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SUMÁRIO
REFERÊNCIAS...............................................................................................................................19
As empresas podem ser vistas como um sistema que transforma, por algum meio de
processamento, entradas (matéria-prima, mão-de-obra, insumos, equipamentos, máquinas, etc.) em
saídas (produtos finais) úteis aos seus clientes. Para conseguir produzir seus bens e serviços
(produtos), as organizações precisam adequar seus planos em termos de prazo. Em geral, as
organizações dividem suas atividades em horizontes de planejamento de longo, médio e curto
prazo.
No longo prazo, decisões estratégias são tomadas, com base nas previsões de vendas de
longo prazo, o Plano de Produção, que terá como função adequar a capacidade da produção em
atender os clientes. Decisões neste horizonte de planejamento são consideradas estratégicas, uma
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vez que se a empresa não direciona seus recursos no atendimento do Plano de Produção, poderá ter
seu desempenho comprometido.
No médio prazo é gerado com base no Plano de Produção o Plano Mestre de Produção
(PMP), que determina decisões táticas para atendimento das previsões de venda e pedidos de
clientes confirmados em médio prazo, utilizando a capacidade da produção para atendimento das
demandas. O PMP envolve planos táticos porque envolve a análise de diferentes formas de se
utilizar os recursos produtivos (horas por turno, decisões de adiar ou adiantar a produção, definir
mão-de-obra, terceirizar produção, etc.).
Uma vez que a melhor tática de PMP foi concebida, no curto prazo são tomadas as decisões
operacionais da produção de insumos em produto, ou seja, a Programação da Produção tem como
função operar o sistema dentro de uma tática montada. Mudanças no PMP implicam em
desconexões e problemas a nível de curto prazo, pois não há tempo hábil de sincronizar as decisões
repentinas de médio prazo com as atividades operacionais. Este desencontro pode ocasionar em
problemas futuros para a empresa como estoques desnecessários.
No sentido de organizar a montagem e a tomada de decisões em relação aos horizontes de
tempo, as empresas montam um departamento de apoio à produção, geralmente ligada a Diretoria
Industrial, conhecido como Planejamento e Controle da Produção (PCP), Planejamento
Programação e Controle da Produção (PPCP) ou Planejamento, Programação e Controle dos
Materiais (PPCM). Para realizar todas as suas atividades, o PCP utiliza de informações de diversos
departamentos que estão ligados de forma direta ou indireta com a produção.
O PCP é exercido nos três horizontes de planejamento citados. A nível estratégico, o PCP
participa da formulação do Planejamento Estratégico da Produção, gerando o Plano de Produção ou
Planejamento Agregado. Nesta fase, as informações dadas pelos dados de estimativa de vendas,
previsões de demanda, recursos financeiros e produtivos em carteira são utilizados para gerar o
Plano de Produção.
No nível tático, o PCP estabelece o Plano-mestre de Produção (PMP) de produtos finais,
detalhado a médio prazo, período a período, partir do Plano de Produção, com base nas previsões de
médio prazo ou nos pedidos já confirmados em carteira. A partir do estabelecimento de um PMP
inicial, o PCP deve analisa-lo quanto às necessidades de recursos produtivos, afim de detectar
possíveis gargalos, corrigindo-o e readequando-o até chegar a um PMP viável.
Com base no PMP, nos registros de controle de estoques e nas informações técnicas da
Engenharia, a Programação da Produção, estabelece a curto prazo as atividades do quanto e quando
comprar, fabricar ou montar de cada item que compõe os produtos. Para cumprir o que foi
determinado, a Programação da Produção se encarrega de emitir ordens de compra para itens
comprados, ordens de fabricação para itens a serem fabricados e ordens de montagem para
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De modo resumido, o nível corporativo define estratégias globais por meio da estratégia
corporativa, que determina em quais áreas do mercado a empresa aturará, assim como a distribuição
dos recursos e a organização que cada uma dessas áreas ao longo do tempo. O nível de unidade de
negócios é um subnível do nível corporativo, onde cada unidade de negócio terá uma estratégia de
negócios, também chamada de estratégia competitiva. Neste nível, cada unidade de negócio define
sua competição no mercado, o desempenho esperado e as estratégias que deverão ser conduzidas
para sustentar seu planejamento. No terceiro nível encontra-se a estratégia funcional, onde se
encontram as políticas de operação das diversas áreas funcionais da empresa, com base nas
estratégias corporativas e competitivas. Como resultado da estratégia funcional, três planos são
gerados: plano financeiro, plano de marketing e plano de produção. Estes planos são detalhados no
nível tático, indicando métodos e a direção que os setores da empresa terão de executar para por em
prática as estratégias da empresa.
O Planejamento e Controle da Produção (PCP) atua dentro dos três níveis de decisão. No
nível estratégico, colabora com a formulação do Plano de Produção consolidado com o plano de
marketing e o plano financeiro. No nível tático, o PCP desmembra o Plano de Produção em um
Plano-Mestre de Produção, detalhando os bens ou serviços que serão executados. Por fim, no nível
operacional, o setor de apoio a produção elabora a programação e realiza o acompanhamento da
implementação do plano-mestre.
Esta aula foca no Plano de Produção, também chamado de Planejamento Agregado da
Produção. Para maior clareza do sentido e surgimento de um Plano de Produção, primeiramente
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serão explicitadas o impacto da missão e visão corporativa, assim como das estratégias corporativa,
competitiva, funcional em um plano de produção.
A missão e a visão corporativa são as bases de todas as empresas, uma vez que são a razão
de sua existência. A missão indica qual é o negócio atual da empresa e a visão determina qual será
seu negócio no futuro, assim como sua filosofia gerencial que norteia as ações para alcançar seu
futuro. A missão e visão corporativa raramente nascem de forma definida com a empresa: ela
apresenta um amadurecimento ao longo do desenvolvimento da organização e é definida pela alta
administração da empresa, no intuito de dar rumo às suas estratégias. Representam o os interesses
dos diversos públicos envolvidos com o negócio como fornecedores, clientes, acionistas, etc., além
do alcance social. Ao longo do tempo, a missão e visão de uma empresa podem se modificar,
devido ao fato do desenvolvimento da empresa. Um exemplo dessa mudança pode ser vista pela
empresa Petrobrás, onde em 2011 apresentava a seguinte missão:
Enquanto visão, com a descoberta do pré-sal em 2007, a Petrobras era a oitava maior
empresa de energia do mundo, lançando sua visão para 2012 como “Seremos uma das cinco
maiores empresas integradas de energia do mundo e a preferida pelos nossos públicos de interesse.”
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Com alguns problemas em relação a liberação das áreas do pré-sal, sua visão em 2012 foi mantida,
porém com nova data para atingir a quinta posição (2020). Por fim, a partir de 2016, a empresa
empurrou essa data para 2030.
Por serem metas a serem alcançadas, missão e visão corporativa devem ser
operacionalizadas. Isso pode ser feito por meio da definição de implementação de estratégias
corporativa, competitiva e funcional.
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A estratégia corporativa define as áreas de negócios em que a empresa deverá atuar, e como
ela deverá adquirir e priorizar os recursos corporativos para cada unidade de negócios, no intuito de
estimular a colaboração entre as unidades de negócio. Ao se diversificarem os negócios da empresa,
deve-se verificar a viabilidade deste novo negócio, avaliando seus custos, seus ganhos de
competitividade e seus ganhos financeiros. Como a competição pelo mercado ocorre em nível de
unidade de negócios, cabe a estratégia corporativa consolidar as estratégias competitivas na direção
que a empresa determinou pela sua missão e visão.
grande escala com redução de custos fixos, a padronização dos produtos e métodos que permitem a
automatização do processo, facilidade de acesso a fornecedores e compradores, entre outros.
estratégia produtiva leva em conta as prioridades relativas dos critérios de desempenho e a política
para as diferentes áreas da produção.
O objetivo da estratégia de produção busca fornecer à empresa um conjunto de
características produtivas que deem suporte à obtenção de vantagens competitivas a longo prazo. O
ponto inicial para que isso ocorra consiste em estabelecer quais critérios de desempenho são
relevantes para a empresa, e elencar a importância relativa de cada uma. De forma geral, os critérios
de desempenho podem ser categorizados em cinco grupos:
Custo: Produzir bens/serviços a um custo menor que o da concorrência;
Qualidade: Produzir bens/serviços com qualidade mais alta que o da concorrência;
Desempenho de entrega: Ter confiabilidade e rapidez nos prazos de entrega melhores que o
da concorrência;
Flexibilidade: Ser capaz de reagir de forma ágil a eventos inesperados e repentinos;
Ético-Social: Produzir bens/serviços respeitando a ética nos negócios e a sociedade no geral.
As políticas definidas para cada área dos sistemas de produção orientam a operação e a
evolução deste sistema, logo, a formulação e implementação de uma determinada estratégia de
produção deve dar consistência e coerência ao conjunto de decisões. Por exemplo, se uma empresa
A prioriza a flexibilidade como critério de desempenho, as políticas de instalações, capacidade de
produção e tecnologia devem privilegiar equipamentos que permitam a produção econômica de
pequenos lotes e tempos de preparação de máquina rápidos. Já uma empresa B que prioriza a
minimização de custos deve direcionar políticas voltadas para grandes instalações automatizadas,
onde o ritmo de produção pode ser acelerado com a fabricação de grandes lotes homogêneos.
Uma vez que foi definida a estratégia de produção, o próximo passo a nível de PCP é
desenvolver um plano de produção (planejamento agregado) integrado ao planejamento estratégico
da empresa.
O termo planejamento agregado pode ser definido como o processo de planejar e controlar
os vários aspectos do sistema produtivo com o objetivo de atingir as demandas dos clientes da
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empresa. O horizonte de planejamento nesta fase se concentra no nível de médio prazo, procurando
alinhar taxa de produção e taxa de demanda. Na literatura encontram-se diferentes durações de
médio prazo, sendo mais usual o prazo de 12 meses. A unidade de tempo planejada normalmente é
correspondente a um mês. O planejamento agregado é uma chave de comunicação entre a alta
administração e a manufatura, pois serve de base para atingir as estratégias corporativas da empresa,
por meio da mobilização dos recursos produtivos.
Fernandes e Godinho Filho (2010) pontuam, que na literatura diversos autores substituíram
o termo planejamento agregado por sales and operations planning (S&OP). Os autores definem
S&OP como um processo de planejamento, onde revisões contínuas e ajustes mensais são
realizados de acordo com as variações da demanda, da disponibilidade dos recursos e do
suprimento. Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2018) o principal objetivo do S&OP é obter um
plano de vendas, marketing, produção, financeiro e de P&D que sejam realistas, viáveis e que
convergem entre si, bem como são coerentes com os objetivos estratégicos da empresa. Como o
foco desta aula se concentra nas decisões envolvendo a função produção, serão apresentados
somente os métodos e estratégias de obtenção do plano agregado de produção. Informações mais
detalhadas sobre o S&OP podem ser vistas em Corrêa, Gianesi e Caon (2018).
O foco do planejamento agregado é um grupo ou família de produtos similares, ou seja, itens
individuais com características de produção semelhantes. Por exemplo, o planejamento agregado
em uma fábrica de lápis não é feito para cada item individual de lápis, mas sim, com a reunião de
tipos de lápis com características semelhantes (Família de lápis do tipo redondo, famílias de lápis do
tipo triangular, etc.). As razões dessa agregação é que ela proporciona um erro menor em termos de
produção do que considerar os itens individualmente. Esse conceito advém de um teorema
estatístico denominado teorema do limite central.
No planejamento agregado, os diferentes itens de uma família de produtos usam uma mesma
unidade de medida no processo de agregação (tempo, volume de produção ou dinheiro). Além de
não necessitar de nível de detalhamento, essas informações facilitam a comunicação com a alta
gerência, que se relaciona melhor com essas unidades. Segundo Fernandes e Godinho Filho (2010),
a experiência mostra que uma família de produtos adequado para facilidade de gerenciamento é de
5 a 15 itens.
Basicamente, o planejamento agregado envolve gerar um plano de produção para cada
família de produtos da empresa de modo a atender a demanda prevista tentando minimizar os
custos. Os principais custos envolvidos são:
Custos básicos de produção: são os custos fixos e variáveis incorridos em produzir um
produto;
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Custos de manter estoque: são os custos de se ter uma quantidade de produtos em estoque.
Basicamente, o custo é composto pelo custo do capital empatado (custo de oportunidade)
mais o custo de possuir estoques (seguro, risco de obsolescência) e mais o custo de
armazenagem;
Custo de falta, no caso do sistema make to stock: São os custos ocorridos quando da falta de
um produto, como por exemplo perda de receita de venda e de confiança;
Custos de contratação: são os custos envovldiso com a contratação de funcionários, como
por exemplo exames médicos, treinamento, aprendizagem, burocracia;
Custos de demissão: são os custos envolvidos com demissão de funcionários, como perda de
produtividade, custos legais, possibilidade de queda da moral dos funcionários
Custos de horas extras: refere-se ao valor e número de horas excedentes a serem contratadas;
Custos de subcontratação: se refere à quantidade de produtos a ser produzida por terceiros;
esses custos são maiores conforme o prazo em relação à data atual.
De modo geral existem dois conjuntos de métodos para realizar o planejamento agregado:
Métodos de planilha: constituem-se em métodos simples, baseados em tentativa e erro, que
fornecem uma solução heurística para o problema;
Métodos avançados: que buscam gerar uma solução ótima para o problema utilizando
pesquisa operacional, por meio de modelos de programação linear, programação inteira
mista, regra da decisão linear ou abordagem de coeficientes gerenciais.
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Dos dois métodos apresentados, a categoria de métodos de planilha é muito mais utilizados
que os métodos avançados, uma vez que são mais fáceis, de custo mais baixo e mais flexíveis. Por
envolver uma série de fatores internos e externos que o influenciam, o processo de construção de
um planejamento agregado é complexo. A Figura 3 ilustra alguns desses fatores.
Em razão da influência desses fatores, outra atividade do PCP denominada planejamento da
capacidade de médio prazo. Planejamento da capacidade é uma atividade critica, uma vez que a
capacidade insuficiente resulta em deterioração do nível de serviço aos clientes. Por outro lado, o
excesso desnecessário pode acarretar altos custos, difíceis de serem suportados no atual ambiente
competitivo.
O objetivo gerencial no planejamento da capacidade é garantir o balanceamento entre a
capacidade disponível nos centros de trabalho e a capacidade necessária para alcançar o plano de
produção. Dentre os tipos de unidade que podem ser utilizados para medir a capacidade estão:
unidades de produto que um recurso pode produzir ou horas ou ainda unidades do material de
consumo (por exemplo, toneladas de sorvete num mês).
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Existem muitas estratégias que podem ser empregadas dentro dos métodos de planilha. A
Figura 4 mostra algumas dessas estratégias.
Trabalhadores contratados 4 6 1 0 0 0 11
Custo de contratação 2.000 3.000 500 0 0 0 5.500
Trabalhadores demitidos 0 0 0 5 2 1 8
Custo de demissão 0 0 0 3.250 1.300 650 5.200
Trabalhadores utilizados 37 43 44 9 37 36 236
Custo de mão de obra 111.000 122.550 145.200 128.700 116.550 108.000 732.000
Unidades produzidas 2.940 3.250 3.820 3.410 3.100 2.850 19.370
Estoque 0 0 0 0 0 0 0
Custo de armazenagem 0 0 0 0 0 0 0
Custo de falta 0 0 0 0 0 0 0
Custo total 113.000 125.500 145.700 131.950 117.850 108;650 742.700
Fonte: Adaptado de Fernandes e Godinho Filho (2010).
Demanda mensal
Número de trabalhadores necessários no mês =
Unidades/trabalhador/mês
Observe que os dados destacados foram fornecidos pelo exemplo da Tabela 1. Por não
apresentar estoques, todos os custos referentes a estocagem foram nulos. O mesmo pode-se
perceber com custos de falta. Os custos totais conforme apresentado na Tabela 2 foi igual a $
742.700,00.
Nessa estratégia, a força de trabalho é mantida constante ao longo do tempo. Estoques são
armazenados e utilizados em períodos nos quais a demanda é maior que a capacidade produtiva.
Faltas (representadas por estoques negativos) são permitidas. Existem custos de estoques e faltas,
bem como pode haver um custo inicial com contratação/demissão. Algumas fórmulas utilizadas
para esta estratégia são:
Demanda no período 19.370
Número de trabalhadores = = = 39,05 ≅ 40
Unidades/trabalhador/mês no período 496
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A diferença desta estratégia para a estratégia anterior é que faltas não são permitidas. Dessa
forma, calcula-se previamente o número de trabalhadores constantes nos períodos, para cada mês.
Este cálculo é feito dividindo a somatória da demanda pela somatória unidades/trabalhador/mês. O
maior valor encontrado é o número de trabalhadores constantes para não haver falta. Esse calculo é
ilustrado na Tabela 4. Pode-se notar que o maior valor é 41,03, aproximando para cima, 42
trabalhadores.
REFERÊNCIAS