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AUTARQUIA EDUCACIONAL DE SALGUEIRO – AEDS

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS DO SERTÃO CENTRAL – FACHUSC


CURSO DE PEDAGOGIA
7º PERÍODO
LITERATURA INFANTO JUVENIL E CONTAÇÃO DE HISTÓRIA
PROFESSORA MARIA NEREIDE
ALUNAS: CAROLINA SOARES RIBEIRO DE LIMA ALMEIDA
MARIA DANIELE LUNGAS CARNEIRO
MICHELLY PEREIRA DE SOUSA

RESENHA DESCRITIVA

SALGUEIRO-PE
ABRIL 2020
RESENHA CRÍTICA
CURIA, Denise Fonseca dos Santos. A Literatura Infanto-juvenil na Contemporaneidade: um
outro olhar para o literário em sala de aula. Revista Thema, n. 09, v. 02, 2012. Disponível
em: http://periodicos.ifsul.edu.br/index.php/thema/article/view/134 Acesso em: 2 abr. 2020.

DADOS DA AUTORIA

Denise Fonseca dos Santos Curia possui graduação em Letras Português e Espanhol e
suas respectivas Literaturas pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (2004). Possui
especialização em Educação e Contemporaneidade pelo Instituto Federal Sul-rio-grandense
(2011). Tem experiência docente com ensino de Língua Portuguesa, Língua Espanhola e
Literaturas para Ensino Fundamental e Médio.

DADOS DA OBRA

Trata-se de um artigo científico publicado na Revista Thema do Instituto Federal de


Educação, Ciência e Tecnologia Sul-rio-grandense (IFSul), resultado do Curso de Pós-
graduação em Educação e Contemporaneidade (Instituto Federal Sul-rio-grandense - Campus
Charqueadas). O objetivo do artigo científico é discutir de que forma a Literatura Infanto-
juvenil de entretenimento é importante na formação de um sujeito leitor, bem como a forma
que o professor deve proceder as práticas literárias de maneira que as leituras dos alunos, façam
parte da rotina de sala de aula.

RESUMO DA OBRA

O artigo está dividido em três capítulos, no primeiro capítulo deste artigo será discutido
o leitor: quem é este indivíduo e o que ele lê hoje, como está sendo inserido no mundo da ficção
e da fantasia. No segundo capítulo é feito um pequeno histórico e análise dos programas de
incentivo à leitura no Brasil, seu sucesso e derrocada, bem como “um passeio” pelas produções
atuais direcionadas ao público juvenil. E por fim, uma breve reflexão sobre o ensino de
Literatura no Ensino Fundamental e sobre a prática dos professores com o texto literário na aula
de Língua Portuguesa.
Na introdução, a autora contextualiza o artigo afirmando a sua função como professora
de língua portuguesa das séries finais do ensino fundamental que possui muitas inquietações
quanto à forma de trabalhar literatura com seus alunos. Relata que os textos clássicos já não
fazem mais sucesso com os alunos, e sim os livros de literatura estrangeira ou nacional de ficção
que tratem de trilogias mitológicas, vampiros e bruxos. Este artigo tem a Literatura como tema,
mas não discutirá uma obra em específico. Também versará sobre práticas docentes com o texto
literário em sala de aula, mas não é uma receita. É apenas a minha visão e reflexão, a minha
prática.
No primeiro capítulo denominado “O Leitor” a autora trabalha com a caracterização
desse indivíduo, para isso traz conceitos de outros autores como Ricardo Azevedo (2004, p.114)
que “Leitores podem ser descritos como pessoas aptas a utilizar textos em benefício próprio,
seja por motivação estética, seja para receber informações, seja como instrumento para ampliar
sua visão de mundo, seja por motivos religiosos, seja por puro e simples entretenimento”.
Traz a classificação de leitores proposta pela escritora de livros infanto/juvenil Ruth
Rocha, que diz que existem três tipos de leitores crianças/adolescentes: os que se tornarão
leitores naturalmente, sem que seja necessário nenhum esforço para levá-los a isso; os que não
se tornarão leitores de jeito nenhum, por mais atraente que a leitura se apresente a eles; e aqueles
que se tornarão leitores se forem adequadamente estimulados.
Após, a autora traz a questão: como se formar um sujeito leitor? um cidadão? Ela
considera que existem uma grande oferta de produtos e serviços para a criança e o adolescente:
internet, videogame, mídias variadas. Todas estas ferramentas concorrem com o livro. A
criança, independente de sua classe social, já não é mais aquela dos contos de fadas. Não é mais
aquela que senta numa sombra para ouvir histórias. As famílias, de uma forma geral, mudaram
muito.
Ela alerta para o fato de quê ser leitor ou não, depende muito do histórico familiar da
criança. Muitas vezes o único acesso que a criança terá a literatura infantil, será na escola por
meio dos livros didáticos. Os textos didáticos são essenciais para a formação das pessoas, mas
não formam leitores. É preciso que concomitantemente haja acesso à leitura de ficção, ao
discurso poético, à leitura prazerosa e emotiva, para que isso aconteça.
No segundo capítulo “A Literatura Infanto-Juvenil Contemporânea” mostra que nos
últimos anos, o mercado editorial de livros voltados para o público infantil e juvenil está
crescendo rapidamente no que se refere a lançamento de obras, inclusive na literatura aqui no
Brasil. Na história da Literatura por volta do século XVII, a criança passa a ser valorizada e
reconhecida em seu espaço, o que fez com que houvesse a necessidade de uma Literatura de e
para a criança. Esta literatura era ligada, exclusivamente, à escola como instrumento de
transmissão de normas e valores.
Atualmente, a leitura concebida e praticada é um instrumento de transformação pessoal
e social, e contribui para o desenvolvimento da educação estética, da sensibilidade, da
concentração, dos aspectos cognitivos e linguísticos, do exercício da imaginação, além, de
favorecer o acesso aos diferentes saberes sobre a cultura de povos e lugares desconhecidos, seja
do universo fictício ou real.
A obra cita dois importantes programas que foram criados para melhoria da literatura
brasileira: Programa Nacional Salas de Leitura – PNSL – (1984-1996), para a distribuição de
livros de literatura infantil às escolas; e Programa Nacional Biblioteca da Escola – PNBE –
(1997- 2002), para a distribuição de obras literárias de referência e outros materiais de apoio às
escolas públicas do ensino fundamental. O PNSL foi ineficaz para a formação de leitores porque
investiu na mera distribuição de livro, com poucos critérios sobre a qualidade e sem definição
de objetivos a serem atingidos com essa ação. Já dentro do PNBE foi criada a “Biblioteca do
Professor”, com acervo destinado aos professores do ensino fundamental. Nota-se que houve
uma preocupação em munir o professor para tais programas, e já no fim do PNBE, o governo
centralizou sua ação na formação continuada dos professores. Houve uma intenção boa na
criação desses dois programas, porém houve muitas falhas, fazendo com que os programas
fossem encerrados, por causa da falta de participação da comunidade escolar e a falta de
capacitação dos professores.
O leitor irá encontrar também nesta obra, a notícia que, em 1997 surge Harry Potter. No
Brasil, o primeiro título da série - Harry Potter e a Pedra Filosofal - assim que lançado, já se
transforma em best-seller. Denise também cita da falta de incentivo para as literaturas menores.
E cita como tais literaturas As sagas do bruxo Paulo Coelho, Harry Potter, Crepúsculo, e seres
mitológicos que conquistaram o mundo.
A autora frisa que os nãos leitores, aqueles que não gostam de ler, estão em todas as
camadas da sociedade. Por vários motivos existem jovens e adultos sem acesso ao livro: falta
de recursos financeiros, falta de habilidades na língua, problemas de aprendizagem que
remontam o primeiro contato com as letras, famílias que não tem o hábito da leitura e práticas
escolares. Ela conscientiza que é importante a participação de toda a comunidade escolar na
escolha do literário que será apresentado ao alunado.
Denise se declara partidária de que a formação do leitor começa em casa, mas quando
as crianças e jovens não tem esse incentivo, a responsabilidade passa para todos os professores,
independente da disciplina. Primeiramente estes profissionais precisam ser apaixonados por seu
objeto de estudo. O professor na responsabilidade de formar leitores precisa ser leitor.
A autora conclui que é de suma importância acolher as obras que os alunos estão lendo,
e também ler com os alunos. E acima de tudo mostrar para o aluno o quanto uma leitura é
prazerosa, e enfatiza que é preciso que o professor conheça o porquê de obras como Harry
Potter, Crepúsculo e Percy Jackson estão fazendo tanto sucesso com os alunos atualmente. Isso
é uma forma de conhecer o seu aluno.
O terceiro capítulo “O Professor e suas práticas literário” inicia com um pensamento de
Gabriel Gárcia Márquez que discute sobre o motivo da leitura literária estar em risco no país.
Ele aborda os fatores que mais se destacam nesse momento, um deles é a proposta de ensino
que está mais preocupada com a gramática do que como os alunos estão na prática da leitura.
É por meio da leitura literária que os alunos irão desenvolver outros conhecimentos que
abrange todo o contexto de linguagem, porém, existe um processo dinâmico muito complexo e
que muitos professores preferem não optar pelas obras literárias, pois elas devem ser exploradas
ao máximo, e muitos não querem, pois devem ser trabalhadas diariamente dentro de outras
disciplinas e que ao invés de ensinar com ela, devemos aprendê-la.
Márquez aponta a falta de leitura do próprio professor como um dos problemas mais
graves, porque ele deixa de ser uma referência para seus alunos, que deixam de enxergar leitura
literária como ponto importante. Esse problema pode ser resultado de diversas dificuldades,
uma delas é a falta de tempo, outro problema pode ser que muitos não tem uma história de
leitura na família ou porque não gosta. Esses fatores são percebidos nas práticas literárias de
sala de aula, na forma como aborda a língua e a literatura, na sua metodologia para a construção
de sujeitos leitores, no seu discurso repetido de práticas que se dizem eficazes. E que somente
formarão alunos copiadores, sem singularidade.
A literatura na escola é tratada de forma impositiva, onde se impõem aos alunos uma
lista pré-determinada de textos literários a serem trabalhados e que dessa forma não permitem
que os alunos exponham seus gostos pessoais, não há espaço para a construção de uma
identidade literária. A autora destaca que o professor que hoje tem a tarefa de formar novos
leitores, afirma que a leitura permite que pensemos o pensamento de outro, implica
aprendizagem. Dialogamos com o autor, posicionamo-nos.
O artigo conclui que no atual momento deve-se dar uma importância maior ao estímulo
da leitura literária nas escolas, sabe-se que a leitura não é só obrigação da disciplina de
português, mas ela tem um papel relevante em todas, que vai das artes até as ciências, o
professor precisa ler, escutar os interesses literários dos seus alunos e não simplesmente se
colocar na posição de avaliador a julgar interpretações. Está na hora de mudarmos o conceito
de leitura e trazer um conceito mais aberto, com novas práticas de ensino para que seja
valorizada dentro e fora da sala.

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