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PATOGÊNESE
Sabe-se que as infecções virais podem servir como gatilhos em muitos processos
autoimunes, mas o mecanismo pelo qual isto ocorre não é totalmente compreendido.
Mimetismo molecular é uma teoria que tem sido postulada para descrever os
mecanismos pelos quais os agentes infecciosos ou outras substâncias estranhas
desencadeiam resposta imune contra os autoantígenos. Se um hospedeiro suscetível é
exposto a um antígeno estranho imunologicamente semelhante aos seus próprios
autoantígenos (compartilham epítopos), mas que difere suficientemente para provocar
resposta imune, pode ocorrer reatividade cruzada entre os dois antígenos e danos aos
tecidos do hospedeiro. O mimetismo molecular tem sido utilizado para explicar o dano
cardíaco associado a febre reumática aguda após infecção por estreptococos do grupo A
βhemolítico e a lesão desmielinizante em casos de esclerose múltipla. Pessoas com
febre reumática apresentam altos níveis de anticorpos circulantes contra a proteína M
estreptocócica do tipo 5, um antígeno encontrado na membrana da célula microbiana
que demonstra reatividade cruzada com a miosina cardíaca. Diversos vírus destruídos
pelas células T citotóxicas (CD8 + ) partilham epítopos comuns com as proteínas
básicas da mielina, que são o alvo em pessoas com esclerose múltipla. No entanto, nem
todos os indivíduos expostos a esses microrganismos passam a desenvolver
autoimunidade. Isto pode ser devido a diferenças na expressão de HLA. O tipo de HLA
expresso pela célula determina exatamente quais fragmentos de um agente patogênico
são exibidos na superfície das CAA para apresentação às células T. Alguns fragmentos
podem apresentar reação cruzada e outros não. Em casos de espondiloartropatias, ocorre
reatividade cruzada entre os linfócitos B e os peptídios de membranas bacterianas gram-
negativas; antígenos HLAB hospedeiros específicos foram implicados no
desenvolvimento do distúrbio.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS
A FR pode evidenciar-se por uma doença aguda, recidivante ou crônica. A fase aguda
da FR inclui história de uma infecção estreptocócica desencadeante e acometimento
subsequente dos componentes do tecido conjuntivo do coração, dos vasos sanguíneos,
das articulações e das estruturas subcutâneas. Uma anormalidade comum a todas as
estruturas afetadas é uma lesão conhecida como corpo de Aschof , 53 que consiste em
uma área localizada de necrose tissular circundada por células imunes. Em geral, o
estágio recidivante consiste na progressão dos efeitos cardíacos da doença. A fase
crônica da FR caracterizase por deformidade irreversível das valvas cardíacas e é uma
causa comum de estenose da valva mitral. A CR crônica geralmente não se desenvolve
antes de no mínimo 10 anos depois do primeiro episódio, algumas vezes décadas
depois. A maioria dos pacientes com FR refere história de infecção da faringe, cefaleia,
febre (38,5 a 40°C), dor abdominal, náuseas, vômitos, inflamação dos linfonodos (em
geral, no ângulo da mandíbula), assim como outros sinais e sintomas de infecção
estreptocócica. Outras manifestações clínicas associadas a um episódio agudo de FR
estão relacionadas com o processo inflamatório agudo e as estruturas afetadas pela
doença. A evolução da doença caracterizase por um conjunto de anormalidades,
inclusive poliartrite migratória das grandes articulações, cardite, eritema marginado,
nódulos subcutâneos e coreia de Sydenham. 52,53 Os marcadores laboratoriais de
inflamação aguda incluem leucocitose e elevações da VHS e da PCR.
Esses níveis altos dos reagentes da fase agudam não são específicos de FR, mas
fornecem sinais de uma reação inflamatória aguda.
Poliartrite. Em 75% dos casos, é a manifestação clínica mais comum da FR e,
muitas vezes, também a primeira queixa. Nos adolescentes e nos adultos,
poliartrite pode ser o único critério maior. A artrite pode variar de artralgia à
artrite incapacitante e, na maioria dos casos, acomete as articulações maiores,
especialmente joelhos e tornozelos, embora menos frequentemente possa afetar
punhos, cotovelos, ombros e quadris. A artrite quase sempre é migratória, ou
seja, afeta uma articulação e depois outra. Quando não é tratada, a artrite persiste
por cerca de 4 semanas. Um aspecto marcante da artrite reumática é a melhora
dramática (em geral, dentro de 48 h) com o uso de salicilatos. Em geral, a artrite
regride por completo e não causa sequelas funcionais.
Cardite. A cardite reumática aguda, que complica a fase aguda da FR, pode
afetar o endocárdio, o miocárdio ou o pericárdio. O acometimento do endocárdio
e das estruturas valvares causa os efeitos incapacitantes irreversíveis dessa
doença. Na maioria dos casos, a cardite evidenciase por regurgitação mitral e,
menos comumente, regurgitação aórtica, embora todas as quatro valvas possam
ser afetadas. Durante o estágio inflamatório agudo da doença, as estruturas
valvares tornamse eritematosas e inflamadas e formamse pequenas lesões
vegetativas nas válvulas. Aos poucos, as alterações inflamatórias agudas levam à
formação de tecidos cicatriciais fibróticos, que tendem a contrair e causar
deformidades das válvulas e encurtamento da cordoalha tendínea. Em alguns
casos, as bordas ou as comissuras das válvulas fundemse à medida que as lesões
cicatrizam. As manifestações clínicas da endocardite/valvite sem história de CR
incluem o desenvolvimento de sopro holossistólico apical de regurgitação mitral
ou sopro protodiastólico basal de regurgitação aórtica. Em alguns pacientes com
história de CR, a alteração das características desses sopros ou o aparecimento
de um sopro novo pode indicar cardite reumática aguda.
Nódulos subcutâneos, eritema marginado e coreia de Sydenham.
DIAGNÓSTICO
TRATAMENTO E PREVENÇÃO