimen-
tos nas áreas ambiental, econômico-financeira
e social, além da sua especialização, como rela-
ta nosso entrevistado.
A segunda parte da “Arqueologia da água”,
na seção História do Saneamento, conta fatos
históricos que comprovam a importância de
práticas transdisciplinares nos projetos de en-
Reunião da equipe do Fundo Editorial da AESABESP genharia, que muitas vezes se transformam em
verdadeiros projetos sociais.
de se entender a razão da acentuada escassez de Finalmente, na seção Reconhecimento, é
água nos mananciais, no início deste século. Na prestada uma homenagem ao Engenheiro José
seqüência, o assunto principal foi a qualidade da Medaglia, pioneiro na implantação de siste-
água e sua relação com a saúde pública. A últi- mas de fluoretação de água, para a redução da
ma edição contemplou o desenvolvimento sus- prevalência de cáries na população dos muni-
tentável, como um ideal possível e necessário. cípios do Estado de São Paulo, na década de
Agora, o que se deseja saber é quais são, afinal, 1980. Atualmente, está comprovado que esse
os conhecimentos e habilidades que devem ter os é um dos maiores benefícios que o saneamen-
engenheiros, para lidar com essas questões. to leva, principalmente, para a população mais
Para isso, convidamos os professores da USP, carente, que não tem acesso ao dentista.
Nelson Nucci e Ubiratan D´Ambrosio, para a Reforçamos o convite às empresas parceiras,
seção Ponto de Visita. Vale a pena conferir as para que anunciem em nossa revista. Em face da
abordagens desses mestres, de várias gerações excelência que se está buscando, certamente seus
de engenheiros e cientistas, sobre o “construtor produtos chegarão aos formadores de opinião e o
de soluções” e sobre a “transdisciplinaridade” retorno será maior do que o investimento.
tão necessária para viabilizar essas soluções, na Certos de contar com sugestões e críticas
maioria das vezes. para melhoria da nossa publicação e melhor
Na seção Meio Ambiente, é mostrado como atender às expectativas dos nossos leitores, de-
um projeto de engenharia precisa de parcerias sejamos boa leitura a todos. ■
Saneas
São Carlos/USP, para eventual
publicação.
Antecipadamente agradeço e
coloco-me à disposição para os
As solicitações de assinatura da revista SANEAS deverão ser encaminhadas
possíveis esclarecimentos/altera-
para a Associação dos Engenheiros da Sabesp (AESABESP) no endereço
ções/correções.
aesabesp@aesabesp.com.br. Deverão constar nome, e-mail, endereço, CEP, Atenciosamente,
cidade e estado do assinante. Valor: R$ 90,00 por 6 edições. Eng. Geisa Paganini De Mio
Envie seus comentários, críticas ou sugestões para o Fundo Editorial da Agradecemos o envio do ma-
AESABESP pelo endereço aesabesp@aesabesp.com.br terial. Ele será submetido à
avaliação da equipe do Fundo
Sustentabilidade e
transdisciplinaridade
Apelo a cientistas e engenheiros
para lograr sociedades sustentáveis
Ubiratan D’Ambrosio
plexos de explicação e convivência cimento incontestável do poder as- perspectiva de futuro para a huma-
com a realidade que nos cerca. Ao sociado a detentores desses conheci- nidade, através de uma ética total.
reconhecer que não se pode atingir mentos fragmentados, podendo as-
um conhecimento final e, portanto, sim agravar a crescente iniqüidade O princípio essencial: restabe-
dever estar em permanente evolu- entre indivíduos, comunidades, na- lecer a integridade do homem e do
ção, a transdisciplinaridade repou- ções e países. Além disso, o conhe- conhecimento, integrando sensorial
sa sobre uma atitude aberta, de res- cimento fragmentado dificilmente + místico + emocional + intuitivo +
peito mútuo e, mesmo, humilda- poderá dar a seus detentores a capa- racional na totalidade mente + cor-
de, com relação a mitos, religiões e cidade de reconhecer e enfrentar os po + cosmos mediante a ética da di-
sistemas de explicações e conheci- problemas e as situações novas que versidade: respeito, solidariedade e
mentos, rejeitando qualquer tipo de emergem de um mundo cuja com- cooperação.
arrogância e prepotência. A trans- plexidade natural acrescenta-se a
disciplinaridade é, na sua essência, complexidade resultante desse pró- Para ler mais:
transcultural. Exige a participação prio conhecimento transformado • Ubiratan D’Ambrosio; Transdisci-
de todos, vindo de todas as regiões em ação, que incorpora novos fatos à plinaridade, Editora Palas Athe-
do planeta, de tradições culturais e realidade, por meio da tecnologia. na, São Paulo, 1997.
formação e experiência profissional Eliminar arrogância, inveja, pre- • Ubiratan D'Ambrosio (organiza-
as mais diversas. potência e adotar respeito, solidarie- dor): Declarações dos Foruns de
A essência da proposta transdis- dade, cooperação é a idéia de base Ciência e Cultura da UNESCO
ciplinar parte de um reconhecimen- na busca do conhecimento trans- (Veneza, Vancouver e Belém e a
to que a atual proliferação das disci- disciplinar. Busca-se um pacto mo- Carta da Transdisciplinaridade),
plinas e especialidades acadêmicas e ral entre todos os homens definiti- Textos Universitários, Editora da
não-acadêmicas conduz a um cres- vamente interessados numa nova Universidade de Brasília, 1994. ■
sem ocorrer independentemente de bora esta tendência esteja em parte Esse novo engenheiro estará então
processos com origem e explicação presente em algumas das reformas inaugurando uma nova época para
nos meios biológico e sócio-econô- de curriculos mais recentes(como é a engenharia, aquela em que atua-
mico. o caso por exemplo da Escola Poli- rá respeitando as restrições e bene-
Esse padrão de formação e de técnica da USP). No campo da re- ficiando-se das facilidades do meio
atuação teve sucesso enquanto as gulamentação da profissão do en- ambiente tratado na sua integrali-
reações dos ambientes biológico e genheiro anda-se mais lentamente dade. Será então coerente com as
sócio-econômico, em resposta aos e há um longo caminho a percorrer conceituações da cultura contem-
impactos de intensidade crescente para permear a engenharia das con- porânea da busca de sustentabilida-
que sofriam, não foram suficientes quistas da consciência da integrali- de da biosfera, mas com um desta-
para inviabilizar os resultados obje- dade ambiental. que de importância transcendental:
tivados pela engenharia. Na busca de maiores avanços há os fatores que põem em risco essa
Mede-se em décadas o perío- duas considerações adicionais que, sustentabilidade, ou seja, os pro-
do em que essas reações começa- podendo ser consideradas utopias, venientes do segmento sócio-eco-
ram a criar massa crítica para ge- possivelmente são apropriadas ao nômico, estarão sendo gerencia-
rar a institucionalização de balisas espírito exploratório e instigador de dos em conjunto com os demais e
restritivas às ações comprometedo- uma seção como este Ponto de Vista. a construção das soluções feitas sob
ras do ambiente na sua integralida- A primeira é otimista e vem de esta nova égide.
de. Iniciadas mais claramente pelas uma sensação com pretensões de Dessa utopia atual à realidade
reações às agressões ao meio bioló- profecia. A atuação do novo enge- a ser construída há um longo ca-
gico, tornaram-se tão ou mais im- nheiro que virá, continuará sendo minho a percorrer. Como enge-
portantes ao atingir o meio sócio- solidamente alicerçada no segmen- nheiros podemos ajudar a cons-
econômico, mercê da extensão das to físico, se estendará ao segmento truí-la identificando necessida-
conquistas do regime democrático biológico já após nele ter concluido des e instrumentos para supri-las.
a contingentes maiores da huma- o seu atual estágio de noviciado e, Mais imediatamente no campo da
nidade. Da postura restritiva foi-se inexoravelmente, vai ter que aden- formação do engenheiro. Em con-
evoluindo até os estágios de formu- trar e aprofundar-se no sócio-eco- junto com a sociedade, participan-
lação crescentemente mais sólidos e nômico. do das discussões, visando as ava-
consequentes do “desenvolvimento A segunda é desafiante e consti- liações e todas as demais etapas de
sustentável”, que hoje ocupa tanto tui-se em um alerta para as decor- sua implementação.
espaço na mídia. rências da ausência do profissional O maior estímulo para percor-
As respostas da sociedade a essa com o perfil adequado para a cons- rer esse caminho sempre será o dos
consciência que levou-a à bandei- trução de soluções em uma conjun- compromissos de cidadania. Há
ra do desenvolvimento sustentável tura de crescentes complexidades também um outro, bem próximo de
já se concretizaram sobre diferen- para construi-las. Ou o profissional nossa realidade diária: o provenien-
tes formas: dispositivos constitucio- que sempre cumpriu esse papel se te das crescentes frustrações e sen-
nais e legais, políticas públicas, no- adapta a elas ou então tende a sumir timentos de impotência vividos na
vos referenciais de gestão e uma sé- e perder importância e a ser subs- implantação de empreendimentos
rie de instrumentos como os RAP’s, tituido por um outro, improvisado essenciais da engenharia sanitária
os EIA/RIMA’s, etc.. As decorrên- para cumprir uma função tradicio- ao serem obstaculizados pelos equí-
cias dela no âmbito do ensino e for- nalmente delegada ao engenheiro e vocos trazidos de sua própria ori-
mação do profissional de engenha- hoje exercida precariamente devido gem ou gerados durante o processo
ria também se concretizaram, em às insuficiências de sua formação e de sua discussão pública e licencia-
dois momentos diferentes, há quase aptidão. mento, por abrangerem de forma in
três décadas com a criação de dis- No exercício de sua função de suficiente aspectos do mundo bio-
ciplina obrigatória de introdução à construtor de soluções, o novo en- lógico e especialmente sócio-eco-
engenharia ambiental, há meia dé- genheiro estará dependendo essen- nômico (neste incluido, obviamen-
cada com a discussão dos primeiros cialmente de uma aptidão também te, o político). São vários e doloro-
cursos de graduação em engenha- nova: atuar com o meio sócio-eco- sos os exemplos em nossas memó-
ria ambiental. Porém não chegaram nômico. Aí, a par da eficácia e de- rias recentes, para que esqueçamos
ainda à focalização global do ensino sembaraço que a sociedade lhe re- dos sistemas produtores, dos siste-
à totalidade dos conhecimentos en- conhece a tempos para lidar com o mas de tratamento e disposição, etc,
volvidos na necessidade de construir meio físico, dele também serão exi- etc., que não “emplacaram” ou que
soluções abrigando adequadamente gidas a capacidade de lidar com o demandaram prazos de “emplaca-
os três segmentos ambientais, em- meio biológico e sócio-econômico. mentos” insuportáveis. ■
Público Pretendido
A comunidade do Loteamento Profilurb Gle-
ba do Pêssego, por meio de 60 multiplicadores.
Conteúdo e Metodologia
O projeto abordou temas ambientais direta-
mente associados ao saneamento básico, des-
tacando aspectos específicos da comunidade
atendida.
Após a identificação dos agentes multipli-
cadores, foi formado um grupo composto por
Vista da Área pessoas inseridas nas atividades comunitárias
de Proteção Situado na porção leste do município de São do bairro, como: voluntários, conselheiros,
Ambiental do Paulo, em Área de Proteção Ambiental (APA), o gestores de saúde, diretoria da AMGP e téc-
Carmo, onde se loteamento da Gleba do Pêssego é fruto de luta nicos responsáveis pelos diversos equipamen-
localiza a Gleba
do Pêssego
organizada por conquista de moradia na capital tos sociais ali instalados, como escola, creche,
paulista. A ocupação, ocorrida nos anos de 1982 Infocentro e unidade básica de saúde. Supe-
e 1983, foi o local encontrado pela Cohab para rando as expectativas, o projeto teve compa-
assentar as 800 famílias despejadas do Jardim recimento médio de 70 agentes. Os multipli-
São Paulo, no extremo leste do município. As cadores construíram uma rede de comunica-
cerca de 150 famílias foram assentadas em mo- ção para disseminar as informações repassa-
radias construídas por mutirão. As demais, após das pela Sabesp e captar as dificuldades e fa-
a urbanização da área e o recebimento dos lotes, lhas durante a realização do projeto, permi-
construíram suas residências por conta própria. tindo intervenções rápidas.
Em 2003, a Gleba do Pêssego era constituída por O projeto foi estruturado em seis encontros
1.672 famílias, totalizando 6.517 habitantes. mensais, com duração de duas horas cada, to-
Conforme determina a lei estadual nº talizando 12 horas de atividades, distribuídas
6.409/89, regulamentada pelo decreto nº em nove horas de palestra, uma hora de práti-
37.678/93, a Gleba do Pêssego está compreen- ca de campo e duas horas de visita técnica. Nos
dida na “Zona E” da APA Parque e Fazenda do encontros foram utilizados recursos audiovi-
Carmo, ora denominada APA do Carmo. suais, distribuído material institucional e ins-
A forte articulação e conscientização da co- trucional e aplicados questionários de avalia-
munidade são evidenciadas na Associação dos ção de reação. A partir do segundo encontro,
Moradores da Gleba do Pêssego (AMGP), que o resultado da avaliação do encontro anterior
integra o Conselho Consultivo da APA do Car- passou a ser apresentado antes da palestra. O
mo e o Fórum para Desenvolvimento da Zona cronograma foi estabelecido em parceria com
Leste. As implantações do planetário no Par- os agentes multiplicadores. Em cada encontro,
que do Carmo e do campus da Universidade de um engenheiro do Departamento de Empreen-
São Paulo na região leste são lutas das quais a dimentos da Sabesp, responsável pela fiscaliza-
Associação participou. Também entre as rei- ção da obra, dirimia as dúvidas da comunidade
vindicações, constava o projeto de sistema de sobre o andamento do empreendimento.
esgotamento sanitário para o bairro, que com- Resultados
preende 5.320 m de rede coletora com diâme- A implantação do projeto atingiu as expec-
tro de 150 mm, em PVC; 1.940 m de linha de tativas da Sabesp referentes ao atendimento às
recalque; 6 estações elevatórias e 750 ligações exigências ambientais e à sensibilização para
domiciliares com diâmetro de 100 mm. a conservação do empreendimento implanta-
do. O projeto foi divulgado em diversos canais
Objetivos de comunicação interna da Companhia, na pá-
Demonstrar à comunidade como utilizar gina eletrônica e também constou do Balanço
o bem público recebido e sensibilizar sobre a Social da Sabesp, ano de 2003.
Avaliação de Processo
Foi realizada a partir da tabulação das ava-
liações de reação respondidas pelos agentes
multiplicadores ao término de cada encontro.
Foram avaliados: o desempenho do palestran-
te, o conteúdo e a duração da palestra, os re-
cursos didáticos utilizados e os pontos fortes
e fracos do trabalho. As sugestões de melhoria
foram incorporadas no decorrer do processo.
Os resultados obtidos na avaliação de reação
de cada encontro foram repassados ao público
na palestra subseqüente. A média de aprovação
do projeto ficou acima de 80 %.
Avaliação de Eficácia
Será realizada por meio da avaliação da
quantidade de desobstruções dos ramais do-
miciliares e da rede coletora em quatro datas, Reunião dos moradores
Atividades Realizadas
Data e Local Tema e Responsável Conteúdo
1º (mai/2003) Palestra: A Importância do SES e a • Ganhos ambientais e de saúde pública decorrentes das obras de
Proteção da APA do Carmo. saneamento.
SESC Itaquera • Visão sanitária e ambiental da bacia hidrográfica do Alto-Tietê.
John E. Tatton, Sabesp • Proteção das Áreas de Restrição à Ocupação, determinadas pelo
zoneamento da APA do Carmo.
2º (jun/2003) Palestra: PURA: Programa do Uso • Conscientização sobre a necessidade de conservação da água
Racional da Água. disponível para garantir o abastecimento da população da Região
Sede da AMGP Metropolitana de São Paulo, visando mudança de hábitos e vícios de
Kleberson Alves Gomes e José desperdício.
Aparecido da Silva, Sabesp
3º (jul/2003) Palestra: PURE: Programa de Uso • Utilização correta das redes coletoras e respectivos ramais
Correto da Rede de Esgoto. domiciliares de esgoto.
Sede da AMGP • Conservação das estações elevatórias de esgoto.
Marta Amélia de Oliveira Campos,
Sabesp
4º (ago/2003) Palestra: Relação Custo-Benefício: • Relação custo-benefício entre investimento em saneamento e a
Esgotamento Sanitário e qualidade de vida.
Sede da AMGP Qualidade de Vida • Programas de promoção à saúde: impactos diretos dos
investimentos em saneamento para saúde pública.
Dr. Afonso C. Neves e Dr. Nacime • Coleta e reciclagem de lixo.
Salomão Mansur, Escola Paulista • Programa de qualidade ambiental em hospitais
de Medicina e Associação Popular
de Saúde
5º (set/2003) Palestra: Paisagismo nas Estações • Atendimento à solicitação do órgão ambiental para revegetação
Elevatórias de Esgoto. da área objeto da intervenção.
SESC Itaquera • Funções da vegetação nativa e sua importância ecológica.
Prática de Campo: Visita ao Viveiro • Instrução para plantio e manutenção de espécies nativas utilizadas
de Mudas. no paisagismo das estações elevatórias de esgoto.
• Aula prática de plantio de espécie nativa em área do viveiro de
Célia M. M. Ambrosio, Sabesp mudas.
e Coordenação de Gestão
Ambiental, Sesc Itaquera.
6º (out/2003) Visita Monitorada: Estação de • Importância e funcionamento de uma Estação de Tratamento
Tratamento de Esgoto de Esgoto.
ETE Parque Novo
Mundo Paulo Roberto Bonanno, Sabesp Observação: este encontro foi incluído por solicitação da Associação
dos Moradores da Gleba do Pêssego durante a execução do projeto.
Referência Bibliográfica
1. Estudos de Concepção e Elaboração de Pro-
jeto Básico das Redes Coletoras de Esgotos da
Gleba do Pêssego – Hydraplane Planejamento
e Consultoria S/C Ltda - Volume 1 – Outubro
de 1999.
2. Compêndio das Ações em Educação Am-
biental da Vice-Presidência Metropolitana de
Distribuição - Sabesp - São Paulo - 2002.
3. Orientador para Educação Ambiental - Su-
perintendência de Planejamento Técnico e
Meio Ambiente - Sabesp - São Paulo - 2002.
4. Orientações Técnicas para Formulação e
Moradores
preenchem a partir do início de operação do sistema: 60, Detalhamento de Projetos de Educação Am-
questionário de 120, 180 e 240 dias. Esses dados deverão ser biental – Coordenadoria de Educação Am-
avaliação das extraídos do Relatório Operacional da Unida- biental – SMA – São Paulo – 2003.
atividades de de Negócio Leste da Diretoria Metropoli- 5. Termo de Referência para a Elaboração de
tana da Sabesp e apresentados aos multiplica- Programas e Detalhamento de Projetos de
dores por meio da Unidade de Negócio Leste Educação Ambiental junto ao FEHIDRO - Co-
e da AMGP. Pretende-se com isso identificar ordenadoria de Educação Ambiental – SMA –
junto à comunidade os problemas existentes e São Paulo – 2003.
dar subsídio à realização das melhorias diag- 6. Extrato do documento entregue à Faculda-
nosticadas. de de Saúde Pública pela gerente da Unidade
de Saúde da Família “Vicente Fiuza da Costa”,
Conclusões por ocasião da avaliação da participação no
A educação ambiental, a exemplo do projeto curso para Gerentes de Unidades do SUS.
realizado na Gleba do Pêssego, pode ser adota- 7. Termo de Referência para Execução do Pro-
da em demais obras de saneamento, pois com- grama Prosanear – Projeto Educação Ambien-
provou ser importante instrumento de partici- tal e Social junto a Caixa Econômica Federal
pação e de sensibilização da comunidade para – São Paulo.
Plantio de a valorização, conservação e correta utilização 8. Programa de Educação Ambiental da APA
árvore: uma do bem recebido. A experiência também com- do Carmo – EducAPA.
das atividades provou a eficácia da educação ambiental na
do projeto sensibilização da comunidade para uma refle- Agradecimentos
Wilson Fiúza, da Associação dos Morado-
res da Gleba do Pêssego – AMGP;
Associação Popular de Saúde – APS;
Adoración de Castro, do Programa Saúde
da Família Vicente Fiúza da Costa – Equipes
de Saúde da Família;
Núcleo de Educação Ambiental da Diretoria
Metropolitana da Sabesp – NEAM.
Kleberson Alves Gomes e José Aparecido
da Silva, Sabesp – Unidade de Negócio Leste
Nacime Salomão Mansur e Afonso C. Ne-
ves, Escola Paulista de Medicina e Associação
Popular de Saúde;
Conselho Gestor da APA do Carmo
Eng. Cláudio Hissashi Kuada, Sabesp – De-
partamento de Empreendimentos ■
sustentável dos recursos naturais; pliações, previstos para esse perío- sável por fontes potencial ou efeti-
• sistema de recursos hídricos: o pro- do. Ainda segundo essa mesma Re- vamente poluidoras, até o dia 31 de
cesso de enquadramento dos corpos solução, o órgão ambiental pode- março de cada ano. O órgão am-
d´ água de forma a assegurar os usos rá, excepcionalmente, autorizar o biental poderá dispensar dessa de-
atuais e previstos, incluindo a defini- lançamento de efluentes acima das claração os empreendimentos de
ção das metas de qualidade para re- condições e padrões estabelecidos, menor potencial poluidor, situação
cuperação dos corpos d´água. desde que observados os requisitos em que se espera que sejam enqua-
constantes dos incisos I a V do arti- drados os empreendimentos de sa-
Novidades da CONAMA go 25 dessa Resolução; neamento, tornando-se importante
357/05 e implicações para o Padrões de qualidade dos cor- a articulação do setor;
setor de saneamento pos receptores de água doce: de Procedimentos até a aprovação
uma forma geral foram incluídos dos enquadramentos: as águas doces
Classificação das águas doces, critérios de toxicidade nas classes serão consideradas classe 2, as salinas
salinas e salobras: houve alteração de água doce 1, 2 e 3 , sendo altera- e salobras classe 1, exceto se as con-
do número de classes, da denomi- dos os limites de alguns metais e or- dições de qualidade atuais forem me-
nação das mesmas e de alguns dos gânicos. Para os rios de classe 4 não lhores, o que determinará a aplicação
usos preponderantes inicialmente houveram alterações. Ainda sobre da classe mais rigorosa corresponden-
previstos; as classe 1 a 3, foi incluído o con- te. Entende-se, portanto, que o proce-
Metas progressivas intermediá- ceito de ambientes lênticos, lóticos e dimento a ser adotado no Estado de
rias: constituí-se na principal inova- intermediários, com alterações nos São Paulo dependerá de interpreta-
ção desta Resolução, devendo ser de- limites de fósforo, passando os limi- ção legal do disposto nessa Resolu-
finidas pelo órgão competente para a tes de nitrogênio amoniacal a serem ção, já que os enquadramentos são de
respectiva bacia hidrográfica e para definidos em função do pH do cor- 1977 (Decreto Estadual 10.755/77).
aqueles casos em que a condição de po receptor;
qualidade dos corpos de água esteja Lançamento de poluentes orgâ- Conclusão
em desacordo com os usos prepon- nicos persistentes (POPs): vetado Com as Resoluções Conama
derantes pretendidos, excetuados os o lançamento dos poluentes men- nº 357/05 e CNRH nº 12/00 estão
parâmetros que excedam aos limites cionados na Convenção de Estocol- aprovados os procedimentos para
devido às condições naturais. Essas mo; enquadramento dos corpos d´água
metas vêm ao encontro das necessi- Zona de mistura: incluído esse e para definição das metas de pro-
dades do setor de saneamento, uma conceito, ou seja, região do corpo gressivas intermediárias, funda-
vez que poderão possibilitar a im- receptor onde ocorre a diluição ini- mentais para otimização da apli-
plantação das Estações de Tratamen- cial de um efluente e na qual o ór- cação dos recursos financeiros nos
to de Esgotos (ETEs) em etapas, des- gão ambiental competente pode- programas de recuperação de ba-
de que aprovadas pelos Comitês de rá autorizar valores em desacordo cias hidrográficas, incluído investi-
Bacia e compatíveis com os demais com os estabelecidos para a respec- mentos em saneamento básico. No
usos da água; tiva classe de enquadramento, des- entanto, a efetiva implementação
Padrões de emissão de efluen- de que não comprometam os usos dessas Resoluções dependerá de
tes: as maiores alterações foram a previstos para o corpo de água; forte articulação do setor de sane-
inclusão de critérios de toxicida- Vazão de referência: incluído amento junto aos Comitês de Bacia
de e a flexibilização do limite de esse conceito em substituição à va- para a elaboração dos Programas
nitrogênio amoniacal que passou zão Q7,10 prevista na versão anterior; de Efetivação de Enquadramento e
de 5 mg/l para 20 mg/l, viabilizan- Prazo para se adequação às no- no acompanhamento dos trabalhos
do assim a implantação de proces- vas normas: até três anos, a crité- do CONAMA para revisão dos pa-
sos convencionais de tratamento de rio do órgão ambiental competen- drões de lançamento de efluentes.
esgotos amplamente utilizados no te, para os empreendimentos que ti- No Estado de São Paulo, em es-
país, como lagoas de estabilização. verem Licença de Instalação ou de pecial, serão ainda necessárias ações
No entanto, o CONAMA, no prazo Operação, podendo esse prazo, ex- para compatibilização da legislação
máximo de um ano, complemen- cepcional e tecnicamente motiva- estadual às novas regras, a destacar
tará, onde couber, condições e pa- do, ser prorrogado por até dois anos, a revisão do sistema de classes e a
drões de lançamento de efluentes. por meio de Termo de Ajustamento adaptação dos padrões de emissão e
A possibilidade de alteração des- de Conduta; de qualidade ao conceito de metas,
ses padrões gera incertezas quan- Declaração Anual de Carga Po- juntamente com a revisão dos en-
to aos níveis de tratamento a serem luidora: a ser apresentada ao órgão quadramentos previstos na legisla-
adotados nos novos projetos e am- ambiental competente pelo respon- ção vigente. ■
Engenharia: profissão
antiga, perspectivas novas
Liderança e boa comunicação estão entre as habilidades exigidas para o
engenheiro em formação e para aqueles que já ocupam postos de trabalho,
dizem especialistas e profissionais da área. Mas, apesar da competição acirrada
por uma vaga e da necessidade de um profissional com conhecimento amplo
–técnico e humanístico–, a engenharia ainda se mostra um curso completo
para aqueles que querem atuar em frentes diversas, como gerenciamento
administrativo, marketing e mercado financeiro.
F
acilidade de comunicação com a equi- profissional ter uma visão humanística da sua
pe e com seus superiores, espírito de atividade. Ou seja, é necessário ter desenvol-
liderança, desenvoltura para apresentar tura para lidar com questões multidiscipli-
trabalhos, projetos e resultados e habilidade nares. Trata-se de uma situação diferente da
para ser um bom gestor, seja de projetos ou de vista tradicionalmente no setor. Há duas dé-
pessoas. Essas são algumas das características cadas, o engenheiro atuava mais isoladamente
que o mercado vem buscando nos engenhei- e tratava quase que exclusivamente do projeto
ros, independentemente da sua especializa- em si, sem maior envolvimento com as outras
ção, além da forte formação na área técnica. áreas relacionadas.
Especialistas em mercado de trabalho e enge- O engenheiro civil Alceu Guérios Bittencourt,
nheiros com mais experiência vão mais longe diretor da Cia. Brasileira de Projetos e Empreen-
e afirmam que hoje é importante, também, o dimentos (Cobrape) e com grande experiência
“Na escola ganhei a base técnica, mas foi no meu até hoje defendo muito do que
primeiro emprego que ganhei a prática” aprendi com eles em termos hu-
manísticos. Na escola ganhei a
“Estou formado do de hoje. Havia mui- base técnica, mas foi no meu pri-
em Engenharia Ci- ta oferta de emprego. meiro emprego que ganhei a prá-
vil há 31 anos. Des- Quando me formei na tica. Tive oportunidade de par-
de o segundo grau Escola de Engenharia ticipar de projetos inovadores,
eu já havia escolhi- de Lins tinha umas oito que têm reflexos até hoje na vida
do fazer exatas. Ti- ofertas diferentes de tra- da região metropolitana, como
nha vocação natu- balho. Havia até a opção a elaboração da Lei de Proteção
ral para essa área, de fazer uma pós-gradu- dos Mananciais e os projetos de
mas a vontade era ação no exterior. drenagem da Bacia do Alto Tietê.
de trabalhar na área Acabei escolhendo A criação dos piscinões para re-
de Geologia e Minas. Ainda du- não a melhor proposta financeira, duzir os problemas de enchentes
rante o científico, acabei optando mas aquela que eu acreditava me é uma idéia que já era discutida
pela Engenharia Civil para aten- proporcionaria grande experiência naquela época, em 1976.
der os desejos familiares. Meu e o maior desafio. Fui trabalhar na Depois de sete ou oito anos,
pai queria os filhos engenheiros. Empresa Metropolitana de Planeja- acabei entrando na Sabesp onde
Não me arrependo da escolha. mento da Grande São Paulo, que na sempre trabalhei em atividades
A engenharia é uma área muito época possuía profissionais de alta muito ligadas às questões am-
boa para quem gosta de criar so- competência técnica e que tinham bientais e operacionais. Come-
luções. Além disso, quando ter- grande preocupação em ajudar na cei na empresa na área de plane-
minei a graduação, o mercado formação dos recém-formados. jamento.”
de trabalho era muito diferente Eles foram verdadeiros gurus e Paulo Massato Yoshimoto
A s mudanças no mercado de
trabalho fazem surgir novos
cursos de graduação e especiali-
Em 1998, foram promovidas al-
terações no currículo, com redução
no número de aulas; retorno do ci-
sa, ensino e extensão. Essas mu-
danças devem ser implementa-
das nos próximos dez anos. “A
zação dentro da engenharia. Um clo básico de matérias, que conti- questão da educação continuada
dos mais recentes é o de Meio nuou com dois anos de duração e começou a ser discutida na USP
Ambiente. As faculdades estão passou a ter apenas as matérias in- em 1973. Na época o conheci-
constantemente fazendo altera- trodutórias do curso, e reforço nas mento se duplicava a cada oito
ções no currículo em razão da disciplinas básicas de ciências da anos, hoje, em algumas áreas da
preocupação de estarem sempre engenharia, como matemática, físi- engenharia isso ocorre a cada 18
atualizadas em relação à realida- ca e química. Em razão da discus- meses”, explica Agopyan, defen-
de das corporações. Na Escola são do novo planejamento estraté- dendo que a universidade tem
Politécnica da USP, por exemplo, gico da Poli, o Poli 2015, está para de estar continuamente se reno-
vêm acontecendo muitas mu- começar o debate a respeito do que vando para acompanhar as no-
danças. é ensinado aos alunos. vidades.
Cursos mudam em
função das demandas
e do avanço do
conhecimento
Para acompanhar esses
mudanças no mercado de tra-
balho, a faculdade tem tenta-
do adaptar seus currículos e
cria novos cursos e especiali-
zações. No caso da Poli, por
exemplo, há dois anos foi ini-
“Enfrentei resistência, por ser mulher, quando tinha to bloqueio por parte deles. Eles
não gostavam muito de atender
de comandar a linha de produção na fábrica” minhas instruções para mudar al-
“Na Engenha- Nesses seis anos de guma coisa na produção ou fazer
ria de Alimentos carreira já trabalhei ajustes para chegarmos ao produ-
normalmente tem em algumas indústrias to que queríamos. No começo, me
muita mulher, por de alimentos em dife- sentia um pouco intimidada, mas
isso nunca enfren- rentes áreas, desde o com a prática, acabamos apren-
tei problemas rela- desenvolvimento de dendo a lidar com isso.
cionados com isso novos produtos até o Além disso, essa situação terá
para arrumar em- marketing. Só enfren- de mudar porque a quantida-
prego. Ao contrário, tei um pouco de resis- de de mulheres no setor é cada
a área está domina- tência, por ser mulher, vez maior. O que sinto que ain-
da por elas. Quando quando tinha de co- da precisa passar por um proces-
terminei o curso na mandar a linha de pro- so de transformação dentro das
Unicamp, em 1999, minha turma dução na fábrica. empresas é nos cargos de che-
era bem equilibrada, metade era A operação de máquinas, supervi- fia. Ainda tem pouca mulher nos
homem e, a outra metade, mulher. são e gerência de produção normal- cargos de diretoria.”
Hoje, cerca de 80% dos alunos de mente são tarefas realizadas por ho-
Alimentos são mulheres. mens e algumas vezes sentia um cer- Tatiana Gomes
selho Regional de Engenharia, Arquitetura e crata. Aquele que ficar amarrado no texto, nos
Agronomia de São Paulo (Crea-SP) tem mais conceitos mais cartesianos da ciência exata vai
de 16,1 mil engenheiras registradas. ter mais dificuldade em alcançar sucesso na
Os números do Crea-SP mostram, entre- profissão”, analisa. Para ele, uma das maneiras
tanto, que ainda há muita discrepância: os ho- do profissional ‘cultivar’ a criatividade é ten-
mens somam mais de 141,1 mil profissionais tar se desenvolver em todos os aspectos da sua
em todo o estado. O ponto positivo é que as vida e não apenas no trabalho. “Tem de buscar
mulheres estão ganhando espaço na engenha- um certo equilíbrio com a vida pessoal, fazer
ria e mudando a forma de atuar do profissio- esportes e exercer outras atividades para ajudar
nal. Como isso é possível? “Elas podem usar a ampliar sua visão do mundo”.
sua criatividade e intuição para dar um aspec-
to mais humano ao setor, ainda muito domi- Mercado de trabalho
nado por seu lado técnico”, afirma o consultor Mas, afinal, como os novos engenheiros de-
Robert Wong. Mas ainda é preciso que elas es- vem se preparar para atender essas mudanças
tejam mais presentes na direção das empresas, no mercado de trabalho? Continuar estudando
onde praticamente só existem homens – elas e procurar se manter sempre atualizado é uma
respondem por apenas 15,87% das presidên- das principais recomendações de quem já está
cias das empresas. no mercado há muito tempo.
O presidente da Método, Hugo Rosa, con- Segundo Yoshimoto, o acesso à formação
firma o crescimento da presença de mulheres universitária era mais elitizado quando estu-
no setor e diz que isso foi bom, porque elas es- dou. “Hoje, com a ampliação desse acesso, au-
tão mais preparadas para interagir em equipe menta a concorrência entre os profissionais,
e se comunicar. “Há uma melhora da qualida- por isso, se o engenheiro quer ter uma carrei-
de da gestão dos projetos quando há mulheres ra de sucesso tem de gostar muito do que faz
na equipe. Além disso, o homem é muito fo- e procurar fazer outros cursos para completar
cado na atividade em si e a mulher consegue sua formação e para se manter atualizado”.
distribuir sua atenção em várias coisas e com Consultores na área de recursos huma-
isso consegue enxergar seus projetos como um nos defendem, ainda, que os engenheiros que
todo”, explica. têm interesse em fazer cursos de especializa-
O engenheiro e diretor metropolitano da ção para aprimorar sua formação acadêmica
Sabesp, Paulo Massato Yoshimoto, também deveriam estudar psicologia, ou fazer alguma
defende o uso da criatividade para que os pro- especialização voltada para isso. O comporta-
fissionais tenham um bom desempenho, inde- mento humano, para esses profissionais, tem
pendentemente se do sexo feminino ou mas- se mostrado tão importante quanto a forma-
culino. “O engenheiro não pode ser um buro- ção técnica. ■
Implantação
O projeto desenvolvido pode ser observado
na figura ao lado que ilustra o sistema hidráu-
lico depois da implantação. A foto abaixo mos-
tra a atual configuração da elevatória.
Essa nova configuração operacional, resul-
tado da implantação das intervenções propos-
tas, apresentou diversas vantagens, que podem
ser visualizadas no quadro resumo a seguir.
Recursos
As intervenções implantadas podem ser di-
vididas pela origem dos recursos financeiros:
1 Recursos Próprios: Projetos e obras das de-
rivações e implantação de macromedido-
res da ordem de R$ 340.000,00 (Trezentos e
quarenta mil reais).
2 Recursos do Convênio: Projetos, obras e
equipamentos da Estação Elevatória de
Água da ordem de R$ 660.000,00 (Seiscen-
tos e sessenta mil reais).
O convênio firmado com a Bandeirantes
Energia SA é proveniente da resolução 394, de
17/09/2001, da ANEEL - Agência Nacional de
Energia Elétrica que, em seu artigo 1º, Inciso
1, estabelece que, para o desenvolvimento de
projetos objetivando incrementar a eficiência
no uso final de energia elétrica, as concessioná-
rias e permissionárias deverão observar entre
outros critérios, a “aplicação anual de, no mí-
nimo, 0,50% (cinqüenta centésimos por cen-
to) da receita operacional líquida, calculada de
Configuração atual acordo com a resolução ANEEL nº 185, de 21
de Maio de 2001”.
Quadro comparativo
Antes Depois Vantagens
Macromedição inadequada Macromedição adequada através Maior confiabilidade na contabilização dos volumes
através de um venturi de dois medidores eletromagnéticos medidos, com possibilidade de controle de perdas
de 900mm de 500mm por zona de pressão
Estação elevatória com Estação elevatória com Conjuntos iguais, mais modernos, com melhor
2 conjuntos de 200cv e 4 conjuntos de 100 cv desempenho e maior rendimento, facilidade de
3 conjuntos de 100cv reposição de peças
Não existia inversor Inversor de freqüência instalado no Correção fator de potência, balanceamento das
de freqüência painel novo fases e otimização do funcionamento dos conjuntos
Demanda de 480kW na ponta Demanda de 180kW na ponta e Redução do consumo de energia elétrica
e 500kw fora de ponta 270kW fora de ponta
Operação da estação com Operação da estação com Redução do consumo de energia elétrica
4 conjuntos e 1 reserva 3 conjuntos e 1 reserva
Abastecimento da zona Abastecimento da zona alta durante o Redução de perdas como conseqüência
alta pela EEA dia pela EEA e a noite por gravidade do rebaixamento da pressão noturna
Volume comprado
3,0
2,0
Volume (106m³)
1,5
1,0
0,5
3
4
03
04
4
03
04
03
04
3
4
03
03
04
04
3
4
03
04
3
4
t/0
t/0
l/0
l/0
r/0
/0
r/0
/0
/0
/0
t/0
t/0
n/
n/
v/
v/
o/
o/
n/
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v/
z/
z/
ai
ai
ar
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ju
ju
ou
ou
ab
ab
no
no
fe
se
fe
se
de
de
ju
ju
ag
ag
ja
ja
m
m
m
Resultados
Os resultados podem ser avaliados da se-
guinte forma: Antes
RESUMO
O presente trabalho propõe uma metodologia de operação em centros de
controle operacional para abastecimento de água, em tempo real, implantan-
do um modelo de operação para uma melhoria na performance operacional.
O modelo de operação acopla um modelo matemático de previsão de consu-
mo de água horário e outro, simulador hidráulico. O “estado da arte” em mo-
delos de previsão de consumo de água é apresentado. Uma interface foi desen-
volvida entre um modelo simulador de rede hidráulica e um modelo de pre-
visão de demanda de água. Com a aplicação dos modelos em um estudo de
caso no Sistema Adutor da Região Metropolitana de São Paulo, pôde-se con-
cluir que é possível estabelecer regras operacionais mais eficientes reduzindo
o número de mudanças de posição de válvula e estado de bombas, bem como
a redução do custo de energia elétrica.
A “arte de modelar” é uma tarefa que exi- que no sistema de Sevilha conseguiram uma
ge habilidade e conhecimento de especialista e redução de 25% de economia nos custos de
não chega a oferecer um obstáculo para a in- energia elétrica.
terpretação dos resultados. Entretanto, as fer- Avalia-se que exista muita investigação pela
ramentas de atalho e outras facilidades fazem descoberta da melhor técnica ou combinação
com que o especialista ganhe tempo, principal- dessas para se construir um modelo de previsão
mente aqueles que possuem interfaces de en- de curto prazo. Entretanto, isso não é essencial
trada e saída de dados com outros modelos ou para aplicações em tempo real onde podem-se
sistemas. fazer ajustes dinâmicos. Conseqüentemente, a
Para a simulação de um sistema adutor em condição de se estabelecer uma regra de ope-
tempo real, torna-se imprescindível o conheci- ração com a utilização de qualquer modelo é
mento de dados cadastrais para a definição da sempre melhor do que uma operação baseada
topologia do sistema, de dados operacionais, apenas da experiência dos operadores.
como os limites de operação e consumos ob- Alguns autores vêm trabalhando no desen-
servados ou previstos (Cesário, 1995). Existem volvimento de modelos de otimização de re-
poucos trabalhos sobre o uso de modelos pre- gras operacionais para sistemas de abasteci-
visionais de demanda de água em nível diário mento de água. Destacam-se: Coulbeck & Orr
(Zhou et al. – 2000) e menos ainda sobre os de (1990); Alperovits & Shamir (1977) com um
nível horário (tempo real). método de Programação Linear Gradiente;
Williams & Coulbeck (1987) utilizaram um Zessler & Shamir (1989), com a aplicação da
modelo de previsão de demanda de água - GI- Programação Dinâmica; e Lippai et al. (1999),
DAP para horizonte de 24 horas ou de sete dias com a aplicação de algoritmos inteligentes.
no sistema de abastecimento de Wolverhamp- Em geral, a Função Objetivo desses mode-
ton (UK). Atualmente está sendo evoluído den- los é a minimização dos custos de energia. En-
tro do projeto WaterCIME (2002), que envol- tretanto, no caso do Sistema Adutor Metropo-
ve um consórcio entre oito entidades de cinco litano, outro fato ainda de maior preocupação
países europeus. é o melhor atendimento à demanda, apesar da
Lertpalangsunti et al. (1999) desenvolve- limitação da oferta.
ram um modelo para previsões diárias utili- Neste estudo, propõe-se a aplicação de um
zando uma combinação de sistemas inteligen- modelo de operação em um sistema de contro-
tes como redes neurais, lógica fuzzy, knowled- le, criando uma interface entre um modelo si-
ge-based e case-based reasoning. Zhou et al. mulador, um de previsão de consumo de água
(2000) desenvolveram modelos de previsão de e um sistema de controle automático (otimiza-
demanda de água baseados numa função poli- dor), avaliando os resultados e a melhoria na
nomial pelo tempo. performance da operação.
O modelo utilizado neste trabalho foi de-
senvolvido a partir de Zahed (1990). O modelo Metodologia
é baseado na Série de Fourier (21 harmônicos) Utilizou-se os dados operacionais da Com-
utilizando dados de sete dias anteriores ao iní- panhia de Saneamento Básico do Estado de
cio da operação. O horizonte de previsão é de São Paulo – (Sabesp), tais como dados do Sis-
24 horas, com cálculos parciais a cada seis ho- tema de Controle Operacional Adutor (SCOA)
ras. Foi aplicado na operação de parte do Sis- e dados cadastrais para montar a topologia da
tema Adutor Metropolitano de São Paulo. As rede adutora.
premissas mais importantes foram a elimina- Para o desenvolvimento do modelo de ope-
ção do efeito do dia da semana, pela introdu- ração foi escolhido o modelo simulador (USE-
ção do dia móvel, erros medidos em termos de PA 2001) que possui seu código fonte aber-
desvios de volumes acumulados e associação to e disponível pela internet e o de previsão
com dados históricos recentes para se evitar de demanda de água desenvolvido por Zahed
utilizar outros modelos auxiliares (previsão de (1990).
temperatura).
Os ganhos com a utilização de modelos de Modelo de Operação
previsão de demanda de água foram confirma- O modelo operacional importa e transmite
dos por Oshima & Kosuda (1998) que obtive- os dados de consumo e operacionais consistidos
ram uma redução no número de manobras e do sistema de controle ao modelo de previsão
transientes hidráulicos e por Leon et al. (2000), de demanda, que por sua vez alimenta o modelo
FIGURA 1
Topologia do ARUJÁ
sistema Alto 97
Tietê
VILA INDUSTRIAL
BOOSTER BONSUCESSO
15
1577
15 8 PINHEIRINHO
ERMILINO
MATARAZZO
21 SÃO MIGUEL TABOÃO (MOGI)
ITAIM DER-CR4
23
24
96
96
ITAQUAQUECETUBA
POÁ
BOOSTER
5
ITAQUERA 22 E.E. LESTE 14 94
GUAIANAZES
LEGENDA:
BRAS CUBAS
9
167
GUAIANAZES FERRAZ DE
VASCONCELOS 90
ESTAÇÃO
SUZANO
ELEVATÓRIA
PASSAGEM
FUNDA Z.A. 153 93 STA.
ETELVINA ETA TAIAÇUPEBA
PASSAGEM 156 99 ESTAÇÃO DE
FUNDA Z.B. R.D. ALTO TIETÊ TRATAMENTO
SISTEMA VÁLVULA
ALTO TIETÊ
91
E.E.STA.ETELVINA ESTRUTURA
93
OUT-2001
E.C.137
Sistema de Controle
O controle do sistema adutor é centraliza-
do, utilizando o processo SCADA para o acio-
Computadores com acesso Computador
a Intervenções no sistema de supervisão namento à distância e válvulas através de 168
estações remotas de telemetria, 514 válvulas e
bombas, 704 pontos de medição (vazão, pres-
Vazão (L/s)
Adução.
A equipe de controle opera o sistema, base- 1200
visão.
Nota-se que as demandas previstas mos- Ligada
tram-se próximas dos consumos observados B02 Desligada
durante as seis primeiras horas, quando é uti-
lizado o modelo harmônico (Fourier). As de-
mandas previstas entre sete e 24 horas se mos- Ligada
20
trições de abasecimento em alguns setores.
A figura 4 apresenta um exemplo de funcio- 18
namento das bombas do booster Santa Etelvi-
16
na e a figura 5 apresenta um exemplo das ma-
nobras na válvula do reservatório São Miguel, 14
na primeira condição considerada, que é aque-
12
la feita pelo Centro de Controle. A faixa desta-
cada nas figuras indica o período de custo de 10
energia mais alto (ELETROPAULO, 2003). 00:00 02:24 04:48 07:12 09:36 12:00 14:24 16:48 19:12 21:36 00:00
Tempo
A segunda condição de operação conside-
ra um modelo de previsão de demanda perfei- FIGURA 5 – Operação real da válvula de entrada do reservatório São
to, ou seja, considera como demandas futuras Miguel
TABELA 1 – Regras operacionais utilizando o modelo de previsão de previstas aqueles valores passados observados.
demanda Essa condição serviu para otimiar as mano-
Itaim Feche a válvula quando o nível do reservatório atingir bras de abertura de válvula e de acionamento
7,60 m de bombas e ainda restringir a permanência de
À 1h acione a válvula para uma vazão de adução de bombas ligadas no período de “ponta” de ener-
1150 l/s
Às 8h acione a válvula para uma vazão de adução de
gia, por um processo manual, sem a intenção
1280 l/s de se alcançar o resultado ótimo de eficiência.
Itaquaquece- Feche a válvula quando o nível do reservatório atingir A terceira condição de operação foi utilizar
tuba 7,90 m o modelo de previsão de demandas e as regras
À 1h acione a válvula para uma vazão de adução de de operção definidas na segunda condição para
1180 l/s programar uma operação diária. As regras de
Quando o nível do reservatório atingir 0,90 m acione a operação e os cálculos hidráulicos para os con-
válvula para uma vazão de adução de 1260 l/s
sumos previstos são apresentados na tabela 1.
Poá Feche a válvula quando o nível do reservatório atingir 5m
As figuras 6 e 7 apresentam exemplos dos
À 1h acione a válvula para uma vazão de adução de
320 l/s
resultados da simulação hidráulica com as re-
Quando o nível do reservatório atingir 0,70 m acione a
gras operacionais estabelecidas com o modelo
válvula para uma vazão de adução de 400l/s de previsão (mesmas regras utilizadas com o
Booster Desligue a bomba 1 às 17h30 modelo de previsão perfeita). A tabela 2 apre-
Sam Leste Ligue a bomba 1 às 18h30 senta a inclusão de uma nova regra às 14 horas,
Desligue a bomba 2 às 17h30 que se mostra em negrito.
Ligue a bomba 2 às 18h30 As tabelas de 3 a 6 apresentam um resumo
comparativo entre as três condições de opera-
Programação da Operação com
ção do sistema analisado quanto às manobras
Modelo de Previsão - Itaim de válvulas e aos acionamentos das bombas do
1.800 8 Booster Sam Leste.
1.600 7
1.400
Conclusões
6
O modelo de previsão de demanda de água
Demanda / Vazão (l/s)
1.200
5 se justifica, pois os perfis de consumo se alte-
Nível (m)
1.000
4 ram muito rapidamente, inviabilizando previ-
800
3
sões estatísticas com modelos clássicos que uti-
600 lizem série histórica de consumo de longo pe-
400
2
ríodo, onde se exigiria incessantes análises dos
200 1 dados. A avaliação do estudo de caso demons-
0 0
trou a viabilidade de implantação de um mo-
0 4 8 12 16 20 24 delo de previsão de água ao SCOA, com a pos-
Tempo (h)
sibilidade de melhoria das regras de operação.
Figura 6 – Operação simulada com modelo de previsão no Itaim Observou-se que a introdução de um mo-
delo de previsão de demanda de água acoplado
Programação da Operação com a um modelo simulador hidráulico, em tempo
Modelo de Previsão - Itaquaquecetuba real, oferece um ganho significativo na redu-
1.400 9 ção de manobras de bombas e válvulas, dimi-
1.200
8 nuindo a formação de transientes hidráulicos e
7
conseqüentemente no custo de manutenção.
Dem anda / Vazão (l/ s)
5
deravelmente o custo de energia elétrica no ho-
600
4 rário de ponta, de custo mais elevado. A pro-
3 gramação da operação, também reduz o acio-
400
2
namento de bombas em intervalos curtos e a
200 exigência de altas potências, que gera um ga-
1
nho na vida útil dos equipamentos e possibili-
0
0 4 8 12 16 20 24
0
ta uma disponibilidade de demanda de energia
Tem po (h) elétrica contratada menor.
Figura 7 – Operação simulada com modelo de previsão no Poá Uma análise da massa de dados operacio-
nais do ano de 2002 mostrou a necessidade de TABELA 2 - Regra operacional adicional, utilizando o modelo de
se garantir a qualidade dos dados cadastrais e previsão de demanda com alterações durante a operação diária
operacionais para se ter uma melhor efetivida- Itaim Feche a válvula quando o nível do reservatório atingir 7,60 m
de do processo. À 1h acione a válvula para uma vazão de adução de 1150 l/s
Às 8h acione a válvula para uma vazão de adução de 1280 l/s
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Às 14h acione a válvula para uma vazão de adução de 1110 l/s
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ZESSLER, U.; SHAMIR, U. Optimal operation of water 164, 2000. ■
Compensação ambiental em
atividades poluidoras do ar
atmosférico
Elio Lopes dos Santos
Nemésio N. Batista Salvador
RESUMO
O presente estudo faz uma avaliação do Conceito Bolha, critério de compensação ambiental usado pela Agência de
proteção Ambiental do Estados Unidos e pela Agência Ambiental da CETESBΣ emNOx
Cubatão = 100kg/d
AB(SP), para regular a implan-
tação de novos empreendimentos industriais e ampliações. Esse artigo sugere diversas alterações no “Conceito Bolha”,
com a finalidade de aperfeiçoar o seu uso na prática. Σ NOx ABC = 100kg/d
NOx
80 kg/d 20 kg/d ?
A B C
tra o “Conceito Bolha” aplicado na proporção terizava pela participação intensa da população
1:1 de troca de poluentes. Exemplifica a ope- nas decisões governamentais, o que aumentou a
ração de duas fontes (A e B) de poluição do ar pressão no sentido do desenvolvimento indus-
já controladas, cujo inventário apresenta uma trial, pois na área se encontravam indústrias de
emissão total de 100 Kg/d (ΣA,B = 100kg/d) de base, que sempre atraem empresas satélites.
um determinado poluente tido como saturado. Como nos Estados Unidos, a Agência de
Neste caso, a ampliação de uma nova unidade Proteção Ambiental (EPA), no final da déca-
(C), necessita compensação das taxas de emis- da de 80, já havia implantado o Conceito Bo-
são desse poluente. lha, como mais uma alternativa de desenvol-
Para atingir esse objetivo, a empresa deverá vimento em áreas consideradas saturadas, e a
compensar esse acréscimo de emissão da Uni- administração por Bacias Aéreas adotadas na-
dade (C), reduzindo emissões provenientes das quele país já era realidade em Cubatão, a CE-
unidades (A e B) existentes dentro da bolha, ou TESB passou a adotar a mesma política, ten-
emissões de unidades externas à bolha. do nos engenheiros Fernando Guimarães, João
Baptista Galvão Filho e Benedito da Conceição
Aplicação do Conceito Bolha Filho, seus grandes idealizadores. O Conceito
no Estado de São Paulo Bolha foi adotado com um conjunto de nor-
No Brasil, o Estado de São Paulo foi pioneiro mas que objetivavam evitar os erros cometidos
na aplicação do Conceito Bolha, cujo início data pela EPA, pioneira no assunto.
de 1985 no Município de Cubatão, em plena vi- Recentemente a CETESB, consciente da ne-
gência do Programa de Controle de Poluição de- cessidade de considerar uma compensação com
senvolvido pela CETESB. A expectativa era que ganho ambiental, propôs alterações no Regu-
as reduções significativas das cargas poluido- lamento da Lei 997/76 de 31 de Maio de 1976
ras nas fontes emissoras diminuiriam, na mes- aprovado Decreto 8468 de 8 de setembro de
ma proporção, as concentrações dos poluentes 1976. Essas alterações somente foram introdu-
na atmosfera, permitindo o enquadramento da zidas em 2 de março de 2004 através do Decre-
qualidade do ar da Região aos padrões legais vi- to nº 48.523 que incluiu um índice de 110% de
gentes. Essa hipótese ganhou corpo entre as en- compensação da taxa de emissão de poluentes.
tidades da sociedade civil, levando os empresá- Entretanto haveria necessidade de se veri-
rios a pleitear a introdução de novos empreen- ficar, na prática, se este índice que apresenta
dimentos industriais ou ampliações dos exis- somente 10% de ganho na taxa de emissão é
tentes. O momento político da época se carac- adequado e suficiente para efetivamente se ob-
250
200
Analisando a figura 3 observa-se que o ga-
nho na taxa de emissão ocorreria somente com
150 o poluente dióxido de enxofre, ficando os po-
100 luentes de maior interesse na análise da com-
pensação ambiental, como óxidos de nitrogê-
50
nio e hidrocarbonetos, ambos precursores da
0 formação do ozônio, sem nenhum ganho na
caldeiras Term. F1 Term. F2
taxa de emissão.
FONTES DE POLUIÇÃO Para o poluente material particulado e óxi-
MP SO₂ NOx CO HC HCNM dos de nitrogênio, a compensação ocorreria na
proporção 1:1, não atendendo aos dispositivos
FIGURA 3 – Emissões da termelétrica e caldeiras da Petrobrás da Lei Federal 6938 que prevê a melhoria e re-
(Adaptado EIA/ RIMA CCBS, 2000). cuperação do meio ambiente. Para as outras
emissões de poluentes indicadas, como no caso se nota é a manutenção das taxas de emissão de
dos hidrocarbonetos não metano e monóxido poluentes tidas como saturadas, sem qualquer
de carbono, a compensação das taxas de emis- avanço no sentido de reduzi-las dentro da bo-
são também não ocorreria. lha imaginária.
A análise do processo de licenciamento da
Termelétrica Central de Cogeração da Baixa- Conclusão e Recomendações
da Santista revela uma série de falhas técni- O processo de licenciamento ambiental pelo
cas, legais e conceituais que seriam determi- Poder Público deve atender às necessidades
nantes para impedir a implantação do empre- de todos os segmentos da sociedade, titulares
endimento ou condicionar seu licenciamento do direito constitucional a um meio ambiente
à compensação das taxas de emissão dos po- ecologicamente equilibrado, fazendo-os crer,
luentes, quais sejam: que esse sistema preventivo e corretivo seja su-
ficiente para garantir-lhes qualidade de vida,
Não foi adotado na íntegra o critério de com- função precípua da administração (CARRA-
pensação ambiental (Conceito Bolha) aplicado MENHA, R. 2001)
anteriormente pela Agência Ambiental da CE- Neste aspecto o Estudo Prévio e o Relató-
TESB em Cubatão, no licenciamento de novas rio de Impacto Ambiental (EIA/RIMA), assim
unidades industriais. como as Análises de Licenciamento Ambien-
tal (Licença de Instalação), são instrumentos
A região central de Cubatão é legalmente sa- legais preventivos que devem compatibilizar o
turada por ozônio e entre as emissões de po- desenvolvimento sócio-econômico com a pre-
luentes previstas na operação da termelétrica servação do meio ambiente, portanto sujeito a
encontram-se os óxidos de nitrogênio e hidro- regras claras, recomendações e exigências téc-
carbonetos não-metano, ambos precursores de nicas que permitam as suas mais perfeita ade-
oxidantes fotoquímicos. quação.
A ausência de critérios ou até mesmo o cri-
O projeto da termelétrica foi concebido para tério de compensação ambiental das taxas de
operar com turbinas de baixa emissão de NOx, emissão de poluentes, através da aplicação dos
porém sem os necessários equipamentos de con- fundamentos do “Conceito Bolha”, no licencia-
trole de poluentes para as emissões subseqüentes, mento de novos empreendimentos industriais,
largamente empregados nos Estados Unidos. na forma em que se apresenta, não atende aos
objetivos preconizados na Legislação Ambien-
As estimativas das emissões de monóxido tal Federal n. º 6938, de 31 de agosto de 1981,
de carbono das turbinas e das caldeiras de re- que dispõe sobre a política Nacional do Meio
cuperação da Termelétrica, são superiores as Ambiente. A recuperação do meio ambiente é
emissões das caldeiras que seriam desativadas o objetivo maior da Política Nacional de Meio
na área da Petrobrás. Ambiente e deve ser conseguida através de re-
gras claras e bem definida.
As emissões de óxidos de nitrogênio apresen- Neste aspecto, os autores do presente traba-
tadas pelo empreendedor foram questionadas lho entendem como necessário à adoção de um
pelo Ministério Público por terem sido obtidas critério único para licenciamento de novos em-
dos fabricantes das turbinas. Somente as demais preendimentos industriais, com base no “Con-
emissões (monóxido de carbono, hidrocarbo- ceito Bolha” acrescido das seguintes propostas:
netos, material particulado e dióxido de enxo-
fre) foram estimadas através de dados oficiais da A implantação de novas fontes de poluição
Agência Ambiental dos Estados Unidos. do ar, em região saturada ou em via de satura-
ção, deverá compensar os poluentes na razão
No geral, observa-se que o critério adotado superior à proporção 1:1 (por exemplo, para
pela CETESB em Cubatão com base no Con- região saturada alterar de 1:1 para 1:2, onde
ceito Bolha, mesmo que fosse aplicado na ín- cada nova unidade de emissão somente será
tegra, trocaria as taxas de emissão de poluentes aceita se houver uma redução acima de duas
na proporção de 1:1, deixando de atender a Le- unidades de emissão já existente na indústria).
gislação Brasileira (Lei Federal n. º 6938 de 31 Essa redução poderá ser feita em fontes de po-
de agosto de 1981), que dispõe sobre a política luição da mesma empresa ou em fontes de ou-
Nacional do Meio Ambiente. Em síntese, o que tras empresas situadas na mesma bacia aérea,
desde que haja similaridade entre os poluen- por emissões pontuais (chaminés, descargas,)
tes industriais e deverão levar em consideração de fontes existentes, pelo fato de estas últimas
as deficiências do Conceito Bolha, garantindo apresentarem partículas de menor granulome-
a redução progressiva e contínua do inventário tria e, portanto, prejudiciais à saúde pública.
das fontes de poluição.
O Conceito Bolha somente poderá ser apli-
A Bolha imaginária deverá ser considera- cado em fontes que apresentem emissões de
da sobre o empreendimento como todo (in- poluentes similares.
ventário global). Porém, o controle da polui-
ção deverá ser exercido de forma individuali- Não serão permitidas as trocas de emissões
zada, trocando taxa de emissão fonte por fonte, de poluentes com maior toxicidade de fontes
como forma de evitar a troca de um poluente novas, por emissões de fontes existentes com
não tóxico por um poluente tóxico, ou deixar menor toxicidade. Essa regra deverá se limitar
sem controle as fontes mais significativas (fon- aos poluentes saturados ou que estejam iden-
tes primárias) de poluição do ar. tificados, comprovadamente, como fitotóxi-
cos (material particulado, amônia, fluoretos e
No controle da fonte de poluição já existente Compostos Orgânicos Voláteis).
ou a ser implantada em área não saturada de-
verá ser adotado equipamento de melhor tec- A administração ambiental das bacias aére-
nologia prática disponível internacionalmente. as das regiões saturadas ou em vias de satura-
ção deverão incluir o Conceito Bolha associa-
No controle da fonte de poluição já existen- do a outras propostas:
te ou a ser implantada em área saturada deverá
ser utilizada tecnologia de controle que atenda Melhoria razoável e progressiva na qualida-
aos padrões de emissão mais restritivos. Na au- de do ar.
sência desses padrões deve-se proibir a entrada
de fontes novas. Diminuição progressiva do inventário de
fontes.
O empreendedor deverá operar e manter em
perfeitas condições de funcionamento os equipa- Proibição da entrada de novas fontes de po-
mentos ou sistemas de controle de poluição do ar. luentes comprovadamente saturados na bacia
ou fitotóxicos (material particulado, amônia,
A troca de poluentes deve ser feita por fontes fluoretos e Compostos Orgânicos Voláteis).
com os mesmos poluentes, por exemplo: mate-
rial particulado x material particulado, óxidos Poluentes que não estejam saturados, mas que
de nitrogênio x óxidos de nitrogênio, monóxido sejam precursores de poluentes saturados ou em
de carbono x monóxido de carbono e assim por vias de saturação, deverão ser considerados na
diante em relação aos demais poluentes. compensação das taxas de emissão. Exemplo:
Óxidos de Nitrogênio e Hidrocarbonetos, que
Não deve ser permitida a troca de emissões comprovadamente contribuem para formação
de material particulado de menor granulome- do Ozônio na baixa camada da atmosfera.
tria por emissões com maior granulometria.
O empreendedor deverá desenvolver pro-
As apresentações das propostas de controle das gramas contínuos de operação e manutenção
fontes de poluição devem ser acompanhadas dos dos equipamentos e sistemas de controle de
respectivos cronogramas de obras e os equipa- poluentes implantados.
mentos de controle deverão atender aos padrões
de emissão exigidos pelo Órgão Ambiental. Haverá necessidade da criação de um ban-
co de emissões, que promova a negociação e
Não pode haver aumento da carga de poluen- guarda dos créditos das taxas de emissões de
tes tóxicos dentro da bolha. A negociação pode poluentes atmosféricos.
ser aceita, se houver redução de toxicidade.
O comércio de emissões deve ser evitado
Não deverão ser permitidas as trocas de po- entre bacias aéreas, principalmente, entre áreas
eiras fugitivas (poluição difusa) de novas fontes saturadas, pois poderia não representar um ga-
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a tecnologia CEPT – Chemically Enhancend Primary Treatment ou
“Tratamento Primário Aprimorado Quimicamente” visando o aumento da capacidade das estações de tratamento de
esgotos (ETE), da Região Metropolitana de São Paulo de forma a maximizar a sua vazão com investimentos menores
em relação às outras técnicas. Efetuou-se primeiramente um diagnóstico de cada uma das cinco estações de tratamento
de esgotos da RMSP, o que possibilitou o levantamento de parâmetros importantes, tais como folgas operacionais por
unidade, pontos críticos de estrangulamento, e os impactos e os custos da utilização desta tecnologia em comparação
com o sistema convencional de lodos ativados.
No caso específico das estações de tratamento de esgotos da RMSP, o presente trabalho mostra que a otimização do
processo com implantação de tecnologia CEPT, pode não ser aplicável, pelo menos isoladamente, pois além do alto cus-
to de produtos químicos, a adoção desta tecnologia implicaria em necessidade de ampliação da fase sólida (construção
de digestores e filtros prensa), pois apesar de estarem com algumas unidades de processo com capacidade superior à da
estação, têm em sua fase sólida o ponto crítico de estrangulamento, pois praticamente em todas as ETE a fase sólida está
dimensionada para a mesma capacidade nominal da estação.
Portanto, avaliou-se que a tecnologia CEPT para “turbinamento” (ampliação da capacidade da estação com investi-
mentos reduzidos), nem sempre é alternativa mais econômica, em comparação à opção de expansão convencional mo-
dular, tanto em função do alto custo operacional derivado da utilização de produtos químicos como em função da maior
produção de lodo primário que esta alternativa gera, e conseqüente necessidade de ampliação da fase sólida.
QUADRO 1 – Efeito dos polímeros na eficiência de remoção de DBO dos decantadores primários
Produto Químico Eficiência dos decantadores primários Eficiência total da planta
Remoção antes da Remoção depois da Remoção antes da Remoção depois da
adição de polímeros adição de polímeros adição de polímeros adição de polímeros
(%) (%) (%) (%)
Purifloc A-21 26 48 83 90
Purifloc A-23 31 46 79 83
FIGURA 1
Desenho esquemático da opção 0,7Q=6,7m³/s
com CEPT e by-pass
tante ressaltar que nessa simulação não foram taxas de escoamento superficial de até 33 m3/
computados rearranjos hidráulicos para aten- m2 x dia nos decantadores secundários, supe-
der essa vazão, já que há uma limitação física riores as taxas projetadas para um sistema con-
imposta pela capacidade hidráulica dos canais vencional (estabelecidas em 25 m3/m2 x dia).
afluentes ao tratamento primário, com valor Para aumentar a capacidade efetiva das ETE,
em torno de 14,5 m3/s.Para adequação do tra- seja qual for a tecnologia escolhida, é necessá-
tamento secundário à vazão nominal de 19,0 rio solucionar seus pontos críticos de estrangu-
m3/s, podem ser aplicáveis duas concepções di- lamento. Se estes fossem apenas na fase líquida
ferenciadas, quais sejam, o tratamento de toda (decantadores primários, tanques de aeração
a vazão duplicada, ou a utilização de uma com- e/ou decantadores secundários), a tecnologia
binação com by-pass que garanta a qualidade CEPT, isoladamente, poderia ser uma alterna-
exigível no efluente final, conforme legislação. tiva atraente.
A pesquisa desenvolvida considerou uma com-
binação de tratamento para a vazão adicional Consumo e custo de produtos químicos
(de + 9,5 m3/s), sendo 70% desta vazão adicio- Apresenta-se no quadro a seguir um cálculo
nal apenas com nível primário e 30% com tra- estimativo de custos de produtos químicos por
tamento secundário (tanques de aeração e de- utilização de CEPT para a vazão de 19,0m3/s.
cantação secundária). Nesta situação, a dupli- Na ETE Barueri, foram realizados alguns
cação do tratamento primário na ETE Barueri ensaios para obtenção das dosagens neces-
de 9,5 m3/s para 19 m3/s, implicaria em tratar sárias de polieletrólitos e cloreto férrico (SE-
com nível primário o total de 19,0 m3/s e em BESP/AEOB, 2001), visando avaliar a utiliza-
direcionar 12,3 m3/s para o tratamento secun- ção de CEPT. Baseado nesse estudo, que resul-
dário (2,8 m3/s +9,5 m3/s), sendo que 6,7 m3/s tou em dosagens bem similares às encontra-
não teriam tratamento secundário (correspon- das na literatura, confirma-se que o custo dos
dente à parcela desviada para o by-pass). produtos químicos pode inviabilizar o investi-
O Quadro 5 mostra a necessidade incre- mento. Este custo foi avaliado em torno de R$
mental de unidades do processo para a vazão 250.000/mês, para a vazão atual de 7,0 m3/s,
de 19,0m3/s, para os três cenários avaliados: valor aproximadamente equivalente ao custo
• pelo processo convencional biológico (sem atual de energia elétrica da estação.
CEPT)
• com CEPT e by-pass Cotejamento econômico
• com CEPT e sem by-pass (tratamento se- Apresentam-se a seguir, os quadros de com-
cundário de toda a vazão duplicada) paração econômica entre a tecnologia CEPT x
A utilização do processo CEPT resultaria em Tratamento Biológico Convencional, elabora-
diminuição da carga de sólidos enviada para dos no Estudo da Revisão e Atualização do Pla-
os tanques de aeração, havendo com isso ga- no Diretor de Esgotos da RMSP, para as vazões
nho de área de até 20%. Os tanques de aeração de fim de plano, os quais mostram que a tecno-
da ETE Barueri, que comportam atualmente a logia CEPT nem sempre é a mais econômica,
vazão de 10,4 m3/s ( processo convencional), devido aos grandes investimentos necessários
atenderiam a vazão de 12,3 m3/s decorrente do na fase sólida.
cenário “ CEPT com by-pass”.Quanto ao pro- A ETE Parque Novo Mundo não foi avaliada
cesso de decantação secundária, o Quadro 7 na revisão citada, em relação à otimização de
indica menor necessidade de tanques em rela- processo através de CEPT, por não possuir de-
ção ao processo convencional, porque a utiliza- cantadores primários, visto que tal otimização
ção da tecnologia CEPT permite trabalhar com é exclusiva para estas unidades.
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O senhor concorda que o papel do ais profissionais e também naque- E como se manter atualizado diante
engenheiro mudou nas últimas dé- les que estão há décadas no mer- de um mercado em que se exige um
cadas? cado. O engenheiro não tem mais profissional tão completo?
Sem dúvida. Um engenheiro de suas funções centradas apenas na É preciso investir em capacita-
qualquer área, seja ele sanitarista produção, mas também na quali- ção. E isso não deve ser uma pre-
ou engenheiro eletrônico, indepen- dade plena. Tem que ser um profis- ocupação apenas da empresa, mas
dente da área em que atue, preci- sional completo: produção visando também do profissional para con-
sa unir os conhecimentos técnicos resultado e também qualidade, que seguir se manter no mercado. Tem
com o ambiental. E, hoje, ele tam- inclui a não degradação. que estudar todos os dias. Vale revi-
bém precisa saber gerenciar, coor- rar a internet, ler as notícias diárias
denar trabalhos. É uma realidade Estas são preocupações apenas das –políticas, econômicas e de meio
bem diferente do que era há uma grandes empresas ou faz parte de ambiente–, procurar cursos de reci-
década, por exemplo. Atualmen- toda a cadeia de produção? clagem. É um vestibular diário. Não
te, quando se apresenta um proje- As pequenas e médias empresas dá para achar que a formação termi-
to para um novo tipo de sistema, é também passam pelas mesmas di- nou no dia da formatura da faculda-
preciso considerar como parte in- ficuldades que as grandes empre- de de engenharia. Aqui na Compa-
tegrante disso um projeto de con- sas. E a participação delas no mer- nhia Vale do Rio Doce, por exem-
trole ambiental. Isso tem que estar cado está aumentando. Hoje, inde- plo, todos os engenheiros passam
intrínseco, porque a poluição é vis- pendente do seu tamanho é preci- por processos de capacitação a cada
ta como um efeito indesejável no so estar atento as normas interna- seis ou oito meses. Nesses proces-
processo. Não é interessante para cionais. É isso que garante ou não sos, tentamos manter nossos profis-
a empresa produzir resíduos que sua presença no mercado interna- sionais não apenas atualizados com
irão poluir, porque isso gera gastos cional. Lá fora, não se negocia com as novas tendências de mercado e
extras em um futuro próximo. São empresas que não sejam social e tecnologias como também passar
despesas provenientes desta degra- ambientalmente responsáveis. Faz para eles o que a empresa espera de
dação. Ou seja, na visão empresa- parte do valor agregado. E os pro- seu trabalho. Este tipo de feedback
rial de hoje, não incluir, em qual- fissionais –e os engenheiros estão é importante, independente da área
quer sistema de produção, um pro- incluídos aí– precisam estar ante- em que se atua. É um compromis-
jeto ambiental, de redução de im- nados com esta tendência. É preci- so que a empresa precisa ter com o
pacto, é dinheiro jogado fora. Essa so estar atualizado nas tendências empregado e a sua empregabilida-
é a visão moderna, que precisa es- de mercado a curto, médio e lon- de. Esses cursos de capacitação têm
tar inserida na formação dos atu- go prazo. duração de uma semana. Se não es-
tiver atento a isso, o profissional fica passando a ser vista como um bem baseada no carvão, que gerou a de-
defasado para o mercado. econômico. Porque é sabido que, se vastação de suas florestas. Mas a so-
não cuidar, um dia, ela acaba. ciedade também aprendeu com isso,
E dentro desta noção de emprega- mesmo que o custo ambiental tenha
bilidade, a área ambiental é vista É possível ter desenvolvimento sus- sido alto. Seja no Brasil, seja na Eu-
como um setor em crescimento? tentável e crescimento econômico? ropa, a questão ambiental não tem
Com certeza. A área ambiental É possível, sim, conciliar qualida- fronteiras. Existe a universalida-
está hoje inserida na área de negó- de ambiental e crescimento econô- de dos princípios. E acredito que o
cios da empresa. É preciso entender mico. Investir em projetos que pre- Brasil está maduro nessa matéria.
sobre ecossistemas e estar sempre servem o meio ambiente e evitem a Nas negociações internacionais, nas
atento ao aprimoramento de tec- degradação da área no entorno das convenções, nós temos nos destaca-
nologias para evitar a degradação. empresas faz parte, hoje, do capi- do com projetos e iniciativas. Somos
Além disso, o profissional também tal intangível de uma organização. proprietários no que tange a biodi-
precisa estudar para inovar, porque Para conseguir parceiros fora do versidade. Precisamos praticar pro-
muitas soluções para antigos ou ve- país, isso conta e muito. Não é inte- gramas nesta área e ter também apa-
lhos problemas ainda necessitam de ligente para uma empresa degradar ratos legais para isso. Temos malhas
soluções viáveis. Para isso, o profis- a natureza. Em algum momento, ela hídricas, biomas fabulosos. Mas é
sional precisa ter um pé na acade- terá que pagar esta conta, seja por- necessário explorar tudo isso de ma-
mia e outro na área científica, que que não consegue fazer negócios lá neira sábia. Ainda temos muito o
é onde se geram as grandes idéias, fora ou porque ela passa a ser mal que aprimorar, mas estou positivo.
onde surgem as soluções, onde es- vista dentro do próprio país. No dia em que não tivermos nada
tão as tendências de pesquisas, as para aprimorar, estaremos indo na
novas tecnologias. É preciso desa- O senhor acredita que teremos um contra mão do desenvolvimento.
fiar na busca de novas soluções. futuro com processos de produção Hoje, acredito que governos, ongs
que gerem um menor impacto na e empresas querem a mesma coisa:
O ecomercado é uma tendência no natureza? um desenvolvimento baseado no tri-
Brasil? A história tem uma curva de pé do crescimento econômico, social
Não apenas no Brasil, mas tam- aprendizado. Veja o exemplo da Eu- e ambiental. E eu acredito, sim, em
bém no mundo. Tivemos uma evo- ropa. Eles tiveram uma economia um futuro promissor. ■
lução brutal nessa área nos últimos
20 anos. A questão ambiental antes
era hermética. Na Rio 92, discutir o Mineração é atividade economicamente
meio ambiente deixou o campo da necessária, mas ainda precisa ter impacto
ecologia e veio para o da economia. ambiental controlado
Hoje a questão ambiental está evo-
luindo da economia abstrata para A extração, o processamento, o transporte e o consumo de bens
a real. É crescente, por exemplo, o minerais não se fazem sem o consumo de energia, a geração de resí-
consumo de produtos norteados duos e a emissão de poluentes. Os impactos de cada mina dependem
pela qualidade ambiental. Quando de sua localização, do tipo de minério extraído e da tecnologia empre-
uma pessoa vai comprar um móvel, gada. Todos estes impactos podem ser controlados com o uso de téc-
muitas vezes, se preocupa em veri- nicas bem conhecidas.
ficar se a madeira usada para fazer É obrigação de toda empresa de mineração recuperar o ambiente
aquela mesa ou cadeira é certifica- degradado, de acordo com um plano previamente aprovado por órgão
da. Nos supermercados já é possí- governamental de controle ambiental. Muitas empresas conseguem
vel ver a preferência pelos produ- bons resultados, plantando espécies nativas em áreas mineradas, evi-
tos orgânicos, que não têm adição tando a erosão e reduzindo o impacto visual. Mesmo assim, em algumas
de agrotóxicos. Isso fez com o que regiões mineiras, os danos causados por décadas de atividade (passivo
o mercado necessitasse de profissio- ambiental) ainda não foram devidamente recuperados, como a região
nais mais voltados para esta ques- carbonífera de Santa Catarina, a extração de rochas ornamentais no
tão. É por isso que digo que essa é Espírito Santo e os garimpos de ouro e cassiterita na Amazônia.
uma área de negócio. Não é só uma Vale lembrar que a extração e o processamento de bens minerais
declaração de amor a natureza. A são atividades importantes para a economia brasileira e corresponde a
sociedade reconhece hoje o valor cerca de 8,4% do produto interno bruto.
da qualidade e da preservação am-
Fonte: Almanaque Brasil Socioambiental, do Instituto Socioambiental de São Paulo.
biental. A água, por exemplo, está
José Medaglia