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MÓDULO III

AULA 9 – Metodologias Ativas aplicadas às aulas de Ciências da


Natureza e Linguagens

TRILHA:
Aplicação de um exemplo de Metodologia Ativa direcionada para as Áreas de Ciências da
Natureza e Linguagens.

HABILIDADES:
• Compreender a importância das metodologias ativas em sala de aula.
• Conhecer fundamentos básicos da Aprendizagem Significativa.
• Aplicar a metodologia de criação de Mapa Conceitual.
• Conhecer a ferramenta Fanzine.
• Analisar as possibilidades da aplicação da ferramenta Fanzine dentro das áreas de
Ciências da Natureza e Linguagens.
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A base teórica para a construção das Metodologias Ativas dessa aula está ligada aos
estudos sobre aprendizagem significativa. Segundo Moreira (2010, p. 8),
(...) na aprendizagem significativa o novo conhecimento nunca
é internalizado de maneira literal, porque no momento que
passa a ter significado entra em cena um componente particular
(idiossincrático) da significação.

Diferente da aprendizagem mecânica, que é voltada para a memória e para instruções,


a aprendizagem significativa busca utilizar de instrumentos capazes de evidenciar significados
atribuídos a conceitos e relações no contexto dos conhecimentos de cada estudante, em cada
componente curricular.
Ausubel (1980), grande estudioso da aprendizagem significativa, reforça que a escola
e a equipe pedagógica precisam manter uma posição consistente e não arbitrária, além de estar
abertos para experienciar as atividades para além do foco na memória e do repetir.
Para tanto, Ausubel (1980) apresenta conceitos como “subsunçores”, que são como
apoio já existentes para o desenvolvimento de nova informação. De forma geral, o processo de
ensino deve minimamente estar conectado à realidade dos estudantes e sentido para o aluno,

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do Focus do Saber Educacional.

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de modo que a informação deverá conectar-se e ancorar-se nos conceitos relevantes e
preexistes na estrutura cognitiva.
Na perspectiva da aprendizagem significativa, o estudante deve ser capaz de explicar o
significado da relação que vê entre os conceitos, recriando conforme suas próprias experiências
e com o apoio da mediação do professor. Utilizando da Taxonomia de Bloom (Ferraz e Belhot,
2010), o estudante deve ser alavancado da habilidade de conhecimento, na qual memoriza
fatos, e passa a dominar a habilidade de compreensão na qual explica com as próprias palavras
utilizando de seu repertório anteriormente estruturado.
Vale destacar que, segundo Moreira (2010, p. 23)
(...) o professor ao ensinar tem a intenção de fazer com que o
aluno adquira certos significados que são aceitos no contexto da
matéria de ensino, que são compartilhados por certa
comunidade de usuários.

Desta forma, existe a oportunidade de utilizar do conhecimento prévio do estudante,


mas garantindo que ele acesse e desenvolva novos conceitos referenciados pelos meios
científicos e acadêmicos conforme as estruturas de cada área de conhecimento.
Para demonstrar os caminhos do desenvolvimento da aprendizagem significativa, pode-
se utilizar o mapa conceitual abaixo, no qual os processos de ensino são dispostos pelo
professor de modo a ofertar organizadores prévios que são potencialmente significativos aos
estudantes. A interação entre as subjunções já adquiridas e o novo conhecimento promovem a
aprendizagem significativa que pode seguir duas formas de ancoragem:
• Diferenciação Progressista: apoio na forma subordinada em que os conceitos já
existentes, interagem com o novo conhecimento elevando sua complexidade,
passando das ideias mais gerais e caminhando para construções mais específicas.
• Reconciliação Integrativa: nessa forma superordenada, as ideias carregam
similaridade e diferenças, que vão se recombinando e trazendo novas formas de
aprendizagem, que agrupam as concepções.

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Figura 1: Modelo de Mapa Conceitual sobre Aprendizagem Significativa.

Aproveitando desses conceitos, seguem dois exemplos práticos de metodologias


ativas que não utilizam tecnologias digitais, apesar de terem potencial para serem
desenvolvidas em aplicativos de aparelhos móveis de telefone e em computadores com
acesso à internet.
Vale destacar que, conforme descrito nas aulas anteriores, as metodologias ativas
exigem o planejamento prévio e a intencionalidade pedagógica, aproveitando as
oportunidades do trabalho interdiciplinar, para conduzir ao protagonismo juvenil e à
participação ativa dos estudantes com foco na construção de uma consciência crítica.

APLICAÇÃO DOS MAPAS CONCEITUAIS NA ÁREA DE CIÊNCIAS DA


NATUREZA

Os Mapas Conceituais criados por Joseph Novak, segundo Moreira (2010), são
diagramas indicando relações entre os conceitos ou palavras representativas, geralmente
organizados em uma estrutura hierárquica. De forma geral, são associacionistas e não se
ocupam tanto com a memória dos conceitos e palavras como o Mapa Mental de Tony Buzan.
A construção desses mapas é eficiente, pois auxiliam na conceituação e na aquisição
significativa da aprendizagem pela base da transformação de conhecimento em compreensão
com base em uma estrutura visual.

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Dentro desse mapa, criado pelo estudante de forma coletiva ou individual, existe a
construção de relações de conceitos em que o estudante é levado a desenhar formas (conceitos),
setas (ligações) e textos (relações) para determinação das relações conceituais partindo de um
mapa que se desenvolve de conceitos mais importantes a conceitos secundários e específicos.
Conforme afirma Moreira (2010), o mais importante no mapa é que ele seja um
instrumento capaz de evidenciar significados atribuídos a conceitos e relações, entre conceitos
e conhecimentos, componentes curriculares, matérias de ensino de uma aula e até de um
semestre inteiro.
Para desenvolver um Mapa Conceitual, o estudante vai precisar de: papel, lápis, caneta
e borracha, caso seja feito de forma manual. Outro ponto importante é a delimitação do conceito
principal, o tópico, e a delimitação da pergunta focal para delimitar o problema que o Mapa
Conceitual deverá responder. O tópico e a pergunta focal irão guiar o estudante nas suas
construções.
Pensando em atividades digitais, os Mapas Conceituais podem ser desenvolvidos em
ferramentas como o Power Point, ou APPS MIND MEISTER e COGGLE. Segue abaixo um
modelo de Mapa Conceitual desenvolvido em uma aula da Área de Ciências da Natureza,
dentro do Componente de Física no trabalho de conhecimentos ligados à velocidade.

Figura 2: Modelo de Mapa Conceitual sobre Velocidade.

Link de Apoio:
Como fazer um Mapa Conceitual
https://www.youtube.com/watch?v=F54SWctP7-E

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APLICAÇÃO DA FANZINE NA ÁREA DE LINGUAGENS

Para exemplificar uma metodologia ativa na área de Linguagens apresentar-se-á ferramenta


Fanzine, que deriva das palavras inglesas fanatic magazine que significa revista de fãs. De
modo geral, são publicações feitas sobre determinado tema em comum, sejam elas amadoras
ou profissionais que tem uma ligação com a liberdade de criação e expressão sobre um
conteúdo, tema ou área.
As Fanzines, também conhecidas por Zine, segundo Magalhães (2013), possuem
divergências do local do surgimento, tendo descrições indicações de ter nascido nos Estados
Unidos nos anos 30, para divulgação dos trabalhos dos poetas, e na Inglaterra, nos anos 70,
junto com o movimento punk.
De forma geral, são pequenas revistas sem fins lucrativos, de pequenas tiragens, impressas
por fotocópia ou colagens, que atendem a diversos segmentos como música, literários, de
cinema, ficção científica quadrinhos, terror, etc.

Figura 3: Modelo de Fanzine, fonte: http://goo.gl/C2iFzG

As Fanzines são feitas para expressão pessoal, para leitura dos colegas ou de outas
pessoas e podem ser compostas por um texto ou coletânea de textos diversos, colagens,
histórias em quadrinhos, poesias, contos, estêncil, carimbos, infográficos, experimentações
gráficas, reportagens, cartas. Elas possuem o potencial de retratar os conteúdos estudados nas
aulas, relacionando a arte ao conteúdo didático, aprendendo sobre os fatos, construindo a

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compreensão e reproduzindo essas pequenas revistas personalizadas. O que pode, de forma
planejada, ter relação direta com aprendizagens significativas.
Dentro da área de Linguagens, o professor pode convidar os estudantes para produzirem
a Fanzine, com diferentes formatos, reportando as aprendizagens ou os temas trabalhados.
Dentro do Tema o professor pode explorar os conteúdos e deixar que os estudantes criem,
seguindo os conteúdos curriculares de seu componente. Após criadas as zines, como são
conhecidas popularmente, podem e devem ser compartilhadas na sala de aula ou até mesmo na
escola, propagando e valorizando as produções dos estudantes.
Segue abaixo um exemplo de Fanzine desenvolvida em sala de aula, dentro do
componente curricular de Língua Portuguesa e Arte. Durante a atividade da Fanzine, os
professores, podem avaliar além da compreensão dos temas estudados, situações como:
• Aplicação da linguagem selecionada.
• Sistematização da pesquisa.
• Grafia e capacidade de síntese e de leitura de imagens.
• Estruturação textual e outras demandas da área de conhecimento do professor.

Figura 4: Fanzines. Fonte Carvalho, 2012 Disponível em: https://artenabeiralinha.wordpress.com/2014/12/02/5-


passos-para-um-fanzine-perfeito

Por fim, Fanzines recebem o destaque por serem próximas do ambiente jovem e se
apresentarem como um convite para os estudantes produzirem algo novo, de cunho autoral,
com os recursos disponíveis – lápis, papel, canetinha, giz de cera, revistas e cola. Existe o
potencial de ressignificação de conceitos, já previamente discutidos em sala de aula e que

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podem ser replicados para outros estudantes, estimulando a criatividade, a análise crítica e a
construção da escrita, além de ser muito interessante para trabalhar temas atuais como mídia,
Fake News e a importância do conhecimento científico na produção do conhecimento. No site
FLIPSNACK.COM você conseguirá criar revista virtual!

Etapas básicas sugeridas pra desenvolvimento da Fanzine:


1º Definir o tema.
2º Definição do estilo.
3º Organização do material.
4º Construção supervisionada pelo professor.
5º Exposição.

Link de Apoio:

Aula: ''Oficina de criação - Fazendo Fanzine''


https://www.youtube.com/watch?v=6r6CBqjy3Tw

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E SUGESTÕES DE LEITURA

AUSUBEL, D. P.; NOVAK, J. D. e HANESIAN, H. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro:


Editora Interamericana, 2 ª edição,1980.

CARVALHO. A. C. 5 Passos para um Fanzine. Disponível em:


http://artenabeiralinha.wordpress.com/2014/12/02/5-passos-para-um-fanzine-perfeito/>,
acessado em: 20 de outubro de 2020.

FERRAZ, A. P. C. e BELHOT, R. V. Taxonomia de Bloom: revisão teórica e apresentação


das adequações do instrumento para definição de objetivos instrucionais. Gest. Prod., São
Carlos, v. 17, n. 2, p. 421-431, 2010. Disponível em:
https://www.scielo.br/pdf/gp/v17n2/a15v17n2, acesso em 30 de março de 2020.

GUIMARÃES, C. C. Experimentação no Ensino de Química: Caminhos e Descaminhos


Rumo à Aprendizagem Significativa. Vol. 31, N° 3, agosto 2009. Disponível em:
<http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc31_3/08-RSA-4107.pdf>, acesso em 20 de outubro de
2020.

MACHADO, C. J. SILVA, et al. Mapas Conceituais no Ensino de Biologia: um panorama a


partir dos livros didáticos. Revista de Educação, Ciências e Matemática. V9, nº 1, 2019.
Disponível em: http://publicacoes.unigranrio.edu.br/index.php/recm/article/view/4871, acesso
em 20 de outubro de 2020.

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
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MAGALHÃES, Henrique. O Rebuliço apaixonante dos Fanzines. 3. ed. João Pessoa: Marca
de Fantasia, 2013.

MOREIRA, M. A. Mapas Conceituais e Aprendizagem Significativa. São Paulo: Centauro,


2010.

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com fins
comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do Focus do Saber Educacional.

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