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26º Congresso
Técnico AESabesp
Fenasan 2015:
O maior evento
do setor
na américa
latina.
Matéria tema
A necessidade de
se reduzir perdas
N
Engenheiros da Sabesp
Tiragem: 10.000 exemplares esta edição da Revista Saneas, que circulará a partir
Diretoria Executiva do Encontro Técnico e Fenasan 2015, abordaremos,
Presidente: Reynaldo Eduardo Young Ribeiro
Vice-presidente: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges com bastante propriedade, um dos temas mais im-
1º Secretário: João Augusto Poeta
2º Secretário: Aram Kemechiam portantes para o enfrentamento da atual crise hídri-
1º Diretor Financeiro: Walter Antonio Orsatti
2º Diretor Financeiro: Nelson Cesar Menetti
ca: a gestão e o controle de perdas de água com ênfase não só no
Diretoria Adjunta
Estado de São Paulo, mas também a partir de uma visão nacional
Cultural: Sonia Maria Nogueira e Silva e globalizada de ações operacionais bem sucedidas e dos mais
Esportes: Evandro Nunes de Oliveira
Marketing: Paulo Ivan Morelli Franceschi modernos recursos tecnológicos disponíveis.
Polos: Antônio Carlos Gianotti
Projetos Socioambientais: Maria Aparecida Silva de Paula
Social: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges
Técnica: Olavo Alberto Prates Sachs Especialistas desta importante atividade técnica do saneamento, entre
Conselho Deliberativo os quais estão conceituados profissionais da Sabesp, relatam as ações
Antonio Carlos Gianotti, Benemar Movikawa Tarifa, Carlos
Alberto de Carvalho, Cid Barbosa Lima Junior, Dejair José desenvolvidas pelas principais empresas do país, discorrendo sobre as
Zampieri, Evandro Nunes de Oliveira, Gilberto Alves Martins,
Iara Regina Soares Chao, Ivan Norberto Borghi, Luciomar tecnologias já utilizadas e em desenvolvimento não só naquela Com-
Santos Werneck, Maria Aparecida Silva de Paula, Paulo Ivan
Morelli Franceschi, Rodrigo Pereira de Mendonça, Rogélio Costa panhia mas em universidades e renomados institutos de pesquisa, bem
Chrispim e Sonia Maria Nogueira e Silva
como sobre a utilização de metodologias, equipamentos e instrumentos,
Conselho Fiscal
Gilberto Margarido Bonifácio, Helieder Rosa Zanelli, além de toda uma nova postura técnica e político-social do setor.
Nelson Luiz Stabile
Jornalista Responsável
Maria Lúcia da Silva Andrade – MTb. 16081
Redação
Ednaldo Sandim e Lúcia Andrade
40
Fenasan 2015
Vale à pena conhecer o maior evento de tecnologia
em saneamento da AL
06 Diretoria
de Projetos
Socioambientais
Matéria Tema
Mais gente, menos água e a necessidade
Troféu AESabesp aos destaques
do Encontro Técnico e Fenasan
de se reduzir perdas
41
Ponto de vista 46
18 A inequação da falta d’água: solução pela via da
Gestão de Controle de Perdas
Por Mário Augusto Bággio
Artigos técnicos
23 Desafios na redução de perdas de água frente à
crise hídrica na região central de São Paulo
Vivências
Para Andrigo Demetrio:
“Sem vontade, o
29 Indicador de vulnerabilidade da infraestrutura todo é metade!”
- uma proposta para o diagnóstico e tomada de
decisões no combate às perdas reais 48
Ÿ Saídas digitais;
Ÿ Entradas digitais;
Ÿ Memoria de 8MB;
VT480/VT490
Ÿ Bateria ou alimentação externa;
SCORPION
Ÿ Modem GSM/GPRS;
Ÿ Canais de vazão;
Ÿ Datalogger interno;
Ÿ Modem GSM/GPRS;
Ÿ Modo de Operação: Fixa | Modulação por vazão | Tempo (semana / final de semana ) |
Controle de nível | Modulação por vazão/ponto crítico.
MONITORAMENTO REMOTO
Atuação em Valvulas
Fechamento e abertura remota de válvulas
Monitoramento de Nivel
Monitoramento de válvulas em tanques elevados
Redução de Pressão
VZ670 - VectoraSys Controle e monitoramento de pressão em válvulas redutoras de pressão
Mais gente,
menos água
e a necessidade de
se reduzir perdas
Perda de 2050. Mas, por outro lado, a 9 bilhões de NET, em relação ao Brasil, é
água tratada disponibilidade hídrica perma-
nece a mesma. A terra possui
habitantes o fornecido pelo Sistema Na-
cional de Informações sobre
a mesma quantidade de água na Terra. Saneamento (SNIS), ligado
que há milhões de anos! E ao Ministério das Cidades.
Brasil
cada vez menos em condição Segundo o órgão, o índice de
39% de ser tratada. perda em 2011 era de 38,8%.
Vale lembrar que no planeta Terra a água está Ainda segundo um dado mais atualizado do SNIS,
31% Vietnã distribuída da seguinte forma: 97,5% da disponi- referente a 2013, sobre as perdas de água tratada
bilidade da água do mundo estão nos oceanos, no Brasil, naquele ano, 37% da água tratada no
24% México ou seja, água salgada. E somente 2,5% de água país foi perdida.
doce, distribuídos da seguinte forma: 29,7% em Os estados do Sudeste e do Centro-Oeste estão
23% Rússia
aquíferos; 68,9% em calotas polares; 0,5% em abaixo da média nacional de perda de água tra-
rios e lagos e 0,9% em outros reservatórios (nu- tada, com índice de 33,4%. A região que tem
22% China
vens, vapor d’água etc.). esse tipo de desperdício mais acentuado é a Nor-
Estados te (50,8%), seguida por Nordeste (45%) e Sul
13% Unidos
“A dor de uma perda” (35,1%). Entre as capitais, a variação no índice de
7% Austrália Se a disponibilidade hídrica, a escassez e o consu- perdas é ampla, com a menor em Goiânia, com
mo elevado são preocupantes, as perdas de água 21,3%, e a maior em Macapá, 73,6%.
3% Japão
*Nota: o Japão não aparece na lista da IBNET, mas esta informação tem como fonte o site da própria Sabesp.
Bóia
Hidrômetro
Medidor de vazão
Rede Consumo
Decorrentes de irregularidades (fraudes e ligações clandestinas), as perdas não físicas (ou aparentes) podem, ainda, ser provenientes de
falhas no gerenciamento de cadastro comercial ou da submedição de hidrômetros.
Superfície
Copasa
Companhia de Saneamento de Minas Gerais
A Copasa, concessionária responsável pela operação da maior parte
do sistema de abastecimento de água e coleta de efluentes do es-
tado de Minas Gerais, atendendo a mais de 12 milhões de pessoas,
atualmente promove um grande esforço no combate às perdas de
água, melhoria do atendimento aos seus clientes e modernização
de suas operações, investindo em novas tecnologias e sistemas.
Sabesp
Companhia de Saneamento Básico do
Estado de São Paulo
A Sabesp é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tra-
tamento de esgotos de 364 municípios do Estado de São Paulo e
reconhecida como uma das maiores empresas de saneamento do
mundo em população atendida: são 28,2 milhões de pessoas abas-
tecidas com água e 22,1 milhões de pessoas com coleta de esgotos.
Entregue às permissionárias
7,14
8,54% Água
Faturada
Micromedido 54,03
46,89 64,59%
56,05%
Perda Submedição
Produto Aparente 3,66
Perda
S.Isolado 8,22 4,37%
24,27
1,31 9,82%
29,01%
1,56% Fraudes
e Falhas
comerciais
4,56
5,45%
Com relação aos esforços para a redução das perdas, é importante Ações de combate às perdas reais:
considerar que essa questão está fortemente relacionada, no primeiro ■■ Renovação de ativos: substituição de redes e ramais de forma crite-
momento, a ações de gestão de pressão e renovação de ativos; mas a riosa, por implicar em altos investimentos, priorizando os trechos de
manutenção e até o incremento dos ganhos inicialmente alcançados maior incidência de vazamentos e com maior idade;
por estas ações dependem da adequada gestão do sistema de abaste- ■■ Gestão da pressão: através da definição das intervenções neces-
cimento. Assim, as ações de implantação de setorização e de criação sárias nos sistemas de abastecimento, visando manter a continui-
de áreas de controle menores (denominadas Distritos de Medição e dade do abastecimento (pressão dinâmica mínima de 10 m.c.a.),
Controle ou DMCs), onde o monitoramento da vazão possa indicar diminuindo as perdas através da diminuição da pressão média do
possíveis vazamentos a serem sanados, aliada à tomada de decisões sistema, já que a vazão dos vazamentos está relacionada com essa
de forma imediata, embasadas na análise diária desse monitoramento, pressão média. A definição das intervenções necessárias (criação de
é uma tendência que se verifica mundialmente. O nível de monito- novos setores, implantação de VRPs, substituição de trechos com
ramento dos sistemas de abastecimento tem crescido sensivelmente, alta perda de carga) foi feita através da modelagem hidráulica dos
gerando dados periódicos sobre vazão e pressão que, analisados de setores estudados.
forma correta, permitem a intervenção mais rápida e eficaz na causa ■■ Melhoria na gestão operacional dos setores, com a criação dos
das perdas. Assim, o fundamental para reduzir de forma consistente as DMCs, possibilitando o monitoramento online da vazão mínima
perdas é muito mais do que a aplicação de novas tecnologias. Trata- noturna da área e a análise diária da necessidade de realização de
-se, na verdade, de utilizar as tecnologias já existentes, ficando sob a ações de combate às perdas (pesquisa ativa de vazamentos e exe-
responsabilidade da análise eficiente dos dados obtidos e da tomada cução de seus reparos).
de decisão ágil do gestor do sistema o sucesso na redução de perdas. ■■ Troca de ramais ao invés de reparo dos ramais com vazamento, tendo
Como exemplo de desenvolvimento tecnológico em curso, pode-se em vista a alta quantidade de ocorrência de vazamentos em ramais;
citar a iniciativa em andamento do estudo e criação de um banco de da- ■■ Pesquisa ativa de vazamentos, através de tecnologias acústicas de
dos de ruídos relacionados a vazamentos de diversos tamanhos, em re- pesquisa de vazamentos não visíveis.
des de materiais diversos, submetidas a diferentes pressões e instaladas Ações de combate às perdas aparentes:
a diferentes profundidades, de forma que os equipamentos atualmente ■■ Substituição de hidrômetros, de acordo com a análise de necessida-
utilizados para a identificação acústica desses vazamentos dependam de feita a partir dos dados de idade e adequação do hidrômetro ao
menos da capacidade de distinção dos ruídos de seu operador. perfil de consumo da ligação;
O Programa de Redução de Perdas foi estruturado a partir da de- ■■ Atualização do cadastro comercial, de forma a evitar a aplicação
finição das ações capazes de combater as perdas reais e aparentes, das regras tarifárias de forma inadequada, implicando em perdas
listadas a seguir, e considerando um incremento significativo nas de faturamento devido ao cadastro errôneo da categoria de consu-
quantidades de execução dessas ações, considerando-se que as quan- mo ou do número de economias, por exemplo;
tidades historicamente feitas pela Sabesp, nos últimos anos, têm sido ■■ Inspeção em ligações com indícios de irregularidade, identificados
suficientes somente para evitar que as perdas aumentam, sem reduzi- através da análise do comportamento do histórico do consumo me-
-las significativamente. dido, e posterior regularização das ligações onde a irregularidade
for constatada, com a instalação de UMA (Unidade de Medição de
Água padronizada), de forma a dificultar futuras ocorrências;
■■ Inspeção em ligações inativas, com o objetivo de identificar abas-
tecimento irregular de consumidores cadastrados como inativos no
sistema comercial, bem como identificar possíveis ocorrências de
vazamentos em ligações inativas, nas quais a supressão física da
ligação tenha sido feita de forma inadequada.
Desde janeiro de 2014, quando a crise hídrica na RMSP se intensifi-
cou, a Sabesp também intensificou as ações de combate às irregulari-
dades, já que a ocorrência destas tende a aumentar em períodos em
que a diminuição do consumo é incentivada - através da concessão
de bônus tarifário por diminuição de consumo, ou da aplicação de
multas, por aumento de consumo.
Automação: inteligência
aplicada ao saneamento
A tecnologia da automação está presente nas várias etapas do
saneamento, partindo da medição das variáveis de interesse: nível,
vazão, pressão, turbidez, entre outras, passando pelo processa-
mento dos dados para a geração de informações úteis à operação
VRPs e à manutenção, até chegar à produção, fornecendo uma visão
analítica integrada que permite a tomada assertiva de decisão.
As válvulas redutoras de pressão (VRPs) são utilizadas em sis- No que diz respeito à redução de perdas físicas, a automação
temas de distribuição de água com o objetivo de uniformizar possibilita conhecer o comportamento do sistema em tempo real
e controlar a pressão através da divisão da rede em zonas e também estabelecer um banco de dados, permitindo ações fo-
definidas por patamares de pressão de acordo com a sua cadas nas características do sistema e tomadas de decisão mais
topografia. rápidas pelo gestor.
Na RMSP o controle de pressão na rede foi intensificado a Na Sabesp e no setor de saneamento a automação auxilia na
partir do ano de 1996. O crescimento na implantação de gestão dos processos de adução, reservação e distribuição de água,
VRPs acompanhou o crescimento vegetativo da cidade. evitando extravazamentos e transientes hidráulicos nas estações de
bombeamento (boosters) onde a utilização de conversores de fre-
Ano de instalação quência e CLPs (Controladores Lógicos Programáveis) possibilitam
a modulação da pressão de recalque de acordo com o consumo ao
anteriores a 1998 127 9%
longo do dia, evitando a ocorrência de sobrepressões no período
de 1998 a 2000 253 18%
noturno. A utilização de controladores eletrônicos associados às
de 2001 a 2005 376 27% válvulas redutoras de pressão torna possível estabelecer uma efi-
de 2006 a 2010 521 37% ciente modulação da pressão nas redes de distribuição ao longo
do dia, disponibilizando a pressão adequada para cada ponto da
de 2011 a 2015 134 9%
curva de consumo de uma área, esta modulação de pressão é um
Total 1411 100%
dos instrumentos mais importantes na redução das perdas físicas.
“redução das
do Departamento
de Controle de
Perdase Planejamento
Operacional – ROP,na
RO, é graduado em
perdas deve
Engenharia Civil, pela
Universidade Mackenzie,
com especialização em
Engenharia Sanitária
Industrial, pela FAAP,
e pós-graduação em
C
om uma sólida carreira construída no se- Saneas: Em que estágio está o Programa de Re-
tor de saneamento, como engenheiro da dução de Perdas nas Unidades de Negócios da
Sabesp desde 1979, o gerente do Depar- Sabesp, no Interior e Litoral?
tamento de Controle de Perdas e Planeja- Soutto Mayor: O trabalho de redução das perdas de
mento Operacional - ROP, integrado à Diretoria de Sis- água é um processo contínuo e permanente. Deve ser
temas Regionais da Sabesp, Maurício Soutto Mayor Jr., uma cultura. A Diretoria de Sistemas Regionais tem con-
concedeu à Revista Sâneas, uma entrevista abrangente seguido uma redução consistente. Embora possamos
sobre todos os conceiros, mecanismos e tecnologias considerar os números atuais mostrados pelos indicado-
utilizadas nos municípios operados pela empresa do res como razoáveis temos consciência de que é possível
litoral e interior de São Paulo. Essa valiosa colaboração impor uma maior redução. Importante destacar que te-
nos traz o levantamento dos aspectos muito interes- mos grandes diferenças ainda entre as diversas UNs, claro
Por
santes para uma eficaz gestão e controle de perdas, no que devido às suas características. Algumas já se encon-
Equipe Saneas
cenário de enfrentamento da crise hidrica. tram em nível de excelência mundial, com perdas totais
A inequação da falta
d’ água: solução pela
Por Mário
via da Gestão de
Augusto
Bággio
Controle de Perdas
O problema Sempre que a produção de água for inferior à de-
Diferentemente do que muito se comenta, a falta d’ manda, instaura-se a tão prejudicial falta d’ água, que
água decorre da análise da inequação abaixo: tanto assola os lares do mundo, nem sempre se garan-
tindo uma “ração” mínima de água, em detrimento
produção das recomendações da Organização Mundial da Saú-
<1
demanda de, que prescreve uma quantidade mínima de água
para atendimento a uma família padrão.
1
Ecovilas, por definição, deve ser um assentamento completo, de proporções humanamente manejáveis, que integre as atividades humanas no ambiente
natural sem degradação, e que sustente o desenvolvimento humano saudável de forma contínua e permanente. A Terra é um patrimônio que a humanidade
tem interesse em preservar.
Figura 1 - Olhar holístico significa atentar para a gestão dos recursos hídricos,
dos ativos de abastecimento e do uso domiciliar da água - Fonte: Bággio (2015)
disciplinadoras da matéria “uso racional da água em domicí- adotavam o modelo no Brasil, como a Belgo-Mineira, Sadia,
lio”, também deveria fazer parte da agenda. Acesita, se ofereceram para ceder pessoal técnico para ajudar
As três abordagens anteriores, para entendimento da inequa- no trabalho. Foi o esforço individual em apoio às causas cole-
ção da falta d’ água, podem ser analisadas e sintetizadas pelo tivas, norteador das ações da Câmara de Gestão da Crise de
fluxograma da Figura 1. Energia. Ouvido o experiente Falconi, com doutrina absorvida
A síntese a que se chega evidencia que a SABESP, igualmente a no Japão emergente, o governo interviu na equação de oferta
muitos operadores mundiais, vem atuando fortemente na melho- x procura de energia, solucionando o problema pela via da re-
ria da gestão de seus ativos, restando que Políticas Públicas (na- dução de 20% do consumo (o problema era o déficit de 20%
cionais, estaduais e municipais) adotem uma visão mais holística, na oferta). Evitamos o rodízio, pois a “boa vontade” do povo
pensando-se de maneira integrada em como melhorar a gestão brasileiro fez com que equilibrássemos a relação oferta x con-
de nossos recursos naturais e como fazer o consumidor adotar sumo, evitando-o.
práticas mais conservacionistas do precioso líquido. Passada mais de uma década, nos deparamos com problema
semelhante, quando a SABESP na RMSP, pela via do método ja-
As soluções metodológicas adotadas pela ponês, tem buscado o equilíbrio da inequação, atuando tanto no
Sabesp: O método Hoshin Kanri e método incentivo à redução do consumo quanto no Controle de Perdas,
iwa – International Water Association conclamando os gestores públicos a colaborarem com a preserva-
O método japonês de planejamento Hoshin Kanri, aplicado no ção ambiental.
Brasil desde os anos 80, aplicado em mais de 800 empresas População paulistana cooperando e SABESP implementando
brasileiras, já orientou o governo brasileiro em épocas de crise ostensivas Estratégias de Controle de Perdas tem garantido que
energética nos idos de 2001. Estávamos na iminência de adotar per capitas mínimos sejam assegurados, evitando-se o tão dano-
amplo racionamento, quando o governo brasileiro - se valendo so rodízio de abastecimento; racionalizar é melhor do que operar
de meu “mentor metodológico”, o professor Vicente Falco- sistema em regime de rodízio. Perante a opinião pública há uma
ni Campos, figura ímpar em práticas de gestão – ouvida sua crença que é fácil reduzir os índices de perdas. Subestima-se o
proposta, adotou o “GERENCIAMENTO PELAS DIRETRIZES2”, problema, havendo foco nos efeitos e não nas causas. O combate
que definiu metas de cortes por regiões, por distribuidoras de às causas passa obrigatoriamente pela definição de uma estraté-
energia e por usuários. À época, várias empresas brasileiras que gia, dividida em duas etapas:
2
Equivalente ao HOSHIN KANRI
estratégia formulada, a em polígonos menores,
recompensa por mérito, estado da arte proclama-
a capacitação, qualifi- do pela IWA, permitindo
cação, e certificação de que indicadores de perdas
mão de obra e ampla possam ser igualmente uti-
comunicação social são lizadas pela alta, média e
relevantes. Formulada a baixa administração. Signi-
estratégia, instaurado os fica dizer que o combate às
conceitos do PMBok, é perdas por setor e ou por
chegada a hora de exe- DMC (Distritos de Medição
cutá-la; e Controle), utiliza o mes-
■■ EXECUÇÃO DA ES- mo indicador, possibilitan-
TRATÉGIA DE ATA- do, com um único indica-
QUE: é sempre mais dor, controlar a distribuição
fácil formular uma es- do porte do da RMSP (Re-
tratégia do que executá- gião Metropolitana de São
-la. O Comitê orquestra Paulo).
as ações, através de um 2. Cada setor de abasteci-
PMO; lideranças são treinadas para adquirirem os conceitos de mento, quando de seu zoneamento de pressão, teve a implan-
“mentoring e coaching”; liderados - normalmente alheios às tação de VRPs (válvulas de redução de pressão) ou bombas com
Estratégias, por “exclusão social” provocada por maus líderes - inversores de frequência, possibilitando que se interviesse na
são treinados à exaustão; aprendem a agir de maneira padroni- pressão em casos de demanda reprimida, de perdas altas, de
zada, com auto-controle e solucionando anomalias; softwares problemas de qualidade dos serviços etc.
de gestão operacional são implantados; ampla comunicação de 3. Além dos setores, a SABESP vem implantando os DMC’s, per-
resultados idealizada; práticas de análise crítica sistematizada mitindo o controle de pequenos setores, atacando-se aqueles
em diversos níveis; centrais de controle implantadas; sistema de que se apresentam com maiores problemas (perda mais alta,
gestão avaliador das praticas implantado; método de solução maior incidência de vazamentos, maiores reclamações de falta
de problemas – MASP difundido e aplicado; meritocracia apli- d’água etc).
cada; enfim, ações de combate às perdas reais (fugas de água) 4. O rodízio tem sido evitado em São Paulo, lançando mão do
e aparentes (erros de medição e fraudes) executadas, à luz da gerenciamento de pressão, renovação de ativos, entre outras
metodologia da International Water Association - IWA. ações. Vale reforçar que sem setores de abastecimento tal ope-
ração não teria sido possível, o que teria condenado a popu- o PEAD, com menores probabilidades de ocorrência
lação paulistana ao tão nocivo método. Em situações de crise de vazamentos;
intensa, lança-se mão do rodízio; evita-lo, significa não contar 6.2.3. Caça aos vazamentos não visíveis, em muito maior
com a admissão de ar na distribuição, afetando a qualidade dos proporção que os vazamentos visíveis, detectando-
serviços e, principalmente, a qualidade do produto. -se vazamentos antecipadamente, reduzindo seus
5. Automação da distribuição também é algo em que há décadas ciclos de vida, melhorando a qualidade do abaste-
a empresa vem investindo, possibilitando a extensão do contro- cimento;
le automático central ao processo de distribuição, nos moldes 6.2.4. Sistema de informações geo-referenciado (sistema
daquele existente desde a década de 80, de controle automáti- SIGNOS), uma das maiores ferramentas em apoio
co do processo de produção de água. ao processo decisório de projetos, obras, operação e
6. Do ponto de vista tecnológico, podemos citar ainda as seguin- manutenção de sistemas de abastecimento de água.
tes ações da Sabesp:
6.1. Combate às perdas aparentes: Lições aprendidas
6.1.1. Melhoria considerável na margem de erro dos ma- Os hábitos de consumo do mercado consumidor precisam mu-
cromedidores, partindo da premissa que só se con- dar. Significa dizer que precisaremos reaprender a usar a água no
trola o que se mede; banho, no preparo dos alimentos, na irrigação de nossos jardins,
6.1.2. Automação da leitura dos grandes consumidores, na higiene pessoal, no uso comercial, no uso industrial. Reusar
permitindo melhor controle dos clientes 20/80, visto a água, em momentos de domínio tecnológico da ultrafiltração,
que poucos clientes muito consomem na RMSP; nanofiltração, osmose reversa, etc, é imperioso. Aproveitar a água
6.1.3. Utilização da melhor alternativa de micromedição, de chuva também é vital. Os fabricantes de equipamentos de me-
adotando rigoroso controle da qualidade de mate- dição e controle deverão ofertar produtos mais eficientes; novas
riais e equipamentos; tecnologias de produção e distribuição de água, notadamente
6.1.4. Adoção de equipamentos de medição e contro- de distribuição, precisam chegar ao mercado; equipamentos do-
le mais eficientes, notadamente a smart metering, mésticos também precisam ser inovadores, ofertando ao mercado
AMR/AMI, automação, etc. aparelhos hidro-sanitários economizadores.
6.2. Combate às perdas reais: Por fim, que após essa crise não fique pedra sobre pedra, quan-
6.2.1. Remanejamento de redes por métodos não destru- do teremos a certeza de que saímos melhor dela do que entramos,
tivos, evitando-se vazamentos fruto de fadiga de principalmente para nós brasileiros que via de regra aprendemos
materiais; pela dor. Que governos, operadores e cidadãos, todos, tenhamos
6.2.2. Uso de novas tecnologias de distribuição, notada- mais consciência: o planeta Terra agradece. Preservar para ser sus-
mente novos materiais de redes e ramais, entre eles tentável é preciso. Viver é preciso.
N
Eng. Paulo
Rogério Palo o último ano muito tem se comentado dia, numa área de tráfego intenso, onde boa parte das obras
sobre a crise hídrica que afeta São Paulo, precisa ser realizada através de métodos não destrutivos ou
alguns Estados do Brasil e também outros em horários de menor movimentação, como os períodos no-
países. Entretanto, as variáveis globais e turnos e finais de semana, requerendo as devidas autorizações
locais que se interagem, tornam esta crise mais crítica dos órgãos competentes, que muitas vezes são morosas.
ainda. Porém, é importante perceber que, há ganhos de Em termos de redução de perdas, a MC, assim como
300
200
mo e diversos perfis, destacam-se as
20
ações de combate a irregularidades e
10
100 redução da imprecisão dos medidores.
Para coibir e identificar as irregulari-
0 0 dades, a MC conta com uma unidade
21/05/13 09:30
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tempo
Pressão de Montante Pressão de Jusante Vazão
Figura 2: Dados da VRP Silveira
da Mota com saída fixa.
300
Vazão
(m³/h)
40
250
30
radas as denúncias de clientes externos e as denúncias
200
150
internas repassadas pelas diversas áreas da Sabesp. É
20
100
importante ressaltar que, o furto de água é crime e tem
10
50
pena prevista em lei. A Sabesp possui convênio com o
0
0
Disque-Denúncia, cuja chamada é gratuita através do
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00:00
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telefone 181 e não exige a identificação de quem te-
lefona. Toda esta prática de “Gestão de Imóveis com
Tempo
Vazão (m³/h)
500
hídricos devido à falta de chuvas e altas temperatu-
ras, que demandou ainda mais ações de redução de
400
perdas de água, sendo necessário otimizar os recursos
Vazão
(m³/h)
período em que as atividades econômicas de fevereiro/15), boa parte das trocas pre- dição, é uma prática contínua na MC, foi
praticamente cessam e a maioria dos clien- ventivas de hidrômetros passou a dar resul- necessário rever toda a estratégia de troca
tes está dormindo e não sente a redução de tado negativo e um dilema recaiu sobre a de hidrômetros da Unidade de Negócio.
pressão, principalmente se possuir uma cai- gestão do parque de hidrômetros: trocar Optou-se então por reduzir a quantidade
xa d´água suficiente para o consumo de 24h ou não trocar hidrômetros preventivamen- de trocas de hidrômetros, mas se criando
em seu imóvel. Com esta redução maior da te? Manter o atual parque e só realizar novos critérios na geração de demandas
pressão, diminui-se ainda mais a vazão per- trocas corretivas? Ou buscar novas tecnolo- para trocas preventivas, buscando-se melho-
dida através dos vazamentos já existentes e gias mais precisas para consumos mais bai- res potenciais de resultados, ou seja, buscar
evita-se o surgimento de novos. xos, mas com custo até 8 vezes maior que o ABC da Curva ABC de trocas de hidrôme-
Foram também intensificadas as pesqui- a tecnologia velocimétrica convencional, tros, além do uso da tecnologia mais ade-
sas de vazamentos não visíveis, tanto com o num cenário de redução de faturamento e quada ao cenário de redução de consumo,
aumento das equipes bem como o número necessidade de redução de despesas? conforme Figura 6, como a aplicação de hi-
de varreduras nas áreas mais críticas, além da drômetros volumétricos anti-irregularidades,
diminuição do tempo de reparo destes vaza- Estratégias para intensificar eletromagnéticos e ultrassônicos em clientes
mentos, bem como os vazamentos visíveis. a redução de perdas frente à com maior consumo e/ou trocas com poten-
Em termos de perdas aparentes, a crise crise hídrica ciais de mudança de faixa de consumo.
hídrica também afetou significativamente Considerando que, a MC se caracteriza É importante ressaltar que, além da
o desenvolvimento e resultado das ações, pela diversidade de clientes, onde os clien- mudança na estratégia das trocas de
devido à aplicação de bônus nas contas dos tes com hidrômetros de grande capaci- hidrômetros, foi necessário também in-
clientes que economizassem água e dimi- dade representam apenas 1,8% do total, tensificar as vistorias de combate a irre-
nuíssem seus consumos. A partir de feverei- mas mensuram 49% do volume e 34% do gularidades, através de uma atuação di-
ro/14, a Sabesp passou a conceder um bô- faturamento, sendo também responsável ferenciada nas categorias mais suscetíveis
nus de 30% na conta de água para aqueles por parcela significativa do faturamento a fraudes, bem como ampliar a divulga-
clientes que reduzissem pelo menos 20% do de toda a Sabesp; que 97% do parque são ção das atuações nos diversos meios de
seu consumo em relação à média consumida hidrômetros velocimétricos; e que a ges- comunicação, como telejornais e jornais
entre os meses de fevereiro/13 a janeiro/14. tão do parque de hidrômetros com susten- impressos, contribuindo para sensibiliza-
Essa economia por parte dos clientes tabilidade, pela busca da acurácia na me- ção da população em geral.
refletiu significativamente na redução
da queda do nível dos reservatórios, mas
também implicou em consumos abaixo
das faixas de maior precisão dos hidrôme-
tros, aumentando as perdas aparentes por
imprecisão dos hidrômetros.
A isto se somou ainda o aumento da reser-
vação por parte dos clientes devido à dimi-
nuição da pressão no sistema de distribuição,
principalmente os clientes que precisam da
água para suas atividades comerciais como
restaurantes, salões de beleza, lavanderias,
etc., bem como o aumento da incidência de
irregularidades, pois o bônus acaba incen-
tivando de certa forma os fraudadores que
agem de má fé.
Desta forma, com redução do consumo
dos clientes e redução do faturamento de-
vido à aplicação de bônus e ônus (a partir Figura 6: Tecnologias disponíveis de hidrômetros em função do valor agregado.
Perspectivas de resultados com consumos menores, e para os clientes com consumos maio-
Os resultados da gestão do parque de hidrômetros apresentam res, a tecnologia a ser utilizada deva estar mais adequada ao seu
perspectivas de melhorias, oriundos do aprendizado das múltiplas perfil de consumo, conforme prévia análise custo x benefício do
variáveis no cenário de crise hídrica. Com a mudança da estratégia hidrômetro a ser instalado.
das trocas de hidrômetros, mesmo no cenário de bônus e redução Finalmente, tanto em termos de perdas reais como perdas apa-
de consumo, já há uma tendência de melhora e as trocas cujos rentes, percebeu-se a necessidade de reaprender com este pa-
ganhos antes eram negativos, já se têm mostrados positivos. São norama, priorizando ações rápidas para o momento crítico, mas
esperados, portanto, resultados mais favoráveis para 2015. também ações duradouras para o cenário pós-crise, e certamente
Da simulação hidráulica do setor Consolação, foram seleciona- o desenvolvimento dessas ações só será efetivo, se contar o apoio
dos os trechos mais críticos para troca de cerca de 90 km de redes da sociedade, fornecedores, e principalmente órgãos financiado-
e implantação de mais 7 VRPs no setor. Com a implantação destas res, viabilizando as ações de custo mais elevados.
obras e ações de apoio, através da simulação, é possível prever
uma redução de aproximadamente 270.000 m³/mês no volume Agradecimentos
perdido do setor. Agradecimentos especiais à equipe da Divisão de Controle de
Perdas e às demais unidades da MC pelas informações aqui
Conclusões e recomendações contidas, e ao Superintendente da Unidade de Negócio pelo
A crise hídrica exigiu de toda MC uma tomada rápida de deci- apoio e incentivo a busca de novas tecnologias e desenvolvi-
são e uma abordagem diferenciada nas estratégias de redução de mento profissional.
perdas, tanto reais como aparentes, trazendo novos desafios à já
árdua batalha de reduzir perdas na região central de São Paulo.
Para redução de perdas reais, a utilização da ferramenta da
simulação hidráulica trouxe vários benefícios, destacando-se
a investigação do comportamento operacional da distribuição
da água, sem a necessidade de intervenções físicas no setor de
abastecimento e no cotidiano da cidade. Com seus resultados, foi
possível estudar os efeitos das ações propostas em cada cenário,
e assim avaliar os trechos críticos, a redução de perdas reais, o
aumento da eficiência operacional, e ainda direcionar os recursos
humanos e financeiros, para o melhor resultado em termos de
análise custo x benefício.
Já para a redução de perdas aparentes, neste cenário de redu-
ção de consumo, foi necessário rever toda a estratégia de trocas
preventivas de hidrômetros da Unidade de Negócio. A experiência
mostrou que a troca preventiva de hidrômetro deve ser cada vez
mais seletiva e muito bem estudada, recomendando-se que o uso
da atual tecnologia velocimétrica fique mais restrita aos clientes
www.digitrol.com.br
saneamento@digitrol.com.br
L A B O R ATÓ R I O D E VA Z Ã O AC R E D I TA D O R B C
C E RT I F I C A D O N R 4 6 8
28 saneas Abril a Julho de 2015 AT E N D E N O R M A N B R / I S O / I E C 1 7 0 2 5
artigo técnico
Edison Garcia
da Silva Junior
Indicador de vulnerabilidade da
infraestrutura - uma proposta para o
diagnóstico e tomada de decisões no
Engenheiro Civil pela
Faculdade de Engenharia
Civil da Universidade
Santa Cecília. Tecnólogo
A
redução e controle de perdas de água nos ral, obtido de forma ponderada de acordo com o montante
Rodrigo sistemas de abastecimento é um grande de volumes perdidos teóricos, denominado IVu – Índice de
Chimenti Cabral
desafio para as empresas de saneamento Vulnerabilidade. O IVu, portanto, é obtido a partir dos in-
em todo o mundo, e tem assumido grande dicadores de rede e ramais, e permite a comparação entre
importância frente às condições cada vez mais desfavo- diversos sistemas, bem como a priorização de áreas para as
ráveis na relação oferta versus demanda de água. Uma ações de combate às Perdas Reais.
das principais ações neste sentido é a busca e reparo de
vazamentos, que tem caráter corretivo, e resulta na re- Bases de referência
Engenheiro Civil pela dução dos volumes perdidos sem, no entanto, garantir No início dos anos 2000, a IWA desenvolveu estudos e
Faculdade de Engenharia
da Universidade que estes não voltem a ocorrer, uma vez que variáveis consultas às diversas companhias de saneamento ao redor
Presbiteriana Mackenzie.
Pós-graduado em Gestão como as intervenções operacionais e as condições de do Mundo, inclusive na Sabesp, com o objetivo de definir
Ambiental e Negócios pressão associadas à qualidade da infraestrutura podem e padronizar indicadores de performance operacional dos
do Setor Energético
pelo Instituto de Energia ser desfavoráveis. Assim, além das medidas corretivas sistemas de distribuição de água, que pudessem ser utiliza-
e Eletrotécnica da
Universidade de São necessárias e amplamente difundidas nas empresas de dos por todos e permitissem, inclusive, a comparação entre
Paulo – IEE/USP. Atua
na Divisão de Controle saneamento, há que se pensar na melhoria da infraes- sistemas diversos.
de Perdas da Unidade trutura dos sistemas, seja com a redução das pressões, Dentre os indicadores criados, tem-se dois que medem
de Negócio Leste–MLEP/
SABESP, desde 2013. geralmente com a implantação de válvulas redutoras de as falhas de rede e ramais, denominados Op31 e Op32,
pressão, ou com a renovação das redes e ramais. expressos da seguinte forma:
Com o objetivo de colaborar com o diagnóstico, priori-
zação de áreas e proposição de ações de combate às per-
das através de ações estruturantes, apresenta-se aqui uma
proposta de indicadores de falhas de redes e ramais, que
correlacionam as quantidades de quebras com os valores de
referência da IWA - International Water Association. Estes
indicadores são adimensionais e expressam, de forma simi- Paralelamente à criação destes indicadores, estudos fo-
lar ao IVI–Índice de Vazamentos na Infraestrutura (ILI no for- ram realizados para se definir conceitos como o UARL –
mato inglês), a situação relativa dos sistemas de distribuição Unavoidable Annual Real Losses e o ILI – Infraestructure
de interesse com os valores considerados ideais. Leakage Index, que permitiam o cálculo dos volumes de
São três indicadores sendo um relativo às redes (IFr - Índi- perdas reais inevitáveis e a comparação das perdas reais de
ce de Falhas na Rede), um relativo aos conectores ou ramais determinado sistema a estes volumes inevitáveis, considera-
(IFc – Índice de Falhas nos Conectores) e um indicador ge- dos então como ideais.
No trabalho denominado “A Review of Performance Indicators medições de vazão de entrada dos sistemas, bem como das suas
for Real Losses from Water Supply Systems”, Lambert, Brown, pressões médias, dados muitas vezes não disponíveis. No caso do
Tazikawa e Weimer apresentam os valores de referência para o cálculo das Perdas Inevitáveis há também a necessidade de medi-
cálculo das perdas reais inevitáveis, considerando os vazamentos ção das pressões médias do sistema.
visíveis e não visíveis, tanto em redes quanto em ramais, com base Além do indicador IVI ou ILI, referente às perdas inevitáveis,
em determinados tempos de duração, conforme mostrado na Ta- tem-se também o FCI-Fator de Condição Infraestrutural, que re-
bela 1. laciona as Perdas Reais às Perdas Inerentes, que são os menores
Uma vez, portanto, calculada a Perda Real de determinado sis- valores de vazamentos, referentes apenas aqueles que não podem
tema, pode-se analisar o seu nível de importância, ou o seu grau ser detectados, ao menos pela tecnologia atualmente existente. A
de criticidade, comparando-a ao nível ideal preconizado pela IWA, obtenção do FCI é muito trabalhosa, e recomendada apenas para
para esta mesma área, denominado Perda Real Inevitável (UARL). pequenas áreas, pois exige o fechamento de todas as entradas
A expressão que permite o cálculo do indicador IVI-Índice de Vaza- dos consumidores, a pesquisa e execução de todos os vazamen-
mentos na Infraestrutura (ou seja o ILI), é a seguinte: tos detectáveis e a medição das vazões e pressões antes e depois
destas execuções, buscando garantir que as vazões mínimas re-
sultantes sejam relativas apenas aos vazamentos não detectáveis.
Da Tabela 1, considerando os vazamentos visíveis e não visíveis, Proposta dos novos indicadores
pode-se concluir, portanto, que são os seguintes os valores de re- Os indicadores aqui propostos, similarmente aos indicadores IVI e
ferência para os vazamentos de rede e de ramal, e que subsidiam FCI, buscam uma comparação dos valores existentes em determi-
o cálculo das Perdas Inevitáveis: nado sistema àqueles de referência, recomendados pela IWA. No
■■ Redes: 0,13 vazamentos/km por ano ou 13 vazamentos/100km entanto, de forma mais prática, utiliza-se os dados de vazamentos
por ano, com vazão unitária de 18m3/h (a 50mca de pressão); de rede e de ramais, mais facilmente disponíveis nas empresas de
■■ Ramais: 3 vazamentos/1000 ramais por ano, com vazão unitária distribuição de água, ao invés de volumes de perdas reais, inevi-
de 3,2 m3/h (a 50mca de pressão). táveis ou inerentes estimados em Balanço Hídrico. Pode-se então
O terceiro item da tabela se refere aos vazamentos internos dos considerar estes novos indicadores como base às análises de ações
clientes, e não entrariam no cálculo das perdas nos sistemas, uma de combate às perdas reais, como as pesquisas e execução de va-
vez que estão localizados, como no caso do nosso país, após a zamentos, mas principalmente às ações ditas estruturantes, como
micromedição, sendo considerados no Balanço Hídrico como vo- a renovação de redes e ramais, ou mesmo a proteção dos sistemas
lumes consumidos. quanto às pressões elevadas, como por exemplo com a utilização
Para a definição da Perda Real é necessária a elaboração do de válvulas redutoras de pressão.
Balanço Hídrico, onde são parcelados os diversos componentes Deve-se salientar que estes novos indicadores não substituem
dos volumes de entrada do sistema, inclusive as perdas. O Balan- os outros mencionados, que são muito relevantes no diagnóstico
ço Hídrico para a definição das Perdas Reais deveria, idealmente, dos sistemas, e trazem estimativas de volumes perdidos reais e
ser obtido pelo processo “botton-up”, onde são necessárias as ideais, assim como a relação entre eles, muito mais precisos, pois
Services Connections 2.25/1000 conns/yr. at 1.6 m3/ 0,75/1000 conns/yr. at 1.6 m3/
1.25 litres/conn /hr*
to Edge of Street hr* for 8 days duration hr* for 100 days duration
IVu ≤ 1 Ótimo
Similarmente ao IFr, o indicador IFc mostra a relação entre o Op32 10 < IVu ≤ 20 Ruim
obtido no sistema de interesse e o Op32 de referência da IWA, IVu ≥ 20 Péssimo
que é de 3 vazamentos/1000 ligações por ano.
A faixa considerada “Regular” foi assim classificada porque são
valores (entre 5 e 10) semelhantes aos dos Indicadores de Vaza-
mentos na Infraestrutura (IVI) da maioria dos setores de abasteci-
mento da Região Metropolitana de São Paulo.
IVu – Índice de Vulnerabilidade
Uma vez que a condição estrutural de um sistema se refere ao Obtenção dos dados necessários
conjunto formado pelas redes e ramais, houve necessidade de se As informações necessárias para o cálculo dos indicadores de de-
ter um indicador que ponderasse estes dois fatores. terminada área podem ser obtidas nos bancos de dados de ma-
Assim, de posse de indicadores de fragilidade de redes e ramais, nutenção, do sistema comercial e do cadastro técnico. Abaixo é
buscou-se consolidá-los em um terceiro, que levasse em conta o apresentado um fluxo do processo utilizado especificamente nes-
diferente peso de cada um deles, pois tanto as vazões de vaza- te estudo, onde foram utilizados os sistemas mencionados, um
mento quanto os tempos de duração, e as quantidades unitárias software de mapeamento de dados georreferenciados e planilhas
são distintos (conforme Tabela 1). eletrônicas.
Nas condições ideais, as redes e ramais têm os seguintes volu-
mes de perdas, considerando tanto os vazamentos visíveis quanto
os não visíveis:
■■ Redes: (12,4 vaz/100km.ano x 12 m3/h x 3 dias x 24 horas/
dia) + (0,6 vaz/100km.ano x 6 m3/h x 50 dias x 24 horas/dia) =
15.033,6 m3;
■■ Ramais: (2,25 vaz/1000 lig.ano x 1,6 m3/h x 8 dias x 24 horas/
dia) + (075 vaz/1000 lig.ano x 1,6 m3/h x 100 dias x 24 horas/
dia) = 3.571,2 m3;
■■ Redes e ramais: 15.033,6 m3 + 3.571,2 m3 = 18.604,80 m3.
Dos valores resultantes, tem-se que os de rede representam
81% dos totais, enquanto os de ramal representam 19%. Assim
pode-se consolidar os indicadores IFr e IFc de acordo com estes Figura 1: Fluxo de obtenção de dados e cálculo dos indicadores
pesos, definindo-se então o indicador IVu, da seguinte forma:
Ações estruturantes de combate infraestrutura, pode-se entender esta ação como de proteção
às perdas reais das redes e ramais, até que se possa obter os recursos necessá-
Além das ações de manutenção necessárias para a redução das Per- rios para as ações de renovação. A redução das pressões pode
das Reais, como a pesquisa e execução dos vazamentos, deve-se ser realizada com a implantação de válvulas redutoras de pres-
levar em conta que, dependendo das condições da infraestrutura são, obras de setorização (reduzindo a área de influência das
de redes e ramais, e de outros fatores agravantes, as falhas po- Zonas Altas) ou ainda com o ajuste das pressões de recalque de
dem voltar a ocorrer, gerando novos aumentos na incidência de boosteres e estações elevatórias.
vazamentos. A Figura 2, obtida de Lambert e Thornton, ilustra este A Figura 3 ilustra uma sugerida, e possível, definição de ações, de
fenômeno, relacionando o aumento de pressões com o aumento acordo com os quadrantes onde se localiza a correlação entre o
de falhas, tendo como agravantes: baixas temperaturas (fator não IVu e a pressão média da área.
aplicável em nosso país), movimentos de solo, tráfego pesado e
idade das tubulações. Poderia considerar também fatores relativos Figura 3: Divisão
à qualidade da infraestrutura, que não somente a idade e corrosão, sugerida para as
ações estruturantes
como a má condição de assentamento, a falta de ancoragens ade-
quadas ou mesmo a qualidade dos materiais empregados. Todos
estes fatores levariam, portanto, ao aumento das quebras, para
pressões cada vez mais baixas, de acordo com a sua composição.
Deve-se considerar que duas ações, denominadas aqui de estru-
turantes, poderiam ser tomadas, para a redução das falhas, ou ao
menos para uma maior proteção do sistema, que são:
■■ Renovação da infraestrutura: seria a substituição, ou mesmo a
reabilitação, das redes e ramais. Se tratam de obras de custo
elevado, mas que garantem uma melhoria geral do sistema,
reduzindo as falhas a níveis muito baixos. Na Figura 2 seria a eli-
minação de fatores negativos, o que permitiria então se operar Alguns indicadores calculados na área de
com pressões até maiores, sem risco de se atingir a faixa crítica atuação da companhia
de aumento de falhas; Os indicadores propostos podem ser úteis para a priorização
■■ Redução das pressões: seria a redução das pressões a níveis que de áreas, e proposta de ações, portanto, desde a pesquisa de
permitissem a redução dos índices de falhas. Neste caso deve-se vazamentos até as estruturantes como a renovação e redução
avaliar com muito critério a qualidade da infraestrutura, pois a de pressões. Para a priorização pode-se recorrer ao cálculo do
simples redução de pressão pode não ser entendida como uma IVu para diversas parcelas do sistema, como por exemplo: qua-
melhoria do sistema, mas apenas como uma ação paliativa. drículas de manobra, de coordenadas, microzonas de manobra,
Como os custos são relativamente menores que a renovação da núcleos com característica próprias de pressão, tipo de material
das redes, ou outras.
Como exemplo foram calculados os indi-
cadores IVu do Setor Derivação Vila Matilde,
da Unidade de Negócio Leste da Sabesp,
considerando quadriculas formadas por ei-
xos de coordenadas, obtidas do Sistema GIS
(Figura 4).
O Setor Derivação Vila Matilde possui IPDt
da ordem de 500 L/lig.dia, e o IVu médio foi
calculado em 13,4, considerado “Ruim”.
O mapa da Figura 4 indica as quadrículas
Figura 2: Relação da frequência onde a infraestrutura deve ser prioritaria-
de quebras com as pressões e
outras variáveis mente renovada ou protegida.
Figura 5: Localização
das áreas com redes
de PEAD 32mm
Tabela 3: Cálculo dos indicadores para núcleos com rede de PEAD 32mm
Vazamentos/ano Indicadores IWA Índice de Fragilidade
Área Extensão (m) Ligações (un) Op 32 IVu
Op 31 (vaz/100km.
Rede Ramais (vaz/1000lig. IFr IFc
ano) ano)
1 181,77 136 2,7 0,3 1.467,1 2,5 112,9 0,8 91,6
2 702,60 256 0,7 2,3 94,9 9,1 7,3 3,0 6,5
3 881,63 219 3,0 2,3 340,3 10,7 26,2 3,6 21,9
4 894,60 193 2,7 3,0 298,1 15,5 22,9 5,2 19,6
5 2.335,40 541 15,3 12,0 656,6 22,2 50,5 7,4 42,3
6 2.224,63 536 5,3 6,7 239,7 12,4 18,4 4,1 15,7
7 425,50 118 6,3 6,3 1.488,4 53,7 114,5 17,9 96,1
8 2.276,69 378 2,7 2,7 117,1 7,1 9,0 2,4 7,7
9 517,35 49 0,3 0,0 64,4 0,0 5,0 0,0 4,0
10 1.032,95 222 3,7 2,7 355,0 12,0 27,3 4,0 22,9
11 683,36 118 1,7 3,0 243,9 25,4 18,8 8,5 16,8
12 587,21 109 1,7 0,3 283,8 3,1 21,8 1,0 17,9
13 673,51 203 11,0 4,7 1.633,2 23,0 125,6 7,7 103,2
14 627,71 95 2,0 2,0 318,6 21,1 24,5 7,0 21,2
15 729,83 181 2,7 2,7 365,4 14,7 28,1 4,9 23,7
16 322,60 32 2,7 4,0 826,6 125,0 63,6 41,7 59,4
17 540,62 303 2,0 7,3 369,9 24,2 28,5 8,1 24,6
Aliança pelo
Por
João Paulo Papa
Saneamento Básico
D
esde Pindorama, os indígenas sabiam que sanitária brasileira apresentou soluções para problemas
era necessário cercar de cuidados tanto o de saúde que chegaram a dizimar metade da população
armazenamento de água quanto a dispo- santista na passagem do século XIX para o XX.
sição de dejetos. Séculos depois, nos anos As nações mais desenvolvidas do planeta sempre
1900, o Brasil conheceu as magistrais obras de Saturnino apostaram na excelência dos sistemas de saneamento
de Brito. Na cidade de Santos, o patrono da engenharia para garantir qualidade de vida e avanços econômicos.
As soluções WEG para saneamento contam com inversores de frequência e soft-starters de baixa e média
tensão com PLC integrado, permitindo o uso de funções dedicadas para bombeamento (Pump Genius),
painéis e CCMs de baixa e média tensão, eletrocentros, além de uma completa linha de componentes para
painéis elétricos.
Fenasan
Ciências Tecnológicas, da
Pontifícia Universidade
Católica - PUC; pós-
graduado em Engenharia
de Segurança do
Trabalho, pela Unicamp;
mestre em Tecnologia
Ambiental, pelo IPT; com
MBA em Administração
para Engenheiros, pelo
2015
Instituto de Tecnologia
Vale à pena conhecer o maior Mauá. Atualmente é
Por engenheiro da Divisão
Olavo Alberto evento de tecnologia em de Planejamento
Operacional da Produção-
Prates Sachs saneamento da AL MAGG, na Sabesp.
A
Fenasan – Feira Nacional de Saneamento e Meio Ambiente – 2015, promovida anualmen-
te pela AESabesp - Associação dos Engenheiros da Sabesp, será realizada em conjunto com o
26º Congresso Técnico AESabesp, nos dias 4, 5 e 6 de agosto, com o tema central: “A crise
da água e suas consequências no sec. XXI”. Esta realização, que em 2015 completará 26
anos, é considerada o maior evento técnico e mercadológico do setor de saneamento na América Latina.
A edição de 2015 foi para um espaço maior e mais adequado, no Programação do Encontro Técnico
Pavilhão Vermelho do Expo Center Norte, com expectativa de re- No dia 03, haverá a abertura para associados e expositores, com a pre-
ceber em torno de 20.000 visitantes (a visitação é gratuita). Como sença de grandes expoentes do setor, expositores e associados da AE-
se trata de um evento técnico-mercadológico, seu propósito é di- Sabesp, com apresentação do Hino Nacional Brasileiro, pelo associado
fundir as tecnologias em uso, as inovações tecnológicas e todas as eng. José Aparecido, que também é músico e conhecido no universo
ações conectadas com o saneamento ambiental, principalmente artístico, como “Dou Valor”, além de um coquetel animado pela céle-
em relação ao tratamento de água e de efluentes. bre dupla feminina sertaneja “Irmãs Galvão”.
Até o momento, já conta com cerca de 250 expositores nacio- No Congresso Técnico estão previstas a apresentação de 110 Pales-
nais e internacionais. Seu público é composto por técnicos, acadê- tras Técnicas, além de Conferência de Abertura, Palestra Motivacional,
micos, gestores, empresários, membros da comunidade científica, 10 Mesas Redondas, 4 Minicursos e 1 Visita Técnica:
altamente qualificado e atuante no setor. A exemplo de 2014, O Congresso Técnico apresentará, no 1º dia, 04.08, às 11 horas, a Con-
conta-se com a participação nacional e internacional, com profis- ferência Magna –“A crise da água e suas consequências no século XXI”.
sionais de todos os estados brasileiros e de outros países como: Nos 2º e 3º dias estão confirmadasas seguintes mesas redondas:
Alemanha, Argentina, Áustria, Bolívia, China, Colômbia, Costa • Mudanças climáticas e planejamento de sistemas de saneamento
Rica, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, França, Holanda, Isra- • Dessalinização como alternativa para abastecimento
el, Itália, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela. • Universalização do saneamento e mobilização social em comu-
A AESabesp irá dispor uma ilha de orientação na entrada da nidades de baixa renda
Feira, com monitores nos idiomas português, inglês e espanhol. • Água e energia - o desafio da sustentabilidade
No estande da AESabesp haverá cadastramento de Projetos So- • Efeitos das mudanças climáticas na América Latina e Caribe
cioambientais e ações culturais. • As consequências da exploração desordenada das águas sub-
terrâneas em tempos de escassez de água
• Impactos dos eventos climáticos nos recursos hídricos para o
desenvolvimento econômico
• Água de reúso para fins potáveis e recarga de aquíferos e mananciais
• Importância da gestão de projetos nos resultados dos empre-
endimentos
• Melhoras nas estações de tratamento de água e esgoto como
ferramenta para enfrentamento do estresse hídrico.
S
endo também um Projeto Socioambiental da AESa-
besp, o Congresso Técnico/ Fenasan é mais do que
um evento técnico-mercadológico, ao incentivar as
práticas voltadas à sustentabilidade, à inovação tec-
nológica e à excelência no atendimento, por meio da outorga
do “Troféu AESabesp”.
Comprometida com esses princípios, foi adotado, em 2015,
mais um novo critério para essa premiação às empresas que mais
se destacarem na Feira: a sua “pegada ecológica”, que analisa-
rá, dentro do perfil de cada expositor, suas ações referentes à Premiados durante cerimônia de entrega
montagem de seus estandes, ao transporte de pessoas e de ma- do Troféu AESabesp, em 2014.
no setor
serviços e tecnologias no
setor de saneamento e
meio ambiente
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de! Se há a vontade de ajudar e melhorar,
Saneas: O que é necessário para se reali- criam-se formas de conseguir a despeito das
zar um bom trabalho voluntário? dificuldades que sempre existirão.
Andrigo Demetrio: Para o voluntariado,
assim como noutras atividades, buscar qua- Saneas: Qual é a importância pessoal
lificação e capacitação é importante pois as que essas duas escolhas tiveram em seu
chances de ser efetivo no seu propósito são desenvolvimento humano?
maiores, e foi por isso que procurei a ONG Andrigo Demetrio: A engenharia para mim
Canto Cidadão que, assim como outras se- é “concretizar”, acho lindo o começo com
melhantes, possuem grande conhecimento uma idéia, todo o caminho da elaboração e
acumulado com experiências em hospitais. a finalização da obra ou serviço terminado.
Sou crítico de algumas práticas atuais da
Saneas: E qual foi o motivo da sua esco-
lha em assumir a função de palhaço?
engenharia e construção no Brasil, mas isso
não muda a beleza de construir, de dar fun- 3
Andrigo Demetrio: É algo que sem- ção para as coisas e conforto para as pesso-
pre me emocionou. O “Palhaço” as. Eu poderia escrever durante horas sobre
é um ser sem preconceitos, sem as belezas que a engenharia nos permite rea-
zona de conforto, sem medo. lizar e muitos diriam que sou sonhador, mas
É um ser que aceita e busca o eu digo que “as possibilidades são reais e se
que há de mais ridículo em si a aplicação é equivocada, é outra história”.
mesmo e ressalta este ridículo Já o “ser Palhaço” penso que seja escolha
para rir e fazer rir. E ao fazer apenas no início da jornada. Depois que eu
isso o palhaço ridiculariza o fiz os primeiros cursos, conheci a história
ridículo e a “barriguinha”, e os estudos por trás deste ser, não conse-
o “pé torto”, a”orelha guiria mais olhar o mundo e as pessoas da
pontuda”, o “cabelo des- mesma forma. Recomendo a qualquer pes-
sarumado”, “os óculos”, soa que tente fazer um curso de Palhaço
a “voz esganiçada”, toda (ou clown como é comumente anunciado).
e qualquer característica Nos cursos que fiz, presenciei pessoas tra-
antes entendida como de- balhando a timidez, aceitando seus erros,
feito, torna-se parte aceita eliminando traumas gigantescos, mudando
e exposta do ser. Em rela- completamente a forma de ver e viver. Eu
ção aos outros, o palhaço é escolhi conhecer, mas depois que surgiram
atento e detalhista. Ele con- meus palhaços (Dr. Biscoito, nos hospitais, e
Ambrósio, em asilos e creches) nunca mais me deixarão. São tal- é real, verdadeiro, sincero, ganho o mesmo de volta. Se o
vez a melhor parte de mim. abraço é distante, frio, com medo “do que vão pensar”, eu
não cumprirei minha tarefa nem receberei nada proveitoso
Saneas: Em sua concepção, existem pontos de ligação nas por ela. Ah, um dos valores mais importantes e que me mar-
trajetórias de um voluntário palhaço e de um técnico enge- cou no início é o “ser referência”. O palhaço pode ser a única
nheiro? referência de amor a um adulto, de carinho a um idoso, de
Andrigo Demetrio: Pontos não! Existem caminhos inteiros! To- alegria e “não-violência” a uma criança, e ao ser referência o
dos são partes de um único ser. O palhaço é naturalmente deta- Palhaço pode mostrar novas possibilidades.
lhista e atento, características importantes a um bom engenheiro. Nos hospitais, reconhecemos que o papel mais importan-
O engenheiro para desempenhar adequadamente seu trabalho te é dos médicos, enfermeiros e cuidadores. E que o foco
aplica normas, padrões e códigos, e da mesma forma o palhaço dos atendimentos é o paciente. Aí entra a humildade! Saímos
tem seu Código de Ética, suas normas, e mesmo quando busca quando o médico solicita, não entramos no quarto se o pa-
provocar ele reconhece os limites e padrões das pessoas com as ciente não desejar. Se em algum momento somos rejeitados,
quais interage. O Palhaço nunca ignora uma resposta, ele recebe aceitamos e seguimos.
e devolve transformando a realidade, ou seja, ele vê com cuidado
cada pessoa e saberá agir de forma única com cada um em cada Saneas: Quem quiser conhecer de perto esse trabalhp, como
situação. Certamente muitos gestores e líderes buscam isso du- deve acessar este caminho?
rante toda sua vida profissional. Andrigo Demetrio: O caminho mais fácil atualmente é iniciado
pela internet. Uma simples pesquisa colocando o tipo de trabalho
Saneas: Gostaríamos que o senhor falasse sobre a recom- resultará numa variedade de instituições, cada uma com sua iden-
pensa e os valores transmitidos pelo seu tipo de trabalho tidade, público alvo específico e área de atuação. Depois disso,
voluntário. bastará entrar em contato e decidir qual se alinha com os objeti-
Andrigo Demetrio: Uma das práticas mais comuns para o vos da pessoa. Algumas instituições, eu diria que as mais sérias,
palhaço é o abraço, e ele por si explica a recompensa. Se eu têm um forte treinamento para capacitação dos voluntários. Não
dou um abraço, eu ganho ao mesmo tempo. Se meu abraço é fácil, mas vale muito!
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