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CAMUS – O MITO DE SÍSIFO

1. O absurdo e o suicídio
O único problema filosófico realmente importante: a vida vale a pena ser vivida?
“Começar a pensar é começar a ser atormentado” p.20.
Ausência de motivos para viver, reconhecendo o costume impositivo da vida e deste
modo, neste reconhecimento, o suicídio como solução.
“Um mundo que se pode explicar, mesmo com raciocínios errôneos, é um mundo
familiar” p.21
“No apego de um homem à vida há algo mais forte que todas as misérias do mundo. O
juízo do corpo tem o mesmo valor que o do espírito, e o corpo recua diante do
aniquilamento. Cultivamos o hábito de viver antes de adquirir o de pensar” p.23
Há uma lógica que chegue até a morte? O raciocínio absurdo. Sustentar-se nesse
terreno, na medida do possível.

2. Os muros do absurdo
O sentimento profundo do absurdo, que escapa às ordens da razão, da metafísica, mas
que é possível enumerá-los, dizê-los, descrevê-los na prática, e, ainda assim, não
esgotaram esse sentimento. Sentimento inapreensível.
“Como as grandes obras, os sentimentos profundos significam sempre mais do que têm
consciência de dizer. A constância de um movimento ou de uma repulsa numa alma é
encontrada em hábitos de fazer ou de pensar e prossegue em consequências que a
própria alma ignora” p. 25
O começo do sentimento do absurdo, isto é, seu reconhecimento, é a instauração do
movimento da consciência. De repente sente-se a lassidão, a densidade e estranheza da
existência. As coisas são despidas de sua roupagem, então a vida aparece como ela é,
sem seu sentido habitual, melhor dizendo, sem sentido – absurdo. Também adentrar no
tempo é o absurdo, quando paramos de ansiá-lo, e numa recusa medrosa, revoltamo-nos
contra a vida neste movimento absurdo.
Na página 29, Camus diz que a náusea de Sartre também é o absurdo.
Por fim, a morte, que não é de fato vivenciada, mas pressuposta de forma que não é
vivenciada na consciência. A ideia de Camus, porém, não é enumerar para saber das
causas, mas o que lhe importa são as consequências do absurdo. “Será preciso morrer
voluntariamente, ou pode-se ter esperança apesar de tudo?” p.30
Na análise de como a inteligência presencia o absurdo temos as contradições:
verdadeiro e falso, o abismo entre o querer e o conquistar diante da busca por
compreensão da realidade, a mitologia da unidade – mas se o homem é uno com a
realidade, em sua afirmação não estaria ele se contradizendo em sua diferença?
“É preciso considerar como referência perpétua, neste ensaio, a defasagem constante
entre o que imaginamos saber e o que realmente sabemos, a aceitação prática e a
ignorância simulada que faz com que vivamos com ideias que, se as sentíssemos de
verdade, deveriam transtornar toda a nossa vida” p. 31

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