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Universitária em
Dependências Químicas
Cognos Formação e Desenvolvimento Pessoal
(uso, abuso e
dependência)
Manual do Formando
Formador
O formador optou por não seguir o novo acordo ortográfico na elaboração do presente
manual.
pág.
1. Introdução 5
2. Uso e Abuso 6
2.1. O consumo experimental 8
2.2. O consumo casual ou ocasional 9
2.3.O consumo regular 9
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3. Dependência 11
3.1. Dependência física 13
3.2. Dependência psicológica 15
4. Saliência do consumo 17
5. Estreitamento do repertório 18
Conteúdos Gerais:
Conteúdos do módulo
Objectivos Específicos
1.Introdução
Quando se trata da definição que origina a dependência ao álcool e drogas, percebe-se que
existem algumas contradições na área social, científica e médica.
Enfim, a definição com relação à dependência pode ter várias matizes, várias interpretações,
por ser elaborada por grupos de diferentes áreas (médica, científica, moral ou legal) que
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2. Uso e Abuso
"existe uma maioria de indivíduos que utilizam uma ou várias substâncias psicotrópicas, cuja
variedade é grande. Diferentes indivíduos utilizam diferentes substâncias em quantidades
diferentes, por diferentes razões em diferentes circunstâncias".
A maior parte das pessoas não utiliza substâncias proibidas ou não admitidas pela sua cultura.
Se a maioria das pessoas passasse a utilizar substâncias proibidas, é provável que a sua cultura
se modificasse, passando a autorizar tal uso ou tais substâncias.
O consumo experimental
Que pode não acontecer mais do que uma ou duas vezes por mês;
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o consumo regular
Que pode variar entre uma ou várias vezes por semana, dependendo da substância utilizada;
Que geralmente implica o consumo diário, embora possa ocorrer em ocasião de farras, com
consumo extremamente elevado durante vários dias, periodicamente, tal como no caso de
bebedeiras ocasionais ou sistemáticas.
Estudos feitos por vários autores, em que pesquisaram as razões pelas quais o indivíduo tenta a
primeira experiência, chegaram às mesmas constatações:
a curiosidade;
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É importante salientar que estes factores não são suficientes. Quase todos os pesquisadores
concordam com o facto de a maioria dos indivíduos que tenham tido uma experiência com
uma droga ilegal, nem por isso se tornam utilizadores.
Para a autora anteriormente citada,
"a curiosidade foi satisfeita, o prestígio junto dos membros do grupo foi ganho, mas os
efeitos não são apreciados devidamente. Outras actividades são mais valorizadas".
A O.M.S. (Organização Mundial de Saúde) citada por Mazzola (1989), define dependência
como:
No que diz respeito à compulsão ou perda do controlo, podemos afirmar que existem duas
sensações presentes nesse critério:
a perda do controlo;
desejo ardente para consumir uma droga.
Inicialmente, os sintomas são mais leves, menos frequentes e ainda não interferem na
capacidade do indivíduo manter as suas relações sociais e produtivas; ansiedade, insónia e
irritação podem ser atribuídas a outros factores do dia-a-dia.
A tolerância é a necessidade de doses cada vez maiores da substância para se obter os mesmos
efeitos de antes.
O corpo vai-se acostumando ao efeito da droga. Percebendo a sua presença constante no
organismo, cria mecanismos para dificultar sua acção sobre os neurónios (diminui os
receptores, torna-os menos sensíveis, destrói a substância com mais rapidez).
Isso faz com que o usuário necessite de doses maiores.
Na prática, o usuário mantém uma ingestão constante de uma determinada droga e consegue
fazer coisas que incapacitaria um usuário não-tolerante.
Isso não significa que seu desempenho não esteja prejudicado (muito pelo contrário), mas não
está incapacitado.
Nos estágios mais avançados da dependência, o indivíduo começa a perder a tolerância e fica
incapacitado com doses pequenas da droga.
aparecimento da dependência.
O tempo é intermédio para o tabaco e relativamente curto tratando-se de crack e dos opiáceos.
Consumo da substância
Pré-contemplação O indivíduo não sente a necessidade de mudar. Pensa que o seu consumo está sob controlo e
nega qualquer alternativa de ajuda.
Contemplação Há percepção dos problemas actuais (ou futuros) que o uso de drogas lhe traz. Por outro
lado, o indivíduo não se vê sem a substância. É um período marcado pela ambivalência.
Recaída É o retorno ao consumo. Pode ser episódica (lapso) ou prolongada. A partir dela, o indivíduo
pode regredir a qualquer uma das fases anteriores.
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Antecedentes médicos
Complicações do consumo: cirrose, abscessos, problemas pulmonares, etc…
Estado nutricional do indivíduo
Doenças Sexualmente Transmissíveis e HIV (Sida)
Acidentes, internamentos clínicos, cirurgias
Com a recolha e reunião destes dados, além de um perfil adequado acerca da dependência,
criam-se condições para planear o tratamento terapêutico.
O histórico do consumo
deste indivíduo não
demonstra a presença
de nenhum critério de
dependência.
Existiu apenas o
aparecimento da
tolerância, que
isolada não
apresenta
qualquer indício
de dependência.
Ao longo da sua vida, o consumo de álcool não chegou a atrapalhar os seus planos em nenhum
campo da sua vida. Nota-se um consumo de baixo risco.
Todos os critérios
para a dependência
química estão
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presentes.
Síndrome de abstinência Começou a apresentar tremores matinais a partir do oitavo ano de uso diário.
Saliência do consumo O consumo sobressaiu aos seus estudos, ao seu emprego, aos seus
relacionamentos e vida afectiva.
Estreitamento do repertório de beber Nota-se uma perda de vínculos (trabalho, família, namoro) e a ritualização do
consumo (uso diário, desvinculado de eventos sociais ou de controlo).
Reinstalação da síndrome de dependência Critério ausente, pois nunca tinha estado abstinente até ao internamento.
Situação muito diferente daqueles que apesar do consumo intenso, conseguem empregos
precários, informais, onde a sua tarefa seja acessória e dispensável.
O seu objectivo é apenas conseguir algum dinheiro.
Ou ainda, daqueles que ocupam empregos importantes e bebem em horários em que não
estão a trabalhar (almoço, pós-expediente, hora do descanso).
No caso apresentado, verificamos que o seu controlo sobre o álcool parece ser precário:
Seria menos grave se houvesse alguém na sua família cuja a autoridade é aceite pelo usuário,
que o respeita e reduz o consumo quando solicitado. Ou se o indivíduo, apesar de beber uma
garrafa de uísque por dia, o fizesse após o expediente. Tudo isso indica a necessidade de um
acompanhamento inicial mais intensivo, talvez até internado.
Para visualizar e
reflectir:
Vídeo 1
Gabriela Lian acompanha o tratamento de Marina, jovem que
frequentou a cracolândia, no centro de São Paulo, durante 13 anos.
Agra, Cândido da; FERNANDES, Luís – Dizer a dorga, ouvir as drogas. Porto:Editora Radicário,
1993.
Angel, P.et al.– Toxicomanias. 1ª ed. Lisboa: Climepsi Editores, 2002. ISBN: 972-796-023-5.
Cognos Formação e Desenvolvimento Pessoal
Carlini, Elisaldo et al. (2001) Revista IMESC “Drogas Psicotrópicas – o que são e como agem”, nº3 ;
pp. 9 – 35.
Lima, Maria Luísa; Vinagre, Maria da Graça (2006) “Consumo de álcool, tabaco e droga em
adolescentes: experiências e julgamentos de risco” in Psicologia, Saúde & Doenças, pp. 73-81.
Relatório Mundial sobre Drogas de 2009; Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime
(UNODC), 2009.
Sampaio, D. - Vozes e ruídos. Diálogos com adolescentes. - Editorial Caminho, Lisboa, 1993.