Você está na página 1de 17

5.

CONDIÇÕES DE CONTORNO
5.1. Introdução
(a) Ocorrências na interface de dois meios. As leis da teoria eletromagnética são descritas por equações
diferenciais que envolvem variações das grandezas no tempo e no espaço. Essas grandezas são o campo
elétrico, o campo magnético, a indução magnética, e outras, com valores relacionados com diferentes
propriedades físicas dos meios. Assim, a permeabilidade magnética influi na indução, a permissividade
elétrica e a condutividade afetam o campo elétrico, segundo comportamentos quantificados a partir das
equações de Maxwell. As soluções dessas equações valem para as condições sob as quais se estabeleceu o
campo eletromagnético na região, incluindo os efeitos do meio. Quando houver uma mudança no ambi-
ente de propagação, isto é, se a solução envolver regiões do espaço com propriedades diferentes, as gran-
dezas devem satisfazer um conjunto de leis para que continuem representando os seus efeitos na nova
região. Essas leis são conhecidas como condições de contorno na interface de dois meios.1,2,3 Isto signifi-
ca que os campos nas regiões devem satisfazer às equações de Maxwell concomitantemente às condições
de contorno. A descrição do problema utiliza como referência a situação ilustrada nas duas partes da Fig.
5.1. No desenho, S indica a superfície de separação entre os dois meios, freqüentemente referida como
interface dos dois meios, na qual devem ser satisfeitas as condições de contorno. Para serem determinadas
estas condições, é necessário conhecer o vetor unitário normal à superfície, que pode ser determinado
quando se conhecer a função que a descreve. Assim, como mostrado no capítulo que resume as proprie-
dades dos vetores, uma função  que descreva determinada superfície tem o vetor unitário dado pelo
gradiente da função no ponto de interesse, segundo a relação 4


nˆ   (5.1)
| |

S
Meio 2
(2, 2, 2)  
A2 n
Meio 2 (2, 2, 2)
AN2
S
h AT1
S AT2
AN1 
Meio 1 A1
(1, 1, 1)
Meio 1 (1, 1, 1)

(a) (b)
Fig. 5.1. Situação de um campo eletromagnético presente em dois meios com características próprias. (a) Pequena
superfície na qual se analisa o campo, com um formato que seja o mais conveniente para os levantamentos. (b) Com-
ponentes normais e tangenciais que devem ser consideradas nas análises e quantificação das grandezas.
Na parte (a) da Fig. 5.1, delimitou-se uma região que incluísse os dois meios e nesse local serão avalia-
das as grandezas associadas ao campo eletromagnético. Optou-se por uma superfície de formato cilíndri-
co nas proximidades da superfície de separação. Os resultados serão independentes do formato dessa
superfície, uma vez que estarão relacionados a determinadas leis da natureza. Desta maneira, pode ser
escolhida a limitação dessa região conforme a conveniência e facilidade de cálculo ou que melhor facilite
a interpretação do problema. É sempre mais adequado fazer a opção por um formato geométrico conheci-
do, pois quase sempre leva a operações matemáticas menos complicadas. Os formatos cilíndrico e de uma
pequena caixa retangular são os mais comuns.5, 6
(b) Decomposição dos campos. Além do conhecimento do vetor unitário, outros valores são importantes
na avaliação do que ocorre com os campos ao passarem de um para o outro meio. Examinando a parte (b)

150
da Fig. 5.1, verifica-se que qualquer grandeza vetorial que se desejar representar (campo elétrico, campo
magnético, deslocamento elétrico, densidade de corrente, etc.) pode ser decomposta em uma parcela tan-
gencial à superfície de separação e uma componente normal a esta mesma superfície. A partir destas
componentes em um dos meios, será possível obter suas correspondentes no segundo meio e, com elas,
recompor a grandeza na nova região. Em um sistema cartesiano, escreve-se um vetor na forma
   
A  Ax x  Ay y  Az z (5.2)

Se o plano xy corresponder à superfície de separação entre os dois meios, o vetor unitário normal a ela é
paralelo à coordenada z. O produto vetorial do vetor unitário desta direção pelo vetor dado em (5.2), re-
sulta em um novo vetor
    
Ap  z  A  Ax y  Ay x (5.3)

Efetuando o produto escalar deste vetor com a componente tangencial do vetor original, verifica-se que
     
  
Ap  At  Ax y  Ay x  Ax x  Ay y  Ax Ay  Ax Ay  0 (5.4)

Portanto, a descrição apresentada em (5.3) é um vetor coplanar à componente tangencial do vetor original
e ortogonal a ele, como mostra a Fig. 5.2. Em prol da clareza, foram representados somente as projeções
no plano xy, com a coordenada z apontando para fora do plano de referência.

 Fig. 5.2. Componente tangencial de um vetor dado e


Ap  a componente perpendicular a ela no mesmo plano.
At

z x

5.2. Densidades superficiais de carga e de corrente


(a) Densidade superficial de cargas. Mostrou-se que as cargas tendem a espalhar-se em ambientes que
permitam o seu movimento, de maneira que a densidade de cargas na região tende a diminuir com o tem-
po. Se essa região for limitada, as cargas acumulam-se na superfície do meio. Ainda que, na realidade, as
cargas sejam acumuladas em corpos de pequenas dimensões, mas não-nulas, de um ponto de vista ma-
croscópico pode-se admitir que estejam distribuídas de forma praticamente contínua ao longo da superfí-
cie do meio. Isto é, em uma região originalmente delimitada por um volume no qual sua altura tende para
zero (h  0). Esta situação indica uma densidade superficial de cargas, esquematizada na Fig. 5.3.

S
Fig. 5.3. Conceito de densidade superficial de cargas
h em uma região de espessura tendendo para zero.

Cargas superficiais

Para sua interpretação, escolhe-se um formato do volume que facilite o processo de integração, como por
exemplo uma superfície retangular envolvendo a região de interesse. Nota-se que a concentração de carga
na região indica a quantidade q por unidade de volume, quando o volume tender para zero, da forma
q
 V  ( h ) ( S ) (5.5)
( S ) ( h )

151
Como o interesse é verificar o que ocorre superfície do meio, a altura h tende para zero e o fluxo elétrico
nas superfícies laterais tende para zero. Assim, a quantidade de carga torna-se
 q   q 
dq   V    h S    S   s S  (5.6)
 S h   S 

na qual foi especificada a densidade superficial de cargas em coulombs por metro quadrado (C/m2) como
 q  q
 s  im   (5.7)
S 0  S   S

(b) Comportamento da densidade de corrente em meios com perdas. Admite-se um meio com certa
condutividade e uma permissividade estendendo-se ao longo da direção z, como mostra a Fig. 5.4. Nesse
ambiente, tem-se um campo eletromagnético penetrando na região, deslocando-se na direção z. De acordo
com a solução já estabelecida para a equação de onda, o campo elétrico correspondente inclui a influência
do fator de propagação, sendo escrito como
  
E  E0 e  z  E0 e   z e i  z (5.8)

em função da amplitude especificada em z = 0. Nesta análise, estabeleceu-se esta coordenada inicial na


superfície do condutor. A densidade de corrente de condução é encontrada com o emprego da lei de Ohm
e levando em conta a condutividade do meio, ou seja,
    
J   E   E0 e  z   E0 e  z e  i  z  J 0 e  z e  i  z (5.9)

indicando que a amplitude inicial da densidade de corrente tem o módulo J0 = E0, valor correspondente
à coordenada z = 0. Na forma instantânea, esta nova grandeza fica
   z
j  J 0 e cos ( t   z ) (5.10)

com um decréscimo exponencial em sua amplitude à medida em que se aprofunda no meio, proporcio-
nalmente ao campo elétrico, como mostra a Fig. 5.4.1 Portanto, para um meio com perda a amplitude da
densidade de corrente é representada na Fig. 5.5, que se modifica como
J máx  J 0 e   z (5.11)

j J
J0
J0

z
J0/e
z

Fig. 5.4. Comportamento da densidade de corrente em Fig. 5.5. Variação da amplitude da densidade de cor-
um meio com condutividade diferente de zero. rente em um meio com perdas.
Neste ambiente, a amplitude da corrente circulante, expressa no domínio da freqüência, é integração de
J ao longo de uma largura especificada W e ao longo da distância z, teoricamente desde o início do meio
até o infinito. Esta análise está ilustrada na Fig. 5.6 para um meio que se inicia em uma superfície plana.
Então, considerando o fluxo de cargas perpendicular a uma superfície elementar dS = dxdz, tem-se

152

  W 

  
J  J W
I J  n dS  J 0 e  z dx dz  W  0 e z   0 (5.12)
S 0 0  0 

Como a largura do ambiente pode ser qualquer, neste ponto costuma-se definir a densidade linear de
corrente ou densidade de corrente de superfície como sendo a corrente por unidade de largura, distribuída
em um ambiente de espessura tendendo para zero. Seu valor é obtido por
I J J0
Jw   0  (5.13)
W    i

J0 dz

Fig. 5.6. Valores empregados no cálculo da corrente de


W condução em certo meio a partir da densidade de corrente.

dx
z

Define-se a profundidade de penetração  como a distância necessária para a amplitude da densidade


de corrente cair para o valor J0e1 = J0/e, situação representada na Fig. 5.5. Utilizando este conceito em
(5.11), conclui-se a profundidade de penetração corresponde
1
 (5.14)

Desta maneira, a densidade de corrente no domínio do tempo pode ser apresentada também como
  z
j  J0e cos ( t   z ) (5.15)

mostrando o acentuado decréscimo à medida em que a distância aumenta em relação ao valor de . Por
exemplo, quando z  5, tem-se J ≤ 0,00674J0, ou seja, mais de 99% da corrente de condução no meio
fica concentrada em uma extensão menor do que 5 vezes a profundidade de penetração.
(c) Densidade de corrente em um meio condutor. Quando o meio for condutor, o fator de atenuação
causador da redução na amplitude do campo e na densidade de corrente é calculado com boa exatidão por

 
   f  (5.16)
2
que cresce com a raiz quadrada da freqüência. Portanto, a profundidade de penetração em condutores é
inversamente proporcional à raiz quadrada da freqüência e à condutividade do material:
1
 (5.17)
 f 

Para um mesmo material, quanto maior for a freqüência, menor é o valor de  e cada vez mais a corren-
te tende a acumular-se em sua superfície. Este fenômeno é conhecido como efeito pelicular1, 2, 7 ou efeito
Kelvin8 em homenagem ao pesquisador que fez um importante estudo sobre o fenômeno em condutores
cilíndricos.9, 10 Para exemplificar, em um metal como o cobre o valor de  é de 66,1m em 1MHz (menor
do que a espessura de uma folha de papel), 2,1m em 1GHz (35 vezes menor do que a espessura da folha
de papel) e 0,661m em 10GHz (mais de 100 vezes menor do que a espessura de uma folha de papel).

153
Considerando que a maior parte da corrente fica concentrada em uma profundidade menor do que 5,
neste tipo de material em altas freqüências a corrente circula em uma pele muito fina. Por esta razão, a
profundidade de penetração é também conhecida como profundidade pelicular.11
Conforme (5.16), para um condutor perfeito ( ), a profundidade de penetração tende para zero,
isto é, a corrente circularia por uma película de espessura nula. Tomando por referência a Fig. 5.7, a den-
sidade de corrente no meio é calculada por
 I  
I no
J no  (5.18)
S (  )( h)

em que I é finita. Em condutores reais, esta corrente concentra-se em uma espessura muito pequena e
não pode ser obtida de (5.18), pois J tende para infinito. A corrente tem que ser obtido da forma 1, 12
    I no     I no  
I  im  J  no (  )( h )   im   
 o n (   )( h )    no (  ) (5.19)
h  0   (  )( h ) 
h 0
    

Esta relação mostra que a corrente na superfície do condutor (em uma espessura nula) fica determinada a
partir de sua relação por unidade de largura. Esta grandeza refere-se à densidade de corrente de superfície
ou densidade linear de corrente, em ampères por metro (A/m):
 I 
K no (5.20)

l I
Fig. 5.7. Ilustração para definir a densidade de
h  corrente de superfície em um meio condutor.
no

5.3. Condições de contorno para grandezas relacionadas ao campo elétrico


(a) Componente tangencial do campo elétrico. Para descrever esta condição, considera-se a geometria da
parte (b) da Fig. 5.1, interpretando os vetores como indicativos do campo elétrico nos dois meios, decom-
postos segundo suas parcelas tangenciais e normais. Independente das propriedades do meio, a compo-
nente tangencial do campo elétrico é contínua sobre a superfície de separação entre eles. Designando ET2
e ET1 as componentes tangenciais sobre os dois lados da interface, como ilustra a Fig. 5.8, resulta
ET2  ET1 sobre S (5.21)

   
E2 n DN2 D2 n

S S
ET2 s
ET1
 DN1 
E1 D1

Fig. 5.8. Condição de contorno para a componente Fig. 5.9. Condição de contorno para a componente
tangencial do campo elétrico. normal do deslocamento elétrico.
É conveniente em muitas análises escrever esta conclusão na forma vetorial, obtendo a componente
tangencial a partir do produto vetorial do campo elétrico no meio com o vetor unitário normal à superfície

154
de separação, n̂ . A expressão que relaciona as componentes tangenciais nos dois lados da interface fica
 
n̂  ( E 2  E1 )  0 sobre S (5.22)

(b) Componente normal do deslocamento elétrico. É possível haver uma distribuição superficial de car-
gas s na interface dos dois meios. Isto é, admite-se uma distribuição de cargas por unidade de superfície
na fronteira dos dois meios, como na Fig. 5.3, situação explicável quando a condutividade de um dos
meios não for nula. Nestas circunstâncias, ao se transferir de um para o outro meio, a componente normal
do deslocamento elétrico sobre a superfície de separação sofre uma descontinuidade igual ao valor dessa
densidade de cargas. Chamando estas componentes de DN2 e DN1, afirma-se que
DN2  DN1   s sobre S (5.23)
condição representada na Fig. 5.9. Colocando as grandezas em sua forma vetorial, encontra-se
 
n̂  ( D2  D1 )   s sobre S (5.24)

Se não existirem cargas na superfície de separação, a componente normal do deslocamento elétrico ficará
contínua, com o mesmo valor nos dois lados da interface. Este caso particular fica expresso como
 
n̂  D 2  n̂  D1 sobre S (5.25)
 
EN 2   1  EN1 sobre S (5.26)
 2 
Exemplo. O plano z = 0 separa o ar de um dielétrico que apresenta permissividade de 3o. Determinar o campo elétri-
co no dielétrico, sabendo que a superfície de separação não possui cargas e o campo elétrico no ar é
   
E1  (15 x  20 y  18 z ) V m
Solução. Identificam-se as componentes em x e y como as que são tangentes à interface dos dois meios. Portanto,
para satisfazer a condição de contorno para a componentes tangencial do campo, no segundo meio seus valores são
idênticos. Como não há cargas na superfície de separação, a componente normal à interface satisfaz à condição de
continuidade para a componente normal do deslocamento elétrico, paralela ao eixo z. Assim, o campo procurado é
        
E2   15 x  20 y  o 18 z  V m  15 x  20 y  6 z  V m (1)
 3 o 
Na Fig. 5.10, mostram-se as disposições dos dois campos, indicando a mudança no módulo e na direção de um campo
em relação ao outro. O campo original tem um módulo

E1  152  202  182  30,806 V m (2)


Sua direção é tal que faz os seguintes ângulos em relação ao eixo z e ao eixo x:
 18  o
  arccos    54, 25 (4)
 30,806 
 15 
  arccos    53,13 o (4)
 152  202 
 
No segundo meio, o módulo do campo é

E2  152  202  62  27,71 V m (5)


Sua direção em relação ao eixo x é a mesma existente no primeiro meio e em relação ao eixo z é
 6  o
  arccos    77,5 (6)
 27,71 

155
Se o campo indicado compuser uma onda eletromagnética, haverá também mudança na direção de propagação, uma
vez que no ambiente ilimitado esta direção é perpendicular ao campo elétrico.

18
E1


20 y
Fig. 5.10. Alteração no campo elétrico na interface do ar e o
15  dielétrico especificado, conforme as condições de contorno.
x
z
6

E2 20 y
15 
x

(c) Efeitos da corrente de condução em um meio. Em um meio com permissividade elétrica  e conduti-
vidade , campos que variam harmonicamente no tempo relacionam-se a uma densidade de corrente total
          
J  E  i  E     i   E  i    r o   E  i  r  i  o E (5.27)
 i  o 

sendo r a permissividade relativa e o a permissividade do vácuo. Em um dielétrico perfeito ( = 0),


seria computada apenas a corrente de deslocamento e a expressão anterior assumiria o aspecto
  
J  i  E  i  r o E (5.28)

Comparando as duas últimas equações, conclui-se que o fator que multiplica i e o campo elétrico em
(5.27) é dimensionalmente idêntico a uma permissividade equivalente de valor complexo

  
eq    r  i  o (5.29)
 o 

Esta análise demonstra que em meios com perdas, isto é, com condutividade diferente de zero, é pos-
sível admitir condições semelhantes às que existiriam em um meio dielétrico, desde que se considere a
existência de uma permissividade equivalente complexa, com a parte imaginária negativa, obtida com
eq    r  i r  o    i  (5.30)

em que foi modificada a notação  r  r para harmonizar a nomenclatura dos dois termos. Pelos signifi-
cados dos termos, o fator entre parênteses em (5.30) é uma constante dielétrica efetiva complexa, ou seja,
 req  r  i r (5.31)

forma usual como são especificadas estas características dos materiais. A representação desta grandeza no
plano complexo teria o aspecto da Fig. 5.11 e fica definido um ângulo entre sua parte real e o valor total.
É denominado ângulo de perda (d) e sua tangente é chamada de fator de perda ou tangente de perda,
obtida a partir de
r r o   
tg d      (5.32)
r r o   

156
r Eixo real
 r

d
Fig. 5.11. Representação da permissividade relativa no
 r  req
plano complexo.

Eixo imaginário

Nas apresentações de (5.29) e (5.30), a parte imaginária da permissividade relativa equivalente corres-
ponde ao resultado de
 o c 2  c   4  10 7 
r 

o

2 f
  
 f 
 2
 
8
 3  10  60   (5.33)

em que  é o comprimento de onda no vácuo, obtido a partir da velocidade de propagação c nesse meio.
Em dielétricos reais,  <<  ou  << 'r o e ainda assim é responsável pela atenuação introduzida no
campo transmitido. A parcela imaginária de  fica muito menor do que a parte real, ou seja,

 r  r (5.34)
o
Exemplo. Achar a condutividade e o fator de perda de um material que apresenta constante dielétrica efetiva com o
valor de req = 2,25  i1,8×104 na freqüência de 100MHz.
Solução. De acordo com (5.27), (5.30) e (5.32), na freqüência especificada têm-se
 109 
   r  o  2  (108 )(1,8  104 )    10 6 S m  1 S m (1)
 36  
 
r 1,8 104
tg d    8  105 (2)
r 2, 25
Exemplo. Um campo eletromagnético com freqüência de 250MHz propaga-se em um meio com permissividade de
3,24o e condutividade de 10mS/m. Encontrar sua constante dielétrica efetiva.
Solução. A parcela imaginária da constante dielétrica efetiva é encontrada com a aplicação de (5.33), isto é,
 3 108 
 r  60    60(10  103 )    0,72 (1)
 2,5 108 
 
Portanto, a constante dielétrica efetiva tem que ser expressa como
 req   r  i r  3, 24  i 0,72 (2)

(d) Influência da corrente de condução na interface de dois meios. É importante considerar uma interfa-
ce de dois meios que permitam a passagem de corrente de condução, ou seja, quando   0. Trata-se de
encontrar o comportamento do campo em regiões com permissividade complexa. Pelo princípio da con-
servação da carga elétrica, é necessário satisfazer a equação da continuidade: 1
    
 j     sobre S (5.35)
 t 
Segundo esta equação, qualquer alteração espacial na densidade de corrente em uma região implica em
mudança na densidade de cargas por unidade de tempo. Multiplicando ambos os membros da equação
pelo elemento de volume dV e integrando na região delimitada por uma superfície fechada S, vem
 
 

  j dV   dV sobre S (5.36)
V
t
V

157
Esta expressão permite usar o teorema do divergente 4 para converter a integral de volume em uma inte-
gral de superfície. Com isto, a corrente que atravessa a superfície que envolve a região de integração fica:

 
   sobre S
j  nˆ dS     dV (5.37)
S V   t 

Para a situação a ser analisada, na superfície limite entre dois meios quaisquer, como proposto na defini-
ção de densidade superficial de cargas, no segundo membro de (5.37) pode-se considerar

 
  s  sobre S
j  nˆ dS     dS (5.38)
S S  t 

Efetuando a integração dos dois membros (5.38) sobre a superfície de separação, o fator S simplifica-se
em ambos os membros e o resultado final fica

  
jN2  jN1    s  sobre S (5.39)
 t 
Com os campos harmônicos no tempo, substitui-se formalmente o operador /t pelo fator i. Portanto,
a equação que mostra a descontinuidade da componente normal da densidade de corrente ficará
J N2  J N1   is sobre S (5.40)

na qual s relaciona-se com as componentes normais da densidade de fluxo elétrico, conforme a respecti-
va condição de contorno. Por causa da continuidade da componente tangencial do campo elétrico na inter-
face dos dois meios, o mesmo não ocorre com a componente tangencial da densidade de corrente. Ou
seja, a partir de (5.21) e da lei de Ohm, conclui-se que

JT 2 J T 1  
 sobre S (5.41) JT 2   2  JT 1 sobre S (5.42)
2 1  1 
Mais uma vez utilizando a lei de Ohm, as componentes normais da densidade de corrente dependem
das respectivas componentes normais do campo elétrico e das condutividades dos meios. Assim, entrando
com estas informações em (5.39), vem:
 2 EN2  1 EN1   i (  2 EN2  1 EN1 ) sobre S (5.43)
Reorganizando os termos correspondentes nos dois membros,
( 2  i2 ) EN2  ( 1  i1 ) EN1 sobre S (5.44)
em que os fatores entre parênteses podem ser interpretados também como uma condutividade equivalente
complexa. Sob esta interpretação, os dois membros estabelecem uma continuidade na componente normal
da densidade de corrente complexa.
Como demonstrado, o fator complexo em cada um dos membros pode ser modificado de maneira que:
i o [  r  i  ( o )]  i o ( r  ir )  ieq sobre S (5.45)
Esta análise mostra que na interface de dois meios com condutividade diferente de zero continua valendo
a proposta de considerar os meios como dielétricos, desde que se empreguem as respectivas permissivi-
dades complexas equivalentes. Como agora a relação é entre valores complexos, haverá uma relação entre
as amplitudes e as fases dos campos na interface dos dois meios que satisfazem a condição
eq 2 EN2   eq1 E N1 sobre S (5.46)

158
Exemplo. O plano z = 0 separa dois meios em que  = (3,24  i0,72)o em z > 0 e  = 1,6o em z < 0, considerando a
freqüência de 200MHz. Em z < 0, sobre a superfície de separação, o campo elétrico vale
   
E1   2 x  3 y  5 z  mV m
Encontrar o campo elétrico e a densidade de corrente em z > 0, sobre a superfície de separação.
Solução. As componentes tangentes à superfície de separação são as parcelas paralelas aos eixos x e y. Portanto,
como a componente tangencial do campo elétrico é contínua na interface dos dois meios, seus valores coincidem em z
> 0. A componente na direção z constitui o termo normal à interface e, de acordo com (5.46), o seu valor modifica-se
de acordo com a relação entre as permissividades relativas segundo a relação
eq1 1,6 o  5mV m 
  2,3529  i 0,5229  mV
o
E2 z  E1z  m  2, 4103 ei12,53 mV m sobre S (1)
eq 2  3, 24  i 0,72  o
Assim, na superfície de separação, porém no lado correspondente a z > 0, o campo elétrico será:
   o 
E2  (2 x  3 y  2,4103 ei12,53 z ) mV m sobre S (2)
Em z < 0 a condutividade é nula e z > o vale
109
 2    2  2  108  0,72   8 103 S m  8 mS m (3)
36 
Portanto, a densidade de corrente de condução no segundo meio, sobre a superfície de separação, é encontrada com
    o    o 
J   2 E2  (8 103 )(2 x  3 y  2, 4103 ei12,53 z )  103  (16 x  24 y  19, 2814 ei12,53 z )  106 A m 2 (4)

5.4. Condições de contorno para grandezas relacionadas ao campo magnético


(a) Componente normal da indução magnética. A componente normal da indução magnética é contínua
na superfície de separação entre dois meios. Portanto, se BN2 e BN1 forem os valores dessas componentes
nos dois lados da interface, acha-se sempre
BN2  BN1 sobre S (5.47)
Ou então, escrevendo na forma vetorial, tem-se
 
n̂  ( B2  B1 )  0 sobre S (5.48)

Observa-se certa semelhança entre este resultado e o obtido em (5.24), com a diferença que não existe
para o campo magnético algo que seria equivalente a uma carga elétrica, grandeza empregada na quantifi-
cação do campo elétrico. Este fato fica evidente na apresentação da equação de Maxwell que descrevia a
lei da conservação do fluxo magnético ou lei de Gauss para o campo magnético.
(b) Componente tangencial do campo magnético. Para se estabelecer esta condição em um caráter mais
geral, é necessário admitir a circulação de uma corrente na interface dos dois meios. A situação é ilustrada
na Fig. 5.12 na qual se considera a corrente atravessando perpendicularmente uma pequena superfície
transversal de altura h e largura l, como foi estabelecido para conceituar a densidade de corrente de
superfície. De acordo com a lei de Ampère, o campo magnético tem o seu valor relacionado à corrente de
condução e à corrente de deslocamento, em que este último termo depende do fluxo elétrico através de
determinada superfície. Neste caso, quando h tender para zero, esta parcela desaparece e verifica-se que
a componente tangencial do campo magnético na interface dos dois meios sofre uma descontinuidade
igual à densidade de corrente de superfície. Na forma vetorial, esta lei fica descrita como1,2,3,13
  
n̂  ( H 2  H 1 )  K sobre S (5.49)

Como se demonstrou, o produto vetorial do vetor normal ao plano pelo vetor em análise resulta em
uma grandeza tangencial à superfície e perpendicular à componente tangencial do vetor original. Esta
condição cumpre a lei de Ampère. Quando os dois meios forem dielétricos, não existirá corrente na super-
fície de separação. Nestas condições, a componente tangencial do campo magnético ficará contínua na

159
interface dos dois meios, uma vez que o segundo membro da equação anula-se. Ou seja,
H T2  H T1 sobre S (5.50)


n l

no Fig. 5.12. Valores utilizados para avaliação da corren-
h
te de condução na interface de dois meios.
S
I

Exemplo. Duas regiões magnéticas têm permeabilidades de 5.000o em z > 0 e 3.000o em z < 0. No plano z = 0,

interface das duas regiões, tem-se uma densidade de corrente de superfície de 100 x A m. No meio de menor perme-
  
abilidade magnética, tem-se um campo magnético (500 x  600 y  250 z ) A m. Determinar o campo magnético no
meio de maior permeabilidade magnética.
Solução. Como o plano z = 0 separa os dois meios, significa que o vetor unitário normal à superfície é paralelo ao
eixo z. Além disto, as componentes do campo magnético tangentes à interface dos dois meios indicam que
  
H T1  (500 x  600 y ) A m (1)
Aplicando a condição de contorno para a componente tangencial do campo magnético, vem
           
z  ( H T2  H T1 )  z  [ H T 2  (500 x  600 y )]  z  H T 2  500 y  600 x  100 x (2)
Portanto, encontra-se:
   
z  H T 2  700 x  500 y (3)
Multiplicando os dois membros vetorialmente pelo vetor unitário normal à interface dos dois meios e desenvolvendo
de acordo com a fórmula de Lagrange, vem:
             
( z  H T2 )  z  ( z  z ) H T2  ( z  H T 2 ) z  (700 x  500 y )  z  700 y  500 x (4)
Como as parcelas da componente tangencial são perpendiculares ao eixo z, encontra-se:
  
H T2  ( 700 y  500 x ) A m (4)
A componente normal da indução magnética é a que aponta na direção paralela ao eixo z em cada meio. Aplicando a
condição de contorno para esta parcela, acha-se:
 2 H N2  5.000o H N 2  1 H N1  3.000 o (250) sobre S (5)
3.000 o
H N2  H z 2  (250)  150 A m sobre S (6)
5.000o
Com estes cálculos, conclui-se que o campo magnético no segundo meio tem o valor de
   
H 2  (500 x  700 y  150 z ) A m (7)

5.5. Condições de contorno na interface de um dielétrico e um condutor


(a) Avaliação do campo eletromagnético em um condutor perfeito. Partindo da lei de Ohm, o campo
elétrico em um meio de condutividade  é dado por

 J
E (5.51)

em que a densidade de corrente é sempre uma quantidade finita, ainda que possa atingir valores muito
elevados em condutores. Logo, o campo elétrico em condutores terá valor sempre muito pequeno.
Exemplo. Um condutor cilíndrico de cobre tem diâmetro de 2mm e é percorrido por uma corrente de 1A uniforme-

160
mente distribuída em sua secção transversal. (Fig. 5.13). Achar o campo elétrico no interior do condutor.
Solução. Como a corrente está distribuída uniformemente na secção transversal do condutor, uma área de secção
circular, significa que a densidade de corrente é
I 1  106
J   3,1831  105 A m2 (1)
  d 2
2 

I = 1A

2mm Fig. 5.13. Corrente distribuída uniformemente em


um condutor de secção transversal circular.

Como esperado, a densidade de corrente é muito grande, porém é finita. O cobre possui condutividade de 58MS/m e
de acordo com (5.51), o campo elétrico no interior do cilindro condutor terá um valor muito pequeno:
J 3,1831  105
E   5,49  103 V m  5, 49 mV m (2)
 58 106
Este exemplo mostra que em bons condutores, espera-se um campo elétrico muito pequeno em seu in-
terior. Pela lei de Ohm, no condutor perfeito, (, encontra-se um campo elétrico nulo, independen-
temente da freqüência. Isto é, tanto em corrente contínua como em freqüências extremamente altas, o
condutor perfeito não permitiria a existência de campo elétrico em seu interior:

 J
E  im    0 (5.52)
 
 
Considerando agora a lei de Faraday para campos harmônicos no tempo, deve-se escrevê-la na forma
   
  E   i  H  i  ( H ) (5.53)

Como o campo elétrico é nulo no interior do condutor perfeito, o primeiro membro desta relação é i-
denticamente nulo. Levando em conta que o produto i é diferente de zero, obrigatoriamente tem-se

H  0 (5.54)

Este resultado mostra que em uma situação dinâmica, na qual o campo magnético é igual a zero.
Isto é, não há campo magnético dinâmico dentro de um condutor perfeito. Como não se tem também
campo elétrico nesse meio, não há campo eletromagnético no interior de um condutor perfeito.
(b) Campos elétrico e magnético na superfície de um condutor perfeito. Se nas análises anteriores o
meio 1 for condutor perfeito e o meio 2 dielétrico, só há campo no lado do dielétrico. Utilizando a condi-
ção de contorno para a sua componente tangencial, obtém-se
 
nˆ  E2  nˆ  E  0 (5.55)
no limite entre os dois meios. Para que o produto vetorial seja nulo, os dois vetores são paralelos e, por-
tanto, só existe campo no lado do dielétrico e sua direção é perpendicular à superfície do condutor. Então,

E  E nˆ sobre S (5.56)
 
Pode-se colocar o deslocamento elétrico D   E no dielétrico e aplicando (5.24), chega-se a

nˆ  E  nˆ  nˆ  E  s sobre S (5.57)

161
donde se acha o campo elétrico sobre a superfície de separação. Substituindo o valor encontrado em
(5.54), acha-se a relação entre a componente normal sobre o condutor e a densidade de carga de superfí-
cie, segundo a orientação da Fig. 5.14:
  
E   s  nˆ sobre S (5.58)
  
Fora da superfície do condutor perfeito, o campo elétrico pode assumir qualquer direção, mas sobre o
condutor deve ter orientação normal à superfície.
Raciocínio semelhante é feito para o campo magnético, de novo levando em conta que só há campo no
dielétrico. Colocando-se B   H em (5.45) e como o campo magnético é nulo no meio 1, obtém-se

nˆ  H  0 sobre S (5.59)
indicando um campo magnético tangente à superfície de separação, no lado do dielétrico. Como o campo
no condutor é igual a zero, entrando com esta consideração em (5.47) encontra-se, inicialmente,
 
n̂  H  K sobre S (5.60)
Multiplicando os dois membros desta expressão vetorialmente pelo vetor unitário normal à superfície e
desenvolvendo a expressão resultante segundo a lei do triplo produto vetorial, vem
     
( nˆ  H )  n  K  n  ( nˆ  nˆ ) H  ( H  nˆ ) nˆ sobre S (5.61)
Por causa da conclusão obtida em (5.59), a segunda parcela do membro da direita é igual a zero e a com-
ponente do campo magnético tangenciando a superfície do condutor fica
 
H  K  nˆ sobre S (5.62)

Esta é uma importante relação entre a componente tangencial do campo magnético e a densidade de cor-
rente de superfície na interface de um condutor perfeito e um dielétrico, como ilustra a Fig. 5.14.14

Campo elétrico Campo magnético

Superfície com
corrente e cargas Fig. 5.14. Campo elétrico e campo magnético
dinâmico na superfície de um condutor perfeito.



Exemplo. Têm-se duas placas metálicas paralelas infinitas localizadas nos planos z = 0 e z = b = 30mm, como mostra
o corte transversal da estrutura na Fig. 5.15. O meio é o ar e entre essas placas têm-se um campo elétrico harmônico
no tempo com uma freqüência angular  = 2×1010rad/s. Em sua forma fasorial, o campo é descrito pela função
 
E  2 exp   i 10 x  20 y   z V m
Admitindo que as placas sejam condutoras perfeitas, interpretar o comportamento do campo na região. Em seguida,
achar a densidade de corrente de superfície e a densidade de cargas nas placas condutoras, no domínio da freqüência.

z
z=b
Fig. 5.15. Campo elétrico harmônico no tempo entre
duas placas condutoras infinitas.

x
z=0

162
Solução. Como os planos são condutores perfeitos, em suas interfaces com a região dielétrica o campo elétrico deve
ser perpendicular. Por outro lado, a sua amplitude não depende da coordenada z e em 0 ≤ z ≤ b, a sua distribuição é
uniforme ao longo desta coordenada. A representação deste campo no domínio do tempo ficaria

 
 
 
e  e Eei t  e 2 e 
 i 10 x  20 y  i  t
e

 2cos   t  10 x  20 y   z V m (1)

No plano z = 0, o vetor unitário normal à superfície aponta na direção positiva do eixo z e em z = b aponta na direção
negativa de z. Portanto, aplicando (5.58), nesses dois planos encontram-se
   10 9  
 
 s  nˆ  E 
 z 0
 z 
 36    
 2 exp   i 10 x  20 y   z  17,684  1012 exp   i 10 x  20 y   C m 2 (2)
 
   109  
 
 s  nˆ  E 
 z b
  z 
 36    
 2 exp   i 10 x  20 y   z   17,684  1012 exp   i 10 x  20 y   C m 2 (3)
 
Para determinar a densidade de corrente, é necessário achar o campo magnético correspondente ao campo elétrico
especificado. Por estar em uma região confinada, não se pode aplicar a sua relação entre o campo elétrico e a impe-
dância intrínseca do meio. Todavia, seu valor deve satisfazer à lei de Faraday e é necessário que
 
  E
H (4)
i 
Resolvendo no sistema de coordenadas cartesianas, vem
  
 x y z 
  1    
     1     Ez   Ez 
H     x y 
 i     x  y  z   i     y x 
 0 0 E z 
   
 20 x  10 y   20 x  10 y 
 i 
 i  
 
 2 exp   i 10 x  20 y    
  

 2 exp   i 10 x  20 y    (5)

Substituindo os valores de  e de após as operações conclui-se que o campo magnético na região entre as placas
assume o valor
  
H  10 3 1,5915 x  0, 7958 y  exp   i 10 x  20 y   A m (6)
que se situa em um plano transversal ao campo elétrico especificado, pois o campo magnético deduzido possui com-
ponentes nas direções paralelas aos eixos coordenados x e y. As densidades de corrente nas superfícies condutoras são
obtidas com o campo magnético e os correspondentes vetores unitários em (5.57). Nos planos z = 0 e z = b, ficam:
    
K zo  z  H  10 3  0,7958 x  1,5915 y  exp   i 10 x  20 y   A m (6)
    
K zo   z  H   10 3  0, 7958 x  1,5915 y  exp   i 10 x  20 y   A m (7)

EXERCÍCIOS
5.1. Explicar as principais condições de contorno que as grandezas associadas ao campo eletromagnético
devem satisfazer na superfície limítrofe de dois meios. Em seguida, para uma onda em meios naturais (ar
e solo, ar e água, água e solo, etc.) identificar situações em que estas condições devem ser satisfeitas.
5.2. Justificar não ser possível existir uma componente tangencial de campo elétrico na superfície de um
condutor perfeito. O que ocorre com o campo magnético de uma onda na mesma superfície?
5.3. Mostrar que é impossível haver um campo eletromagnético no interior de um condutor perfeito. Mos-
trar que não é possível a existência de um campo eletrostático nesse meio, porém é possível a presença de
um campo magnetostático.
5.4. Dar os conceitos das seguintes grandezas associadas às condições de contorno entre meios: (a) densi-
dade de corrente de superfície; (b) densidade superficial de cargas.
5.5. (a) O que é profundidade de penetração? (b) Avaliar a importância em conhecer este parâmetro na

163
análise do comportamento de grandezas eletromagnéticas em um condutor real. (c) Qual seria a profundi-
dade de penetração de uma corrente variável no tempo em um condutor perfeito? Demonstrar a resposta.
5.6. O plano z = 0 representa a superfície de separação entre o ar e um dielétrico perfeito não-magnético e
com permissividade de 3o. Nessa interface, incide perpendicularmente uma onda eletromagnética trans-
versal com o campo elétrico de 5V/m e polarizado segundo a direção x. Achar os campos elétrico e mag-
nético no segundo meio, sobre a superfície de separação. Explicar os valores obtidos.
5.7. O plano z = 0 estabelece a fronteira entre um condutor real e o ar. Esse condutor é de tipo não-
magnético e apresenta condutividade de 35MS/m. Em z = 0, identifica-se um campo elétrico com ampli-
tude de 2mV/m apontando na direção x. (a) Determinar a densidade de corrente em z = 0, no lado do
condutor. (b) Achar a profundidade de penetração nas freqüências de 100MHz, 1GHz e 10GHz. (c) Para
estas freqüências, achar as distâncias para as quais a densidade de corrente cai para 0,1% do valor que
possui na interface com o ar.
5.8. Mostrar que em um meio com perdas, isto é, com condutividade diferente de zero, pode-se avaliar os
campos considerando o material como sendo um dielétrico com permissividade complexa. Mostrar que
nesse mesmo tipo de meio a parte imaginária da permissividade complexa deve ser negativa.
5.9. Mostrar que em um meio com perdas, isto é, com condutividade diferente de zero, pode-se avaliar os
campos considerando o meio com uma condutividade complexa.
5.10. Mostrar a continuidade da componente normal do deslocamento elétrico na superfície de separação
entre dois meios com perdas, desde que se considere a permissividade complexa equivalente de cada lado.
5.11. Um campo elétrico passa de um dielétrico com  = 6o para outro dielétrico com  = 3o. No primei-
ro meio, o campo elétrico faz um ângulo de 60o em relação à normal à superfície de separação. Tomando
novamente a normal como referência, qual será a direção do campo elétrico no segundo meio?
5.12. O plano z = 0 separa dois dielétricos perfeitos, sem cargas na superfície de separação O primeiro
meio na região z < 0 tem permissividade de 2o. O meio 2 ocupa toda a região z > 0 e sua permissividade
é de 6o. Sobre a superfície de separação, no lado do primeiro meio, tem-se um campo elétrico
   
E  2x  3y  4z  V m
Determinar o campo elétrico no segundo meio, sobre a superfície de separação. Esboçar os dois campos
em um sistema de coordenadas retangulares.
5.13. Admitir que no mesmo problema anterior houvesse uma densidade superficial de cargas de 40pC/m2
na interface dos dois meios e que o campo elétrico no primeiro meio seja o mesmo antes especificado.
Determinar o campo elétrico no segundo meio.
5.14. Tem-se um plano descrito por 3x + 4y +5z = 8 sem carga superficiais que separa dois meios dielé-
tricos também sem cargas. No primeiro meio, a permissividade vale 2o e o campo elétrico é dado por
   
E1  (3 x 2 y x  4 xz 2 y  Az yz z ) V m
O segundo meio tem permissividade de 3o. (a) Completar a expressão do campo elétrico no primeiro
meio. (b) Encontrar o campo elétrico no segundo meio, no ponto P(1, 1, 1)m.
5.15. O plano x = 2m é carregado com uma densidade superficial de cargas com o valor de 10o C/m2 e
essa superfície separa dois meios dielétricos perfeitos. Na região x < 2m, tem-se o ar e o campo elétrico é
   
E   20 x  30 y  20 z  V m .
O meio em x > 2m tem permissividade de 5o. Achar: (a) o campo elétrico em x  2m; (b) o deslocamento
elétrico nos dois meios; (c) o ângulo que o campo elétrico faz em relação à normal à interface dos dois
meios em ambos os lados da superfície de separação.
5.16. Duas placas planas condutoras estão localizadas nas coordenadas x = 0 e x = d. Na região entre as
placas, tem-se vácuo e existe um campo elétrico
 x 
3
E  A  x V m
d 

164
Em todo o resto do espaço o campo elétrico é igual a zero. (a) Determinar a densidade de cargas associa-
da a este campo. (b) Qual é a densidade de cargas de cada placa?
5.17. O plano z = 0 separa um dielétrico de um condutor perfeito. O campo magnético no dielétrico tem
freqüência angular de 15×109rad/s e sua amplitude é descrita no domínio da freqüência por
  
H   2 cos x x  3cos x y  A m
Determinar a densidade de corrente e a densidade de cargas na superfície de separação no domínio da
freqüência e no domínio do tempo.
5.18. O plano z = 0 separa dois meios com as seguintes características: = 3o e  = 2o em z > 0,  = o
e  = o em z < 0. A superfície de separação possui uma densidade linear de corrente
 
K  (2 x  3 y ) A m
Na região z > 0, os campos sobre a superfície de separação dos dois meios são
       
E1  (300 x  200 y  150 z ) V m e H1  (0, 75 x  1, 33 y  1, 25 z ) A m
Encontrar os campos elétrico e magnético na região z < 0, sobre a superfície de separação, descrevendo
passo a passo o procedimento adotado.
5.19. Na representação em um sistema cartesiano, uma superfície plana prolonga-se indefinidamente ao
longo do eixo z e intercepta o eixo x em x = 1 e o eixo y na coordenada y = 2. (Fig. 5.16). Achar o vetor
unitário normal a essa superfície. Em seguida, admitir que na parte inferior dessa superfície tem-se um
dielétrico perfeito que apresenta  = 6o e acima dela tem-se outro dielétrico perfeito com  = 3o. No
lado de maior permissividade, os campos elétrico e magnético na interface dos dois meios são
       
E  2x  3y  4z  V m e H   x  3y  4z  A m
Sabendo que a superfície de separação não possui cargas nem correntes, determinar o campo elétrico e o
campo magnético na região de menor permissividade.

Interface dos dois meios z

2 Fig. 5.16. Superfície plana infinita dividindo duas regiões e


1 y interceptando os eixos x e y de um sistema cartesiano.
x

5.19. Mostrar que na superfície de um condutor perfeito só pode existir componente normal do campo
elétrico e apenas campo magnético tangencial.
5.20. O plano z = 0 separa dois meios com permeabilidades magnéticas  = 2o em z < 0 e  = 4o em z >
0. Na superfície de separação e na região z < 0 têm-se uma densidade de corrente de superfície e uma
indução magnética dadas, respectivamente, por
      
K   2 x  4 y  A m e B   5 x  4 y  10 z  T
Encontrar a indução magnética em z > 0 e o campo magnético em ambos os meios.
5.21. Dois meios são separados pelo plano z = 0, a região z < 0 é um meio magnetizável com  = 2o e a
outra região é o ar. A indução magnética no ar é dada por
   
B1   0, 52 x  0, 26 y  0, 36 z  T
e na interface dos dois meios tem-se uma densidade linear de corrente de
  
K    80 x  240 y  103 A m

165
Determinar a indução magnética e o campo magnético no segundo meio. Faça um esboço indicando o
campo magnético e a indução magnética nos dois meios.
5.22. Duas placas planas paralelas condutoras perfeitas são separadas da distância d = 10cm. Uma delas
está em x = 0, a outra em x = d e o meio é o vácuo. Entre essas duas placas, existe um campo elétrico
 
e  377 sen  x d  cos  c t d  z
em que c = 3×108m/s é a velocidade da luz no vácuo. (a) Determinar o campo magnético correspondente
a este campo elétrico. (b) Obter a densidade de corrente de superfície em cada placa condutora. (c) Calcu-
lar a densidade de corrente entre as placas.
5.23. A região x < 0 é o vácuo e em x > 0 tem-se um condutor real com condutividade de 58MS/m e per-
meabilidade magnética igual a o. Na superfície do condutor existem os campos
   
e  2 cos(5  1010 t ) x V m e h  0, 005cos (5  1010 t ) y A m
Achar as densidades de cargas e de corrente na superfície do condutor.
NOTAS E REFERÊNCIAS

1. Ramo, S.; Whinnery, J. R.; van Duzer, T. Fields and waves in communications electronics. 3rd. Ed. New York:
John Wiley, 1994.
2. Kraus, J. D. Electromagnetics. 4th. Ed., New York: McGraw-Hill, 1992.
3. Johnk, C. T. A. Engineering electromagnetic fields and waves. New York: John Wiley, 1975.
4. Spiegel, M. R. Análise vetorial. Trad. de Waldo Russo. Rio de Janeiro: Ao Livro Técnico, 1966.
5. Paris, D. T.; Hurd, F. K. Teoria eletromagnética básica. Trad. de Annita Macedo. Rio de Janeiro: Guanabara Dois,
1969.
6. Plonsey, R.; Collin, R. E. Principles and applications of eletromagnetic fields. New York: McGraw-Hill, 1961.
7. Hayt, W. H.; Buck, J. A. Eletromagnetismo. 7th. Ed. Trad. de Amilton Soares Júnior. São Paulo: McGraw-Hill,
2008.
8. Landau, L.; Lifichitz, F. Eletrodynamique de mileux continus. Trad. de Anne Sokova. Moscou: Mir, 1969.
9. A designação é para homenagear William Thomson (1824-1907), Lord Kelvin de Largs, importante físico e enge-
nheiro eletricista britânico.
10. Robert, R. Efeito pelicular. Rev. Bras. Ensino de Física, v. 22, n. 2, p. 285-289, jun., 2000.
11. Balanis, C. A. Advanced engineering electromagnetics. New York: John Wiley, 1989.
12. Freire, G. F. O.; Diniz, A. B. Ondas eletromagnéticas. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1975
13. Cheng, D. K. Field and wave electromagnetics. 2nd. Ed. Reading: Addison-Wesley, 1989.
14. Ulaby, F. T. Eletromagnetismo para engenheiros. Trad. de José Lucimar do Nascimento. Porto Alegre: Bookman,
2007.

166

Você também pode gostar