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Rede de Referenciação Hospitalar

de Anatomia
Patológica

Direcção-Geral da Saúde - Direcção de Serviços de Planeamento


PORTUGAL. Direcção-Geral da Saúde. Direcção de Serviços de Planeamento
Rede de Referenciação Hospitalar de Anatomia Patológica. – Lisboa: Direcção-Geral da Saúde,
2003 – 36 p.

ISBN: 972-675-094-6

Anatomia Patológica / Recursos humanos em saúde / Unidades hospitalares / Cuidados primários


de saúde / Assistência secundária de saúde / Hospitais / Referência e consulta – organização e
administração / Acesso aos cuidados de saúde / Garantia de qualidade dos cuidados de saúde

Grupo de Trabalho
Dr. Fernando Leal da Costa (ex Subdirector-Geral da Saúde)
Dr. Adriano Natário (DGS)
Prof. Doutor Afonso Fernandes (H. Stª Maria)
Dr. Fernando Pardal Oliveira (H. Braga)
Prof. Doutor Jorge Soares (Instituto de Medicina Legal de Lisboa)
Dr.ª Helena Oliveira (H. Cascais)
Dr.ª Maria José Proença (DGS)
Prof. Doutor Vicente Gonçalves (H. Stº António)
Dr.ª Maria de Jesus Feijó (H. Egas Moniz), para a
componente da Fetopatologia

Editor: Direcção-Geral da Saúde


Design: Gráfica Maiadouro
Impressão|Acabamento: Gráfica Maiadouro
Tiragem: 1000 exemplares
Dep. Legal: 176 690/02
Índice
1. Introdução
2. Âmbito da Anatomia Patológica
5
6
3. Rede de Referenciação Hospitalar de Anatomia Patológica
Definição e objectivos 6
4. Análise da situação 7
5. Princípios estruturantes da Rede 9
6. Nomenclatura e quantificação da actividade assistencial
em Anatomia Patológica 10
7. Caracterização dos componentes da Rede 11
8. Organização geral da Rede 15
9. Requisitos para as diferentes unidades da Rede 15
10. Organigrama da Rede e Sub-Redes 21
11. Rastreios 21
12. Consulta interinstitucional e patologias de referenciação 21
13. Desenvolvimento contínuo da qualidade 22
14. Formação de especialistas 23
15. Desenvolvimento profissional continuado 23
16. Telepatologia 23
17. Investigação 24
18. Faseamento das metas de estruturação da Rede 24
Arquitectura da Rede 25
1. Introdução algumas doenças hereditárias e de
certos tumores.
Embora com menor relevância do
A Anatomia Patológica é a especiali- que no passado, as autópsias clínicas
dade médica responsável pela análise continuam a fornecer dados importan-
morfológica de órgãos, tecidos e célu- tes para os clínicos, as instituições
las, com o objectivo de contribuir, mui- hospitalares, as famílias e a sociedade.
tas vezes de forma decisiva, para o Contribuem para o ensino médico e
diagnóstico de lesões, com implicações são um meio de investigação de novas
no tratamento e prognóstico das doen- doenças, da acção de agentes
ças, bem como na sua prevenção. ambientais e dos efeitos de novos
Engloba, basicamente, o exercício da meios terapêuticos. As autópsias
HISTOPATOLOGIA (biópsias, peças devem ainda ser utilizadas como meio
cirúrgicas e exames peroperatórios) e de garantia da qualidade da assistência
da CITOPATOLOGIA (esfoliativa e aspi- médica.
rativa), bem como de AUTÓPSIAS Para além da actividade de diagnós-
CLÍNICAS. tico geral, a Anatomia Patológica tem
Tem por raiz metodológica a obser- uma contribuição relevante para a
vação macroscópica e microscópica detecção das lesões pré-malignas,
(microscopia de luz e electrónica), mas com o objectivo de diminuir a incidên-
tem, progressivamente, incorporado cia de cancro.
novas técnicas que alargaram o âmbito A Anatomia Patológica é necessária
do diagnóstico de base morfológica e ao exercício assistencial em quase
que contribuem para diagnósticos mais todas as especialidades médicas e
precisos e seguros com vista a tomada cirúrgicas. O anatomopatologista deve
de decisões clínico-terapêuticas. En- integrar equipas multidisciplinares de
contram-se, entre estas técnicas, a decisão terapêutica, nomeadamente
imuno-histoquímica, a citometria está- no âmbito da Oncologia e do aconse-
tica e de fluxo, a hibridação in situ, a lhamento genético.
“PCR” e a captação híbrida. A imuno- Relatórios anatomopatológicos com-
histoquímica permite detectar determi- pletos e claros, com conclusões cor-
nadas infecções e contribui para a rectas e precisas, e produzidos atem-
melhor definição da natureza dos padamente, são um pilar fundamental
tumores e a selecção das terapêuticas. da assistência hospitalar, com reper-
As técnicas de biologia molecular per- cussões na qualidade dos cuidados
mitem, adicionalmente, detectar ano- prestados, nas demoras das decisões
malias genéticas características de clínicas e nos tempos de internamento.

5
2. Âmbito da 10. Sistemas de auditoria.
11. Referenciação de casos de pato-
Anatomia logias específicas.
12. Investigação, designadamente
Patológica clínico-patológica.
13. Participação em instâncias de
Hospitalar decisão que possam condicionar
a organização e o funcionamento
A Anatomia Patológica, na sua ver- dos Serviços de Anatomia Pato-
tente assistencial, tem por objectivo cen- lógica.
tral o diagnóstico baseado no exame
morfológico de órgãos, tecidos e célu-
las. Inter-relaciona-se com quase todas
as outras especialidades médicas e 3. Rede de
cirúrgicas no estabelecimento do diag-
nóstico e na identificação dos factores
Referenciação
de prognóstico das doenças e, também,
na sua prevenção. Tem, ainda, uma
Hospitalar de
intervenção relevante na avaliação da
qualidade dos cuidados médicos presta-
Anatomia
dos e do funcionamento hospitalar. Patológica
A actividade de diagnóstico anato-
mopatológico integra, essencialmente, Definição e Objectivos
as seguintes áreas:
A Rede de Referenciação Hospitalar
1. Macroscopia e histopatologia de Anatomia Patológica é o sistema inte-
(biópsias e peças cirúrgicas). grado e hierarquizado de laboratórios de
2. Citopatologia (esfoliativa e aspira- Anatomia Patológica, com sede hospita-
tiva, execução de punção bióp- lar, que visa satisfazer, de forma concer-
sia). tada, as necessidades de assistência
3. Exames peroperatórios (exames hospitalar no diagnóstico, de formação,
extemporâneos). de investigação, de colaboração interdis-
4. Análises morfométricas, imuno- ciplinar e de garantia de qualidade no
morfológicas e moleculares, auxi- âmbito da especialidade de Anatomia
liares do diagnóstico. Patológica.
5. Autópsia clínica. A articulação dos laboratórios numa
rede organizacional tem como objecti-
O exercício da Anatomia Patológica vos principais:
hospitalar inclui, ainda, as seguintes
1. Melhorar a qualidade da actividade
actividades:
anatomopatológica assistencial.
6. Consultas multidisciplinares de 2. Maximizar a rentabilidade de
decisão terapêutica. meios humanos e de recursos
7. Reuniões anátomo-clínicas. técnicos.
8. Desenvolvimento profissional conti- 3. Uniformizar procedimentos.
nuado. 4. Garantir a qualidade da prática
9. Programas de qualidade. profissional.

6
5. Assegurar programas de qualidade patologista. Dos restantes 10, 3 não
na formação de especialistas. possuem anatomopatologista, mas dis-
6. Contribuir para o desenvolvimento põem de técnicos, e 7 estão inactivos
profissional continuado. (Quadro I).
7. Fomentar e criar condições para o Dos 47 Serviços, 42 têm sala de
desenvolvimento da investigação autópsias.
aplicada.
2. Anatomopatologistas
Existem 151 anatomopatologistas
4. Análise da nos quadros hospitalares (36 chefes
de serviço e 115 assistentes hospitala-
Situação* res graduados e assistentes hospitala-
res), o que corresponde a 63% do total
1. Hospitais de lugares (239: 69 de chefe de ser-
Existem 47 hospitais públicos com viço e 170 assistentes hospitalares).
quadro médico de anatomopatologis- 25% dos anatomopatologistas têm
tas: 12 na ARS Norte, 11 na ARS mais de 50 anos de idade.
Centro, 19 na ARS de Lisboa e Vale Estão em formação 48 internos.
do Tejo, 3 na ARS do Alentejo e 2 na Tendo em consideração a elevada taxa
ARS do Algarve. de desistência do internato nesta
Encontram-se em funcionamento especialidade, há necessidade de
37 Serviços de Anatomia Patológica equacionar medidas incentivadoras da
com recursos médicos e técnicos; opção pela Anatomia Patológica
destes, 5 possuem apenas 1 anatomo- (Quadro II).

Quadro I. Serviços de Anatomia Patológica nos Hospitais Públicos por ARS


Norte Centro LVT Alentejo Algarve Total
Com médicos e técnicos 11 7 16 1 2 37
Só com técnicos de
diagnóstico e terapêutica 0 2 0 1 0 3
Sem sala de autópsias 1 2 2 0 0 5
Sem funcionamento 1 2 3 1 0 7
Sem funcionamento: CH Vale Sousa, H Guarda, H S.João Madeira, H D. Estefânia, H Torres Vedras,
H Abrantes e H Portalegre.
Não têm médicos: H de Castelo Branco, C H Cova da Beira e H Beja.
Sem sala de autópsias: CH V N Gaia, H S.João Madeira, IPOC, H D. Estefânia e H S. Francisco Xavier
O H D. Estefânia sem instalações próprias e que tem quadro com médicos e técnicos, trabalham no H S. José).

* Dados obtidos a partir de inquérito realizado


em Fevereiro de 2002. O número de exames
refere-se ao ano 2000.

7
Quadro II. Anatomopatologistas por ARS
Norte Centro LVT Alentejo Algarve Total
Chefes de serviço: lugares
do quadro/ lugares providos 22/14 14/5 29/16 2/1 2/0 69/36
Assistentes hospitalares:
lugares do quadro/ lugares
providos 47/32 34/20 80/58 4/0 5/5 170/115
Médicos com mais
de 50 anos 11 8 16 18 37

Quadro III. Vagas de Anatomopatologistas preenchidas por ARS


% de vagas preenchidas - Norte 67%
% de vagas preenchidas - Centro 52%
% de vagas preenchidas - Lisboa e Vale do Tejo 68%
% de vagas preenchidas - Alentejo 17%
% de vagas preenchidas - Algarve 71%
TOTAL 63%

3. Volume assistencial (Quadro IV). O número médio de exames


O total anual de exames efectuados citológicos e histológicos por especialista
por valência em 2000 foi de 210 159 é de 1 392 e 1 781, respectivamente.
exames citológicos, 268 949 exames his- O número médio de exames necrópsicos
tológicos e 2 206 exames necrópsicos por especialista é de 15 (Quadro V).

Quadro IV. Volume Assistencial por ARS


N.o Global de Exames Norte Centro LVT Alentejo Algarve Total
Citológicos 57729 78757 71045 1269 1359 210159
Histológicos 72313 63380 116501 9551 7204 268949
Necrópsicos 336 297 1525 0 48 2206

Quadro V. Número de Exames por Anatomopatologistas por ARS


N.o de Exames/Especialista Norte Centro LVT Alentejo Algarve Total
Citológicos 1255 3150 960 1269 272 1392
Histológicos 1572 2535 1574 9551 1441 1781
Necrópsicos 7 12 21 0 10 15
Notas: O número proporcionalmente mais elevado de exames citológicos por especialista na ARS do
Centro, relativamente às restantes ARS, é devido à realização de exames incluídos em programas de
rastreio de cancro do colo do útero e da mama.
Em alguns hospitais, parte ou a totalidade dos exames é realizada em instituições públicas exteriores ou
em entidades privadas, facto que deverá ser tomado em conta na leitura dos quadros.
O número de autópsias realizadas por anatomopatologista é o seguinte: ARS Norte – 7; ARS Centro – 12;
ARS Lisboa e Vale do Tejo – 21; Alentejo – 0 e Algarve – 10. Ao analisarem-se estes números deve ter-se
em conta que não puderam ser discriminadas as necrópsias neonatais das necrópsias dos adultos.

8
4. Técnicos de diagnóstico e tera- 5. Funcionários administrativos
pêutica
Existem 91 administrativos, 29 no
No Norte, Centro, Lisboa e Vale do Norte, 14 no Centro e 48 no Sul, com
Tejo, Alentejo e Algarve existem, res- uma relação estimada de 1 administra-
pectivamente, 78, 58, 119, 5 e 5 téc- tivo para 3 patologistas (Quadro VI).
nicos de anatomia patológica, citoló-
gica e tanatológica nas diversas
categorias (265 no total). A relação
técnico/médico é de 1,8 (Quadro VI).

Quadro VI. Técnicos de Anatomia Patológica e Administrativos por ARS


Norte Centro LVT Alentejo Algarve Total
Técnicos 78(1,7) 58(2,3) 119(1,6) 5(5) 5(1) 265(1,8)
Administrativos 29(0,6) 14(0,6) 43(0,6) 3(3) 2(0,4) 91(0,6)

5. Princípios a uma hierarquia de organização


que se baseia em dois níveis.
estruturantes da 4. Cada um dos níveis de organiza-
ção é definido por um limite de
Rede actos de diagnóstico, de valên-
cias de diagnóstico e de recur-
A Rede de Referenciação estrutura- sos humanos.
se nos seguintes princípios:
5. São estabelecidos rácios indica-
1. Os actos de diagnóstico a prestar dores para a relação número de
enquadram-se em áreas tradicio- exames/nível, tipo e número de
nais (autópsias, histopatologia, exames/especialista, tipo e nú-
citopatologia) e noutras do âmbito mero de exames/técnico de
imunomorfológico, citométrico, de laboratório.
biologia e genética moleculares.
6. Os Serviços de Anatomia Pato-
2. A organização dos recursos em lógica de níveis distintos articu-
Serviços de Anatomia Patológica lam-se entre si, designadamente
atenderá, primariamente, à estru- para a obtenção de segunda
tura da rede existente, mas tam- opinião, a realização de técnicas
bém considerará a distribuição complementares diferenciadas e
populacional, sobretudo para a sua ligação com centros de
exames do âmbito do ambulató- referenciação em determinadas
rio, neles se incluindo o rastreio patologias.
das doenças oncológicas.
7. As áreas de competência especí-
3. A instalação dos recursos a fica, tradicionalmente associadas
afectar na prática da especiali- a determinadas especialidades
dade, no que respeita ao seu (ex: neuropatologia, dermatopa-
tipo e à sua dimensão, atenderá tologia) integram a organização e

9
os recursos físicos e humanos
dos Serviços de Anatomia Pato-
6. Nomenclatura
lógica, podendo salvaguardar a
autonomia técnica que se julgue
e quantificação
apropriada a cada caso. da actividade
8. A realização de autópsia de etio-
logia infecciosa específica será
assistencial em
objecto de uma organização pró-
pria, com concentração de re-
Anatomia
cursos em Serviços de Anatomia Patológica
Patológica equipados para o
efeito. Para uniformizar a avaliação e a cate-
9. A organização e funcionamento de gorização dos Serviços da Rede, devem
estes utilizar a mesma nomenclatura e
um sistema de controlo interno de
sistema de quantificação dos exames
qualidade dos diagnósticos anato-
realizados, que decorrem das tabelas de
mopatológicos e do resultado das
nomenclatura e facturação aprovadas
técnicas e métodos complemen-
pelo Ministério da Saúde. Para tal, torna-
tares deve incluir todos os compo-
se necessário definir uma medida-
nentes da Rede.
padrão de exame, reprodutível nas diver-
10. A estruturação dos programas sas instituições, que é designada por
de formação pós-graduada (in- Unidade de Diagnóstico (UD).
ternatos da especialidade) deve A Unidade de Diagnóstico é um valor
basear-se no princípio da com- unitário utilizado para comparar diferen-
plementaridade dos Serviços de tes tipos de exames, tendo em conta a
Anatomia Patológica da Rede, sua diversidade, complexidade e a
por forma a fornecer todas as incorporação dos trabalhos técnico e
valências necessárias ao treino médico. O valor unitário, ou seja, a
dos formandos. Unidade de Diagnóstico, é constituído
pelo peso/valor do exame citológico
11. A formação pré-graduada pode
“médio”, sendo os restantes exames
condicionar alterações pontuais
“médios”, ponderados em função des-
no que respeita ao cumprimento
te. Assim sendo, obtém-se a seguinte
de um ou mais destes princípios
equivalência:
por parte dos hospitais de afilia-
ção universitária. Exame citológico “médio” (excluída
biópsia aspirativa com punção) = 1 UD
Exame histológico “médio” (incluída
biópsia aspirativa com punção) = 3 UD
Exame necrópsico = 50 UD

Para fins de ponderação do volume


de serviço processado por cada labo-
ratório, apenas se entra em conta com
estes três tipos de exame, porque
constituem a base do diagnóstico ana- Direcção do Serviço aqueles números
tomopatológico e sobre os quais pode- deverão ser reduzidos de 1 500 UD
rão incidir as técnicas complementares. para os Serviços de tipo A e de 1 000
UD para os Serviços de tipo B.

7. Caracterização 7.1.3
Quando um Serviço de Anatomia Pa-
dos componentes tológica realizar exames de screening
por citotécnicos1, apenas 10% do nú-
da Rede mero desses exames serão contabili-
zados para a avaliação do volume de
7.1. Princípios básicos trabalho dos anatomopatologistas e do
quantitativo global dos exames do
Previamente à definição das catego- Serviço.
rias de Serviços de Anatomia Pato-
lógica e ao enunciado dos critérios que 7.1.4
as fundamentam, torna-se necessário Os Serviços de Anatomia Patológica
enumerar alguns princípios básicos devem ser providos com equipamento
que se encontram subjacentes à ela- tecnológico adequado aos seus objecti-
boração da Rede de Serviços: vos.

7.1.1 7.1.5
A existência de um Serviço de
Os Serviços de Anatomia Patológica
Anatomia Patológica hospitalar pressu-
devem ter condições que permitam
põe um volume anual de exames igual
exercer a actividade na observância
ou superior a 12 500 UD, o que se
dos critérios de segurança e em condi-
justifica pela necessidade de rentabili-
ções dignas, com minimização de ris-
zar os recursos humanos e equipa-
cos para os profissionais que nele
mentos, bem como para salvaguardar
desenvolvem a sua actividade.
a qualidade da actividade prestada.

7.1.2 7.1.6
O número de exames por anatomo- As funções dos anatomopatologistas
patologista sem funções de direcção integrados nos serviços hospitalares
de serviço não deverá ultrapassar o não se circunscrevem à actividade de
equivalente a 4 500 UD/ano nos diagnóstico, mas também incluem
Serviços de Anatomia Patológica de acções formativas, actividades de ges-
tipo A, e o equivalente a 6 000 UD/ano tão, participação em grupos multidisci-
nos Serviços de tipo B e nos Centros plinares e organização de reuniões
de Patologia Especializada, o que se anátomo-clínicas.
justifica por se reconhecer que a
sobrecarga de trabalho é um factor
que facilita a ocorrência de erros de 1
Em Portugal, não estão regulamentadas nem a
diagnóstico. Para o responsável pela formação nem a actividade dos citotécnicos.

11
7.1.7 4. Número de anatomopatologistas
A eficiência e a qualidade da activi- do quadro;
dade de diagnóstico anatomopatológico 5. Tecnologias disponíveis;
dependem também da existência de 6. Formação pós-graduada;
Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica 7. Actividades de investigação.
qualificados e em número suficiente,
bem como de Pessoal Administrativo e Os Serviços de Anatomia Patológica
de Pessoal Auxiliar devidamente prepa- são categorizados em Tipo A ou B, de
rado e em número suficiente. Propõe- acordo com os critérios a seguir defini-
-se, como princípio, a relação técnico/ dos:
/médico de 1,5:1 nos Serviços de Tipo
– Volume de exames efectuados
A, tendo em consideração as técnicas
complementares especializadas, e a anualmente, traduzidos em
relação de 1:1 nos restantes Serviços. Unidades de Diagnóstico

Tendo estes princípios em conta, a Tipo A – Valor anual igual ou su-


distinção e articulação de diversos tipos perior a 25 000 UD
de serviços prestadores de cuidados Tipo B – Valor anual igual ou su-
de saúde no âmbito da Anatomia perior a 12 500 UD
Patológica decorre dos princípios enun-
ciados nos parágrafos 6 e 7. Como foi previamente referido, um
Segundo as respectivas característi- valor quantitativo anual inferior a
cas, consideram-se três níveis de pres- 12 500 UD não justifica, em princípio,
tação de cuidados em Anatomia existência de Serviço de Anatomia
Patológica, a que correspondem estru- Patológica.
turas hierarquizadas:
– Valências
1. Serviços de Anatomia Patológica
de Tipo A Para fins de divisão em Tipo A e Tipo
2. Serviços de Anatomia Patológica B, são apenas consideradas as valên-
de Tipo B cias clássicas (Citopatologia, Histopa-
3. Centros de Patologia Especia- tologia e Autópsias), já que os restan-
lizada (CPE) tes tipos de exames e metodologias
decorrem delas.
Para efeitos de inclusão na Rede, os
Serviços de Anatomia Patológica dos Tipo A – Existência das três valên-
Centros Regionais do IPO consideram- cias, com execução efectiva de
-se equiparados aos dos demais hos- todas elas.
pitais. Tipo B – Existência das valências
A caracterização dos Serviços em de Citopatologia e Histopatologia,
níveis atende aos parâmetros seguintes: sendo também possível a realização
de Autópsias.
1. Volume de exames efectuados
anualmente, traduzido em Unida-
– Diversidade de patologias
des de Diagnóstico (UD);
2. Áreas (“valências”) abrangidas; Respeita ao tipo de patologias que
3. Diversidade de patologia obser- são estudadas no serviço, sendo con-
vada; sideradas patologias não-neoplásicas e

12
neoplásicas e, de ambas, as ocorren- Tipo B – Podem ministrar forma-
tes nos diversos aparelhos, sistemas e ção pós-graduada de forma parce-
órgãos. lar, em articulação com outros ser-
viços da Sub-Rede.
Tipo A – Tendencialmente, deve-
rão ser diagnosticadas as patolo-
– Actividades de investigação
gias tratadas em hospitais mais
diferenciados. Pela natureza de cada instituição ou
Tipo B – As patologias diagnosti- serviço, este critério adquire pesos dis-
cadas têm diversidade e grau de tintos:
dificuldade inferiores às próprias do Tipo A – Deverá demonstrar a
Tipo A.
prática regular de investigação.
Tipo B – Embora a prática regular
– Número de Anatomopatologis-
de investigação seja desejável em
tas do Quadro
qualquer instituição, os Serviços
Devem ser considerados os números deste nível poderão não demons-
de vagas do quadro e não os lugares trar tal actividade de uma forma tão
preenchidos. regular como a que será própria
dos Serviços de Tipo A.
Tipo A – Número de anatomopa-
tologistas do Quadro em número
Em resumo, os dois tipos de serviço
igual ou superior a 5.
definir-se-ão da seguinte forma:
Tipo B – Número de anatomopa-
tologistas do Quadro em número
Serviço de Anatomia Patológica
igual ou superior a 3.
de Tipo A:
– Tecnologias disponíveis • Deve ter um volume anual de exa-
mes igual ou superior a 25 000 UD.
As tecnologias disponíveis devem
adequar-se ao tipo e volume de exames • Deve possuir as três principais
requisitados e às condições específicas valências da especialidade: citolo-
de articulação das unidades da rede. gia, histologia e necrópsias.
Tipo A – Deverão dispor de técni- • Deve ter patologia diversificada e
cas morfológicas e imunomorfológi- que inclua a totalidade ou a grande
cas, bem como outras que permi- maioria da patologia das especiali-
tam, desejavelmente, a resolução dades médico-cirúrgicas.
de mais de 95% dos exames de
• Deve ter pelo menos 5 lugares de
acordo com o “estado da arte”.
anatomopatologistas no quadro.
Tipo B – Deverão dispor de técni-
cas morfológicas e imunomorfológi- • Deve ter capacidade técnica e
cas básicas. equipamento adequados para reali-
zar, autonomamente, os exames
– Formação pós-graduada das valências de citologia, histolo-
gia e de autópsias.
Tipo A – Os serviços deste nível
deverão ter, obrigatoriamente, for- • Deve ter capacidade técnica para a
mação pós-graduada, devidamen- realização de determinadas técnicas
te regulamentada. complementares mais específicas

13
(Ex: imunofluorescência, microsco-
pia electrónica, biologia molecular).
• Deve ter competência para o
ensino pós-graduado.
• Deve ter actividade regular de
investigação.

Serviço de Anatomia Patológica a áreas específicas da patologia huma-


de Tipo B: na, consideradas na sua vertente do
• Deve ter um volume anual de exa- diagnóstico anatomopatológico.
mes inferior a 25 000 UD e igual
ou superior a 12 500 UD. Às CPE podem corresponder
Serviços de Anatomia Patológica nos
• Deve ter as valências de citologia e quais o diagnóstico é efectuado por
de histologia, podendo também anatomopatologias inscritos no respec-
realizar autópsias. tivo Colégio de Especialidade da
• Deve ter patologia diversificada, Ordem dos Médicos, bem como
mas pode não dispor de patologias outros Serviços ou suas partes que
próprias de algumas especialida- tenham desenvolvido práticas de diag-
des médico-cirúrgicas. nóstico anatomopatológico por médi-
cos que não possuam o título de ana-
• Deve ter um quadro de anatomo- tomopatologistas.
patologistas com um número de O desenvolvimento de cada área
lugares igual ou superior a 3. específica do diagnóstico deve decor-
• Deve ter capacidade técnica e equi- rer sempre no seio de um Serviço de
pamento adequados à realização Anatomia Patológica, pelo que as situa-
autónoma dos exames de citologia ções existentes que divirjam desta
e de histologia. As técnicas comple- orientação deverão, tendencialmente,
mentares que exijam equipamento evoluir para a integração em Serviços
mais especializado ou consumíveis de Anatomia Patológica da Rede.
de uso menos frequente devem ser Para a existência de um CPE é con-
realizados em Serviço de Tipo A da siderado necessário um volume de
respectiva Sub-Rede. exames igual ou superior a 8 000 UD.
O Quadro Médico ou o número de
• Deve participar na formação pós- especialistas adstritos ou destacados
-graduada, integrada em progra- para o Centro/Unidade deve ser de
mas específicos inseridos na Rede.
2 ou mais elementos.
• É aconselhável ter actividades de Os CPE existentes devem depender,
investigação. no que respeita ao seu programa fun-
cional, de um Serviço de Anatomia
Centro de Patologia Especializada Patológica de Tipo A.
(CPE)
Serviços com área de excelência
Definem-se como Centros de Pato-
logia Especializada (CPE), as unidades Podem prever-se serviços de Tipo A,
laboratoriais dedicadas exclusivamente Tipo B ou CPE que sejam identificados

14
com critérios de excelência e, como de Serviços de Anatomia Patoló-
tal, constituam centros de referência gica.
em determinadas áreas da patologia.
7. Os CPE actualmente existentes,
nas suas várias vertentes e com
as suas diversas denominações,
8. Organização deverão ser tendencialmente inte-
grados nos Serviços de Anatomia
geral da Rede Patológica respectivos.

Os vários serviços e CPE organizam-


-se de acordo com a sua categoria,
obedecendo aos seguintes princípios: 9. Requisitos
1. Os Serviços de Anatomia Patoló-
gica de Tipo B devem referenciar
mínimos para as
aos Serviços de Tipo A, salvo em diferentes
circunstâncias especiais previa-
mente definidas dentro de cada unidades da Rede
Sub-Rede.
Componentes de um Serviço de
2. Deve definir-se, em cada Sub-
Anatomia Patológica
-Rede, a organização hierarqui-
zada das tecnologias em áreas Um Serviço de Anatomia Patológica
específicas da Patologia. deve ter, resumidamente, uma área
laboratorial, uma área de trabalho para
3. Os CPE relacionam-se, directa e
médicos(as) e técnico(a) coordena-
obrigatoriamente, com Serviços
de Tipo A da sua Sub-Rede. dor(a), uma área para o sector adminis-
trativo e áreas de apoio.
4. Os Serviços de qualquer nível e Os Serviços de Tipo A deverão pos-
os CPE podem ser considerados suir uma área útil a partir de 320m2,
“Serviços de excelência” em enquanto os Serviços de Tipo B não
determinada área de diagnóstico deverão ter uma área inferior a 200m2.
anatomopatológico, constituindo,
nessa matéria, o Serviço/CPE de A – Área laboratorial
referenciação dessa ou de outras
Sub-Redes. • Área para recepção das peças/
/produtos.
5. Os níveis de equipamento de um • Sala para exame macroscópico
Serviço deverão estar de acordo das peças com ventilação e
com a sua categoria, evitando extracção adequada de vapores,
quer o desperdício, quer o subdi- com área aproximada de 20 m2.
mensionamento. • Sala para histopatologia: processa-
6. O desenvolvimento de áreas mento, corte, montagem e colora-
específicas de diagnóstico anato- ção de rotina, com ventilação e
mopatológico deverá ocorrer sem- extracção adequada de vapores,
pre no contexto da organização com área aproximada de 40 m2.

15
• Sala para colorações especiais, E – Equipamentos
com área aproximada de 15 m2.
Apenas se enumeram os principais
• Sala para imunocitoquímica, com a equipamentos que devem integrar um
área aproximada de 15 m2. Serviço de Anatomia Patológica. A sua
• Sala para citopatologia, com, apro- dimensão/capacidade e número depen-
ximadamente, 20 m2. derá do volume de exames a tratar,
• Sala para biópsias aspirativas por não podendo ser objecto de especifi-
agulha fina, se a colheita for efec- cação neste documento. Não estão
tuada no Serviço, com aproxima- também incluídos equipamentos e sis-
damente 15 m2. temas inerentes à segurança e preven-
• Sala de iconografia. ção. Deverão existir sempre:
• Sistema de exaustão frontal na
B – Área de trabalho
área de observação macroscópica
• Gabinete para o Director de Serviço. das peças cirúrgicas, preferencial-
• Gabinetes para os médicos, prefe- mente integrado num sistema
rencialmente individuais. modular de bancada.
• Gabinete para o Técnico(a) Coor- • Processador automático de teci-
denador(a). dos, preferencialmente com sis-
tema de vácuo.
C – Área Administrativa • Centro de inclusão em parafina.
• Micrótomos.
Sala com dimensões adequadas • Placas/Tinas de extensão.
para o número de funcionários, não • Equipamento de coloração auto-
sendo a área inferior a 20 m2. mática.
• Centrífuga.
D – Áreas de Apoio • Estufas de incubação e secagem.
• Sala de lavagem de material. • Balanças de precisão.
• Sala de sujos . • Micrótomo de congelação.
• Sala para armazenar peças, com • Microscópios.
extracção adequada de vapores. • Sistemas fotográficos macro e
• Sala de arquivo de blocos de para- microscópico.
fina e de lâminas. • Sistema informático.
• Sala para arquivo de relatórios e
F – Área de autópsias
outros documentos
• Sala para armazém de produtos • Sala destinada exclusivamente à
químicos. realização de autópsias.
• Sala de reuniões, com área mínima – Área ampla, adequada ao núme-
de 20 m2 e que poderá ser tam- ro e tipo de mesas de autópsia e
bém utilizada como biblioteca. incluindo zona para “visitantes”
• Sala de formação, com cerca de (médicos assistentes, internos,
70m2, quando o Serviço exerça estudantes, autoridades judiciais
formação pré-graduada. e policiais, de acordo com o
• Vestiários para funcionários. nível do Serviço e se nela se rea-
• Área com funções de copa. lizarem autópsias médico-legais).

16
Para uma sala com uma mesa 9.1 Condições
de autópsia, 25 m2 .
– Água corrente. especiais para
– Boa ventilação e sistema extrac- autópsias de
tor com filtros. cadáveres com
– Boa iluminação.
– Mesas de autópsia, com água doenças infecciosas
corrente e mesas adicionais de
dissecção. Todas as autópsias devem ser efec-
– Revestimentos das paredes e do tuadas em boas condições de higiene,
minimizando os riscos de infecção dos
chão com superfícies lisas, facil-
executantes e de disseminação de
mente laváveis e impermeáveis.
eventuais agentes infecciosos.
– Chão com escoamento de água.
Nos casos de suspeita ou confirma-
– Janelas com redes anti-insecto.
ção de infecções, que possam ter
• Vestiário(s) com lavatório(s) e du- consequências mais graves para os
che(s). executantes e que exijam medidas de
• Espaço para trabalho de secretaria, maior confinamento, justificam-se me-
elaboração de relatórios e arquivo didas de segurança especiais. Estão,
de documentos. neste caso, as encefalopatias espongi-
• Espaço para conservação de formes, as infecções pelo VIH, a tuber-
peças, blocos e lâminas. culose (com carácter obrigatório para
• Casa mortuária, com frigoríficos as formas multirresistentes) e outras de
para conservação de corpos (a reconhecida perigosidade.
capacidade deve, também, ter em As autópsias de patologia destes
conta fins-de-semana prolonga- tipos serão exclusivamente realizadas
dos, eventuais avarias e outras em instalações que cumpram, entre
situações excepcionais). outros que se justifiquem, os critérios
• Maca(s) para cadáveres. técnico-científicos definidos no ponto
• Instrumentos de dissecção. anterior. Essas instalações serão cons-
• Serra eléctrica (com extractor de truídas de novo, justificando-se, nas
poeiras). condições actuais da organização hos-
• Balança para pesagem de órgãos. pitalar, que existam em número de
• Recipientes para colheitas de líqui- três, respectivamente no Porto,
dos biológicos, órgãos, tecidos e Coimbra e Lisboa. As responsabili-
produtos para estudo microbioló- dades técnicas das três salas de
gico, toxicológico e bioquímico. autópsias de alto risco serão atribuídas
• Tabuleiros para transporte de pro- aos Serviços de Anatomia Patológica
dutos. das unidades hospitalares em que se
• Equipamento para radiografia encontrem sediadas as respectivas
(autópsias de fetos e perinatais). salas.
• Equipamento de protecção pes- Os anatomopatologistas dos diferen-
soal (batas, aventais, barretes, tes serviços da Sub-Rede respectiva
luvas, máscaras, óculos, botas). poderão ser chamados a fazer estas
• Equipamento de limpeza. autópsias.

17
A execução de autópsias de patolo- BCG poderão estar também reco-
gia infecciosa de maior risco exige: mendadas).
• Vestiário para médicos e técnicos
• Autópsia realizada tão in situ
(com duche).
quanto possível, reduzindo ao
• Equipamento de protecção pes-
máximo a manipulação de órgãos.
soal disposable e de qualidade
• Dissecção de vísceras só após,
pelo menos, 1 semana de fixação. apropriada: blusa, calças, bata,
• Etiquetas para marcação de todo o avental, barrete com extensão ao
material perigoso. pescoço, óculos, máscara de bico
• Normas escritas sobre todos os de pato, máscara com viseira, pro-
procedimentos para minimização tecção para os sapatos, botas,
de riscos na sala de autópsias. luvas cirúrgicas, luvas de borracha
• Inspecção mensal das condições grossa antigolpe, luvas de rede
de higiene e de equipamento, com metálica.
registo das ocorrências. • Lavatório equipado para desinfec-
• Sala com mobiliário e objectos limi- ção das mãos.
tados ao indispensável. • Recipiente para desinfecção das
• Pavimento e bancadas completa- botas.
mente lisos, impermeáveis e lavá- • Saco impermeável para cadáver
veis. (adultos e crianças).
• Superfícies resistentes aos solutos • Material absorvente para líquidos
desinfectantes. biológicos.
• Zona de transfer para entrada e • Plástico impermeável (a metro) para
saída da sala. protecção de superfícies e da
• Sistema de ventilação adequado e balança.
devidamente testado, com filtros • Suportes descartáveis para cabe-
absolutos (HEPA) (manutenção ça.
regular indispensável). • Sacos plásticos fortes e transpa-
• Sistema de descontaminação dos rentes para proceder à autópsia do
efluentes antes da descarga final. crânio.
• Limpeza regular e especializada da • Sacos plásticos grandes, imper-
sala, com utilização de solutos meáveis e resistentes, para trans-
desinfectantes adequados. porte de resíduos para incineração
• Controlo de vectores (rede anti- (inclusivamente, do material absor-
-insectos nas janelas). vente ensopado).
• Acesso limitado ao pessoal autori- • Serras manuais para o crânio, des-
zado. cartáveis ou esterilizáveis.
• Sinalização de perigo biológico. • Instrumentos reservados para as
• Médicos e técnicos experientes e autópsias de maior risco (sem
devidamente informados dos riscos bicos).
e procedimentos a seguir. • Aspirador de líquidos cirúrgico e
• Três funcionários por autópsia (ana- desinfectável.
tomopatologista, técnico, elemento • Máquina eléctrica para lavagem de
circulante), vacinados contra a instrumentos, desinfectável periodi-
hepatite B (a vacina antitetânica e a camente.

18
• Recipientes para desinfecção de anomalias, e facilita o transporte entre
instrumentos e luvas metálicas. hospitais de concelhos diferentes.
• Autoclave apropriado ou meios O controlo de qualidade, parte inte-
seguros de transporte do material a grante da actividade dos Centros de
autoclavar fora da sala de autóp- Diagnóstico Pré-Natal, é realizado quer
sias. na vertente da Fetopatologia, quer na
• Desinfecção cuidada da mesa de de Neonatologia. A Fetopatologia assu-
autópsia e da mesa de órgãos me, assim, uma dupla importância no
depois de removido o corpo. diagnóstico integrado da doença ou
anomalia fetal numa perspectiva de
pesquisa etiológica, aconselhamento
9.2.Condições genético e prevenção e no controlo de
especiais em caso de qualidade.
autópsias de doenças Cada Unidade de Fetopatologia,
considerada como um centro de
priónicas Patologia Especializada (CPE), deverá
ter um anatomopatologista com dife-
Condições de autoclavagem:
renciação em fetopatologia e realizar,
• Porous load, high vacuum, 1 ciclo como mínimo, 200 exames/ano.
de 18 min a 134-137oC ou 6 De acordo com as necessidades
ciclos de 3 min a 134-137oC). actuais prevê-se que, nesta data,
cinco Unidades sejam suficientes para
Solutos desinfectantes: o País, duas na ARS Norte, uma na
ARS Centro e duas na ARS de Lisboa
• Hipoclorito de sódio 20000ppm,
e Vale do Tejo, que deverão também
1 hora (para superfícies e instru-
dar apoio aos hospitais das ARS do
mentos) (uso desagradável e cor-
Alentejo e Algarve.
rosivo para o aço).
Devem localizar-se em hospitais com
• Hidróxido de sódio 2N, 1 hora
Serviços de Anatomia Patológica Tipo
(para superfícies e instrumentos)
A e com Serviço de Genética.
(não usar em alumínio).
Todos os outros hospitais devem
• Ácido fórmico a 96% para desin-
enviar os fetos/recém-nascidos faleci-
fecção de tecidos e cortes de
dos para as Unidades de Fetopa-
parafina para estudo histológico.
tologia, com as quais se articulam na
respectiva Sub-Rede.
9.3. Unidades de
Fetopatologia Normas de funcionamento das
Unidades de Fetopatologia:
A recente legislação sobre Centros – Deverão ser-lhe enviados para
de Diagnóstico Pré-Natal (Despachos exame todos os recém-nascidos
Ministeriais n.os 5411/97, de 6 de falecidos no período neonatal, os
Agosto e 10325/99, de 20 de Maio) fetos mortos com mais de 22
recomenda a realização do exame semanas ou 500 gramas de peso
fetopatológico a todos os nados-mor- e todos os fetos relativamente aos
tos e recém-nascidos falecidos com quais se suspeite de anomalias ou

19
se tenha verificado interrupção – Os fetos com 24 ou mais semanas
médica da gravidez por anomalias de gestação terão, obrigatoria-
congénitas, independentemente da mente, funeral, pelo que serão
idade gestacional ou peso. devolvidos ao Serviço de origem,
– O pedido de exame será acompa- acompanhado de relatório da
nhado de Folha de Registo Na- autópsia.
cional de Anomalias Congénitas
devidamente preenchida e de um
relatório onde conste a identifica-
ção e todos os dados clínicos dis-
poníveis, (modelo próprio a forne-
cer pela Unidade de Fetopatologia).
– Quando se trate de uma interrup-
ção programada é indispensável o
envio de líquido amniótico ou outro
produto biológico para estudo cito-
genético.
Nos outros casos, e sempre que
possível, deverá ser colhido san-
gue fetal em tubo heparinizado.
– Até ao momento do envio, que
deverá ocorrer no mais curto prazo
de tempo possível, o cadáver e a
placenta serão conservados no fri-
gorífico a 4º C e nunca congelados.
O transporte deverá realizar-se
dentro de uma caixa com isola-
mento térmico, se possível com
placas de refrigeração.
Nunca deverá utilizar-se soro fisio-
lógico como meio de conservação.
Quando a distância o justifique e a
idade gestacional for inferior a 22
semanas, o feto poderá ser en-
viado em formol, apesar de a for-
molização prejudicar a avaliação
dismorfológica.
– A Unidade de Fetopatologia pro-
cede ao exame anatomopatoló-
gico, avaliação dismorfológica,
estudos genéticos e radiológicos e
outros considerados indicados.
Elaborará um relatório final que
será enviado ao Serviço de origem.

20
10. Organigrama

SUB-REDE

Tipo B Tipo B Tipo B CPE

Tipo A

Serviços
com Área
de
Excelência

11. Rastreios actividades habituais do Serviço ou


Serviços a envolver.

Os exames anatomopatológicos são


componentes essenciais de determina-
dos programas de rastreio quer como 12. Consulta
método de rastreio propriamente dito,
quer na fase de acompanhamento dos Interinstitucional
casos suspeitos e confirmados. A pos-
sibilidade e capacidade de resposta
(2.a opinião) e
dos serviços da Rede ao acréscimo,
frequentemente substancial, do nú-
Patologias de
mero de exames a realizar devem ser Referenciação
avaliadas caso a caso e, se entendido
como conveniente, devem ser disponi- O diagnóstico na patologia cirúrgica,
bilizados os meios humanos e mate- citopatologia e autópsias não é um
riais que possibilitem uma resposta efi- processo de análise quantitativa, com
caz e competente, sem prejuízo das suporte em instrumentos que dão um

21
resultado objectivo e preciso. É antes acelerada de conhecimentos, devem
uma opinião baseada numa interpreta- ser referenciadas para anatomopatolo-
ção subjectiva de aspectos macro e gistas credenciados nessas áreas. São
microscópicos do produto submetido a exemplos a patologia hemolinfopoiética
estudo anatomopatológico. e a patologia oncológica pediátrica.
A natureza subjectiva do processo A Direcção-Geral da Saúde, com o
de diagnóstico exige do anatomopato- Colégio da Especialidade de Anatomia
logista informação e capacidade de Patológica (ouvidas as associações
avaliação, sendo a experiência um ele- científicas representativas da especiali-
mento fundamental para a expressão dade de Anatomia Patológica), deve
de um diagnóstico. Por outro lado, o promover a definição das patologias a
diagnóstico anatomopatológico preciso referenciar e dos respectivos centros
é determinante para o estabelecimento de referência. Compete aos Serviços
do esquema terapêutico mais ade- de Anatomia Patológica integrados nas
quado à situação clínica. Para se cum- Sub-Redes a implementação do sis-
prirem estes objectivos – redução da tema de consulta e de referenciação
subjectividade inerente ao diagnóstico de patologias.
anatomopatológico e diagnóstico mais
preciso –, obter uma segunda opinião,
intra-institucional e, sobretudo, interins-
titucional, ambas expressas por escrito, 13. Desenvolvimento
é, em muitos casos, fundamental.
É desejável que esta prática seja vulga-
Contínuo da
rizada e, em determinadas situações, Qualidade
nomeadamente do âmbito da oncolo-
gia, seja mesmo obrigatória. Os Serviços de Anatomia Patológica
A consulta interinstitucional justifica- deverão ter sistemas de garantia da
-se para casos de difícil resolução, que qualidade e controlo da qualidade
incluem patologias pouco frequentes, (poderão ser de tipo interno, externo
bem como patologias que impliquem ou ambos), que demonstrem a fiabili-
atitudes terapêuticas com reconheci- dade e utilidade dos seus resultados.
dos efeitos iatrogénicos ou especial- A garantia e o controlo de qualidade
mente onerosas. asseguram a precisão dos diagnósti-
Algumas patologias ou áreas da cos e constituem um dever perma-
patologia, pela sua relativa raridade ou nente para o anatomopatologista.
especificidade, devem ser referencia- O director do serviço é responsável
das para anatomopatologistas com pela manutenção dos padrões de qua-
competência nessas patologias. Este lidade.
procedimento visa dois objectivos não Cada anatomopatologista é respon-
separáveis: aquisição de maior expe- sável por assegurar e manter a sua
riência e consequente diagnóstico mais competência profissional e deve partici-
preciso. par nos programas de garantia da qua-
Outras patologias, por exigirem estu- lidade e auditorias.
dos complementares específicos e/ou O Serviço de Anatomia Patológica
se caracterizarem por uma evolução poderá participar em programas de

22
qualidade de outros Serviços de a necessidade imperativa de assegurar
Anatomia Patológica, de Serviços da ou apoiar o desenvolvimento profissio-
própria instituição, como parte inte- nal continuado no âmbito da própria
grante da auditoria clínica. especialidade e de outras.

14. Formação de 16. Telepatologia


Especialistas As tecnologias de transmissão de
informação têm ganho crescente apli-
A formação de especialistas em cabilidade em Anatomia Patológica.
Anatomia Patológica deve decorrer nas Têm sido utilizadas nas áreas do diag-
estruturas das Sub-Redes que estejam nóstico e da consulta para o diagnós-
em articulação orgânica, utilizando as tico, da formação e do controlo de
complementaridades das valências for- qualidade.
mativas nela existentes (ex. dermatopa- No contexto da Rede de Referen-
tologia, nefropatologia) para cumprir um ciação Hospitalar de Anatomia Patoló-
programa integrado de treino e forma- gica são valioso instrumento de articu-
ção de internos. lação entre os Serviços componentes
das Sub-Redes e destes com serviços
estrangeiros de referência.
A generalização da utilização da tele-
15. Desenvolvimento patologia deve atender aos desenvolvi-
Profissional mentos técnicos dos equipamentos e
às experiências que se forem adqui-
Continuado rindo.

O Desenvolvimento Profissional Conti-


nuado dos anatomopatologistas é indis-
pensável para garantir a qualidade do
diagnóstico. Integram o desenvolvimento
profissional continuado as actividades de
actualização, subespecialização, aquisi-
ção de competências complementares,
confrontação com as práticas de outros
Serviços e Colegas e participação em
programas de garantia de qualidade e
auditorias.
O dimensionamento dos quadros
médicos, as instalações e equipamen-
tos e os meios de consulta bibliográfica
dos Serviços incluídos na Rede de
Referenciação Hospitalar de Anatomia
Patológica devem ter em consideração
17. Investigação
A organização da Rede deve propi-
ciar a utilização dos recursos disponí-
veis para as actividades de investiga-
ção, sendo desejável que esta inclua,
preferencialmente, os locais onde de-
correm programas de formação pós-
-graduada, designadamente os interna-
tos da especialidade.

18. Faseamento
das metas da
estruturação da
Rede
O desenvolvimento da Rede deverá
ser progressivo e hierarquizado em
passos sucessivos. Essa hierarquiza-
ção atenderá, numa primeira fase, à
caracterização dos Serviços de acordo
com os parâmetros definidos, volume
de exames, tipo de valências, técnicas
disponíveis, em função da diferencia-
ção e daquela classificação. Seguir-se-
-á o redimensionamento dos quadros,
a articulação orgânica dos componen-
tes de uma mesma Sub-Rede e o
estabelecimento de programas de
garantia de qualidade e de monitoriza-
ção do funcionamento dos Serviços
interligados.

24
Arquitectura
da Rede
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde do Norte – Distrito do Porto

Póvoa de Varzim Paços de Ferreira Gondomar Amarante V. N. Gaia


Matosinhos Paredes Santo Tirso Baião Entre Douro e
Vila do Conde Penafiel Trofa Porto Ocidental Vouga
Maia Lousada Valongo
Marco de Canavezes Porto Oriental
Felgueiras
Cinfães*

Serviço Tipo B Serviço Tipo B Serviço Tipo B


H. Matosinhos H. Vale do Sousa CH. V. N. Gaia

Serviço Tipo A Serviço Tipo A


H. S. João H. St.º António/Maria Pia

Serviço Tipo A
IPO Porto

* Distrito de Viseu

27
28
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde do Norte – Distritos de Braga e Viana do Castelo

Distrito de Braga Restantes concelhos do


Concelhos de: distrito de Braga
Distrito Viana do Castelo Fafe, Guimarães,
Cabeceiras de Basto,
Mondim de Basto e
Vizela

Serviço Tipo B Serviço Tipo B


H. V. Castelo H. Guimarães

Serviço Tipo A
H. Braga
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde do Norte – Distritos de Bragança e Vila Real

Distrito de Bragança Distrito de Vila Real

Serviço Tipo B
CH Nordeste Transmontano /
/ H.Bragança

Serviço Tipo A
CH Vila Real / Peso da Régua

29
30
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde do Centro – Distritos de Viseu, Guarda e Castelo Branco

Distrito de Viseu (Cova da Beira) Castelo Branco


(excepto Cinfães e Covilhã Idanha-a-Nova
Mortágua) Fundão Oleiros
Belmonte Penamacor
Distrito da Guarda Proença-a-Nova
Sertã
Vila de Rei
Vila Velha de Ródão

Serviço Tipo B Serviço Tipo B Serviço Tipo B


H. Guarda H. Cova da Beira H. Castelo Branco

Serviço Tipo A Serviço Tipo A Serviço Tipo A


H. Viseu HUC CHC
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde do Centro – Distritos de Aveiro, Coimbra e Leiria

Sta. Mª Feira Aveiro Coimbra Norte Coimbra Sul Leiria Caldas da Rainha
Espinho Águeda Coimbra/Sé Nova Coimbra/Stª Clara Pombal Peniche
Oliv. Azeméis Estarreja Coimbra/Stª Cruz Coimbra/S. Martinho Alcobaça Bombarral
Ovar Albegaria-a-Velha Coimbra/Stº Antº Oliviais Bispo Marinha Grande Óbidos
S. João Madeira Ílhavo Coimbra/Eiras Figueira da Foz Porto de Mós
Arouca Murtosa Cantanhede Castanheira de Pera Nazaré
Cast. Paiva Oliveira do Bairro Anadia Condeixa-a-Nova Batalha
Vale Cambra Sever do Vouga Arganil Figueiró dos Vinhos
Vagos Góis Montemor-o-Velho
Lousã Pedrógão Grande
Mira Penela
Miranda do Corvo Soure
Mortágua
Oliveira do Hospital
Pampilhosa da Serra
Penacova
Tábua
V. N. Poiares
Serviço Tipo B Serviço Tipo B Serviço Tipo B Serviço TIpo B
H. Sta. M.a Feira H. Aveiro H. Leiria CH. C Rainha

Serviço Tipo A Serviço Tipo A Serviço TIpo A


HUC CHC H. Sta Maria

Serviço Tipo A
IPO Coimbra

31
32
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo - Distrito de Lisboa

Alvalade Alenquer Cadaval Graça Alameda Marvila Ajuda Cascais Algueirão/


Benfica Alhandra Lourinhã Lapa Coração Jesus Olivais Alcântara Oeiras /Mem Martins
Loures Arruda Vinhos Mafra Luz Soriano Penha França Sacavém Carnaxide Parede Amadora
Lumiar Azambuja Sob.M. Agraço S. Mamede/ S. João Sete Rios Stº Condestável Cacém
Odivelas Pov.Sta.Iría Torres Vedras /Sta. Isabel P. Pinheiro
Pontinha V.F.Xira Queluz
Reboleira
Rio Mouro
Sintra
Venda Nova

Serviço Tipo B Serviço Tipo B Serviço Tipo B Serviço Tipo B Serviço Tipo B
H.V Franca Xira H. T. Vedras/Barro H. Curry Cabral H. Cascais H. Amadora

Serviço Tipo A Serviço Tipo A Serviço Tipo A


H. Stª. Maria H. S. José/H. Capuchos H. Francisco Xavier/
/H. Egas Moniz

Serviço Tipo A Serviço Tipo A


IPO Lisboa H.D. Estefânia
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo - Distrito de Santarém

Santarém Abrantes Tomar Torres Novas


Almeirim Constância Ferreira do Zêzere V.N.Barquinha
Alpiarça Mação Ourém Entroncamento
Cartaxo Sardoal Golegã
Chamusca Gavião Alcanena
Coruche Vila de Rei
Rio Maior Ponte de Sôr
Salvaterra Magos

Serviço Tipo B Serviço Tipo B


H. Santarém H. Abrantes

Serviço Tipo A
H. Sta. Maria

33
34
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo - Distrito de Setúbal

Almada Setúbal Santiago Cacém Barreiro


Seixal Alcácer Sal Grândola Montijo
Sesimbra Palmela Sines Moita
Alcochete

Serviço Tipo B Serviço Tipo B


H. Setúbal H. Barreiro

Serviço Tipo A
H. Almada
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde do Alentejo

Distrito de Portalegre
Distrito de Évora Distrito de Beja

Serviço Tipo B Serviço Tipo B


H. Portalegre H. Beja

Serviço Tipo A
H. Évora

35
36
Rede de Referenciação Hospitalar - Anatomia Patológica
Região de Saúde do Algarve

Vila Bispo Alcoutim


Aljezur S.Brás de Alportel
Lagoa V.R.Sto. António
Lagos Castro Marim
Monchique Loulé
Portimão Tavira
Silves Olhão
Albufeira
Faro

Serviço Tipo B
H. Barlavento

Serviço Tipo A
H. Faro

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