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Formação Avançada Pós-

Universitária em
Dependências Químicas
Cognos Formação e Desenvolvimento Pessoal

(uso, abuso e
dependência)

Manual do Formando

Módulo II: Uso, abuso e dependência

Formador

Dra. Susana Machado

O formador optou por não seguir o novo acordo ortográfico na elaboração do presente
manual.

Cognos- Formação e Desenvolvimento Pessoal


Edifício Gran Via
Rua Engº Adelino Amaro da Costa, nº 15, 9º andar, sala 9.2
4400-134 Vila Nova de Gaia
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Índice

pág.

1. Introdução 5

2. Uso e Abuso 6
2.1. O consumo experimental 8
2.2. O consumo casual ou ocasional 9
2.3.O consumo regular 9
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2.4. O consumo elevado ou compulsivo 10

3. Dependência 11
3.1. Dependência física 13
3.2. Dependência psicológica 15

4. Saliência do consumo 17

5. Estreitamento do repertório 18

6. Reinstalação da síndrome de dependência 20

7. Critérios de Gravidade da Dependência 21


7.1. Análise de dois exemplos clínicos 24

8. Abstinência e alívio dos seus sintomas 27

9.Vídeos de consolidação dos conhecimentos 30

Algumas fontes bibliográficas

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Uso, abuso e dependência
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Conteúdos Gerais:

Compreensão das diferenças existentes entre os conceitos de uso, abuso e


dependência de substâncias psicoactivas.
Análise das tipologias de dependência em usuários de substâncias
psicoactivas, bem como respectivos sinais e sintomas.
Referência à avaliação do grau de gravidade da dependência.

Vídeos de apoio ao estudo do manual.

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Objectivo Geral

No final deste módulo, os formandos deverão ser capazes de


reconhecer os sinais e sintomas de dependência em usuários de substâncias
psicoactivas, analisando a respectiva gravidade.

O formando deverá dedicar 5 horas de estudo para este módulo.

Conteúdos do módulo

• Tipos de consumo de substâncias psicoactivas – classificação


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• Dependência física e psicológica


• Sinais e sintomas da dependência
• Critérios de gravidade da dependência
• Fases da motivação, para a mudança de comportamento dependente
• Abstinência

Objectivos Específicos

No final deste módulo, os formandos deverão ser capazes de:

✓ Indicar as tipologias, associados ao consumo de substâncias


psicoactivas;
✓ Distinguir dependência física e psicológica;
✓ Reconhecer os sinais e sintomas da dependência de substâncias
psicoactivas;
✓ Avaliar a gravidade da dependência de substâncias psicoactivas;
✓ Indicar as fases da motivação, para a mudança de comportamento
dependente;
✓ Reconhecer a abstinência no usuário de substâncias psicoactivas.

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Neste segundo módulo da formação avançada
pós-universitária em Dependências Químicas
(uso, abuso e dependência), iremos abordar os
temas uso, abuso e dependência de drogas ou
substâncias psicoactivas, fazendo a distinção
entre dependência física e psicológica. Será
também realizada uma análise pormenorizada sobre sinais e sintomas da dependência
de substâncias psicoactivas, bem como a abstinência e alívio dos seus sintomas.
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1.Introdução

Em 1977, a Organização Mundial de Saúde (OMS) começou a


rever os conceitos e definições existentes, passando a
considerar a dependência ao álcool e a outras drogas como
um problema social e uma doença, definindo-a como
síndrome.
Nos anos 1980, a Saúde Pública passou por uma reformulação
assumindo esses programas de combate à dependência, com carácter primário e
epidemiológico, pois era crescente o número de casos de pacientes alcoólicos, com
tuberculose, envolvidos em acidentes de trânsito, detidos ou reinternados.

Quando se trata da definição que origina a dependência ao álcool e drogas, percebe-se que
existem algumas contradições na área social, científica e médica.

Popularmente o dependente de substâncias químicas é visto como um indivíduo preguiçoso,


sem vontade, irresponsável, doente. É chamado pejorativamente de bêbado,

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toxicodependente, etc… Na área médica é considerado um doente e precisa ser medicado. Na
psiquiatria e psicologia é visto como um doente com disfunção comportamental e mental e
que precisa de ser atendido pela rede de Saúde Pública.

A síndrome da dependência é tida como um grupo inter-relacionado de sintomas cognitivos, comportamentais e


fisiológicos. As incapacidades relacionadas ao álcool, por outro lado, consistem em disfunções físicas, psicológicas e
sociais que se seguem directa ou indirectamente ao uso excessivo da bebida e da dependência.
(EDWARDS; LADER, 1994, p. 44).

Enfim, a definição com relação à dependência pode ter várias matizes, várias interpretações,
por ser elaborada por grupos de diferentes áreas (médica, científica, moral ou legal) que
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podem usá-la de acordo com suas interpretações e/ou conhecimentos científicos.

2. Uso e Abuso

A utilização da droga pode ser definida de forma simples:


ou alguém a usa ou não a usa. No entanto o fenómeno
não é assim tão simples.

Para a autora Nowlis (1989) em várias culturas,

"existe uma maioria de indivíduos que utilizam uma ou várias substâncias psicotrópicas, cuja
variedade é grande. Diferentes indivíduos utilizam diferentes substâncias em quantidades
diferentes, por diferentes razões em diferentes circunstâncias".

A maior parte das pessoas não utiliza substâncias proibidas ou não admitidas pela sua cultura.
Se a maioria das pessoas passasse a utilizar substâncias proibidas, é provável que a sua cultura
se modificasse, passando a autorizar tal uso ou tais substâncias.

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Avaliar correctamente o uso de droga, implica fazer distinções baseadas no tipo de substância
utilizada e nos diferentes níveis de frequência da sua utilização.
A mesma autora considera que esses níveis incluem:

O consumo experimental

Geralmente limitado a uma, duas ou três vezes;

o consumo casual ou ocasional

Que pode não acontecer mais do que uma ou duas vezes por mês;
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o consumo regular

Que pode variar entre uma ou várias vezes por semana, dependendo da substância utilizada;

o consumo elevado ou compulsivo

Que geralmente implica o consumo diário, embora possa ocorrer em ocasião de farras, com
consumo extremamente elevado durante vários dias, periodicamente, tal como no caso de
bebedeiras ocasionais ou sistemáticas.

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2.1. O consumo experimental
A decisão inicial de experimentar uma droga tem menos a ver com a própria droga e as suas
propriedades farmacológicas do que com o significado e o valor que o indivíduo atribui à droga
e às suas propriedades.
Segundo a autora Nowlis (1989), antes de ter experimentado os efeitos de uma droga, o
indivíduo conhece-a apenas pelo nome ou por ouvir falar.

Estudos feitos por vários autores, em que pesquisaram as razões pelas quais o indivíduo tenta a
primeira experiência, chegaram às mesmas constatações:
a curiosidade;
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as pressões exercidas pelo grupo;


são as principais motivações.

Por norma, para a ocorrência da primeira experiência, é necessário que:


a substância esteja facilmente disponível;
o quadro e as circunstâncias de utilização pareçam relativamente seguros;
os amigos já se tenham servido de drogas.

É importante salientar que estes factores não são suficientes. Quase todos os pesquisadores
concordam com o facto de a maioria dos indivíduos que tenham tido uma experiência com
uma droga ilegal, nem por isso se tornam utilizadores.
Para a autora anteriormente citada,

"a curiosidade foi satisfeita, o prestígio junto dos membros do grupo foi ganho, mas os
efeitos não são apreciados devidamente. Outras actividades são mais valorizadas".

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2.2. O consumo casual ou ocasional
Felizmente, a maioria dos que fazem uma primeira experiência não continuam a utilizar a
droga. Para Nowlis (1989), de entre os que continuam, a maioria irá fazê-lo numa base casual
ou ocasional.
A droga será consumida somente quando facilmente disponível, e apenas num contexto social
em que os outros estão a utilizá-la.
As ocasiões não são preparadas, serão sim espontâneas. As razões que levam o indivíduo a
continuar esse uso ocasional estão sobretudo ligadas à sociabilidade e não diferem muito das
que levam os adultos a consumir ocasionalmente bebidas alcoólicas.
Como é do conhecimento geral, o seu uso facilita as relações sociais, é agradável e divertido.
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A maior parte desses utilizadores ocasionais não passará à categoria de consumidores


regulares.
É apenas uma experiência e uma actividade sem grande importância comparadas com outras
actividades e experiências.

2.3.O consumo regular


Ao falar-se de utilização regular, temos que ter
em conta a frequência do uso, a natureza da
droga utilizada e a opinião pessoal.
A autora Nowlis (1989) considera que a
utilização regular é diferenciada da elevada ou
compulsiva, sob dois aspectos:
a motivação;
grau de necessidade do utilizador.

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A partir do momento que a utilização se torna regular ou muito forte, entra em jogo o conceito
de dependência psicológica. São várias as razões que levam à utilização regular ou ao forte
consumo.
Todas elas muito mais ligadas à personalidade do utilizador do que às experiências passageiras
ou mesmo à utilização ocasional.
Também estão muito relacionadas com a acção farmacológica da droga em causa, seja ela um
estimulante, um depressor, um analgésico ou uma substância que modifica as percepções do
indivíduo sobre si mesmo e sobre o meio que o rodeia.

2.4. O consumo elevado ou compulsivo


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De entre os indivíduos utilizadores de droga, só uma


pequena minoria atingem o estado de dependência
característico do uso compulsivo.
O mesmo acontece aos que ingerem bebidas alcoólicas -
apenas uma pequena minoria se tornam alcoólicos.
Geralmente o uso compulsivo, implica uma frequência de
uso extremamente elevada, mas esta frequência pode ser
muito variável.
O factor central do uso compulsivo de uma droga é o grau
em que esta utilização domina a vida de um indivíduo.
Em concordância com a autora Nowlis (1989), quando maior parte do seu tempo, dos seus
pensamentos, da sua energia, é consagrada a obter a droga, a tomá-la, a discutir os seus efeitos, a
frequentar quase exclusivamente outros utilizadores de droga, pode-se então falar de
dependência.
Neste ponto considera-se o indivíduo como psicologicamente dependente da droga, ou, como
se observa de forma cada vez mais corrente, de várias drogas e não de apenas uma.

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3. Dependência

Apesar de existir uma enorme variedade de


explicações teóricas para as causas da
dependência de álcool, nicotina e outras drogas,
há um conceito unânime:

Dependência, é uma relação alterada entre um


indivíduo e o seu modo de consumir uma substância
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Na noção de dependência encontra-se sempre presente a uma perda de controlo no consumo


do produto, isto é, o indivíduo tem a percepção de não poder passar sem a substância ou
elemento viciante em questão.

A O.M.S. (Organização Mundial de Saúde) citada por Mazzola (1989), define dependência
como:

“um estado físico e psíquico, resultante da interacção entre


um organismo vivo e um produto, caracterizado por
modificações de comportamento e acções desencadeadas
pela necessidade de tomar a droga de forma continuada,
para neutralizar os efeitos psíquicos e evitar os sintomas de
privação. A tolerância pode estar ou não presente”.

Os elementos que compõem os critérios diagnósticos da dependência álcool, nicotina e outras


drogas (tabela seguinte), foram formulados durante os anos setenta por Griffith Edwards e a
sua equipa.

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Sinais e sintomas da dependência de substâncias psicoactivas
Compulsão ou perda do controlo
Tolerância
Síndrome de abstinência
Evitação dos sintomas de abstinência
Saliência do consumo
Estreitamento do repertório
Reinstalação da síndrome de dependência

A síndrome de dependência desenvolvida pelos usuários permitiu que houvesse uma


universalização do diagnóstico. Ao mesmo tempo, por meio do conceito de gravidade,
mostrou-se que o conceito de dependência é universal, mas que a manifestação da
sintomatologia acontece em níveis de gravidade distintos, sempre influenciados pela
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personalidade e o ambiente onde vive o indivíduo.

No que diz respeito à compulsão ou perda do controlo, podemos afirmar que existem duas
sensações presentes nesse critério:
a perda do controlo;
desejo ardente para consumir uma droga.

É o sentimento de estar nas garras de algo estranho, irracional e indesejado.

Compulsão ou perda do controlo em frases do usuário:

"Se eu beber um ou dois, não paro mais."


"Se eu passar por um bar, esqueço a promessa de
parar."
"Se fumar uma vez, volto."
"Passo o dia a pensar numa tirinha de coca."
"Tomo um gole de uísque na hora do almoço para me
aprumar.”
"Só a bebida cura a minha tremedeira matinal."

"Tomo um gole de uísque na hora do almoço para


me aprumar."
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"Só a bebida cura a minha tremedeira matinal."
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De uma forma comum, a generalidade dos autores diferenciam o conceito de dependência em
duas vertentes: física e psicológica.

3.1. Dependência Física


A dependência física ocorre pela adaptação das
células à presença de substâncias químicas
reassumindo a sua função parcialmente normal.
Para que o organismo tenha as reacções
semelhantes às do primeiro contacto com a
droga, são necessárias doses cada vez mais altas
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e com maior frequência.


A dependência celular também implica uma
adaptação de células isoladas à presença da
droga no seu ambiente, mas neste caso a adaptação é tão severa que a célula não pode
funcionar normalmente na ausência da droga (Edwards; Lader, 1994)
Com a dependência orgânica instalada, as células não conseguem funcionar “normalmente”
quando há a ausência da droga.
Essa perturbação no funcionamento celular é chamada de síndrome de abstinência, ou seja,
incapacidade do organismo se manter sem adição de álcool e/ou drogas.

Essa síndrome é caracterizada por sinais e sintomas


como: delirium tremens, ou seja, tremor intenso e
alucinações.

Inicialmente, os sintomas são mais leves, menos frequentes e ainda não interferem na
capacidade do indivíduo manter as suas relações sociais e produtivas; ansiedade, insónia e
irritação podem ser atribuídas a outros factores do dia-a-dia.

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Os sintomas mais perceptíveis, segundo Focchi (2001), são:
Físicos (tremores, náuseas, vómitos, sudorese, cefaleia, cãibras, tonturas);
Afectivos (irritabilidade, ansiedade, fraqueza, inquietação, depressão);
Senso percepção (pesadelos, ilusões, alucinações visuais, auditivas ou tácteis).

O organismo possui uma certa tolerância à dependência física.

A tolerância é a capacidade das células funcionarem com a ingestão de doses em maiores ou


menores quantidades e com maior ou menor frequência.
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A tolerância é a necessidade de doses cada vez maiores da substância para se obter os mesmos
efeitos de antes.
O corpo vai-se acostumando ao efeito da droga. Percebendo a sua presença constante no
organismo, cria mecanismos para dificultar sua acção sobre os neurónios (diminui os
receptores, torna-os menos sensíveis, destrói a substância com mais rapidez).
Isso faz com que o usuário necessite de doses maiores.
Na prática, o usuário mantém uma ingestão constante de uma determinada droga e consegue
fazer coisas que incapacitaria um usuário não-tolerante.
Isso não significa que seu desempenho não esteja prejudicado (muito pelo contrário), mas não
está incapacitado.
Nos estágios mais avançados da dependência, o indivíduo começa a perder a tolerância e fica
incapacitado com doses pequenas da droga.

A Tolerância em frases do usuário:

"Eu sou forte para as bebidas."


"Ninguém é capaz de me derrubar na bebida."
"Um tirinho (de cocaína) já não é a mesma coisa de
antes."

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A dependência física é caracterizada pelos sintomas estereotipados, pois, ao serem ingeridas
doses elevadas, o funcionamento neuronal fica alterado.
Podemos afirmar que se manifesta segundo um quadro de sintomatologia física, dos quais se
podem destacar os seguintes:
Diaforese (transpiração e suor excessivo no corpo);
Taquicardia (aumento da frequência cardíaca);
Queda da tensão arterial, etc.;
que ocorrem, se um indivíduo interrompe repentinamente o consumo de uma determinada
substância.
Estas perturbações neuro-vegetativas, designadas de síndrome de abstinência, traduzem uma
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habituação do organismo ao produto e a necessidade imperiosa de poder dispor de droga para


funcionar sem este tipo de sintomas.

3.2. Dependência psicológica

A dependência psicológica, traduz-se por

“um sentimento de falta, de desconforto e de vazio que


ocorre quando o produto a que o indivíduo está acostumado,
não está disponível no imediato”.

A autora Nowlis (1989) considera “a dependência


psicológica mais importante do que a verdadeira dependência fisiológica, e constitui factor
decisivo na maior parte dos casos de utilização de altas doses”.
Para esta autora a dependência física pode ser controlada, enquanto na dependência
psicológica é tudo mais complexo, tendo um carácter marcadamente individual.
A dependência psicológica, é praticamente imensurável, porque abrange o subjectivo. O

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usuário desenvolve um comportamento de procura das drogas.

Portanto, pode-se afirmar que a dependência está ligada a valores


intrínsecos e extrínsecos ao ser humano, uma vez que o vício não é
desencadeado apenas por aspectos desviantes da personalidade, mas
também, pela sociedade que historicamente procura uma nova
sensação de prazer, muitas vezes sem medir as drásticas consequências.
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4. Saliência do consumo
O avançar da dependência, principalmente a
intensificação dos sintomas de abstinência, faz com o que
indivíduo priorize (em maior ou menor grau) a
manutenção do seu consumo de álcool ou outras drogas.
Dessa forma, o seu tempo e os seus recursos financeiros
vão-se paulatinamente transferindo para a procura, o
consumo e a recuperação dos efeitos do mesmo.
Muitas vezes ele é mais forte do que a consciência do
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usuário sobre os problemas sociais e de saúde, que o seu


uso de drogas já lhe causou.

Saliência do consumo em frases do usuário

"Eu e o meu pai costumávamos sair


todos os fins-de-semana. Depois que ele
começou a beber a valer, não nos
"Estou mais distante porque as pessoas se encontramos como antes, vejo-o mais
modificaram em meu redor. A minha casa já não é distante e acho que ele até me evita às
mais a mesma, a minha mulher só reclama e os vezes.”
meus filhos parecem evitar-me.
Na verdade também ando sem tempo para a
família. Tenho andado à procura de emprego,
mas a crise está a instalar-se cada vez mais, por
isso tenho ficado mais tempo no café que está na
moda.
Sempre aparece algum contacto interessante por
lá."

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5. Estreitamento do repertório
A ocasião social influência de maneira decisiva o consumo de drogas.
De um modo geral o consumo de álcool e drogas não é permitido durante o expediente de
trabalho ou período escolar.
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O consumo de álcool acontece nos fins-de-semana, ou durante a semana, em festas de


aniversário, encontros de amigos ou happy hours.
Há aqueles que apreciam um cálice de vinho durante uma refeição.
Existem ocasiões que pedem bebidas específicas. O uísque é uma bebida muito procurada em
casamentos e encontros de amigos de serão.
Já a cerveja é a bebida dos bares, cafés e dos fins-de-semana com amigos.
Bebidas mais doces são associadas às mulheres.
O vinho tinto e o conhaque são bebidas mais vendidas durante o inverno.

Com as drogas ilícitas não é diferente.


O ecstasy é uma droga associada às raves e a
música electrónica. A cocaína é um potente
inibidor do apetite. Será pouco provável
encontrarmos usuários desta substância a
deliciar-se num churrasco!
Há sempre ocasiões específicas para o consumo

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de uma droga, não importa qual esta seja.

O estreitamento do repertório é justamente a perda do vínculo social que justificava o consumo.


Utilizar uma substância passou a ser uma necessidade, e não uma atitude vinculada a uma
ocasião social.
Não se bebe mais para relaxar, para ficar mais falante, para 'viajar' com os amigos ou curtir
melhor uma música. O consumo volta-se para o alívio ou evitação dos sintomas de abstinência.
Não importa mais o dia da semana e a hora, o local, as pessoas em redor e muito menos a
qualidade da substância.
O que interessa é evitar a abstinência. Desta forma, aparece um consumo previsível e com
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poucas variantes, ou seja, um estreitamento do repertório.

Estreitamento do repertório em frases do usuário

"Bebo uma pinga com Cinzano logo cedo no café do Sr.


José, antes de apanhar o autocarro. Às onze horas, tiro a
minha pausa para o cafezinho na repartição.

Dou um pulo ao café do Sr. João, que ao ver-me, pega


logo na garrafa de vodca e serve-me.

Depois do expediente tomo umas! e vou para casa. Mas


saio sempre mais uma vez para comprar cigarros.
Chegando lá, o Sr. José tem sempre aquela pinga com
Cinzano prontinha para mim."

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6. Reinstalação da síndrome de dependência
O reaparecimento dos sintomas físicos (síndrome de
abstinência) e comportamentais (evitação dos sintomas,
saliência do consumo, estreitamento do repertório) em
usuários que recaíram após períodos variáveis de
abstinência é denominado de reinstalação da síndrome de
dependência.

O consumo de substâncias, como o álcool e cannabis, leva um tempo considerável até o


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aparecimento da dependência.
O tempo é intermédio para o tabaco e relativamente curto tratando-se de crack e dos opiáceos.

Por mais longa que seja a abstinência, Reinstalação da síndrome de dependência em


frases do usuário
um breve retorno ao consumo pode
fazer o indivíduo rapidamente voltar
"Não fumava um cigarro há anos. Comecei a
ao seu padrão antigo, que namorar uma rapariga que fumava. Dava uns
anteriormente levou muito tempo tragos de vez em quando. Aos poucos,
aquela ansiedade e inquietação, que nem me
para se desenvolver. lembrava mais que existiam, voltaram
rapidamente.
Quando me percebi, um mês depois, já
fumava como antes.”

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7. Critérios de Gravidade da Dependência

A dependência química possui critérios claros e objectivos. A


presença desses critérios confirma esse diagnóstico,
qualquer que seja o indivíduo, portanto, eles têm natureza
universal.
Por outro lado, podem ser individualizados. Isso acontece
porque os critérios de dependência química possuem níveis
de gravidade.
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Critérios diagnósticos da dependência química

Compulsão ou perda do controlo Um desejo incontrolável de consumir uma substância.


Tolerância A necessidade de doses cada vez maiores da substância
para obter o mesmo efeito de antes.
Síndrome de abstinência Surgimento de sintomas de desconforto, físicos e
psíquicos, quando o consumo é interrompido ou
reduzido.
Evitação da síndrome de abstinência Consiste no uso contínuo da substância a fim de evitar o
surgimento dos sintomas de abstinência.
Saliência do consumo Utilizar a substância vai-se tornando mais importante
do que tudo o que o indivíduo valorizava.
Estreitamento do repertório É o consumo dissociado de eventos sociais. Não se
utiliza mais a droga por ocasião de eventos. Usa-se pela
necessidade de aliviar sintomas de abstinência.
Reinstalação da síndrome de dependência É o retorno do comportamento de consumo e dos
sintomas de abstinência após um curto período de
retorno do consumo.

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Entender a gravidade de um quadro de dependência é personalizar o diagnóstico.
É criar condições para melhor planear uma abordagem terapêutica.
A gravidade de um quadro de dependência pode ser entendida a partir das repercussões que o
consumo de drogas provoca nos diversos campos da vida de um indivíduo.
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Consumo da substância

Legenda: Diversos campos de funcionamento de indivíduo. A magnitude do impacto do consumo


de uma substância sobre estes, determina os níveis de gravidade de um consumo.

Paralelamente é imprescindível determinar o quanto o indivíduo está motivado para mudar os


seus hábitos de consumo.
A motivação para a mudança ocorre em fases, como se apresenta na tabela seguinte.

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Fases da motivação do indivíduo para a mudança

Pré-contemplação O indivíduo não sente a necessidade de mudar. Pensa que o seu consumo está sob controlo e
nega qualquer alternativa de ajuda.

Contemplação Há percepção dos problemas actuais (ou futuros) que o uso de drogas lhe traz. Por outro
lado, o indivíduo não se vê sem a substância. É um período marcado pela ambivalência.

Determinação O indivíduo percebe os problemas ocasionados pelo consumo e pede ajuda.

Acção O indivíduo pára de consumir drogas.

Manutenção O indivíduo procura estratégias para se manter abstinente.

Recaída É o retorno ao consumo. Pode ser episódica (lapso) ou prolongada. A partir dela, o indivíduo
pode regredir a qualquer uma das fases anteriores.
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Nenhum indivíduo está sempre preso a uma condição.


Para investigar a gravidade, é preciso uma avaliação detalhada, tornando-se em um
procedimento capaz de identificar os sintomas e em seguida quantificá-los quanto à sua
gravidade.

Questões que são essenciais na investigação da gravidade


Histórico do consumo de drogas
Idade de início do consumo
Tipos de drogas que consome ou já consumiu
Frequência do consumo e a via de administração preferida
Episódios de overdose
Episódios de abstinência
Internamentos devido à dependência (quantos e quando)
Dia típico de uso

Antecedentes médicos
Complicações do consumo: cirrose, abscessos, problemas pulmonares, etc…
Estado nutricional do indivíduo
Doenças Sexualmente Transmissíveis e HIV (Sida)
Acidentes, internamentos clínicos, cirurgias

Antecedentes psiquiátricos e psicológicos


Presença de transtornos psiquiátricos e ou psicológicos, antes ou depois do consumo.
Tentativas de suicídio
História forense
Histórico de contra-ordenações
Contacto com o sistema judicial
Situação actual

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Quadro sócio-económico

Situação dos relacionamentos familiares


Histórico de empregabilidade e a situação actual no emprego
Condições de habitação
Histórico escolar e situação actual

Com a recolha e reunião destes dados, além de um perfil adequado acerca da dependência,
criam-se condições para planear o tratamento terapêutico.

7.1. Análise de dois exemplos clínicos


Vejamos o exemplo, representado graficamente.
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O histórico do consumo
deste indivíduo não
demonstra a presença
de nenhum critério de
dependência.

Existiu apenas o
aparecimento da
tolerância, que
isolada não
apresenta
qualquer indício
de dependência.
Ao longo da sua vida, o consumo de álcool não chegou a atrapalhar os seus planos em nenhum
campo da sua vida. Nota-se um consumo de baixo risco.

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Já este indivíduo evoluiu
para um consumo
problemático e chegou
à dependência.

Todos os critérios
para a dependência
química estão
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presentes.

Identificação dos critérios de dependência, deste caso clínico


Compulsão ou perda do controlo Houve um aumento progressivo do consumo, que invadiu áreas importantes da
sua vida, sem que o indivíduo exercesse nenhum controlo.

Tolerância O aumento da dose consumida diariamente aumentou progressivamente.

Síndrome de abstinência Começou a apresentar tremores matinais a partir do oitavo ano de uso diário.

Evitação da síndrome de abstinência Há presença de uso contínuo da substância.

Saliência do consumo O consumo sobressaiu aos seus estudos, ao seu emprego, aos seus
relacionamentos e vida afectiva.

Estreitamento do repertório de beber Nota-se uma perda de vínculos (trabalho, família, namoro) e a ritualização do
consumo (uso diário, desvinculado de eventos sociais ou de controlo).

Reinstalação da síndrome de dependência Critério ausente, pois nunca tinha estado abstinente até ao internamento.

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Neste caso, encontramos um indivíduo bastante prejudicado pelo consumo de álcool.
Parece possuir pouco apoio da família. Ter o apoio
da família significa ajuda directa e aumentam as
probabilidades de sucesso no tratamento.
A ausência da família piora o prognóstico e
aumenta a gravidade do uso.

O indivíduo não tem como se manter e


acumulou poucos recursos capazes de lhe
prover autonomia.
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Situação muito diferente daqueles que apesar do consumo intenso, conseguem empregos
precários, informais, onde a sua tarefa seja acessória e dispensável.
O seu objectivo é apenas conseguir algum dinheiro.
Ou ainda, daqueles que ocupam empregos importantes e bebem em horários em que não
estão a trabalhar (almoço, pós-expediente, hora do descanso).

No caso apresentado, verificamos que o seu controlo sobre o álcool parece ser precário:

Sofreu prejuízos sociais e físicos graves e


ainda assim permaneceu o uso da substância
(neste caso o álcool)

Seria menos grave se houvesse alguém na sua família cuja a autoridade é aceite pelo usuário,
que o respeita e reduz o consumo quando solicitado. Ou se o indivíduo, apesar de beber uma
garrafa de uísque por dia, o fizesse após o expediente. Tudo isso indica a necessidade de um
acompanhamento inicial mais intensivo, talvez até internado.

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A análise da gravidade possibilita:
a identificação de factores protectores e de manutenção;
obter o grau de comprometimento do indivíduo com o seu
tratamento;
identificar os controlos que o indivíduo é capaz de exercer
sobre o seu consumo.
Trata-se, assim, de uma ferramenta fundamental para qualquer profissional interessado nesta
questão das dependências.
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8. Abstinência e alívio dos seus


sintomas

Os sintomas de abstinência são a evidência mais


palpável da presença da dependência.
Caracterizam-se pela presença de sintomas físicos e
psíquicos de desconforto mediante à redução ou
interrupção do consumo de drogas.
Quase todas as drogas são capazes de desencadear
sintomas de abstinência.
A intensidade dos sintomas é progressiva.
Inicialmente são predominantemente psíquicos:
ideia fixa pela droga;
ansiedade;
sintomas depressivos (desânimo, lentificação...);
irritação;
diminuição da concentração;
insónia.

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Na medida em que a dependência aumenta, aumenta também a magnitude dos sintomas.
Podem surgir sintomas físicos, tais como tremor, suor difuso, palpitações cardíacas, aumento
da temperatura do corpo, náuseas e vómitos, podendo chegar até a quadros de confusão
mental (delirium).

Sintomas de abstinência em frases dos usuários

"Pela manhã estou sempre irritado. Os sons incomodam-me e


as pessoas tiram-me do sério facilmente. Acabo sempre por
dizer coisas estúpidas, das quais me arrependo depois. Depois
de beber uma pinguinha, tudo melhora instantaneamente."
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"Tenho uma tremedeira logo cedo que passa depois de uma


passagem pelo café."

"Costumo sentir náuseas e até vomitar quando escovo os


dentes pela manhã."

"Logo que a cocaína acaba vem uma fixação intensa,


incontrolável, que me faz sair para procurar mais."

"Lá pelo terceiro dia sem fumar começo a sentir-me ansioso,


inquieto e desconcentrado. Tenho a sensação de que nunca
mais levarei uma vida tranquila novamente."

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Evitação ou alívio dos sintomas da abstinência

A evitação ou alívio dos sintomas de abstinência é um comportamento antecipatório, que visa


evitar o surgimento dos sintomas de desconforto.
O indivíduo aprende (mesmo que não note) quando os sintomas aparecem e procura usar
antes, a sua droga de escolha.
A partir desse ponto, já se observa um consumo rotineiro da substância na sua vida.
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9. Vídeos de consolidação dos
conhecimentos

Para visualizar e
reflectir:

Visualize por favor os


O Profissão Repórter registou por vários meses a batalha de brasileiros
seguintes vídeos, que se
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para se livrarem da dependência do álcool e das drogas. Um homem, encontram associados


uma mulher e um menino de doze anos falam sobre a dificuldade de aos diversos temas do
largar o vício, os desafios da recuperação e as descobertas da nova vida. manual.

Caco Barcellos conta a história de Sanção, funcionário de uma grande


empresa, que foi internado numa clínica por causa do alcoolismo.
Com o fim do tratamento, ele volta ao trabalho e luta para recuperar a
harmonia no casamento e a reconciliação com o único filho.

Vídeo 1
Gabriela Lian acompanha o tratamento de Marina, jovem que
frequentou a cracolândia, no centro de São Paulo, durante 13 anos.

Registou as primeiras crises de abstinência, as transformações durante


o tratamento, uma recaída e a luta para não se render ao vício.

Thiago Jock volta ao abrigo mostrado no programa "Criança e drogas" Vídeo 2


e reencontra o menino Johnatan, que foi internado compulsoriamente
por agentes da prefeitura do Rio de Janeiro e hoje está em
Para visualização do
recuperação. vídeos basta fazer click
A reportagem mostra também a expectativa das crianças do abrigo na imagem.
pelo encontro com as famílias nos dias de visita.

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Algumas fontes bibliográficas

Agra, Cândido da; FERNANDES, Luís – Dizer a dorga, ouvir as drogas. Porto:Editora Radicário,
1993.

Amaral, Dias – A influência relativa dos factores psicológicos e sociais no evolutivotoxicómano.


Coimbra, 1981.

Angel, P.et al.– Toxicomanias. 1ª ed. Lisboa: Climepsi Editores, 2002. ISBN: 972-796-023-5.
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Carlini, Elisaldo et al. (2001) Revista IMESC “Drogas Psicotrópicas – o que são e como agem”, nº3 ;
pp. 9 – 35.

Consumo de substâncias entre os estudantes em 35 países europeus : resumo - relatório ESPAD


2007 / OEDT-Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência. - Luxemburgo : Serviço das
Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2009.

Estimativas da prevalência do consumo problemático de drogas : Portugal 2005 / Jorge Negreiros,


Ana Magalhães. - Lisboa : Instituto da Droga e da Toxicodependência, 2009.

Lima, Maria Luísa; Vinagre, Maria da Graça (2006) “Consumo de álcool, tabaco e droga em
adolescentes: experiências e julgamentos de risco” in Psicologia, Saúde & Doenças, pp. 73-81.

Relatório Mundial sobre Drogas de 2009; Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime
(UNODC), 2009.

Sampaio, D. - Vozes e ruídos. Diálogos com adolescentes. - Editorial Caminho, Lisboa, 1993.

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