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Fichamento Performatividade

Aula Jacqueline Teixeira

- Ser ontologizado – como gênero passa a produzir uma identidade ontologizada, algo pre-discursivo,
algo anterior a interação social.

Ela tem que se afastar da dicotomia alma-corpo. Como se o corpo tivesse no campo da prática e a alma
esta no insconsciente e é feito para emergir no âmbito da linguagem.

Corpo: materialidade que se produz o tempo todo

Discurso é prática. Concepção de materialidade que emerge nessa crítica da metafisica da substância.

A substancia do sujeito – um cerne que existe anterior a interação social e que vai pra interação e se
transforma na interação. Ela pens uma critica a isso. A substancia do ser estaria fora da pratica. Olha
para a produção dessas materialidade, o corpo eh essa materialidade fundamental.

Novamente ela traz a concepção de poder que esta nessa dinâmica. O poder é uma acao. Pro Foucault a
acao esta relacionada com acao como vontade, a butler traz uma ideia pra esse poder como acao com a
ideia de desejo (traz essa ideia da fenomenologia do espirito de Hegel)

Olhar para a materialidade e descrever aquilo não da conta do processo. Quais foram as relações os
conflitos as disputas que produziram aquela determinada materialidade. Essa materialidade que esta
expressa no sujeito, quando alguém te pergunta quem é você. A ideia de problema é importante. A acao
é movimentada sempre na interpelação. Ideia de uma relação que tá modulada por uma interpelação. É
essa interpelação que vai movimentando.

Linguagem e materialidade não se opõe. A linguagem se refere aquilo que é material.

Reconhecimento do sujeito surge numa relação de alteridade- o sujeito reflexivo. Quando ele descobre
a diferença.

Sujeito politico e construção de sujeito moderno. Poder judiciário – que regula e reconhece identidades.
Toda essa mquina é movimentada pela ideia de ALTERIDADE.
Ideia de diferente. Essa cena do reconhecimento. Que ocorre essa interpelação. Alguém fica numa
posição de perguntar quem é você. Os dois passam a se reconhecer – tecnologias de reconhecimento.

Fratura ontológica- Hegel.

Seria uma espécie de lapso desse ser absoluto. Que por conta dessa fratura precisa da relação para se
reconhecer como ser.

Por essa falha a pessoa sente vontade de interagir. A interpelação é importante porque transforma a
interação em um espaço de questionamento constante. Sempre perguntamos quem é você. Deixa de
ser se penso logo existo... o lugar que ocupo e a identidade que me define.

O reconhecimento da identidade que me define.

Butler se distancia um pouco da noção de disciplina do Foucault. E entra pro campo da interpelação.
Essa interpelação está inscrita na produção de muitas materialidades. Produzir identidades e diferenciar
pessoas. Quem vai ter que pensar essa pergunta e produzir as diretrizes de resposta. O que o sistema
jurídico reconhece a gente reconhece também.

Disposessao – ideia hegeliana – esse sujeito emerge nesse exercício de dispossessao. É o momento em
que nessa relaao de alteridade você primeiro reconhece o outro para depois reconhecer a si. Você se
possui, dispossuindo-se.

Encontrar no outro o que me constituiu e o que me escapa. Aceitar me ser despossuído.

Despossessao de si. Essa ideia de desejo que ela coloca é para tentar ajudar a entender toda uma
insegurança da relação de identidade. É despossuindo-se que você se constitui.

A negatividade que produz. O que acina a produção é a negatividade. É uma coisa negativa, uma falta
que interpela e a interpelação que é a ação.

É sempre na negatividade que você age.

Gênero e dispossessao. A partir desse exercício genealógico. Ideia de gênero como identidade. O modo
como as teorias de gênero vao emergindo. Entender gênero como ontologia. Como isso vai produzir
esse sujeito de gênero.

Como a butler pensa o espaço publico. Ela não pensa no espaço publico em termos da dictomia clássica
entre publico e privado. Ela pensa no publico como uma ideia de ajuntamento, relacionalidade. Onde
tem pessoas reunidas, ali tem uma idea de publico.
Publico, para a butler esta relacionado a uma ideia de relação. Nesse sentido, a rua acaba sendo publico
porque é difícil so ter uma pessoa na rua. Mas a rua não é publica como princpio, ela é publica como
acao.

Olhar para a rua e pensar como publico e pensar em oposição a ideia de privado. A rua não é publica
como princpio.a rua é um equipamento que é usado pelos corpos.

Relação dos corpos com os equipamentos.

Capitulo 1 – tenta trazer o conceito de performatividade para pensar a acao do corpo junto ao publico.
Performatividade publica, pensar o modo como uma agenda de direitos vai reconfigurando espaços. O
corpo é um espaço de reconfiguração. Esses espaços vao sendo redefinidos.

Responder demandas e pensar caminhos. Dimensão prescritiva que não se ve em outros textos dela. Os
movimentosque lutam por direitos, esses movimentos rompem com a ideia de identidade. E sim,
percebem e fazem alianças com outras minorias. Dimensão da precariedade.

Performatividade e sujeito de gênero enquanto ato de verdade. (tese Jaqueline Teixeira)

Butler traz o conceito de regime de verdade de Foucault. “sua proposta de inspiração foucaultiana
consiste em constituir uma genealogia sobre o modo como a categoria gênero foi sendo produzida por
autoras feministas da década de sessenta e setenta como uma ontologia, uma identidade pré-discursiva.

Regime de verdade é um conceito utilizado por Foucault para dispor sobre um conjunto de
procedimentos que produzem os sujeitos que passam a se pensar e a pensar o mundo em que vivem
pela premissa do que é verdadeiro. Foucault introduziu a noção de regime de verdade procurando
compreender a maneira pela qual “a verdade está ligada circularmente a tecnologias de poder que a
produzem e a sustentam”. A verdade para Foucault seria um efeito do poder.

É agindo e interagindo que os sujeitos se constituem, algo que emerge do exercício de pensar uma
verdade sobre si atrelada a uma linguagem que produz uma diferenciação binária dos corpos.

O gênero consiste, portanto, numa performatividade, uma ação, uma encenação, uma repetição, algo
que se adapta a qualquer corpo, e que constitui os modos práticos para se habitar um corpo.
A concepção de gênero como performatividade engendra o corpo como um campo vasto de ações e
atravessado por múltiplos poderes. Nesse movimento, emerge o que butler denomia de efeito do
gênero, processo que produz formas de estilização dos corpos e deve ser entendido,
consequentemente, como um modo cotidiano de agir e de pensar sobre si, produzindo performances
marcadas pela ideia de gênero, pensamento materializado por meio da transformação e da adequação
desses corpos.

A perfomatividade se constitui num exercício constante de exterioridade. Pensar a performatividade


como um efeito que é produzido a partir de um exercício continuo de exterioridade (e não, de
exteriorização), permite a butler associar ao conceito de performatividade uma noção de público, que é
entendido por ela como interação e visibilidade.

Judith Butler (2015) discorre acerca da produção de sujeitos a partir da construção de narrativas
pessoais, articulando a uma produção filosófica sobre o conceito filosófico de violência (pensado por
filósofos como Adorno, Arendt, Nietzsche e Hegel). O primeiro desafio lançado por Butler é o de
olharmos para os relatos pessoais, não como a verdade de uma existência, mas a partir da ideia de que
as histórias pessoas são efeitos de discursos, algo que se assemelha muito a noção de “efeito de
verdade” de Foucault. Disso emerge a ideia de que toda a história de um “eu” é também a história de
uma relação (BUTLER, 2015, p. 18), tal suposição nos permite pensar narrativas de si como tecnologias
produtoras de sujeitos reflexivos, e que os sujeitos se produzem e são produzidos no ato público da
narrative.

Problemas de gênero, Butler

Metodologia: entender os mecanismos através dos quais um problema social vira um problema – isso se
assemelha a metodologia da problematização foucaultiana.

“assim, concluí, que problemas são inevitáveis e nossa incumbência é descobrir a melhor maneira de
cria-los, a melhor maneira de tê-los.” P. 7

“ a dependência radical do sujeito masculino diante do “outro” feminino expôs repentinamente o


caráter ilusório de sua autonomia.” P. 8

“o termo também é risível, e rir de categorias sérias é indispensável para o feminismo. Sem dúvida, o
feminismo continua a exigir formas próprias de seriedade.”

Investigação crítica

“designando como origem e causa categorias de identidade que, na verdade, são efeitos de instituições,
práticas e discursos cujos pontos de origem são múltiplos e difusos. A tarefa dessa investigação é
centrar-se – e descentrar-se – nessas instituições definidoras: o falocentrismo e a heterossexualidade
compulsória.” P . 10
Regimes de poder-discurso.

Práticas reguladoras de algumas ficções contemporâneas

“talvez o sujeito, bem como a evocação de um “antes” temporal, sejam constituídos pela lei como
fundamento fictício de sua própria reivindicação de legitimidade. A hipótese prevalecente da
integridade ontológica do sujeito perante a lei pode ser vista como o vestígio contemporâneo da
hipótese do estado natural, essa fábula fundante que é constituitiva das estruturas jurídicas do
liberalismo clássico”. P 20

Mulheres- mesmo no plural- tornou-se um termo problemático, um ponto de contestação, uma causa
de ansiedade

“essas concepções têm precedentes cristãos e cartesianos, os quais, antes do surgimento da biologia
vitalista no século XIX, compreendiam “o corpo” como matéria inerte que nada significa ou, mais
especificamente, significa o vazio profano, a condição decaída: o engodo e pecado, metáforas
premonitórias do inferno e do eterno feminino”. P. 224

DOUGLAS_APUD_BUTLER

“as ideias sobre separar, purificar, demarcar e punir as transgressões têm a função principal de impor
um sistema a uma experiência instrinsicamente desordenada. Somente pela exageração da diferença
entre dentro e fora, acima e abaixo, masculino e feminino, com e contra é que se cria uma aparência de
ordem”. P. 225

“O “abjeto” designa aquilo que foi expelido do corpo, descartado como excremento, tornado
literalmente “Outro”. Parece uma expulsão de elementos estranhos, mas é precisamente atravpes dessa
expulsão que o estranho se estabelece.” P. 230

Para que os mundos interno e externo permaneçam completamente distintos, toda a superfície do
corpo teria que alcançar uma impermeabilidade impossível. P. 231

“interno” e “externo” só fazem sentido em referência a uma fronteira mediadora que luta pela
estabilidade p. 231performance repetida. É a forma mundana e ritualizada de sua legitimação

Instituído mediante atos internamente descontínuos

O corpo é um efeito ontológico de acordo com a butler

“ the seemingly stable identities of bodies and spaces are a fiction produced by the rhythms of
repetition that necessarily fail to fully reduce difference to sameness” – MUITO IMPORTANTE

“the final attainment of absolute authority is never achieved but must rather be continuously
reasserted, recited, and reenacted to acquire any degree of performative force”
This is precisely the conundrum that butler drew attention to two decades ago in Bodies that Matter,
which seeks to demonstrate that the delimitation between discourse and materiality is itself a
performative move that brings a conceptual horizon into being rather than simply describing a pre-
existing ontological reality.

Return to the notion of matter, not as site or surface, but as a process of materialisaton that stabilizes
over time to produce the effect of boundary, fixity and surface we call matter.

“ a critical theory of political performativity places greater emphasis on how such spaces are
ontologically brought into being through the reiterative practices of socio-political performance.”

Artigo – “Ao encontro do corpo: teorias da performatividade para um debate diferencial sobre espaço
urbano”

Premissa: o entendimento de que a perspectiva positivista nos estudos urbanos persiste entre nossos
pares e se conforma historicamente como uma barreira significativa para discussão de novas
abordagens epistemológicas precisa ser explicitado.

De modo geral, há a crença de que o espaço pode moldar corpos e praticas sociais.

Episteme e poder: o que conta como teoria.

Tomamos esse engajamento crítico com a produção do conhecimento como uma herança das onto-
epistemologias feministas para nossas práxis com as espaço-temporalidades urbanas e com as práticas
discursivas a partir das quais estas últimas se coconstituem.

A realidade é produzida em movimento dialético no e através do imaginário social. A realidade produz-


se consbustancialmente a produção do pensamento, que, por sua vez, é constituído pelos próprios
objetos que ele enquadra, a fim de serem questionados em sua tentativa de apreender a realidade. (p.5)

Interessante: “dessa ângulo, devemos pontuar que o debate sobre a cumplicidade histórica da prática
discursivo-científica sobre o urbano com o projeto positivista instrumental a serviço das estruturas
político-economicas do capitalismo não é novo, já tendo sido analisado em sua atuação como
instrumento de terriorialização do capital e como direcionador dos fluxos de produção e da divisão
social do trabalho, assim como em sua relação ambígua com as práticas discursivas da política e da
democracia liberal” massey 94, arantes 200... p. 6

Ao trazer esses aspectos, desejamos destacar que a própria construção do objeto espaço urbano é
instrínseca à constituição do campo científico que o estuda, juntamente da definição das problemáticas
que serão consideradas legítimas e dos modelos cognitivos que o tornam inteligível segundo
determinadas categorias de descrição e análise. Dito de outra forma, dialeticamente, o objeto espaço
urbano, que parece emergir como realidade objetiva através das análises socioespaciais, é o efeito das
práticas discursivo-científicas que o produzem como objeto e que nele intervêm. Cabe, então,
somarmos às vozes de jennifer Robinson e ananya roy: o que se encontra em jogo atualmente no
pensamento sobre o espaço urbano é o próprio terreno ético-político da teorização do urbano e até
mesmo do espaço, se acrescentamos a perspectiva da filosofia espacial de Doreen Massey.

Seguindo esta direção, propomos que “as teorias da performatividade podem contribuir para a tarefa de
desenraizar os rastros positivistas dos pensamentos hegemônicos sobre o espaço urbano, pois elas são
capazes de submeter à crítica não apenas as representações, as categorias e os conceitos com os quais
pensamos e intervimos no urbano, mas também, e principalmente, as condições de inter-relação entre
materialidade e significação que viabilizam a própria construção dessas mesmas representações,
categorias e conceitos. (p. 7)

Karen Barad (2017) utiliza as reflexões de joseph rose para examinar o que ela denomina pensamento
representacionista, um subproduto da divisão cartesiana entre interno (sujeito, mente) e externo
(realidade, corpo), articulado em um arranjo tripartido da ciência positivista: (i) de um lado, o sujeito
conhecedor, que elabora a representação; (ii) do outro, a realidade-objeto a ser conhecida-o,
configurando o que será representado; (iii) entre os dois termos, o conhecimento, que se apresenta
como as representações da realidade. A função mediadora da representação torna o conhecedor
(sujeito) e o conhecido (objeto) entidades substancializadas, como se possuíssem conteúdos inerentes a
si mesmos, autocontidos. Ademais, no polo do conhecedor, o pensamento positivista da representação
ainda assume a forma de categorias ontológicas essencializadas.

No polo do conhecedor, o pensamento positivista da repsentação ainda assume a forma de categorias


ontológicas essencializadas, configurando o que Maria Lugones chama de pensamento categorial da
modernidade colonial, “que organiza o mundo ontologicamente em categorias atômicas, homogêneas e
separáveis”. Essa forma ontológica de categorização nos interessa particularmente pois seguimos a
argumentação de Lugones, que a entende como a principal condicionante da lógica opressora do
sistema de pensamento que põe em operação dicotomias hierárquicas de raça, gênero e sexualidade e
mtrifica o sujeito. Torna o sujeito uma variável possível de ser calculada e quantificada na prática de
pesquisa

A crença de que tanto o sujeito como o objeto são entidades atômicas substanciais, independentes das
múltiplas práticas que os constituem como sujeito e objeto, é também uma “crença na distinção
ontológica entre as representações e aquilo que elas pretendem representar”. P.7

Ponto nevrálgico das teorias de performatividade: O foco passa a ser a relação entre materialidade e
significação, isto é, como os sujeitos e os objetos são constituídos por meio das relações de poder que
os tornam possíveis e inteligíveis.
O desdobramento dessa crítica é uma ruptura epistêmica: qualquer conhecedor é uma corporeidade
geo-histórica situada, tal como as teorias que ele é capaz de produzir. Abre-se, então, o desafio de
questionar ocmo a mítica do sujeito chega à materialidade. Trata-se de interrogar a própria instância de
possibilidade de existência do sujeito incorporado a partir da ideia de esparramação no espaço, a qual
não deixa de ser uma aliança paradoxal de corpos com o espaço. P. 8

Seguindo Butler, ainda que toda vida seja precária em sua constituição, nem todas estão suscetíveis à
mesma precariedade: alguns corpos são tornados abjetos e descartáveis pelos regimes de regulação de
inteligibilidade de existências que diferenciam aqueles que serão considerados mais ou menos
humanos. P. 9

A hierarquia social por gêneros – aquilo que torna as vidas feminizadas mais expostas `precaridade –
adquiriu materialidade por meio de práticas históricas de generificação dos corpos, chamadas de
tecnologias de gênero por Teresa de Lauretis (1994). (....) do mesmo modo, (...), o que chamamos de
raças adquiriu materialidade nos processos históricos coloniais de racialização dos corpos via
tecnologias de raça que inauguraram a branquidade simultaneamente à constituição de seus outros,
então subjugados como vidas menos humanas, ou mesmo não=humanas, justificadas em sua exploração
e expostas a variadas formas de violência. Processos de generificação, sexualização e racialização dos
corpos embora possuam genealogias e tecnologias distintas, se coconstituem uns aos outros de forma
consubstancial e interseccional. P. 10

A reiteração performativa das representações incorporadas de raça, gênero e sexualidade é uma cena
mais de iteralibilidade do que uma logica de pura repetição. – para as teorias da performatividade toda
repetição é uma alteração.

ps: iterabilidade é a possibilidade do signo ser repetido e alterado, mesmo na ausência de seu referente,
comportando a mudança e o deslocamento (Teixeira). É a possibilidade constante da diferença pela
performatividade que torna qualquer imaginário social ambivalente e provisório, logo, aberto à
reelaboração, por mais rígido e cristalizado que pareça no espaço-tempo.

Performatividades repetitivas de modelos excludentes de cidade e urbanidade.

“se com butler apreendemos que, embora toda vida seja precária em sua constituição, nem todas estão
suscetíveis à mesma precaridade, devemos ainda argumentar com a filósofa que a produção do espaço
é fundamental na indução social da precariedade. Somos fundamentalmente dependentes não apenas
das condições de infraestrutura, as quais possibilitam manter nossas vidas – habitação, serviços públicos
de saúde e educação, mobilidade etc-, mas também da possibilidade de ocupar e aparecer nas ruas e
espaços públicos sem sermos agredidas e violentadas. É importante reforçar que a distribuição
diferencial das condições infraestruturais do espaço urbano que a temas acesso nos expõe e nos
conforma a distintas vulnerabilidades, tanto pela própria questão do acesso a necessidades básicas de
sobrevivência quanto pelos diferentes graus de viabilidade de nosso aparecimento, ou seja, de que
nossa presença no espaço urbano seja viável e vivível. Possibilidade de restituição do espaço como
dimensão a partir da qual poder, subjetividade e resistência materializam-se pelo aparecimento do
corpo como lugar de produção de verdade e de mudança a partir das formas de governamentalidades
biopolíticas ou até mesmo necropolíticas. P. 11

“a organização da infraestrutura está intimamente ligada a (...) como a vida é mantida, como a vida é
viável, com que grau de sofrimento e esperança” (BUTLER_apud_) P. 27 DA BUTLER

Performatividade corpórea é capaz de constestar os modelos hegemonizados no e pelo espaço e de


conformar outras experiencias espaciais. Ao adotar a perspectiva de um espaço paradocal numa
geometria diferencial em que o centro e a margem são coexistentes e moveis, a experimentação dos
corpos pode reorientar o processo de produção do espaço urbano, performando, para tanto, a
imaginação de outro espaço.

Dispossession – Butler and ....

“namely that the idea of the unitary subject serves a form of power that must be challenged and
undone”

We recognized that both of us thought that ethical and political responsibility emerges only when a
sovereign and unitary subject can be effectively challenged, and that the fissuring of the subject, or its
constituting “difference”, proves central for a politics that challenges both property and sovereignty in
specific ways.

A dispossessed subject – one that avows the differentiated social bonds by which it is constituted and to
which it is obligated – we were keenly aware that dispossession constituted a form of suffering for those
displaced and colonized and so could not remais an unambivalent political ideal.

A theory of political performativity that could take into account the version of dispossession that we
valued as well as the version we oppose.

“Corpos que importam”

“a performatividade deve ser entendida não como um “ato” singular ou deliberado, mas como uma
prática reiterativa e citacional por meio da qual o discurso produz os efeitos daquilo que nomeia.”

“a materialiadade seja repensada aqui como o efeito do poder, como o efeito mais produtivo do poder”

Inteligibilidade
1) A reformulação da matéria dos corpos como o efeito de uma dinâmica de poder, de modo que a
matéria dos corpos seja indissociável das normas regulatórias que governam sua materialização
e a significação desses efeitos matérias; 2- a compreensão da performatividade não como o ato
em que um sujeito traz à existência o que nomeia, mas como esse poder reiterativo do discurso
para produzir os fenômenos que regula e impõe

Desse modo, essa matriz excludente pela qual os sujeitos são formado requer a produção
simultânea de um domínio de seres abjetos, aqueles que ainda não são “sujeitos”, mas que
formam o exterior constitutivo do domínio do sujeito. O abjeto designa aqui precisamente
aquelas zonas “não-vivíveis” e “inabitáveis” da vida social que, não obstante, são densamente
povoadas por aqueles que não alcançam o estatuto de sujeito, mas cujo viver sob o signo do
“inabitável” é necessário para circunscrever o domínio do sujeito. Essa zona de inabilitabilidade
vai constituir o limite que cirscunscreve o domínio do sujeito; ela constituirá esse lugar de
pavorosa identificação contra a qual – e em virtude da qual – o domínio do sujeito
circunscreverá sua própria reivindicação por autonomia e vida. Nesse sentido, o sujeito é
constituído por meio da força de exclusão e abjeção que produzem um exterior constitutivo
para ele um exterior abjeto que é, afinal, “interior” ao sujeito como seu próprio repúdio
fundacional.

VER ZONA DO NÃO-SER DO FANON

“e, ainda assim, essa abjeção repudiada ameaçará expor as presunções fundadoras do sujeito
sexuado, fundado como sujeito por um repúdio cujas consequências ele não pode controlar de
todo. A tarefa será considerar essa ameaça e essa perturbação não como contestações
permanentes das normas sociais condenadas ao páthos do eterno fracasso, mas como um
recurso crítico na luta para rearticular os próprios termos de legitimidade e inteligibilidade
simbólicas.

“ no primeiro caso, a construção tomou o lugar de uma agência divina não só causa, mas
compõe tudo que é seu objeto; é o performativo divino trazendo à existência e exaustivamente
constituindo aquilo que nomeia, ou, ao contrário, é aquele tipo de menção transitiva que
nomeia e inaugura de uma só vez. Desse ponto de vista da construção, para que algo seja
construído ele deve ser criado e determinado por meio desse processo.

Para repensar a matéria sob uma luz diferente

Essa interpelação fundacional é reiterada por várias autoridades e ao longo de vários intervalos
de tempo que reforçam ou constestam esse efeito naturalizado. A denominação é ao mesmo
tempo um modo de configurar um limite e também de inculcar repetidamente uma norma.

podemos pensar como essas interpelações: a primeira vez que anunciaram que um conjunto de
habitações populares formavam uma favela, criou a favela enquanto um efeito de poder do
discurso-prática.
em outro sentido, essa interpelação se dá via um processo alterização: o que não é reconhecido
como uma casa burguesa ou uma casa moderna, mas como um outro dessa. e a partir daí
localiza a casa-outra em um discurso temporal, como se esta fosse uma especie de habitação
primitiva, advinda de um tempo histórico que está situado fora da modernidade ou em algum
tempo histórico não passível de localização.

De forma tal que o humano não só é produzido sobre e contra o inumano.

Concepção errônea do poder em Foucault: então o poder parece ter deslocado o ser humano como a
origem da ação

Um retono à noção de matéria não como local ou superfície, mas como um processo de materialização
que se estabiliza, ao longo do tempo, para produzir o efeito de demarcação, de fixidez e de superfície
que chamamos de matéria. – AQUI TEM TUDO A VER COM MASSEY

Como efeito sedimentado de uma prática reiterativa ou ritualizada, o sexo adquire seu efeito
naturalizado e, ainda assim, é também em virtude dessa reiteração que lacunas e fissuras são abertas
representando as instabilidades constitutivas de tais construções, como aquilo que escapa ou excede a
norma, como aquilo que não pdoe ser inteiramente definido nem fixado pelo labor repetitivo da
referida norma. Essa instabilidade é a possibilidade de deconstituição no próprio processo de repetição,
o poder que desfaz os próprios efeitos pelos quais o “sexo” é estabilizado, a possibilidade de por a
consolidação das normas do “sexo” em uma crise potencialmente produtiva.

Aporetic dispossession, or the trouble with dispossession

“Dispossession is a troubling concept. It is so troubling that as we seek to write about it, it is highly
possible that it gets us into trouble.”

“one the one side, dispossession signifies an inaugural submission of the subject-to-be to norms of
intelligibility, a submission which, in its paradoxical simultaneity with mastery, constitutes the
ambivalent and tenuous processes of subjection” p. 1

On the other side, being dispossessed refers to processes and ideologies by which persons are disowned
and abjected by normative and normalizing powers that define cultural intelligibility and that regulate
the distribution of vulnerability

In the first sense, we are dispossessed of ourselves by virtue of some kind of contact with another, by
virtue of being moved and even surprised or disconcerted by that encounter with alterity.

Indeed, they suggest that we are moved by various forces that precede and exceed our deliberate and
bounded self-hood.
If we can lose our citizenship, our homes, and our rights, then we are fundamentally dependent on
those powers that alternately sustain or deprive us, and that hold a certain power over out very survival.

Although the two senses of dispossession are bound to each other, there is no ontological, causal, or
chronological link between “being dispossessed” (as a primordial disposition to relationality that lies at a
fundamental level of subjection and signals a constitutive self=displacement, that is, the constitution of
the subject through certain kinds of foreclosure and preemptive loss) and “becoming dispossessed” (as
an ensuing, derivative condition of enforced deprivation of land, rights, livelihood, desire, or modes of
belonging).

In this sense, dispossession is also akin to the Marxist concept of alienation, which works on two levels:
laboring subjects are deprived of the ability to have control over their life, but they are also denied the
consciousness of their subjugation as they are interpellated as subjects of inalienable freedom. At the
same time, it is equally important to think about dispossession as a condition that is not simply
countered by appropriation, a term that re-establishes possession and property as the primary
prerogatives of self-authoring personhood. The challenge that we face here, and it is a simulta

Firstly, we must elaborate on how to think about dispossession outside of the logic of possession (as a
hallmark of modernity, liberalism, and humanism),

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