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II Seminário Institucional do PIBID Univates

EXPLORANDO SOFTWARES MATEMÁTICOS – PERCEPÇÃO


DOS PROFESSORES E A EXPERIÊNCIA COM ALUNOS DE 1º
AO 5º ANO
Gabriele Born Marques162

Adriana Belmonte Bergmann

Fernanda Eloisa Schmitt

Geovana Luiza Kliemann

Marli Teresinha Quartieri

Neiva Althaus

Teresinha Aparecida Faccio Padilha

Maria Madalena Dullius163

Resumo: Consideramos importante utilizar o computador, de forma interacionista, como ferramenta para o ensino da
Matemática, uma vez que este recurso se tornou um instrumento mediador e facilitador da aprendizagem, auxiliando no
desenvolvimento de habilidades cognitivas. Esta mediação ocorre através da interação entre professor e aluno, já que a
máquina por si só não pode promover a construção do conhecimento matemático. Fazer uso deste recurso nas aulas, por
exemplo, possibilita ao estudante maior interação, podendo tornar-se assim, sujeito ativo na busca do conhecimento. Não
há mais como negar que os recursos computacionais são ferramentas que podem auxiliar no rompimento do formalismo
e transformar o ato de ensinar numa relação produtiva contribuindo para a melhoria da qualidade da educação. A partir
desta realidade, o projeto “Explorando Softwares Matemáticos com Alunos da Educação Básica” desenvolvido no Centro
Universitário UNIVATES tem por objetivo proporcionar aos discentes a inserção no contexto tecnológico, por meio
da manipulação de jogos e de softwares e, além disto, motivar seus professores a utilizarem tecnologias nas suas aulas
buscando diversificar o ensino da Matemática. Neste trabalho queremos relatar nossa vivência com alunos dos anos
iniciais do Ensino Fundamental no uso do recurso computacional no ensino de conhecimentos matemáticos. Também
faremos uma análise das opiniões dos professores que os acompanharam durante a sessão de estudo, sobre as atividades
realizadas.

Palavras-chave: Recursos computacionais. Matemática. Séries iniciais.

Introdução
Segundo coloca Rezende (2002), hoje já não se trata mais de nos perguntarmos se devemos ou não introduzir as
tecnologias da informação e da comunicação no processo educativo, e sim, como utilizá-las. Já Giraffa (2010) afirma que
as Tecnologias Digitais integradas e disseminadas na rede Internet mudaram a forma como se percebe e se seleciona os
recursos computacionais para serem utilizados em sala de aula.
Atualmente é muito fácil encontrar nas redes de pesquisa softwares e aplicativos com as mais variadas funções e que
nos permitem experimentar com as tecnologias, situações que dificilmente vivenciaríamos. O que podemos perceber nas
rodas de discussões e nos grupos de pesquisas é que, como cita Giraffa (2010), “a discussão não é mais centrada na escolha
do software tão somente e sim em utilizar e selecionar quais dos recursos oferecidos melhor se adaptam aos objetivos
pedagógicos que o docente possui.”
Devemos ter consciência de que os recursos computacionais podem ser utilizados de forma a agregar saberes e não
simplesmente com o intuito de ocupar o tempo e divertir os alunos. A partir disso relatamos a vivência com alunos dos
anos iniciais do Ensino Fundamental que participaram do projeto Explorando Softwares Matemáticos com Alunos da
Educação Básica no ano de 2011 e, além disto, faremos uma análise do questionário que os professores/responsáveis dos
respectivos alunos, responderam durante a realização da sessão de estudo. Os softwares e jogos utilizados por estes alunos

162 Centro Universitário UNIVATES, Centro Universitário UNIVATES, gmarques@universo.univates.br.


163 Orientador.

SUMÁRIO
Anais do II Seminário Institucional do PIBID Univates: Novos desafios da
prática profissional docente - saberes e práticas, ISBN 978-85-7727-428-4 179
II Seminário Institucional do PIBID Univates

foram os mais diversos, assim como as atividades que envolveram as quatro operações, frações, construção numérica,
horas, entre outros.

Desenvolvimento
Nos anos de 2005 e 2006, desenvolvemos a pesquisa intitulada “O Ensino e a Aprendizagem da Matemática em
Ambientes Informatizados: concepção, desenvolvimento, uso e integração destes no sistema educacional”164, que teve por
objetivo verificar se os professores de Matemática das escolas da região do Vale do Taquari utilizavam recursos tecnológicos
e se não usavam, porque não o faziam. A partir destas informações elaboramos estratégias visando contribuir para o
maior e melhor uso do computador em sala de aula, buscando verificar sua influência na aprendizagem da Matemática.
Analisando os resultados coletados por meio de questionários destinados aos respectivos professores percebemos que
os recursos computacionais ainda são pouco explorados nas aulas de Matemática devido à insegurança dos professores
frente a esse instrumento. Além disto, percebemos que os professores têm consciência da necessidade de inserir tecnologias
nas aulas para inovar e enriquecer as mesmas com atividades diferenciadas tornando-as mais atraentes e propulsoras da
construção de novos conhecimentos.
A partir desta realidade propomos e estamos desenvolvendo o projeto de Extensão Explorando Softwares Matemáticos
com Alunos da Educação Básica, com o objetivo de proporcionar aos estudantes da região do Vale do Taquari a inserção
no contexto tecnológico; contribuir para a melhoria do ensino de Matemática na região, através da apresentação e
disponibilização de ferramentas tecnológicas, assim tentando motivar seus professores a inserirem tecnologias nas suas
aulas buscando diversificar o ensino da Matemática.
O projeto acontece nas dependências do Centro Universitário UNIVATES atendendo alunos dos anos iniciais do
Ensino Fundamental aos anos finais do Ensino Médio. Para participar do projeto os professores interessados agendam
o atendimento e escolhem um conteúdo que lhes é oportuno, normalmente o mesmo que está sendo desenvolvido em
sala de aula. A partir dessa escolha os bolsistas do projeto desenvolvem atividades165 utilizando softwares ou jogos que
contemplem o referido conteúdo, sendo que na data previamente marcada os professores de Matemática ou responsáveis
se deslocam com seus alunos até os laboratórios da Univates onde acontecem as sessões de estudo.
No decorrer do ano de 2011 realizamos cerca de 30 atendimentos nos quais os professores das respectivas turmas
acompanhavam seus alunos durante as atividades e no final avaliavam a mesma respondendo a um questionário escrito,
previamente elaborado pelos integrantes do já referido projeto.
A seguir faremos uma síntese sobre o que os professores das séries iniciais do Ensino Fundamental responderam
no questionário mencionado. Para manter o sigilo, identificaremos os professores por letras. Ao serem indagados sobre
os softwares explorados na sessão de estudo, os docentes, em sua unanimidade, disseram ser interessantes, pois ajudam
os alunos a fixarem os conteúdos trabalhados em sala de aula. O professor A escreveu: “Bem selecionados, próprios para a
turma, desafiadores e agradáveis de serem explorados (parte visual contribui)”. O professor B constatou que: “As imagens são
boas, bem coloridas, atrativas para as crianças”. Por fim, outro professor, C, opinou: “Gostei dos softwares,... por não limitar o
tempo do jogo, possibilitando aos alunos realizar várias tentativas”.
Já em relação às atividades desenvolvidas os docentes julgaram ser muito boas. “É interessante, pois eles (os alunos)
sintetizam na folha o cálculo realizado no computador”, disse o professor C. Já o D escreveu: “Fazem os alunos pensar, foram
diversificadas”. O docente E respondeu que as atividades foram lúdicas despertando interesse e motivação nas crianças
que se entusiasmavam na busca das respostas solicitadas. Outro professor, o A, afirmou algo semelhante: “... os alunos
ficaram atentos ao que estava sendo proposto e sentiram-se bem ao perceber que estavam acertando ou aprendendo.”
Numa segunda questão que pedia para o professor escrever sobre os aspectos positivos relacionados ao encontro,
todos elogiaram a iniciativa do projeto. O docente F disse: “Os alunos gostam muito de trabalhar com o computador... ambiente
diferenciado da sala de aula.” O G acrescentou:“Ótimo espaço, ótimo atendimento, boa organização, material organizado de
acordo com o conteúdo solicitado.” O professor A escreveu ainda sobre as bolsistas e/ou voluntárias: “Domínio do conteúdo...
professoras interessadas.” Em relação a esse aspecto, a professora B afirmou: “No início os alunos acharam as atividades bem
fáceis, depois foi dificultando, gradativamente, isto foi positivo. Para eles (alunos) foi como subir de nível.”
E para finalizar os professores/responsáveis pelos alunos tinham espaço para expressar os aspectos a melhorar. A
maioria deles não sugeriu nada. Já outro, o B, opinou sobre o material entregue aos alunos: “... poderia ser entregue em
partes, também poderia ser com fonte maior, pois é muita informação de uma só vez para os alunos.” E o professor D falou:
“Talvez ter um monitor a mais.”
Quanto a percepção das bolsistas em relação as sessões de estudo em questão, as mesmas destacam que a vivência
com os alunos foi uma experiência muito boa e gratificante. Percebeu-se o entusiasmo que os alunos têm já ao chegar

164 DULLIUS, M. M., et al. O ensino e a aprendizagem da Matemática em ambientes informatizados. Relatório final de Pesquisa, Lajeado,
2007
165 Estas atividades são entregues impressas aos alunos.

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no laboratório de informática, ficam inquietos até a explicação do motivo pelo qual estão ali, diante do computador.
Querem de imediato entrar no link dos jogos e iniciar as atividades. Muitos nem precisam ouvir as instruções de como se
manuseia o computador, o jogo. Já mexem, já buscam saber como se joga e como se resolvem as atividades solicitadas. Se
admiram com o que o jogo é capaz de mostrar, fazer. Sempre que têm alguma dúvida levantam a mão solicitando ajuda.
Poucos sentem dificuldades durante a sessão de estudo, tanto no manusear o computador como no conteúdo abordado.
O que percebemos, ao longo dos atendimentos, é que muitos alunos não leem o que lhes é solicitado nas atividades e
por isto pedem auxílio das bolsistas. Uns resolvem os exercícios mais rápido que os outros e por isto ajudam aqueles que
têm um pouco mais de dificuldade. Ao terminarem suas tarefas, é perceptível o quanto os alunos se sentem satisfeitos
demonstrando terem feito as atividades com prazer. Nos minutos finais da sessão de estudo, querem ainda acessar um
jogo de interesse próprio.
Assim fica um grande desafio ao professor, que é o de incentivar os alunos, propondo condições favoráveis, para que
desenvolvam competências necessárias para viver e trabalhar numa sociedade imersa em inovações tecnológicas que exige
um novo perfil de cidadão.

Avaliação/Discussão dos resultados


Bonk (apud Giraffa, 2010) enfatiza que o mundo está aberto para se aprender e adquirir novas experiências, sendo
que a escola deixou de ser o único lugar onde o aluno obtém informações e se socializa. O paradigma mudou e o professor
deixou de ser o fornecedor de informações para ser o organizador do processo de aprendizagem dos alunos.
Nota-se com o aumento da procura pelo uso do recurso computacional no decorrer dos anos é que a motivação
principal para a modificação da postura dos professores frente ao uso das tecnologias se deve principalmente pelo
contínuo distanciamento entre a realidade do aluno e a da sala de aula convencional, o que pode ser explicado pela falta
de capacitação dos docentes para o uso crítico das tecnologias.
Percebe-se também que os alunos saem bem motivados dos encontros a que nos referimos neste trabalho o que
facilita a compreensão do conteúdo visto em sala de aula. Também verifica-se a emoção de muitos alunos que não tem
contato com as tecnologias, pelo menos não com os softwares e jogos que utilizamos.
Esperamos que os docentes, por meio das experiências vivenciadas com seus alunos, quando da realização das nossas
atividades, se sintam motivados, estimulados e encorajados a usar tecnologias em suas aulas como ferramenta auxiliar
no processo ensino e aprendizagem, permitindo aos estudantes vivenciarem novas experiências matemáticas. Se os
computadores estão aí, não devem ser ignorados e sim explorados adequadamente.

Referências:
DULLIUS, Maria Madalena, et al. O ensino e a aprendizagem da Matemática em ambientes informatizados. Relatório final
de Pesquisa, Lajeado, 2007.
GIRAFFA, Lucia Maria Martins Vamos bloggar professor? Possibilidades, Desafios e Requisitos para Ensinar Matemática no
século XXI. Revista de Ensino de Ciências e Matemática, v. 1, nº 2, p 97-110 Rio Grande do Sul, 2010.
REZENDE, Flávia. As novas tecnologias na prática pedagógica sob a perspectiva construtivista. Revista ENSAIO – Pesquisa
em Educação em Ciências. São Paulo, v.02, n. 01 – Março, 2002.

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Anais do II Seminário Institucional do PIBID Univates: Novos desafios da
prática profissional docente - saberes e práticas, ISBN 978-85-7727-428-4 181

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