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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA.


ESPÍRITO SANTO - CAMPUS COLATINA
COORDENADORIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL

ESTUDO DA COMPOSIÇÃO GRAVIMÉTRICA DOS RESÍDUOS


GERADOS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO – ESTUDO DE
CASO DO IFES – CAMPUS COLATINA / ES.
RODRIGUES, Rafael Inácio.
Estudante de Tecnologia em Saneamento Ambiental pelo Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Espírito Santo – Campus Colatina.
Rua Tomé de Souza, 1065, Bairro Sapucaia – Baixo Guandu – ES – CEP: 29.730-000. Brasil.
Tel.: (27) 3732-8824 / 8154-8694 – e-mail: rafaelir_07@hotmail.com.

RESUMO

Os resíduos sólidos são materiais resultantes das atividades humanas e da natureza que,
quando mal geridos, constituem em problemas sanitários, econômicos, sociais e estéticos.
Sua heterogeneidade influencia diretamente sua composição, variável de instituição para
instituição geradora de tais materiais, de acordo com as características de cada. Diante do
exposto, o presente artigo tem como objetivo caracterizar os resíduos sólidos da instituição
de ensino médio e superior IFES – Campus Colatina. A metodologia empregada consistiu na
realização da composição gravimétrica (caracterização física) dos resíduos, previamente
segmentados por setores de origem, utilizando o método do quarteamento, desenvolvido na
área das quadras do próprio instituto. O experimento ocorreu em um único dia. As amostras
experimentadas foram recolhidas dos expurgos dispostos pela instituição. O conjunto de
amostras representou todo resíduo gerando em um dia, considerando a área interna do
prédio, descartando-se os resíduos de varrição de quadras e áreas externas. Com os dados
obtidos na pesquisa, espera-se reunir características preliminares dos resíduos gerados em
maior quantidade e sua tipologia, como subsídio para o seu melhor gerenciamento.

Palavras-chave: Resíduos sólidos, caracterização, gravimétrica, quarteamento.

INTRODUÇÃO

A geração de resíduos sólidos nas atividades domésticas, sociais e industriais


cresce a cada ano, no Brasil e no mundo, em quantidade e variedade como
conseqüência do crescimento populacional, do desenvolvimento tecnológico e das
mudanças do seu padrão de consumo. (IBGE, 2002)

Segundo a NBR 10004 (ABNT, 2004. p. 1 ), resíduos sólidos são:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de


origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e
de varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de
sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e
instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos cujas
particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de

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esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnica e


economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível.

O problema da disposição inadequada de resíduos sólidos tem sido, ao longo do


tempo, uma preocupação constante dos gestores quando se discute a questão do
saneamento básico.

O Manual de Gerenciamento Integrado de Resíduos Sólidos (IBAM, 2001) vem


considerar o gerenciamento integrado, o qual implica na busca contínua de
parceiros, especialmente junto às lideranças da sociedade e das entidades
importantes na comunidade, entre elas as instiuições de ensino.

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (2000) lembra que aos municípios é


delegada a função de legislar sobre os assuntos de interesse local e da organização
dos serviços públicos, dentre os quais a gestão da limpeza urbana e dos resíduos
sólidos gerados em seu território, inclusive os provenientes dos estabelecimentos de
serviços de saúde.

É importante o envolvimento de toda a população face o conhecimento e a prática


da política de resíduos sólidos de sua localidade para se ter sucesso no processo de
gestão municipal. Na base dessa pirâmide está a educação ambiental das pessoas,
um meio eficiente e inteligente de se atingir a participação ativa de todos.

Nesse aspecto, as instituições de ensino desempenham papel importante tanto na


assessoria aos órgãos municipais responsáveis pela política pública de resíduos
sólidos quanto na disseminação da educação ambiental, a começar na própria
instituição, por meio de estudos sobre a realidade local e implantação de
mecanismos de gestão adequados, como a coleta seletiva.

Seguindo a lógica de que o exemplo começa em casa, as instituições de ensino do


país, em todos os níveis, possuem a responsabilidade de incluir em seus debates os
assuntos de maior relevância para a sociedade, dentre os quais a questão dos
resíduos sólidos. É um desperdício não aproveitar a curiosidade e facilidade de
assimilar informações que possuem crianças e adolescentes, que se tornam
potenciais agentes disseminadores.

O Relatório sobre Produção mais Limpa e Consumo Sustentável na América Latina


e Caribe (PNUMA/CETESB, 2004. p. 47) corrobora que “O problema do resíduo

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sólido não é somente a quantidade produzida, mas a sua composição que, de densa
e orgânica, tem se tornado volumosa, não biodegradável (ex: plásticos) e com nível
crescente de tóxicos e patogênicos [...].”

Caracterizar a quantidade, os tipos e a forma de monitoramento da produção de


resíduos sólidos nas instituições de ensino brasileiras, condicionadas às suas
características regionais, vem contribuir na concretização das práticas de reduzir,
reutilizar e reciclar, visto que desempenham uma importante função de formadoras
de opinião dentro da sociedade.

Muitas instituições de ensino já desenvolveram esse trabalho, como por exemplo a


Universidade Federal de Itajubá - MG (UNIFEI), o Centro Federal de Educação
Tecnológica do Rio Grande do Norte - RN (CEFET / RN) e a Escola Agrotécnica
Federal de Senhor do Bonfim – BA (EAF / Sr. Bonfim), relacionadas na tabela 01
abaixo.

Tabela 01: Composições gravimétricas médias de algumas instituições de ensino (%).


COMPONENTES (%)
INSTITUIÇÃO ANO PAPEL * OUTROS/
PLÁSTICO METAL M.O. VARRIÇÃO TOTAL
R NR REJEITO
9
UNIFEI (MG) 2008 28 20 21 3 16 12 ---- 100
6
CEFET / RN (RN) 2004 7 7 1 24 33 28 100
10
EAF / Sr. BONFIM (BA) 2000 44 11 4 15 26 ---- 100
M.O. Matéria orgánica; R. Reciclável; NR. Não-Reciclável; 9, 6, 10. Ver Referências Bibliográficas. (Adaptado)

Pode- se observar na tabela acima as variações entre as composições dos resíduos


de instituições diferentes, localizadas em estados e anos diferentes. Essa
característica coincide com o que Lima (1995) classifica como fatores que
influenciam a origem e formação do lixo. Fatores como população, área relativa,
variações sazonais, condições climáticas, hábitos e costumes, nível educacional,
entre outros, são determinantes na caracterização da produção de resíduos.

Na tabela 02 a seguir, está relacionado o trabalho de Lopes, Costa e Nascimento


(CBESA/ABES, 2005), que analisaram a experiência do Programa de coleta seletiva
existente no CEFET-RN, inserido no projeto de gestão ambiental em grandes
estabelecimentos de ensino.

O objetivo é identificar a produção de resíduos e monitorar a evolução da coleta


seletiva no CEFET-RN. Para isso, a cada semestre foi realizado um estudo da
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composição gravimétrica dos resíduos sólidos. O resultado dos estudos realizados


entre os anos de 1996 e 2003 pode ser observado na tabela.

Tabela 02: Composição gravimétrica dos resíduos sólidos do CEFET / RN (%).


Ano / % em peso
MATERIAL
1996 1998 2000 2002 2003 2004
Papel 8,6 16,0 50,4 18,7 9,2 7,1
Metal 2,5 1,9 1,6 5,6 2,5 0,9
Vidro 0,6 0,4 - - 1,1 -
Plástico 5,5 1,6 1,6 16,2 14,4 6,8
Varrição (folhas e terra) 10,4 15,7 12,2 7,1 12,2 28,4
Orgânico 43,7 39,0 28,6 37,4 40,5 24,2
Rejeito 28,7 25,4 5,6 15,0 20,2 32,6
Papel 8,6 16,0 50,4 18,7 9,2 7,1
Total 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
Fonte: LOPES, COSTA E NASCIMENTO (CBESA/ABES, 2005. p. 6)

O IFES – Campus Colatina, na expectativa de aprimorar o seu sistema de coleta


seletiva, ainda em fase de ajustamento e envolvimento com toda a população
estudantil, por meio do Curso Superior de Tecnologia em Saneamento Ambiental,
desenvolveu esse trabalho preliminar de caracterização dos resíduos gerados no
instituto, a fim de se obter dados de quantidade e qualidade dos tipos de resíduos
comuns ao ambiente escolar, para dessa forma direcionar a educação ambiental no
aprimoramento da coleta seletiva.

OBJETIVO

Caracterizar quali-quantitativamente os resíduos sólidos produzidos no IFES –


Campus Colatina quanto à sua composição gravimétrica, por setores de origem,
durante um dia.

MATERIAIS E MÉTODOS

O campus do IFES em Colatina é composto de uma estrutura civil dividida em cinco


blocos, com pavimentos térreo e primeiro andar, uma cantina e área de Educação
Física, com quadras, vestiários e intalações dos professores.

Para a segmentação da origem de produção dos resíduos, optou-se por agrupá-los


em setores. São eles: administrativo, cantina e salas de aula. Concomitantemente,
realizou-se uma pesquisa junto aos funcionários da empresa terceirizada
responsável pela limpeza, por meio de entrevistas, a fim de se levantar informações
sobre o manejo atual dos resíduos.
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Identificou-se um total de 22 funcionários responsáveis pela limpeza, reunidos em


três turnos de trabalho (Tabela 03). As mulheres que compõem a equipe ficam com
a limpeza interna, coleta dos resíduos nos setores e revisão dos contentores de
coleta seletiva da instituição. Os homens são designados aos serviços da área
externa, como varrição e paisagístico (ex.: poda de árvores).

Tabela 03: Relação dos funcionários da limpeza por turno de trabalho.


Horário Número de funcionários Empresa
06:00 h às 14:30 h 10
12:40 h às 20:40 h 7 Express
6:00 h às 16:00 h 5
Total 22

Devido as dificuldades encontradas nessa fase de pesquisa, principalmente devido à


logística atual a qual estão habituados os funcionários envolvidos, optou-se por não
contabilizar os resíduos de varrição e paisagísticos e os das quadras, estes últimos
de responsabilidade de todos. Além desses, essas dificuldades limitaram a
realização do experimento em mais dias.

Os resíduos são reunidos e acondicionados em sacos próprios para lixo, de cor


única preta (Figura 01). São agrupados em cada bloco em expurgos, depois
encaminhados para uma área externa onde são armazenados temporariamente até
a coleta do serviço municipal, por meio de caminhão compactador (Figura 02),
destinados ao aterro municipal, de competência do SANEAR, autarquia do município
de Colatina / ES. A frequência desse serviço é às segundas, quartas e sextas-feiras,
a partir das 13 h.

Figura 01: Armazenamento temporário e em sacos pretos. Figura 02: Coleta do serviço municipal.

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Foram utilizados para o experimento os resíduos gerados durante todo o dia 17 de


setembro de 2009 (quinta-feira). Foi solicitado previamente aos funcionários da
limpeza que acondicionassem esses resíduos nos expurgos correspondentes a cada
bloco e setor. Posteriormente, os sacos foram etiquetados (Figura 03) com a
identificação de sua origem, depois encaminhados para a área do experimento
(quadras), realizado no dia seguinte à coleta, no dia 18 de setembro de 2009 (sexta-
feira).

Antecedendo o quarteamento, os sacos com os resíduos foram agrupados em


setores de origem, em administrativo, cantina e salas de aula. Em seguida foram
submetidos à pesagem (Figura 04), permitindo quantificar a massa gerada em cada
setor e o total produzido naquele dia.

Figura 03: Identificação dos sacos de resíduos. Figura 04: Pesagem dos resíduos setoriais.

A determinação da composição gravimétrica do resíduo foi realizada por meio do


método do quarteamento, a partir do qual se obteve a amostra final a ser triada e
mensurada gravimétricamente. O método do quarteamento é abordado pela NBR
10007, que o define como (ABNT, 2004. p. 1):

Processo de divisão em quatro partes iguais de uma amostra pré-


homogeneizada, sendo tomadas duas partes opostas entre si para constituir
uma nova amostra e descartadas as partes restantes. As partes não
descartadas são misturadas totalmente e o processo é repetido até que se
obtenha o volume desejado.
A determinação da composição gravimétrica seguiu as seguintes etapas descritas a
seguir:

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Quarteamento dos resíduos por setor:

a) Os sacos que formavam a amostra de cada setor foram abertos e dispostos na


área do experimento, sobre uma lona (Figura 05). As amostras quarteadas foram:
4,3 kg do administrativo, 25,7 kg da cantina e 14,4 kg das salas de aula. Em seguida
as amostras de cada setor foram homogeneizadas separadamente com o auxílio de
pás e rastelos (Figura 06).

Figura 05: Abertura dos sacos. Figura 06: Homogeneização das amostras.

b) Depois de homogeneizadas, as amostras foram divididas em quatro partes iguais


(Figura 07). Destes, descartou-se duas partes dispostas em diagonal. As outras
duas (Figura 08) foram novamente homogeneizadas. Devido a amostra ter sido
pequena, não foi necessário realizar mais de um quarteamento. Após a mistura das
duas partes restantes, as amostras efetivamente usadas na determinação da
composição gravimétrica foram aproximadamente: 3 kg do administrativo, 6 kg da
cantina e 5 kg das salas de aula.

Figura 07: Divisão da amostra em quatro partes. Figura 08: As duas partes a serem novamente
homogeneizadas.
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Triagem e pesagem dos resíduos por setor:

Ao fim do quarteamento, realizou-se a triagem e pesagem dos principais


componentes do resíduo. Essa separação foi manual e os grupos de resíduos
(papel, plástico, matéria orgânica, metal, pet’s, madeira, embalagem cartonada e
outros) (Figura 09) foram pesados em balança de pesos e medidas da instituição.
Os resíduos mais leves foram pesados em balança de maior precisão. Os dados de
pesagem de cada componente do resíduo foram registrados em tabelas previamente
elaboradas.

A
B C D

Figura 09: Grupos de materiais: A. Plástico NR. B. Plástico R. C. Matéria orgânica. D. Papel R. E. Papel NR.

Composição gravimétrica:

Após o quarteamento, triagem e pesagem, foi determinado a composição


gravimétrica dos resíduos de cada setor por meio da porcentagem de cada
componente presente no resíduo através da razão da massa de cada um deles em
relação à massa total da amostra. O cálculo seguiu a seguinte equação:

Equação 1:

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Identificou-se no dia 17 de setembro de 2009 uma produção diária preliminar de


aproximadamente 44,4 kg de resíduos provenientes dos setores administrativo,
cantina e salas de aulas, excluídos os dos serviços de varrição e paisagístico. A
tabela 04 a seguir dá uma visão da contribuição de cada setor.

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Tabela 04: Contribuição diária percentual e em massa de cada setor.


CONTRIBUIÇÃO SETOR TOTAL
Administrativo Cantina Salas de aula
Massa (kg) 4,3 25,7 14,4 44,4
Percentual (%) 10 58 32 100

Pela tabela pode-se observar que no IFES – Campus Colatina a cantina é


responsável pela maior parte da produção diária de resíduos (58%), seguido das
salas de aula (32%) e administrativo (10%).

Em relação às amostras representativas, aquelas quarteadas e utilizadas na


determinação da composição gravimétrica dos setores, o resultado aproximado está
representado na tabela 05 abaixo.

Tabela 05: Contribuição na amostra representativa percentual e em massa de cada


setor.
CONTRIBUIÇÃO SETOR TOTAL
Administrativo Cantina Salas de aula
Massa (kg) 3 6 5 14
Percentual (%) 21 43 36 100

A composição gravimétrica final estabelecida para cada setor, em base na amostra


final representativa dos resíduos gerados na instituição, está detalhada na tabela 06.

Tabela 06: Composição gravimétrica das amostras de resíduos representativas de


cada setor do IFES/Colatina (massa e percentagem).
Administrativo Cantina Salas TOTAL
COMPONENTES Kg % Kg % Kg % Kg %
Recicláveis:
Papel 1,00 34,78 0,70 11,36 0,80 16,30 2,50 17,94
Metal (Latinhas) - - 0,05 0,80 0,04 0,80 0,09 0,65
Plástico 0,40 13,92 1,60 25,98 0,70 14,30 2,70 19,38
Pet's - - - - 0,223 4,70 0,223 1,60
Madeira (Palito de picolé) - - 0,01 0,16 0,005 0,10 0,015 0,11
Não Recicláveis:
Papel 0,30 10,43 - - - - 0,30 2,15
Plástico 0,30 10,43 0,40 6,50 - - 0,70 5,02
Matéria Orgânica 0,60 20,87 2,20 35,70 1,10 22,45 3,90 28,00
Outros materiais 0,25 8,70 1,20 19,50 1,90 38,75 3,35 24,04
Embalagem cartonada 0,025 0,87 - - 0,13 2,60 0,155 1,11
TOTAL 2,875 100,00 6,160 100,00 4,898 100,00 13,933 100,00

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Pela tabela 06 verifica-se que no setor administrativo o maior percentual é de papel


reciclável (34,78%), na cantina é de matéria orgânica (35,70%) e nas salas de aulas
é de outros materiais (38,75%). Incluem-se em outros materiais aqueles rejeitos que
não se encaixaram em nenhuma das classificações acima.

O percentual alto de papel no setor administrativo e de matéria orgânica na cantina


já eram esperados, devido as características de cada um deles, mas a quantidade
elevada de rejeitos/outros materiais nas salas de aula não era um resultado
esperado.

Do montante total, pode-se observar que os maiores percentuais são: 28% de


matéria orgânica, 24,04% de outros materiais, 19,38% de plástico reciclável e
17,94% de papel reciclável. Merece destaque esses dois últimos percentuais, no que
se refere ao potencial de reciclagem de materiais.

Na figura 10 a seguir estão relacionados quatro gráficos da composição gravimétrica


de cada setor e do montante total.

Figura 10: Composição gravimétrica – Gráficos: A. Salas de aula.


B. Administrativo. C. Cantina. D. Média geral.

A B

C D

Através dos gráficos observa-se que a quantidade de matérias não-recicláveis são


os que apresentam menor percentual, cerca de 7,17% (5,02% de plástico NR e
2,15% de papel NR) do total. Quanto ao recicláveis, o percentual atinge 40,79% do
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total (17,94% de papel, 0,65% de metal, 19,38% de plástico, 1,60% de pet’s, 0,11%
de madeira e 1,11% de embalagem cartonada). O restante (52,04%) do total ficam
distribuídos entre a matéria orgânica (28%) e os outros materiais (24,04%).

Um comparativo entre os setores pode ser estabelecido a fim de se identificar


aqueles com maior ou menor potencial de produzir materiais recicláveis e, a partir
desses dados, direcionar a metodologia de disposição dos contentores de coleta
seletiva na instituição (Tabela 07).

Tabela 07: Produção de resíduos por potencial de reciclagem.


SETOR / %
TIPO DE RESÍDUO MÉDIA GERAL / %
Administrativo Cantina Salas de aula
Reciclável 49,57 38,30 38,80 40,79
Não Reciclável 20,86 6,50 --- 7,17
Matéria Orgânica 20,87 35,70 22,45 28,00
Outros 8,70 19,50 38,75 24,04
Total 100,00 100,00 100,00 100,00

Verifica-se, preliminarmente, que no IFES – Campus Colatina, a possibilidade de


reciclagem (recicláveis e compostagem) é consideravelmente alta, chegando a um
primeiro resultado de aproximadamente 68,79% do total, considerando-se apenas os
recicláveis e matéria orgânica. A inclusão da matéria orgânica justifica-se pela
possibilidade de se fazer a compostagem.

Os resíduos agrupados como outros materiais podem ser recicláveis ou não, de


acordo com a tecnologia de reciclagem disponível e o interesse comercial do
produto. Na região onde se encontra o IFES/Colatina esses não possuem
interessados em reciclar, mas outras regiões podem vir a ter.

Assim, os resíduos totalmente não recicláveis, perante a tecnologia presente até o


momento, constituem apenas 7,17% do total. Dessa forma, apenas esse pequeno
percentual seria encaminhado diretamente para o aterro municipal.

Entre os setores, os maiores percentuais de reciclagem se encontram na área da


cantina (74%), seguida do administrativo (70,44%) e das salas de aula (61,25%).
Quanto aos não-recicláveis têm-se as salas de aula (0%), cantina (6,5%) e
administrativo (20,86%).

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O potencial de produção de resíduos no IFES/Colatina, se mantido uma média diária


semelhante à encontrada nesse estudo, pode ser verificado pela tabela 08, a seguir.

Tabela 08: Estimativas de produção de resíduos no IFES/Colatina.


FREQUÊNCIA
Diária Semanal Mensal Anual
Quantidade (Kg) 44,4 310,8 1.332 15.984

CONCLUSÕES/RECOMENDAÇÕES

Os resultados obtidos com esse trabalho constituem dados preliminares que


permitem concluir que:

O principal componente dos resíduos sólidos do IFES/Colatina é a matéria


orgânica (28%), gerada principalmente no setor da cantina (35,70%);

A cantina é o setor com maior percentual de materiais com potencial de


reciclagem/compostagem (74%);

Desconsiderando a compostagem, o setor administrativo é que possui o maior


potencial de reciclagem (49,57%);

O alto percentual de outros materiais nas salas de aula (38,75%) é assunto para
maiores estudos, a fim de se verificar se esse valor foi ocasional ou se é uma
média;

A cantina é o setor que mais contribui na geração de resíduos no IFES/Colatina


(58%);

O administrativo é o setor que menos contribui para a geração de resíduos (10%),


mas é o que possui o maior percentual de materiais não recicláveis (20,86%);

É necessário aprimorar a gestão dos resíduos na instituição, investindo cada vez


mais na educação ambiental direcionada à coleta seletiva;

A logística de limpeza desempenhada pelos funcionários deve ser revisada, a fim


se permitir a fácil identificação dos diferentes tipos de resíduos, melhorar seu
acondicionamento e diminuir seu tempo de exposição até a coleta externa;

É preciso buscar parceiros regionais que realizam reciclagem, com ênfase no


papel e plástico, e que realizem compostagem;

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Esse é um trabalho que precisa de uma continuidade e aprimoramento para melhor


caracterizar a produção de resíduos no Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Espírito Santo – Campus Colatina.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Amostragem de resíduos


sólidos. NBR 10007. Rio de Janeiro, 2004.
2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. Resíduos sólidos - Classificação.
NBR 10004. Rio de Janeiro, 2004.
3. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Perfil dos municípios
brasileiros. Rio de Janeiro: IBGE, 2005.
4. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Pesquisa nacional de
saneamento básico 2000. Rio de Janeiro: IBGE, 2002.
5. LIMA, L. M. Q. Lixo: tratamento e biorremediação. 3. ed. São Paulo: HEMUS, 1995.
6. LOPES, R. L.; COSTA, L. P.; NASCIMENTO, R. U. L. Programa de coleta seletiva em grandes
instituições de ensino: os resíduos sólidos analisados e valorizados sob a ótica da gestão
ambiental. Artigo científico. Campo Grande: CBESA/ABES, 2005.
7. MONTEIRO, J. H. P. Manual de Gerenciamento Integrado de resíduos sólidos. Rio de
Janeiro: IBAM, 2001.
8. PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE – PNUMA. A Produção mais
Limpa e Consumo Sustentável na América Latina e Caribe. São Paulo: CETESB/PNUMA,
2005.
9. VIEIRA, F. C.; PIERONI, M. F. Gerenciamento integrado de resíduos sólidos e aplicação da
educação ambiental para implantação e manutenção de um programa permanente de
coleta seletiva no Campus da Universidade Federal de Itajubá. Projeto de pesquisa/Iniciação
Científica/Programa Permanente de Coleta Seletiva (PPCS). Universidade Federal de Itajubá,
Instituto de Recursos Naturais, Itajubá/MG, 2008.
10. VITORINO, K. M. N.; SOUZA, C. V. A.; SOBRINHO, P. P. Resíduos sólidos de uma escola -
quantificação, caracterização e soluções. Artigo científico. Porto Alegre: CIESA/ABES, 2000.

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