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Ano XIII . Edição 55 .

Abril a Julho de 2015

26º Congresso
Técnico AESabesp
Fenasan 2015:
O maior evento
do setor
na américa
latina.
Matéria tema
A necessidade de
se reduzir perdas

Promovido pela AESabesp, Vivências


Quando o engenheiro
o evento em 2015 deverá dá a vez ao palhaço
receber cerca de 20 mil
visitantes de todas as nações. Projetos Socioambientais
Troféu AESabesp aos
melhores de 2015
Expediente Editorial
Associação dos Engenheiros da Sabesp
Rua Treze de Maio, 1642, casa 1
Bela Vista - 01327-002 - São Paulo/SP
Fone: (11) 3284 6420 - 3263 0484
Fax: (11) 3141 9041
aesabesp@aesabesp.org.br Prezados associados, amigos
www.aesabesp.org.br
e colaboradores
Órgão Informativo da Associação dos

N
Engenheiros da Sabesp

Tiragem: 10.000 exemplares esta edição da Revista Saneas, que circulará a partir
Diretoria Executiva do Encontro Técnico e Fenasan 2015, abordaremos,
Presidente: Reynaldo Eduardo Young Ribeiro
Vice-presidente: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges com bastante propriedade, um dos temas mais im-
1º Secretário: João Augusto Poeta
2º Secretário: Aram Kemechiam portantes para o enfrentamento da atual crise hídri-
1º Diretor Financeiro: Walter Antonio Orsatti
2º Diretor Financeiro: Nelson Cesar Menetti
ca: a gestão e o controle de perdas de água com ênfase não só no

Diretoria Adjunta
Estado de São Paulo, mas também a partir de uma visão nacional
Cultural: Sonia Maria Nogueira e Silva e globalizada de ações operacionais bem sucedidas e dos mais
Esportes: Evandro Nunes de Oliveira
Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi modernos recursos tecnológicos disponíveis.
Polos: Antônio Carlos Gianotti
Projetos Socioambientais: Maria Aparecida Silva de Paula
Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges
Técnica: Olavo Alberto Prates Sachs Especialistas desta importante atividade técnica do saneamento, entre
Conselho Deliberativo os quais estão conceituados profissionais da Sabesp, relatam as ações
Antonio Carlos Gianotti, Benemar Movikawa Tarifa, Carlos
Alberto de Carvalho, Cid Barbosa Lima Junior, Dejair José desenvolvidas pelas principais empresas do país, discorrendo sobre as
Zampieri, Evandro Nunes de Oliveira, Gilberto Alves Martins,
Iara Regina Soares Chao, Ivan Norberto Borghi, Luciomar tecnologias já utilizadas e em desenvolvimento não só naquela Com-
Santos Werneck, Maria Aparecida Silva de Paula, Paulo Ivan
Morelli Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rogélio Costa panhia mas em universidades e renomados institutos de pesquisa, bem
Chrispim e Sonia Maria Nogueira e Silva
como sobre a utilização de metodologias, equipamentos e instrumentos,
Conselho Fiscal
Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, além de toda uma nova postura técnica e político-social do setor.
Nelson Luiz Stabile

Conselho Editorial - Jornal AESabesp e Revista Saneas


Coordenador: Luciomar Santos Werneck Além de alternativas pontuadas para o enfrentamento de um cenário
Colaboradores: Benemar Movikawa Tarifa, Luiz Yukishigue
Narimatsu, Nivaldo Rodrigues da Costa Jr e Paula Rosolino hidrológico crítico esta edição da Revista Saneas traz a grandiosidade de
Coordenadora de Assuntos Tecnológicos toda a estrutura para realização do nosso Congresso Técnico e Fenasan
Marcia de Araújo Barbosa Nunes
2015, o maior evento técnico-mercadológico da América Latina, que
Comissão Organizadora do 26º Encontro Técnico
AESabesp - Fenasan 2015 traz em sua 26ª edição uma programação diferenciada e diversificada.
Presidente da Comissão: Gilberto Alves Martins
Coordenador da Fenasan: Olavo Alberto Prates Sachs
Coordenadora do Encontro Técnico AESabesp: Sonia Maria
Nogueira e Silva Finalizando, nesta edição, retratamos um exemplo de solidariedade
Membros: Antonio Carlos Roda Menezes, Iara Regina Chao,
Ivan Norberto Borghi, João Augusto Poeta, Maria Aparecida cidadã na sessão “Vivências”, por meio de um olhar diferenciado de
S. Paula, Mariza Guimarães Prota, Nélson César Menetti, Paulo
Ivan Morelli Franceschi, Reynaldo Eduardo Young Ribeiro, um jovem engenheiro que contribui
Rodrigo Pereira de Mendonça, Tarcisio Luiz Nagatani, Walter
Antonio Orsatti
para o bem estar físico e emocional
Equipe de Apoio: Maria Flávia da Silva Baroni, Maria Lúcia
da Silva Andrade, Monique Funke, Paulo Oliveira, Rodrigo
de pessoas mais necessitadas por meio
Cordeiro, Vanessa Hasson de atividades artísticas e fundamental-
Polos AESabesp da Região Metropolitana - RMSP mente sociais.
Coordenador dos Polos: Rodrigo Pereira de Mendonça
Polo AESabesp Costa Carvalho e Centro: Sérgio Luiz Caveagna
Polo AESabesp Leste: Antonio Carlos Roda Menezes
Polo AESabesp Norte: Eduardo Bronzatti Morelli Uma boa leitura a todos!
Polo AESabesp Oeste: Claudia Caroline Buffa
Polo AESabesp Ponte Pequena: Fernandes Hayashi da Silva
Polo AESabesp Sul: Antonio Ramos Batagliotti
Eng. Reynaldo E. Young Ribeiro
Polos AESabesp Regionais
Diretor de Polos: Antonio Carlos Gianotti Presidente da AESabesp
Polo AESabesp Baixada Santista: Zenivaldo Ascenção dos Santos
Polo AESabesp Botucatu: Leandro Cesar Bizelli
Polo AESabesp Caraguatatuba: Bruno Sales Bitencourt Costa
Polo AESabesp Franca: Mizue Terada
Polo AESabesp Itatiba: Carlos Alberto Miranda Silva
Polo AESabesp Itapetininga: Jorge Luis Rabelo
Polo AESabesp Lins: João Luiz de Andrade Areias
Polo AESabesp Presidente Prudente: Gilmar José Peixoto
Polo AESabesp Vale do Paraíba: Sérgio Domingos Ferreira
Polo AESabesp Vale do Ribeira: Jiro Hiroi

Jornalista Responsável
Maria Lúcia da Silva Andrade – MTb. 16081

Redação
Ednaldo Sandim e Lúcia Andrade

Projeto visual gráfico e diagramação


Neopix DMI
contato@neopixdmi.com.br
www.neopixdmi.com.br
Índice

40

Fenasan 2015
Vale à pena conhecer o maior evento de tecnologia
em saneamento da AL

06 Diretoria
de Projetos
Socioambientais
Matéria Tema
Mais gente, menos água e a necessidade
Troféu AESabesp aos destaques
do Encontro Técnico e Fenasan
de se reduzir perdas
41

Entrevista Acontece no Setor


Para Soutto Mayor, “redução das perdas
16 deve ser uma cultura”
As novidades em produtos, serviços e tecnologias
no setor de saneamento e meio ambiente

Ponto de vista 46
18 A inequação da falta d’água: solução pela via da
Gestão de Controle de Perdas
Por Mário Augusto Bággio

36 Aliança pelo Saneamento Básico


Por João Paulo Papa

Artigos técnicos
23 Desafios na redução de perdas de água frente à
crise hídrica na região central de São Paulo
Vivências
Para Andrigo Demetrio:
“Sem vontade, o
29 Indicador de vulnerabilidade da infraestrutura todo é metade!”
- uma proposta para o diagnóstico e tomada de
decisões no combate às perdas reais 48

4 saneas Abril a Julho de 2015


TECNOLOGIA EM MONITORAMENTO
E CONTROLE DE SISTEMAS DE
ABASTECIMENTO

Ÿ Monitoramento in-loco ou remoto;

Ÿ Canais de vazão bidirecionais;

Ÿ Canais de pressão digitais;

Ÿ Coleta de variáveis Modbus configuráveis;

Ÿ Saídas digitais;

Ÿ Entradas digitais;

Ÿ Memoria de 8MB;
VT480/VT490
Ÿ Bateria ou alimentação externa;
SCORPION
Ÿ Modem GSM/GPRS;

Ÿ Grau de proteção IP68.

Ÿ Controlador multiponto para válvulas do tipo globo auto-operadas (VRP);


Ÿ Sensores de pressão interna ao invólucro;

Ÿ Canais de vazão;

Ÿ Datalogger interno;

Ÿ Modem GSM/GPRS;

Ÿ Alimentação a bateria de longa duração (até 5 anos);

VT470 - AUTOBOX Ÿ Grau de proteção IP68;

Ÿ Modo de Operação: Fixa | Modulação por vazão | Tempo (semana / final de semana ) |
Controle de nível | Modulação por vazão/ponto crítico.
MONITORAMENTO REMOTO

Atuação em Valvulas
Fechamento e abertura remota de válvulas

Monitoramento de Nivel
Monitoramento de válvulas em tanques elevados

Monitoramento de Pressão e Vazão


Monitoramento de pressão, vazão, pH e cloro livre em pontos de rede

Redução de Pressão
VZ670 - VectoraSys Controle e monitoramento de pressão em válvulas redutoras de pressão

O VectoraSys é um software baseado na WEB especialmente desenvolvido para administração,


monitoramento e controle de equipamentos fabricados pela Vectora Ind., destinado a sistemas de
abastecimento de água. Possui ferramentas estatísticas, históricos e relatórios a fim de suprir toda a demanda
de informação necessária para gestão do sistema.

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matéria tema

Mais gente,
menos água
e a necessidade de
se reduzir perdas

6 saneas Abril a Julho de 2015


E
m 1930, a Terra era habitada por tratada no mundo todo beiram o trágico. Quando
cerca de 2 bilhões de pessoas e, em comparado com outros países, no que diz respeito
1960, esse número alcançou a marca à perda de água tratada, o Brasil ocupa a 20ª posi-
de 3 bilhões, com média de cresci- ção em um ranking com 43 países. O levantamen-
mento populacional de 2% ao ano. Durante a to, realizado pelo IBNET (International Benchma-
década de 1980, a população mundial ultrapas- rking Network for Waterand Sanitation Utilities),
sou a marca de 5 bilhões de pessoas. Atualmente, utiliza dados de 2011. Segundo o estudo, o Brasil
a taxa de crescimento populacional (natalidade) perde 39% de sua água tratada. As perdas antes
mundial, inferior a 1,2% ao ano, está em cons- que a água chegue ao consumidor final incluem
tante declínio. Porém, a expectativa de vida está casos como vazamentos e ligações clandestinas.
em ascensão em virtude dos avanços na medi- O Brasil nessa lista fica atrás de países como
cina, saneamento ambiental, maiores preocupa- Vietnã (que perde 31%), México (24%), Rússia
ções com a saúde, entre outros fatores. (23%) e China (22%). De acordo com o estudo,
De acordo com dados di- o país que mais perde água
vulgados em 2010 pelo Fun- tratada no mundo, é Fiji, um
do de População das Nações país insular da Oceania que
Unidas (Fnuap), a população desperdiça 83% da água que
mundial é de 6,908 bilhões trata. Já entre os com menor
de habitantes. Segundo es- índice de perda estão os Esta-
timativas da Organização dos Unidos (13%), a Austrália
das Nações Unidas (ONU), o Somos 6,908 (7%) e o Japão (3%)*.
contingente populacional do
bilhões e em Outro dado que é muito
planeta atingirá a marca de semelhante ao verificado no
9 bilhões de habitantes em 2050 seremos mesmo ano (2011) pelo IB-

Perda de 2050. Mas, por outro lado, a 9 bilhões de NET, em relação ao Brasil, é
água tratada disponibilidade hídrica perma-
nece a mesma. A terra possui
habitantes o fornecido pelo Sistema Na-
cional de Informações sobre
a mesma quantidade de água na Terra. Saneamento (SNIS), ligado
que há milhões de anos! E ao Ministério das Cidades.

Brasil
cada vez menos em condição Segundo o órgão, o índice de
39% de ser tratada. perda em 2011 era de 38,8%.
Vale lembrar que no planeta Terra a água está Ainda segundo um dado mais atualizado do SNIS,
31% Vietnã distribuída da seguinte forma: 97,5% da disponi- referente a 2013, sobre as perdas de água tratada
bilidade da água do mundo estão nos oceanos, no Brasil, naquele ano, 37% da água tratada no
24% México ou seja, água salgada. E somente 2,5% de água país foi perdida.
doce, distribuídos da seguinte forma: 29,7% em Os estados do Sudeste e do Centro-Oeste estão
23% Rússia
aquíferos; 68,9% em calotas polares; 0,5% em abaixo da média nacional de perda de água tra-
rios e lagos e 0,9% em outros reservatórios (nu- tada, com índice de 33,4%. A região que tem
22% China
vens, vapor d’água etc.). esse tipo de desperdício mais acentuado é a Nor-
Estados te (50,8%), seguida por Nordeste (45%) e Sul
13% Unidos
“A dor de uma perda” (35,1%). Entre as capitais, a variação no índice de
7% Austrália Se a disponibilidade hídrica, a escassez e o consu- perdas é ampla, com a menor em Goiânia, com
mo elevado são preocupantes, as perdas de água 21,3%, e a maior em Macapá, 73,6%.

3% Japão
*Nota: o Japão não aparece na lista da IBNET, mas esta informação tem como fonte o site da própria Sabesp.

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matéria tema

Medidor Caixa d’ámiga


de pressão consumo

Bóia

Hidrômetro

Medidor de vazão

Rede Consumo

Macromedição Gestão comercial Micromedição


Medidores de vazão instalados nos reservatórios, Falhas nos processos do sistema comercial Hidrômetros instalados
cujos erros decorrem da inadequação (ou falta) , tais como cadastramento de clientes, ligações na entrada dos imóveis, que apresentam erros devido a
do medidor, falta de calibração, submedição nas clandestinas, fraudes, etc. submedição, agravados pela existência de caixas d’água
baixas vazões. ou pela inclinação dos hidrômetros.
Ações
Ações • Sistema de gestão comercial Ações
• Instalação adequada de macromediadores. • Combate as fraudes • Instalação de hidrômetros adequados à
• Calibração dos medidores de vazão. • Controle das ligações inativas e clandestinas faixa de consumo
• Qualidade da mão de obra • Troca periódica de hidrômetros
• Desinclinação de hidrômetros

Decorrentes de irregularidades (fraudes e ligações clandestinas), as perdas não físicas (ou aparentes) podem, ainda, ser provenientes de
falhas no gerenciamento de cadastro comercial ou da submedição de hidrômetros.

Superfície

Vazamentos Vazamentos Vazamentos , aflorantes ou


não visíveis não visíveis ocorrentes nos cavaletes;
baixa vazão, não , não aflorantes extravasamentos nos
aflorantes não detectáveis por reservatórios
detectáveis por métodos acústicos
métodos de pesquisa Ação
acústicos de pesquisa -Redução de pressão
Ação -Redução do tempo de
Ação -Redução de pressão reparo
-Redução de pressão -Redução do tempo -Qualidade dos materiais
-Qualidade dos de reparo e da mão de obra
materiais e da -Pesquisa de -Controle do nível dos
mão de obra vazamentos reservatórios
-Qualidade dos
materiais e da mão
de obra

Vazamentos em redes e ramais são os principais responsáveis


pelas chamadas perdas físicas (ou reais). Eles ocorrem devido ao
envelhecimento e fadiga do material utilizado, por problemas
com a qualidade dos mesmos ou por falhas na sua instalação.
Outra causa de perda real são os extravasamentos em reservatórios.

8 saneas Abril a Julho de 2015


Como três das maiores empresas de saneamento
no Brasil enfrentam a questão das perdas
Sanepar
Companhia de Saneamento do Paraná
De acordo com suas informações institucionais, a Sanepar possui
um complexo composto por 168 Estações de Tratamento de Água
(ETAs), 1.019 poços e 234 Estações de Tratamento de Esgoto
(ETEs) com ramificações em todo o Estado. Possui 7.431 emprega-
dos e opera em 345 municípios do Estado, além do município de
Porto União em Santa Catarina. Aproximadamente 10,8 milhões
de pessoas recebem água tratada e 7 milhões são atendidas com
coleta e tratamento de esgoto. Índice de perdas da Sanepar em
Em 2014, a companhia paranaense conseguiu obter o seu me- 2014 foi o menor da história.
nor índice de perdas por ligação de água. Comparado a 2013,
caiu 5%, resultado considerado extremamente positivo, para um par para reduzir as perdas. Anualmente, a Companhia substituiu
dos principais indicadores do setor de saneamento. cerca de 400 mil hidrômetros e instala aproximadamente 100 mil
“O combate às perdas na Sanepar está estruturado nas manu- novos aparelhos. O relógio que registra o consumo de água em
tenções preventivas dos sistemas de medição, rigor no trabalho de cada imóvel tem um número que guarda a memória do hidrômetro,
inteligência dos centros de controle operacional, implantação de com a data exata da instalação e quando a troca deve ser feita.
válvulas redutoras de pressão, pesquisas noturnas de vazamentos. Nos centros de controle operacional implantados nas maiores
Estes são alguns dos cuidados que temos na gestão das perdas, cidades do Estado, o serviço de inteligência garante a melhor ope-
que representa investimento anual de R$ 46 milhões”, afirma o ração dos sistemas. Válvulas redutoras de pressão também contri-
diretor de Operações, Paulo Alberto Dedavid. buem para a redução das perdas porque quanto menor a pressão,
A troca de medidores é outra das medidas utilizadas pela Sane- menos água é perdida, se houver vazamento na rede.

Copasa
Companhia de Saneamento de Minas Gerais
A Copasa, concessionária responsável pela operação da maior parte
do sistema de abastecimento de água e coleta de efluentes do es-
tado de Minas Gerais, atendendo a mais de 12 milhões de pessoas,
atualmente promove um grande esforço no combate às perdas de
água, melhoria do atendimento aos seus clientes e modernização
de suas operações, investindo em novas tecnologias e sistemas.

Programa de Eficientização Energética


Este programa é um aprimoramento do Programa de Redução de Redução do volume de perda
de água de 354 para 232 litros
Perdas de Água (PRPA), implantado em 2003. De acordo com o su-
por ligação ao dia.
perintendente de Gestão de Energia (SPGE), Paulo Roberto Cherem
de Souza, o aperfeiçoamento desse programa vem permitindo o primeiro trimestre de 2015, na região metropolitana de Belo Horizon-
cumprimento da meta traçada pela Copasa. “A empresa reduziu o te. “Serão ações integradas que envolvem recursos da ordem de R$
volume de perda de água de 354 para 232 litros por ligação ao dia. E 106 milhões. Já num outro projeto específico no combate a perdas,
a meta é chegar em 2017, com uma perda de 206 litros por ligação/ Ipatinga, receberá recursos de R$ 4,5 milhões, que inclui entre outras
dia”, informou. Cherem citou como exemplo o Plano de Ação apro- ações, o recadastramento de clientes e a substituição de hidrômetros
vado pela diretoria executiva que deve ser implementado, ainda no com deficiência de medição”, concluiu.

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matéria tema

Caça Gotas ano do período do Programa, são calculadas e acompanhadas


Em fevereiro deste ano, foram destacadas 40 equipes de cam- desde o nível de município até o nível de consolidação da Sabesp.
po, os Caça Gotas, para Região Metropolitana de Belo Horizonte Os indicadores utilizados são:
(RMBH) com equipamentos para atuar nos vazamentos, que é ■■ IPM - índice de perdas relativo à micromedição, corresponden-
uma das principais causas de perdas no sistema. Desde que en- te à relação entre o volume perdido e o volume produzido,
trou em operação, no dia 6 de fevereiro, até o dia 31 de março, o sendo expresso em %;
programa Caça Gotas diminuiu em 39% o tempo para correção ■■ IPDT- índice de perdas por ligação, correspondente ao volume
de vazamentos de água em Belo Horizonte, passando de aproxi- diário perdido por ligação ativa, é expresso em l/ligação x dia.
madamente 9 horas para 5 horas e 30 minutos.

Combate às ligações clandestinas:


Somente no ano passado, a Copasa identificou 9700 ligações
clandestinas e multou cerca de 1040 imóveis. O que dá uma mé-
dia de 186 ligações ilegais identificadas a cada semana.

Sabesp
Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo
A Sabesp é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tra-
tamento de esgotos de 364 municípios do Estado de São Paulo e
reconhecida como uma das maiores empresas de saneamento do
mundo em população atendida: são 28,2 milhões de pessoas abas-
tecidas com água e 22,1 milhões de pessoas com coleta de esgotos.

O Programa Corporativo de Redução


de Perdas da Sabesp: Situação atual e
desafios
Com informações da
Eng. Carla Tereza De Chiara

A eng. Carla Tereza


De Chiara, Gerente
Na Sabesp, as ações de combate às perdas sempre tiveram do Departamento de
destaque, tendo sido estruturados programas de redução de Gestão do Programa
Corporativo de Redução
perdas restritos a algumas áreas ou regiões geográficas des- de Perdas de Água da
Sabesp, é graduada em
de a criação da empresa. De forma a alinhar essas diversas Engenharia Civil, pela
Escola Politécnica da
ações foi criado, em 2009, o Programa Corporativo de Re- USP, com mestrado em
dução de Perdas, com horizonte de planejamento até 2020. Engenharia de Transporte
pela mesma Instituição
O Programa contou no período de 2009 a 2012, com e especialização em
Gestão de Projetos pela
financiamento do BNDES - Banco Nacional de Desenvol- Fundação Vanzolini.
vimento Econômico e Social. No período atual (2013 a
2018) conta com financiamento da JICA - Japan International
Cooperation Agency, com condições financeiras extremamen-
te favoráveis.
As metas de redução dos indicadores de perdas, estabelecidas
não somente para o final do planejamento (2020), mas para cada

10 saneas Abril a Julho de 2015


A utilização do IPDT, em detrimento de indicadores percentu- consumidores (volume micromedido). Na Sabesp, também são
ais, é preconizada pela IWA - International Water Association. O descontados do volume produzido, os volumes utilizados na
IPDt é um indicador que permite uma melhor comparação entre operação do sistema (por exemplo, para lavagem e desinfecção
diferentes sistemas de abastecimento, já que considera o tama- das redes) e o volume correspondente aos usos sociais, referen-
nho da infraestrutura instalada (através do número de ligações tes ao consumo nas áreas de ocupação irregulares, onde a em-
ativas) em sua formulação. presa não pode regularizar a infraestrutura de saneamento, por
O volume perdido, em ambos indicadores, é calculado pela restrições legais.
diferença entre o volume produzido e o volume entregue aos Deve-se considerar, também, que a comparação dos indicado-
res da Sabesp com sistemas de abastecimento de outros países
fica prejudicada justamente pelo fato de parte das perdas, refe-
rente às áreas de ocupação irregulares, ser expurgada do cálculo
dos indicadores.
Além dos indicadores de perdas citados, a composição do Balan-
ço Hídrico, por sistema ou setor de abastecimento, é uma impor-
tante ferramenta de diagnóstico das perdas, sendo utilizado para a
priorização adequada das ações para redução dessas perdas.
O Balanço Hídrico representa de maneira quantitativa as di-
versas parcelas em que a água produzida pode ser categorizada,
explicitando não somente o volume perdido em relação ao pro-
duzido, mas também a relação entre as perdas reais e aparentes,
além de quais causas dessas perdas são as predominantes, no
sistema ou setor em estudo.
A seguir, é apresentado o Balanço Hídrico da Sabesp, em
m3/s, referente a abril/2015:
Balanço Hídrico -SABESP- (Valor Anualizado ABR/15) - Vazões (m3/s)

Entregue às permissionárias
7,14
8,54% Água
Faturada
Micromedido 54,03
46,89 64,59%
56,05%

Produto Usos sociais


Autorizado
S.Integrado 4,32
59,39
82,35 5,16%
70,99%
98,44%
Usos Usos
5,35 operacionais,
Produzido públicos,
83,65 6,40%
emergenciais
100,00% e próprios
1,04
1,24%
Água Não
Faturada
Perda Real
29,63
16,05
35,41%
19,19%

Perda Submedição
Produto Aparente 3,66
Perda
S.Isolado 8,22 4,37%
24,27
1,31 9,82%
29,01%
1,56% Fraudes
e Falhas
comerciais
4,56
5,45%

Abril a Julho de 2015 saneas 11


matéria tema

Com relação aos esforços para a redução das perdas, é importante Ações de combate às perdas reais:
considerar que essa questão está fortemente relacionada, no primeiro ■■ Renovação de ativos: substituição de redes e ramais de forma crite-
momento, a ações de gestão de pressão e renovação de ativos; mas a riosa, por implicar em altos investimentos, priorizando os trechos de
manutenção e até o incremento dos ganhos inicialmente alcançados maior incidência de vazamentos e com maior idade;
por estas ações dependem da adequada gestão do sistema de abaste- ■■ Gestão da pressão: através da definição das intervenções neces-
cimento. Assim, as ações de implantação de setorização e de criação sárias nos sistemas de abastecimento, visando manter a continui-
de áreas de controle menores (denominadas Distritos de Medição e dade do abastecimento (pressão dinâmica mínima de 10 m.c.a.),
Controle ou DMCs), onde o monitoramento da vazão possa indicar diminuindo as perdas através da diminuição da pressão média do
possíveis vazamentos a serem sanados, aliada à tomada de decisões sistema, já que a vazão dos vazamentos está relacionada com essa
de forma imediata, embasadas na análise diária desse monitoramento, pressão média. A definição das intervenções necessárias (criação de
é uma tendência que se verifica mundialmente. O nível de monito- novos setores, implantação de VRPs, substituição de trechos com
ramento dos sistemas de abastecimento tem crescido sensivelmente, alta perda de carga) foi feita através da modelagem hidráulica dos
gerando dados periódicos sobre vazão e pressão que, analisados de setores estudados.
forma correta, permitem a intervenção mais rápida e eficaz na causa ■■ Melhoria na gestão operacional dos setores, com a criação dos
das perdas. Assim, o fundamental para reduzir de forma consistente as DMCs, possibilitando o monitoramento online da vazão mínima
perdas é muito mais do que a aplicação de novas tecnologias. Trata- noturna da área e a análise diária da necessidade de realização de
-se, na verdade, de utilizar as tecnologias já existentes, ficando sob a ações de combate às perdas (pesquisa ativa de vazamentos e exe-
responsabilidade da análise eficiente dos dados obtidos e da tomada cução de seus reparos).
de decisão ágil do gestor do sistema o sucesso na redução de perdas. ■■ Troca de ramais ao invés de reparo dos ramais com vazamento, tendo
Como exemplo de desenvolvimento tecnológico em curso, pode-se em vista a alta quantidade de ocorrência de vazamentos em ramais;
citar a iniciativa em andamento do estudo e criação de um banco de da- ■■ Pesquisa ativa de vazamentos, através de tecnologias acústicas de
dos de ruídos relacionados a vazamentos de diversos tamanhos, em re- pesquisa de vazamentos não visíveis.
des de materiais diversos, submetidas a diferentes pressões e instaladas Ações de combate às perdas aparentes:
a diferentes profundidades, de forma que os equipamentos atualmente ■■ Substituição de hidrômetros, de acordo com a análise de necessida-
utilizados para a identificação acústica desses vazamentos dependam de feita a partir dos dados de idade e adequação do hidrômetro ao
menos da capacidade de distinção dos ruídos de seu operador. perfil de consumo da ligação;
O Programa de Redução de Perdas foi estruturado a partir da de- ■■ Atualização do cadastro comercial, de forma a evitar a aplicação
finição das ações capazes de combater as perdas reais e aparentes, das regras tarifárias de forma inadequada, implicando em perdas
listadas a seguir, e considerando um incremento significativo nas de faturamento devido ao cadastro errôneo da categoria de consu-
quantidades de execução dessas ações, considerando-se que as quan- mo ou do número de economias, por exemplo;
tidades historicamente feitas pela Sabesp, nos últimos anos, têm sido ■■ Inspeção em ligações com indícios de irregularidade, identificados
suficientes somente para evitar que as perdas aumentam, sem reduzi- através da análise do comportamento do histórico do consumo me-
-las significativamente. dido, e posterior regularização das ligações onde a irregularidade
for constatada, com a instalação de UMA (Unidade de Medição de
Água padronizada), de forma a dificultar futuras ocorrências;
■■ Inspeção em ligações inativas, com o objetivo de identificar abas-
tecimento irregular de consumidores cadastrados como inativos no
sistema comercial, bem como identificar possíveis ocorrências de
vazamentos em ligações inativas, nas quais a supressão física da
ligação tenha sido feita de forma inadequada.
Desde janeiro de 2014, quando a crise hídrica na RMSP se intensifi-
cou, a Sabesp também intensificou as ações de combate às irregulari-
dades, já que a ocorrência destas tende a aumentar em períodos em
que a diminuição do consumo é incentivada - através da concessão
de bônus tarifário por diminuição de consumo, ou da aplicação de
multas, por aumento de consumo.

12 saneas Abril a Julho de 2015


Pesquisa e Inovação
De acordo com o eng. Allan Saddi Arnesen (foto late-
ral), as equipes de pesquisa de vazamento da Sabesp
seguem o roteiro de procedimentos estabelecidos em
Norma Técnica da ABNT (NBR 15183:2010), utilizando
equipamentos como: manômetro, haste de escuta,
geofone, correlacionador de ruídos e armazenador de
Eng. Allan Saddi Arnesen
ruídos. Dentre estes equipamentos, os mais utilizados Departamento
de Execução de
na pesquisa de vazamentos não visíveis são a haste de Projetos de Pesquisa,
Desenvolvimento e
escuta e o geofone, ambos baseados na acústica dos Inovação da Sabesp
sons de vazamentos.
Atualmente o apontamento de um possível ponto de vazamento
de água fica sujeito única e exclusivamente a uma avaliação do pro-
fissional que, a partir de treinamento, qualificação e experiência de
campo, identifica ou não este tipo de situação. No âmbito do Acordo
Fapesp e Sabesp foi proposto na 1ª Chamada de Propostas um Pro-
jeto de Pesquisa da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo,
coordenado pelo Professor Linilson Padovese, intitulado “Sistema volvimento de uma plataforma que atendesse a estes requisitos.
Especialista para Detecção e Diagnóstico de Vazamentos em Redes Atualmente, está sendo formado pela Superintendência de Pes-
Urbanas de Distribuição de Água”, justamente com objetivo de au- quisa, Desenvolvimento Tecnológico e Inovação da Sabesp (TX) um
mentar a assertividade da detecção de vazamentos. A idéia original banco de dados de sons de vazamentos de campo, no qual são
deste projeto consistia no desenvolvimento de três produtos: armazenados, além dos dados acústicos, coordenadas geográficas
1. um sistema de gravação digital dos sinais de vazamentos atu- e informações complementares do vazamento (como material e
almente escutados pelos técnicos pela utilização do geofone; diâmetro da rede, por exemplo). Espera-se que, com base neste
2. um banco de dados estruturado para armazenar e gerenciar es- banco de dados de sinais, seja futuramente desenvolvido um sis-
tes sinais; e tema capaz de auxiliar os profissionais a detectar vazamentos com
3. um sistema especialista para detecção de vazamentos baseado base em técnicas de reconhecimentos de padrões nos sons.
em métodos de processamento de sinais acústicos, reconheci-
mento de padrões estatísticos e sistemas de inferência.
No entanto, logo no início do Projeto de Pesquisa deparou-se
com a falta de um banco de d
sinais acústicos de vazamen-
to de água. Assim, houve um
direcionamento para o desen-
A
volvimento de uma plataforma
que fosse capaz de realizar
c
as gravações de vazamento,
agregando informações úteis b
à companhia de saneamento,
pois naquele momento não
havia equipamento disponível
no mercado com este intuito. PDPV constituída por sistema de condicionamento
Por este motivo, o trabalho de sinal (A) e unidade computacional portátil (B),
além de sensor do tipo geofone (C)
conjunto entre a Universidade e fone de ouvido (D).
de São Paulo (USP) e a Sabesp
foi fundamental para o desen-

Abril a Julho de 2015 saneas 13


matéria tema

Equipamentos e tecnologias relacionadas


ao controle das perdas de água
Atualmente há vários equipamentos, materiais e tecnologias que vem sendo utilizadas e aprimoradas.
Separamos algumas, abaixo, para que o leitor se familiarize e saiba um pouco mais sobre o assunto.

Automação: inteligência
aplicada ao saneamento
A tecnologia da automação está presente nas várias etapas do
saneamento, partindo da medição das variáveis de interesse: nível,
vazão, pressão, turbidez, entre outras, passando pelo processa-
mento dos dados para a geração de informações úteis à operação
VRPs e à manutenção, até chegar à produção, fornecendo uma visão
analítica integrada que permite a tomada assertiva de decisão.
As válvulas redutoras de pressão (VRPs) são utilizadas em sis- No que diz respeito à redução de perdas físicas, a automação
temas de distribuição de água com o objetivo de uniformizar possibilita conhecer o comportamento do sistema em tempo real
e controlar a pressão através da divisão da rede em zonas e também estabelecer um banco de dados, permitindo ações fo-
definidas por patamares de pressão de acordo com a sua cadas nas características do sistema e tomadas de decisão mais
topografia. rápidas pelo gestor.
Na RMSP o controle de pressão na rede foi intensificado a Na Sabesp e no setor de saneamento a automação auxilia na
partir do ano de 1996. O crescimento na implantação de gestão dos processos de adução, reservação e distribuição de água,
VRPs acompanhou o crescimento vegetativo da cidade. evitando extravazamentos e transientes hidráulicos nas estações de
bombeamento (boosters) onde a utilização de conversores de fre-
Ano de instalação quência e CLPs (Controladores Lógicos Programáveis) possibilitam
a modulação da pressão de recalque de acordo com o consumo ao
anteriores a 1998 127 9%
longo do dia, evitando a ocorrência de sobrepressões no período
de 1998 a 2000 253 18%
noturno. A utilização de controladores eletrônicos associados às
de 2001 a 2005 376 27% válvulas redutoras de pressão torna possível estabelecer uma efi-
de 2006 a 2010 521 37% ciente modulação da pressão nas redes de distribuição ao longo
do dia, disponibilizando a pressão adequada para cada ponto da
de 2011 a 2015 134 9%
curva de consumo de uma área, esta modulação de pressão é um
Total 1411 100%
dos instrumentos mais importantes na redução das perdas físicas.

14 saneas Abril a Julho de 2015


Unidade de Medição PEAD, o polietileno Dataloggers
de Água (UMA) de alta densidade
O datalogger é um equipamento ca-
A Sabesp adotou desde 2005 a O polietileno de alta densidade, mais paz de armazenar dados de leituras
utilização da Unidade de Medição de conhecido pela sigla PEAD, começou de outros instrumentos de medição
Água (UMA) como parte da ligação a ser utilizado na Sabesp na década desde que estes transmitam a infor-
de água. A UMA é constituída pelo de 80. mação de alguma forma (analógica
conjunto caixa e dispositivo de medi- Várias são as vantagens do produ- ou digital). Alguns modelos de data-
ção (hidrômetro). to, uma delas é que as tubulações loggers possuem sensores internos,
Estima-se que em todo o Estado em PEAD não necessitam de tantas capazes de efetuar uma medição e
existam instaladas cerca de 700 mil juntas e conexões como outros ma- gravá-la em sua memória.
unidades (2014). No interior até mar- teriais, isso porque é possível utilizar Recentemente a Sabesp iniciou
ço, e na RMSP até junho deste ano, tubos flexíveis de até 100 m de o processo para implantação de
a UMA era fornecida gratuitamente comprimento. Caso seja necessário Distritos de Medição e Controle –
pela Sabesp. uni-los, pode-se soldá-los, reduzindo DMC, ação prevista no Programa
O equipamento traz vantagens os principais pontos de ocorrência Corporativo de Redução de Perdas,
para o consumidor e para a empre- dos vazamentos. E consequentemen- nestes casos as áreas,sob controle,
sa, pois há menor incidência de va- te as perdas de água. serão equipadas com medidores de
zamentos e de desperdício de água. Outra grande vantagem dos tubos vazão eletromagnéticos e datalog-
Por deixar o visor do hidrômetro de PEAD é a possibilidade de sua gers com comunicação GPRS para
voltado para fora, facilita a leitura aplicação utilizando-se método não armazenamento e transmissão dos
do consumo, sem interferir na rotina destrutivo. Os tubos de PEAD são dados de vazão e pressão, inclusive
dos moradores. Por possuir lacres de fácil manuseio e instalação. São do ponto crítico, para um banco de
que dificultam o acesso de pessoas mais leves e flexíveis que tubos de dados padronizado que alimentará
não autorizadas, a UMA também outros materiais, possuem longa vida um aplicativo de gestão dos dados
coíbe fraudes. útil (superior a 50 anos) e excelentes operacionais, indicando a ocorrência
características hidráulicas. de problemas e tendências.

Abril a Julho de 2015 saneas 15


entrevista

Para Soutto Mayor, O eng. Maurício Soutto


Mayor Jr., Gerente

“redução das
do Departamento
de Controle de
Perdase Planejamento
Operacional – ROP,na
RO, é graduado em

perdas deve
Engenharia Civil, pela
Universidade Mackenzie,
com especialização em
Engenharia Sanitária
Industrial, pela FAAP,
e pós-graduação em

ser uma cultura”


Engenharia em Saúde
Pública, pela USP –
Universidade de São
Paulo.

C
om uma sólida carreira construída no se- Saneas: Em que estágio está o Programa de Re-
tor de saneamento, como engenheiro da dução de Perdas nas Unidades de Negócios da
Sabesp desde 1979, o gerente do Depar- Sabesp, no Interior e Litoral?
tamento de Controle de Perdas e Planeja- Soutto Mayor: O trabalho de redução das perdas de
mento Operacional - ROP, integrado à Diretoria de Sis- água é um processo contínuo e permanente. Deve ser
temas Regionais da Sabesp, Maurício Soutto Mayor Jr., uma cultura. A Diretoria de Sistemas Regionais tem con-
concedeu à Revista Sâneas, uma entrevista abrangente seguido uma redução consistente. Embora possamos
sobre todos os conceiros, mecanismos e tecnologias considerar os números atuais mostrados pelos indicado-
utilizadas nos municípios operados pela empresa do res como razoáveis temos consciência de que é possível
litoral e interior de São Paulo. Essa valiosa colaboração impor uma maior redução. Importante destacar que te-
nos traz o levantamento dos aspectos muito interes- mos grandes diferenças ainda entre as diversas UNs, claro
Por
santes para uma eficaz gestão e controle de perdas, no que devido às suas características. Algumas já se encon-
Equipe Saneas
cenário de enfrentamento da crise hidrica. tram em nível de excelência mundial, com perdas totais

16 saneas Abril a Julho de 2015


menor que 80 L/ramal/dia. O índice de perdas por ramal atual na R é áreas. Embora esses consumos sejam considerados como usos
de 242 L/ramal/dia, incluindo perdas totais, reais mais aparentes. sociais e, consequentemente, não entram no cálculo das per-
das, são importantes para combater o desperdício e promover o
Saneas: Perante a atual crise hídrica, a Redução de Perdas uso racional de um recurso natural tão nobre e finito.
tornou-se prioridade entre as ações das Unidades Regionais
da empresa ? Saneas: Existe alguma inovação tecnológica ou projetos de
Soutto Mayor: A redução de perdas já era prioridade da empre- apoio sendo trabalhados pela “R” com relação ao combate
sa, pois o Programa Corporativo teve início em 2007, mas, sem às perdas?
dúvida, com a atual crise foi fundamental na manutenção normal Soutto Mayor: Estamos sempre atentos às inovações, desde as
do abastecimento nos 326 municípios da R. Ressalto que nosso di- incrementais até as mais abrangentes, seja em equipamentos seja
retor (Luiz Paulo de Almeida Neto) exerceu anteriormente o cargo em sistemas. Atualmente a empresa está se familiarizando com
de Superintendente da UN do Baixo Tietê e Grande, unidade que interessantes softwares de controle de redes com indicação de
tradicionalmente tinha no combate às perdas seu ponto de honra, possíveis vazamentos baseados em histórico de pressões na rede,
tendo conseguido êxito e reconhecimento e dessa forma trazendo como por exemplo o TaKaDu, um sistema israelense, e outros si-
essa cultura para toda a diretoria. milares, mas ainda sem vislumbrar quando poderemos contar com
eles. Há planos de implantação do sistema georreferenciado - de-
Saneas: Quais tem sido as principais dificuldades ao comba- nominado Signos - abrangendo 80 % das ligações da R.
te às perdas?
Soutto Mayor: Creio que duas são as principais: a questão orça- Saneas: O senhor poderia diferenciar como estão sendo os
mentária que sempre prevalece, facilitando ou restringindo as ações combates às perdas reais e às perdas aparentes?
de perdas, e a performance ruim de algumas empresas contratadas. Soutto Mayor: As perdas reais são aquelas resultantes de vaza-
Como se sabe, qualquer interrupção, mau andamento ou proble- mentos em redes e ramais e de extravasamentos de reservatórios.
mas de qualidade em contratos de serviços operacionais causam um De forma resumida as ações são:
retrocesso, cuja recuperação posterior é demorada e custosa. a) Perdas Reais:
• Minimizar tempo do vazamento : agilidade na detecção e elimi-
Saneas: Quais as principais tecnologias que estão sendo nação do vazamento;
utilizadas? • Evitar novos vazamentos : no caso de ramais efetuar a troca;
Soutto Mayor: Os principais conceitos adotados são: • Reduzir vazamentos : reduzir pressões de abastecimento e me-
• Troca de todo ramal que esteja vazando ao invés de repará-lo, utili- lhorar qualidade dos materiais das redes e ramais.
zando mão de obra qualificada e certificada para garantir a qualida- b) Perdas Aparentes:
de dos serviços e, onde for necessário, usar métodos não destrutivos; • Eficiência na apuração do consumo - gestão contínua nos servi-
• Pesquisa de vazamentos não visíveis por métodos acústicos de ços realizados pelo TACE e agilidade na regularização das ano-
modo a diminuir o tempo de existência de um vazamento, que malias apontadas;
até se tornar visível poderia ficar vazando por meses; • 100% de micromedição: manutenção preventiva e corretiva,
• Gerenciamento de pressões por meio de instalação de VRPs – garantindo hidrômetros operando e adequados, visando dimi-
Válvulas Redutoras de Pressão, que ajuda no aumento da vida muir a submedição;
útil das tubulações e diminui a vazão dos vazamentos; • Combate a fraudes e ligações irregulares.
• Instalação de macromedidores e uso na vazão mínima noturna
para identificar qualquer anomalia decorrente de novos vaza- Saneas: Como as Unidades Regionais tem enfrentado a
mentos na rede de distribuição diminuindo o tempo de reação; questão das fraudes?
• Implantação de DMCs – Distritos de Medição e Controle, de Soutto Mayor: Infelizmente a criatividade dos fraudadores é
modo a termos o sistema compartimentado facilitando o ge- imensa e temos que estar sempre atentos para novas tecnologias
renciamento e as ações; utilizadas. Nossas UNs tem sistemas informatizados que apontam
• E finalmente um trabalho junto às áreas irregulares, principal- a suspeita de fraudes e equipes para verificação, confirmação e
mente no litoral, com o objetivo de regularizar a infraestrutura eliminação de fraudes, mas variam em número, implicando em
do sistema de abastecimento, possibilitando maior controle dos atuações rotineiras e fortes em algumas e pontuais em outras.
consumos de uso social e principalmente os vazamentos nessas É uma atividade de grande retorno que deve ser incentivada.

Abril a Julho de 2015 saneas 17


ponto de vista

A inequação da falta
d’ água: solução pela
Por Mário
via da Gestão de
Augusto
Bággio
Controle de Perdas
O problema Sempre que a produção de água for inferior à de-
Diferentemente do que muito se comenta, a falta d’ manda, instaura-se a tão prejudicial falta d’ água, que
água decorre da análise da inequação abaixo: tanto assola os lares do mundo, nem sempre se garan-
tindo uma “ração” mínima de água, em detrimento
produção das recomendações da Organização Mundial da Saú-
<1
demanda de, que prescreve uma quantidade mínima de água
para atendimento a uma família padrão.

18 saneas Abril a Julho de 2015


Gerir uma organização de saneamento, do ponto de décadas a administração de Nova York optou por
vista do abastecimento de água, é manter a inequação purificar a água potável filtrando-a naturalmente
anterior acima de 1, conseguida sempre que a produ- pelas florestas, a um custo inicial de US$1 a 1,5
ção (oferta) é maior ou igual, no limite, à demanda. bilhão em dez anos. É sete vezes mais barato do
que os US$ 6 a 8 bilhões que seriam gastos na for-
As causas ma tradicional de tratar e distribuir a água potável
Por que nem sempre se viabiliza uma relação entre (Fonte: FGV, 2014).
a oferta de água maior que a procura? A resposta é 2. Não basta ter água em nossos mananciais; é pre-
simples: ciso que ela, uma vez potabilizada, chegue aos
1. A produção depende umbi- domicílios, com quantidade e
licalmente dos recursos na- qualidade asseguradas. Para
turais, enfim, do meio am- tal, os SISTEMAS DE ABAS-
biente. Já lá na AGENDA 21, TECIMENTO DE ÁGUA preci-
idealizada no Rio de Janeiro sam ser muito bem operados
Mário Augusto Bággio em 1992, se recomendou e mantidos, onde as pessoas
É pós-graduado em
Engenharia Hidráulica
pela Faculdade
“Preservar os recursos hí- A manutenção (empregados das empresas),
Politécnica da USP-SP e dricos, principalmente das sejam lideranças ou liderados,
formado em Engenharia
Civil pela Universidade fontes de água doce do
das reservas se valham de adequados mé-
Estadual de Londrina-PR.
Também é especialista na planeta”. A necessidade de florestais e áreas todos e de modernas práticas
formulação e execução
de estratégias de redução
de perdas de água e
uma cuidadosa preservação,
viabilizada a partir de um
de preservação de gestão e tecnologias, que
garantam a racionalização do
de agregação de valor,
em companhias de gerenciamento econômico nos arredores produto e dos processos. Sur-
saneamento públicas e
privadas, e gerente da
Hoperações Consultoria
e ambiental, mencionado das grandes ge aqui o fenômeno das per-
anteriormente, foi reforça- das d’ água, que se traduz na
em Gerenciamento Ltda.
da por um estudo divulgado metrópoles pode diferença entre a quantidade
pela World Wildlife Founda- ser um meio mais de água tratada disponibiliza-
tion – WWF e pelo Banco
Mundial, que mostra que
eficaz e barato de da à distribuição e o consumo
autorizado pelo operador. No
a manutenção das reservas se obter água para Brasil de 2013 os indicadores
florestais e áreas de preserva-
o abastecimento de perdas d’ água, teimosa-
ção nos arredores das gran- mente, se apresentavam na
des metrópoles pode ser um da população.” casa dos 37%, com o agra-
meio mais eficaz e barato de vante deste número poder ser
se obter água para o abaste- ainda maior, haja vista as incer-
cimento da população, do que construir grandes tezas dos processos de medição hoje adotados;
estações de tratamento. Mais de 30% das 105 3. Ainda que chegue quantidade de água adequada à
maiores cidades do mundo dependem de parques população consumidora, sua “consciência cidadã e
e reservas florestais para seu abastecimento de verde” deveria obrigá-lo a usá-la com racionalida-
água. Por exemplo, o Parque Estadual da Cantarei- de, ao estilo das “Ecovilas1 ”, aproveitando em do-
ra, com 7.900 hectares de Mata Atlântica, fornece micílio cada gota disponibilizada. O uso industrial,
cerca de metade da água consumida na Grande comercial e público, também por consciência, sem
São Paulo. Segundo Michael Becker, do WWF, há perder de vista a necessidade de Políticas Públicas

1
Ecovilas, por definição, deve ser um assentamento completo, de proporções humanamente manejáveis, que integre as atividades humanas no ambiente
natural sem degradação, e que sustente o desenvolvimento humano saudável de forma contínua e permanente. A Terra é um patrimônio que a humanidade
tem interesse em preservar.

Abril a Julho de 2015 saneas 19


ponto de vista

Figura 1 - Olhar holístico significa atentar para a gestão dos recursos hídricos,
dos ativos de abastecimento e do uso domiciliar da água - Fonte: Bággio (2015)

disciplinadoras da matéria “uso racional da água em domicí- adotavam o modelo no Brasil, como a Belgo-Mineira, Sadia,
lio”, também deveria fazer parte da agenda. Acesita, se ofereceram para ceder pessoal técnico para ajudar
As três abordagens anteriores, para entendimento da inequa- no trabalho. Foi o esforço individual em apoio às causas cole-
ção da falta d’ água, podem ser analisadas e sintetizadas pelo tivas, norteador das ações da Câmara de Gestão da Crise de
fluxograma da Figura 1. Energia. Ouvido o experiente Falconi, com doutrina absorvida
A síntese a que se chega evidencia que a SABESP, igualmente a no Japão emergente, o governo interviu na equação de oferta
muitos operadores mundiais, vem atuando fortemente na melho- x procura de energia, solucionando o problema pela via da re-
ria da gestão de seus ativos, restando que Políticas Públicas (na- dução de 20% do consumo (o problema era o déficit de 20%
cionais, estaduais e municipais) adotem uma visão mais holística, na oferta). Evitamos o rodízio, pois a “boa vontade” do povo
pensando-se de maneira integrada em como melhorar a gestão brasileiro fez com que equilibrássemos a relação oferta x con-
de nossos recursos naturais e como fazer o consumidor adotar sumo, evitando-o.
práticas mais conservacionistas do precioso líquido. Passada mais de uma década, nos deparamos com problema
semelhante, quando a SABESP na RMSP, pela via do método ja-
As soluções metodológicas adotadas pela ponês, tem buscado o equilíbrio da inequação, atuando tanto no
Sabesp: O método Hoshin Kanri e método incentivo à redução do consumo quanto no Controle de Perdas,
iwa – International Water Association conclamando os gestores públicos a colaborarem com a preserva-
O método japonês de planejamento Hoshin Kanri, aplicado no ção ambiental.
Brasil desde os anos 80, aplicado em mais de 800 empresas População paulistana cooperando e SABESP implementando
brasileiras, já orientou o governo brasileiro em épocas de crise ostensivas Estratégias de Controle de Perdas tem garantido que
energética nos idos de 2001. Estávamos na iminência de adotar per capitas mínimos sejam assegurados, evitando-se o tão dano-
amplo racionamento, quando o governo brasileiro - se valendo so rodízio de abastecimento; racionalizar é melhor do que operar
de meu “mentor metodológico”, o professor Vicente Falco- sistema em regime de rodízio. Perante a opinião pública há uma
ni Campos, figura ímpar em práticas de gestão – ouvida sua crença que é fácil reduzir os índices de perdas. Subestima-se o
proposta, adotou o “GERENCIAMENTO PELAS DIRETRIZES2”, problema, havendo foco nos efeitos e não nas causas. O combate
que definiu metas de cortes por regiões, por distribuidoras de às causas passa obrigatoriamente pela definição de uma estraté-
energia e por usuários. À época, várias empresas brasileiras que gia, dividida em duas etapas:

2
Equivalente ao HOSHIN KANRI

20 saneas Abril a Julho de 2015


■■ FORMULAÇÃO DA ESTRATÉGIA DE ATAQUE ÀS PERDAS: Desde o início dos anos 80, quando a SABESP foi eleita pelo
compreende desde a criação de um COMITÊ ESTRATÉGICO, en- BNH empresa modelo nacional no Controle de Perdas, que muito
cabeçado pela principal liderança das operadoras de saneamen- se vem fazendo; se não vejamos:
to, passando pela elaboração de um PROGRAMA DE COMBATE 1. A companhia de saneamento paulistana consolidou os setores
ÀS PERDAS (o Brasil esqueceu o que aprendeu na década de de abastecimento como unidade de planejamento e controle,
80, quando os operadores formulavam seus Programas, a par- fruto de uma estratégia de combate às perdas e de gestão ope-
tir de extenso Diagnóstico, com objetivos, metas, estratégias e racional, favorecendo o gerenciamento de pressões tanto em
projetos e fontes de financiamento). O citado Programa deve situações normais quanto de emergência, postergando-se o ro-
contar com quatro focos de Projetos: projetos básicos, de su- dízio. Segundo o citado método japonês Hoshin Kanri, há duas
porte, de combate à perda real e à aparente. Entre os Projetos estratégias de ataque a problemas: uma através do método A e
Básicos, novamente aparece o HOSHIN KANRI, desdobrando outra do método B. A setorização que a SABESP implementou,
as metas, identificando os problemas do sistema, de seus se- na última década, permitiu que se controlasse a distribuição de
tores e de seus distritos água a partir do método B,
de medição e controle. que permitiu que a gestão
Também como parte da das perdas acontecessem


estratégia formulada, a em polígonos menores,
recompensa por mérito, estado da arte proclama-
a capacitação, qualifi- do pela IWA, permitindo
cação, e certificação de que indicadores de perdas
mão de obra e ampla possam ser igualmente uti-
comunicação social são lizadas pela alta, média e
relevantes. Formulada a baixa administração. Signi-
estratégia, instaurado os fica dizer que o combate às
conceitos do PMBok, é perdas por setor e ou por
chegada a hora de exe- DMC (Distritos de Medição
cutá-la; e Controle), utiliza o mes-
■■ EXECUÇÃO DA ES- mo indicador, possibilitan-
TRATÉGIA DE ATA- do, com um único indica-
QUE: é sempre mais dor, controlar a distribuição
fácil formular uma es- do porte do da RMSP (Re-
tratégia do que executá- gião Metropolitana de São
-la. O Comitê orquestra Paulo).
as ações, através de um 2. Cada setor de abasteci-
PMO; lideranças são treinadas para adquirirem os conceitos de mento, quando de seu zoneamento de pressão, teve a implan-
“mentoring e coaching”; liderados - normalmente alheios às tação de VRPs (válvulas de redução de pressão) ou bombas com
Estratégias, por “exclusão social” provocada por maus líderes - inversores de frequência, possibilitando que se interviesse na
são treinados à exaustão; aprendem a agir de maneira padroni- pressão em casos de demanda reprimida, de perdas altas, de
zada, com auto-controle e solucionando anomalias; softwares problemas de qualidade dos serviços etc.
de gestão operacional são implantados; ampla comunicação de 3. Além dos setores, a SABESP vem implantando os DMC’s, per-
resultados idealizada; práticas de análise crítica sistematizada mitindo o controle de pequenos setores, atacando-se aqueles
em diversos níveis; centrais de controle implantadas; sistema de que se apresentam com maiores problemas (perda mais alta,
gestão avaliador das praticas implantado; método de solução maior incidência de vazamentos, maiores reclamações de falta
de problemas – MASP difundido e aplicado; meritocracia apli- d’água etc).
cada; enfim, ações de combate às perdas reais (fugas de água) 4. O rodízio tem sido evitado em São Paulo, lançando mão do
e aparentes (erros de medição e fraudes) executadas, à luz da gerenciamento de pressão, renovação de ativos, entre outras
metodologia da International Water Association - IWA. ações. Vale reforçar que sem setores de abastecimento tal ope-

Abril a Julho de 2015 saneas 21


ponto de vista

ração não teria sido possível, o que teria condenado a popu- o PEAD, com menores probabilidades de ocorrência
lação paulistana ao tão nocivo método. Em situações de crise de vazamentos;
intensa, lança-se mão do rodízio; evita-lo, significa não contar 6.2.3. Caça aos vazamentos não visíveis, em muito maior
com a admissão de ar na distribuição, afetando a qualidade dos proporção que os vazamentos visíveis, detectando-
serviços e, principalmente, a qualidade do produto. -se vazamentos antecipadamente, reduzindo seus
5. Automação da distribuição também é algo em que há décadas ciclos de vida, melhorando a qualidade do abaste-
a empresa vem investindo, possibilitando a extensão do contro- cimento;
le automático central ao processo de distribuição, nos moldes 6.2.4. Sistema de informações geo-referenciado (sistema
daquele existente desde a década de 80, de controle automáti- SIGNOS), uma das maiores ferramentas em apoio
co do processo de produção de água. ao processo decisório de projetos, obras, operação e
6. Do ponto de vista tecnológico, podemos citar ainda as seguin- manutenção de sistemas de abastecimento de água.
tes ações da Sabesp:
6.1. Combate às perdas aparentes: Lições aprendidas
6.1.1. Melhoria considerável na margem de erro dos ma- Os hábitos de consumo do mercado consumidor precisam mu-
cromedidores, partindo da premissa que só se con- dar. Significa dizer que precisaremos reaprender a usar a água no
trola o que se mede; banho, no preparo dos alimentos, na irrigação de nossos jardins,
6.1.2. Automação da leitura dos grandes consumidores, na higiene pessoal, no uso comercial, no uso industrial. Reusar
permitindo melhor controle dos clientes 20/80, visto a água, em momentos de domínio tecnológico da ultrafiltração,
que poucos clientes muito consomem na RMSP; nanofiltração, osmose reversa, etc, é imperioso. Aproveitar a água
6.1.3. Utilização da melhor alternativa de micromedição, de chuva também é vital. Os fabricantes de equipamentos de me-
adotando rigoroso controle da qualidade de mate- dição e controle deverão ofertar produtos mais eficientes; novas
riais e equipamentos; tecnologias de produção e distribuição de água, notadamente
6.1.4. Adoção de equipamentos de medição e contro- de distribuição, precisam chegar ao mercado; equipamentos do-
le mais eficientes, notadamente a smart metering, mésticos também precisam ser inovadores, ofertando ao mercado
AMR/AMI, automação, etc. aparelhos hidro-sanitários economizadores.
6.2. Combate às perdas reais: Por fim, que após essa crise não fique pedra sobre pedra, quan-
6.2.1. Remanejamento de redes por métodos não destru- do teremos a certeza de que saímos melhor dela do que entramos,
tivos, evitando-se vazamentos fruto de fadiga de principalmente para nós brasileiros que via de regra aprendemos
materiais; pela dor. Que governos, operadores e cidadãos, todos, tenhamos
6.2.2. Uso de novas tecnologias de distribuição, notada- mais consciência: o planeta Terra agradece. Preservar para ser sus-
mente novos materiais de redes e ramais, entre eles tentável é preciso. Viver é preciso.

22 saneas Abril a Julho de 2015


artigo técnico
Eng. Débora
Soares

Desafios na redução de perdas de água


frente à crise hídrica na região central
de São Paulo
Gerente da Divisão de
Controle de Perdas da
Unidade de Negócio Centro
da Sabesp. Mestre em
Saneamento pela Escola
Politécnica da USP (2010)
e MBA Gestão Empresarial
pela FIA (2011), trabalha Por Débora Soares, Paulo Rogério Palo e Cícero Ferreira Batista
na Sabesp desde 1994,
atuando na área de
redução de perdas nos
últimos 17 anos.

N
Eng. Paulo
Rogério Palo o último ano muito tem se comentado dia, numa área de tráfego intenso, onde boa parte das obras
sobre a crise hídrica que afeta São Paulo, precisa ser realizada através de métodos não destrutivos ou
alguns Estados do Brasil e também outros em horários de menor movimentação, como os períodos no-
países. Entretanto, as variáveis globais e turnos e finais de semana, requerendo as devidas autorizações
locais que se interagem, tornam esta crise mais crítica dos órgãos competentes, que muitas vezes são morosas.
ainda. Porém, é importante perceber que, há ganhos de Em termos de redução de perdas, a MC, assim como

Engenheiro Civil pela


conhecimento e entendimento da crise, como oportu- toda Sabesp, vem desde 2002 desenvolvendo as Melhores
Universidade Anhembi nidade de melhoria na relação da água com as diversas Práticas e ações básicas preconizadas pela Força-Tarefa de
Morumbi e Mestre em
Hidráulica pela Escola partes interessadas. Perdas de Água (Water Loss Task Force) da International
Politécnica da USP, trabalha
na Sabesp há 23 anos, e na Uma dessas oportunidades é a crescente e acelerada Water Association (IWA), que também recomenda a reali-
área de redução de perdas
há 14 anos. Responsável consciência da população de que utilizamos um bem finito zação prévia de um bom diagnóstico, para se avaliar o perfil
pelo desenvolvimento da e sujeito a suas próprias regras climáticas, dependente da das perdas, e assim priorizar melhor os recursos disponíveis.
metodologia de avaliação
de perdas, diagnósticos relação de sustentabilidade do homem com a água dispo- Na MC, a definição sobre o que e onde fazer, visando
e projeto de sistemas de
distribuição de água por nível no planeta, e portanto, conhecê-la e agir tempestiva- uma maior eficiência do recurso alocado, foi sempre base-
meio de simulação hidráulica.
mente nos dará a sustentabilidade adequada. ada num minucioso Balanço Hídrico, atualizado periodica-
Neste contexto, surge a necessidade proeminente da refle- mente. Isto é realizado tanto pelo método tradicional top-
Eng. Cícero
Ferreira Batista xão e ação sobre as perdas de água, que precisam ser conti- -down como pelo método bottom-up, complementando
das no ambiente de contingência, para surtir efeitos positivos com testes de campo (SOARES et al, 2009) para uma pre-
no decorrer da crise, e principalmente após o término desta. cisa avaliação do Fator de Condição da infraestrutura (FCI).
Estas avaliações resultam então em um diagnóstico robusto
Redução de perdas na Unidade de sobre a infraestrutura da MC e aonde direcionar esforços.
Negócio Centro (mc) Para redução de perdas reais as ações básicas sugeridas
Operar um sistema de distribuição de água numa área com- pela IWA são: gestão da pressão, controle ativo de vaza-
Engenheiro responsável
pela Célula de Hidrometria plexa como a região central da cidade de São Paulo, por si mentos, gerenciamento da infraestrutura e agilidade e qua-
da Divisão de Controle
de Perdas da Unidade
só já é um grande desafio, cuja responsabilidade compete à lidade dos reparos dos vazamentos.
de Negócio Centro da Unidade de Negócio Centro (MC) da Companhia de Sanea- Dessas ações básicas, a gestão de pressão através da
Sabesp. Engenheiro Civil
pela Universidade Mogi mento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que distribui instalação de Válvulas Redutoras de Pressão (VRPs) tem-se
das Cruzes, Tecnólogo
em Edifícios pela Fatec atualmente água para uma população fixa de cerca de 3,3 mostrado uma das ferramentas mais eficazes. A MC insta-
São Paulo, Administrador
e pós-graduado em milhões de habitantes, através de 5.900 km de rede e 755.000 lou a 1ª VRP em 1997 no bairro da Lapa, e vem desde então
Controladoria pelo Instituto ligações ativas de água. ampliando a instalação destes equipamentos, tendo atual-
Presbiteriano Mackenzie.
Trabalha na Sabesp desde Soma-se a este desafio, outro desafio ainda maior, que é a mente 210 VRPs instaladas, com diâmetros variando de 75
1976, atuando na área
de redução de perdas nos redução de perdas de água na região mais antiga da cidade, a 900 mm, e uma cobertura de cerca de 56% das redes de
últimos 12 anos.
com uma população flutuante de 1,2 milhões de pessoas por água com esta gestão de pressão.

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artigo técnico

É importante destacar que ao longo destes


anos, a MC foi mudando a estratégia de insta-
lação e operação destas VRPs, sempre buscan-
do a otimização dos resultados iniciais e novas
tecnologias disponíveis (SOARES et al, 2010).
Esta prática de “Gestão de Pressão nas Redes
de Distribuição de Água” está inclusa desde
2015 na Comunidade de Boas Práticas da Fun-
dação Nacional da Qualidade (FNQ), contribuin-
do com a disseminação do conhecimento em
gestão para as organizações de todo o Brasil.
Atualmente a mais recente tecnologia em- Figura 1: Controlador de VRP instalado no ponto crítico.
pregada pela MC em termos de gestão de
pressão são os controladores de VRPs modulados pelo ponto críti- a vazão média da área abastecida pela VRP apresentou redução
co de abastecimento do respectivo Distrito de Medição e Controle de 21,0 m³/h, e a vazão mínima noturna apresentou redução de
(DMC), conforme Figura 1. Desta forma, a pressão de saída da 15,0 m³/h, representando respectivamente 6% e 8% de redução.
VRP é parametrizada de maneira a se atingir os melhores resulta- Posteriormente, com a instalação do controlador pelo ponto
dos de pressão em função da variação da vazão do DMC, porém crítico, a vazão média apresentou redução de 60,9m³/h e a vazão
fazendo com que o ponto crítico não seja abastecido com pressão mínima noturna apresentou redução de 72,0m³/h em relação à
maior que a necessária. VRP controlada por controlador convencional por tempo, repre-
Como exemplo, a seguir é mostrada a evolução da redução da sentando uma redução respectivamente de 19,2% e 46,5%, con-
vazão mínima noturna com a implantação dos diversos tipos de forme ilustrado no gráfico da Figura 4. A Figura 5 mostra também
controle na VRP Silveira da Mota, implantada no setor de abaste- o gráfico comparativo da vazão nas três situações de controle.
cimento Consolação. A Figura 2 mostra o gráfico antes da insta- Portanto, com a implantação do controlador do ponto crítico foi
lação de qualquer tipo de controle e a Figura 3 mostra o gráfico possível maximizar a operação da VRP, atendendo plenamente todos
após a instalação de um controlador eletrônico convencional com os clientes abastecidos através da VRP Silveira da Mota, porém redu-
regulagem por tempo. zindo ainda mais o volume perdido neste DMC.
Com a instalação do controlador com regulagem por tempo, Já em termos de redução das perdas aparentes, as ações básicas
preconizadas pela IWA são: redução

VRP Silveira da Mota da imprecisão dos medidores, qualifi-


70 600 cação da mão-de-obra, melhorias no
sistema comercial e combate às frau-
60
500
des e ligações clandestinas.
50 A MC tem atuado basicamente em
400
todas estas ações, mas devido a sua
40
Vazão m³/h

característica de abastecer um grande


pressão ( mca )

300

30 número de clientes com maior consu-

200
mo e diversos perfis, destacam-se as
20
ações de combate a irregularidades e

10
100 redução da imprecisão dos medidores.
Para coibir e identificar as irregulari-
0 0 dades, a MC conta com uma unidade
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tempo
Pressão de Montante Pressão de Jusante Vazão
Figura 2: Dados da VRP Silveira
da Mota com saída fixa.

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funcional específica que, com apoio de sistemas e ferra-
VRP  Silveira  da  Mota  
70   500   mentas, segmenta a seleção dos imóveis em categorias,
450  
60   cada qual baseada em um conjunto de critérios que es-
400  
50   350  
tabelece o nível de suscetibilidade desses imóveis, ge-
rando uma carteira de vistorias. Também são conside-
Pressão  (mca)  

300  

Vazão  (m³/h)  
40  
250  
30  
radas as denúncias de clientes externos e as denúncias
200  

150  
internas repassadas pelas diversas áreas da Sabesp. É
20  
100   importante ressaltar que, o furto de água é crime e tem
10  
50   pena prevista em lei. A Sabesp possui convênio com o
0   0  
Disque-Denúncia, cuja chamada é gratuita através do
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telefone 181 e não exige a identificação de quem te-
lefona. Toda esta prática de “Gestão de Imóveis com
Tempo  

Suspeita de Irregularidades” também consta da Comu-


Pressão  de  Jusante   Pressão  de  Montante   Vazão  
nidade de Boas Práticas da FNQ desde 2015.
Para a redução da imprecisão dos hidrômetros, a MC
Figura 3: Dados da VRP Silveira da Mota com controlador por tempo.
também conta com uma Célula de Hidrometria dentro
VRP  Silveira  da  Mota   da Divisão de Controle de Perdas, que é responsável
70   400  
pela gestão do parque de hidrômetros de toda MC.
60   350  
Esta gestão se dá através da definição de parâmetros
300  
50  
para as trocas preventivas de hidrômetros de pequena
250  
Pressão(mca)  

Vazão  (m³/h)  

40   e grande capacidade, análises custo x benefício dos


200  
30  
diversos tipos de hidrômetros disponíveis no mercado,
150  
busca de novas tecnologias, “Encontros Técnicos” com
20  
100  
Fornecedores de hidrômetros, entre outras ações (Batis-
10   50  
ta et al, 2014). É importante ressaltar que, assim como
0   0   a Gestão de Pressão e a Gestão de Irregularidades, a
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“Gestão do Parque de Hidrômetros” também consta


da Comunidade de Boas Práticas da FNQ desde 2015.
Tempo  

Pressão  de  Montante   Pressão  de  Jusante   Vazão  


Impacto da crise hídrica no
Figura 4: Dados da VRP Silveira da Mota com controlador pelo ponto crítico. desenvolvimento das ações
Compara0vo  de  Vazões  da  VRP  Silveira  da  Mota   No início de 2014, a Região Metropolitana de São Paulo
600  
(RMSP) começou a enfrentar uma escassez de recursos

500  
hídricos devido à falta de chuvas e altas temperatu-
ras, que demandou ainda mais ações de redução de
400   perdas de água, sendo necessário otimizar os recursos
Vazão  (m³/h)  

disponíveis e evitar o desabastecimento dos clientes e


300  
um possível rodízio de água na RMSP. Desta forma, a
200  
MC, assim como todas as outras Unidades de Negó-
cio da RMSP, teve que intensificar as ações de redução
100   de perdas, principalmente as perdas reais, inovando e
mudando algumas estratégias de atuação em redução
0  
VRP  Silveira  da  Mota  Sem  Controle   de perdas.
VRP  Silveira  da  Mota  com  Controle  por  Tempo  
VRP  Silveira  da  Mota  com  Controle  pelo  Ponto  Crí>co  
Como possui 56% da rede com cobertura de VRPs,
uma das soluções encontradas foi intensificar a redu-
Figura 5: Vazões da VRP Silveira da Mota nas 3 situações de controle. ção da pressão através das VRPs no período noturno,

Abril a Julho de 2015 saneas 25


artigo técnico

período em que as atividades econômicas de fevereiro/15), boa parte das trocas pre- dição, é uma prática contínua na MC, foi
praticamente cessam e a maioria dos clien- ventivas de hidrômetros passou a dar resul- necessário rever toda a estratégia de troca
tes está dormindo e não sente a redução de tado negativo e um dilema recaiu sobre a de hidrômetros da Unidade de Negócio.
pressão, principalmente se possuir uma cai- gestão do parque de hidrômetros: trocar Optou-se então por reduzir a quantidade
xa d´água suficiente para o consumo de 24h ou não trocar hidrômetros preventivamen- de trocas de hidrômetros, mas se criando
em seu imóvel. Com esta redução maior da te? Manter o atual parque e só realizar novos critérios na geração de demandas
pressão, diminui-se ainda mais a vazão per- trocas corretivas? Ou buscar novas tecnolo- para trocas preventivas, buscando-se melho-
dida através dos vazamentos já existentes e gias mais precisas para consumos mais bai- res potenciais de resultados, ou seja, buscar
evita-se o surgimento de novos. xos, mas com custo até 8 vezes maior que o ABC da Curva ABC de trocas de hidrôme-
Foram também intensificadas as pesqui- a tecnologia velocimétrica convencional, tros, além do uso da tecnologia mais ade-
sas de vazamentos não visíveis, tanto com o num cenário de redução de faturamento e quada ao cenário de redução de consumo,
aumento das equipes bem como o número necessidade de redução de despesas? conforme Figura 6, como a aplicação de hi-
de varreduras nas áreas mais críticas, além da drômetros volumétricos anti-irregularidades,
diminuição do tempo de reparo destes vaza- Estratégias para intensificar eletromagnéticos e ultrassônicos em clientes
mentos, bem como os vazamentos visíveis. a redução de perdas frente à com maior consumo e/ou trocas com poten-
Em termos de perdas aparentes, a crise crise hídrica ciais de mudança de faixa de consumo.
hídrica também afetou significativamente Considerando que, a MC se caracteriza É importante ressaltar que, além da
o desenvolvimento e resultado das ações, pela diversidade de clientes, onde os clien- mudança na estratégia das trocas de
devido à aplicação de bônus nas contas dos tes com hidrômetros de grande capaci- hidrômetros, foi necessário também in-
clientes que economizassem água e dimi- dade representam apenas 1,8% do total, tensificar as vistorias de combate a irre-
nuíssem seus consumos. A partir de feverei- mas mensuram 49% do volume e 34% do gularidades, através de uma atuação di-
ro/14, a Sabesp passou a conceder um bô- faturamento, sendo também responsável ferenciada nas categorias mais suscetíveis
nus de 30% na conta de água para aqueles por parcela significativa do faturamento a fraudes, bem como ampliar a divulga-
clientes que reduzissem pelo menos 20% do de toda a Sabesp; que 97% do parque são ção das atuações nos diversos meios de
seu consumo em relação à média consumida hidrômetros velocimétricos; e que a ges- comunicação, como telejornais e jornais
entre os meses de fevereiro/13 a janeiro/14. tão do parque de hidrômetros com susten- impressos, contribuindo para sensibiliza-
Essa economia por parte dos clientes tabilidade, pela busca da acurácia na me- ção da população em geral.
refletiu significativamente na redução
da queda do nível dos reservatórios, mas
também implicou em consumos abaixo
das faixas de maior precisão dos hidrôme-
tros, aumentando as perdas aparentes por
imprecisão dos hidrômetros.
A isto se somou ainda o aumento da reser-
vação por parte dos clientes devido à dimi-
nuição da pressão no sistema de distribuição,
principalmente os clientes que precisam da
água para suas atividades comerciais como
restaurantes, salões de beleza, lavanderias,
etc., bem como o aumento da incidência de
irregularidades, pois o bônus acaba incen-
tivando de certa forma os fraudadores que
agem de má fé.
Desta forma, com redução do consumo
dos clientes e redução do faturamento de-
vido à aplicação de bônus e ônus (a partir Figura 6: Tecnologias disponíveis de hidrômetros em função do valor agregado.

26 saneas Abril a Julho de 2015


Já em termos de redução de perdas reais, a MC tem buscado atuar
fortemente nas ações básicas preconizadas pela IWA, mas devido ao
alto custo da troca de rede por métodos não destrutivos, que pode che-
gar até a R$ 1.000,00/metro na região central da cidade, dependendo
do diâmetro da tubulação, tornando-se-pouco viável economicamente
em termos de retorno financeiro, fez com que a MC atuasse mais es-
pecificamente na troca preventiva de ramais e menos na reabilitação
de redes, no que diz respeito ao gerenciamento da infraestrutura.
Uma das áreas com maior indicador de perdas reais é o setor
de abastecimento Consolação, onde está localizado o reservatório
mais antigo da cidade, inaugurado em 1881 por Dom Pedro II,
conforme Figura 7.

Figura 8: Exemplo de diagnóstico elaborado


por simulação hidráulica (Palo, 2010).

Na etapa de construção da topologia do modelo hidráulico, são


necessárias depurações no cadastro técnico, verificação dos regis-
tros limítrofes e vistorias em campo, o que contribui também para
o aprimoramento dessa informação.
Figura 7: Foto antiga do Reservatório da Consolação.
Na fase de calibração do modelo, é feita a tabulação dos dados
Além de possuir 52% da rede com mais de 50 anos, outra ca- de campo, cálculos das pressões, médias horárias e os desvios pa-
racterística que dificulta a atuação neste setor são as áreas de alta drões dos valores. Após o carregamento dos dados no software
concentração urbana e tráfego intenso, típicas da região central específico, realiza-se então a calibração por meio de algoritmo
de São Paulo, abrangendo regiões como a Praça da Sé, Praça da genético, e em cada rodada são feitas verificações dos resultados
República e Rua 25 de março, entre outras. para evitar distorções nos valores obtidos.
Portanto, para um diagnóstico efetivo de todo os problemas exis- Após sua conclusão, a simulação permite avaliar a distribuição
tentes num setor como este, faz-se necessário um estudo de enge- da água por todo o setor, e com isso, detectar vários problemas
nharia minucioso do sistema de abastecimento, para se definir qual operacionais e cadastrais que influem nos resultados da operação
ação deverá ser tomada, qual seu impacto no abastecimento, bem de distribuição de água, melhorando o conhecimento do plano
como o ganho esperado, pois qualquer intervenção, num setor piezométrico, da condição da infraestrutura e o impacto de áre-
complexo como o Consolação, implica em altos custos e incômo- as onde se iniciam a concentração e aumento de demanda e de
dos à população residente e a que circula diariamente pela região. novos empreendimentos no setor, permitindo previsão de alter-
Este estudo detalhado foi então realizado através da simulação nativas para a otimização da infraestrutura existente, a adequada
hidráulica, que permite uma investigação minuciosa das condi- aplicação de recursos e a redução das perdas reais presentes.
ções operacionais, sem a necessidade de intervenções físicas nas Portanto, através da simulação hidráulica do setor Consolação,
redes. Seus resultados permitem o direcionamento das ações foi possível prever e priorizar as ações de maior impacto para re-
onde efetivamente haverá mais ganhos, sem comprometer os de- dução de perdas reais frente à crise hídrica, selecionando-se tre-
mais trechos de rede, conforme Figura 8. chos mais críticos para trocas de rede, projetos de implantação
de DMCs e VRPs, bem como as obras de apoio necessárias, como
interligações de trechos de redes e instalações de registros.

Abril a Julho de 2015 saneas 27


artigo técnico

Perspectivas de resultados com consumos menores, e para os clientes com consumos maio-
Os resultados da gestão do parque de hidrômetros apresentam res, a tecnologia a ser utilizada deva estar mais adequada ao seu
perspectivas de melhorias, oriundos do aprendizado das múltiplas perfil de consumo, conforme prévia análise custo x benefício do
variáveis no cenário de crise hídrica. Com a mudança da estratégia hidrômetro a ser instalado.
das trocas de hidrômetros, mesmo no cenário de bônus e redução Finalmente, tanto em termos de perdas reais como perdas apa-
de consumo, já há uma tendência de melhora e as trocas cujos rentes, percebeu-se a necessidade de reaprender com este pa-
ganhos antes eram negativos, já se têm mostrados positivos. São norama, priorizando ações rápidas para o momento crítico, mas
esperados, portanto, resultados mais favoráveis para 2015. também ações duradouras para o cenário pós-crise, e certamente
Da simulação hidráulica do setor Consolação, foram seleciona- o desenvolvimento dessas ações só será efetivo, se contar o apoio
dos os trechos mais críticos para troca de cerca de 90 km de redes da sociedade, fornecedores, e principalmente órgãos financiado-
e implantação de mais 7 VRPs no setor. Com a implantação destas res, viabilizando as ações de custo mais elevados.
obras e ações de apoio, através da simulação, é possível prever
uma redução de aproximadamente 270.000 m³/mês no volume Agradecimentos
perdido do setor. Agradecimentos especiais à equipe da Divisão de Controle de
Perdas e às demais unidades da MC pelas informações aqui
Conclusões e recomendações contidas, e ao Superintendente da Unidade de Negócio pelo
A crise hídrica exigiu de toda MC uma tomada rápida de deci- apoio e incentivo a busca de novas tecnologias e desenvolvi-
são e uma abordagem diferenciada nas estratégias de redução de mento profissional.
perdas, tanto reais como aparentes, trazendo novos desafios à já
árdua batalha de reduzir perdas na região central de São Paulo.
Para redução de perdas reais, a utilização da ferramenta da
simulação hidráulica trouxe vários benefícios, destacando-se
a investigação do comportamento operacional da distribuição
da água, sem a necessidade de intervenções físicas no setor de
abastecimento e no cotidiano da cidade. Com seus resultados, foi
possível estudar os efeitos das ações propostas em cada cenário,
e assim avaliar os trechos críticos, a redução de perdas reais, o
aumento da eficiência operacional, e ainda direcionar os recursos
humanos e financeiros, para o melhor resultado em termos de
análise custo x benefício.
Já para a redução de perdas aparentes, neste cenário de redu-
ção de consumo, foi necessário rever toda a estratégia de trocas
preventivas de hidrômetros da Unidade de Negócio. A experiência
mostrou que a troca preventiva de hidrômetro deve ser cada vez
mais seletiva e muito bem estudada, recomendando-se que o uso
da atual tecnologia velocimétrica fique mais restrita aos clientes

Fone : (11) 3511 2626

www.digitrol.com.br
saneamento@digitrol.com.br

L A B O R ATÓ R I O D E VA Z Ã O AC R E D I TA D O R B C
C E RT I F I C A D O N R 4 6 8
28 saneas Abril a Julho de 2015 AT E N D E N O R M A N B R / I S O / I E C 1 7 0 2 5
artigo técnico
Edison Garcia
da Silva Junior

Indicador de vulnerabilidade da
infraestrutura - uma proposta para o
diagnóstico e tomada de decisões no
Engenheiro Civil pela
Faculdade de Engenharia
Civil da Universidade
Santa Cecília. Tecnólogo

combate às perdas reais


em Obras Hidráulicas
pela Faculdade de
Tecnologia São Paulo –
FATEC. Pós-graduado em
Engenharia de Controle
da Poluição Ambiental
pela Faculdade de Saúde Por Edison Garcia da Silva jr. e Rodrigo Chimenti Cabral
Pública da Universidade
de São Paulo – FSP/
USP. Atua na Divisão
de Controle de Perdas
da Unidade de Negócio
Leste- MLEP/SABESP,
desde 2013.

A
redução e controle de perdas de água nos ral, obtido de forma ponderada de acordo com o montante
Rodrigo sistemas de abastecimento é um grande de volumes perdidos teóricos, denominado IVu – Índice de
Chimenti Cabral
desafio para as empresas de saneamento Vulnerabilidade. O IVu, portanto, é obtido a partir dos in-
em todo o mundo, e tem assumido grande dicadores de rede e ramais, e permite a comparação entre
importância frente às condições cada vez mais desfavo- diversos sistemas, bem como a priorização de áreas para as
ráveis na relação oferta versus demanda de água. Uma ações de combate às Perdas Reais.
das principais ações neste sentido é a busca e reparo de
vazamentos, que tem caráter corretivo, e resulta na re- Bases de referência
Engenheiro Civil pela dução dos volumes perdidos sem, no entanto, garantir No início dos anos 2000, a IWA desenvolveu estudos e
Faculdade de Engenharia
da Universidade que estes não voltem a ocorrer, uma vez que variáveis consultas às diversas companhias de saneamento ao redor
Presbiteriana Mackenzie.
Pós-graduado em Gestão como as intervenções operacionais e as condições de do Mundo, inclusive na Sabesp, com o objetivo de definir
Ambiental e Negócios pressão associadas à qualidade da infraestrutura podem e padronizar indicadores de performance operacional dos
do Setor Energético
pelo Instituto de Energia ser desfavoráveis. Assim, além das medidas corretivas sistemas de distribuição de água, que pudessem ser utiliza-
e Eletrotécnica da
Universidade de São necessárias e amplamente difundidas nas empresas de dos por todos e permitissem, inclusive, a comparação entre
Paulo – IEE/USP. Atua
na Divisão de Controle saneamento, há que se pensar na melhoria da infraes- sistemas diversos.
de Perdas da Unidade trutura dos sistemas, seja com a redução das pressões, Dentre os indicadores criados, tem-se dois que medem
de Negócio Leste–MLEP/
SABESP, desde 2013. geralmente com a implantação de válvulas redutoras de as falhas de rede e ramais, denominados Op31 e Op32,
pressão, ou com a renovação das redes e ramais. expressos da seguinte forma:
Com o objetivo de colaborar com o diagnóstico, priori-
zação de áreas e proposição de ações de combate às per-
das através de ações estruturantes, apresenta-se aqui uma
proposta de indicadores de falhas de redes e ramais, que
correlacionam as quantidades de quebras com os valores de
referência da IWA - International Water Association. Estes
indicadores são adimensionais e expressam, de forma simi- Paralelamente à criação destes indicadores, estudos fo-
lar ao IVI–Índice de Vazamentos na Infraestrutura (ILI no for- ram realizados para se definir conceitos como o UARL –
mato inglês), a situação relativa dos sistemas de distribuição Unavoidable Annual Real Losses e o ILI – Infraestructure
de interesse com os valores considerados ideais. Leakage Index, que permitiam o cálculo dos volumes de
São três indicadores sendo um relativo às redes (IFr - Índi- perdas reais inevitáveis e a comparação das perdas reais de
ce de Falhas na Rede), um relativo aos conectores ou ramais determinado sistema a estes volumes inevitáveis, considera-
(IFc – Índice de Falhas nos Conectores) e um indicador ge- dos então como ideais.

Abril a Julho de 2015 saneas 29


artigo técnico

No trabalho denominado “A Review of Performance Indicators medições de vazão de entrada dos sistemas, bem como das suas
for Real Losses from Water Supply Systems”, Lambert, Brown, pressões médias, dados muitas vezes não disponíveis. No caso do
Tazikawa e Weimer apresentam os valores de referência para o cálculo das Perdas Inevitáveis há também a necessidade de medi-
cálculo das perdas reais inevitáveis, considerando os vazamentos ção das pressões médias do sistema.
visíveis e não visíveis, tanto em redes quanto em ramais, com base Além do indicador IVI ou ILI, referente às perdas inevitáveis,
em determinados tempos de duração, conforme mostrado na Ta- tem-se também o FCI-Fator de Condição Infraestrutural, que re-
bela 1. laciona as Perdas Reais às Perdas Inerentes, que são os menores
Uma vez, portanto, calculada a Perda Real de determinado sis- valores de vazamentos, referentes apenas aqueles que não podem
tema, pode-se analisar o seu nível de importância, ou o seu grau ser detectados, ao menos pela tecnologia atualmente existente. A
de criticidade, comparando-a ao nível ideal preconizado pela IWA, obtenção do FCI é muito trabalhosa, e recomendada apenas para
para esta mesma área, denominado Perda Real Inevitável (UARL). pequenas áreas, pois exige o fechamento de todas as entradas
A expressão que permite o cálculo do indicador IVI-Índice de Vaza- dos consumidores, a pesquisa e execução de todos os vazamen-
mentos na Infraestrutura (ou seja o ILI), é a seguinte: tos detectáveis e a medição das vazões e pressões antes e depois
destas execuções, buscando garantir que as vazões mínimas re-
sultantes sejam relativas apenas aos vazamentos não detectáveis.

Da Tabela 1, considerando os vazamentos visíveis e não visíveis, Proposta dos novos indicadores
pode-se concluir, portanto, que são os seguintes os valores de re- Os indicadores aqui propostos, similarmente aos indicadores IVI e
ferência para os vazamentos de rede e de ramal, e que subsidiam FCI, buscam uma comparação dos valores existentes em determi-
o cálculo das Perdas Inevitáveis: nado sistema àqueles de referência, recomendados pela IWA. No
■■ Redes: 0,13 vazamentos/km por ano ou 13 vazamentos/100km entanto, de forma mais prática, utiliza-se os dados de vazamentos
por ano, com vazão unitária de 18m3/h (a 50mca de pressão); de rede e de ramais, mais facilmente disponíveis nas empresas de
■■ Ramais: 3 vazamentos/1000 ramais por ano, com vazão unitária distribuição de água, ao invés de volumes de perdas reais, inevi-
de 3,2 m3/h (a 50mca de pressão). táveis ou inerentes estimados em Balanço Hídrico. Pode-se então
O terceiro item da tabela se refere aos vazamentos internos dos considerar estes novos indicadores como base às análises de ações
clientes, e não entrariam no cálculo das perdas nos sistemas, uma de combate às perdas reais, como as pesquisas e execução de va-
vez que estão localizados, como no caso do nosso país, após a zamentos, mas principalmente às ações ditas estruturantes, como
micromedição, sendo considerados no Balanço Hídrico como vo- a renovação de redes e ramais, ou mesmo a proteção dos sistemas
lumes consumidos. quanto às pressões elevadas, como por exemplo com a utilização
Para a definição da Perda Real é necessária a elaboração do de válvulas redutoras de pressão.
Balanço Hídrico, onde são parcelados os diversos componentes Deve-se salientar que estes novos indicadores não substituem
dos volumes de entrada do sistema, inclusive as perdas. O Balan- os outros mencionados, que são muito relevantes no diagnóstico
ço Hídrico para a definição das Perdas Reais deveria, idealmente, dos sistemas, e trazem estimativas de volumes perdidos reais e
ser obtido pelo processo “botton-up”, onde são necessárias as ideais, assim como a relação entre eles, muito mais precisos, pois

Tabela 1: Parâmetros utilizados para o cálculo das Perdas Inevitáveis (UARL)

Infrastructure Background Reported Unreported


Component (undetectable) losses Bursts Bursts
0.124 bursts/km/yr. at 12 m3/hr* 0.006 bursts/km/yr. at 6 m3/hr*
Mains 20 litres/km/hr*
for 3 days duration for 50 days duration

Services Connections 2.25/1000 conns/yr. at 1.6 m3/ 0,75/1000 conns/yr. at 1.6 m3/
1.25 litres/conn /hr*
to Edge of Street hr* for 8 days duration hr* for 100 days duration

Services Connections after


1.5/1000 conns/yr. at 1.6 m3/hr* 0,50/1000 conns/yr. at 1.6 m3/
Edge of Street 0.50 litres/conn /hr*
for 9 days duration hr* for 101 days duration
(for 15m ave. length)
* All flow rates are quoted at 50m pressure

30 saneas Abril a Julho de 2015


exigem dados de campo mais exatos. Pode-se, portanto, consi- Categorização proposta para o ivu
derar os novos indicadores, de obtenção relativamente simples, O nível de vulnerabilidade, portanto, medido pelo IVu, considera
como informações mais imediatas e práticas para a priorização de tanto os quantitativos de vazamentos de redes e ramais, quanto
sistemas, ou parte deles, visando definir melhores planos de ação. os volumes perdidos por eles, permitindo desta forma comparar
diversas áreas como: setores, subsetores, trechos de rede, municí-
IFr – Índice de Fragilidade das Redes pios ou outros. Na Tabela 2 se apresenta uma classificação suge-
O IFr indica a relação entre o Op31 obtido no sistema de interesse rida para os valores do indicador, que pode ser útil na sua análise.
e o Op31 de referência da IWA, que é de 13 vazamentos/100km
Tabela 2: Classificação sugerida
por ano, da seguinte forma:
Faixas Classificação

IVu ≤ 1 Ótimo

1 < IVu ≤ 5 Bom

IFc – Índice de Fragilidade dos Ramais 5 < IVu ≤ 10 Regular

Similarmente ao IFr, o indicador IFc mostra a relação entre o Op32 10 < IVu ≤ 20 Ruim
obtido no sistema de interesse e o Op32 de referência da IWA, IVu ≥ 20 Péssimo
que é de 3 vazamentos/1000 ligações por ano.
A faixa considerada “Regular” foi assim classificada porque são
valores (entre 5 e 10) semelhantes aos dos Indicadores de Vaza-
mentos na Infraestrutura (IVI) da maioria dos setores de abasteci-
mento da Região Metropolitana de São Paulo.
IVu – Índice de Vulnerabilidade
Uma vez que a condição estrutural de um sistema se refere ao Obtenção dos dados necessários
conjunto formado pelas redes e ramais, houve necessidade de se As informações necessárias para o cálculo dos indicadores de de-
ter um indicador que ponderasse estes dois fatores. terminada área podem ser obtidas nos bancos de dados de ma-
Assim, de posse de indicadores de fragilidade de redes e ramais, nutenção, do sistema comercial e do cadastro técnico. Abaixo é
buscou-se consolidá-los em um terceiro, que levasse em conta o apresentado um fluxo do processo utilizado especificamente nes-
diferente peso de cada um deles, pois tanto as vazões de vaza- te estudo, onde foram utilizados os sistemas mencionados, um
mento quanto os tempos de duração, e as quantidades unitárias software de mapeamento de dados georreferenciados e planilhas
são distintos (conforme Tabela 1). eletrônicas.
Nas condições ideais, as redes e ramais têm os seguintes volu-
mes de perdas, considerando tanto os vazamentos visíveis quanto
os não visíveis:
■■ Redes: (12,4 vaz/100km.ano x 12 m3/h x 3 dias x 24 horas/
dia) + (0,6 vaz/100km.ano x 6 m3/h x 50 dias x 24 horas/dia) =
15.033,6 m3;
■■ Ramais: (2,25 vaz/1000 lig.ano x 1,6 m3/h x 8 dias x 24 horas/
dia) + (075 vaz/1000 lig.ano x 1,6 m3/h x 100 dias x 24 horas/
dia) = 3.571,2 m3;
■■ Redes e ramais: 15.033,6 m3 + 3.571,2 m3 = 18.604,80 m3.
Dos valores resultantes, tem-se que os de rede representam
81% dos totais, enquanto os de ramal representam 19%. Assim
pode-se consolidar os indicadores IFr e IFc de acordo com estes Figura 1: Fluxo de obtenção de dados e cálculo dos indicadores
pesos, definindo-se então o indicador IVu, da seguinte forma:

Abril a Julho de 2015 saneas 31


artigo técnico

Ações estruturantes de combate infraestrutura, pode-se entender esta ação como de proteção
às perdas reais das redes e ramais, até que se possa obter os recursos necessá-
Além das ações de manutenção necessárias para a redução das Per- rios para as ações de renovação. A redução das pressões pode
das Reais, como a pesquisa e execução dos vazamentos, deve-se ser realizada com a implantação de válvulas redutoras de pres-
levar em conta que, dependendo das condições da infraestrutura são, obras de setorização (reduzindo a área de influência das
de redes e ramais, e de outros fatores agravantes, as falhas po- Zonas Altas) ou ainda com o ajuste das pressões de recalque de
dem voltar a ocorrer, gerando novos aumentos na incidência de boosteres e estações elevatórias.
vazamentos. A Figura 2, obtida de Lambert e Thornton, ilustra este A Figura 3 ilustra uma sugerida, e possível, definição de ações, de
fenômeno, relacionando o aumento de pressões com o aumento acordo com os quadrantes onde se localiza a correlação entre o
de falhas, tendo como agravantes: baixas temperaturas (fator não IVu e a pressão média da área.
aplicável em nosso país), movimentos de solo, tráfego pesado e
idade das tubulações. Poderia considerar também fatores relativos Figura 3: Divisão
à qualidade da infraestrutura, que não somente a idade e corrosão, sugerida para as
ações estruturantes
como a má condição de assentamento, a falta de ancoragens ade-
quadas ou mesmo a qualidade dos materiais empregados. Todos
estes fatores levariam, portanto, ao aumento das quebras, para
pressões cada vez mais baixas, de acordo com a sua composição.
Deve-se considerar que duas ações, denominadas aqui de estru-
turantes, poderiam ser tomadas, para a redução das falhas, ou ao
menos para uma maior proteção do sistema, que são:
■■ Renovação da infraestrutura: seria a substituição, ou mesmo a
reabilitação, das redes e ramais. Se tratam de obras de custo
elevado, mas que garantem uma melhoria geral do sistema,
reduzindo as falhas a níveis muito baixos. Na Figura 2 seria a eli-
minação de fatores negativos, o que permitiria então se operar Alguns indicadores calculados na área de
com pressões até maiores, sem risco de se atingir a faixa crítica atuação da companhia
de aumento de falhas; Os indicadores propostos podem ser úteis para a priorização
■■ Redução das pressões: seria a redução das pressões a níveis que de áreas, e proposta de ações, portanto, desde a pesquisa de
permitissem a redução dos índices de falhas. Neste caso deve-se vazamentos até as estruturantes como a renovação e redução
avaliar com muito critério a qualidade da infraestrutura, pois a de pressões. Para a priorização pode-se recorrer ao cálculo do
simples redução de pressão pode não ser entendida como uma IVu para diversas parcelas do sistema, como por exemplo: qua-
melhoria do sistema, mas apenas como uma ação paliativa. drículas de manobra, de coordenadas, microzonas de manobra,
Como os custos são relativamente menores que a renovação da núcleos com característica próprias de pressão, tipo de material
das redes, ou outras.
Como exemplo foram calculados os indi-
cadores IVu do Setor Derivação Vila Matilde,
da Unidade de Negócio Leste da Sabesp,
considerando quadriculas formadas por ei-
xos de coordenadas, obtidas do Sistema GIS
(Figura 4).
O Setor Derivação Vila Matilde possui IPDt
da ordem de 500 L/lig.dia, e o IVu médio foi
calculado em 13,4, considerado “Ruim”.
O mapa da Figura 4 indica as quadrículas
Figura 2: Relação da frequência onde a infraestrutura deve ser prioritaria-
de quebras com as pressões e
outras variáveis mente renovada ou protegida.

32 saneas Abril a Julho de 2015


Figura 4: IVu por quadrícula –
Setor Derivação Vila Matilde

Figura 5: Localização
das áreas com redes
de PEAD 32mm

Tabela 3: Cálculo dos indicadores para núcleos com rede de PEAD 32mm
Vazamentos/ano Indicadores IWA Índice de Fragilidade
Área Extensão (m) Ligações (un) Op 32 IVu
Op 31 (vaz/100km.
Rede Ramais (vaz/1000lig. IFr IFc
ano) ano)
1 181,77 136 2,7 0,3 1.467,1 2,5 112,9 0,8 91,6
2 702,60 256 0,7 2,3 94,9 9,1 7,3 3,0 6,5
3 881,63 219 3,0 2,3 340,3 10,7 26,2 3,6 21,9
4 894,60 193 2,7 3,0 298,1 15,5 22,9 5,2 19,6
5 2.335,40 541 15,3 12,0 656,6 22,2 50,5 7,4 42,3
6 2.224,63 536 5,3 6,7 239,7 12,4 18,4 4,1 15,7
7 425,50 118 6,3 6,3 1.488,4 53,7 114,5 17,9 96,1
8 2.276,69 378 2,7 2,7 117,1 7,1 9,0 2,4 7,7
9 517,35 49 0,3 0,0 64,4 0,0 5,0 0,0 4,0
10 1.032,95 222 3,7 2,7 355,0 12,0 27,3 4,0 22,9
11 683,36 118 1,7 3,0 243,9 25,4 18,8 8,5 16,8
12 587,21 109 1,7 0,3 283,8 3,1 21,8 1,0 17,9
13 673,51 203 11,0 4,7 1.633,2 23,0 125,6 7,7 103,2
14 627,71 95 2,0 2,0 318,6 21,1 24,5 7,0 21,2
15 729,83 181 2,7 2,7 365,4 14,7 28,1 4,9 23,7
16 322,60 32 2,7 4,0 826,6 125,0 63,6 41,7 59,4
17 540,62 303 2,0 7,3 369,9 24,2 28,5 8,1 24,6

Abril a Julho de 2015 saneas 33


artigo técnico

A Figura 5 mostra a localização de núcleos de baixa renda, onde


a rede é constituída por tubulações de PEAD de 32mm de diâme-
tro, com alta densidade de ligações e altas taxas de vazamento.
Estes núcleos foram identificados por números e calculados seus
indicadores, conforme Tabela 3 (página anterior). São identifica-
das também áreas onde foram realizadas renovações de redes e
ramais, que podem servir de parâmetro para a estimativa de ga-
nhos em áreas com sistema renovado.
Nesta forma de apresentação ficou muito clara a diferença
de indicadores entre os diversos núcleos, o
que pode definir que a Área 13 é a mais
crítica (IVu de 103,2). Portanto esta área,
caso fossem liberados recursos para renova-
ção de infraestrutura, seria a primeira a ser
contemplada.

Case: renovação de Figura 6 e 7:


infraestrutura e o cálculo de Imagem das obras (ao lado)
Planta geral da área (acima)
seus indicadores
No ano de 2013 foi realizada uma obra de re-
novação de infraestrutura em área atendida por válvula redutora metro, fixados à rede com a utilização de tomadas de água de
de pressão da Unidade de Negócio Leste da Sabesp. Esta área, tees integrados.
denominada VRP Idioma Esperanto, está localizada no bairro de Com base nos dados de vazamentos de redes e ramais desta
São Miguel Paulista, no Município de São Paulo, e pode ser iden- área, pode-se calcular os indicadores IFr, IFc e IVu, conforme
tificada na Figura 5, junto à Área 11. Tabela 4.
Foram trocados 5,92 km de redes, correspondente a 75% do As Figuras 6 e 7 mostram, respectivamente, uma foto das obras
total de redes da área, e 754 ramais. A obra trouxe melhorias ao e uma planta geral da área.
sistema de abastecimento, eliminando perdas de carga excessivas, Observa-se a grande melhoria obtida com as obras, com o IVu
garantido o atendimento pleno dos clientes, pois este era intermi- caindo de 27,6 para 4,9. Este valor final resultante coloca a área
tente antes da obra, e reduzindo a quantidade de vazamentos. O na categoria “Bom”, conforme a classificação sugerida.
indicador de perdas IPDt, por exemplo, que antes da obra era de
896 L/lig.dia, caiu para 254 L/lig.dia. Priorização pelo ivu no caso se
As redes que anteriormente eram de ferro dúctil, com idade ter as presões médias
superior a 30 anos, foram substituídas por tubulações de PEAD O IVu definido neste trabalho, não leva em consideração as pres-
de 110mm de diâmetro, com juntas soldadas por eletro fusão. sões das áreas, uma vez que relaciona dados de vazamentos com
Os ramais também foram trocados por PEAD de 20mm de diâ- os parâmetros da IWA, sob uma mesma base, que é relativa a

Tabela 4: Indicadores da VRP Idioma Esperanto

Extensão Ligações Vazamentos/ano


Período IFr IFc IVu Classificação
(km) (un) Rede Ramais
Antes (2012) 5,61 1.401 22 70 30,2 16,7 27,6 Péssimo

Depois (2014) 5,61 1.401 4 10 5,5 2,4 4,9 Bom

34 saneas Abril a Julho de 2015


50mca de pressão. Caso, no entanto, se possua as diversas pres- a clara definição de prioridades, principalmente quando se trata
sões médias das áreas calculadas (quadrículas, núcleos ou outras), da necessidade de renovação de infraestrutura, mas também para
pode-se considerá-las, da seguinte forma derivada da expressão a definição de outras ações de combate às Perdas Reais. Entende-
que relaciona vazão x pressão, apresentada pela IWA: -se que estes novos indicadores propostos, IFr, IFc e o IVu podem
se tornar uma ferramenta auxiliar nestas definições, pois são ba-
seados em níveis adotados internacionalmente (IWA). Podem ser
úteis também como elementos de benchmark, possibilitando a
Sendo: comparação entre diversos sistemas, entre setores de abasteci-
• IVu’: Índice de Vulnerabilidade correlacionado com a pressão mento, municípios, e empresas do setor de distribuição de água.
média; Deve-se sempre ter em conta que a renovação de partes signi-
• P: pressão média da área; ficativas dos sistemas de distribuição, que é ainda uma realidade
• N1: coeficiente relativo ao material das tubulações (pode ser distante devido aos altos custos envolvidos, é fundamental para
adotado 1,15 para os sistemas mistos). a sua efetiva melhoria, e para a redução de vazamentos. Se torna
portanto, cada vez mais prioritário o correto direcionamento das
Conclusões ações, de forma a se auferir resultados importantes, com o uso
Um dos grandes desafios das empresas de distribuição de água é mais parcimonioso de recursos.

Abril a Julho de 2015 saneas 35


ponto de vista

Aliança pelo
Por
João Paulo Papa
Saneamento Básico

D
esde Pindorama, os indígenas sabiam que sanitária brasileira apresentou soluções para problemas
era necessário cercar de cuidados tanto o de saúde que chegaram a dizimar metade da população
armazenamento de água quanto a dispo- santista na passagem do século XIX para o XX.
sição de dejetos. Séculos depois, nos anos As nações mais desenvolvidas do planeta sempre
1900, o Brasil conheceu as magistrais obras de Saturnino apostaram na excelência dos sistemas de saneamento
de Brito. Na cidade de Santos, o patrono da engenharia para garantir qualidade de vida e avanços econômicos.

36 saneas Abril a Julho de 2015


No Brasil de hoje, praticamente metade da popu- de diversos deputados, criamos uma Subcomissão
lação vive sem acesso à coleta de esgoto, sem con- Especial com representantes de estados, como São
tar as acentuadas diferenças regionais. Um morador Paulo, Maranhão, Goiás, Bahia e Paraná. Este cole-
do Norte do Brasil convive com apenas 8,2% dos giado está realizando uma série de audiências públi-
esgotos coletados e um cidadão do Sudeste, com cas para ouvir governo e sociedade, colocar o tema
77,3%. Há cidades como Franca, em São Paulo, que em evidência e apontar soluções para fazer avançar
apresentam 100% de coleta, a universalização dos serviços
e Ananindeua, no Pará, cujo de água e esgoto.
índice é zero.
Estudos indicam No Senado Federal, tramita
A ausência de saneamento que onde não o projeto de lei que cria o Regi-
também é, comprovadamen-
te, uma marca da pobreza.
há saneamento me Especial de Incentivos para
o Saneamento Básico (Reisb)
Estudos indicam que onde não o rendimento para ampliar os investimentos
há saneamento o rendimento escolar diminui, no setor. A ideia é transformar
escolar diminui, o calendário os recursos que as empresas
possui menos dias trabalha-
o calendário prestadoras de serviços de sa-
dos, as atividades turísticas fi- possui menos neamento destinam aos im-
cam estagnadas, o desenvolvi-
mento humano não acontece.
dias trabalhados, postos federais (PIS/COFINS)
em investimentos no próprio
A relação entre saneamento as atividades setor. E, na Câmara dos Depu-
e saúde é evidente e se com- turísticas ficam tados, apresentei proposta de
prova com dados da Organiza- mesmo teor, optando por dire-
ção Mundial de Saúde (OMS):
estagnadas, o cionar os novos investimentos
João Paulo Papa
Engenheiro associado da
para cada US$ 1 investido em desenvolvimento às áreas de coleta e tratamen-
AESabesp, foi prefeito
de Santos-SP, por duas
gestões, e até o início
saneamento há economia de
US$ 4,30 na saúde pública.
humano não to de esgotos, redução de per-
das de água tratada, eficiência
de 2014 respondia pela
Diretoria de Tecnologia Por todos esses motivos, o acontece. dos sistemas, inovação tecno-
Empreendimento e
Meio Ambiente da saneamento é daqueles te- lógica e proteção de manan-
Sabesp, Atualmente mas que possui o condão de ciais. Em ambas as Casas, as
é deputado federal e
em seu mandato milita unir o País. A intenção do proposituras já passaram por
pela universalização
do saneamento, governo federal, ao lançar o Plano Nacional de Sa- uma primeira análise e foram aprovadas com votos
como presidente
da Subcomissão neamento (PLANSAB), era universalizar os serviços que transcenderam motivações partidárias.
Especial Subágua, de saneamento até 2033. Mas, pelo atual ritmo de Com iniciativas como estas, estamos construindo no
integrada à Comissão
de Desenvolvimento execução de suas ações a coleta e tratamento de Parlamento uma verdadeira aliança pelo saneamento.
Urbano (CDU) da Câmara
Federal. esgotos apenas chegarão a todos os brasileiros da- É possível, e necessário, unir o País para que todos os
qui a 60 anos. brasileiros tenham acesso igualitário ao que é básico
Na Câmara, por minha iniciativa e com o apoio para a vida.

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quanto o nosso planeta.

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tensão com PLC integrado, permitindo o uso de funções dedicadas para bombeamento (Pump Genius),
painéis e CCMs de baixa e média tensão, eletrocentros, além de uma completa linha de componentes para
painéis elétricos.

Transformando energia em soluções. www.weg.net


26º Encontro Técnico AESabesp / Fenasan 2015

Eng. Olavo Alberto


Prates Sachs
Diretor técnico da
AESabesp, responsável
pela estruturação do
26º Congresso Técnico
AESabesp/ Fenasan
2015. É graduado em
Engenharia Sanitária,
pela Faculdade de

Fenasan
Ciências Tecnológicas, da
Pontifícia Universidade
Católica - PUC; pós-
graduado em Engenharia
de Segurança do
Trabalho, pela Unicamp;
mestre em Tecnologia
Ambiental, pelo IPT; com
MBA em Administração
para Engenheiros, pelo

2015
Instituto de Tecnologia
Vale à pena conhecer o maior Mauá. Atualmente é
Por engenheiro da Divisão
Olavo Alberto evento de tecnologia em de Planejamento
Operacional da Produção-
Prates Sachs saneamento da AL MAGG, na Sabesp.

A
Fenasan – Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente – 2015, promovida anualmen-
te pela AESabesp - Associação dos Engenheiros da Sabesp, será realizada em conjunto com o
26º Congresso Técnico AESabesp, nos dias 4, 5 e 6 de agosto, com o tema central: “A crise
da água e suas consequências no sec. XXI”. Esta realização, que em 2015 completará 26
anos, é considerada o maior evento técnico e mercadológico do setor de saneamento na América Latina.

40 saneas Abril a Julho de 2015


26º Encontro Técnico AESabesp / Fenasan 2015

“Em pensar que tudo começou em 1990, embaixo


da marquise do prédio da sede da Companhia de
Saneamento Básico de São Paulo - Sabesp em
Pinheiros, com apenas 8 empresas participantes
e 14 trabalhos técnicos apresentados em seu
primeiro Encontro Técnico.”

A edição de 2015 foi para um espaço maior e mais adequado, no Programação do Encontro Técnico
Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, com expectativa de re- No dia 03, haverá a abertura para associados e expositores, com a pre-
ceber em torno de 20.000 visitantes (a visitação é gratuita). Como sença de grandes expoentes do setor, expositores e associados da AE-
se trata de um evento técnico-mercadológico, seu propósito é di- Sabesp, com apresentação do Hino Nacional Brasileiro, pelo associado
fundir as tecnologias em uso, as inovações tecnológicas e todas as eng. José Aparecido, que também é músico e conhecido no universo
ações conectadas com o saneamento ambiental, principalmente artístico, como “Dou Valor”, além de um coquetel animado pela céle-
em relação ao tratamento de água e de efluentes. bre dupla feminina sertaneja “Irmãs Galvão”.
Até o momento, já conta com cerca de 250 expositores nacio- No Congresso Técnico estão previstas a apresentação de 110 Pales-
nais e internacionais. Seu público é composto por técnicos, acadê- tras Técnicas, além de Conferência de Abertura, Palestra Motivacional,
micos, gestores, empresários, membros da comunidade científica, 10 Mesas Redondas, 4 Minicursos e 1 Visita Técnica:
altamente qualificado e atuante no setor. A exemplo de 2014, O Congresso Técnico apresentará, no 1º dia, 04.08, às 11 horas, a Con-
conta-se com a participação nacional e internacional, com profis- ferência Magna –“A crise da água e suas consequências no século XXI”.
sionais de todos os estados brasileiros e de outros países como: Nos 2º e 3º dias estão confirmadasas seguintes mesas redondas:
Alemanha, Argentina, Áustria, Bolívia, China, Colômbia, Costa • Mudanças climáticas e planejamento de sistemas de saneamento
Rica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Isra- • Dessalinização como alternativa para abastecimento
el, Itália, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela. • Universalização do saneamento e mobilização social em comu-
A AESabesp irá dispor uma ilha de orientação na entrada da nidades de baixa renda
Feira, com monitores nos idiomas português, inglês e espanhol. • Água e energia - o desafio da sustentabilidade
No estande da AESabesp haverá cadastramento de Projetos So- • Efeitos das mudanças climáticas na América Latina e Caribe
cioambientais e ações culturais. • As consequências da exploração desordenada das águas sub-
terrâneas em tempos de escassez de água
• Impactos dos eventos climáticos nos recursos hídricos para o
desenvolvimento econômico
• Água de reúso para fins potáveis e recarga de aquíferos e mananciais
• Importância da gestão de projetos nos resultados dos empre-
endimentos
• Melhoras nas estações de tratamento de água e esgoto como
ferramenta para enfrentamento do estresse hídrico.

No final do 1º dia, será aberta a palestra motivacional “Nave-


gando com o sucesso”, ministrada por David Schürmann, que
trará cases de motivação , superação e planejamento das viagens
marítimas da Família Schürmann.

Abril a Julho de 2015 saneas 41


26º Encontro Técnico AESabesp / Fenasan 2015

Sérgio Augusto Palazzo ministrará

Cursos durante o Congresso novamente curso sobre MND durante o


Encontro Técnico AESabesp 2015

No 3º dia, ocorrerá a tradicional cerimô-


Introdução às “Cases” de combate às nia de premiação com a entrega do troféu
execuções de obras perdas: erros e acertos AESabesp, nas categorias Melhor Estande,
de redes de águas e Data: 06/08/2015 (quinta-feira) Melhor Atendimento Técnico, Inovação
esgotos por Método Não Local: Pavilhão Vermelho Expo Tecnológica, Destaque Encontro Técnico e
Destrutivo (MND) Center Norte - Sala Casa Verde Destaque Fenasan 2015, além da premia-
Data: 04/08/2015 (terça-feira) Horário: 9h00 às 18h00. ção “Jovem Profissional”, que contempla
Local: Pavilhão Vermelho Expo Com Mário Augusto Baggio e Ary técnicos abaixo de 30 anos de idade.
Center Norte - Sala Casa Verde Maóski, da empresa Hoperações. No dia 6 ainda está programada uma
Horário: 9h00 às 18h00. visita técnica ao Projeto Aquapolo, locali-
Com Sergio Palazzo - Presidente zado na Estação de Tratamento de Esgo-
da Associação Brasileira de Tecno- tos do ABC, da Sabesp localizada na divisa
logia Não Destrutiva - ABRATT. Regulação e de São Paulo e São Caetano do Sul (ETE
Planejamento ABC), com o objetivo fornecer água de
Metropolitano reúso para o principal polo industrial da
Data: 06/08/2015 (quinta-feira) Grande São Paulo.
Reúso de Água
Local: Pavilhão Vermelho Expo
Data: 05/08/2015 (quarta-feira) Center Norte - Sala Vila Maria
Local: Pavilhão Vermelho Expo Horário: 14h00 às 18h00.
Center Norte - Sala Casa Verde Com Eridane Furlan, Ester
Horário: 9h00 às 18h00 Feche Guimarães, Fernando
Com José Carlos Mierzwa - Profes- Gomes Garcia, Hugo de Oliveira,
Site oficial do evento e confira
sor Pesquisador da Universidade Leonardo Campos e Tadeu Fabrício
a programação (com uma partici-
de São Paulo. Malheiros. pação 20% maior que a de 2014)
www.fenasan.com.br

42 saneas Abril a Julho de 2015


Diretoria de Projetos Socioambientais

Troféu AESabesp aos destaques do


Encontro Técnico e Fenasan

S
endo também um Projeto Socioambiental da AESa-
besp, o Congresso Técnico/ Fenasan é mais do que
um evento técnico-mercadológico, ao incentivar as
práticas voltadas à sustentabilidade, à inovação tec-
nológica e à excelência no atendimento, por meio da outorga
do “Troféu AESabesp”.
Comprometida com esses princípios, foi adotado, em 2015,
mais um novo critério para essa premiação às empresas que mais
se destacarem na Feira: a sua “pegada ecológica”, que analisa-
rá, dentro do perfil de cada expositor, suas ações referentes à Premiados durante cerimônia de entrega
montagem de seus estandes, ao transporte de pessoas e de ma- do Troféu AESabesp, em 2014.

teriais, sua geração de resíduos, entre outros aspectos relevantes


voltados à preservação ambiental. As empresas presentes na Fenasan 2015, concorrerão ao Tro-
Para tanto, a diretoria de Projetos Socioambientais, conduzida féu AESabesp, por meio das seguintes categorias: Melhor Estan-
por Maria Aparecida Silva de Paula, constituiu uma comissão de de, Inovação Tecnológica, Atendimento a Cliente e “Destaque
avaliação, composta por especialistas em tecnologias e em meio AESabesp – Fenasan”, que é a somatória e a otimização de to-
ambiente, que utiliza padrões de avaliação, voltados às práticas dos esses critérios.
sustentáveis, em consonância com a PNRS (Política Nacional de
Resíduos Sólidos) e com o Projeto Ecoeventus.

Com quem está o Troféu AESabesp?


Conheça os atuais detentores do Troféu AESabesp, entregue em 2014.

DESTAQUE AESABESP FENASAN 2014


Higra Industrial (representada pelo seu
diretor Silvino Geremia, em entrega
feita pelo diretor de marketing da Categoria “MELHOR ESTANDE”
AESabesp, Paulo Ivan Morelli - PIM). ■■ Analyser Comércio e Indústria
■■ Andritz Separation
■■ Bongas Brasil

Categoria “INOVAÇÃO TECNOLÓGICA”


■■ B & F Dias Indústria e Comércio
DESTAQUE AESABESP ENCONTRO
■■ Marte Científica
TÉCNICO 2014 ■■ Promar Tratamento Anti-corrosivo
TX-Superintendência de Pesquisa, De-
senvolvimento Tecnológico e Inovação
da Sabesp (representada pelo seu então Categoria “ATENDIMENTO A CLIENTE”
superintendente Américo Sampaio, em ■■ Dositec Bombas Equipamentos e Acessórios
entrega feita pelo presidente da AESa- ■■ ESA Eletrotécnica Santo Amaro
besp, Reynaldo Young Ribeiro). ■■ Mizumo - Máquinas Agrícolas Jacto S/A

Abril a Julho de 2015 saneas 43


Diretoria de Projetos Socioambientais

Demais ações Dentro do programa são celebrados ainda convênios com


prefeituras. Por meio dessas parcerias o programa realiza um

da DPS em 2015 trabalho de inspeção estrutural nas instalações públicas e faz


um levantamento de melhorias para os prédios, como troca de
equipamentos que potencializam a economia de água (como
torneiras temporizadas e caixas sanitárias acopladas), pequenos
Por Maria Aparecida Silva reparos internos, entre outros. Para ter uma idéia dos resultados
de Paula / Diretora da DPS obtidos na região, apenas em Praia Grande, onde a iniciativa já
existe há mais de quatro anos, estima-se que já foram recupe-
rados mais de 20 milhões de litros de água tratada por meio da
cooperação da administração municipal e conscientização dos
funcionários públicos e alunos da rede municipal de ensino.
Para ampliar a atuação do PURA na Baixada Santista, a AESa-
besp submeteu o projeto junto ao Fundo Estadual de Recursos
A DPS - Diretoria Hídricos (FEHIDRO) e a iniciativa já avançou uma etapa para ob-

de Projetos tenção de novos investimentos. A Associação será a tomadora


do recurso e a Sabesp cedente do espaço, para realização do
Socioambientais
programa, e disponibilizará profissionais qualificados. O gestor
tem diversificado do projeto, coordenador do Polo AESabesp na Baixada Santista,
e aprimorando engenheiro Zenivaldo Ascenção dos Santos, está empenhado em
seus projetos em dar inicio às novas atividades.
diferentes áreas de
atuação: PROJETO DOAR - um projeto de fomento, no qual a AESabesp
arrecada recursos financeiros por meio de doa-
ções, para viabilizar a execução de outros pro-
jetos a serem desenvolvidos por uma instituição
por ela chancelada por meio de avaliação da
sua idoneidade. O primeiro projeto a ser executado é a elabora-
ção do Projeto-Executivo do AVCB - Auto de Vistoria do Corpo
de Bombeiros, do prédio sede do “Lar Emmanuel”, uma enti-
PROJETO PURA Baixada Santista - Esta iniciati- dade que atende crianças em situação de risco. Para implantar
va leva gratuitamente à população palestras sobre este projeto foi firmada parceria entre as diretorias de Projetos
economia de água e preservação do meio ambien- Socioambientais, Social, Marketing, Financeira e Secretaria, pois
te. O Programa de Uso Racional da Água (PURA), trata-se de um projeto-piloto para a captação de doações.
criado em 1996 pela Sabesp, é desenvolvido na Baixada Santista O gestor do referido projeto é Rogério de Jesus Barroso, que já
desde 2009 e já contribuiu para a conscientização ambiental de mais atua como voluntário a alguns anos e está bastante satisfeito em
de 60 mil pessoas nas nove cidades da região. O projeto é desenvol- ter o apoio da AESabesp.
vido, sobretudo, por meio de palestras e atividades interativas dire- As doações poderão ser feitas através da conta: Banco do
cionadas a públicos de todas as idades. Estes eventos acontecem em Brasil – agência 6986-8 – c/c 1556-7. Após obter a captação do
instituições de ensino, entidades (de classe, bairro e beneficentes), recurso para a viabilização do projeto esta conta será encerrada.
setores públicos, condomínios residenciais e nos auditórios da Com- Maiores informações podem ser obtidas por meio do site
panhia de Saneamento. Somente no último mês de março, quando http://www.aesabesp.org.br/projetos-socioambientais/
se comemorou o Dia Mundial da Água (22), cerca de 6 mil crianças carteiras.html, ou pelos telefones 3284-6420, com Camila
e adultos estiveram envolvidos na programação do PURA. Em 2014, Barros ou 97515-4623, com a diretora Maria Aparecida Sil-
outras 10 mil pessoas receberam informações sobre como econo- va de Paula, ou 3388-8819, com o gestor do projeto Rogé-
mizar água e preservar os recursos hídricos dentro e fora de casa. rio J G Barroso.

44 saneas Abril a Julho de 2015


PROJETO ECOEVENTUS - em sua 5ª edição em os três setores: público, privado e terceiro setor, sendo que o plan-
2015, continuará a ser implantado na Fenasan tio de mudas de árvores (resultante da compensação de emissão
2015, com o propósito de motivar os expositores de Carbono), neste ano, está previsto para ocorrer na cidade de
da feira e o público em geral a contabilizarem a São Roque. Também será distribuído o tradicional sabão ecológico,
sua “pegada ecológica”. Com o título “Qual é o tamanho da sua que tem o objetivo de chamar a atenção dos visitantes da Fenasan
pegada organizacional” estará por meio de questionário adquirindo a contribuírem com as instalações hidráulicas e meio ambiente não
dados de destinação de resíduo, alimentação, consumo de água e jogando óleo usado nas tubulações e desta forma não contamina-
energia, durante todos os sete dias de preparação, execução e des- rá o meio ambiente.
montagem do evento. Para a coleta e destinação de resíduo, contará A AESabesp conta com a colaboração de todos os visitantes
mais um ano com uma cooperativa de catadores, bem como com para reduzir as emissões de Gases de Efeito Estufa – GEEs.
os voluntários para implementação das ações do projeto, e ainda Os números do nosso trabalho na implantação das ações são
sorteará uma bicicleta para os participantes que responderem as pes- surpreendentes: cerca de 2 toneladas de resíduo reciclados nos
quisas de qual meio de transporte usado para o seu deslocamento. últimos cinco anos, cerca de 60 voluntários e pessoas com neces-
Quanto aos expositores, foi elaborado relatório para identificar a sidades especiais que participaram da feira atuando no projeto,
pegada organizacional que será aplicada pelos avaliadores de prê- mais de 2000 pedaços de sabão distribuídos durante o evento e
mio, equipe altamente capacitada do 6º Comando da Polícia Militar, 1784 mudas de árvores plantadas. Esses números só foram pos-
além das empresas Partners, Costa Paranhos e Qualyso – especiali- síveis graças ao apoio e dedicação de todos os participantes do
zadas em implantação de sistemas de qualidade e prêmios. evento, aos quais gostaríamos de agradecer o empenho conscien-
Já está em fase bem avançada novamente a ação que integra te em prol da preservação do Planeta.

Abril a Julho de 2015 saneas 45


acontece no setor

Acontece As novidades em produtos,

no setor
serviços e tecnologias no
setor de saneamento e
meio ambiente

Hydro | Para tratamento de efluentes e reúso

A Hydro apresentará, durante a Fenasan 2015, tecnologias para tratamento de


água, com soluções de tratamento de efluentes e reúso de água, entre elas, a
Caixa Separadora de Água e Óleo Super-Flow, o Ampere - Reciclador de água
para ambientes de lavagem automotiva, e uma maquete da Estação de Trata-
mento de Esgotos modular oferecida pela empresa.

Atlas Copco | Soprador 30%


mais eficiente

Agru | Estoque em novas Os dirigentes da Atlas Copco atestam que o


sedes nacionais “seu soprador parafuso ZS, isento de óleo e
com a tecnologia VSD (Variable Speed Drive –
Acionamento de Velocidade Variável), prepara-
do para trabalhar com inversor, com variação
de vazão superior a 60% proporcionou econo-
mia de energia superior ao esperado”. A novidade será apresentada em seu estande
na Fenasan. Indústrias que usam sopradores de ar para seus processos se beneficiam
da eficiência energética dos sopradores de ar rotativos de parafuso, especialmente
A empresa austríaca AGRU, fabrican- aquelas que operam estações de tratamento de águas residuais, onde sopradores
te de conexões e tubos em PEAD para de ar utilizados para aeração geralmente representam até 70 por cento do total dos
termo e eletrofusão de 20 até 2500 mi- custos de energia elétrica.
límetros de diâmetro, em parceria com
a alemã HürnerSchweisstechnik, fabri-
cante de máquinas de solda, estarão Diehl Metering | Medidor de
presentes à Fenasan e reafirmam que água com princípio ultrassônico
seus estoques recentemente inaugura-
dos em Barueri-SP e Rio de Janeiro-RJ, Um novo medidor de água (Hydrus) com princípio ultrassônico de me-
estão completos para atender a dição, será apresentado na Fenasan, pela empresa Diehl Metering,
demanda do mercado em seus diversos tamanhos. “O medidor é desprovido de partes
nacional. móveis e dotado de tecnologia para medição remota embutida
(radiofrequência, saída pulsada em modo NPN ou via protocolo
Mbus) e tem bateria com vida útil de até 16 anos, que garantem
a medição precisa com estabilidade em longo prazo”, afirma a em-
presa. Na edição de 2015, a indústria ainda demonstrará “soluções em
tecnologia para medição de alta precisão de água, de energia térmica,
gás e eletricidade, com promoção de diversas ações em seu estande’.

46 saneas Abril a Julho de 2015


Vibropac | Unidade Combinada Compacta

Para atender a demanda de trata- Talis | Qualificação para a


mento de efluentes, a expositora válvulas de fluxo anular
da Fenasan, Vibropac, utilizando-se
de tecnologia italiana, desenvolveu O grupo europeu TALIS, com matriz na Alemanha, mar-
uma Unidade Combinada de Pré cará presença na Fenasan, trazendo sua linha de vál-
Tramento de Efluentes para aplica- vulas e conexões. No Brasil, o seu distribuidor oficial é
ções industriais e para condomínios. a empresa Angolini, situada em Santa Bárbara D’Oeste.
De acordo com a empresa, “o atra- Dentre as marcas do grupo Talis, se sobressaem no Brasil
tivo desta Unidade está na significativa economia de espaço (o seu tamanho os produtos da alemã Erhard e da francesa Bayard, que
é relativo a um furgão)”. A empresa também se preocupa com o valor e a produz válvulas de controle de grandes diâmetros, sen-
redução de odores, na aplicação de seu produto, que “realiza a retirada de do que seu range de produção é DN40 a 1.000mm. De
sólidos, areias e gorduras dos efluentes, notadamente em abatedouros, indús- acordo com o seu representante, “a Erhard, no início de
trias químicas, de produtos de higiene e limpeza, entre outras, deixando a água 2015, recebeu a visita do inspetor da Sabesp em sua fá-
pronta para ser tratada quimicamente”. brica para criterioso acompanhamento dos controles de
qualidade e testes realizados nas vál-
vulas de fluxo anular (foto). A vi-
AVK | Válvula gaveta sita de qualificação foi concluída
cunha emborrachada com êxito através da aprovação
oficial da Sabesp e emissão do
A expositora da Fenasan, AVK ACT (Atestado de Conformidade
Válvulas do Brasil, fabricante e Técnica) da Erhard”.
fornecedor de válvulas gaveta, válvulas
de retenção, comportas em inox e válvulas de
guilhotina para aplicação em água e esgoto, está com o
seu foco, nesta edição, nas suas “válvulas gaveta cunha embor-
rachada DN 50 a 800 mm e as grandes válvulas gaveta cunha
metálica, nos DN 600 a 1800 mm”. De acordo com a empresa,
ela também “inova e moderniza o mercado de comportas em
aço inox, com fabricação ultramoderna, processos robóticos em
corte e solda e a tecnologia empregada na estanquei-
dade 100%”.

Koch | Sistemas de membranas

A Koch Membrane Systems desenvolve e fabrica produtos e sistemas de


membranas para tratamento de efluentes, água potável, água de reuso,
tratamento terciário, pré-tratamento para sistemas de osmose reversa en-
tre outros. Durante a Fenasan, apresentará seus Sistemas Compactos para
tratamento de Água Potável com elevada turbidez e alto teor de sólidos
suspensos; Módulos submersos de membranas poliméricas e Membranas
de UF TARGA™II , que, de acordo com a empresa, “oferece soluções de alta
qualidade para água potável, pré-tratamento para água do mar e tratamento
de água de processo com baixa concentração de sólidos suspensos”.

Essas notas institucionais foram selecionadas, mediante a utilidade de informação,


qualidade de imagem em alta definição e envio antes do fechamento editorial desta edição. Abril a Julho de 2015 saneas 47
vivências

Para Andrigo Demetrio:


“Sem vontade,
o todo é
metade!”
N
a Sabesp , desde 2009, o Ges- los e demais instituições beneficentes. Veja
tor no Departamento de Ser- a sua entrevista concedida à Saneas:
viços e Segurança Patrimonial Saneas: O que o motivou a atuar em tra-
- CPS, na Unidade da Costa balhos voluntários?
Carvalho, eng. Andrigo Demetrio, tem a Andrigo Demetrio: O voluntariado é algo
responsabilidade voltada a setores de segu- que está no íntimo de cada um de nós, mas
rança, vigilância, recepção, limpeza, jardi- na vida cotidiana voltamos nossa atenção
nagem, coleta de resíduos, bebidas quen- ao cumprimento de metas profis-
tes, manutenção predial, condicionamento sionais e das responsabilida-
de ar, elevadores, malote e correios, esta- des na família, e deixamos
cionamento, controle de acesso, reformas e esta vontade de ajudar
ampliações; além de elaborar projetos, ter- um tanto adormecida.
mos de referência e especificações técnicas Invariavelmente, com
para contratação; fiscalizar obras; compor este adormecimen-
equipe técnica em comissões de licitação; to, tomamos uma
avaliar propostas técnicas e comerciais e postura de coadju-
coordenar grupo de Responsabilidade So-
cioambiental.
Mas embora ele ainda seja facilitador de
Programa de Voluntariado Empresarial, na
Sabesp, a sua atuação fora da empresa é
o foco dessa sessão “Vivências”, que apre-
senta este jovem engenheiro formado pela
Universidade Federal de São Carlos, com
mestrado em Construção Civil/Conforto
Ambiental (UFSCAR) e especialista em Ges-
tão Pública, pela Universidade Mogi das
Cruzes, como um agente transformador de
vidas, ao se transmutar em um palhaço vo-
luntário em visitas a hospitais, creches, asi-

48 saneas Abril a Julho de 2015


vante dentro do qual não reconhecemos versa com o olhar - fala, ouve, entende e afa-
nosso poder de realizar e transformar,
delegando tais funções ao coletivo - esta-
ga apenas com os olhos. O palhaço pode ser
assim sem receio pois seu “Nariz Vermelho”
1
do, governo, empresas, instituições. Mas lhe permite, e ele se torna, nos hospitais, um
quando colocamos em nossas prioridades ser confiável, amigo, atencioso e que ameni-
e práticas de vida no voluntariado, assumi- za os dramas vividos.
mos o papel de Protagonistas e descobri-
mos que podemos transformar e melhorar Saneas: Como o senhor consegue unir
a realidade ao usar nosso tempo, nossa sua dedicação voluntária junto com o
vontade e nossas habilidades. Em resumo, exercício da engenharia em sua vida?
a “vontade de fazer melhor” foi meu mo- Andrigo Demetrio: Há uma frase que eu
tivo para iniciar neste trabalho. digo sempre: Sem vontade, o todo é meta-

2
de! Se há a vontade de ajudar e melhorar,
Saneas: O que é necessário para se reali- criam-se formas de conseguir a despeito das
zar um bom trabalho voluntário? dificuldades que sempre existirão.
Andrigo Demetrio: Para o voluntariado,
assim como noutras atividades, buscar qua- Saneas: Qual é a importância pessoal
lificação e capacitação é importante pois as que essas duas escolhas tiveram em seu
chances de ser efetivo no seu propósito são desenvolvimento humano?
maiores, e foi por isso que procurei a ONG Andrigo Demetrio: A engenharia para mim
Canto Cidadão que, assim como outras se- é “concretizar”, acho lindo o começo com
melhantes, possuem grande conhecimento uma idéia, todo o caminho da elaboração e
acumulado com experiências em hospitais. a finalização da obra ou serviço terminado.
Sou crítico de algumas práticas atuais da
Saneas: E qual foi o motivo da sua esco-
lha em assumir a função de palhaço?
engenharia e construção no Brasil, mas isso
não muda a beleza de construir, de dar fun- 3
Andrigo Demetrio: É algo que sem- ção para as coisas e conforto para as pesso-
pre me emocionou. O “Palhaço” as. Eu poderia escrever durante horas sobre
é um ser sem preconceitos, sem as belezas que a engenharia nos permite rea-
zona de conforto, sem medo. lizar e muitos diriam que sou sonhador, mas
É um ser que aceita e busca o eu digo que “as possibilidades são reais e se
que há de mais ridículo em si a aplicação é equivocada, é outra história”.
mesmo e ressalta este ridículo Já o “ser Palhaço” penso que seja escolha
para rir e fazer rir. E ao fazer apenas no início da jornada. Depois que eu
isso o palhaço ridiculariza o fiz os primeiros cursos, conheci a história
ridículo e a “barriguinha”, e os estudos por trás deste ser, não conse-
o “pé torto”, a”orelha guiria mais olhar o mundo e as pessoas da
pontuda”, o “cabelo des- mesma forma. Recomendo a qualquer pes-
sarumado”, “os óculos”, soa que tente fazer um curso de Palhaço
a “voz esganiçada”, toda (ou clown como é comumente anunciado).
e qualquer característica Nos cursos que fiz, presenciei pessoas tra-
antes entendida como de- balhando a timidez, aceitando seus erros,
feito, torna-se parte aceita eliminando traumas gigantescos, mudando
e exposta do ser. Em rela- completamente a forma de ver e viver. Eu
ção aos outros, o palhaço é escolhi conhecer, mas depois que surgiram
atento e detalhista. Ele con- meus palhaços (Dr. Biscoito, nos hospitais, e

Abril a Julho de 2015 saneas 49


vivências

Ambrósio, em asilos e creches) nunca mais me deixarão. São tal- é real, verdadeiro, sincero, ganho o mesmo de volta. Se o
vez a melhor parte de mim. abraço é distante, frio, com medo “do que vão pensar”, eu
não cumprirei minha tarefa nem receberei nada proveitoso
Saneas: Em sua concepção, existem pontos de ligação nas por ela. Ah, um dos valores mais importantes e que me mar-
trajetórias de um voluntário palhaço e de um técnico enge- cou no início é o “ser referência”. O palhaço pode ser a única
nheiro? referência de amor a um adulto, de carinho a um idoso, de
Andrigo Demetrio: Pontos não! Existem caminhos inteiros! To- alegria e “não-violência” a uma criança, e ao ser referência o
dos são partes de um único ser. O palhaço é naturalmente deta- Palhaço pode mostrar novas possibilidades.
lhista e atento, características importantes a um bom engenheiro. Nos hospitais, reconhecemos que o papel mais importan-
O engenheiro para desempenhar adequadamente seu trabalho te é dos médicos, enfermeiros e cuidadores. E que o foco
aplica normas, padrões e códigos, e da mesma forma o palhaço dos atendimentos é o paciente. Aí entra a humildade! Saímos
tem seu Código de Ética, suas normas, e mesmo quando busca quando o médico solicita, não entramos no quarto se o pa-
provocar ele reconhece os limites e padrões das pessoas com as ciente não desejar. Se em algum momento somos rejeitados,
quais interage. O Palhaço nunca ignora uma resposta, ele recebe aceitamos e seguimos.
e devolve transformando a realidade, ou seja, ele vê com cuidado
cada pessoa e saberá agir de forma única com cada um em cada Saneas: Quem quiser conhecer de perto esse trabalhp, como
situação. Certamente muitos gestores e líderes buscam isso du- deve acessar este caminho?
rante toda sua vida profissional. Andrigo Demetrio: O caminho mais fácil atualmente é iniciado
pela internet. Uma simples pesquisa colocando o tipo de trabalho
Saneas: Gostaríamos que o senhor falasse sobre a recom- resultará numa variedade de instituições, cada uma com sua iden-
pensa e os valores transmitidos pelo seu tipo de trabalho tidade, público alvo específico e área de atuação. Depois disso,
voluntário. bastará entrar em contato e decidir qual se alinha com os objeti-
Andrigo Demetrio: Uma das práticas mais comuns para o vos da pessoa. Algumas instituições, eu diria que as mais sérias,
palhaço é o abraço, e ele por si explica a recompensa. Se eu têm um forte treinamento para capacitação dos voluntários. Não
dou um abraço, eu ganho ao mesmo tempo. Se meu abraço é fácil, mas vale muito!

50 saneas Abril a Julho de 2015


Abril a Julho de 2015 saneas 51
ÉT I G R E
A O B R A.
PRA TOD
A TIGRE tem um sistema de tubos de
polietileno que garante mais flexibilidade
nos projetos de redes de água e esgoto.
As conexões de compressão e eletrofusão
são a solução ideal, de fácil instalação e
adaptáveis a todo projeto. Use sempre a
linha TIGRE, sua garantia de qualidade pra
toda obra.

• Linha completa
• Alta resistência química
• Fácil manutenção

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