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Soja

Do plantio à colheita

Professor Daniel Scotá


A soja está entre os grãos mais consumidos no Brasil,
sendo processada e transformada em diferentes tipos de
alimentos que estão presentes em todos os dias na
alimentação dos brasileiros.
Esta condição cria um cenário favorável na agricultura
para os cultivadores de soja ou para quem deseja ingressar
neste setor, uma vez que a atividade pode ser bastante
rentável.
O Brasil está entre os maiores produtores de soja do mundo,
sendo que os maiores produtores estão concentrados no
Mato Grosso, Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e em São
Paulo, que são as regiões que oferecem as melhores
condições climáticas para o cultivo e manutenção do plantio
de soja, oferecendo colheitas de qualidade.
 Esta planta precisa de calor e frio moderados para se desenvolver
de forma saudável, em climas secos ela tende a não se
desenvolver de forma adequada, causando prejuízos ao produtor.
 É comum em regiões mais secas a busca por sistemas de irrigação
artificial, somente assim é possível conseguir desenvolver uma
semente de qualidade e ter o resultado esperado, porém, pode
custar caro e tornar difícil o plantio de soja.
 Assim como qualquer tipo de cultivo, o plantio de soja requer
inúmeros cuidados para que seja viável obter uma colheita bem
sucedida.
 Portanto, é necessário compreender todas as questões
relacionadas a esta planta, desde o modo como devem ser
plantadas até como a manutenção da plantação tem que ser
feita.
Manejo do solo

Professor Daniel Scotá


 O solo é o fator de produção mais importante na definição da
produtividade dos cultivos; depois da água, porque sem ela
não há produção.
 Solo bem manejado não apresenta compactação, erosão e é
rico em matéria orgânica, razão pela qual armazena muita
água, podendo suportar deficiências hídricas não muito
prolongadas.
 Implantar o Sistema de Plantio Direto (SPD) é uma maneira
inteligente de melhorar as qualidades do solo.
 Solos com problemas de acidez devem ser corrigidos antes da
implantação do SPD para não precisar revolvê-los
posteriormente.
 Após anos de cultivo no SPD a acidez pode voltar, sendo
recomendável distribuir o calcário na superfície, para não
revolver o solo.
 Respeitar os princípios básicos do SPD: não revolvimento do
solo, rotação de culturas e formação de abundante palhada.
 Antes de realizar o plantio de uma nova safra, refazer os
terraços danificados ou erroneamente eliminados, para
conter a erosão.
 Evitar operar as máquinas no sentido da declividade do
terreno para evitar a erosão do solo.
 A rotação com culturas de espécies diferentes é desejável
para melhorar as propriedades químicas, físicas e biológicas
do solo, além de reduzir os problemas fitossanitários.
 Cultivos sucessivos de uma mesma cultura intensificam os
problemas com insetos-praga, doenças e plantas daninhas.
 A integração da lavoura com a pecuária (ILP) recupera as
pastagens degradadas e melhora a qualidade do solo.
 A ILP é a maneira mais eficiente de fazer um pecuarista
fertilizar o seu pasto, através da adubação da lavoura. Pasto
que virou lavoura e voltou a ser pasto, pode engordar até 5 X
mais bois.
 Solos muito arenosos não são apropriados para o cultivo da
soja por causa da sua baixa capacidade de reter água. Mas,
com muita palhada, pode valer a pena.
Semeadura

Prof. Daniel Scotá


Antes de qualquer coisa, a semeadura da soja não deve ser
realizado em solo sem a umidade necessária, mesmo que haja
previsão de chuvas posteriormente.
Em solos muito argilosos, sugere-se semear 3 dias após a chuva;
em solos mais leves pode ser 2 ou até 1 dia após a chuva,
depende do volume precipitado.
A população ideal de plantas por hectare varia entre as
cultivares, mas fica próxima a 300 mil unidades, o que
corresponde a 12 a 14 plantas por metro, semeadas em fileiras
distantes de 45 a 50 centímetros entre elas.
 Em plantios muito antecipados, cuidado com a escolha da
cultivar; nem todas se adaptam bem quando semeadas muito
cedo.
 Uma mesma região pode apresentar diferentes altitudes e,
em função disto, demandar cultivares com diferentes
características.
 Por causa da temperatura do solo, é mais lenta a germinação
da soja em grandes altitudes e latitudes.
A soja “safrinha” não é permitida para evitar a dispersão e
sobrevivência dos esporos da ferrugem. A alta exposição dos
fungicidas e risco de surgimento de resistência é um dos
principais motivos para esse impedimento, embora se
reconheça que a semente produzida na safrinha poderia ser de
melhor qualidade, por causa do clima seco e ameno na colheita.
Produção de semente

Professor Daniel Scotá


 A semente é a chave do sucesso de uma lavoura. Semente de
qualidade é fundamental para que o produtor comece e
termine bem a safra.
 Semente de boa qualidade tem origem, alto poder
germinativo, alto vigor, tem sanidade e tem purezas física e
varietal.
 Estas características são indispensáveis para a obtenção de
lavouras compostas por plantas de alto desempenho,
resultando em lavoura de alta produtividade.
 Semente de má qualidade resulta em estande desuniforme,
plantas com baixo desempenho e disseminadoras de doenças
e plantas daninhas.
 O bom estabelecimento da lavoura depende também da boa
plantabilidade, ou seja, da utilização de semeadoras de alta
precisão, bem reguladas e operando dentro dos padrões de
velocidade recomendados pelos fabricantes. Isso resultará na
obtenção da população ideal de plantas, bem distribuídas,
sem falhas e sem aglomerados de plantas.
 Visualmente, semente e grão são idênticos, mas a semente se
distingue pela maior pureza, homogeneidade, sanidade, alto
poder germinativo e alto vigor.
 É irracional gastar mundos e fundos no manejo do solo e na
fertilização do campo e economizar semeando sementes de
qualidade duvidosa.
 O custo da semente torna-se irrisório quando comparado ao
aumento da produção que ela proporciona. Sementes de alto
vigor originam lavouras mais produtivas.
 O uso de sementes pirata é prejudicial ao setor produtivo
porque acaba com os programas de melhoramento genético,
inibindo o desenvolvimento de novas cultivares. Um tiro no
pé.
 A soja destinada para a produção de grãos pode ser cultivada
em todo o território nacional, mas nem todos os locais são
apropriados para produzir soja-semente.
 Regiões tropicais com baixa altitude não são recomendadas
para a produção de soja-semente, a menos que a lavoura seja
cultivada em altitudes superiores a 700 m e a semente
armazenada em ambiente climatizado.
 Para obter-se uma semente de qualidade, evitar a semeadura cuja
colheita coincide com períodos chuvosos.
 Recomenda-se armazenar as sementes com teor de umidade
inferior a 12%, em ambientes com temperatura inferior a 25 °C e
umidade relativa do ar inferior a 70%. Na seleção da cultivar
semeada, atentar para que a semente pertença a uma cultivar
recomendada para a região onde será cultivada.
 Aconselha-se tratar as sementes com fungicidas antes da semeadura
ou adquiri-las já tratadas industrialmente. O mercado já conta com
empresas sementeiras que disponibilizam sementes tratadas
industrialmente.
 No tratamento de sementes, cuidado na quantidade e
compatibilidade dos produtos utilizados; um produto pode
inviabilizar o outro.
 Cuidado com os “cosméticos” agregados à semente, produtos
que podem não agregar nada à semente, além do custo.
 Geralmente, sementes de diferentes tamanhos produzem
igual, salvo em raras circunstâncias, quando a maior reserva
nutricional das sementes graúdas ajudam a plântula no início
do desenvolvimento.
 A classificação das sementes por forma e tamanho são pré-
requisitos para efetuar a classificação por densidade, que é
fundamental para melhorar o vigor do lote de semente.
Sementes de baixa densidade apresentam qualidade
fisiológica, germinação e vigor, inferiores.
Forma e tamanho interfere na classificação por densidade
efetuada pela mesa densimétrica.
 É importante classificar as sementes por tamanho para
melhorar a plantabilidade.
 Quando possível, eleger cultivares resistentes ou tolerantes às
principais moléstias que atacam a cultura na região.
 Para evitar danos no armazenamento, recomenda-se retirar a
semente do armazém do fornecedor na data da semeadura.
Só optar pelo armazenamento no próprio armazém desde
que tenha condições de mantê-las em ambiente apropriado.
 Mais de 95% da soja cultivada no Brasil é transgênica, mas há
mercado para a soja convencional, que paga bônus.
Plantio Direto

Professor Daniel Scotá


O Sistema Plantio Direto (SPD) tem se destacado como
uma das estratégias mais eficazes para melhorar a
sustentabilidade da agricultura em regiões tropicais e
subtropicais.
O grande resultado é por minimizar as perdas de solo e de
nutrientes por erosão, além de ajudar a conservar a umidade de
solo.
Isto devido aos três princípios básicos do SPD, que são:
 Cobertura permanente do solo;
 Sistema de rotação de culturas;
 Mínimo revolvimento do solo.
 São cerca de 40% a mais de carbono sequestrado do que o
sistema convencional.
 Plantar sem tirar a palhada das culturas anteriores, é a proteção
mais assertiva na proteção das chuvas, de erosão, lixiviação de
fertilizantes.
 A rotação de culturas também é importante para ajudar a resolver
o problema de compactação do solo.
 Dessa forma você mantém seu investimento a longo prazo no
campo, além de que todos esses benefícios do SPD fazem com
que seja aumentado a produtividade da cultura da soja.
 Além disto, há redução de operacional, e maior sustentabilidade
ambiental na tua propriedade e no teu bolso.
Como fazer plantio direto na soja?
 Tudo vai começar com a escolha da cultura de rotação que
será a fonte de cobertura e palhada para a cultura da soja.
 Normalmente, essas espécies são chamadas de cultura de
cobertura, as quais são também utilizadas na adubação verde.
 E esta cultura pode ser a responsável pela quebra de ciclo
de doenças e patógenos, e de grande importância no Manejo
Integrado de Pragas.
 Segundo estudos do IAPAR(Instituto Agronômico do Paraná),
algumas cultivares de aveia tiveram resultados muitos positivos
no controle de nematoides.
 Como a IPR Afrodite, que é resistente ao nematóide das galhas
(Meloidogyne javanica eMeloidogyne incognita), enquanto o URS
Brava é resistente ao nematoide das lesões (Meloidogyne
pratylenchus).
 O nabo forrageiro também é uma ótima opção. É uma planta
que em 60 dias cobre cerca de 70% do solo, e produz 20 a 35
t/ha de massa verde, 3,5 t/ha a 8 t/ha de massa seca.
 Claro que este tipo de rotação é favorecido nas regiões mais
subtropicais do Brasil, onde o inverno permite a sua produção.
Gramíneas para culturas de cobertura
no plantio direto
 Com certeza a gramínea mais utilizada como palha no plantio
direto na soja, são os restos da lavoura de milho, fazendo a
sucessão de culturas soja e milho.
 No entanto, é muito interessante a utilização de espécies
diferentes, como no consórcio de braquiárias com leguminosas.
 Por exemplo, consórcio de gramíneas com crotalárias, que possui
alto potencial de reciclagem nutricional e controle de nematóides.
 Um exemplo disso é a espécie Eleusine coracana (pé-de-galinha-
gigante) consorciada com crotalária.
 Bem como consórcios com culturas safrinhas como o milho, com
crotalárias, guandú, ou com braquiárias.
Consórcio de milho safrinha com guandú, safra 2018.
 Outra gramínea para ser usada é a Brachiaria ruziziensis, que possui
abundância e matéria seca, podendo agregar 1% de matéria
orgânica ao solo.
 Além desta temos a Mombaça e a quênia (Panicum maximum), a BRS
Paiaguás (Brachiaria brizantha), o milheto e muitas outras.
 Assim, procure informações sobre as plantas que pode utilizar na
rotação, fique à vontade para escolher a da sua preferência.
 Lembre-se, se você planejar, dá para casar as operações nas
lavouras, colher e já plantar.
 Acertar no momento de roçar e dessecar o adubo verde escolhido
para formação de palhada, é o segredo.
Quais as principais máquinas
agrícolas para o plantio direto?
 As principais são a semeadora e a colhedora diferenciais para
este tipo de sistema de plantio.
 São tão importantes de serem adequadas, que pode se perder
cerca de 10% com uma semeadura inadequada em uma
lavoura de soja.
 Isso pode ocasionar uma perda de cerca de 6 sacas por
hectare, significativo né?
 No plantio direto você precisa de uma máquina adequada.
Aquela que mobilize o mínimo necessário a linha de plantio,
que corte e afaste a palha, bem como uma que distribua bem
a palhada na colheita.
 Além disto, a colhedora deve ser equipada com picador de palha
regulado para distribuir uniformemente a palhada sobre o solo, na
faixa equivalente a largura de corte da colhedora.
 E o válido mesmo, é estar sempre observando na hora
da colheita como está a distribuição da palhada.
 Isso porque, quanto mais você regular a distribuição de palhada
neste momento, melhor será todo o teu futuro nesta lavoura.
 A distribuição irregular da palhada dificulta as próximas operações
agrícolas, e também pode deixar alguns espaços de área
descoberta.
 Isso faz com que não tenhamos os benefícios da palha em toda a
área, especialmente na conservação da umidade e controle de
plantas daninhas.
Vantagens do Sistema Plantio Direto
na soja
 O SPD é por si só uma vantagem ao seu sistema agrícola.
 Com ele fica mais fácil otimizar o seu maquinário, você vai
formando solo e contribuindo nas propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo mesmo com a intensidade de manejo no mesmo
nas safras.
 Além de, ser significativo sua contribuição na redução dos gases do
efeito estufa, bem como nos seus custos se bem planejado.
 É claro que temos desafios, as opções de rotações para formação de
palhada nas entressafras ou até mesmo nos consórcios das safra, nem
sempre são comerciais, e isto ainda é um obstáculos.
 Mas se pensar a longo prazo a palhada deixada no teu sistema é um
dos melhores investimentos de baixo custo que terá feito na sua
propriedade.
O que é o Padrão RTRS de Produção
de Soja Responsável?
Resultado do envolvimento na cadeia de valor da soja,
principalmente produtores e indústrias, foi criado o padrão
RTRS, como o nome diz, uma padrão de produção de soja
responsável.
Os princípios e critérios para a certificação da soja como uma
cultura responsável são:
 Cumprimento legal e boas práticas empresariais;
 Condições de trabalho responsáveis;
 Relações comunitárias responsáveis;
 Responsabilidade ambiental;
 Práticas agrícolas adequadas.
Calagem, adubação e inoculação

Professor Daniel Scotá


 Previamente à semeadura da nova safra de soja proceder à
análise química do solo para conhecer suas necessidades
nutricionais. Coletar várias amostras a 20 cm de
profundidade, em vários pontos do talhão, mistura-las e
retirar a amostra que será encaminhada para análise em
laboratório credenciado.
 Adubar a lavoura obedecendo as indicações da análise
química do solo.
 Disponibilizar o fertilizante no sulco de plantio seria o mais
recomendado, mas muitos produtores preferem aplicá-lo a
lanço por ser menos trabalhoso, mas demanda maiores
quantidades.
 Atentar para a necessidade de outros nutrientes apontado
pela análise do solo, além dos tradicionais P e K.
 Reforçar a quantidade de fertilizante, na eventualidade de o
produtor buscar produtividades mais elevadas.
 A diagnose foliar permite conhecer as deficiências
nutricionais das plantas em desenvolvimento.
 O Nitrogênio será fornecido gratuita e integralmente pelo N
biológico captado do ar atmosférico, via Fixação Biológica
(FBN) realizado por bactérias específicas (Rizóbios).
 Cuidado com inoculantes vencidos, mal armazenados ou de
má procedência (registro no MAPA). Podem não conter
bactérias vivas.
 Quando a inoculação é feita na propriedade, realiza-la à
sombra e semear imediatamente. Evitar contato direto da
semente inoculada com o sol.
 Mesmo cientes da existência de rizóbios no solo é
aconselhável repetir a inoculação anualmente, dado o seu
baixo custo e os altos retornos em contraste com o custo do
N mineral.
 Estima-se economia de R$ 20 bilhões anuais no Brasil com o
uso do inoculante biológico, no lugar do fertilizante
nitrogenado.
 É errado acreditar ser necessário utilizar pequenas doses de
N mineral ao inoculante, porque a inoculação não seria
suficiente para a obtenção de altas produtividades (5 t/ha,
por exemplo).
 É verdade que a adição um pouco de fertilizante nitrogenado
mineral acelera o desenvolvimento inicial e deixa as folhas
mais escuras, mas não acrescenta rendimento. Portanto, é
inútil.
 Além da inoculação com rizóbios, coinocular com
Azospirillum, uma bactéria promotora do crescimento das
raízes.
 Assegurar-se de que o inoculante adquirido é de boa
procedência e está válido e ativo. Ter muito cuidado sobre a
exposição das sementes inoculadas ao sol.
 Evitar guardar o inoculante de um ano para o outro.
Irrigação
A viabilidade da irrigação dependerá de fatores importantes
como a quantidade de sacas produzidas por hectare (sc/ha) e o
valor de mercado da soja.
Os especialistas descobriram que, com um preço da saca a
partir de R$ 44,40 e uma produtividade mínima de 56,52
sc/ha, vale a pena investir em pivôs centrais para a irrigação da
lavoura. Essa estimativa está bem abaixo da produtividade
estimada que é de 70 sc/ha para a soja irrigada.
Caso a produtividade caia para 43,5 sc/ha, o valor pago pela
saca tem de ser, pelo menos, R$71,50. "O trabalho sinaliza
ganhos reais para o produtor irrigante. Mas é importante
destacar que são necessárias 6,14 sc/ha somente para pagar o
custo com a irrigação. O custo total de produção estimado com
irrigação é de R$ 3.108,32 por hectare.
Qual sistema escolher?
Antes de qualquer investimento em irrigação deve-se
determinar a necessidade de irrigar. Muitos agricultores,
motivados pelo modismo, ou impulsionados pela pressão
comercial e facilidade de crédito, adquirem sistemas de
irrigação, sem mesmo verificar se a cultura a ser irrigada
necessita ou responde à irrigação, ou se a fonte de água de que
dispõem é suficiente para atender à necessidade hídrica da
cultura.
Não existe um sistema de irrigação ideal, capaz de atender
satisfatoriamente todas essas condições e interesses envolvidos,
o que determina a necessidade de selecionar o sistema de
irrigação mais adequado para uma determinada condição e
visando atingir os objetivos desejados. O manejo de irrigação da
cultura da soja nada mais é do que estabelecer quando e quanto
aplicar de lâmina de água.
 As fases mais críticas de demanda de água para a soja são na
germinação-emergência e floração-enchimento dos grãos.
 Na germinação, tanto o déficit como o excesso de água (a
umidade do solo deve estar entre 50% e 85% da água
disponível) são prejudiciais á uma boa uniformidade na
emergência de plantas.
 A soja atinge o máximo de exigência hídrica na floração e
enchimento dos grãos (7 a 8 mm dia-¹). O estresse hídrico
neste período pode ocasionar problemas fisiológicos graves
que ocasionam queda prematura de folhas e conseqüente
redução de produtividade.
 A necessidade de água durante todo o ciclo para um
rendimento máximo varia de 450 a 800 mm, dependendo do
clima, manejo da cultura e da variedade empregada.
 No manejo da irrigação via solo é importante conhecer a
profundidade do sistema radicular para definir a camada de
solo a ser considerada. No caso da soja, as raízes funcionais
chegam a profundidades que variam de 10 a 15 cm.
Quando irrigar?
A região dos Cerrados tem, como principal característica
climática, a ocorrência de dois períodos bem distintos: uma
estação chuvosa compreendida de outubro a abril e outra
estação seca entre maio e setembro, com ausência quase total
de chuvas.
Embora na estação chuvosa, período em que a soja cresce e se
desenvolve, ocorram precipitações pluviométricas totais, mais
que suficientes para a cultura, a irregularidade na distribuição
da chuva pode causar sérios problemas. A ocorrência do
"veranico", principalmente durante o período de enchimento
de vagens, reduz grandemente a produção.
O fornecimento satisfatório de água deve ser feito nos períodos
de crescimento, floração e formação e enchimento de vagens,
sendo esses dois últimos os mais importantes.
A freqüência de irrigação pode ser de 10 dias, fornecendo
aproximadamente 40 mm de água em cada aplicação.
Manejo de plantas invasoras

Professor Daniel Scotá


 As invasoras competem com a soja por água, luz e nutrientes,
podendo, ainda, ser hospedeiras de pragas e doenças.
 A fase mais crítica da competição situa-se da emergência ao
fechamento do dossel.
 Além de usar herbicidas, valer-se de tratos culturais (época
semeadura, cultivares, espaçamento/densidade, cobertura do
solo, entre outros).
 Evitar que sementes de invasoras estejam presentes nos
fertilizantes ou nas sementes da soja.
 O manejo das plantas daninhas na cultura da soja começa na
entressafra, principalmente na dessecação em pré-semeadura.
 Semear a soja somente quando a vegetação estiver dessecada
completamente.
 Utilização do Plantio Direto com formação de abundante
palhada inibe o desenvolvimento das invasoras.
 Cultura de cobertura, cultivo de milheto, aveia ou azevém na
entressafra da soja são eficientes na supressão das invasoras.
 O uso de um único herbicida, ou de herbicidas com o mesmo
mecanismo de ação, resulta em seleção de plantas resistentes, o
que dificulta o controle e o torna mais oneroso.
 Rotação e diversificação de herbicidas utilizados no controle
químico são fundamentais no manejo da resistência.
 Umidade baixa (menos de 60%), temperatura alta (superior a
30°C), e vento prejudicam a ação dos herbicidas.
Manejo de doenças

Professor Daniel Scotá


 Terror dos sojicultores, as doenças da soja estão entre os fatores
que mais reduzem a produtividade da cultura e contribuem para
o aumento dos custos de produção. Cerca de 15 a 20% das
reduções anuais de produção da cultura tem as doenças como
origem. Várias doenças da soja já foram identificadas no Brasil,
entre elas estão as causadas por fungos, bactérias, nematóides e
vírus.
 As doenças podem aparecem em qualquer um dos estádios de
desenvolvimento das plantas.
 Para te ajudar nesse planejamento tenha em mente o período
de ocorrência das doenças na cultura:
Dentre as doenças da soja, a principal:
Ferrugem asiática
 Esta doença é considerada a mais importante na cultura da soja e é
causada pelo fungoPhakopsora pachyrhizi.
 A ferrugem asiática da soja pode causar perdas de 10% a 90%
nas lavouras, atingindo todas as regiões produtoras do Brasil.
 Pode ser difícil o diagnóstico nos estádios iniciais da doença, por
não ter os esporos alaranjados como em outras ferrugens.
 Por isso, inicialmente, procure por minúsculos pontos mais
escuros nas folhas, variando de coloração verde a cinza (utilize
uma lupa).
 Na face inferior das folhas no local correspondente ao dos pontos,
observe pequenas saliências, que são as urédias (estruturas de
reprodução do fungo).
 Monitorar a lavoura (não se esqueça de utilizar uma lupa e
observar a parte de baixo da folha para visualização das urédias).
 Utilizar fungicidas - Faça uso de fungicidas preventivos ou
quando aparecer os primeiros sintomas.
 Lembre-se que já foi registrada a redução da eficiência de
fungicidas a base de carboxamidas, triazóis e estrobilurina isolada.
 Para minimizar a perda da eficiência dos fungicidas utilize
fungicidas com diferentes modos de ação, reduza a aplicação
excessiva de fungicidas e realize a calendarização da semeadura.
Vazio sanitário

 É o período que a área fica sem plantas de soja, varia de 60 a


90 dias. Isso é para reduzir a sobrevivência do fungo.
 Atente-se ao período do vazio sanitário da sua região

https://www.embrapa.br/soja/ferrugem/vaziosanitariocalend
arizacaosemeadura
Uso de variedades precoces

 Quanto antes você semear a soja, menor quantidade de


esporos da doenças vão estar no ambiente e, portanto, a
lavoura poderá se manter saudável por mais tempo.
Mancha alvo

 É causada pelo fungo Corynespora cassiicola, podendo ocorrer


perdas de até 50% em cultivares suscetíveis.
 Nas folhas, os sintomas da doença se iniciam por pontuações
pardas, com halo amarelado, evoluindo para mancha foliar
circular, de coloração castanho-clara a castanho-escura.
 As manchas podem apresentar pontuação no centro e anéis
concêntricos de coloração mais escura (semelhantes a um
alvo).
Manejo para a mancha alvo
 Utilize cultivares resistentes
Esta doença pode causar desfolha em cultivares suscetíveis, e com
isso, causar perdas na produtividade da cultura.
 Tratamento de sementes
Como o fungo sobrevive em sementes é importante realizar o
tratamento de sementes para reduzir o inóculo do fungo.
 Rotação de culturas
Além de sobreviver nas sementes, o fungo sobrevive em restos de
culturas, por isso, é importante a rotação de culturas.
 Uso de fungicidas
A Embrapa realizou um trabalho para determinar a eficiência de
fungicidas no controle da mancha alvo. Isso pode ser útil para a
escolha do produto para o controle.
Oídio
 A doença é causada pelo fungo Microsphaera diffusa. Em algumas
regiões do país a doença ocorre por ter as condições favoráveis
para o desenvolvimento do fungo.
 Essas condições são as temperaturas amenas e baixa
umidade, sendo frequente em regiões com maior altitude. Além
disso, esse fungo tem fácil dispersão pelo vento.
 Você pode observar a doença nas folhas da soja, as quais vão
apresentar uma estrutura branca (micélio e esporos do fungo).
Com o passar do tempo elas podem se tornar cinzas.
 Essas estruturas podem impedir a fotossíntese e provocar queda
prematura das folhas.
Manejo do Oídio

 Utilizar variedades resistentes;


 Controle químico;
 Evitar a semeadura em épocas com condições ambientais
favoráveis ao desenvolvimento do fungo.
Mofo-branco

 Mofo-branco é responsável por até 30% de perda da


produção em um campo agrícola.
 A doença é causada por Sclerotinia sclerotiorum e este fungo
tem mais de 400 espécies de hospedeiros, incluindo soja e
feijão.
 O fungo pode sobreviver no solo por um longo período (em
média de 5 a 10 anos) na forma de escleródios, que são
estruturas de resistência do fungo.
 Os sintomas são lesões encharcadas inicialmente, que
evoluem para uma coloração castanha, e depois há a formação
de um micélio branco, que formam escleródios.
Manejo do mofo-branco

 Evitar a entrada do patógeno na área: Sementes certificadas,


limpeza de máquinas e implementos agrícolas;
 Tratamento de sementes com fungicidas do grupo MBC (metil
benzimidazol carbamato);
 Rotação/sucessão de culturas;
 Semeadura em palhada de plantas não hospedeira como as
gramíneas, isso desfavorece a formação e liberação de esporos do
fungo;
 Utilizar cultivares que favoreça a aeração entre as plantas,
para não criar um ambiente ideal para o desenvolvimento do fungo;
 Controle de daninhas hospedeiras do mofo branco;
 Controle químico com aplicação no início da floração até a
formação das vagens.
Crestamento foliar de Cercóspora

 Doença causada pelo fungo Cercospora kikuchii.


 Este fungo pode atacar toda a planta, nas folhas você observa
manchas castanho-avermelhadas, produzindo o efeito
chamado de “bronzeamento” na folha.
 Essa mancha parda podem evoluir para grandes
manchas escuras.
 Nas vagens causa manchas vermelhas a castanhas. É através
das vagens que o fungo atinge a semente, causando manchas
avermelhadas nas mesmas, denominada “mancha
púrpura”.
Manejo do crestamento foliar

 Uso de sementes certificadas;


 Tratamento de sementes com fungicidas;
 Pulverização com fungicida na parte aérea da planta: existem
vários inseticidas registrados para este patógeno.
Antracnose

 A espécie mais comum que causa antracnose em soja


é Colletotrichum truncatum.
 O fungo pode atacar no começo da cultura o que
leva tombamento das plantas jovens de soja.
 Nas vagens surgem manchas aquosas no início da doença,
escurecendo depois. Isso pode favorecer a queda das vagens e
sementes com manchas deprimidas. Já nas folhas, podem
ocorrer manchas e necrose
Manejo da Antracnose

 Utilização de sementes certificadas;


 Sementes tratadas com fungicidas;
 Controle químico;
 Rotação de culturas;
 Plantio da soja no espaçamento adequado, especialmente
no plantio direto, para não apresentar condições
adequadas para o fungo de alta umidade e clima quente.
Nematoides na cultura da soja
 Os nematoides causam doenças da soja as quais causam
prejuízo estimado de R$ 35 bilhões ao ano no Brasil.
Danos causados pelo nematoide do cisto da soja
(Heterodera glycines) e pelo nematoide das lesões
radiculares (Pratylenchus brachyurus) na região de
Primavera do Leste (MT).
Manejo de Nematoides

O controle dos nematoides é muito difícil, já que são parasitas


do solo. Algumas medidas que podem te auxiliar são:
 Evitar áreas com histórico dos nematoides;
 Evitar a entrada dos nematoides: sementes de boa qualidade,
limpeza de implementos e máquinas agrícolas e outros;
 Rotação de culturas com espécies não hospedeiras, em
especial as práticas de adubo verde e culturas de
cobertura;
 Uso de cultivares de soja tolerantes ou resistentes.
Manejo de pragas

Professor Daniel Scotá


 Antes de semear a soja verifique o histórico de pragas iniciais
da área, além disso, vistorie a vegetação de cobertura para
verificar a presença de pragas, e faça pequenas trincheiras (de
no mínimo 0,5 m de comprimento por 0,4 m de largura e
0,5 de profundidade) para avaliar a existência de corós,
tamanduás da soja, ou percevejos-castanho na área
(principalmente em área com histórico dessas pragas). Caso
essas pragas estejam presentes em grande quantidade, algum
tratamento fitossanitário pode ser recomendado antes do
plantio.
 Antes de plantar a soja, caso haja pragas na vegetação de
cobertura (principalmente lagartas ou percevejos com
potencial de atacar a soja recém-germinada), o ideal é
antecipar a dessecação de pré-plantio. Uma ou duas semanas
sem vegetação verde mata essas pragas de fome, não havendo,
portanto, necessidade de aplicar inseticida na dessecação de
plantio não causando assim maiores desequilíbrios na lavoura.
Nunca use inseticidas para controlar percevejos no período
vegetativo da soja. Sua presença nessa fase da cultura não causa
danos.
Não controle pragas preventivamente. Apenas inicie o controle
de percevejos quando tiver vagens na lavoura e os percevejos
estiverem em populações que ultrapassem os níveis de ação (2
percevejos maiores que 0,4 cm por metro para lavouras
produtoras de grãos ou, 1 percevejo por metro para lavouras
produtoras de sementes). Para desfolhadores (lagartas), utilize
inseticidas apenas quando houver 30% ou mais de desfolha na
fase vegetativa ou 15% ou mais de desfolha na fase reprodutiva
da lavoura.
 Uso indiscriminado de agrotóxicos pode afetar a ação dos
inimigos naturais das pragas da soja e outros insetos benéficos.
Inimigos naturais são organismos que controlam as pragas,
alimentando-se delas. Utilizar os inseticidas no contexto do
manejo integrado de pragas (MIP). Utilizar o MIP-soja pode
reduzir o gasto com inseticidas em até 50%. MIP preconiza a
integração de diferentes estratégias de controle.
 O controle biológico das pragas é inócuo ao homem, preservar
os inimigos naturais das pragas e prejudica menos o ambiente.
Quando possível, priorizá-lo.
Colheita e pós colheita

Professor Daniel Scotá


Dessecação
 A dessecação pré-colheita da soja, com uso de herbicida, é
uma prática muito comum que tem três objetivos:
uniformizar a área da soja, controlar plantas daninhas e
antecipar a colheita, pois o produtor obtém uma antecipação
média de cinco dias, o que antecipará o plantio do milho
safrinha.
 Além disso, caso a colheita, após a dessecação demore, o
produtor pode ter surpresas desagradáveis como, por
exemplo, perdas com abertura de vagens, maior incidência
de grãos “ardidos” e até germinação da soja no próprio pé,
dentro da vagem, caso ocorra excesso de umidade na lavoura
por período prolongado”.
 Colheita antecipada pela dessecação pode beneficiar o plantio do
milho safrinha, mas corre-se o risco de perder três vezes, porque:
– o grão de soja pode não estar plenamente formado;
– o grão colhido antes da plena maturação pode apresentar-se
esverdeado, com elevado teor de umidade e ter descontos por causa
disso;
– gasta-se herbicida e combustível inutilmente.

Obs: A dessecação da soja pode


justificar-se na presença de
hastes verdes e retenção de
folhas.
 Recomenda-se colher a soja no mínimo 7 dias após a
dessecação.
 O ponto ideal de colheita da soja é após o grão atingir a plena
maturação (fase R7), com umidade de 14%.
 Monitore o processo de colheita da soja utilizando a
metodologia do Copo Medidor da Embrapa: após a passagem
da colhedora, coloca-se uma armação de 2 metros quadrados
e coletam-se todos os grãos ali contidos. Ao depositá-los no
referido recipiente, uma escala indicará os níveis de perdas
aceitáveis (menor ou igual a 1 saca de 60 kg/ha) ou se estão
ocorrendo desperdícios – estes últimos podendo ser
eliminados pelo operador e/ou técnico que acompanha o
processo de colheita por regulagens e ajustes na
colheitadeira.

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