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abilitaçã
e
R strutura o
E
s
de
Despesa ou Investimento?
A necessidade de se manter a infraestrutura de saneamento para os municípios brasileiros
Foto: Odair Faria
Diretoria Executiva:
Presidente - Hiroshi Ietsugu
Vice-Presidente - Walter Antonio Orsatti
1º Secretário - Nizar Qbar
2º Secretário – Choji Ohara
1º Tesoureiro – Yazid Naked
2º Tesoureiro - Nélson Luiz Stábile
Diretoria Adjunta:
Diretor Cultural - Olavo Alberto Prates Sachs
Diretor de Esportes - Evandro Nunes de Oliveira
Diretor de Marketing - Reynaldo Eduardo Young Ribeiro
Diretor de Pólos - Helieder Rosa Zanelli
Diretor de Projetos Socioambientais: Ivan N. Borghi
Diretor Técnico - Walter Antonio Orsatti
05 Reabilitação
Diretora Social - Viviana Marli Nogueira A. Borges
matéria tema (Em memória: Cecília Takahashi Votta)
Conselho Deliberativo:
Amauri Pollachi, Cid Barbosa Lima Junior, Gert Wolgang Kaminski, Gilberto
Alves Martins, Gilberto Margarido Bonifácio, Ivo Nicolielo Antunes Junior,
João Augusto Poeta, Marcos Clébio de Paula, Paulo Eugênio de Carvalho
de Estruturas
Corrêa, Pérsio Faulim de Menezes e Sonia Maria Nogueira e Silva.
Conselho Fiscal:
Carlos Alberto de Carvalho, José Carlos Vilela e Ovanir Marchenta Filho.
Jornalista Responsável:
XXI Encontro Técnico e Fenasan 2010 Maria Lúcia S. Andrade – MTb. 16081
44 A AESabesp no preparo do maior evento de saneamento da AL PROJETO VISUAL GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO
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48 Cecília - Um Oásis em nossa vida
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Rua 13 de maio, 1642, casa 1
“causos” do saneamento Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP
Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484
50 Haveria uma Rebecca na resistência dos materiais? Fax: (11) 3141 9041
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reabilitação
de estruturas
Despesa ou Investimento?
Todos os profissionais do setor sabem o quanto é prioritário o investimento constante
na infra-estrutura de fornecimento de água e tratamento de água e esgoto para os
5564 municípios brasileiros. Mas concretizar isto em quantidade, gênero e tamanho, é
uma tarefa difícil. Como mensurar tudo o que é preciso?
outubro / novembro / dezembro | 2009 Saneas 5
matéria tema
Contabilizar investimentos
como despesas, ou vice-versa,
risco na delegação de gestão com investimento, é uma questão de foco do
incorrendo até na venda dos próprios ativos. Por- que é “déficit” e do que é
tanto, torna-se indispensável uma transparência
nos contratos firmados por essa via e um sistema “superávit”.
regulatório com credibilidade.
Existem modelos muito bem-sucedidos de inter- canismo para aumentar o investimento público em
venção privada em países como Chile (na edição 34, níveis superiores e ninguém sair perdendo.
da Saneas, disponível em nosso site www.aesabesp.
org.br, a superintendente de saneamento do Chile, Dentro das metas apresentadas pela ONU (Orga-
Eng. Magaly Espinosa Sarriá, nos deu uma entrevista nização das Nações Unidas) para serem cumpridas
detalhada sobre o seu funcionamento e os benefí- até 2015, na sua “Declaração do Milênio”, pratica-
cios gerados em seu País), mas também há modelos mente todas convergem para a aplicação devida
de gestão pública bem-sucedidos, como é o caso da dos serviços de saneamento, envolvendo tópicos de
Sabesp, em São Paulo. Todavia, seja na gestão pú- erradicação da extrema pobreza, das doenças de de-
blica ou privada, é essencial que os investimentos e senvolvimento do milênio e de promoção do desen-
serviços não fiquem sujeitos às oscilações políticas, volvimento sustentável.
que em muitos casos afetam negativamente as deci-
sões emergencialmente técnicas e comprometem o Contudo, os baixos níveis de investimento em al-
bom atendimento à sociedade. gumas regiões, inviabiliza a qualidade sanitária pro-
posta. Haja vista, a mortalidade associada a infec-
Contabilizar investimentos como despesas, ou ções de origem hídrica continua sendo elevada. Isto
vice-versa, é uma questão de foco do que é “déficit” afeta particularmente a população mais vulnerável:
e do que é “superávit”. Pode-se extrair investimentos as crianças, os idosos e os pobres.
em saneamento desta contabilidade como um me-
Meta 1
Erradicar a pobreza extrema e a fome
Um bilhão e duzentos milhões de pessoas sobrevivem com menos do que o equivalente a
US$1,00 PPC por dia – dólares medidos pela paridade do poder de compra de cada moeda
nacional. Mas tal situação já começou a mudar em pelo menos 43 países, cujos povos somam
60% da população mundial. Nesses lugares há avanços rumo à meta de, até 2015, reduzir
pela metade o número de pessoas que ganham quase nada e que – por falta de oportuni-
dades como emprego e renda – não consomem e passam fome. O Brasil é um exemplo de
sucesso, com dez anos de antecedência, conseguiu cumprir a meta.
Meta 2
Atingir o ensino básico universal
Cento e treze milhões de crianças estão fora da escola no mundo. Mas há exemplos viáveis de
que é possível diminuir o problema – como na Índia, que se comprometeu a ter 95% das crianças
freqüentando a escola já em 2005. A partir da matrícula dessas crianças ainda poderá levar algum
tempo para aumentar o número de alunos que completam o ciclo básico, mas os resultados serão adultos
alfabetizados e capazes de contribuir para a sociedade como cidadãos e profissionais.
Meta 3
Promover a igualdade entre os sexos e a autonomia das mulheres
Dois terços dos analfabetos do mundo são mulheres, e 80% dos refugiados são mulheres e crianças. Superar
as desigualdades entre meninos e meninas no acesso à escolarização formal é a base para capacitá-las a
ocuparem papéis cada vez mais ativos na economia e política de seus países.
Meta 4
Reduzir a mortalidade infantil
Todos os anos onze milhões de bebês morrem de causas diversas. É um número escandaloso, mas que vem
caindo desde 1980, quando as mortes somavam 15 milhões. Os indicadores de mortalidade infantil falam por si,
mas o caminho para se atingir o objetivo dependerá de muitos e variados meios, recursos, políticas e programas
– dirigidos não só às crianças mas às suas famílias e comunidades também.
Meta 5
Melhorar a saúde materna
Nos países pobres e em desenvolvimento, as carências no campo da saúde reprodutiva levam a que a cada 48
partos uma mãe morra. A redução dramática da mortalidade materna é um objetivo que não será alcançado a
não ser no contexto da promoção integral da saúde das mulheres em idade reprodutiva. O acesso a meios que
garantam direitos de saúde reprodutiva e a presença de pessoal qualificado na hora do parto serão portanto o
reflexo do desenvolvimento de sistemas integrados de saúde pública.
Meta 6
Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças
Em grandes regiões do mundo, epidemias mortais vêm destruindo gerações e ameaçando qualquer possibilidade
de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, a experiência de países como o Brasil, Senegal, Tailândia e Uganda
vem mostrando que podemos deter a expansão do HIV. Seja no caso da AIDS, seja no caso de outras
doenças que ameaçam acima de tudo as populações mais pobres e vulneráveis como a malária,
a tuberculose e outras, parar sua expansão e depois reduzir sua incidência dependerá funda-
mentalmente do acesso da população à informação, aos meios de prevenção e aos meios de
tratamento, sem descuidar da criação de condições ambientais e nutritivas que estanquem
os ciclos de reprodução das doenças.
Meta 7
Garantir a sustentabilidade ambiental
Um bilhão de pessoas ainda não têm acesso à água potável. Ao longo dos anos 90,
no entanto, quase um bilhão de pessoas ganharam esse acesso à água bem como ao
saneamento básico. A água e o saneamento são dois fatores ambientais chaves para a
qualidade da vida humana, e fazem parte de um amplo leque de recursos e serviços na-
turais que compõem o nosso meio ambiente – clima, florestas, fontes energéticas, o ar e a
biodiversidade – e de cuja proteção dependemos nós e muitas outras criaturas neste planeta.
Os indicadores identificados para esta meta são justamente “indicativos” da adoção de atitudes
sérias na esfera pública. Sem a adoção de políticas e programas ambientais, nada se conserva
adequadamente, assim como sem a posse segura de suas terras e habitações, poucos se dedicarão à
conquista de condições mais limpas e sadias para seu próprio entorno.
Meta 8
Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento
Muitos países pobres gastam mais com os juros de suas dívidas do que para superar
seus problemas sociais. Já se abrem perspectivas, no entanto, para a redução da dívida externa de muitos países
pobres muito endividados.
Os objetivos levantados para atingir esta Meta levam em conta uma série de fatores estruturais que limitam
o potencial para o desenvolvimento – em qualquer sentido que seja – da imensa maioria dos países do sul do
planeta. Entre os indicadores escolhidos estão a ajuda oficial para a capacitação dos profissionais que pensarão
e negociarão as novas formas para conquistar acesso a mercados e a tecnologias abrindo o sistema comercial
e financeiro não apenas para países mais abastados e grandes empresas, mas para a concorrência verdadeira-
mente livre de todos.
Em dia de chuva,
a cidade de
São Paulo vira
um caos
A lembrança do dia 8 de dezembro de 2009 ficará A causa para tantos danos foi declarada pelo pró-
viva na memória dos paulistanos e ressalta a impor- prio governador José Serra, que noticiou a quebra de
tância do investimento na reabilitação da estrutura uma das bombas da Usina Elevatória de Traição, que
dos serviços urbanos, tema principal dessa edição. fica no Rio Pinheiros e é integrada ao Departamento
Poucas vezes foi tão necessário, com altas doses de Águas e Energia Elétrica (DAEE) e a Empresa Me-
de desespero, o funcionamento eficaz das bombas tropolitana de Águas e Energia (EMAE).
de escoamento de água para os principais rios que
atravessam a cidade de São Paulo.
A forte chuva que atingiu a capital paulista desde
a madrugada daquela terça-feira causou alagamen-
tos, trânsito de mais de 100 km no meio da manhã
e deixou um saldo trágico de seis mortes, devido ao
transbordamento dos rios Tietê e Pinheiros. E ainda
houve alagamento na Ceagesp (Companhia de En-
trepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), principal
centro de abastecimento de alimentos da cidade,
onde a água chegou a um metro de altura e danifi-
cou toneladas de frutas, verduras e suprimentos. Usina Elevatória de Traição - São Paulo - SP
Inaugurada em 1940, esta usina tem como função mento e Energia afirmou que existem estudos para
reverter o curso das águas dos rios Tietê e Pinheiros. a implantação de duas bombas adicionais, mas não
Do ponto de vista energético, a reversão do rio tem informou prazos.
como propósito manter volumes de água suficientes,
nos reservatórios do Rio das Pedras e Billings, para A situação se repetiu em janeiro
garantir a geração na usina Henry Borden.
A operação do sistema de reversão do rio Pi- Outros temporais castigaram São Paulo por todo
nheiros só é acionada justamente para o controle o verão, mas um mais forte que atingiu a cidade de
das enchentes. Contudo, segundo a explicação ofi- São Paulo na madrugada da quinta-feira, 12 de ja-
cial, “um dos quatro equipamentos que impedem neiro, novamente bloqueou as duas marginais e
que a água do rio Pinheiros siga para o Tietê não transbordou o Rio Tietê, além de mais cinco córre-
funcionou”. Essa falha significou o comprometi- gos. Por causa de pontos de alagamentos, as margi-
mento de 25% da capacidade de bombeamento da nais Tietê e Pinheiros chegaram a ficar totalmente
usina e estrangulou ainda mais o poder de escoa- paradas em boa parte do “dia útil”.
mento do rio Tietê. A Secretaria Estadual de Sanea-
Informe institucional
gamente utilizada, onde se estima que existam pelo A capacidade específica do poço no início da
menos 400.000 poços em operação. Dados do IBGE operação era de 8,01 m³/h/m. Em 1993, após uma
indicam que 15,6 % dos domicílios utilizam exclusi- intervenção corretiva no poço, foi novamente medi-
vamente água subterrânea. da em 7,40 m³/h/m, em 2007 se encontrava reduzida
Na SABESP os poços em operação se aproximam para 2,75 m³/h/m. Após as operações detalhadas no
de 1.000, com uma produção de 12.667.000 m³/mês, presente trabalho, foi medida em 8,92 m³/h/m, com
perfazendo um total de 21% da água produzida (Fig. um ganho de 323% em relação a 2007 e pode-se
01) e abastecendo 377 comunidades, que represen- dizer que igual a capacidade específica original do
tam 55 % do total de comunidades abastecidas pela poço, que comprova a eficiência da metodologia
Diretoria de Sistemas Regionais (Fig. 02). (2004). empregada, e mais uma vez, a viabilidade das ope-
rações de manutenção/reabilitação dos poços, que
garantem um maior fornecimento de água para a
população e permitem um maior faturamento, em
um sistema que já tem todos os seus componentes
instalados, e em operação.
Além do fornecimento de água potável, o poço
P15 fornece ainda água quente para um Hotel e par-
que Termal, com diversas Piscinas aquecidas, apro-
Figura 1. Volume % de água produzida pelos poços, na veitamento esta energia geotérmica para incremen-
Diretoria de Sistemas Regionais SABESP. tar o Turismo e Desenvolvimento Regional.
Devido às condições construtivas e a profundi-
dade o processo de reabilitação do poço foi dividido
em duas etapas principais:
a) Uma primeira, puramente mecânica, com a
utilização de uma sonda rotativa para corte de todo
o material que se encontrava incrustado no furo do
basalto (entre a superfície e 1.150 m de profundida-
de), para permitir acesso de ferramenta ao intervalo
de produção do poço, reduzir perdas de carga e lim-
Figura 2. Percentual de comunidades atendidas por par eventuais fraturas do basalto;
poços, na Diretoria de Sistemas Regionais SABESP. b) Uma segunda etapa, química e hidráulica com
aplicação do desincrustante no intervalo de produ-
Atualmente o Município de Fernandópolis é 100 ção do poço (entre 1.150 a 1.460 m), onde foram
% abastecido por água subterrânea, proveniente de solubilizadas as incrustações nos tubos e filtros e na
04 poços que exploram o aqüífero Guarani, sendo Formação Geológica, que após sua solubilização, fo-
eles: P1 (P15) com vazão de 200,00 m³/h; P2(P16) = ram removidas com a utilização de ar comprimido.
230,00 m³/h; P3 (P17) = 380,00 m³/h e P4 (P18) =
200,00 m³/h. O regime de exploração dos poços é de 2. GEOLOGIA REGIONAL
16 h/dia, visando à preservação do aqüífero.
O P1 (P15) sofreu forte agravo na redução de va- 2.1 - Aquífero Guarani
zão a partir de 2007, sendo que já em Agosto deste 2.1.1 - Caracterização Geral
ano a vazão havia caído para 102,00 m³/h com ND
de 69,90 m. O problema continuou se agravando e O Aqüífero Guarani ocorre na porção oeste do
culminou com a paralisação do poço em 2008, com Estado de São Paulo, ocupando cerca de 76% do seu
vazão de 18,00 m³/h com ND 69,90 (crivo da bom- território. A leste está localizada a faixa aflorante
ba), que resulta em uma capacidade específica de (Figura 3), que se estende desde o município de Ri-
0,50 m³/h/m, aproximadamente 16 vezes menor do faina, a norte, até Fartura, ao sul. Esta faixa, com
que a vazão de teste do poço. área de 16.000 Km2, está inserida na Depressão Pe-
riférica e apresenta largura irregular que se amplia A Formação Pirambóia, de idade triássica (MILA-
ao longo das grandes drenagens, como é o caso do NI 2004), é constituída por arenitos de granulação
rio Jacaré-Pepira, quando atinge o máximo de 175 média a fina, localmente grossos e conglomeráticos,
Km. Para oeste daquela faixa, o aqüífero encontra-se depositados em ambiente fluvio-lacustrino e eólico
confinado pelos basaltos de Formação Serra Geral, (CAETANO-CHANG & WU 1992, MILANI et al. 1994).
numa extensão de cerca de 174.000 Km2. Apresenta estratificação de médio porte, cruzada,
planar ou acanalada e estratificação plano-paralela,
com lâminas ricas em argila ou silte. No Jurássico-
Cretáceo, segui-se a deposição eólica da Formação
Botucatu, constituída predominantemente por are-
nitos de granulação média a fina, avermelhados,
com grãos de alta esfericidade e bem selecionados,
exibindo estratificação cruzada de grande porte.
Todo pacote está assentado, em discordância angu-
lar, sobre o Grupo Passa Dois e parte dele, a porção
confinada, está recoberto pelos derrames basálticos
da Formação Serra Geral, que apresenta intertraps
de arenito (IPT 1981ª).
Figura 3 - Faixa Aflorante do Guarani no Estado de
O Aquífero Guarani é granular, homogêneo e re-
São Paulo
gionalmente livre na sua porção aflorante, a domi-
nantemente confinado, constituindo um pacote con-
Este aqüífero é composto por arenitos das for- tínuo desde sua área de afloramento, a leste, até o
mações Pirambóia, na base, e Botucatu, no topo (Fi- extremo oeste de São Paulo, onde extrapola os limites
gura 4). do Estado.
A superfície do topo, definida pelo contato com a
Formação Serra geral, mergulha para sudoeste, apre-
sentando altitudes de 800 m no limite da parte aflo-
rante até 1.300 m abaixo do nível do mar na região de
Presidente Prudente, junto ao rio Paraná (Figura 5). Os
gradientes desta superfície são de 1,8 m/km ao longo
do vale do rio Tietê, e de 3,8 m/km, pelo eixo próximo
ao rio do Peixe até as imediações da cidade de Avaré.
tivo, dentro do intervalo de 10-3 e 10-5 fornecido ífero, sendo estes dados esclarecidos na Tabela 01
pelo DAEE (1974), optou-se pelo valor de 10-3, pois abaixo.
este possibilitou a obtenção de faixas de vazão mais
compatíveis com a minoria dos poços perfurados. De acordo com CAMPOS (1993) as águas deste
A transmissividade (T), obtida com base no mapa sistema são predominantemente bicarbonatadas
de espessura do Aquífero e nos valores de K é de cálcicas e apresentam temperaturas de 22 a 27ºC, pH
aproximadamente 260m2/dia, ao longo do vale do de 5,4 a 9,2 e salinidade inferior a 50 mg/L, na área
rio Tietê, na área confinada. aflorante. Na área confinada, a temperatura varia de
O cálculo de vazão (Q) explorável utilizou o mé- 22 a 59,7ºC, o pH de 6,3 a 9,8 e a salinidade de 50 a
todo descrito no capítulo 2 admitindo-se um rebai- 500 mg/L. As águas são predominantemente bicar-
xamento de 30% de espessura saturada de um pe- bonatadas e, subordinadamente, sulfatadas – clore-
ríodo de 50 anos de bombeamento contínuo, como tadas sódicas. Os valores de temperatura (Figura 8),
proposto por COSTA (2000). No entanto, o período de pH, salinidade, e de íons cloreto, sulfato e sódio, au-
exploração considerado neste trabalho foi de 20 anos, mentam o sentido do confinamento (Mapa de Águas
o que resultou em um rebaixamento máximo propor- Subterrâneas de SP, 2005).
cional de 12%, sendo este valor corrigido segundo a
proposta JACOB (1969 apud CUSTÓDIO & LLAMAS
1976), para a área de afloramento do aquífero.
Como resultado, foram obtidas as seguintes fai-
xas de vazão recomendada: de 20 a 40 m3/h e de 40
a 80 m3/h, no sistema livre; e de 80 a 120 m3/h, 120
a 250 m3/h e 250 a 360 m3/h, no sistema confinado
(Figura 7).
A menos faixa de vazão explorável (de 20 a 40
m3/h) pode conter vazões inferiores a 20 m3/h nas
áreas próximas a Formação Passa Dois, onde o Aquí-
fero apresenta as menores espessuras saturadas.
Dentro da área confinada, as vazões aumentam para
oeste-noroeste, até se fixarem em valores máximos
recomendados de 360 m3/h, a partir da linha que
Figura 8 – Isotermas da área confinada do Aquífero
se inicia em Ourinhos, a sudeste, e se estende até as
Guarani.
proximidades de Miguelópolis, a nordeste (Mapa de
Águas Subterrâneas de SP, 2005).
3. INCRUSTAÇÕES E DESINCRUSTAÇÕES
2.1.3 - Qualidade Química Natural das
Águas Subterrâneas no Guarani. A percolação da água subterrânea na formação
geológica ocorre de forma muita lenta, fazendo com
SILVA (1983) separou as águas do Aquífero Gua- que esta permaneça em contato prolongado com os
rani de acordo com as áreas de ocorrência do aqü- minerais contidos nestes materiais. Este contato é
Águas bicarbonatadas-
Águas bicarbonatadas magnesianas Águas bicarbonatadas-cálcicas e calco-
sódicas evoluindo a cloro-
a calco-magnesianas magnesianas
sulfatadas-sódicas
res apresentam 1 a 2” de incrustação nos filtros. culando água para limpeza, desceu girando com
Multiplicando a espessura de 1” pelo diâmetro pouca resistência até 134 m, nesta profundidade
médio de 5 ½” (= 0,4388 m²/m linear), em todo o começou a aumentar a resistência com produção
intervalo filtrante, chega-se a 1,73 m³ de incrusta- de material carbonático até os 184 m; de 184 a
ção possível, só no intervalo de produção. Aplicando 200 m apresentou maior resistência ao avanço,
a densidade média de um carbonato de 2,9 g/cm³ a nos últimos metros começou a prender a broca.
este volume de 1,73 m³, encontramos 5 toneladas ■■ Retirada da ferramenta com broca de 12 ¼”.
de incrustação que poderiam estar depositadas no ■■ Descida de ferramental com broca de 8 ¾”.
intervalo de produção.
O desincrustante utilizado tem densidade de 22/12/2008
1,63 g/cm³ e o volume aplicado foi de 1.700 litros, Repasse (desobstrução da perfuração)
que representa um peso total de 2.771 Kg, suficien- ■■ Iniciando repasse com “tricone” de 8 ¾” a partir
tes para remover 4 a 4,5 T do carbonato de cálcio. de 200 m; circulando água para limpeza, avanço
A relação “massa de incrustação x massa de de- com resistência a descida, desceu até 550 m, com
sincrustante” é muito importante, e deve ser sempre produção de material carbonático.
avaliada com cuidado, pois aplicação com quantida- ■■ Retirada da ferramenta com broca de 8 ¾”.
de reduzida do desincrustante podem se traduzir em
resultados inferiores aos possíveis com a aplicação 23/12/2008 a 05/01/2009
das quantidades necessárias. ■■ Recesso de Natal e Ano Novo
O volume de carbonato presente no furo de 9
7/8 não foi considerado, pois foi cortado mecanica- 06/1/2009
mente e o desincrustante foi aplicado somente no Repasse (desobstrução da perfuração)
intervalo de produção do poço. ■■ Descida de ferramenta e corte com broca “tricone”
de 8 ¾” de 550 m a 688 m; circulando água para
Para desinfecção final foi utilizado, o bacterici- limpeza; maior resistência ao avanço; produzindo
da de nome comercial FERBAX, isento de compostos muito material carbonático recortado.
de cloro (não tem possibilidade de geração de THM),
criado para aplicação em poços, patenteado pelo fa- 07/1/2009
bricante, que também possui certificado de produto Repasse (desobstrução da perfuração)
não tóxico tipo DL 50 > 2.000 mg/kg. ■■ Corte com “tricone” de 8 ¾” de 688 até 880 m;
perda de circulação; poço “bebendo” lama.
6. DESCRITIVO DAS OPERAÇÕES ■■ Preparando lama a base de CMC, consumo de 730
kg.
17/12/2008 a 20/12/09
Transporte e Instalação do Canteiro 08/1/2009
■■ Acesso ao local do poço. Repasse (desobstrução da perfuração + confirma-
■■ Transporte e montagem de equipamentos e infra- ção do topo do revestimento)
estrutura de apoio. ■■ Após injeção de lama a base de CMC foi restabe-
■■ Fixação de espias no solo e Posicionando a sonda. lecida a circulação, iniciando com forte produção
■■ Posicionando os tanques de lama. de material carbonático.
■■ Montagem do circuito de lama. ■■ Repasse com broca “tricone” de 8 ¾”. de 880 até
■■ Preparação de ferramental para inicio da limpeza. 1.154 m.
■■ Após os 1.150 m, começou controle de peso e
21/12/2008 avanço para confirmar o topo do revestimento,
Repasse (desobstrução da perfuração) aos 1.154 m topou, confirmando com apoio de
■■ Descendo ferramental para inicio do repasse com 2 Ton.
broca “tricone” de 12 ¼” a partir de 72,70 m, cir-
09/1/2009 13/1/2009
Limpeza do furo e descida de hastes para bombe- Remoção de incrustações solubilizadas
amento ■■ Bombeando com 01 compressor, vazão 20 m3/h;
■■ Circulando lama para limpeza do furo, até parar ■■ Descida do injetor para 174 e retomada do bom-
de produzir material (08 horas). beamento com vazão em torno de 25 a 30 m³/h.
■■ Trocando lama de CMC por água limpa e injetan- ■■ Água muito turva com aspecto esbranquiçado,
do água por 06 horas. pouco material sólido.
■■ Retirando ferramenta com broca e descendo has-
tes de 5 ¾” para bombeamento pela camisa. 14/1/2009
Bombeamento de limpeza e verificação de resul-
10/1/2009 tados
Bombeamento inicial aos 90 e 210 m ■■ Bombeamento por mais 08 horas, com água ainda
■■ Nível d’ água aos 33,40 m. turva; retirada do injetor e subida das hastes para
■■ Início do bombeamento com ar comprimido, uti- 210 m de profundidade, para bombeamento pela
lizando 01 compressor de alta pressão e ponta da camisa.
haste aos 90 m de profundidade, que não resultou ■■ Iniciando bombeamento com um compressor para
em produção de água por baixa submergência. comparação dos resultados com o bombeamento
■■ Descida de hastes até os 210 m de profundidade e do dia 10/01/09.
bombeamento com ar comprimido, operando em ■■ O regime de bombeamento passou a ser de 30
regime de 60/72 seg. saindo água para 120/160 seg. com água por 30 seg. sem água, o volume
seg. saindo somente ar (Figura 10). produzido é o mesmo, assim a vazão relativa do-
■■ Nesse regime não consegue levantar sujeira (o brou em relação ao primeiro bombeamento antes
material fica flutuando dentro do poço). da aplicação do desincrustante.
■■ Água com temperatura em torno dos 40 °C ■■ A temperatura da água subiu para valor ao redor
■■ Descendo a ferramenta no fundo para bombea- dos 50 °C.
mento por dentro do hasteamento. ■■ Produzindo pouco carbonato, forte turbidez e
produção de areia muito fina cinza clara.
11/1/2009
Bombeamento para limpeza 15/1/2009
■■ Descida de hastes até os 1.154m, com injetor por Bombeamento de limpeza e verificação de resul-
dentro aos 75,30 m; NE aos 33,50 m; bombeamen- tados
to com vazão muito baixa, em torno de 10 m³/h. ■■ Bombeamento com dois compressores, regime
■■ Descida do Injetor para os 114 m; Iniciando o constante, saindo água sem intervalos.
bombeamento, vazão de 20 m3/h; sem a presença ■■ Vazão estimada entre 250 e 300 m3/h.
de material cortado ou areia. ■■ Água muito turva com produção de material só-
lido (carbonato, pedaços de basalto, areia muito
12/1/2009 fina), com meia hora a água ficou limpa só com
Aplicação de NO RUST areia fina.
■■ Retirando o injetor interno de 1 ½” e preparando
para injeção do desincrustante.
■■ Injetando 1.200 l de No Rust das 18: 50 as 19: 50
h (Figura 11); deslocando o produto para fora das 16/1/2009
hastes com a injeção de água limpa em volume de Bombeamento de limpeza
20 m³; tempo de ação do agente. ■■ Bombeamento com 02 compressores, e com a
■■ Descendo injetor interno de 1 ½” aos 114 m. confirmação dos resultados foi recomendado
nova aplicação do desincrustante.
15
sxQ 10
Q (m3/h) 0
INTERPRETAÇÃO
Equação tipo: s=B*Q+C*Q^2 Q/s (m3/h/m) = 8,923983
B= (0,1435) s/Q (m/m3/h) = 0,112058
B(24h)= (0,1435) Eficiência (BQ/(BQ+CQ^2)x100)=
C= 1,6E-03 T (m2/dia) = 317,5
CONDIÇOES DE OPERAÇAO PREVISTAS
Vazão 1 (m3/h): 190,00 Nível Dinâmico 56,57 Prof. instalação da bomba (m): 72,00
Vazão 1 (m3/h): 210,00 Nível Dinâmico 59,07 Prof. instalação da bomba (m): 72,00
Vazão 1 (m3/h): 300,00 Nível Dinâmico 70,32 Prof. instalação da bomba (m): 72,00
20
outubro / novembro / dezembro | 2009 Saneas 23
matéria sabesp
9. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Quanto à utilização do desincrustante utilizado,
A metodologia empregada se mostrou adequada no intervalo de produção do poço, a base e orto-
e muito eficiente, culminando com a recuperação fosfatos de características ácidas (NO RUST), este
total do poço. se mostrou muito eficiente, inclusive mantendo sua
A capacidade específica atual do poço, após os capacidade de desincrustação e manutenção de pH
trabalhos, de 8,92 m³/h/m, é 243,63 % maior do que baixo, mesmo com elevadas pressões (146 Kg/cm²),
em 2007 (2,75 m³/h/m) quando os problemas come- removendo assim as incrustações, o que permitiu a
çaram a se agravar, e 17,8 vezes maior do que em recuperação de capacidade específica e produção de
2007 (0,50 m³/h/m) no agravamento final dos pro- água do poço, com total segurança nas aplicações e
blemas, e paralisação do poço. descarte.
Se compararmos com a capacidade específi- O primeiro teste de produção, realizado com
ca atual, com o início da operação em 1976 (8,01 compressor, após o corte mecânico das incrustações
m³/h/m), e em 1993 (7,40 m³/h/m), após a primeira e desobstrução do poço até 1.150 m de profundi-
intervenção, podemos dizer que o poço está total- dade, demonstrou vazão aparente de 30 a 50 m³/h
mente recuperado. (regime de 60/72 seg. saindo água para 120/160 seg.
O rebaixamento do nível estático para 33,82 m, sem sair água), com temperatura ao redor de 40 °C,
ao longo destes 33 anos se deve a descompressão do e a repetição deste ensaio de produção nas mesmas
aqüífero.. condições, após a aplicação do desincrustante, de-
O resumo de resultados comparativos entre a monstrou vazão aproximada de 200 m³/h (regime de
situação atual, após a reabilitação, com Maio de 30 seg. saindo água por 30 seg. sem sair água), e a
2007 (no início do agravamento do problema), está elevação da temperatura para 50 °C comprovam a
detalhado abaixo (não foram utilizados os dados de eficiência da desincrustação química, que possibili-
Agosto de 2007, pois a situação estava em nível crí- tou a recuperação do poço.
tico, e assim foram desconsiderados). Como a incrustação é um fator constante, os ní-
■■ Aumento do fornecimento total de água em m³/ veis e vazões devem ser acompanhados ao longo do
hora = 100,00 m³/h tempo, para que sejam efetuadas manutenções pre-
■■ Aumento do fornecimento total de água em m³/ ventivas, antes do agravamento dos problemas.
ano = 528.000 m³/ano A realização de manutenções preventivas tem
■■ Aumento da capacidade específica do poço custo menor do que as corretivas, além de prevenir
= 243,63% que o poço venha a operar em regime de maior con-
■■ Aumento percentual na produção de água sumo de energia elétrica, e com menor produção de
= 100,00 % água, o que aumenta seu custo operacional e dimi-
■■ Redução do consumo de energia elétrica em kW/ nui a receita, além da redução do volume de água
m³ = 46,60 % para fornecimento à população.
■■ Economia mensal de energia elétrica para se pro-
duzir o mesmo volume de água = 22.320 kW/mês
■■ Economia anual de energia elétrica para se produ-
zir o mesmo volume de água = 267.840 kW/ano
João Alberto
Viol é diretor da Para Viol, investimento,
JHE Consultores
Associados,
membro
planejamento e capacitação movem
permanente
do Conselho o desenvolvimento do País
Diretor da ABES
e presidente
nacional do Saneas: Como o senhor avalia, no cenário na- forço nacional nesse sentido. Da mesma forma
Sindicato Nacional cional, o investimento na reabilitação das es- que não temos informações para dizer que não
das Empresas truturas das obras de saneamento? estamos fazendo nada de significativo nesse sen-
de Arquitetura
Viol: Como uma medida absolutamente neces- tido, não estamos aptos a avaliar o quanto esta-
e Engenharia
Consultiva – sária em nível nacional. Os investimentos devem mos fazendo de forma pontual.
Sinaenco. atender a atualização tecnológica dos equipa-
mentos e aos novos processos que são inseridos, Saneas: De que forma a restrição de recursos
principalmente nos sistemas de tratamento e na públicos interfere num planejamento adequado
capacitação de profissionais e fornecedores de para a reabilitação de obras de saneamento?
serviços. Viol: A restrição de recursos públicos interfere na
Também se faz urgente a necessidade de po- base do planejamento.
líticas para direcionar e definir esses investimen- Sem uma clara definição de recursos públicos
tos. para este fim, não há possibilidade de se definir
as políticas necessárias para capacitar o setor e
Saneas: Por que a capacitação de profissionais desenvolver os programas de reabilitação.
é prioritária? Existe um despreparo do corpo
técnico disponível para atender as necessida- Saneas: O senhor tem alguma avaliação pessoal
des do setor? sobre o funcionamento da estrutura do sanea-
Viol: A prolongada crise da engenharia brasileira mento de São Paulo, relacionada às constantes
deixou de repor quadros profissionais e atualizar enchentes do último período?
tecnologicamente as empresas prestadoras de Viol: Em primeiro lugar, é preciso planejar. A
serviços. Dessa forma, a palavra de ordem atual lei de regulação do Saneamento 11445 de 2007
é capacitar e atualizar as empresas e profissio- prevê que os Municípios tenham produzido seus
nais de engenharia. Este é um elemento básico Planos Municipais de Saneamento até Dezembro
para o sucesso na reabilitação das estruturas de de 2010. Esses planos são constituídos por água,
saneamento. esgotos, manejo de águas pluviais e resíduos só-
Mas, paralelamente a essa medida, também é lidos. Todos esses tópicos devem ser integrados
preciso desenvolver programas de modernização entre si e dentro das bacias ou regiões em que se
das estruturas existentes, onde se inclui a substi- inserem. E assim cabe às autoridades agirem den-
tuição de equipamentos obsoletos; a implemen- tro de planos, programas e projetos, bem como
tação de novos processos na linha de produção e destinar investimentos nessas áreas.
a automação, que é uma tecnologia de ponta e se No caso das enchentes, é notório que deve
firma como uma ferramenta eficaz no aproveita- haver um planejamento e monitoramento do uso
mento dos recursos do setor. do solo, evitando as áreas de risco e promovendo
Esses investimentos não aparecem de forma sis- o crescimento urbano de forma ordenada. É im-
tematizada, de modo que possamos avaliar o es- portante também, além da construção de gale-
rias, canais e áreas de contenção (piscinões), a apli- o ato de planejar. A água é o elemento mais precio-
cação de uma campanha de educação ambiental e a so quando se fala de saneamento. Ela deve ser o
preservação das áreas verdes e de mananciais. foco. Todas as ações devem ser controladas no sen-
Só agindo com essa coerência, é que podemos tido de preservá-la e melhor utilizá-la. Isso melho-
evitar que a tragédia natural se transforme em tragé- ra o conceito de trabalhar com o manejo das águas
dia humana. É a constante busca do equilíbrio entre pluviais. A idéia corrente é o projeto de drenagem.
o homem e o ambiente. Contudo, não vejo a estru- Com isso, se trabalha com o meio urbano. É sempre
tura da cidade de São Paulo inserida neste cenário. o conceito de direcionar e afastar as águas pluviais
Trabalha-se como tradicionalmente se faz no Brasil: dos equipamentos urbanos. Mas pouco se faz para
de acordo com as demandas, na “hora do apuro”. evitar que elas atinjam o meio urbano. A preserva-
ção do verde, dos mananciais, a ampliação das áre-
Saneas: O senhor e as entidades que representa as de infiltração são vitais no manejo das águas
têm sugestões para a minimização de problemas pluviais. É o esforço para evitar que o desastre na-
dos grandes centros urbanos, como enchentes, fal- tural (a enchente) se transforme no desastre huma-
ta de escoamento e fornecimento de água e esgoto no. Da mesma forma deve-se pensar no resíduo
tratado? sólido. Ele não deve contaminar o ambiente e con-
Viol: A sugestão é planejar e projetar antes de se sequentemente as águas de lazer e abastecimento.
realizar a obra. Antes de uma boa obra existe sem- Por isso, também se trata o esgoto e finalmente se
pre um bom projeto. Especificamente com relação trata a própria água que utilizamos.
ao saneamento, é preciso conceituar corretamente
Em ritmo de
Copa do Mundo
Saneas: O Sinaenco está encampando um mega- municipais, de um relatório da entidade, com foco
planejamento de estrutura de engenharia para na minimização dos principais desafios que Copa do
atender as demandas das cidades que sediarão, no Mundo 2014 terá que enfrentar fora dos gramados.
Brasil, a Copa do Mundo de 2014 (Belo Horizonte,
Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Manaus, Na- Saneas: O senhor espera que com os adventos da
tal, Recife, Porto Alegre, Rio de Janeiro, Salvador Copa em 2014 e Olimpíadas em 2016, a engenha-
e São Paulo). Como está o funcionamento desta ria nacional deslanche, mediante a necessidade
operação? de extensão de obras voltadas para o transporte,
Viol: De fato, estamos empenhados neste projeto como terminais rodoviários, aeroportos; de tu-
para a Copa de 2014, pensando inclusive no lega- rismo com ampliação da rede hoteleira e mesmo
do de 2015. Para tanto, montamos um Portal (www. de saneamento, que serve de estrutura para tudo
copa2014.org.br), cujo objetivo é veicular informa- isso?
ções consistentes sobre a infraestrutura esportiva, Viol: Claro que esses eventos podem marcar o pro-
urbana e regional de todas as cidades sedes. gresso da engenharia nacional e de todo o desenvol-
vimento do País de maneira decisiva. Porém insisto
Saneas: Qual é o grande desafio para deixar as ci- que mesmo que Deus seja brasileiro, nada cai do céu.
dades sedes aptas para conceber um evento dessa Portanto, o planejamento, a capacitação, a excelên-
magnitude? cia e a criação de políticas públicas eficientes, para
Viol: A luta contra o tempo, pois temos só 3 anos atender a essa demanda, são fundamentais.
para concluir projetos, conseguir as licenças, cons-
truir obras e capacitar pessoas. O Sinaenco está
oferecendo a sua contribuição, inclusive com a
apresentação, às autoridades federais, estaduais e
cluímos, a partir daí, quanto economizaremos aos Isso também ocorria no aspecto de aumento do
cofres públicos, às companhias regionais ou privadas preço das tarifas, que implicava numa atitude nada
e à sociedade que no fim, é quem “paga a conta”. popular, isto é, uma ação anti-voto, o que não é
Outro aspecto vital é o da vontade política dos totalmente verdade. A população está preocupada
governantes em realizarem obras de saneamento em com os riscos da falta de saneamento. Hoje as fa-
seus municípios. Muitos acreditavam que obras “en- mílias de modo geral estão sendo constantemente
terradas” não atraiam os votos de seus eleitores, e informadas, através dos meios de comunicação de
muitos anos se passavam até que alguma coisa fosse massa, sobre a importância de receber água tratada
feita. Hoje esta realidade, felizmente, está mudan- no seu domicílio e da coleta e tratamento dos seus
do, se já não mudou nos centros urbanos e micro- esgotos gerados. Essa consciência, a do saneamento,
regiões. Investimentos em saneamento estão, por passa também pela educação, habitação, transporte,
aclamação da própria população, elegendo muitos empregos, enfim todas as esferas sociais, assim como
de seus representantes e, além disso, podemos notar também sua falta implica diretamente na saúde.
que o tema saneamento tem sido freqüentemente Não depende somente do governante querer
pauta na mídia. executar uma obra de tratamento de esgotos, eles
precisam buscar o financiamento para isso, e esses Temos que trabalhar para acabar com a inadim-
recursos virão da própria sociedade, no longo prazo, plência do setor público. Daí advirão muitos finan-
já que os recebíveis são, de certa forma, a maior ga- ciamentos e o setor terá um significativo crescimen-
rantia de um empréstimo. Não existem mais finan- to. Não basta, entretanto, uma captação de recursos
ciamentos fartos na quantidade e na velocidade ne- para investimentos de qualidade duvidosa, seja na
cessárias exigidas pela demanda do saneamento no solução técnica adotada, seja na forma de aquisição
Brasil, mas existem mecanismos que já possibilitam dos materiais e equipamentos. Precisa haver qualifi-
a obtenção de recursos, desde que atendidas exigên- cação técnica comprovada no fornecimento de am-
cias mínimas. As PPPs (Parcerias Público Privadas), as bos, e o parque industrial nacional está habilitado
Locações de Ativos e até mesmo as Concessões Pri- para atender estas exigências.
vadas ou Gestão Compartilhada são uma excelente O Sindesam vem trabalhando para estar mais
solução na busca de investimentos. perto daqueles que colaboram para a melhoria dos
Existe uma grande quantidade de municípios que serviços de saneamento. As empresas que compõem
não é atendida pelas empresas estaduais e estão ca- o Sindesam - que é um sindicato que atua em prol
rentes neste setor, precisando captar recursos para da melhoria da qualidade das empresas privadas,
investimentos. das fábricas de materiais hidro-eletro-mecânicos (os
Se percebe que há uma preocupação crescente materiais e equipamentos tais como equipamentos
dos municípios e da população em que direcione especializados de processo, medidores e controlado-
seus recursos corretamente. Há uma forte tendência res, bombas, válvulas, tubos, materiais e componen-
com o princípio de auto-sustentação do setor. Por tes elétricos e eletrônicos) e seus sistemas destinados
outro lado é óbvio que o governo voltou a reinvestir ao tratamento de água e efluentes - acreditam que
no setor de saneamento, muitas vezes, mesmo indi- o próximo governo investirá muito no setor.
retamente. A lei de responsabilidade fiscal, de signi- Procuramos agrupar as empresas fabricantes vi-
ficativa importância para o setor, trava a iniciativa sando dar suporte a elas, no tocante a investimento
de “investir”, mas de que adianta fazê-lo, sem recur- em pessoal e qualidade. As empresas privadas (fa-
sos para saldar os compromissos assumidos por estes bricantes de máquinas e equipamentos) não podem
investimentos. ficar paradas no tempo a risco de perder sua par-
Os fabricantes de máquinas e equipamentos e ticipação no mercado. São discutidos conceitos de
fornecedores de serviços precisam estar seguros de gestão, qualidade, atendimento de mercado, con-
que estes compromissos serão honrados, não dá para corrência internacional, capacitação tecnológica,
a indústria fabricante financiar este setor. Percebe- financiamento do setor produtivo, perspectivas de
mos que está havendo um trabalho em nível gover- mercado futuro, entre outros.
namental junto das companhias estaduais no sanea- O Sindesam tem a missão de comunicar ao mer-
mento financeiro para que estas companhias possam cado as informações atualizadas relativas às tecno-
captar recursos, via BNDES e bancos privados para logias disponíveis, experimentadas e inovadoras para
investir no setor, que antes não tinham interesse a preservação ambiental. Temos a certeza de que as
neste mercado, pelo risco que significavam. Não que necessidades e requisitos ambientais podem ser
os riscos tenham diminuído significativamente, mas atendidos pela indústria brasileira e estamos prepa-
estão mais controlados. Os serviços locais também rados para isto.
têm acesso a estes recursos, desde que certas regras
sejam respeitadas.
Econ. Lorimel
Brandão dos Reis Aspectos Econômicos Contábeis
– Corecom 5239 –
2ª. Região
Economista
da Reabilitação de Instalações
– formado pela
FEA/USP em 1970, Operacionais de Abastecimento de
especialista em
Metodologia do Água e Esgotamento Sanitário.
Ensino Superior
pela FMU.
Como Introdução de água potável e de esgotamento sanitário de
economista,
um agrupamento humano. Em segundo lugar
lecionou Teoria
Econômica A prestação dos serviços de abastecimento as formas jurídicas de como são organizados os
e Economia de água potável e de esgotamento sanitário, prestadores dos serviços. Em terceiro, as fontes
Brasileira nas o braço duplo do saneamento básico de uma de recursos para promover estas instalações.
FMU’s , prestou comunidade urbana ou rural, é realizada, me- Em quarto, o tratamento contábil do registro
serviços na Caixa diante a construção de instalações apropriadas de uma instalação de prestação dos serviços.
Econômica Federal,
para este fim, administradas por diferentes ti- Finalmente, alguns comentários à guisa de
Federação das
Indústrias do pos de pessoas jurídicas. conclusões e recomendações.
Estado de São A presente análise visa avaliar os aspectos
Paulo e, na Cia. econômicos e de registro contábil da mobiliza- As Instalações
de Saneamento ção de recursos para promover a reabilitação
Básico do Estado
de tais instalações, que sofrem, ao longo do Na prestação dos serviços de abastecimen-
de São Paulo-
SABESP - Setor tempo, os desgastes normais que ocorrem pelo to de água potável e de esgotamento sanitário,
de Planejamento uso contínuo em condições normais ou de ele-
de Controladoria vado “stress”.
Financeira, onde Para esta finalidade será realizada inicial-
se aposentou mente uma descrição das instalações que
no ano de 2000.
compõem o serviço de abastecimento
Atualmente
presta serviços
de consultoria
financeira,
para empresas
ligadas ao setor
de saneamento
ambiental e BID.
através da quota de depreciação e da remunera- da instalação, que foram degradadas quer por fal-
ção do investimento, mas ocorre no presente em ta de manutenção ou por obsolescência, acrescen-
período determinado. O valor anual da quota de tando-lhe mais vida útil, desde que as restrições
depreciação, como já foi dito, está sujeito à vida fiscais permitam, ela deve ser considerada como
útil das instalações (civis e lineares) e dos equipa- investimento e inscrita no ativo como imobilizado
mentos (motores e bombas) e a remuneração do em operação.
investimento é residual. Ela é igual às receitas Neste caso, a origem dos recursos pode ser
menos as despesas de operação, manutenção, co- proveniente de empréstimos e financiamentos, se
mercialização, administrativas, fiscais, depreciação os níveis de rentabilidade de um ente privado per-
e amortização de despesas. mitir ou se a prefeitura possuir margem para en-
Estes conceitos têm tratamento diverso entre dividamento em seu orçamento, quando se tratar
os diferentes prestadores. de um ente público ou de recursos próprios atra-
Num ente público, eles pouco aparecem, pois vés do re-investimento dos lucros, para um ente
vale a subordinação dos fluxos financeiros ao or- privado, e, de superávit do orçamento fiscal, se o
çamento fiscal da prefeitura, cuja máxima legal é: ente for público.
não se deve arrecadar mais do que se gasta, a não Para pequenas intervenções que não alterem
ser que a lei das diretrizes orçamentárias crie um de forma significativa as condições iniciais da ins-
fundo com finalidade específica. talação, desde que as restrições fiscais permitam,
Já em um ente privado a situação muda de fi- podem ser apropriada como despesa e incluída di-
gura, pois a taxa de rentabilidade (lucro/investi- retamente na equação tarifária.
mento) ou remuneração do investimento é um pa-
râmetro fundamental para orientar as decisões de Conclusões
aplicabilidade. Assim sendo, é muito importante
separar com muito critério os gastos com investi- Toda melhoria é bem vinda desde que no mo-
mento daqueles que são despesas. Apropriar como mento oportuno e aureolada pelos melhores crité-
despesa, o que é investimento, deprime a taxa de rios técnicos, econômicos e legais.
rentabilidade ou a geração de valor para o acio- Como melhor critério técnico, entende-se a
nista, o que dificulta o processo de captação de melhor tecnologia disponível que reflita o melhor
recursos no mercado financeiro e de capital. método construtivo, que incorpore qualidade ao
Por outro lado, apropriar como investimento ativo sob intervenção.
um gasto que seja despesa, superestima a taxa de Como melhor critério econômico, aquele que
rentabilidade, dando uma orientação falsa sobre a mobilize os recursos materiais para a alternati-
decisão de investir, bem como da geração de valor va de mais eficiente, ou seja, de menor custo de
para o acionista. oportunidade e compatibilize os recursos finan-
ceiros na melhor alternativa de fluxo de caixa.
O Tratamento Contábil dos Recursos da Como melhor critério legal, a intervenção deve
Reabilitação estar subordinada às leis fiscais e tarifárias que o
setor deve cumprir.
Como vimos, além dos critérios técnicos, que em Tudo isto está atrelado a bom sistema de pla-
geral orienta os gastos nas alternativas de maior nejamento, execução e controle das ações de in-
relação benefício custo, é importante estar atento tervenção nas instalações dos serviços de abaste-
com relação às origens de recursos para realizar a cimento de água potável e de esgotamento
reabilitação de uma instalação de abastecimento sanitário.
de água potável e de esgotamento sanitário.
Se a aplicação do recurso é de grande monta,
que modifica drasticamente as condições iniciais
RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS
O ESTADO DA ARTE NA CONSTRUÇÃO X O ESTADO DA ARTE NA RECUPERAÇÃO DE ESTRUTURAS
Objetivo: Apresentar uma síntese da evolução da residências, obras de arte, aquedutos e templos reli-
maneira de se construir utilizando concreto armado, giosos, fundamentalmente visando ao bem-estar da
bem como da maneira como se efetua a recuperação raça humana. Entre as inúmeras obras citadas, há
dessas estruturas, principalmente quando utilizadas uma relação de modernas construções de concreto
em peças componentes dos sistemas de tratamento de elevado desempenho, as quais comprovam sua
de água e esgoto. versatilidade arquitetônica e estrutural, além de sua
Diante dos problemas vivenciados diariamente durabilidade.
por nossa equipe, no trabalho de Perícia Técnica, nos De acordo CEMBUREAU, 1995 temos:
vem à mente a seguinte questão: estamos utilizando Concreto Antigo: 5000 a.C. - 100 a.C.
todos os conhecimentos disponíveis quando do pro- Concreto Romano: 100 a.C. - 400 d.C.
jeto e execução de estruturas de concreto armado, Concreto Medieval: 1200 d.C. - 1600 d.C.
principalmente nas que se encontram em contato Concreto da Revolução Industrial: 1600 d.C. - 1800 d.C.
com agentes agressivos. E quando essas necessitam Concreto Moderno: 1800 d.C em diante
de reparos, estamos utilizando as técnicas adequa- Concreto com Agregados Reciclados: 1946 d.C.
das para sanar tais problemas? Concreto de Alto Desempenho - C.A.D: 1990 d.C.
Desta forma, buscamos na literatura disponível, C.A.D. com Agregados Reciclados: 2000 d.C.
bem como junto a laboratórios de tecnologia e for-
necedores parceiros, as respostas a estas indagações, A FIGURA 1 representa um mural egípcio datado
que em síntese representa o Estado da Arte na Cons- de 1950 a.C., que mostra o concreto sendo mistura-
trução de Estruturas de Concreto Armado e o Estado do e aplicado manualmente, o que nos causa certo
da Arte na Recuperação de Estruturas, e a seguir fa- desconforto, uma vez que passados séculos, ainda
zemos um relato de ambos estados. verificamos esta forma de trabalhar o concreto,
Nos últimos anos, no Brasil e em outros países, principalmente em obras de menor porte.
tem se produzido um conjunto significativo de tra- Muitas civilizações desenvolveram o concreto,
balhos que são denominados “estado da arte” ou destinado a diversas aplicações, no entanto, é credi-
“estado do conhecimento”. Definidas como de ca- tado aos romanos o desenvolvimento de seu uso em
ráter bibliográfico, trazem em comum o desafio de
catalogar e discutir a produção acadêmica em dife-
rentes campos do conhecimento, que em nosso caso,
trata-se do Concreto Armado.
Num artigo do Profº. Paulo Helene, este apresen-
ta uma síntese da evolução histórica da tecnologia
de preparo e utilização do concreto como material
de construção. Relaciona datas e obras que empre-
garam esse material desde 5.600 anos a. C. e o con- Figura 1 - Mural egípcio retratando mis-
sagraram como um dos melhores amigos do homem, tura manual de concreto, de 1950 a. C.
uma vez que sempre foi utilizado na construção de (CEMBUREAU, 1995)
MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS NA
IMPERMEABILIZAÇÃO DE ESTRUTURAS
DE CONCRETO EM SANEAMENTO
por Engenheiro Civil, Marcos Storte
Gerente de Negócios da Viapol Impermeablilizantes
storte@viapol.com.br
Eflorescência
A eflorescência é a formação de depósitos salinos
na superfície do concreto ou argamassas, etc.. Como
resultado da sua exposição à água de infiltrações ou
intempéries. Ë considerado um dano, por alterar a
aparência do elemento onde se deposita. Há casos
em que seus sais constituintes podem ser agressivos
e causar degradação profunda. A modificação no as-
pecto visual é intensa onde há um contraste de cor
entre os sais e o substrato sobre as quais se deposita.
Como exemplo, a formação branca de carbonato de
cálcio sobre o concreto cinza.
Quimicamente a eflorescência é constituída
principalmente de sais de metais alcalinos (sódio e
potássio) e alcalino-ferrosos (cálcio e magnésio, so-
lúveis ou parcialmente solúveis em água). Pela ação
da água , estes sais são dissolvidos e migram para a
Ausência ou deficiência de cura do concreto, superfície e a evaporação da água resulta na forma-
proporcionando a ocorrência de fissuras, porosidade ção de depósitos salinos.
excessiva, diminuição da resistência, etc. Fatores que contribuem para a formação de eflo-
Segregação do concreto com formação de ni- rescências:
nhos de concretagem, devido ao traço, lançamento Devem agir em conjunto:
e vibração incorretos, formas inadequadas, etc. ■■ teor de sais solúveis;
■■ pressão hidrostática para proporcionar a migra-
Carbonatação do Concreto ção para a superfície;
A reação do cimento com a água resulta em ■■ presença de água.
compostos hidratados. Na confecção do concreto,
normalmente adiciona-se um excedente de água de
as trazidas pelo consulado de Israel, da Itália e dos “Destaque AESabesp”) e Imperveg (Destaque “Sus-
EUA também estiveram presentes na Feira, que ain- tentabilidade”). A Unidade Sabesp MA também
da contou com a visita da Superintendente Nacio- recebeu o troféu AESabesp por apresentar o maior
nal de Saneamento do Governo do Chile, Magaly nº de trabalhos no Encontro Técnico.
Espinosa Sarria.
Apoios e expositores
Mudanças na entrega do Troféu AESabesp
O XXI Encontro Técnico e Fenasan 2010 já conta
com os apoios das seguintes entidades: AAPS (Asso-
ciação dos Aposentados e Pensionistas da Sabesp),
ABPE (Associação Brasileira de Tubos Poliolefínicos e
Sistemas), AESBE (Associação das Empresas de Sane-
amento Básico Estaduais), ALEASP (Associação Leste
dos Profissionais de Engenharia e Arquitetura da Ci-
No ano passado a entrega do troféu AESabesp dade de São Paulo) e Sinaenco.
teve uma alteração no regulamento da premiação,
que deverá ser mantida na edição de 2010. Ao invés informações:
de ser por acúmulo de votos depositados em urnas,
www.fenasan.com.br
o resultado será avaliado, mediante critérios estipu-
lados por uma comissão, composta por gabaritados Também é possível consultar as empresas por linha
profissionais, sem ligações com empresas exposito- de produtos, as entidades de apoio e as fotos das
ras, indicados pela entidade. edições anteriores, pelos links:
Lembramos que os vencedores da edição de www.fenasan.com.br/expo_lista_prodts.php
2009 foram Bugatti, Glass e Valloy (Categoria www.fenasan.com.br/apoio.php
“Melhor Estande”); Amanco, Centroprojeckt e Di- http://www.fenasan.com.br/galeria.php
gimed (Categoria “Inovação Tecnológica”); Edra,
Emec e Hidrosul (Categoria “Atendimento Técni-
co”); ITT Brasil, Higra e Saint Gobain (Categoria
Saneas 45
expositores confirmados
na fenasan 2010
• ABS Inds. Bombas Centrífugas • Enmac Engenharia Materiais • Netzsch do Brasil Indústria e
• Acquaquímica Compostos Comércio
• Aesabesp - Associação dos • Environquip Engenharia de • Nivetec Instrumentação e
Engenheiros da Sabesp Sistemas Ambientais Controle
• Aerzen do Brasil • Famac Indústria de Máquinas • Nunes Oliveira Máq. e
• Allonda Equipamentos • Fibrav Fibra de Vidro de Lambari Ferramentas
Ambientais • FKB Válvulas • Parkson do Brasil
• Amanco Brasil • Fernco do Brasil • Petrofisa do Brasil
• Amitech Brazil Tubos • FGS Brasil Indústria e Comércio • Plastimax Indústria e Comércio
• AVK Válvulas do Brasil • Fluid Feeder • Policontrol Indústria de Controle
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Comércio Centrífugas e Equipamentos corrosivo
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e Exportação • Hexis Científica • Robuschi
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Engenharia e Comércio • Hidrosul - Máquinas Hidráulicas Correias
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América • Interativa Indústria, Comércio e Equipamentos
• Corr Plastil Industrial Representações • Tigre Tubos e Conexões
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Válvulas • JCN Comércio e Representações Instrumentos e Sistemas
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Acessórios • Lamon e Comércio de Bombas
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• EEA Empresa de Engenharia Precisão Comércio
Ambiental • Microambiental Laboratório, • Weldtron Tecnologia em Solda e
• Eletrônica Santerno Indústria e Comércio e Serviços em Água Automação Industrial
Comércio • Mission Rubber do Brasil • Wustenjet Engenharia,
• Emec Brasil Sist. Tratamento de • Multi Conexões Indústria e Saneamento e Serviços
Água Comércio
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Palavra de amigo
Cecília
Um Oásis em nossa vida
(Criação coletiva dos integrantes do “Clube dos Amigos que se Amam”)
N
ão dá para acreditar que a Cecília não está Eram tantas as realizações, alegrias e demons-
mais entre nós. Ainda ouvimos a sua voz, trações de amor pela vida, que nesta edição quere-
lembramos do seu jeito todo especial de ser, mos deixar registrados alguns “causos” vividos em
de agir e de falar. sua companhia:
Estamos sentindo saudade de todas as conversas
jogadas fora, das descobertas que fizemos, dos so- Causo nº 1
nhos que tivemos, de tantos risos e momentos que Após várias cirurgias realizadas (extração do
compartilhamos com lágrimas de alegria e às vezes, útero, extração de um tumor da boca, retirada de
lágrimas de tristeza, mas o mais importante é que um rim e de um transplante de fígado), quando
sempre estávamos juntos! a Cecília foi realizar mais uma operação
Nos momentos tristes quando nos sentíamos complexa, a extração de parte do
sós, a Cecília sempre nos dava carinho e afeto; nos único rim que ela tinha, alguns
momentos de fúria e indignação ela sempre tinha amigos a estavam aguardando
uma palavra para nos trazer à realidade; nos mo- na saída da sala de cirurgia.
mentos de euforia e alegria, era sempre a melhor Era bem tarde da noite e
parceira para comemorar; nos momentos de dúvida devido à gravidade da si-
e incertezas, ela sempre compartilhava e nos ajuda- tuação, achávamos que
va a encontrar a saída. ela sairia bem afetada
Cecília sempre foi uma pessoa alegre e extrover- e até possivelmente
tida. Mas de todas as suas qualidades, a maior era desacordada. Qual
o poder de agregar as pessoas. Não eram raras às não foi o nosso es-
vezes em que nos reuníamos na sua casa, intitula- panto, quando
da por ela como “Clube dos Amigos que se Amam”. a porta se
Freqüentemente ela nos proporcionava reuniões
super-agradáveis, nos chamava para deliciar um
tacacá, uma maniçoba, um sukiyaki, um yakissoba,
uma costelinha de porco, etc... etc... Bem, se formos
relacionar todos os pratos que ela preparava, este
artigo não teria espaço suficiente...
Há sócios do “Clube dos Amigos que se Amam”
apaixonados por ela. Dizem que foi paixão à primei-
ra vista. Talvez seja tanto pela inteligência, quanto
pelo perfil festeiro da Cecília e com afinidades cres-
centes com o decorrer dos anos.
Sua participação na AESabesp sempre foi de
destaque. Dona de uma personalidade forte e de
uma valorosa franqueza, sempre que algo a desa-
gradava, logo dizia: “Me inclua fora”.
abriu e a Cecília saiu de maca, mas bem acordada. eu que estou sentindo, então falo como quero”,
E com os olhos abertos e firmes, ela nos perguntou: provocando risos nos demais. Essa amiga também
- VOCÊS ESTÃO BEM??? Ela conversou conosco e afirma que era “costas largas”, pois Cecília a culpava
ainda agradeceu a nossa presença. Que garra e que por tudo: “Se alguém derramava vinho na mesa ou
força de vontade: de fato, a Cecília deixou para nós no chão, destampava uma panela ou qualquer coisa
um exemplo de alegria e poder de minimizar a dor. desse tipo, quem levava bronca era eu. Ela até sabia
quem eram os autores das trapalhadas, mas como
Causo nº 2 me conhecia tão bem e sabia que eu não me zanga-
Num dos inúmeros encontros em sua casa, a va, atribuía tudo a mim. Na noite do nosso último
Cecília preparou uma comida paraense que se ser- tacacá, surgiu um imprevisto e eu não pude chegar
ve numa cuia, o tacacá (preparado, entre outros no horário combinado, ela me ligou várias vezes, di-
ingredientes, com tucupi e jambú). Após consumir zendo que só faltava eu. Quando consegui chegar,
o alimento um dos amigos ficou com a boca ador- todos já tinham ido embora, toquei a campainha e
mecida. Sem saber o que estava acontecendo, ele ela me atendeu de pijama (por sinal muito bonito:
perguntou à Cecília se não havia algo errado com era de seda em 2 cores). Eu lhe disse: vim, como o
o alimento e se este não estava estragado. Com a prometido. E ela respondeu: já acabou. Retruquei:
maior naturalidade e sabedoria ela explicou que a eu sei, mesmo assim eu vim. Então, ela me convidou
verdura usada na preparação do tacacá, é o jambú para entrar e me ofereceu o tacacá. Bebi, agradeci
que vinha do Pará, e que tinha este efeito anestési- e me despedi... Foi a última vez que a vi viva. Tenho
co (o índio masca o jambú quando está com dor de muitas coisas guardadas na minha memória e sinto
dente, tendo um alívio imediato). muita falta dela, mas o que mais me vem agora,
Aliás, foi esse prato, preparado com muito ca- como lembrança, é a sua inapagável figura na porta
rinho, que foi servido na última vez que estivemos do apartamento, com aquele lindo pijama de seda”.
juntos. Não imaginávamos que naquele dia era uma
despedida da Cecília dos amigos do nosso “Clube Causo nº 4
dos Amigos que se Amam”. Cecília era uma pessoa especial no grupo dos
amigos que se amam. Porém, entre os integrantes
Causo nº 3 desse núcleo, existem aqueles que moram ou traba-
Estas passagens vieram de um membro do Clu- lham distante da sede do clube: “a casa da Cecília”.
be, que se auto-define como “amiga escudo”, por- Certa vez numa entrega de amigo secreto de fim de
que levava várias e inesquecíveis broncas de Cecília, ano faltava uma componente do grupo, que morava
a quem ela compara o tratamento como o de uma bem longe e após informada que esta chegaria atra-
grande mãezona. Ela relata que quando se conhe- sada, a Cecília foi monitorando por telefone todo
ceram tiveram uma afinidade imediata, por serem o seu itinerário. Quando ela chegou a sua casa, a
conterrâneas e terem se formado na mesma uni- porta se abriu e lhe foi oferecido uma taça de vinho
versidade. Cecília foi sua coordenadora na Sa- branco além é claro de um fraterno e caloroso abra-
besp, na implantação de projetos para rede co- ço. De acordo com esta componente, foi um brinde
letora de esgoto, ocasião em que já começou inesquecível.
a ouvir da amiga “que ela fazia muita bo-
bagem”. E essa “pegação de pé” se estendeu Palavra do grupo
para as reuniões dos amigos que se amam Cecília, apesar da saudade e da dor de não tê-la
realizadas no “cafofo da Cecília”. Se a ami- mais ao nosso lado, mesmo assim, nós vencemos,
ga em questão usava uma expressão errada, pois nem a morte conseguiu nos separar... Hoje você
tipo: “meu libido está baixo”, a correção vi- não está mais ao nosso lado...e sim dentro de nossos
nha até com um dicionário, quando a mestra corações e de lá nunca mais sairá.
ensinava: “não é meu e sim minha libido”, Mais uma vez estamos convencidos de que o
no que a outra respondia: “o libido é meu, AMOR SEMPRE VENCE A MORTE...
Houve um famoso filme da década de 30/40 de Um outro mestre, talvez por estar nervoso ao tocar
nome “Rebeca, a mulher inesquecível”. Claro que não no assunto “treliça hipostática”, gagueja faz um erro e
assisti a esse filme, só ouvi dele falar. O filme fala de não responde.
uma Rebeca, mulher forte, bela, possessiva e que in- Mas agora talvez haja uma luz no túnel. Desconfio
fluenciou a vida de muitos, mas, por incrível que pare- que descobri duas estruturas que considero como treli-
ça, nunca aparece. ças hipostáticas e que são: portas treliçadas pantográ-
Acho que descobri uma Rebeca na Resistência dos ficas e mãos mecânicas.
Materiais. Estou estudando Treliças e numa apostila de Restou-me consultar um amigo e mestre, M. (en-
RM da EPUSP (Escola Politécnica da USP) fala-se e de- genheiro civil) que de forma apaixonada declarou-me
monstra-se matematicamente quando existe uma treliça sem autorizar entretanto citá-lo: -Botelho, Botelho.
hipostática, mas a exemplo dessa senhora, nada aparece. Cuidado com as treliças. Há estruturas que parecem
Corro atrás dessa possível nova Rebecca. Existi- treliças, funcionam como treliças, podem ser calculadas
rá uma treliça hipostática? Temos uma pista no livro como treliças, mas de “vero” (expressão tipicamente
do austero e sapiente “Saliger“ (versão espanhola). O paulistana) não são treliças. É o caso de estruturas tre-
mestre diz que ela é indesejável. liçadas hipostáticas. Como há mulheres
Ok. Uma coisa pode ser indesejá- que parecem, agem como Rebecca mas
vel, mas então ela existe pois se não são Rebeccas. As estruturas propos-
não existisse não seria indesejável, tas como treliças hipostáticas não o são,
como manda a mais implacável das pois treliça, intrinsecamente, quer dizer
Lógicas: a Lógica da Vida. uso de triângulos e, por princípio, são
Doutra parte, o mestre Timo- não móveis“.
shenko foge do assunto, ao dizer Se isso for verdade porque a apostila
“aprioristicamente” que treliças são da Poli as apresenta e o Saliger fala mal
estruturas formadas por triângulos delas???? A mesma pergunta feita a ou-
e assim não se define nem sim nem tros engenheiros civis menos doutos mas
não sobre Rebecca. De tão impor- sem dúvida bem preparados, que apre-
tante autoria, a omissão sobre tão sentaram idêntico horror a tudo que se
candente assunto é lamentável. move.
Um outro autor declara que ela Agora estou confundindo tudo exa-
existe mas é transformista, ou seja, tamente como o samba do crioulo doi-
muda de aspecto, aliás uma carac- do. Mas dou meu parecer final sobre tão
terística essencialmente feminina e momentoso assunto:
temos aí mais uma opinião de que “Todo o mistério sobre Rebecca leva-
ela existe e que o citado autor pos- me a desconfiar que talvez Rebecca te-
sivelmente a conheceu. nha sido sequestrada e até assassinada. Quem a teria
Tento continuar a usar critérios lógicos para saber matado ? Desconfio que deve ter sido um engenheiro
da pertinência de sua existência. civil que detestava o aspecto móvel da citada dama.
Uma maneira de saber se treliças hipostáticas exis- Em homenagem e inspirado em Rebecca, Verdi, que era
tem é saber de seu relacionamento com um tal o Sr. Cre- amigo do Cremona, teria feito a sua famosa marcha
mona. Treliças isostáticas sempre foram atendidas por fúnebre “La donna é móbile“.
esse senhor e com excelentes resultados (é o que dizem),
não sobrando incógnitas que não fossem cabalmente Se alguém tiver mais dados sobre o assunto peço
determinadas. Com as treliças hiperestáticas o relacio- endereçar a este cronista. Quando tiver mais dados
namento com o Sr Cremona parece que é aceitável. voltarei ao assunto.
Consultando um especialista, este fugiu do assunto
em parte com esta inacreditável resposta: -Não me de-
fino quanto à existência de tal figura, mas se ela existir
pode chamar o Cremona...
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