Série Pucked Vol.06 - Pucked Love - Helena Hunting

HELENA HUNTING PUCKED #6
Disponibilização: Eva
Tradução: Maria Clara
Revisão: Faby Pride
Formatação: Keira
Março/2021
Como jogador da NHL, relacionamentos

não são minha praia. Envolvidos em
segredo e especulação, eles nunca
duram muito. Mas então é isso que
acontece quando você exige um contrato
de confidencialidade antes do
primeiro encontro.
Até Charlene. Ela é como um

vaga-lume. Ela é evasiva e,
se você a pegar, ela
queimará com força, mas
mantê-la presa apaga seu
fogo e ofusca sua beleza.
Eu a peguei. E por mais que queira

mantê-la, nunca colocarei a tampa em seu
pote. Não correndo o risco de perdê-la.
Então, deixei que ela estabelecesse as
regras em nosso relacionamento.
Mas, à medida que segredos ocultos nos

expõe, eu descubro exatamente o quão
frágil Charlene é, e o quanto preciso
dela.
Estamos todos quebrados. Estamos todos

confusos. Alguns mais do que outros. Eu
mais do que a maioria.
Para os meus leitores da Série Pucked: este é como ler sem

o cinto de segurança.
PRÓLOGO
ENCONTRO NO CAFÉ E O ACORDO DE
CONFIDENCIALIDADE
CHARLENE
Eu sopro na palma da minha mão para verificar o meu

hálito. Escovei os dentes há menos de dez minutos, mas pego duas
balas de qualquer maneira. Um hálito fresco é crucial. Mordo e
espalho os pedaços de bala sobre minha língua. A explosão de
hortelã faz meus olhos lacrimejarem, então tenho que secá-los
levemente com as pontas da manga e respirar pelo nariz para evitar
piorar as coisas.
Darren Westinghouse vai me buscar para um café. O Darren

Westinghouse, ala direita da NHL de Chicago e o homem mais
misterioso da liga. Existem muitos rumores sobre ele. Sua história
sobre relacionamentos não é clara e se baseia principalmente em
especulações e fofocas. Estou animada para conhecer o homem por
trás da máscara intensa e séria.
Minhas mãos estão suadas e minha calcinha está

inadequadamente úmida enquanto eu vagueio pela minha
cozinha. Minha reação à ansiedade é estranha. E bastante
inconveniente. Já troquei minha calcinha uma vez na última meia
hora.
“É apenas café”, eu repreendo minha virilha.

Mas ela não parece se importar. Ela está se preparando para

todos os cenários possíveis.
Eu me apresentei a Darren quando fui com minha melhor

amiga, Violet, a um jogo fora de casa. Ele foi um cavalheiro e doce,
oferecendo-se para me levar de volta ao meu quarto. Eu fui para
um beijo de boa noite e isso se transformou em uma sessão épica
de amassos. Nós nos beijamos como adolescentes até que meus
lábios ficassem quase em carne viva. Demorou uma semana até
que eles, finalmente, parassem de descascar.
Hoje estou usando um gloss brilhante que tem gosto de

algodão doce, minha esperança é que Darren goste do sabor e
queira beijá-lo mais de uma vez. Aliso minhas palmas suadas
contra as minhas coxas cobertas de jeans. Eu estou me vestindo
casualmente, exceto sob meu jeans, estou usando uma bela
calcinha rendada, apenas no caso de sua mão encontrar o caminho
dentro dela. Meu sutiã combina, é claro.
Eu verifico a hora. São 09h49 da manhã. Ele virá me buscar

às 10h, mas esses onze minutos parecem demorar uma eternidade
para passar. Percorro mentalmente os tópicos de conversa
aprovados: obviamente, hóquei, clima, meu trabalho e minha
experiência na faculdade estão todos aprovados.
Aprendi que é melhor dar às pessoas os fatos mais básicos

e, em seguida, mudar o assunto para as coisas realmente
pessoais. As pessoas geralmente adoram falar sobre si mesmas,
então não é tão difícil de fazer. Às 09h53, faço outra verificação do
hálito e me assusto quando minha campainha toca.
“Ele está aqui!” Eu sussurro-grito para ninguém. Ou talvez

eu esteja me dirigindo à minha vagina ansiosa. Respiro fundo duas
vezes e conto até três antes de abrir a porta.
Ainda não estou adequadamente preparada para a visão

ocupando minha varanda.
Darren está de jeans e camisa de mangas compridas, tão

diferente do terno que ele usava da última vez que o vi. Seu cabelo
curto está penteado com capricho, e seus duros olhos azuis frios
se movem sobre mim em uma varredura casual que sinto por toda
parte. Darren é intenso. Ele é leveza e escuridão fundidas. E é
sobrenaturalmente lindo. É muito para processar.
Um meio sorriso aparece em sua boca e rapidamente se

transforma em um sorriso completo e desarmante, que transforma
seu rosto de sério em deslumbrante enquanto dura.
“Oi.” É quase um gemido ofegante.
“Olá, Charlene.”
Tenho arrepios abaixo da cintura com essas duas palavras.
“Oi.” Estou me repetindo. Não é suave.
“Cheguei um pouco adiantado”, ele diz. “Espero que esteja

tudo bem.”
Eu saio do meu torpor induzido por Darren. “Sim! Sim

claro. Deixe-me pegar minha bolsa.” Eu me viro, preparada para
pegá-la na cozinha, quando percebo que ela já está pendurada no
meu braço direito. “Oh, não importa. Parece que estou
pronto.” Espero que ele não pense que sou uma completa idiota.
Coloco o meu casaco com a ajuda de Darren, tão cortês, pego

as chaves do gancho e saio para a varanda. É uma manhã fresca,
mas o sol está brilhando, então ele ameniza o frio no ar.
Darren é muito educado, abrindo a porta do passageiro e me

ajudando a entrar antes de passar pelo carro e se sentar no banco
do motorista. Conversamos um pouco enquanto vamos em frente.
Fico um pouco surpresa quando Darren entra em um

Starbucks e segue para o drive-thru. Não era bem isso que eu tinha
em mente quando ele propôs um encontro para o café. Achei que

deveríamos ir a algum café pequeno e aconchegante e olhar nos
olhos um do outro.
“Achei que poderíamos ir ao parque.”
“Ah, com certeza. Isso seria ótimo”, eu digo. Os parques

podem ser românticos. Especialmente porque está meio frio
hoje. Talvez ele tenha que colocar o braço em volta de mim para me
manter aquecida. Posso concordar totalmente com isso.
Assim que tomamos nossos cafés, Darren dirige até a

água. Ele estaciona o SUV, mas deixa o motor ligado. Presumo que
vamos sair e caminhar pelo calçadão, mas, em vez disso, ficamos
onde estamos e conversamos enquanto observamos as
pessoas. Também não é o que eu esperava, mas ele cheira muito
bem, então acho que vou aceitar.
Darren é um cara quieto, então eu acabo falando a maior

parte do tempo. Em vez de divagar sobre mim mesma, eu o
presenteio com histórias de Violet, que o fazem rir...um som de que
gosto muito.
Depois de uma hora ou mais, durante a qual meu estômago

começa a roncar, já que eu estava muito nervosa para comer esta
manhã, ele se vira para me encarar. Ele roça minha bochecha
enquanto passa meu cabelo por cima do ombro.
Inclino-me para aquele toque, desejando que ele se incline

também. E ele faz. Seu polegar descansa contra aquele ponto
macio sob meu queixo.
“Eu gostaria de beijar você”, ele diz.
“Eu tenho hálito de café.”
“Assim como eu.”

Considero oferecer a ele uma bala, mas decido que não me

importo. Eu levanto meu queixo. “Está bem então.”
Seu sorriso é suave e caloroso, em contraste com suas

feições duras e olhos frios, e seus lábios parecem seda contra os
meus. Não tenho ideia de quanto tempo nos beijamos, mas é o
suficiente para que meu pescoço comece a doer. Ele finalmente se
afasta, aqueles olhos frios estão pesados com a mesma luxúria que
está estragando minha calcinha.
“Você gostaria de almoçar comigo?”
Na minha cabeça, transformo o almoço em preliminares

prolongadas, mas de qualquer forma, passar mais tempo com ele
está na minha lista de sim.
“Definitivamente.”
“Ótimo.” Aquele sorriso dele faz outra aparição,

interrompendo todas as conexões com meu cérebro e
redirecionando a energia para as minhas partes de menina.
Darren alcança o banco de trás e pega uma bolsa estilo

carteiro. Ele então retira uma pasta de arquivo com meu nome
impresso ordenadamente na frente dela. Bem, isso é mais ou
menos... singular. Embora pareça ser assim que este encontro está
indo: bom, mas estranho.
“O que é isso?” Pergunto, a luxúria e excitação que eu sentia

há alguns segundos se transformam em ansiedade.
“Um acordo de confidencialidade”, ele diz

despreocupadamente, como se estivesse me dizendo o nome de
uma flor.
Assinei muitos acordos de não divulgação durante meu

tempo na Stroker e Cobb Financial Management. É necessário ao
trabalhar com jogadores de hóquei famosos e administrar suas
finanças. Mas, a menos que eu tenha lido tudo isso

incorretamente, Darren não me pedirá para administrar suas
finanças. Pelo menos, eu espero que não.
“Sinto muito, mas por que um acordo de não divulgação

seria necessário?”
Sua testa franze, tornando as linhas nítidas de seu rosto

ainda mais severas e ligeiramente ameaçadoras. “Porque eu
gostaria de almoçar com você.”
Disfarçadamente coloco minha mão no apoio de braço, perto

da maçaneta da porta. Apenas no caso. “Você precisa de um acordo
de confidencialidade para um almoço?”
Ele passa as mãos pelas coxas. “Eu gostaria de levar você

para minha casa.”
“Para almoçar?”
“Sim.”
“O almoço é um código para alguma coisa?”
Eu consigo mais da sua testa franzida. “Código?”
Talvez os rumores sobre ele sejam verdadeiros. Talvez ele

realmente seja algum tipo de Dom e esteja procurando por mim
para ser sua próxima submissa. Não tenho certeza de como me
sentir sobre isso. Eu li todos os livros de Cinquenta Tons de Cinza,
claro, algumas dessas coisas parecem um momento divertido, mas
não gosto de assinar contratos para nada fora do trabalho e do
banco. Mesmo assim, isso me deixa desconfortável.
“Sim, tipo, almoço é uma palavra-código para alguns jogos

de sexo excêntrico ou algo assim?”
Sua linha de expressão se transforma em um arco e um

sorriso ligeiramente sinistro puxa o canto de sua boca
pecaminosamente sexy. A mesma boca que recentemente foi

sugada pela minha.
“Não. Embora eu certamente não me oponha a jogos sexuais

excêntricos, se é isso que você prefere em vez do almoço.”
Pego a pasta, que ele deixou no painel entre nós e a abro. O

acordo tem várias páginas.
Olho para Darren e levanto minhas próprias sobrancelhas.
“Não tenha pressa. Eu posso esperar.” Ele sorri novamente,

mas parece mais uma careta.
Eu examino o conteúdo. É incrivelmente completo, com um

monte de cláusulas. Existe até uma referente a um cartão de
crédito e um orçamento para roupas e lingerie. Que porra é essa?
Fecho a pasta de documentos e passo para ele. “Eu gostaria

que você me levasse para casa.”
Ele sorri amplamente e pega uma caneta. Seu sorriso é tão

lindo que quase me esqueço do motivo de querer ir para
casa. Então me lembro da papelada pré-encontro.
Eu levanto a mão. “Não, você não está entendendo. Eu

gostaria que você me levasse para minha casa, não a sua. Não vou
assinar um acordo de confidencialidade para um almoço,
especialmente este tipo de acordo.”
O sorriso dele desaparece, e ele pisca rapidamente, seus

dedos batem contra a pasta de documentos. “Mas eu pensei que
estávamos gostando da companhia um do outro.”
“Estamos. Mas de jeito nenhum vou assinar isso, então se

você quiser almoçar comigo, terá que fazer isso sem um acordo.”
Ele está claramente enfrentando algum conflito por causa

disso, porque ele me encara por tempo suficiente para que minha
pele aqueça antes de ele finalmente dizer: “Isso foi feito para nos
proteger.”
“Isso não é um preservativo, Darren. É um acordo de

confidencialidade. A próxima coisa que eu sei é que terei algum
tipo de chip de rastreamento e estarei amarrada à sua cama.”
Ele inclina a cabeça para o lado e parece estar lutando contra

um sorriso. “Você gostaria de ser amarrada à minha cama?”
“Não se eu tiver que assinar um acordo.”
“E se você não tiver que assinar um?”
A resposta a essa pergunta ainda é não, eu acho, mas dou

de ombros, porque até ele perguntando faz coisas acontecerem na
minha calcinha.
“Sou uma pessoa muito reservada, Charlene.”
“Eu também. Não significa que eu faça todas as pessoas na

minha vida assinarem um papel por causa disso. Se você quiser
almoçar comigo, você pode fazer isso sem me pedir para renunciar
aos meus direitos.”
Ele me olha por vários longos e intensos momentos nos quais

tenho que lutar para manter o contato visual. Jesus, estou
nervosa.
“Ok, sem NDA”, ele finalmente admite. “Mas eu tenho regras

para me relacionar, Charlene.”
“Eu também, e podemos discuti-las durante o almoço.”

CAPÍTULO 1
ERROS DE COMUNICAÇÃO
DARREN
Dois anos depois
Chegamos à minha casa, dois veículos enormes enchem a

garagem. Normalmente, íamos para a casa de Alex depois do treino
(meu melhor amigo e colega de equipe), mas sua esposa, Violet,
está trabalhando em casa hoje e ele não quer que sejamos uma
distração. Minha casa é a segunda mais próxima da arena e eu não
moro com ninguém, então sou o padrão.
Minha casa é moderna, com painéis solares e janelas com

isolamento acústico do chão ao teto que você pode ver de fora, mas
não de dentro, porque gosto da minha privacidade. Também gosto
de fazer sexo com minha namorada contra as janelas que ficam de
frente para o gramado.
Nossos companheiros de equipe, Lance, Randy, Miller e

Rookie, saem do Hummer de Lance enquanto eu pego minhas
coisas do porta-malas do carro de Alex. Eu digito o código e eles
me seguem até a sala de estar, onde despejo minha bolsa de
hóquei.
“Vou pegar algumas cervejas e podemos voltar.”
É o início de abril, mas o tempo está excepcionalmente

quente, então pelo menos podemos tomar um pouco de ar fresco
enquanto discutimos o projeto de expansão iminente. Vegas está
começando um novo time, o que significa que eles escolherão um

jogador de cada time estabelecido na liga. Até agora, apenas Alex e
Randy estão protegidos do recrutamento com suas cláusulas de
proibição de negociação.
Eu paro e solto um palavrão quando chego à sala. Minha

ereção é quase instantânea. Também é muito confuso porque eu
não deveria ver o que estou vendo.
“Puta merda”, Alex diz da minha direita.
“Que porra é essa?” Randy esbarra em mim por trás.
“Eu sabia que você gostava dessas merdas pervertidas!” O

forte sotaque escocês de Lance me deixa agudamente ciente de que
o que deveria ser apenas para os meus olhos, não é. Considero,
muito brevemente, as ramificações de arrancar os olhos dos meus
companheiros de equipe com um boleador de melão. Decido que é
do meu interesse não agir de acordo com esse impulso. Não acho
que a prisão me convém e é difícil jogar hóquei sem os olhos.
Um assobio baixo vem da minha direita. Eu olho para

encontrar Rookie piscando rapidamente, sua perplexidade
aparente. “Cara, você está dando algum tipo de festa
fodida? Porque se você estiver, eu posso querer voltar no trem das
coelhinhas por uma noite.”
Randy dá um tapa na nuca dele. “Isso não é uma coelhinha,

idiota.”
Ele está se referindo as coelhinhas do hóquei, as groupies do

mundo do hóquei.
“Ai! Porra!” Rookie esfrega o local.
No meio da sala, entre ajoelhar-se e ficar em pé, está

Charlene. Minha namorada. Nua. Bem, além de seu colar de
pérolas e um par de saltos foda-me. Seus lindos olhos castanhos
estão arregalados como os de um cervo nos faróis quando

encontram os meus, e então eles disparam para baixo em sua
forma nua. Parecendo incerta sobre como proceder, ela tropeça
alguns passos e cai de joelhos no travesseiro. Ela joga um braço
sobre o peito, o outro se move para proteger o ápice de suas coxas.
Rookie parece incapaz de processar a cena com qualquer

coisa além de estupidez. “Isso é uma mordaça de bola? Quem
diabos usa essa máscara? Como você respira com isso?”
“Cale a boca, Rook”, Miller diz.
Eu nem tinha percebido tudo o mais. Mas eu tiro meu olhar

de Charlene e olho para os itens espalhados pela minha sala de
estar. Isso está longe de ser o ideal.
“Todo mundo para fora”, solto enquanto atravesso a sala,

agarro a cadeira de leitura, a cadeira de leitura de Charlene, e
passo por cima do dildo de pau de dragão que Charlene comprou
quando estava em sua fase Game of Thrones. Jogo o cobertor em
volta dela, o que joga algumas das peças leves e rendadas de
lingerie pelo chão. Mas o cobertor faz o trabalho, escondendo cada
centímetro de pele nua coberta de arrepios.
O que meus companheiros viram agora.
Eu cerro os dentes contra a raiva possessiva e exalo uma

respiração lenta, tentando encontrar um pouco de calma.
É o seguinte: encontrar Charlene quase nua em qualquer

cômodo da minha casa não é necessariamente fora do comum.
Mesmo a seleção de lingerie disposta em um círculo muito

organizado ao seu redor, tudo, desde cetim virginal a um espartilho
de couro cravejado, não é particularmente incomum. Charlene
gosta de se vestir bem, e suas escolhas muitas vezes me dizem
muito sobre o que ela gostaria que acontecesse no quarto, ou em
qualquer cômodo em que estamos fazendo sexo, e são úteis para

me permitir avaliar suas expectativas. O couro geralmente indica
que ela está se sentindo mal-humorada. É fofo quando ela pensa
que quer estar no comando.
O que é altamente atípico é o segundo círculo, que consiste

em uma ampla variedade de dispositivos auxiliares de prazer,
muitos dos quais estão na lista de Charlene, acho que talvez eu
queira tentar essa. É uma longa lista. Quase tanto tempo quanto
ela, eu pensei que seria divertido, mas mudei minha lista de ideias.
Charlene e eu temos sido extremamente cuidadosos em

manter privado o que ela sente ser nossa vida sexual às vezes
colorida. O que acontece a portas fechadas deve permanecer a
portas fechadas, na minha opinião. É por isso que sempre insisti
em um acordo de confidencialidade, até Charlene, pelo menos. Não
é particularmente romântico ou atraente ao iniciar um novo
relacionamento, mas minha privacidade sempre teve precedência.
Em vez de assinar um acordo de confidencialidade, Charlene

prometeu não discutir nossos detalhes com suas amigas. Essas
mulheres adoram compartilhar, especialmente sua melhor amiga,
Violet, e tenho a sensação de que elas podem não compreender
totalmente as complexidades de nosso relacionamento, já que às
vezes até eu luto com isso.
“Sinto muito”, a voz de Charlene treme junto com suas mãos

enquanto ela agarra as pontas do cobertor.
“Fique aqui, por favor.” Eu me curvo e pressiono um beijo no

topo de sua cabeça, esperando que o simples gesto ajude a dissipar
um pouco da sua ansiedade.
Seu lábio inferior treme. “Ok.”
Quero garantir que meu humor sombrio não é dirigido a ela,

mas preciso lidar com meus companheiros de equipe antes que
eles falem com alguém além dos que estão aqui, como suas
namoradas ou esposas. É por isso que os relacionamentos são
complicados. Posso confiar que Charlene manterá nossa
privacidade, mas não posso ter certeza de que mais alguém o
fará...especialmente quando vivemos em um mundo onde as
pessoas gostam de colorir dentro das linhas, e Charlene acredita
que gosta de rabiscar em todas as margens, quando na verdade ela
gosta de chegar perto das margens e depois fugir delas.
Eu passo por cima dos brinquedos sexuais, observando

exatamente quantos são dela. Eu pensei que seria divertido, mas
mudei de ideia. Aparentemente, ela tinha grandes planos. Eu não
estava esperando-a até muito mais tarde, pois ela havia me enviado
uma mensagem mais cedo para me informar de que tinha que
trabalhar até tarde. Charlene deve ter reorganizado sua
programação para me acomodar.
Eu arrasto a mão pelo meu rosto e sigo meus companheiros

de equipe para fora enquanto eles se dirigem para seus respectivos
veículos.
“Esperem.” É mais uma ordem do que um pedido.
Eles se viram como um só, as expressões variam de curiosas

a totalmente perturbadas. Eu preciso analisar e suavizar
isso. Deslizo minhas mãos em meus bolsos, consciente de manter
a calma por fora, não afetado. Eu acho que é inútil dizer a eles que
não é o que parece, porque honestamente é exatamente o que
parece, mas não exatamente da maneira que eles pensam.
Em vez disso, digo: “Seria ideal se todos nós pudéssemos

manter isso entre nós.”
“E todos vocês pensam que eu sou fodido da cabeça? O que

diabos há de errado com você?” Lance acena com a mão no ar
enquanto eu abro a boca para falar. “Deixa para lá. Não quero
saber.” Ele se vira e segue em direção ao seu Hummer. “Estou

fora.”
“Realmente não é…” Não sei como terminar essa frase sem
comprometer Charlene mais do que ela já fez, então não continuo.
“Nós falaremos com Lance. Você não precisa se preocupar

com ele dizendo nada.” Miller aponta o polegar por cima do ombro
e faz um gesto entre ele e Randy.
Randy levanta um dedo, parecendo ter algo a acrescentar,

mas ele para e alisa a barba, me dá um aceno de cabeça e segue
Miller até o Hummer. De todos os caras, Randy é provavelmente o
menos provável de me irritar com isso. No mês passado, ele e Lily
danificaram cinco mil dólares no banheiro de um hotel quando
arrancaram a pia da parede durante um de seus próprios
momentos de diversão sexy e inundaram o quarto.
“Sempre pensei que você fosse tipo... normal.” Rookie corre

atrás deles. Ele nem mesmo fecho a porta antes de Lance começar
a recuar.
Alex é o único que sobrou. Assistimos ao Hummer de Lance

sair da garagem.
“O que foi aquilo?” Eu pergunto.
Alex olha para mim, sua expressão plana, lábios apertados

em uma linha. “Eu não sei.”
Não gosto do jeito que ele está me olhando, como se não me

conhecesse. E de certa forma, ele não conhece. Alex só conhece as
partes que o deixo ver. E agora ele viu um que não é fácil de
explicar.
“Deixe Charlene falar com Violet, por favor.”

Ele bufa uma pequena risada e balança a cabeça. “O que

Charlene diz a Vi não é problema seu agora, Darren.”
“Não é que eu...” Paro, porque é inútil dizer isso. “É

complicado.”
“Bem, ficou muito mais complicado.” Ele passa a mão pelo

cabelo. “Verei se consigo alcançar os caras e garantir que eles
mantenham isso para si mesmos, e talvez descobrir o que deixou
Lance tão irritado.”
“Eu deveria ir com você.”
Dou um passo em direção ao carro, mas Alex bate a palma

da mão no meu peito. Ele me lança um olhar, algo entre descrença
e repulsa. “Você está falando sério agora? Você não pode deixar
Charlene lá sozinha depois disso. Onde estão suas
prioridades? Gerencie seu relacionamento, Darren, ou seja, lá o
que isso é.”
Ele tem razão. Claro. Mas o que ele não entende é que
Charlene é minha prioridade, e garantir que os caras mantenham
a boca fechada é mais sobre ela do que sobre mim.
CAPÍTULO 2
AH, NÃO
CHARLENE
Bem, isso certamente não saiu como planejado. Tive grandes

intenções quando vim aqui hoje. Violet é quem fez a
sugestão. Bem, ela não sugeriu que eu me cercasse de brinquedos
sexuais estranhos e ficasse nua na sala de estar de Darren. Ela
achou que seria uma boa ideia eu estar aqui quando ele chegasse
em casa para que eu pudesse me oferecer para aliviar um pouco
seu estresse. Com sexo.
Eu olho ao redor para a roda do sexo da

fortuna. Individualmente, os brinquedos podem não ser tão
chocantes...exceto talvez o dildo de dragão, o macacão de látex
preto sem virilha e possivelmente a máscara que parece pertencer
ao homem lagarto ou algo assim, ok, talvez seja um pouco mais
chocante do que eu pensava originalmente. Em uma escala de um
a dez, eu classificaria isso como onze bilhões de desastres épicos.
Os playoffs começam em poucos dias, o que é emocionante

e estressante. O Chicago teve uma ótima temporada e está em uma
boa posição em termos de pontuação. Mas a empolgação de chegar
aos playoffs este ano é amortecida pelo projeto de expansão que se
aproxima.
Hoje eles tiveram uma reunião de equipe sobre isso, e Darren

não tem uma cláusula de proibição de negociação como Alex, então
ele deve estar preocupado. Sei que eu estou. Não importa que ele
seja mais velho do que muitos de seus companheiros de
equipe; suas estatísticas são boas, melhores do que no ano

passado, o que o coloca em risco. Especialmente porque o dono da
equipe de expansão já se interessou por Darren antes.
Então eu vim com um plano incrível para surpreendê-lo. Ou

teria sido incrível se ele não tivesse trazido metade de sua equipe
para casa com ele. Eu queria fornecer todas as melhores distrações
para Darren esta noite na forma de cada brinquedo e aparato
sexual em que ele parecia remotamente interessado. Em
retrospectiva, minhas escolhas podem ter sido um pouco
exageradas.
Eu agarro o cobertor que Darren envolveu em meus ombros

e olho para o espaço vazio onde seus companheiros de equipe,
nossos amigos, estavam momentos atrás. A porta da frente se
fecha com força. Eu sacudo e aperto abaixo da cintura, como se
isso ecoasse em meu clitóris.
O que meio que acontece. Sempre que fico ansiosa, sinto isso
na vagina, como se meu clitóris fosse a Grande Estação Central do
meu nervosismo. É bastante inconveniente e pode ser
constrangedor. Também não é uma reação normal ao estresse. Eu
sei disso, mas não há nada que eu possa fazer para impedir.
Passo os dedos nas pérolas na minha garganta, sua

superfície lisa estranhamente calmante enquanto eu debato se
devo limpar as evidências pervertidas ou esperar por Darren como
ele pediu. Outra onda de ansiedade me bate bem entre as
coxas. Meus olhos rolam e eu exalo um suspiro trêmulo.
Não tenho a chance de tomar uma decisão sobre guardar os

brinquedos sexuais, porque a porta da frente abre e fecha, com
muito mais cuidado dessa vez. Darren aparece na soleira da sala
alguns momentos depois.
“Não pensei que você chegaria até mais tarde”, ele diz, baixo
e uniforme, apesar do olhar escuro que ele tem.
Eu engulo em seco quando ele se aproxima, meu corpo se

ilumina como um jogo de fliperama. Uma gota de suor escorre pela
minha espinha e eu estremeço, agarrando o cobertor com mais
força.
“Eu queria fazer uma surpresa para você. Achei que tudo
ficaria bem, já que os caras nunca vêm aqui. Eu sinto muito.”
“Você já se desculpou.” Ele pisa sobre o dildo do dragão

novamente, é ridiculamente grande e nada útil, e passa por uma
lingerie de ursinho de pelúcia de renda clara até que está na minha
frente. Seu dedo áspero descansa suavemente sob meu queixo e
ele inclina minha cabeça para cima. Sua expressão é intensa, como
é típica de Darren. “E você certamente é uma surpresa.”
Instintivamente, quero emitir mais um pedido de

desculpas. Meus lábios se abrem por vontade própria e Darren
inclina a cabeça levemente. Parece um aviso. Eu tenho que me
lembrar de respirar. As sombras dançam em seu rosto,
acentuando os ângulos e tornando-os mais severos. Ele é
terrivelmente lindo. Silenciosamente deslumbrante.
Ele acaricia minha bochecha, o toque é o mais gentil

possível, eu imagino. “Precisamos conversar sobre como isso muda
as coisas.” Ele estende a mão. “E eu preferiria que você não
estivesse de joelhos nesta discussão.”
Meu pânico toma conta e as piores possibilidades borbulham

na minha cabeça. O peso de suas palavras parecem âncoras em
volta do meu coração. A única coisa que Darren já me pediu é que
mantivéssemos nossa vida privada, separada, e agora não é mais.
Deslizo meus dedos trêmulos e úmidos em sua palma

quente. Estou rígida de ficar ajoelhada por tanto tempo e
cambaleio instantaneamente enquanto Darren me ajuda a
levantar.
A inquietação que se instalou no fundo da minha barriga

aumenta e sobe com as garras, retorcendo-se através do meu
abdômen, no meu peito, até apertar em volta da minha
garganta. Minhas pérolas parecem muito apertadas e não o
suficiente.
O que eu fiz? E se ele terminar comigo por causa disso?
Minhas pálpebras molham com cada tentativa frenética de

conter as lágrimas. Bastou um erro para acabar com dois anos de
relacionamento. Sinto como se tivesse tentado construir um
castelo de cartas no precipício de uma montanha.
“Foi um acidente.” As palavras estalam como vidro

estilhaçando.
“Estou ciente de que não foi intencional.” Darren franze a

testa. “Porque você está chorando?”
“Eu quebrei uma promessa.”
Ele inclina a cabeça, é mais reconhecimento do que

concordância. “E o que você acha que isso significa?”
Lambo meus lábios, minha boca está seca, as palmas das

mãos suadas. “Que você está irá...”
“Eu vou?” Ele pergunta.
As palavras ficam presas na minha garganta, como se eu

tivesse tentado engolir um comprimido sem água. “Eu não deveria
ter escutado Violet. Deveria ter enviado uma mensagem para você
primeiro. Eu não pensei. Eu…”
“Charlene, pare.” Ele coloca o polegar molhado contra meus

lábios e eu sinto minha própria tristeza.
Darren segura meu rosto com as mãos. Eu memorizo a

sensação de seus dedos deslizando ao longo do meu queixo,
considero como será a ausência de seu toque. A lembrança de como

o medo de que Darren pudesse ser negociado no final da temporada
me atormentou o dia todo.
Preparo-me enquanto ele inclina minha cabeça para cima.

“Olhe para mim.”
Não tenho escolha a não ser obedecer. Tento fazer com que
meu queixo pare de tremer, mas estou nervosa demais para
controlar minhas emoções.
Ele passa os polegares sob meus olhos enquanto novas

lágrimas se libertam. “Você acha que estou bravo com você?”
“Eu não sei.”
“Então por que você está tão chateada?”
Agora é minha vez de franzir a testa. “E… eu...” tenho que

respirar fundo várias vezes para me acalmar e organizar meus
pensamentos. “Você não queria que ninguém soubesse.” Eu
aponto para a lingerie e brinquedos sexuais ao redor. “E agora eles
sabem. Então pensei que talvez... pode significar que você...”
Ele espera que eu continue.
“Terminar com isso.” As palavras mal saem.
“Terminar com isso?” Sua expressão muda para confusão.
“Nós. O fim de… nós.” Meu estômago revira com o

pensamento. Perder Darren significaria desistir de muito mais do
que um namorado. Ele está conectado a quase todas as pessoas
importantes em todo o meu mundo.
Seus olhos brilham. “Você honestamente acredita que eu me

afastaria de você por causa de algo tão banal?” Sua mandíbula
aperta. “Eu já fui tão precipitado em minhas decisões?”
“Não, mas...” mordo meu lábio e abaixo meu olhar. É difícil

olhar para ele quando Darren é tão intenso. Sua beleza severa às
vezes é mais do que consigo suportar.
“É lamentável? Sim. Isso criará perguntas

desagradáveis? Muito provavelmente.” Ele traça o contorno da
minha sobrancelha, percorrendo minha têmpora. “Ajude-me a
entender o que está acontecendo nesta linda cabeça que faria você
chegar a uma conclusão tão extrema.”
“Eu só pensei, eu não sei. Que quebrei uma

promessa. A única promessa. Acho que, na minha cabeça, é a
mesma coisa que se eu tivesse quebrado um acordo de
confidencialidade. “
Tenho muito orgulho da minha capacidade de manter nossa

vida privada, íntima. Bem, quero dizer, obviamente eu falo com
Violet sobre as coisas que posso, mas nunca conto a ela o
que realmente acontece a portas fechadas.
“Por acaso você escreveu uma exposição narrando nossa

vida sexual em uma tentativa de me chantagear, além disso?” Ele
faz um movimento amplo para envolver o círculo de brinquedos e
lingerie.
“Não, eu apenas dei a todos os seus amigos mais próximos

uma visão muito nítida do que fazemos quando ninguém mais está
assistindo.” Agora que não estou tão preocupada com Darren
rompendo comigo, o constrangimento está se instalando.
Uma quase sorriso aparece, não é exatamente um sorriso,

mas com uma pitada de humor travesso que faz seus olhos
brilharem. “Tenho certeza de que eles estão tendo uma conversa
muito interessante sobre isso neste exato momento. E tenho ainda
mais certeza de que as perguntas virão para nós dois, e é por isso
que precisamos discutir como isso muda as coisas. “
“Oh.” Uau. Eu exagerei com o drama interno aqui.
“Venha. Você está tremendo, e precisa se sentar. “Ele segura

uma das mãos e envolve a outra em volta da minha cintura, me
guiando até o sofá.
Eu caio na almofada e imediatamente o abraço, esmagando

meu rosto no peito de Darren. Seus dedos se enrolam em volta dos
meus braços. “Você está bem?”
“Bem. Estou bem.” Merda. Esqueci como me preparei

completamente para qualquer cenário possível esta noite, o que diz
algo sobre meu estado de ansiedade e pode explicar por que meu
clitóris está saltando em com tanta força.
“Entre as lágrimas e o quão nervosa você está, vou discordar

de que você está bem.” Ele passa a palma da mão nas minhas
costas. Tento me afastar antes que ele alcance minha bunda, mas
minhas panturrilhas estão pressionadas contra o sofá e estou
usando sapatos de salto alto, o que explica os tornozelos doloridos,
então minha coordenação está um pouco deficiente. Eu
acidentalmente piso na ponta do cobertor, puxando-o para fora do
meu alcance, o que significa que estou mais uma vez nua, exceto
pelos sapatos e pelas pérolas. Pelo menos desta vez não há outras
testemunhas.
“Talvez eu deva me vestir antes de falarmos sobre como lidar

com isso”, minha sugestão é super adequada.
Os olhos de Darren se estreitam enquanto tento

desembaraçar meu calcanhar do cobertor. É um daqueles macios,
feitos à mão, de uma loja super fofa no centro da cidade. Eu o
indiquei a Darren uma vez, quando estávamos jantando fora, e na
próxima vez que fui até lá, estava jogado sobre a cadeira de leitura
que ele comprou para mim no ano passado. A cadeira não costuma
ser usada para leitura e o cobertor não combina com a decoração
de Darren, mas é legal que ele os comprou para mim.
Infelizmente, agora estou presa sob seu olhar. Literalmente.
“Vire-se para mim, Charlene.” A voz de Darren é baixa, no

comando.
Meu corpo inteiro se arrepia. Oh merda. Sua expressão não

é mais séria. Em vez disso, um sorriso sombrio aparece
brevemente. Não consigo decidir agora se isso é bom ou ruim.
Eu me viro lentamente, lutando contra a vontade de esticar

meu pescoço para conseguir ver. Estremeço quando ele arrasta um
único dedo do topo da minha espinha até o cóccix e depois o
abaixa. Abrindo os dedos, ele desliza o rabo de coelho rosa e
felpudo, que está preso a um plug anal que está atualmente
encaixado na minha bunda.
“Vejo que você tinha expectativas para esta noite”, ele

murmura.
“Sem expectativas”, eu respiro.
“Eu não acho que isso seja verdade.” Seus lábios estão na
minha orelha, seus dedos espalhados pela parte inferior da minha
mandíbula, a palma da mão apoiada na base da minha garganta
enquanto sua outra mão trilha ao longo do meu quadril, a palma
achatando sob meu umbigo enquanto seu peito fica nivelado com
as minhas costas.
Sua camisa é de algodão, macia e quente, a fivela de seu

cinto é um choque frio contra minhas costas. Eu expiro um gemido
quando as pontas dos dedos de Darren roçam a crista do meu osso
púbico, a base de sua palma pressiona firmemente contra meu
ventre, sua ereção espessa coloca pressão no plug através da
barreira de sua calça jeans.
“Eu queria estar preparada para tudo o que você precisava

esta noite”, eu sussurro.
“Ah, você estava sendo atenciosa, então?”
“Eu sei que hoje foi estressante para você.” Com certeza foi
estressante para mim, ainda mais nos últimos vinte minutos.
“Todo esse problema que você teve.” Seus dentes roçam a

pele sensível ao lado do meu pescoço. “Foi definitivamente um dia
estressante, e você teria sido a surpresa perfeita se as
circunstâncias fossem diferentes.”
“Eu sinto muito.” Preciso parar de dizer isso.
“As ações sempre falam muito mais alto do que as palavras,

não é?” Sua voz é uma sombra que se aproxima. “Por que você não
me mostra o quanto você sente?”
CAPÍTULO 3
ORGASMOS DE ANSIEDADE
DARREN
É uma coisa boa que Charlene não pode ver meu rosto
agora. É difícil não sorrir, por isso a tenho nesta posição. De todos
os relacionamentos que tive, que não são tantos, considerando que
a maioria das mulheres não está animada para assinar um acordo
antes do primeiro encontro, Charlene é sem dúvida minha parceira
sexual favorita. Ela é meu tudo favorito, realmente.
Sua garganta balança enquanto ela, nervosa, engole sob

minha palma. Eu mordo a concha da sua orelha. “O que devo fazer
com você?”
Ela tropeça um passo para frente quando a solto. Charlene

não se vira, não faz perguntas, simplesmente espera por
instruções. Parece que ela está me dando as rédeas esta noite. Eu
mordo meu dedo enquanto considero a infinidade de brinquedos
sexuais e depois Charlene. Ela é realmente linda, com seus longos
cabelos ruivos empilhados no topo de sua cabeça para expor a
linha suave de seu pescoço, ombros delgados jogados para trás, e
aquele rabo de coelho rosa espreitando por entre suas nádegas
é… adoravelmente sexy. Se havia um brinquedo sexual que
poderia encapsular a personalidade de Charlene, é aquele maldito
plug anal.
Charlene é o seguinte: eu sei o que ela quer melhor do que

ela sabe. E com certeza não é aquele maldito vibrador de dragão
mamute parado no meio do chão da sala. Charlene tem uma
imaginação incrivelmente louca e adora ler todos os livros sujos e

obscenos que consegue encontrar.
Ela também acha que quer tentar de tudo, mas às vezes ela
pula de cabeça e então percebe que o que ela pensou, e o que
realmente é, não são as mesmas coisas. Então ela vira para mim
com o mais extremo dos extremos, e eu aprendi com a experiência
e tentativa e erro como alimentar isso, então reduzi tudo até
estarmos em alguns tons de baunilha. Dessa forma, ela não corre
o risco de ter um ataque de pânico total com a possibilidade de eu
tentar algo para o qual ela não está pronta.
Está claro que minhas necessidades eram sua prioridade

quando ela configurou isso hoje, o que me diz mais sobre seu
estado de espírito do que ela imagina. Charlene está preocupada,
assim como eu, com o projeto de expansão. Eu sei que é melhor
não esperar que ela diga isso abertamente, mas sua preocupação
está expressa nas ofertas que nos cercam. O que Charlene não
entende é que minhas necessidades terminam e começam apenas
com ela.
Começando em seu ombro, eu arrasto meu dedo ao longo de

sua pele, seguindo o contorno do colar de pérolas, e lentamente a
circulo.
Seu olhar avelã sobe para encontrar o meu, seus cílios

vibram. Está cheia de necessidade, incerteza e desejo. Minha
preocupação ecoa na separação de seus lábios, em sua respiração
superficial e em seu pequeno zumbido de desejo. Eu quero levá-la
até o limite e segurá-la lá. Quero fazê-la entender que não há fim
para nós, que nunca vou me afastar dela por vontade própria, a
menos que seja isso o que ela quer.
Charlene é como um vaga-lume, e às vezes é assim que a

chamo. Ela é evasiva e, se você a pegar, ela queimará com força,
mas mantê-la presa apaga seu fogo e obscurece sua beleza.
Então eu não a prendo. Não por muito tempo, pelo

menos. Posso gostar de vê-la queimar por mim, mas no final
sempre a liberto. Mais e mais, eu a deixo voar para longe, mesmo
que vá contra todos os meus instintos.
Até agora ela sempre volta. Eu continuo esperando que isso

mude, e espero que não mude. O rascunho da expansão pode ser
uma ameaça potencial para o que temos, e isso me deixa nervoso.
Eu mergulho e pressiono meus lábios nos dela, sacudindo

minha língua para prová-la, mas não deslizando para dentro como
tenho certeza de que ela quer. Seus lábios são como doces, mas
sinto o gosto salgado de sua incerteza, que se espalhou pelas
lágrimas em seu rosto. Charlene tropeça para frente, o peito
encontrando o meu enquanto ela agarra minha camisa.
Eu coloco uma mão em seu quadril para evitar o contato da

cintura para baixo e para ajudar a mantê-la em pé. Ela geme
contra meus lábios, um som doce e carente. Por mais que eu queira
aprofundar esse beijo e fazê-lo durar horas, e eu realmente
gostaria, ela precisa ser cuidada. E eu também.
Afasto-me, acariciando sua bochecha enquanto ela

choraminga seu descontentamento. “Você deve escolher algo de
seu círculo de brinquedos sexuais para que possamos brincar.”
Eu permito que um meio sorriso se forme enquanto eu

arrasto um dedo do centro de sua clavícula, para baixo entre seus
seios, indo mais abaixo para circundar seu umbigo antes de
finalmente mergulhar entre suas coxas. Ela suga uma respiração
trêmula enquanto eu deslizo pelo seu piercing de clitóris, aquele
que ela optou por fazer durante um longo período de jogos fora de
casa. Suas pernas tremem enquanto eu escovo o interior de sua
coxa.
“O que você está esperando?” Eu coloco entre suas pernas.

“Faça uma escolha, pequeno vaga-lume. Ou talvez eu deva chamá-
la de coelhinha, considerando tudo.”
“Mas eu...” Seus olhos rolam enquanto eu arrasto meus

dedos pela sua entrada. Ela está tão molhada. Eu posso me sentir
desmoronando, o estresse deste dia, a possibilidade de perda
potencial é demais para lidar. Preciso me afogar na certeza dela.
“A menos que você prefira que eu faça isso para você.”
Ela exala uma respiração rápida enquanto eu removo minha

mão de entre suas pernas. Agarro seus quadris para mantê-la
firme e olho para a direita. Seus olhos seguem os meus, pousando
na mordaça de bola e disparam de volta para o meu rosto.
Ela levanta o queixo, tão determinada, embora sua voz

vacile. “Eu quero o que você quiser.”
Toco a ponta do seu nariz e sorrio sombriamente. “Acho que

vamos descobrir se isso é verdade ou não, não é?”
***
Duas horas depois, Charlene está esticada ao meu lado, com

a cabeça apoiada no meu peito. Suas unhas bem cuidadas traçam
as depressões em meu abdômen. Quando chega ao meu umbigo,
ela circula, e a sensação envia um arrepio pela minha pele. Ela
achata a palma da mão e alisa todo o caminho para cima, como se
fosse apagar as linhas imaginárias que ela desenha em mim.
“Continue fazendo isso e você vai acordará a besta”, eu

advirto.
Ela levanta a cabeça, descansando o queixo no meu peito,

seus grandes olhos castanhos encontram os meus enquanto ela
arrasta o dedo de volta para o centro do meu peito.
Em algum lugar lá embaixo, um celular vibra em uma

superfície dura.
Eu pego sua mão antes que ela alcance meu umbigo e

enrosco meus dedos nos dela. “Precisamos discutir como lidar com
nossos amigos.” Levo os dedos dela aos meus lábios, beijando as
pontas de cada um para que ela não tome isso como rejeição.
“Vou passar a tarde de amanhã com Violet e as meninas.”
“O que significa que você responderá a perguntas, tenho

certeza.” Eu entendo que pedir aos rapazes para não dizerem nada
exclui seus entes queridos. Charlene é sempre a exceção a todas
as regras, ao que parece. Sei que não é diferente com meus amigos,
daí o motivo pelo qual pedi a Alex para permitir a Charlene uma
chance de falar com Violet, não tenho certeza se era uma exigência
razoável, considerando.
Charlene mastiga a parte de dentro do lábio. “O que devo

dizer a elas?”
“O que você quer dizer a elas?”
Ela levanta um ombro. “Não sei. Quero dizer, não é como se

fôssemos super estranhos ou algo assim. “
Eu luto contra um sorriso. Estamos longe de ser super

estranhos, embora a coleção de brinquedos, roupas e adereços de
Charlene levem alguns a acreditar o contrário. “Então, talvez seja
isso que você dirá a elas.”
“Violet pode ficar chateada.”

“Por quê?” Violet não me parece crítica. Pelo que eu entendi,

ela gosta de vestir o pau do Alex como um super-herói, o que é
estranho pra caralho. Mas Alex também está um pouco fora do
centro, então é isso.
“Porque ela sempre foi aberta comigo, e eu não tenho sido o

mesmo com ela. Eu meio que a deixei tirar suas próprias
conclusões. Deixei que todas as meninas tirassem suas próprias
conclusões, mas agora elas terão todas essas ideias. Uma coisa é
especularem quando não havia evidências para apoiá-lo, mas isso
é diferente. Era divertido mantê-los na dúvida, e nunca imaginei
que me levariam a sério. Agora eles vão querer saber o que
realmente está acontecendo.”
Eu passo meus dedos por sua espinha, apreciando seu

arrepio. “Posso assumir a culpa por todo o sigilo.”
“Eu gosto do sigilo. Eu gostava que o que tínhamos era só

nosso.” Charlene murmura, seus olhos encaram o meu queixo. “Eu
só não quero que Violet se machuque.”
“E você está preocupada com isso?” Eu peço.
“Vai ficar tudo bem. Ela ficará bem”, ela diz, possivelmente
tanto para si mesma quanto para mim.
“Você tem certeza?” Não entendo por que Violet ficaria

magoada, mas ela é uma mulher, e às vezes não entendo suas
reações às coisas. Até Charlene, que consigo ler muito bem na
maioria das vezes, tem reações estranhas de vez em quando.
Ela acena pensativamente. “Quero dizer, acho que a parte

mais estranha é que todas as outras pessoas importantes das
minhas amigas me viram nua. Mas poderia ser pior, certo? Pelo
menos não foi toda a equipe. “
Charlene está se referindo a vez em que Alex e Violet foram

pegos transando no vestiário. Alex foi expulso do jogo por bater em
um jogador do Toronto. O cara o estava provocando, então era um
tanto compreensível. Toda a equipe entrou no vestiário enquanto
uma mulher gritava seu orgasmo. Essa mulher acabou por ser
Violet, agora sua esposa.
Tudo o que vi foram as pernas dela enroladas na cintura

dele.
Nesse caso, todos os nossos amigos mais próximos viram os

mamilos furados de Charlene, então é um pouco diferente, mas
prefiro diminuir a ansiedade dela em vez de piorar, então não
aponto isso. “Felizmente, eram apenas alguns dos caras.”
“O que você dirá a eles?”
Eu levanto um ombro. “Não tenho planos de contar nada a

eles.”
“Mas eles não farão perguntas?”
É minha vez de encolher os ombros. “Eles podem perguntar,

não significa que eu responderei.”
“Mas você não pode não dizer nada a eles.”
Não entendo seu pânico repentino. “Há algo que você quer
que eu diga a eles?”
“Não. Eu não sei… só que… todas aquelas coisas na sala de

estar meio que pintam seu próprio quadro, não é?”
“E isso preocupa você?”
“Eles pensarão que você usa tudo isso em mim.”
“Você é quem que se cercou com aquilo.”

“Era tudo que eu achei que você pudesse estar interessado”,

ela murmura.
“Ah, agora a verdade veio à tona, mas vou manter esse

pequeno detalhe para mim, se é o que você prefere.” Desenrolo
nossas mãos e prendo sua perna sobre meu quadril. “Podemos
discutir os detalhes mais tarde, durante o jantar. No momento,
tenho planos de enchê-la novamente.”
CAPÍTULO 4
AS MULHERES FOFOCAM
CHARLENE
Você já teve um daqueles sonhos que você sabe que não é

real, mas parece que não consegue sair dele? Isso acontece comigo
o tempo todo. Tenho um pesadelo recorrente em que estou
trancada em um trailer e não há saída. O trailer fica cada vez
menor, como se eu fosse Alice no país das maravilhas e eu comi a
fruta errada. Estou crescendo, crescendo, crescendo enquanto
todo o resto está encolhendo, encolhendo, encolhendo.
Eu acordo e imediatamente entro em pânico porque não

consigo me mover. Demoro várias piscadas e alguns segundos para
perceber que não estou no meu quarto, estou no de Darren, e é ele
que me prende. Bem, eu não estou exatamente sob ele, mas ele
está completamente envolvido em mim, o que é... anormal.
Normalmente Darren dorme como o Drácula, de costas com

os braços cruzados sobre o peito, e eu a estrela do mar do outro
lado da cama. Mas não hoje. Hoje estamos de conchinha.
Tento escapar de seu braço, mas ele me aperta. “Oh não,

você não precisa.” Sua voz está rouca em meu ouvido e seus lábios
roçam meu pescoço. “Estou aproveitando ao máximo o fato de você
estar aqui e isso significa que não tenho que me masturbar no
chuveiro.”
“Estou tão feliz por poder ser útil.”

Ele sorri no meu ombro. “As ferramentas são úteis,

Charlene. Você na minha cama esta manhã é um prazer.”
Meu coração palpita com suas palavras e o calor de seus

lábios na minha pele. Essa sensação vibrante ecoa pelo meu corpo
enquanto a palma da mão desliza pelo meu estômago.
“E eu pretendo desfrutar de você como eu faria com a

sobremesa mais saborosa”, ele sussurra em minha orelha antes de
morder o lóbulo.
Quando terminamos, tive mais dois orgasmos, que Darren

alegremente adiciona à sua contagem. Ele literalmente acompanha
meus orgasmos, como se fossem parte de nossas estatísticas
sexuais.
Eu me enrolo ao lado dele, feliz o suficiente para que meu

cérebro e minha boca estejam desligados, então faço uma pergunta
que não tenho certeza se quero uma resposta. “Você descobriu
alguma coisa sobre o projeto de expansão?”
“Só que Alex e Randy estão seguros. O resto fica no ar até

que eles anunciem os outros jogadores que querem segurar.”
“Você acha que será um deles?”
Ele passa os dedos pelo meu cabelo emaranhado. “É difícil

dizer. Aos 34 anos, estou mais perto do fim da minha carreira do
que do início, mas isso não significa necessariamente nada.”
“Porque o dono da equipe de Vegas está de olho em você?”
Darren suspira. “Sim. Espero que ele não jogue fora uma de
suas escolhas comigo, mas se jogar, acho que passo um ano em
Vegas jogando como uma merda para que eles não renovem meu
contrato.”
Não sei se ele me deixou intencionalmente de fora da

equação ou não.
Ele verifica o relógio na mesa de cabeceira. “Porra. Não

percebi que era tão tarde. Eu preciso ir. Tenho treino em meia
hora.”
Lamento trazer o assunto de expansão quando não temos

tempo para realmente falar sobre isso. Ele corre para se vestir e me
dá um beijo rápido nos lábios enquanto enfia a carteira e o telefone
no bolso de trás.
“Seu rosto tem o cheiro da minha buceta!” Eu grito enquanto

ele sai correndo do quarto.
“É minha colônia favorita”, ele responde.
Espero ouvir a porta se fechando, mas, em vez disso, ele volta

subindo as escadas. Darren aparece na porta, com uma expressão
ilegível enquanto joga meu telefone na cama e sobe atrás dele.
“Você tem mil mensagens de Violet. Ela gostaria de saber se você
está sendo mantida em meu calabouço e, em caso afirmativo, se
você tem uma gaiola ou se tem permissão para dormir na minha
cama.” Ele monta em mim, olhos escuros enquanto ele se inclina,
os dedos deslizando do meu cabelo para a minha nuca. Seus lábios
passam sobre os meus. “Sinta-se à vontade para responder como
quiser.”
Espero para ver o que ele fará. Além de algumas escovadas

de lábios e provocações de línguas, não houve muitos beijos na
noite passada. Nossas bocas estavam ocupadas demais com outras
coisas.
Ele chupa meu lábio inferior entre os dele e, em seguida, sua

língua salta para fora, acariciando o céu da minha boca, fazendo-
me estremecer e me debater. Ele se afasta, os olhos procurando
meu rosto enquanto um lado de sua boca se torce em um sorriso
malévolo. “Mude a senha do seu telefone para que não haja

visualização das mensagens, Charlene. A menos que você queira
que eu e o resto do mundo conheçamos o conteúdo de suas
conversas com Violet.”
Com isso Darren me libera. Eu me jogo de volta no colchão

enquanto ele graciosamente rola para fora da cama. Ele para na
porta. “Da próxima vez, vou beijar você por horas antes de deixar
você gozar.”
E com isso, ele desaparece no corredor. Eu cubro minha

boca com a palma da mão e sorrio por trás dela. Não me importo
se nosso relacionamento é estranho; eu não trocaria por todos os
normais do mundo.
Pego meu telefone e digito minha senha. Darren não estava

mentindo. Tenho um milhão e uma de mensagens de
Violet. Metade deles são gifs dos filmes Cinquenta Tons de Cinza. A
maioria deles apresenta Christian Grey seminu, então eu me
distraio com a beleza dele enquanto as examino. Elas pararam da
meia-noite até as 08h da manhã, e então começaram
novamente. As mais recentes são pedidos de prova de vida.
Estou prestes a tirar uma selfie, mas então percebo que

pareço ser uma vítima de sequestro com o quão bagunçado meu
cabelo está, então, em vez disso, procuro na internet por fotos de
masmorras de sexo e envio para ela.
Eu amo Violet, e ela sabe mais sobre mim do que qualquer

outra pessoa neste mundo, exceto talvez minha mãe e, de certa
forma, Darren. Mas depois que minha mãe e eu deixamos o Rancho
quando eu era adolescente, fui ensinada a encobrir detalhes
pessoais. Quanto menos eu compartilhar, mais fácil será manter a
mim e as pessoas ao meu redor protegidas do meu passado. É
parte do motivo pelo qual Darren e eu nos demos tão certo. Nós
dois somos pessoas privadas quando se trata de nosso passado, e
isso o torna seguro de uma forma que muitas outras pessoas não
são.
Quase assim que clico em enviar, meu telefone toca. “Você

sabe que Darren e eu namoramos há dois anos. Acho que você
saberia agora se ele me acorrentasse e me mantivesse em uma
gaiola”, digo a título de saudação.
“Alex disse que a sala parecia um cenário de pornografia

BDSM.”
“Eram apenas alguns brinquedos e um pouco de

lingerie.” Estou minimizando isso, por muito, mas Violet é
propensa a exageros, e aqueles dois são bem baunilha, além das
roupas que ela faz para o pau do Alex, pelo menos.
“Mentiras. Vá lavar o colar de pérolas1 de Darren do seu

peito e coloque sua bunda no carro. Preciso saber exatamente o
quanto você está escondendo de mim, então sei o quanto devo
fingir estar com raiva quando o resto das meninas chegarem. Oh,
e compre um café com leite sem leite no caminho.” Com isso ela
desliga.
Estou aliviada por ela não parecer tão chateada quanto eu

esperava. Tomo um banho rápido, não porque haja sêmen no meu
peito, embora possa haver um pouco no meu cabelo, mas porque
suei muito entre a noite passada e esta manhã, e estou um pouco
dolorida. Eu também cheiro como se tivesse me banhado em
perfume sexual.
Coloco meu vestido de ontem já que minha bolsa com roupas

extras ainda está no carro. Tenho uma ou duas roupas extras no
porta-malas do meu carro o tempo todo. E um kit de fuga de
emergência, apenas no caso. Acho que pode ser uma coisa de EPT
de toda a fuga do Rancho quando eu era adolescente, mas não
1
Como é chamado quando o homem ejacula no pescoço/peito da mulher.
estou disposta a descarregar isso em um terapeuta, então tudo que

posso fazer é formular hipóteses.
Por anos depois de partirmos, minha mãe e eu sempre

tínhamos uma sacola com itens essenciais embalados: três mudas
de roupa, tintura de cabelo, produtos de higiene pessoal, Srta.
Flopsy (vou amar aquela coelha de pelúcia para sempre), cinco mil
dólares em dinheiro, notas obviamente pequenas, um fone de
ouvido e uma nova identificação e alguns outros itens
essenciais. Foi um exagero? Provavelmente. Mas minha mãe não
brincaria com a sorte. Ela está perdendo quase todas as expressões
de rosto que existem. Mas eu ainda a amo.
Estou descendo as escadas quando ouço um código sendo

digitado na porta da frente. Eu congelo na escada. Não pode ser
Darren voltando; ele tem treino. A porta da frente se abre e o
alarme de advertência soa.
“Sr. Westinghouse! É a Gertrude. Estou aqui para cuidar da

casa!”
Solto um suspiro de alívio. Gertrude é a governanta de

Darren há anos. Eu subo o resto da escada em uma corrida leve,
minhas panturrilhas tensas das estranhas, mas divertidas
posições sexuais de ontem à noite. Gertrude aparece no corredor
quando chego ao final da escada.
Agora, aqui está algo interessante sobre meu relacionamento

com Darren: não temos muitas noites do pijama. Ele tem o sono
leve e eu sou uma vacilante, então me sinto mal quando o acordo
com minha rotina de acrobacias no meio da noite, pelo menos essa
é a desculpa que costumo dar a ele.
Quer dizer, eu me sinto mal quando acidentalmente dou

uma cotovelada no rosto dele e, uma vez, dei uma joelhada, mas
dormir ao lado de outra pessoa é tipo... estranho. Você realmente
precisa confiar em alguém, já que ficará inconsciente ao lado dela
por muitas horas seguidas. Acordar do jeito que acordei esta

manhã, com Darren enrolado em mim, me faz sentir vulnerável, e
protegida, o que não faz muito sentido, mas é isso.
“Ei, Trudes!”
Gertrude se assusta e quase deixa cair seu equipamento de

limpeza. “Oh! Senhorita Hoar! Lamento ter-lhe surpreendido!” Ela
olha além de mim, para o topo das escadas. “Posso voltar mais
tarde se for uma hora ruim.”
Eu gostaria que ela apenas me chamasse de Charlene. Ela

sempre se esquece do H no meu sobrenome, Hoar2, fica em silêncio.
“Está bem”, eu suspiro. “Darren está na arena e eu já estou
saindo.”
Ela sorri, parecendo um pouco aliviada. Não acho que ela

goste de limpar quando Darren está em casa. Ele a deixa
nervosa. Ele deixa muitas pessoas nervosas porque é tão quieto e
intenso, às vezes até eu. Mas é o tipo bom de nervoso.
“Vou começar imediatamente então.” Ela se dirige para a

sala de estar. Dois segundos depois, ela grita.
Corro para descobrir o que aconteceu e me encolho. Os

restos da roda da fortuna de brinquedos sexuais pervertidos ainda
estão espalhados pela sala de estar. O dildo de dragão está
majestosamente no meio de tudo isso, bem ao lado da mordaça de
bola e do macacão de látex. Não sei o que estava pensando quando
tirei todas aquelas coisas ontem, a não ser que queria apagar meu
medo e fazer Darren feliz.
Procuro um motivo para todas essas coisas estarem aqui.

“Eu sinto muito! Fizemos uma festa ontem à noite.”
2
Hoar em português significa urrar.
Ela me olha com olhos arregalados e horrorizados.
“Quero dizer com minhas amigas.”
Agora ela parece totalmente perturbada.
“Despedida de solteira”, murmuro. “Foi uma piada. Uma das

minhas amigas vai se casar e nós tivemos uma daquelas festas de
brinquedos sexuais de despedida de solteira, mas a noiva trouxe
todas essas coisas. Louco, certo? Vou guardar tudo para
você.” Coloco minha mão em seu ombro e a afasto do acidente de
trem dos acessórios sexuais. “Você pode começar na cozinha.”
Ela balança a cabeça em silêncio, as pálpebras tremulam

enquanto abana o rosto com o espanador. Tiro uma foto da sala de
estar antes de guardar tudo. Darren tem mais de um baú especial
em seu closet, completo com cadeados, onde guardamos todos os
brinquedos exatamente por esse motivo.
Gertrude está na cozinha com o celular colado ao ouvido,

falando em alemão, por ser sua língua materna. Eu me inclino
casualmente contra o batente da porta, coloco um sorriso gelado e
limpo minha garganta. Ela se assusta de novo e deixa cair o
telefone no chão.
“Oh! Senhorita Hoar! Não sabia que você ainda estava

aqui.” Ela se abaixa para pegar o telefone, diz algo no receptor e
encerra a ligação.
“Estou saindo agora.” Inclino minha cabeça para o lado,

exatamente como Darren faz quando está medindo suas palavras.
“Acho que agora pode ser um bom momento para lembrá-la do
acordo de não divulgação que você assinou e como ele se aplica a
todas as facetas da vida de Darren dentro dessas paredes.”
Seus olhos brilham até que temo que ela não consiga mais
piscar. “Claro, Srta. Hoar. Não vou contar uma palavra sobre sua
festa de sexo para ninguém.”
“Despedida de solteira. Tenha um ótimo dia, Trudes. “
Saio e cambaleio para a garagem, onde meu carro está

estacionado. Eu fico pensando por um momento sobre o que devo
fazer sobre a situação de Trudes.
Eu normalmente não envio mensagens para Darren

diretamente após uma festa do pijama. Nunca quero parecer
pegajosa, então tento esperar até que ele me mande uma
mensagem, mas não é fácil. Na marca das 24 horas, minha
ansiedade fica muito forte, e nenhuma quantidade de pensamento
parece acalmá-la.
Decido que é do interesse de Darren deixá-lo saber o que

Trudes viu esta manhã. Envio a ele a foto da pré-limpeza da sala
de estar, junto com uma mensagem para verificar seu correio de
voz. Em seguida, deixo uma mensagem de voz para ele e o informo
sobre Gertrude, sugerindo que ligue e a lembre do acordo ele
mesmo, porque ele é mais assustador do que eu.
Paro no caminho para a casa de Violet, pego cafés para nós

e peço um sanduíche para o café da manhã, que engulo em menos
de um minuto. Estou sempre com muita fome depois de uma noite
com Darren. É melhor do que um treino de boot camp3, com
certeza.
Eu paro na garagem de Violet e respiro fundo, ciente de que

entrarei em uma conversa que vai ser estranha, especialmente com
Violet.
3
Boot camp – Campo de treinamento.
A porta se abre antes mesmo que eu possa bater. “Demorou

bastante. Você teve que se libertar do elaborado sistema de
restrição de Darren para chegar aqui?”
Eu passo para ela o café com leite sem leite. “Haha. Havia
uma fila na Starbucks.”
Ela verifica o rótulo antes de tomar um gole, já que houve

ocasiões em que fizeram o pedido errado e Violet pagou o preço por
consumir laticínios. Ela arqueia uma sobrancelha para mim sobre
a borda de sua xícara, gemendo seu amor com leite.
“Obrigada por isso. Agora venha aqui e me dê alguns

detalhes.”
Sigo-a pelo corredor até a cozinha, onde uma pilha de sacos

de comida está fechada no balcão. Violet não cozinha, o que é bom
porque ela é horrível nisso. Ela e Alex morreriam de fome se ela
fosse responsável pelas refeições.
Ela se joga em uma cadeira e dá um tapa no balcão. “Então?”
“Então o que?” Não vou tornar isso fácil para ela.
Darren sugeriu que eu contasse às garotas tudo o que bem

entendesse, mas não sei o quanto quero compartilhar. Gosto de
como nosso relacionamento tem sido privado até agora. Darren
definitivamente tem uma presença dominante, então não é difícil
imaginar isso se estendendo além de sua performance no gelo.
“Alex disse que havia uma mordaça de bola, e algumas

coisas estranhas de látex e um consolo gigante fodido, ou plug
anal, ele não tinha certeza desse. Espero que esteja feliz com você
mesma, porque graças a você, Alex passou uma hora em alguma
loja de brinquedos sexuais online e me perguntou cinquenta vezes
se eu queria um conjunto de treinamento anal.” Ela bate no balcão
com as unhas bem cuidadas.
“Você precisará de muito mais do que um conjunto de

treinamento anal para colocar aquele pau na sua bunda”, eu
zombo.
Eu acidentalmente vi o pau ereto do Alex, através da barreira

da cueca samba-canção, mas ainda vi. Foi o suficiente saber que
Violet não está exagerando no tamanho. Darren é bem-dotado,
acima da média nacional com certeza, mas o pau do Alex é
assustador. Não tenho ideia de como Violet anda sem chorar na
maioria dos dias.
“Não me diga.” Violet torce o nariz. “De qualquer forma,

deixando de lado a missão do Alex na Área 51, estou meio chateada
com você. Não acredito que você escondeu isso de mim todo esse
tempo.”
Eu suspiro. É com isso que eu estava preocupada. “Não há

realmente nada para contar.”
“Uh, tenho certeza de que isso é uma mentira com todas as

coisas estranhas que Alex viu. Claramente há muito mais nisso do
que Darren gozando em seu peito e entrando em seu orifício de
acesso negado.”
“Eu prometi a Darren que não diria nada.”
Ela franze a testa. “Mas eu sou sua melhor amiga. Essas

promessas não se aplicam a mim.”
Dou a ela um sorriso de desculpas. Não é justo usar Darren

como um bode expiatório. “Darren é reservado sobre esse tipo de
coisa, e eu também.”
“Mas sempre conversamos sobre coisas de namorados antes

de Darren.”
“Antes de Darren era diferente. Eu não queria arriscar que

ele fosse questionado por ninguém, então...”
“Eu não teria dito nada se você me dissesse para não fazer.”
Dou uma olhada nela. “Nem mesmo Alex?”
Ela começa a falar, mas faz uma careta. “Ok, você tem
razão. Eu provavelmente contaria a Alex porque os maridos se
encaixam no mesmo cone. Alex estava muito assustado na noite
passada. Quero dizer, esses caras são melhores amigos há tanto
tempo quanto você e eu somos melhores amigas, e ele não tinha
ideia de que Darren era um filho da puta pervertido. Achamos que
você poderia ser um pouco diferente, mas não totalmente.”
“Parecia muito mais extremo do que é”, eu digo. “A maior

parte são as coisas que minha mãe me manda de todas as
convenções de dominatrix dela, e a maioria delas eu nem sequer
considerei tentar. Acho que exagerei um pouco ontem.”
“Bem, isso vai tirar toda a diversão da inquisição pervertida.”
“Inquisição pervertida?”
“Sim, as garotas estão pirando com isso. Elas começaram

uma conversa em grupo ontem à noite me perguntando todo tipo
de coisas. Eu não a chamei porque imaginei que você não queria
ser bombardeada com mensagens de texto e provavelmente estava
ocupada com Darren, fazendo qualquer coisa.” Ela vai até a
geladeira e pega algumas garrafas. Ela estende o champanhe.
“Mimosa pré-inquisição?”
“Provavelmente é uma boa ideia.”
“Eu imaginei.”
Ela me entrega um copo e se serve de um pouco de suco de

uva espumante, já que ela e Alex estão ativamente tentando fazê-
la engravidar, e ela não quer beber até ou a menos que
menstrue. Então a campainha toca. Exalo um suspiro
nervoso. Isso provavelmente será desconfortável, mas se eu
consigo lidar com o uso de um plug anal por várias horas, tenho
certeza de que posso lidar com algumas perguntas e dissipar
alguns equívocos.
Sunny, Lily e Poppy aparecem na cozinha um minuto

depois. Isso é estranho multiplicado por um
milhão. Especialmente porque a primeira coisa que sai da minha
boca é: “Desculpe, todos os seus namorados me viram nua ontem.”
“Todos, exceto Lance, me ouviram gozar”, Violet diz, porque

ela é minha melhor amiga e fica feliz em compensar minha
humilhação com a dela.
“Hum, Lance ouviu você gozar, Violet, e o resto de nós

também”, Poppy, a noiva de Lance, diz baixinho.
Seu rosto fica com a cor de seu nome. Ela é tão fofa. É
incrível que alguém tão doce possa acabar com um dos jogadores
mais voláteis da liga, que também era um notório mulherengo,
embora a mídia goste de distorcer as coisas. E pelo que eu sei,
Lance está realmente um pouco quebrado, como eu e Darren
parecemos estar. Sua infância também não foi das melhores.
Violet parece confusa. “Quando?”
“Quando fomos para a cabana nas férias de inverno e você e

Alex fizeram sexo no chuveiro ao ar livre”, Lily responde quando
Poppy não responde imediatamente.
“Ooooh, certo. Lição aprendida com isso, eu acho.”
“E apenas Darren e Miller não me viram nua, então não se

sinta tão mal.” Lily me dá um abraço lateral.
“Espere o que?” Poppy de repente parece que está pronta

para uma rodada. Por mais doce que seja, ela é massagista, então
é forte, e namorar Lance significa que ela tem que ter uma espinha
dorsal de aço. Ela também tem uma personalidade fogosa para

combinar com seu cabelo.
“Foi um acidente. Randy voltou de uma série de jogos fora

de casa, e eu atendi a porta usando um laço como colar. Eu não
sabia que Lance estava com ele até que fosse tarde demais”, Lily
explica.
“E Alex a viu nua quando ela tinha seis anos, então isso
realmente não conta”, Violet acrescenta.
“Oh. Certo.” Isso parece acalmar Poppy.
“Meu seio saltou para fora quando eu estava amamentando

Logan em um churrasco da equipe no verão passado.” Sunny dá
um tapinha em sua pequena barriga. “Mas apenas Miller viu, então
acho que não é a mesma coisa.”
“Mas é nudes, no entanto.” Violet bate palmas. “Ok. Quem

precisa de uma bebida antes da inquisição pervertida?”
“O quê?” Sunny pergunta.
“A inquisição do sexo. Tenho certeza de que todo mundo tem

perguntas para Charlene depois da noite passada. Achei que nada
combinava melhor com perguntas desconfortáveis sobre nossas
vidas sexuais do que bebida! Sunny, comprei champanhe sem
álcool para nós. Basicamente tem gosto de suco de uva com gás,
mas podemos bebê-lo em copos divertidos e fingir que estamos nos
embebedando também.”
Sunny encolhe os ombros. “Não preciso fingir que estou

bêbada, mas gosto de suco de uva com gás.”
Violet serve bebidas a todas, e nós vamos para a sala de

estar. Essa coisa toda me deixa nervosa. Quer dizer, elas são todas
minhas amigas e são todas muito abertas uma com as outras, mas
com todo o foco em mim, eu percebo que elas são abertas,
enquanto eu passei os últimos dois anos falando pouco sobre

minha vida sexual. Eu gostaria que pudéssemos voltar a ser como
era antes de todos os meus segredos serem revelados com o dildo
de plástico em forma de dragão.
Procuro um dos meus doces na bolsa e coloco na

boca. Preciso de toda a calma que puder conseguir. Não me
importa se o doce vai fazer minha mimosa ficar com gosto de
merda.
“Eu tenho uma pergunta.” Lily se deixa cair na cadeira

paralela à minha.
“Oh, aposto que sim.” Violet sorri.
“Randy quer saber onde você compra lingerie.”
Isso parece quebrar um pouco a tensão. “Depende do que

estou comprando, mas posso lhe dar uma lista de lugares.”
“Ou talvez possamos ir juntas”, Lily diz.
Poppy levanta a mão. “Eu gostaria de ir comprar lingerie.”
“Preciso de uma nova lingerie de maternidade. Não acho que

as de antes da gravidez de Logan caberão por muito mais
tempo.” Sunny pisca algumas vezes e depois funga.
Lily e Poppy estão fora de suas cadeiras com lenços e abraços

antes que a primeira lágrima caia.
É mais um minuto de consolo antes que Sunny esteja bem

novamente. “Desculpe”, ela funga. “Já estou mostrando, e acabei
de descobrir que tem um bebê aqui. Não consigo imaginar o quão
grande serei desta vez.”
Lily e Poppy murmuram sua compreensão, embora Lily seja

do tamanho do meu pulso. Poppy tem mais curvas, mas ser capaz
de ver os dedos dos pés não é um problema, e provavelmente não
será por um tempo ainda. Pelo menos eu não acho que ela vai pular
no trem do bebê, mas quem sabe?
Darren e eu nunca conversamos sobre crianças. Ele segurou

Logan quando ele nasceu por tipo, um minuto e meio ou algo
assim. Ele parece não ter nada contra filhos, mas nunca
mencionou que os quer. Pessoalmente, estou em cima do muro,
principalmente porque minha infância foi seriamente fodida, e eu
me preocupo, não importa o que faça, de que bagunçarei meu
próprio filho por padrão.
Darren cresceu em uma casa muito rígida, com muitas

regras sobre o que constituía um comportamento aceitável, o que
pode explicar o quão reservado ele é e sua presença às vezes
autoritária dentro e fora do quarto.
O mini colapso de Sunny parece ter mudado o assunto da

minha vida sexual não convencional. Por alguns minutos, pelo
menos.
“Assim que as eliminatórias acabarem, devemos planejar

uma viagem para a casa de campo”, Violet diz.
“Isso seria tão bom! Eu quero que eles se saiam bem, mas
seria bom se terminassem antes de junho, para que eles fiquem
um pouco mais fora de temporada e Miller possa passar mais
tempo com Logan”, Sunny concorda Sunny.
“Podemos transformar isso em uma festa de aniversário de

Charlene ou algo assim!” Violet agita as mãos com entusiasmo e
quase derruba seu espumante suco de uva.
“Não havia um milhão de moscas negras lá no final de

maio?” Eu pergunto.
Depois que deixamos o Rancho, minha mãe e eu nunca

fizemos uma grande algazarra sobre aniversários.
“Tudo bem”, Violet diz. “Fazemos a festa aqui e planejamos

um fim de semana na cabana para o final de junho.”
Descarto essa ideia. “Eu não preciso de uma festa.”
“Foi o que você disse ano passado. Você está fará vinte e seis
anos. É seu aniversário de champanhe, então precisamos fazer
algo divertido.” Violet salta, fazendo seus seios balançarem e
minha mimosa espirrar perigosamente. “Deve ser temático! Todas
nós podemos usar polainas de couro!”
“Você poderia ser mais clichê?” Reviro meus olhos. “Só para
deixar claro, Darren não possui amigos.”
“Ele tem apenas uma mordaça de bola e uma máscara sem

orifícios para os olhos, de acordo com Alex.”
E estamos de volta à minha vida sexual. Eu sabia que estava

escapando muito fácil.
Pergunto-me se Darren está passando por esse tipo de coisa

hoje. Duvido seriamente que seja pior do que o que estou
recebendo, já que não acho que seus amigos o forçarão, mas terei
que perguntar quando falar com ele da próxima vez. Também não
tenho certeza de quando será. A mensagem que enviei sobre
Gertrude foi bastante direta e não requer necessariamente uma
resposta. Talvez eu devesse ter formulado de forma diferente.
Sunny levanta a mão, como se ainda estivéssemos no ensino

médio e ela estivesse esperando sua vez de falar. “Uma máscara
sem buraco para os olhos não seria perigosa? Você não seria capaz
de ver para onde está indo.” Seus olhos se arregalam e ela olha ao
redor da sala. “E o que é uma mordaça de bola?”
Sinceramente, adoro que Sunny tenha crescido em uma

sociedade altamente informada e ainda consiga ser inocente. Eu
era mais ou menos assim, pelo menos até deixarmos o
Rancho. Então, passei de felizmente inocente a excepcionalmente

bem-informada em um período muito curto de tempo. A internet,
embora útil para encontrar informações, também não é o melhor
lugar para aprender coisas como sexo. Foi uma transição difícil.
“Sim, Char, uma máscara sem olho mágico não seria

perigosa?” Violet apoia o punho no queixo e sorri. “E, por favor,
explique o que é uma mordaça de bola.”
“Não tenho certeza se você realmente quer uma resposta

para isso, Sunny.” Poppy me lança um olhar que não consigo
decifrar.
Sunny enrola o cabelo no dedo. “Por que não?”
“Onde está o mal em um pouco de educação sexual de

escravidão? Não é como se Miller fosse sair e comprar qualquer um
dos itens para ela. Em primeiro lugar, Alex o mataria e, em
segundo lugar, não acho que isso seja coisa de Miller.”
O rosto de Sunny se ilumina e ela faz brinca com as mãos.

“Oh! Acho que sei o que é o estilo de Miller!”
Lily sorri. “Comer o seu biscoito?”
“Ele realmente gosta de fazer isso, muito. Quando minha

barriga ficar muito grande, terei que assistir no espelho.” Ela tem
uma expressão distante nos olhos. “Mas ele tem outra coisa! Tipo
como você e Randy estão sempre transando em banheiros, exceto
que eu acho que é um pouco mais higiênico.”
“E não causa milhares de dólares em danos”, Violet

acrescenta.
Lily joga as mãos para o ar. “Aquela pia já estava caindo da

parede. Não é minha culpa que quebrou!”
“Esse foi um orgasmo caro”, eu digo.

“E Randy diz que valeu cada centavo.” O sorriso de Lily é

tortuoso quando ela morde os nós dos dedos e se vira para Sunny.
“De qualquer forma, voltando ao negócio de Miller.”
Sunny se mexe animadamente em sua cadeira. “Então Miller

pinta minhas unhas dos pés para mim.”
“O negócio de Miller é pintar as unhas dos pés?”
“Sim. Bem, não. Eu acho que ele gosta dos meus pés.” Seus
dedos vão para os lábios e ela olha ao redor da sala, suas
bochechas corando.
“O que foi agora?” Violet pergunta.
“Às vezes ele os beija.” Ela cobre a boca com a palma da mão
e diz algo ininteligível.
Violet se inclina para frente em sua cadeira. “Espere um

segundo, Buck tem fetiche por pés?”
“Hum, eu não sei.” Sunny parece preocupada agora. “Isso é

estranho? É, tipo, estranho como a máscara sem olho mágico?”
Eu cavo meus dedos na panturrilha de Violet, um aviso para

ela manter a boca fechada. “Não, Sunny. Não é estranho. Muita
gente gosta de pés.”
“Todas as nossas terminações nervosas estão em nossos

pés”, Sunny diz com naturalidade.
“Isso é realmente verdade”, Poppy confirma. “Fiz um curso

de massagem nos pés.”
“Miller dá as melhores massagens nos pés! De qualquer

forma, ele não disse nada sobre o que aconteceu ontem a não ser
que viu seus seios e algumas coisas que não deveria, então quero
ouvir mais sobre isso, especialmente a máscara facial e a mordaça
de bola. Quem mais quer saber o que são?” Ela levanta a mão
novamente e olha em volta, esperando que todos levantem a mão

também.
“Eu sou a única que não sabe o que é isso?” Sunny diz com
a testa franzida.
“Está tudo bem não saber”, digo a ela.
“Mas todas vocês sabem.” Sunny se senta um pouco mais

ereta e joga o cabelo por cima do ombro. “Eu também quero saber.”
Olho para Poppy e Lily, que dão de ombros. Elas passam

mais tempo com Sunny do que comigo. Elas saberiam o que
poderia potencialmente perturbá-la, o que não é algo que eu queira
fazer com uma mulher grávida, especialmente não com uma tão
sensível e obviamente ingênua como ela. Estou quase triste por
tirar esse pedacinho de inocência dela. “Eu acho que uma mordaça
de bola é exatamente o que parece. É uma bola de borracha que
encaixa na sua boca.”
Sunny parece horrorizada. “Não é perigoso? Você pode

sufocar!”
Deus, eu a amo. “Ela tem tiras presas, para que você possa
prendê-la na parte de trás da cabeça”, Lily explica.
Sunny pisca algumas vezes. “Por que você colocaria uma

bola de borracha na cara? Eu não entendo.”
“Talvez uma foto ajudasse.” Violet faz uma busca rápida em

seu telefone, mas eu o pego antes que ela possa mostrar a imagem
a Sunny. Eu gostaria que fosse a imagem de mordaça de bola com
o menor potencial surpreendente que existe, o que parece um
dúbio. Eu encontro uma que não parece muito horrível e mostro-a
para Poppy primeiro. Seus olhos brilham, mas ela inclina a cabeça
para Lily.
Passo o telefone para Lily, que sorri. “Acho que minha

pergunta é: quem a usa? Você ou Darren?”
Sunny joga as mãos para o alto. “Alguém vai me mostrar o

que é!”
Lily estende o telefone para Sunny. “Lembre-se de manter a

mente aberta.”
Sunny observa a pequena imagem na tela. Ela franze a testa

e a aproxima de seu rosto. Ela torce o cabelo furiosamente em volta
do dedo até que corre o risco de dar um nó ou arrancar a mecha
inteira. “Não seria difícil falar?”
Lily tosse. “Acho que é esse o ponto.”
Sunny olha do telefone para mim e de volta para o telefone.

“Mas... porque?”
“Para que ninguém possa ouvi-la gritar.” O sorriso de Violet

é mau.
“Não seja uma idiota!” Eu pulo. “É uma questão de confiança

e intensificação da experiência. Quando você remove a capacidade
de se comunicar por meio de palavras, seu parceiro precisa ser
capaz de ler seu corpo e suas reações. Assim como se você remover
a visão, aumenta o tato, o cheiro e o paladar. Você se concentra em
sentir e estar no momento.” Estou mexendo nas minhas pérolas,
nervosa com a maneira como todas estão olhando para mim, talvez
me julgando, me vendo de forma diferente. “Não que eu tenha
experiência pessoal ou algo assim.”
“Espere, o que você quer dizer com não tem experiência? Isso
significa que Darren é quem usa a mordaça de bola?” Os olhos de
Violet se iluminam.
Eu bufo. “Seria mais fácil um porco-espinho vestir uma

camiseta.”
“Então, o que você faz com ele se não a usa?” Lily parece
estar interessada em tirar a mordaça de bola das minhas mãos.
Não quero explicar de onde veio tudo, mas meio que me

encurralei em um canto. Quer dizer, algumas das coisas eu
comprei para mim, mas a maioria veio na forma de presentes, não
de Darren. Violet e Darren sabem sobre a carreira pouco
convencional da minha mãe, mas geralmente não transmito que
ela é uma Dominatrix. Normalmente digo que ela está na indústria
do entretenimento, o que é categoricamente verdade.
Eu nunca usei aquela mordaça de bola. Foi um dos

presentes da minha mãe que acabou na minha pilha de Isto parece
interessante nos saltos de uma leitura super-obscena. Sempre soa
tão quente nos livros, mas quando experimentei, não gostei do
gosto da borracha, e era estranho. Além disso, não gosto de não
poder falar. E eu não conseguia parar de babar, o que não era sexy,
então foi parar na minha caixa de brinquedos do não, obrigado. É
uma grande caixa.
“Usamos algumas coisas.”
“Como a máscara sem buracos para os olhos?” Sunny

pergunta.
“Bem, não, também não.”
“Espere um maldito minuto!” Violet dá um tapa no braço do

sofá. “Isso significa que Darren não tem acesso à Área 51?”
“Oh, ele definitivamente tem acesso à Área 51, mas eu

entendo porque você não quer Alex lá.”
“Não é tão assustador. Você só precisa se preparar para

isso”, Lily diz.
“Segure a porra do telefone, você deixou Balls e seu pau

gigante entrarem na sua porta dos fundos? Como isso
aconteceu?” Violet parece chocada.
“Muita paciência e lubrificante”, eu respondo.
Lily sorri. “Exatamente. Como você acha que o banheiro do

hotel foi destruído?”
“Acho que sabemos o valor que Balls atribui ao anal”, Violet

diz. “Tudo bem, minha bunda está apertando só de falar sobre
isso. Vamos em frente, vamos? Você sabe o que estou curiosa?” Ela
olha para mim. “Esse colar que você sempre usa.”
Passo os dedos em minhas pérolas. “Este?”
“Por um tempo pensei que talvez fosse uma coleira e Darren

fosse seu Dom ou algo assim.”
Eu reviro meus olhos. “Isso só porque fizemos uma maratona

de leitura BDSM em nosso clube do livro.”
“Qual é o significado, então?” Violet pergunta.
“Comprei-o há muito tempo, quando era adolescente, e o

usei até quebrar. Eu o amava tanto que o colocava em uma
bolsinha e o carregava comigo o tempo todo.” O que tenho certeza
de que parece bobo, mas ele foi a primeira coisa que comprei depois
que deixamos o Rancho. Eu o encontrei em um brechó e me
apaixonei por ele.
“De qualquer forma”, eu continuo. “Um dia Darren o

encontrou e mandou concertá-lo para mim, e estou usando-o
desde então.”
“Oh, huh. Eu transformei isso em algo muito maior do que

era.” Violet parece um pouco desapontada.
Fico aliviada quando ninguém traz a conversa de volta à roda

dos brinquedos sexuais. Talvez fosse o mistério e o sigilo do que
Darren e eu fazemos ou não fazemos no quarto que tornava tudo
mais intrigante do que realmente é.
Os telefones começam a tocar no meio da tarde, sinalizando

o fim do treino. Poppy verifica suas mensagens, uma carranca
puxa sua boca. “Todo esse projeto de expansão é uma loucura.”
“É mesmo”, Sunny concorda.
“Entre isso e os playoffs, Randy está super estressado.”
“Pelo menos ele está seguro, no entanto”, Poppy diz. “Ainda

estou tentando descobrir as coisas, e fazer Lance explicar é
enlouquecedor.”
“O que você quer dizer?” Violet pergunta.
“Não entendo como funciona.”
“Bem, todos os times da liga podem manter nove jogadores

protegidos do draft. Jogadores com cláusulas de proibição de
negociação não podem ser escolhidos pelo Vegas, então Alex e
Randy estão automaticamente seguros. Isso deixa a equipe com
sete jogadores adicionais que eles podem manter em
segurança.” Violet coloca uma uva na boca e a empurra para o
lado, fazendo um caroço na bochecha. “Não há como eles deixarem
Lance ir.”
“Você não pode ter certeza disso, já que ele não tem uma
cláusula de proibição de negociação.” A ansiedade de Poppy é
obviamente compartilhada coletivamente.
“De uma perspectiva de números puros, faz sentido, certo,

Char?” Violet olha para mim e eu aceno.
Como contadora e gerente de portfólio financeiro dos

jogadores da NHL, sabemos não apenas quanto dinheiro eles
ganham e como investi-lo, mas também tendências, estatísticas e
viabilidade do jogador. Precisamos ser capazes de olhar para a
trajetória e o desempenho da carreira para ajudar a definir metas
financeiras inteligentes de curto e longo prazo.
E sou obcecada por hóquei desde que assisti meu primeiro

jogo, então eu sei muito sobre isso.
“Você pode explicar isso? Porque Lance está meio que

pirando muito com essa coisa toda. Acho que ele está preocupado
em ser transferido para Las Vegas e terá que começar tudo
novamente.”
Eu bato no braço da minha cadeira. “Não posso prometer

que estou certa, mas com base nas estatísticas de Lance nos
últimos dois anos, é provável que ele esteja seguro. Ele é muito
valioso para a equipe deixá-lo ir. O mesmo acontece com
Miller. Eles são a melhor defesa do time. Eles não arriscarão
nenhum deles.”
“Você acha?” Sunny enrola o cabelo no dedo.
“Logicamente, sim. Quando você considera os pontos, a

idade, a dinâmica do time e todas essas outras coisas, faz sentido
mantê-los seguros.”
“E quanto a Darren? Ele tem que estar seguro então, certo?”
Toco minhas pérolas e encolho os ombros. “Eu não sei. Pode

ser que sim.” Eu revi as estatísticas de Darren incessantemente
desde que anunciaram a convocação da expansão, e a conclusão a
que cheguei não é boa; apesar de sua idade, suas estatísticas
melhoraram nas últimas duas temporadas, ao invés de diminuir.
“Mas ele tem sido o braço direito de Alex por anos. Eles não
podem negociá-lo”, Lily diz.
“Quem vai nos levar para comprar lingerie se você se mudar

para Las Vegas?” Violet brinca, mas sua expressão reflete minha
própria preocupação.
Não tenho ideia do que acontecerá comigo e Darren se ele foi

negociado, e nossa breve conversa esta manhã me deixou com mais
perguntas do que respostas.
Além disso, Violet tem sido minha única constante desde o

primeiro ano da faculdade. A ideia de abandonar a estabilidade do
meu emprego, minha melhor amiga, e minha independência é
assustadora. Além disso, nem sei se Darren gostaria que eu fosse
com ele. Não temos o mesmo tipo de relacionamento que o resto de
nossos amigos.
Eu sou independente e ele também. Tenho minha casinha e

ele tem sua casa grande. Inferno, nós nem conhecemos os pais um
do outro. Até agora não era algo com que me preocupei.
Com o projeto de expansão se aproximando e a possibilidade

de Darren ser negociado, sinto-me insegura sobre tudo. Não quero
perdê-lo, mas também não quero perder mais ninguém, nem meu
emprego e minha independência. Tem sido fácil até agora e de
repente não é mais.
Até Poppy, a mais nova adição ao nosso grupo, sabe que não
importa o que aconteça, ela irá para onde Lance for. Está presa ao
diamante que ela usa no dedo anelar. Lily e Randy podem não
seguir o caminho do casamento e dos bebês, mas moram juntos
também e têm um cachorro, o que é quase como ter um filho. Tudo
que tenho é o colar de pérolas que Darren tinha consertou para
mim, e nenhuma certeza real de que ele gostaria que eu fosse com
ele. Ou se eu seria capaz de deixar todas as outras pessoas que
amo para trás por ele.
***
Sinto-me desequilibrada quando chego em casa, apática e
insegura. Enquanto todas as outras garotas receberam mensagens
de seus namorados ou maridos esta tarde, eu tive o silêncio de
Darren. Normalmente não seria um problema, mas com o que
aconteceu ontem à noite e a discussão sobre a convocação de
expansão, estou me sentindo menos do que segura, o que não é
parecido comigo.
A razão pela qual Darren e eu nos damos tão bem é em parte

porque ele nunca me pressionou para levar a sério. Ele parece
contente em continuar fazendo o que estamos fazendo. O que está
bom para mim, ou pelo menos estava.
Largo minha bolsa no balcão da cozinha e passo a mão no

rosto. Eu preciso de algo doce. Bem, o que eu realmente preciso é
de Darren e um orgasmo. Mas desde que o vi ontem à noite, essa
não é uma opção, a menos que eu queira parecer pegajosa, que é
algo que me orgulho de não ser, então terei que me contentar com
chocolate quente.
Encho esquento meu leite, porque não estragarei um bom

chocolate quente usando água fervida, e pego uma das latas
gourmet que minha mãe gosta de me mandar. Todo mês eu recebo
um pacote de cuidados dela. Principalmente são coisas tipo ervas
e chás, velas e cremes para uma juventude sem fim, mas ela
também gosta de me enviar qualquer brinquedo sexual novo que
encontrou em qualquer conferência Dominatrix que compareceu
recentemente. Ela tem boas intenções, mas é estranho.
Verifico a lata com os doces que minha mãe me enviou e

franzo a testa. Meu suprimento está diminuindo, o que é outra
coisa com que se preocupar. Não estive tão ansiosa desde
que... bem, desde que deixamos o Rancho. Eu bato no balcão,
esperando o leite espumar. Eu poderia tentar me dar um orgasmo

para aliviar a tensão, mas não tenho certeza se isso será útil.
Acabei de colocar o leite espumoso na minha caneca quando

meu telefone vibra no balcão. Eu o pego, mas meu sorriso
desaparece quando mamãe pisca na tela. Sinto-me mal por estar
desapontada, mas esperava que Darren pudesse me ligar. Eu
coloco um alfinete na minha decepção porque é bom falar com
minha mãe. Ela se mantém ocupada, então às vezes é difícil
encontrar tempo para se atualizar.
“Oi mãe.”
“Char-char, como está minha garotinha?”
“Eu estou bem.” Encaixo o telefone no ombro, jogo um

punhado de marshmallows no meu chocolate quente e vou para a
sala de estar. “Como você está?”
“Fantástica. Simplesmente maravilhosa! Não posso falar

muito porque estou entre clientes, mas queria que você soubesse
que estarei na cidade na próxima semana.”
Sento-me ereta, dedos de inquietação percorrem minha

espinha e deslizam para baixo. É uma sensação muito
desconfortável, especialmente quando estou conversando com
minha mãe. “Em Chicago? Quando?”
“Provavelmente no final da semana. Em breve saberei mais,

mas quero passar um tempinho com você! Não vejo meu bebê há
quase um ano e estou com saudades. Oh! E eu tenho algumas
coisas novas e divertidas para você também! Presentes de
aniversário antecipado e tal. Você vai estar por perto? Sei que às
vezes você viaja a trabalho.”
Eu seguro meu suspiro de alívio. Darren sairá para os dois

primeiros jogos fora dos playoffs em alguns dias, então não preciso
me preocupar com minha mãe estar na cidade ao mesmo tempo

que ele. Até agora, tive a sorte de que suas visitas raras tenham
coincidido bem com seus jogos fora de casa.
Além disso, na verdade não viajo a trabalho, mas às vezes

vou a jogos fora de casa com a Violet nos fins de semana ou
podemos tirar um dia de folga, especialmente nos longos períodos,
quando os caras estão fora por mais de uma semana. É bom
romper um pouco a separação. Eu não falo com minha mãe sobre
relacionamentos, já que ela é muito contra eles. Ela não teve um
namorado de verdade desde que deixamos o Rancho, e isso foi há
mais de uma década.
“Isso seria bom. O que há em Chicago, além de mim?” Minha

mãe não veio apenas para me visitar. Não é que ela não me ame,
ela ama, mas a vida dela é... estranha. Ela não fica no mesmo lugar
por muito tempo, circula pelo país e se recusa a criar raízes. Ela
não foi projetada para ser mãe, algo que aprendi quando deixamos
o Rancho. Ela é muito boa em algumas coisas: fugir, fazer doces e
ser uma Dominatrix de carreira.
“Tenho uma conferência de trabalho. Deve ser muito

divertido. Oh! Meu cliente das 17h está aqui! Ligo para você
quando estiver na cidade.”
“Ok. Ah, e mamãe?”
“Sim, Char-char?”
“Você pode me trazer mais doces? Estão quase acabando.”
“Claro, querida. Vou levar muitos.”
Termino a chamada e caio de volta no sofá. É quase hora do

jantar, mas não estou com vontade de fazer nada. Eu me pergunto
o que Darren está fazendo agora. Pela primeira vez na vida,
considero como seria ter alguém para voltar para casa, como
gostaria de me enrolar naquela cadeira de leitura na sala de estar

de Darren e esperar que ele passasse pela porta.
Às vezes acho que seria bom ser menos independente e não

ter tanto medo de ficar preso no jarro de alguém.
CAPÍTULO 5
A INQUISIÇÃO NA SAUNA
DARREN
O treino é tenso, como esperado. Sigo Alex até a sauna e caio

no banco. Metade do time está aqui, e a maioria deles está falando
sobre o próximo jogo dos playoffs contra o Nashville. Não saber
quem está seguro e quem não está só aumenta o estresse.
Depois de um tempo, a sauna fica vazia até que somos eu,

Alex, Miller, Randy, Lance e Rookie.
“Então...” Rookie dá um tapa em suas coxas nuas. “Você e

sua garota são loucos, hein?”
Claro que é ele quem inicia a conversa.
Encolho os ombros. “Acho que depende da sua definição de

louco.”
“O que quer que faça seu barco flutuar, certo?” Miller olha
nervosamente para Lance quando ele zomba.
Não conheço toda a sua história, apenas fragmentos do

tempo que passei com ele. Mas com base em seu comportamento
anterior no gelo, sua tendência para brigas, seus ocasionais
colapsos destrutivos e sua antiga reputação com as mulheres,
posso dar um chute no escuro.
Eu me pergunto se a habilidade de ver as peças quebradas

em outras pessoas é um sexto sentido que somente outras pessoas
danificadas têm conhecimento. Como eu e Charlene. Às vezes, as

almas mais quebradas se encontram, como se suas peças perdidas
existissem em outra pessoa. Não importa a forma do abuso. Os
buracos que ele deixa na psique também fraturam a
alma. Provavelmente explica em parte minha atração instantânea
por Charlene. Ela é protegida e aberta ao mesmo tempo. Posso
querer mais dela, mas não correrei o risco de forçá-la longe demais
e perdê-la totalmente.
“Contanto que vocês dois estejam nisso, é legal,

certo? Adultos consentindo e tudo mais.” Randy passa os dedos
pela barba pensativamente. “Você compra lingerie para Charlene,
ou ela faz as compras?”
Tento não imaginar todas as rendas, cetim e couro que

deixamos na sala ontem à noite. “Eu compro as de renda, ela
compra as de couro.”
As sobrancelhas de Randy saltam. “Quem está no controle?”
“Quem está no controle do seu quarto ou banheiro, por

assim dizer?”
Randy esfrega o lábio inferior. “Nós dois?”
“Por que você acha que é diferente para mim e Charlene?”
“Bom ponto.”
“Eu preciso ir para casa”, Lance resmunga e se levanta do

banco. A enorme tatuagem da cruz em suas costas se move quando
ele abre a porta e desaparece por ela.
“Ele vai ficar bem?” Eu pergunto.
Miller passa a mão na cabeça raspada e bate na têmpora.

“Acho que ele tem algumas ideias confusas sobre o que está
acontecendo entre você e Char.” Então se vira para Randy. “Vou

para casa com ele.”
“Você se importa se eu for com você?” Rookie pergunta.
“Se você quiser, com certeza.” Miller dá de ombros.
“Você acha que eu preciso falar com Lance?” Pergunto

enquanto Miller e Rookie se levantam para sair.
Este é exatamente o motivo pelo qual gosto da minha

privacidade, porque as pessoas tendem a tirar conclusões
precipitadas. E, frequentemente, estão errados.
“Ele virá até você quando estiver pronto”, Randy diz. “Espero
que qualquer conversa que as meninas tenham hoje seja
retransmitida por Poppy e ele relaxe um pouco.”
“Se isso é o que você acha que é melhor.”
Miller e Rookie decolam, deixando-nos três.
“Então, eu tenho uma pergunta.” O joelho de Alex está indo

a mil por hora.
“Manda.”
“O que exatamente você e Charlene tem?”
“Não entendi a pergunta.”
Alex revira os ombros. “Tipo, este é um relacionamento real

ou é contratual?”
“Contratual?”
“Como aqueles livros que todos leram, você sabe, eles

transformaram alguns deles em filmes, e aquelas garotas assistem
à merda toda vez que um novo é lançado, e então Violet quer…” Ele
faz uma pausa, talvez percebendo que não somos apenas nós dois
aqui, e ele provavelmente deve se segurar. “Enfim, no começo a

menina assina todos esses papéis sobre o que ela vai e o que não
vai fazer. É assim?”
“Não, Alex. Não é desse jeito.”
“Então, como é?” Posso ver o desafio em seus olhos, e talvez

um pouco de desconfiança, porque não fui franco com ele sobre
isso e somos amigos há muito tempo. Mas explicar como é
realmente expõe Charlene, e não estou disposto a fazer isso, porque
pode comprometer o que temos.
“É uma relação real. Não há contrato, e tudo o que você

pensa que está acontecendo, não está.” Eu reconsidero isso, já que
Alex e Vi são bastante restritos, além do sexo no vestiário e dos
jogos de vestir o pau dele. “Bem, provavelmente acontece, mas não
da maneira que você pensa.”
“Eu não estou julgando. Estou tentando entender o que é

isso. Quer dizer, você e Char estão juntos há quase tanto tempo
quanto eu e Vi, e tudo parece bem casual. Qual é o seu plano se
você for negociado, para o Vegas ou outro time?”
Esta é a pergunta exata que está me consumindo desde que

a convocação da expansão foi anunciada. Dou de ombros, porque
não tenho respostas para isso. “Acho que terei que esperar para
ver o que acontece.”
Eu quero que isso acabe? Não. Não mesmo. Eu gostaria que

ela viesse comigo se eu fosse negociado, sim e não. Egoisticamente,
quero mantê-la, mas isso é razoável? Eu não sei. Posso dar a ela o
que ela precisa fisicamente, mas não tenho certeza se sou capaz de
fornecer mais do que isso, ou se ela me deixará tentar.
É justo para mim afastá-la de tudo o que conhece, de todos

com quem se preocupa e mantê-la só para mim? Eu conheço
Charlene, talvez melhor do que ela se conhece. Se a levasse comigo,
eu seria tudo para ela, e ela deixou bem claro que não é o que ela
quer. E eu respeito isso.
Sua infância foi ruim o suficiente para que sua mãe a levasse
e corresse em busca de uma vida melhor, e Charlene se fecha toda
vez que tento falar com ela sobre isso, o que, admito, não tem
acontecido com frequência. Na maioria das vezes é o suficiente eu
saber que ela está quebrada. Mas às vezes eu quero saber o quão
próximo nossas peças quebradas são.
A testa de Alex franze. “Você nunca falou sobre isso?”
“Sobre o que?” Pergunto.
“O futuro, idiota. Seu futuro com Charlene.”
“Ela não gosta de ser amarrada.”
“Uhhh... não estamos falando da sua vida sexual,

Westinghouse.” Randy bufa.
Eu lanço um olhar para ele. “Eu não estou falando sobre

minha vida sexual. Charlene é... complexa.”
“Ela é mulher; é claro que ela é complexa”, Randy diz.
“Você acha que eu deveria falar com ela sobre o

futuro?” Olho entre Alex e Randy, que são mais de meia década
mais novos do que eu, mas ainda assim conseguem ter um controle
melhor sobre os relacionamentos.
“Provavelmente? Eu tenho dificuldade em acreditar que ela

está saindo por aí apenas pelos orgasmos, cara”, Randy diz.
Nós tomamos banho. O vestiário está vazio, todos os outros

já se foram. Penso no que está esperando por mim em casa, que é
absolutamente nada, e como estarei longe em breve e não poderei
ver Charlene.
Normalmente, depois que Charlene passa a noite na minha

casa, ela desaparece por um ou dois dias, dependendo de como foi
a noite e se eu me levantei ou não no seu espaço pessoal como fiz
ontem à noite com a conchinha acidental. Não gosto do espaço,
mas também entendo que às vezes ela precisa. Ficar na minha casa
a deixa nervosa. Não tenho certeza do porquê, mas sinto que é
porque ela se sente presa, como um vaga-lume em uma jarra.
Sempre que vem para ver jogos fora de casa, eu espero pelo
menos um dia de silêncio para cada noite que dormimos na mesma
cama. É uma merda de uma tortura, mas não sou a pessoa mais
fácil de se estar, então geralmente aceito o que ela está disposta a
dar.
É um bom equilíbrio com Charlene, mas com tudo o que está

acontecendo, não sinto vontade de estar na linha. Mesmo que isso
a deixe desconfortável, eu quero empurrar, e honestamente, não
importa se eu fizer isso, porque não estarei aqui para as
consequências de qualquer maneira. Quando eu voltar dos jogos
fora de casa, ela deve estar bem novamente.
Abro meu armário e encontro minha cueca boxer. Olho em

volta e noto que Alex e Randy estão com seus telefones nas mãos,
e eles estão estranhamente tentando mandar uma mensagem e se
vestir ao mesmo tempo.
Percorro meus alertas, não há muitos, já que meu pessoal

está todo aqui, exceto Charlene. Eu congelo quando vejo que tenho
mensagens de texto e uma mensagem de voz dela. Isso nunca
aconteceu antes. Nunca.
Faz menos de doze horas desde que a deixei em minha

cama. E que ela enviou uma mensagem logo depois, nunca
aconteceu. Eu luto contra o pânico inicial de que algo ruim
aconteceu e verifico a mensagem.
A mensagem desta manhã é uma imagem da roda de

brinquedos sexuais na sala de estar e pede que eu escute meu
correio de voz. Outra chegou há uma hora perguntando como foi o
treino. Não consigo decidir se isso é bom ou ruim, porque é muito
atípico.
“Cara, você está bem?” Alex pergunta. “Parece que você vai
vomitar.”
“Charlene me enviou uma mensagem.”
“Aconteceu alguma coisa?”
“Eu não sei.” Escuto a mensagem de voz, aliviado por ser

apenas sobre Gertrude. Posso lidar com isso, mas mensagens de
Charlene horas depois de termos uma noite juntos, sim... é
diferente. Não posso explicar isso sem ser estranho para Alex e
Randy. O que me faz questionar o quão fodida é minha própria
percepção dos relacionamentos, e se estive prestando um
desserviço a Charlene todo esse tempo.
Eu me importo com ela. Sobre ela. E não quero ficar sem

ela. Mas não tenho ideia se ela se sente da mesma maneira, e isso
está me deixando fora de equilíbrio. Como se estivesse em uma
montanha-russa depois de beber uma garrafa de uísque.
Eu envio a ela uma resposta:
O treino foi bom. Por favor, me deixe saber se você está

bem.
“Apenas vá vê-la se você está tão preocupado”, Alex diz

quando ela não responde quinze segundos depois.
“Ir vê-la?”
Ele faz uma careta, a mesma que faz quando um dos nossos
companheiros faz uma jogada ruim. “Sim. Tipo, se ela dissesse que
precisaria de você agora, você largaria tudo e iria embora, certo?”
“Bem, sim.”
“Então vá.”
“Mas ela não me enviou mensagens porque precisa de mim.”
Alex exala uma respiração lenta. “Olha, cara, ela não dirá
isso abertamente. Ela está enviando mensagens e ligando quando
normalmente não envia mensagens ou liga?”
“Bem, sim.”
“Então ela está pedindo que você esteja lá quando ela precisa
de você.”
“Mas ela não me pediu para estar lá para ela”, eu argumento.
Alex esfrega o espaço entre as sobrancelhas.
“Olha, entendo que talvez isso não seja familiar para você,
mas você não pode me dizer que não sabe quando Charlene está
pedindo para você estar lá... para ela.”
Com a minha expressão confusa, ele balança a cabeça. “Eu

ao menos te conheço?”
Esfrego minhas mãos no rosto. “Olha, eu sou

emocionalmente atrofiado. Não entendo como tudo isso
funciona. Eu quero Charlene e não quero perdê-la. A possibilidade
é na verdade meu pior pesadelo fodido. Não cresci em um lar com
dois pais que se preocupavam comigo e cuja existência inteira foi
baseada no meu sucesso como ser humano. Você tinha isso. Eu
não. Não sei como fazer isso e ter sucesso, e Charlene é tão fodida
quanto eu, então qualquer perspectiva normal que você possa dar,
sem julgamento, seria muito útil agora.”
“Eu não...”
Agarro-o pelos ombros. “Apenas me diga o que diabos fazer!”
“Vá para a casa dela. Vá vê-la. Faça-a feliz, de qualquer

maneira.”
“Fazê-la feliz?”
“Sim, cara, tipo, como isso funciona para você, faça-a se

sentir bem.”
“Você quer dizer sexualmente, certo?”
Alex franze a testa novamente. Não gosto dessa expressão

em seu rosto. Isso me faz questionar as coisas. “Se é isso que
funciona, então sim. Mas considerando há quanto tempo vocês
estão juntos, eu diria que provavelmente está além de apenas onde
seu pau vai.”
“Meu pau vai a vários lugares.” Acho que a honestidade é

importante aqui.
Alex zomba. Talvez fosse a coisa errada a dizer. “Podemos

pensar além do seu pau, Darren?”
“Claro. O que você gostaria que eu pensasse em termos de?”
“Charlene. Pense nela.”
“O que tem ela, especificamente?”
Alex me encara e não diz nada por um longo tempo. “Além

da sua vida sexual esquisita, do que ela gosta? Como você mostra
a Charlene que se preocupa com ela e que ela está em sua
mente? O que você faz por ela?”
“Eu compro coisas para ela.”
“Que tipo de coisas?”

Penso nisso por um momento. “Normalmente roupas ou

lingerie. Às vezes eu a levo para jantar fora, e teve aquela vez que
a mandei para o spa com Violet. Isso foi bom. Ela gostou disso.”
“Além de roupas e lingerie, há mais alguma coisa?”
“Eu comprei uma cadeira para ela.”
“Por favor, não me diga que é algum tipo de cadeira de sexo.”
“Existem cadeiras de sexo?” Randy pergunta, lembrando-me

que essa conversa não é particular. Jesus, estou oferecendo
muitos detalhes pessoais para esses caras em nome de garantir
que meu relacionamento com Charlene não fique bagunçado.
“Não. Bem, sim, existem cadeiras de sexo, mas eu não

comprei uma dessas para Charlene. Comprei uma cadeira para ela
ler. E um cobertor para quando ela ficar com frio.”
“O que eu aposto que é muito comum se ela só puder vagar

pela sua casa nua, hein?” Randy diz.
“Ela não precisa da minha permissão para colocar ou tirar

roupas.” Viro-me para Alex, porque o comentário de Randy não
ajuda em nada. “Devo comprar para ela algo mais nesse sentido,
talvez um banquinho, ou um travesseiro, ou uma mesa lateral para
o chá dela? Isso pode ser bom, certo? Isso mostrará a ela que estou
pensando nela por razões que não pertencem ao sexo.”
Randy balança a cabeça. “Ou você pode simplesmente

comprar algumas flores pra ela.”
“Chocolate é sempre bom, ou doces”, Alex acrescenta. “A

menos que ela esteja se sentindo mal com seu corpo; então o
chocolate é uma má ideia.”
“Charlene nunca se sente mal com seu corpo.”

“Não que ela tenha mencionado a você”, Alex resmunga e

fecha seu armário. “Qual é a cor favorita dela?”
“Eu gosto dela em roxo.”
“Não, cabeção, não sua cor favorita nela, a cor favorita

dela. Qual cor ela gosta mais?”
Quando é ela que escolhe a lingerie para a noite, ela tende a

ir para o escuro e perigoso, embora Charlene seja tudo menos isso.
“Preto ou prata, eu acho.”
“Jesus Cristo, Westinghouse, se houvesse um teste para

namorado, você estaria falhando como um filho da puta”, Randy ri.
“Por quê?”
“Porque você e Charlene estão juntos há dois anos e você

nem sabe qual é a cor favorita dela. Pense nas roupas que ela usa
quando você está com ela, a cor de sua bolsa, sua caneca favorita,
seus malditos sapatos”, Alex fala.
“Ah. Amarelo?”
“Por que você está me perguntando? É ou não é

amarelo?” Alex pergunta.
“Eu acho que é amarelo. Ou talvez seja pêssego. Eu poderia

perguntar a ela.” Puxo o contato dela no meu telefone, mas Alex
bate na minha mão.
“Pelo amor de Deus, não pergunte a ela.” Com raiva, Alex

digita uma mensagem em seu próprio telefone.
“Você está perguntando a Charlene?”
Ele me dá uma olhada. “Não, estou perguntando à minha

esposa porque ela é a melhor amiga da sua namorada e as garotas
sabem esse tipo de coisa uma sobre a outra.”
“Oh. Certo. Isso faz sentido. Qual é a cor favorita de Violet?”
“Vermelho, na maioria das vezes.” Seu telefone vibra.

“Amarelo é a resposta correta para Charlene, então o que você
precisa fazer é comprar flores amarelas para ela.” Ele digita outra
pergunta enquanto fala, e Violet responde imediatamente. “Ela
também gosta de chocolate de menta e de gengibre açucarado com
cobertura de chocolate, então eu compraria um pouco para ela
também. Em seguida, vá até a casa da sua namorada e verifique
se ela está bem. Todos os seus amigos a viram nua ontem, cercada
por um monte de brinquedos sexuais estranhos. Ela pode precisar
de algum apoio emocional que vai além da noite passada.”
“Eu posso fazer isso. Posso comprar flores e chocolate para

ela e dar-lhe apoio emocional se ela precisar.”
Alex esfrega a nuca. “Não sei se dou um tapinha nas suas

costas ou se dou um soco na cara.”
Não tenho certeza do que mereço mais no momento.

CAPÍTULO 6
O PRÊMIO DE MELHOR NAMORADO
VAI PARA...
DARREN
Eu deixo Alex em sua casa. Antes de sair, ele programa uma

floricultura em meu GPS. “Você não precisa comprar somente
flores amarelas.”
“O quê?”
“As flores, quando você as comprar para Charlene, nem

todas precisam ser amarelas. E fique longe de rosas amarelas. Eles
significam amizade.”
“Como você sabe disso?”
“Google.”
“Talvez você devesse vir comigo.”
Alex me dá um tapinha no ombro. “Você pode comprar flores

para sua namorada, Darren. Basta dizer à vendedora o que você
está procurando e ela poderá ajudá-lo.”
“Então digo a ela que a cor favorita da minha namorada é

amarelo?”
“E que você quer transmitir que gosta dela, mais do que sua
capacidade de ser um depósito de sêmen.” Não tenho certeza de
qual deve ser minha expressão, mas ele continua. “Não diga essa
última parte para a vendedora.”
“Tenho problemas de relacionamento, mas não sou um

idiota social.”
“Estou apenas me certificando. Há uma loja Godiva

descendo a rua. Você poderá obter tudo o que precisa. E sob
nenhuma circunstância você deve parar em uma loja de lingerie. “
“Mas…”
“Sem desculpas. Não compre para ela algo que você planeja
tirar do seu corpo. Você precisa mostrar a Charlene que pensa nela
além de do sexo.”
“Mas eu gostaria de fazer sexo com ela esta noite. Temos

jogos fora de casa. “
Alex me dá um soco no ombro. “Cristo, Darren, como diabos

temos sido amigos por tanto tempo e eu não tinha ideia de que esse
relacionamento estava indo ladeira a baixo?”
Levanto meu ombro. “Porque eu nunca tive uma namorada

de verdade antes de Charlene.”
“Como isso é possível?”
“Eu não sei. Normalmente existe um acordo e muitas

regras.”
“Por causa da merda de sexo bizarro?”
“Não, porque estou tentando proteger a mim e a eles de todas

as baboseiras da mídia.”
“Charlene assinou um?”

“Não. Ela prometeu que manteríamos nossa vida sexual

privada.” Eu queria namorar com ela mais do que precisava de um
acordo.
“Olha, eu não me importo com a aparência da sua vida

sexual. Quer dizer, graças a Charlene, ganhei acesso à Área 51. É
limitado, mas é mais do que Violet provavelmente permitiria de
outra forma.”
“Você tem o que?”
Alex acena para mim. “Deixa para lá. Só estou dizendo,

contanto que seja consensual e todos estejam se divertindo, não
dou a mínima para o que vocês dois fazem. Mas se quiser levar esse
relacionamento para o próximo nível, e tenho certeza de que quer,
então você precisa deixar claro que isso não se limita aos
orgasmos. Então, deixe Charlene iniciar.”
“Ela só faz isso quando está usando couro.”
Alex solta um suspiro. “Eu não precisava dessa

informação. Estou saindo do carro. Vá comprar flores e chocolate
para sua namorada.”
“Ok.” Eu abro o porta-malas quando ele sai do carro. “Alex?”
“Sim.”
“Obrigado.”
“Pelo quê?”
“Por me ajudar.”
“Tudo que você precisa fazer é pedir, Darren.”
Espero até que ele feche o porta-malas antes de seguir as

instruções para a floricultura. A garota me ajuda a escolher flores
para Charlene, algo que decido fazer com mais frequência. As flores
são muito parecidas com lingerie, cheias de beleza em diferentes

formas e texturas. Algumas são rendadas, sedosas, com babadas,
macias e claras, escuras e pesadas. Demoro quase uma hora antes
de ter um buquê completo, que custa quase tanto quanto lingerie
e contém de tudo, desde lírios roxos da noite a dálias amarelas com
pétalas que parecem que as pontas foram mergulhadas em tinta
vermelha.
Eu paro na loja Godiva e luto contra a vontade de dar uma

olhada na loja de lingerie ao lado dela. Alex está certo. Comprar
lingerie para Charlene vai passar a mensagem de que eu gostaria
de sexo. Que é verdade. Porém, assim que escolho a lingerie para
Charlene, ela também acredita que estou escolhendo como as
coisas acontecerão no quarto. Às vezes é divertido, mas eu gostaria
de evitar isso esta noite.
Envio uma mensagem para Charlene antes de entrar no meu

carro, mas ela não responde imediatamente, então eu dirijo,
esperando estar certo e que ela esteja em casa. Posso deixar os
presentes se ela não estiver, mas isso vai contra o propósito.
Minhas mãos estão suadas quando eu paro em sua

garagem. O carro dela está aqui, o que significa que ela deve estar
em casa. Cristo, estou nervoso, o que é ridículo, considerando que
estou apenas levando flores e chocolate para ela. Não é como se eu
estivesse pedindo-a em casamento.
Eu contemplo isso, a ideia de casamento. Eu me casaria com

Charlene? A instituição como um todo não significa muito para
mim. São as ações de uma pessoa que ditam a devoção. As
palavras não significam nada se não houver convicção por trás
delas.
Acho que Charlene gostaria de se casar comigo? Eu não

sei. Mas não estou aqui para pedi-la em casamento. Estou aqui
para mostrar a ela que posso ser um namorado normal. Posso ser
atencioso e comprar coisas desnecessárias e frívolas para ela.
É pensando nisso que saio do carro com o buquê e o

chocolate nas mãos. Eu verifico meu telefone antes de colocá-lo no
bolso, observando que ela ainda não respondeu às minhas
mensagens de antes.
A calçada da frente é forrada com lindas flores em uma

variedade de cores, mas o amarelo parece dominar, junto com um
pouco de roxo e branco, então as que escolhi devem cair bem. Eu
espero.
Talvez ela esteja no banho. Isso seria legal. Gosto de

Charlene recém-saída do banho. Ela fica relaxada. Eu poderia
entrar porque tenho a chave, mas raramente venho até a sua
casa. Minha casa é mais conveniente e meu quarto é muito mais
bem equipado para sexo e festas do pijama. E já que estou
surpreendendo-a, acho uma boa ideia bater e esperar para entrar,
estabelecendo um precedente e tudo.
Charlene abre os 20 centímetros da porta necessários que a

trava de corrente permite. Seus olhos castanhos se arregalam.
“Darren? O que você está fazendo?”
“Eu queria ver você.”
“Oh.” Sua mão voa para sua garganta.
Humm. Eu esperava uma reação ligeiramente diferente.

“Posso entrar? Ou te peguei em um momento ruim?”
“O que? Oh! Não. Sim, quero dizer. Você pode entrar. Só um

segundo.” A porta se fecha e o som da trava se soltando
segue. Alguns segundos depois, ela abre novamente e dá um passo
para trás para me permitir entrar.
“Esta é uma surpresa.” Ela puxa a barra da camisa com uma

das mãos e afaga o cabelo novamente com a outra.
“Essa era minha intenção.” Eu a observo. Ela está usando

uma legging verde azulada coberta com uma estampa de donut e
um top roxo claro com um donut na frente segurando uma xícara
de café. Seu cabelo está preso no topo da cabeça em um coque
bagunçado e seu rosto está sem maquiagem. Ela não está usando
meias. Os dedos dos pés dela estão nus, exceto a unha do dedo
maior, que está pintado do mesmo tom de roxo de seu top. Eu não
acredito que ela esteja usando um sutiã baseado em seus mamilos
empinados.
Seu olhar se dirige para baixo, onde minhas mãos estão

enfiadas atrás das minhas costas em uma tentativa de esconder o
enorme buquê de flores e a caixa de chocolates. Na verdade, são
duas caixas de chocolates já que o chocolate de gengibre e o
chocolate de menta devem ser separados, segundo a senhora que
me atendeu.
Revelo o buquê de flores primeiro.
Charlene pisca várias vezes, os olhos indo das flores para o

meu rosto e vice-versa. “Você me trouxe flores?”
“Eu fiz.” Não tenho certeza de que tipo de resposta esperava,

mas, novamente, não é bem isso. Ela parece chocada. “Eu não
deveria?”
“O que? Oh! Eu, uh… Elas são apenas...” ela traça as

pétalas acetinadas. “Tão bonitas.”
“Sim. Como você.”
Um sorriso suave ilumina seu rosto. Eu me pergunto por sua

surpresa docemente desprotegida. Tenho certeza de que digo a ela
que é linda o tempo todo. Eu sei que penso isso toda vez que a
vejo. Talvez as palavras fiquem presas na minha cabeça e nunca

saiam da minha boca.
“Você pode pegá-las. Elas são para você. “
O coque na cabeça de Charlene se agita enquanto ela

balança a cabeça um pouco e pega o buquê. “Oh, uau, isso é
pesado.” Ela enterra o nariz nas flores e inala profundamente. Eu
quero enquadrar a imagem.
“Eu trouxe outra coisa para você também.” Eu seguro a

sacola da Godiva.
A expressão de Charlene muda para uma empolgação

infantil. “Você me trouxe flores e chocolate?”
“Eu fiz.” Eu sorrio. “E com base nas amostras que a

vendedora forneceu, atestarei que são deliciosos, assim como você
também.”
Meu sorriso se alarga com seu rubor.
“Isso é muito gentil da sua parte e muito inesperado”,

Charlene aperta as flores e os chocolates contra o peito. “Hum, eu
deveria subir e me trocar e depois colocar isso em um pouco de
água.” Ela se move em direção à cozinha, pela qual terá que passar
para chegar ao quarto.
“Não! Quero dizer, eu gosto de você exatamente como você

está agora.”
Ela olha para sua roupa.
“Por favor, não se troque por minha causa. Gosto muito

disso.” Deslizo a alça de sua regata e vejo arrepios subirem ao longo
de seu braço. “Por que eu não ajudo você a colocar as flores na
água, e você pode experimentar o chocolate? A menos que você
tenha planos para esta noite?”
“Eu não tenho planos.”
“Então, estaria tudo bem se eu ficar e passar algum tempo

com você.” Balanço minha cabeça com o quão estranho eu soei.
“Isso era para ser uma pergunta.”
Charlene morde o lábio inferior. “Você pode ficar e passar

algum tempo comigo, se quiser.”
“Sim. Eu quero.” Aceno, e percebo que não concluí o

pensamento. “Para passar mais tempo com você.”
Pego um vaso da despensa de Charlene e a ajudo a arrumar

as flores. Ela tem dificuldade para decidir onde as quer e,
eventualmente, as instala na mesa da cozinha, onde pode ver da
sala de estar e da porta da frente.
A casa de Charlene é pequena, como seria de se esperar para

uma mulher solteira que mora sozinha. Ela ganha bem como
contadora de profissionais do esporte, mas ainda administra todos
os seus custos com uma única receita, por isso insisti em dar a ela
um cartão de crédito para fazer compras especiais.
Ela ajusta o vaso, girando-o meia polegada para a direita e

depois para a esquerda, determinando o lugar. Sua bunda fica
fantástica na calça legging, e decido que preciso descobrir onde ela
as consegue para que eu possa comprar mais algumas, e ela pode
usá-las com mais frequência.
Quando Charlene vem a minha casa, suas visitas são sempre

marcadas com antecedência, o que significa que sua maquiagem
está impecável e ela está impecavelmente vestida. Mas eu gosto
dessa versão dela também. Charlene parece relaxada e confortável,
algo que eu gostaria de experimentar mais.
“O que você quer fazer agora?” Ela pergunta.
“O que você estava fazendo antes de eu chegar?”

“Apenas assistindo TV.”
“Bem, poderíamos fazer isso juntos.”
“Podemos, mas eu estava assistindo a um reality show

ruim.”
“Tudo bem.” Provavelmente observarei Charlene e não a TV,

então o conteúdo é basicamente irrelevante.
Eu a sigo até a sala, que é aconchegante, como o resto da

casa. Parece que ela estava sentada no sofá, enrolada em um
cobertor. Sento-me no final que está livre do cobertor e ajusto o
travesseiro atrás de mim.
Charlene dobra o cobertor e o pendura cuidadosamente no

encosto do sofá, depois se senta do outro lado. Ela se
inquieta. Pega seu chocolate quente meio consumido e toma um
gole enquanto ativa o som da TV.
Eu olho para a tela. “O que é isso?”
“Pai adolescente. Eu disse que estava assistindo a um reality

show ruim.”
“Uau. Então este é realmente um programa?”
“Eu posso trocar.” Ela pega o controle remoto, e suas

bochechas coram.
Cubro sua mão com a minha. “Não. Não faça isso. Está
bem.”
“Às vezes gosto de assistir reality shows porque me lembra o

quão fácil é minha vida em comparação. Mas podemos fazer outra
coisa se você quiser.” Ela coloca seu chocolate quente na mesa
lateral e se aproxima. Charlene parece tímida e incerta quando se
inclina, roçando os lábios na borda do meu queixo. “Obrigada,
pelas flores e pelo chocolate. Foi uma boa surpresa.”
Tenho que lutar com meu corpo para não virar a cabeça,
deslizar meus dedos em seus cabelos e provar sua boca. Imagino
que ela esteja doce como chocolate agora. Mas eu me lembro que
tenho outro propósito para estar aqui e que não deve ser sobre
sexo. Se for oferecido, não quero dizer não, principalmente porque
ficarei fora por alguns dias e tudo o que terei é minha mão para me
fazer companhia.
“Eu queria ter certeza de que você estava bem depois de

ontem à noite e sua tarde com as meninas.”
Ela se recosta, colocando distância entre nós novamente. Eu

não gosto disso. Talvez eu devesse ter sentado no meio do sofá,
então ela teria que se sentar ao meu lado. “Oh. Certo, claro. Você
quer saber o que eu disse a elas?”
“Só se você quiser me dizer.” Pego o esmalte que está sobre

a mesa de centro e bato na ponta de seu único dedo do pé pintado.
“Você não costuma ir ao spa para isso?”
“Eu ia marcar um horário para quando você estivesse fora.”
“Você gostaria que eu pintasse para você?” Eu me movo e

coloco seu pé no meu colo. “Posso providenciar para que Violet se
juntasse a você.”
“Você não precisa se dar ao trabalho.”
“Não é um problema. Você poderia passar um dia inteiro no

spa, se quiser.” Corro meu polegar ao longo do peito seu do pé.
“Enquanto isso, eu posso pintar suas unhas enquanto você vê
TV.” Mexo em seu dedão do pé.
“Contanto que isso não seja o começo de um fetiche por pés,

vá em frente”, ela diz.
“Acho que você conhece todos os meus fetiches

agora.” Começo a abrir o esmalte, mas Charlene me impede.
“Você tem que sacudir primeiro.”
“Como a tinta de verdade.”
“Exatamente.”
Os pés de Charlene são delicados, assim como o resto

dela. Eu definitivamente não tenho um fetiche por pés, mas posso
apreciar que até os pés dela são bonitos. Enquanto Charlene se
entrega a bobagens aleatórias, concentro-me na tarefa de pintar
suas unhas dos pés. Não é exatamente fácil. Tenho que usar um
cotonete embebido em removedor de esmalte algumas vezes
quando faço bagunça, já que os dedos dos pés de Charlene são
pequenos e minhas mãos não.
“Acho que Miller tem um fetiche por pés”, Charlene diz

enquanto eu termino a primeira camada. Ela já me informou que
serão necessárias duas, o que está bom para mim. Estou tocando-
a e gostaria de continuar fazendo isso de uma maneira que não
pareça que estou aqui apenas para sexo.
“Como você sabe disso?”
Charlene arqueia uma sobrancelha. “Sunny mencionou que

ele gosta de pintar as unhas dos pés dela.”
“Estou pintando suas unhas dos pés e não tenho um fetiche

por pés.”
“Ela também nos disse que ele gosta de beijar os dedos dos
seus pés, e seu rosto ficou completamente vermelho quando ela
disse isso, então tenho a sensação de que ele gostaria de fazer mais
do que isso.”
“Vocês certamente gostam de compartilhar.”
Seus olhos estão fixos em sua caneca. “Eu mantenho tudo

bem vago. Violet sempre tira suas próprias conclusões.”
Pergunto-me quão mal eu fiz a ela ao pedir para manter um

nível tão alto de privacidade. Ao fazer isso, sou responsável, em
parte, por criar um pouco de distância nesse relacionamento. Meus
próprios segredos não tornam as coisas melhores.
“E foi assim que você administrou hoje?” Pergunto.
“Ninguém deu grande importância a isso. Exceto Violet e

seus medos sobre a Área 51, mas esses são meio que justificados,
então...”
“Área 51?” Alex usou o mesmo termo anteriormente. Não

tenho ideia do que os alienígenas têm a ver com sexo.
“Invasão anal.”
Meu sorriso é automático e provavelmente lascivo.

“Ahh. Violet se opõe, então?”
“Ela é um pouco cautelosa com o tamanho de Alex.”
Há anos jogo hóquei com Alex. Passa-se muito tempo no

vestiário tomando banho e trocando de roupa quando está em uma
equipe da NHL. Você se acostuma a ver muito mais das pessoas do
que na maioria das profissões.
Charlene deve ler minha confusão. “Ele é um monstro, mas

não é de se mostrar.”
“E você sabe disso como?”
“Eu acidentalmente dei uma espiada em Vegas, quando

tivemos que tirar Violet de Alex para o casamento. Você não teria
acesso se estivesse carregando um canhão como aquele.”
Não tenho certeza se devo ficar ofendido ou não. “Estou

acima da média.” Sei disso porque li os artigos e tomei as medidas
necessárias.
“Acredite em mim, estou muito ciente de como você está

acima da média. Mas Alex é assustadoramente enorme.”
“Hã. Bem, isso é... interessante.” Aceitei há muito tempo que

Alex é o melhor jogador no gelo, mas sempre achei que tinha uma
vantagem, proverbialmente falando, neste departamento. Como
uma pessoa competitiva, fico insatisfeito ao saber que ele está
ganhando nessa área também. Até agora, ele é mais talentoso no
hóquei, relacionamentos, tamanho do pau e quem diabos sabe o
que mais.
“Como estavam os caras hoje? Tenho certeza de que eles

tinham todo tipo de coisas a dizer.” Charlene morde o lábio e
mergulha um dedo no chocolate quente antes de colocá-lo na
boca. Não tenho certeza se é para ser intencionalmente sexual ou
não. Escolho fingir que não aconteceu, em vez de oferecer a ela algo
significativamente maior para mergulhar lá.
“Randy queria saber quem usava a mordaça de bola.”
Os olhos de Charlene se arregalam. “O que você disse?
“Por que isso Importa?”
“Eu não sei. Só por curiosidade, suponho.”
“Eu disse a eles que ninguém usa.”
“Só isso?”
“E que você não gosta do sabor.”
Ela traça a ponta do donut em sua calça. “Eu poderia tentar

de novo se você quiser.”
Eu gostaria de ver Charlene usando uma mordaça de

bola? Quer dizer, eu não me oporia. Mas é algo que
preciso? Absolutamente não.
“Jamais quero que você faça algo que não goste cem por
cento. Minha preocupação hoje é que você foi oprimida por
perguntas, ou um senso de responsabilidade ou propriedade pelo
que aconteceu. Não quero que você sinta que precisa me contar
qualquer coisa que falou com as garotas hoje, mas espero que se
houver algo que não está funcionando entre nós, você venha até
mim para que eu possa tentar consertar.”
Ela inclina a cabeça para o lado, os olhos fixos nos meus.

“Eu gosto de como somos juntos. E gosto que você esteja aqui
agora.”
“Assim como eu.”
Charlene toma outro gole de sua bebida, lambendo a espuma

de marshmallow que gruda em seu lábio. Ela consegue deixar um
pouco para trás.
“Você deixou alguns lugares sem limpar.” Esfrego meu

polegar sobre o local.
Não fico desapontado quando os dedos de Charlene

envolvem meu pulso e seus lábios se fecham sobre o meu polegar,
girando lentamente, os olhos fixos nos meus. Esse tipo de conversa
real nem sempre é fácil com Charlene, porque nós dois somos
muito cautelosas. Mas podemos nos comunicar incrivelmente bem
de outras maneiras.
Quando ela solta meu polegar, eu o substituo pelos meus

lábios. Não beijei Charlene ontem à noite, exceto talvez uma ou
duas vezes. O que a deixa louca.
Charlene adora beijos. Ela beijaria até que seus lábios

fiquem em carne viva se eu deixar. Às vezes eu nego, então, da
próxima vez que estivermos juntos, posso aproveitar o quanto ela
parece amar o simples ato de beijar.
Eu acaricio dentro de sua boca em uma varredura

vagarosa. Charlene geme, baixo e doce, as pontas dos seus dedos
se arrastam suavemente pela minha bochecha enquanto ela se
abre mais, convidando-me mais fundo. Que é o exato momento em
que me solto e me retiro para o outro lado do sofá.
“Suas unhas devem estar secas agora. Posso colocar a

segunda camada.”
Ela ainda está segurando sua caneca com uma das

mãos. Seus olhos disparam para baixo e ela exala uma respiração
instável.
Levo meu tempo com o esmalte, certificando-me de que cada

dedo do pé está perfeito antes de passar para o próximo. Sei que
Charlene ainda está tentando descobrir o que está
acontecendo. Minha presença aqui, sem aviso prévio, trazendo
flores e chocolate para ela, pintando suas unhas dos pés, pelo amor
de Deus, eu nunca fiz nada disso. Não em dois anos. E estou
começando a ver claramente como isso precisa mudar. Porque esta
noite percebi algo muito importante. Até agora, só vi o lado de
Charlene que ela acha que eu quero.
E embora eu adore que ela goste de experimentar coisas

novas e experimentar posições sexuais e brinquedos ridículos,
acho que posso gostar disso tanto quanto.
Quando termino, limpo os cotonetes e lenços de papel

descartados e levo tudo para a cozinha. Jogo tudo no lixo e lavo as
mãos, depois vasculho os armários de Charlene para fazer um
lanche. Ela tem um equilíbrio estranho entre coisas saudáveis e
lanches baratos. Tirei a sorte grande quando encontro um saco de
Doritos Cool Ranch enfiado no fundo do armário. Verifico a
geladeira para ver se há cerveja, mas Charlene não gosta muito,
então não estou surpreso por vir de mãos vazias. Ela tem
refrigerante de gengibre e muito leite. E tem um recipiente de
molho de cebola, que vai perfeitamente com os Doritos. Pego a

sacola de chocolates do balcão e levo comigo para a sala.
A expressão de Charlene vai de esperançosa a desanimada.

“O que você está fazendo?”
“Achei que você gostaria de um lanche.”
“Doritos e molho de cebola? Por que você veio aqui se vai

comer isso?” Charlene parece irritada, até mesmo brava.
“Você gostaria que eu encontrasse outra coisa?”
Ela joga as mãos para o alto. “Sim! Estraga os beijos quando

se tem hálito de Doritos.”
“Eu não vim aqui para beijar. Vim aqui para passar um
tempo com você.”
Suas sobrancelhas baixam. “Por que não podemos fazer os

dois? Por que tem que ser um ou outro? Ou você não... me quer
assim? Você precisa que eu me troque?” Ela aponta para sua
roupa, sua confusão é cativante e dolorosamente compreensível.
Largo os lanches na mesa de café e me sento ao lado dela.

“Eu sempre quero você, Charlene.”
“Então, por que os Doritos? Eu não entendo. Você vem aqui

com presentes, pinta minhas unhas dos pés, me provoca com
aquele beijo e, em seguida, escolhe lanches nojentos como se tudo
fizesse algum sentido. Que diabos está acontecendo?”
Charlene está definitivamente com raiva, o que parece

anular todo o propósito de eu mostrar a ela que quero mais do que
sexo. “Você sabe que me importo com você, não é?”
Ela franze os lábios, seus olhos vagam pelo meu rosto como
se fosse encontrar algum tipo de explicação ali. “Sim. Eu sei disso.”
“Quanto?”
“O que?”
“Como você sabe?” Pergunto por que quero entender o que

fazer para que ela veja isso, já que sinceramente eu não sei.
“Você cuida das minhas necessidades antes das suas. Você

entende quando eu levo as coisas mais longe do que pretendo, e
você sempre sabe onde está meu limite. Você me deixa tentar
coisas novas, mesmo que nem sempre seja algo que você goste. E
você me traz flores e chocolate porque acha que é disso que preciso
com base na ideia de outra pessoa sobre o que é normal. É assim
que eu sei.”
Não me escapa que a maioria dessas referências se aplica à

nossa vida sexual, exceto a última parte, que só serve para reforçar
como a mudança é necessária, mas pode precisar ser um pouco
mais gradual. Tenho até o final de junho, o que deve me dar muito
tempo para fazer Charlene ver que deveríamos ser mais.
Dessa forma, se eu for negociado no final da temporada,

pedir a ela para vir comigo não será algo que recusará. Abordar
esse assunto agora não faz sentido, não quando flores e chocolate
causam esse tipo de reação.
“Darren? Eu disse algo errado?”
Percebo que estou olhando para ela, sem dizer nada em

resposta. Eu sorrio de uma forma que espero ser uma garantia.
“Não, vaga-lume, você não disse nada de errado.”
Ela desliza meus dedos e se aproxima um pouco mais. “Esta

manhã você ameaçou me beijar por horas na próxima vez que
estivéssemos juntos.”
“Eu disse isso, não disse?” Arrasto um único dedo ao longo

da sua garganta. “Você gostaria que eu fizesse isso agora?”
“Mmm. Eu gostaria muito disso.”
Eu me mexo até estar no centro do sofá e movo Charlene

para se sentar em mim. Pressiono o beijo mais suave em seus
lábios, em seguida, passo meus dedos ao longo de sua garganta
novamente. Eu não volto para a sua boca como ela quer. Em vez
disso, começo na ponta dos dedos, beijando cada um, trabalhando
meu caminho sobre os nós dos dedos, seguindo a veia na parte
interna de seu pulso até o cotovelo. E continuo subindo pela parte
interna do braço, por cima do ombro, pela clavícula, ao longo do
lado do pescoço e da ponta da mandíbula até o queixo.
O tempo todo Charlene se esfrega em mim, esfregando-se na

minha ereção através da barreira de roupas. Se estivéssemos nus,
eu já estaria dentro dela. Por alguma razão, é difícil encontrar
moderação e mantê-la esta noite. Talvez porque tudo esteja
mudando para mim e eu queira que seja o mesmo para Charlene.
Estou prestes a continuar a tortura do beijo, começando com

as pontas dos dedos negligenciadas da outra mão, mas Charlene
agarra meu queixo para me impedir de me afastar. Ela não tenta
me beijar. Em vez disso, seus olhos encontram os meus, a
incerteza pisca neles. “Fique aqui um minuto, por favor.”
Inclino-me e beijo o canto de sua boca antes de roçar meus

lábios nos dela. Eu curvo meu dedo em torno da sua orelha e passo
meu polegar pela sua garganta até chegar ao ponto macio sob seu
queixo. Seu pulso martela ali, forte e estável com a necessidade
não atendida.
Eu inclino sua cabeça ligeiramente e inclino a minha na

direção oposta. Respirando o calor de sua exalação trêmula, eu
provo o chocolate e o marshmallow antes mesmo de nossas bocas
estarem conectadas. Pressiono meus lábios nos dela, deleitando-
me com a suavidade antes de acariciá-los. Ela tem um gosto doce,
como sempre, e aquele pequeno zumbido de relâmpago sempre
segue, bem como o choque de luz que aparece no céu quando um

vaga-lume faz sua presença conhecida.
Eu não fico um minuto. Permaneço em seus lábios, varrendo

sua boca sem parar, lenta e languidamente, como se não houvesse
outro lugar para estar, e estamos falando através de beijos que
nunca acabam.
Não tenho ideia de quanto tempo nos beijamos, mas os

lábios de Charlene estão inchados e seu queixo está vermelho da
minha barba por fazer quando eu me solto.
“Devemos subir? Você quer que eu me troque

agora?” Charlene pergunta em um sussurro sem fôlego.
Roço seu lábio inferior com a ponta do dedo e balanço minha

cabeça. “Eu quero ficar aqui mesmo.” Escovo seu mamilo através
da blusa. “Mas eu gostaria de ver mais de você, se estiver tudo
bem.”
Ela concorda. “Por favor.”
Encontro a bainha e puxo-a para cima, expondo primeiro o

umbigo decorado, depois a curva suave de sua barriga até a
protuberância de seus seios. Eu suspiro quando alcanço seus
mamilos. Mandei fazer piercings personalizados para ela. Eles
exibem o logotipo do Chicago e meu número nas bolinhas que os
mantêm no lugar. Charlene perfurou os seios alguns meses depois
de começarmos a namorar. Evitá-los durante o período de cura foi
uma tortura que valeu a pena suportar para nós dois.
Charlene levanta os braços e eu puxo a regata sobre sua

cabeça.
“Você é tão bonita.” Encontro seu olhar pesado e

necessitado. Há algo mais lá, não a ansiedade e a expectativa que
vem quando se pergunta o que vem a seguir, mas um tipo diferente

de desejo.
Um pequeno sorriso curva seus lábios carnudos. “Você

também é.”
“Eu acho que só para você”, murmuro, em seguida,

mergulho para dar pequenos beijos ao longo de sua mandíbula e
pescoço e, em seguida, desço até chegar aos seus seios. Capturo
seu mamilo entre meus lábios, lambendo o piercing antes de puxá-
lo entre os dentes.
Charlene arqueia e geme, aquele som delicado envia uma

onda de calor pela minha espinha. A dor nas minhas bolas é quase
violenta, mas estou acostumado à gratificação atrasada e
determinado a cumprir a promessa desta manhã.
Eu lambo, chupo e beijo um mamilo e depois o outro,

movendo-me para frente e para trás entre eles até que os dedos de
Charlene estão presos no meu cabelo e ela está se esfregando
agressivamente, lutando para chegar ao orgasmo. Envolvo minhas
mãos em volta de sua cintura e a levanto para que ela não consiga
o atrito.
Ela choraminga meu nome.
“Tenho certeza de que disse que ia beijar você por horas

antes de deixar você gozar.”
“Já faz tempo suficiente, você não acha?” Ela implora.
Olho para o relógio na parede, marcando nossa noite. Nós

estamos namorando há muito mais tempo do que percebi. Eu a
puxo para mais perto e beijo o espaço abaixo de seu umbigo e ao
longo do cós de sua legging. Pretendo beijar cada centímetro de seu
corpo, eventualmente, mas gostaria de brincar com ela um pouco
mais.
Coloco sua bunda sob minhas coxas novamente, mas longe

da minha ereção para que ela não possa se esfregar em mim. Sua
expressão é de dor, desespero, sua necessidade de liberação é
esmagadora. Eu mantenho uma mão em seu quadril, mas deslizo
a outra palma em sua barriga, entre seus seios, até que meus
dedos vagueiam sobre sua garganta, traçando a borda das
pérolas. Movendo-me mais alto, eu enrolo um dedo ao longo da sua
orelha e sigo a curva de sua mandíbula com meu polegar.
Assim que solto seu quadril, Charlene tenta deslizar para

frente. Eu inclino minha cabeça para o lado, e ela para.
Sigo o cós de sua legging com um único dedo. “Eu gosto

destas. Por que você não as usa com mais frequência?”
“Eu as uso o tempo todo”, ela diz sem fôlego.
“Eu gostaria que você as usasse para mim.”
“Ok. Eu posso fazer isso.”
Traço o contorno de um donut que termina

convenientemente no ápice de suas coxas. Ela suga uma
respiração profunda enquanto eu corro meu dedo sobre a saliência
de aço perfurando seu clitóris.
“Aposto que posso fazer você gozar assim.”
“Tenho certeza de que você pode.”
Encontro o aço com meu polegar e pressiono suavemente. O

aperto de Charlene em meus joelhos aumenta e ela gira os
quadris. Decido que é assim que a quero nesta noite: no meu colo,
perto assim, para que eu possa ver cada emoção que cruza seu
rosto perfeito e expressivo.
Eu continuo circulando o piercing, lenta e gentilmente,

ciente de que a suavidade empurra Charlene até o limite mais
rápido, e que a falta de contato direto a deixará ainda mais

necessitada.
E assim como eu prevejo, ela goza, seu corpo treme

fortemente, as unhas cravam em meus joelhos através do meu
jeans. Seus cotovelos cedem, e eu tenho que forçar meu aperto em
sua nuca para mantê-la no lugar enquanto ela cavalga as ondas de
prazer, seus gemidos suaves ficam mais altos conforme o orgasmo
a arrasta para baixo.
Quando ela está sobre no ápice, eu a puxo para perto

novamente. Charlene está bêbada de seu orgasmo, descoordenada
e desajeitada enquanto junta nossas bocas.
“Obrigada”, ela murmura, com a língua já na minha boca.
Charlene agarra a bainha da minha camisa e puxa com força

sobre a minha cabeça. As pontas dos seus dedos de cetim descem
pelos lados do meu pescoço até o meu peito. Charlene volta para
chupar meu lábio inferior enquanto circunda meus mamilos, mas
quando ela tenta ir mais para baixo, eu a paro. Com sua expressão
questionadora, eu a agarro pela cintura e a coloco no sofá.
“Quero provar o quanto você precisa de mim”, eu explico.
Então arrasto sua legging para baixo e a jogo no chão, em

seguida, faço uma pausa quando coloco meus dedos em sua
calcinha. A maioria delas é uma combinação de renda, cetim ou
couro. Às vezes, são os três, e ocasionalmente há fivelas, correntes
e fechos de metal... essa escolha é dela, não minha.
Mas sua calcinha esta noite é diferente e nada do que eu já

tenha visto nela antes. Ela é de algodão, aquele estilo de shortinho
que eu nunca gostei muito. Até agora. Esta tem uma renda cortada
na cintura, com pequenas bolinhas. Doce e sexy, assim como
Charlene.
“Você tem muitas calcinhas como essa?”
“Algumas.” Suas bochechas ficam vermelhas.
“Eu posso comprar mais para você”, eu ofereço.
“Elas não são caras. Compro cinco pares por vinte e cinco
dólares.” Charlene levanta os quadris, possivelmente me
encorajando a removê-la.
“Nós poderíamos ir comprá-las juntos. Elas vêm em padrões

e estilos diferentes?”
“Sim. Eu posso te mostrar as outras depois.”
Eu a coloco sobre seus quadris e deixo cair minha cabeça,

pressionando meus lábios na crista de seu osso púbico antes de
removê-la e deixá-la cair na mesa de café.
Eu abro meu caminho entre suas pernas e a faço gozar com

minha boca. Ela cheira a necessidade e tem gosto de
desejo. Quando termino, a dor no estômago está quase me
matando. Eu deixei Charlene abrir o botão do meu jeans e puxar o
zíper para baixo. Então empurro minha calça jeans e boxer sobre
meus quadris e para baixo. Charlene fica entre minhas pernas e
puxa minha calça pelo resto do caminho, então empurra a mesa
de centro para trás e afunda de joelhos entre minhas coxas
separadas.
Minha ereção está praticamente pulsando. Até o ar me

machuca neste momento. A ponta está em um tom forte de roxo
geralmente reservado para emojis de berinjela, e está húmida.
“Oh Deus, Darren.” Charlene passa as mãos pelas minhas

coxas, a língua passando por seu lábio inferior.
Eu cubro suas mãos com as minhas antes que ela possa

colocá-las em mim. “Sem mãos, sem boca.” Jesus. Não consigo
nem formar frases que façam sentido. “Levante-se, por favor.”
Ela apoia as palmas das mãos nos meus joelhos e se

levanta. Então começa a se virar.
Agarro seus quadris para mantê-la de frente para mim, em

seguida, deslizo minha palma pela parte externa de suas coxas até
chegar à parte de trás de seus joelhos. Quando a puxo para frente,
ela não tem escolha a não ser apoiar as mãos em meus ombros e
se sentar em meu colo.
Encontro seu olhar confuso, o que é

compreensível. Normalmente, o sexo é um evento elaborado para
Charlene. “Devemos subir agora? Eu posso...”
“Eu quero você assim, por favor.” Em dois anos, nunca

fizemos sexo assim: no sofá dela, a TV ainda zumbindo ao fundo.
“Ok.” Seus olhos estão vidrados com a mesma necessidade

que sinto. “Eu posso te levar agora?”
Eu sorrio com sua frase e respondo um sim.
As palmas das mãos de Charlene repousam sobre meus

ombros e ela se move para frente, nos alinhando sem me tocar. Eu
posiciono meu polegar na base do meu pau e o inclino em direção
a ela. Quando seu piercing no clitóris roça a ponta, eu gemo.
Os olhos de Charlene se voltam para os meus e depois voltam

para baixo enquanto a ponta cutuca sua entrada.
“Devagar, por favor. Eu quero saborear a sensação de você

me cercando.”
Ela coloca a palma da mão gentilmente na lateral do meu

pescoço. Cada parte de mim está queimando com uma necessidade
tão extrema que sinto como se minhas terminações nervosas

estivessem em chamas. Ela abaixa, suas pernas tremem enquanto
eu desapareço dentro dela.
Deixo minha cabeça cair para trás contra as almofadas,

meus olhos ainda nela, e levo um momento para absorver a
sensação. É diferente esta noite. Como se fosse algo novo.
Eu poderia gozar agora, sem nem mesmo me mover, mas isso

seria constrangedor pra caralho, então eu seguro seus quadris
para mantê-la firme, fecho meus olhos para bloquear a visão e
apenas respiro. As pontas dos dedos de Charlene roçam a lateral
do meu queixo e tenho que dizer a ela para parar.
Abro meus olhos e encontro os dela. “Tudo está ampliado

agora. Dê-me alguns minutos.”
“Ok.”
Reconhecer o quanto preciso dela, todas as versões dela,

mesmo aquelas que ela pode não querer que eu veja, torna essa
experiência muito mais intensa do que o normal. Enquanto luto
contra minha resposta por estar dentro dela assim, eu traço as
linhas delicadas do seu corpo, me distraindo com a forma como
sua pele umedece sob meu toque e seus músculos flexionam e
apertam quando eu bato em um ponto sensível. Tudo isso ameaça
me empurrar para o abismo, apesar de não ter me movido. Eu
coloco a mão entre suas coxas e traço círculos apertados,
movendo-me sob ela apenas o suficiente para fazê-la gozar e me
manter equilibrado no limite doloroso.
Assim que o orgasmo a leva ao êxtase, eu me movo para a

beira do sofá, envolvo suas pernas em volta da minha cintura e a
puxo para perto até que nossos peitos se encontrem. Balanço-a
sobre mim, a dor em minhas bolas é violenta enquanto se expande,
disparando pelas minhas pernas e forçando seu caminho pela
minha espinha.
“Ah, foda-se.” Pressiono meu rosto em seu pescoço,

chupando a pele, beliscando meu caminho até sua boca. Eu a
beijo, lutando para permanecer gentil, mas a necessidade assume
e nossos dentes se chocam. Eu me afasto e as unhas de Charlene
raspam minha nuca.
Seus olhos são suaves, mas suas palavras não. “Você deu,
agora pegue.”
Seguro seus quadris, levanto-a e abaixo mais e mais, mais

rápido, mais forte até que eu goze... o mundo inteiro lavado em
branco e estrelas, a fusão de prazer e dor tão violenta que quase
desmaio.
Charlene passa os dedos pelo meu cabelo, a ação é rítmica

calmante. Eventualmente, eu levanto minha cabeça da curva de
seu pescoço.
“Oi.” A voz dela está rouca.
“Ei.”
“Sente-se melhor?”
“Mmm.” Eu a beijo com ternura. Ela vai precisar de protetor

labial por dias depois disso. Faço uma anotação mental para fazer
pesquisas e enviar alguns para ela enquanto estiver fora. “E você?”
“Mmm. Melhor vezes quatro, eu acho. “
“Eu gostaria de passar a noite, se estiver tudo bem para

você.”
Seus olhos brilham de surpresa e seu sorriso faz meu peito

apertar.
“Por mim está tudo bem.”

***
A cama de Charlene é de casal, então isso significa que
passamos a maior parte da noite de conchinha. Meu sono pode não
ter sido o melhor, mas a noite foi excelente, então considero uma
troca justa.
Dormimos até tarde e fazemos sexo matinal preguiçoso. Eu

gostaria de passar o dia inteiro com ela, mas aparentemente
Charlene faz ioga com as meninas esta tarde. Tomamos banho
juntos, o que se transforma em outra rodada de sexo, do tipo
escorregadio. Depois, eu a vejo se vestir. Ela usa calças de ioga
pretas e um top esportivo, seu longo cabelo ruivo está preso em um
rabo de cavalo. Como na noite anterior, seu rosto está sem
maquiagem. Ela é sempre deslumbrante, mas decidi que gosto
mais dela assim. Eu a quero sem a máscara.
Dobro a mão atrás da minha cabeça enquanto ela desliza em

um par de chinelos. “Quais são seus planos depois da ioga?”
“Geralmente saímos para tomar shakes depois. Você

gostaria que eu cancelasse?”
A resposta é sim. Gostaria muito que ela cancelasse, mas

também sei que isso pode pressionar Charlene demais, rápido
demais.
“Não quero interferir nos seus planos. Partimos amanhã

cedo, então é melhor se eu me aprontar esta tarde e ter uma boa
noite de sono.” Não gosto que os dois primeiros jogos dos playoffs
da série acabem, mas não há nada que possamos fazer a respeito,
a não ser entrarmos preparados.
Jogo as cobertas e coloco meus pés na beirada da

cama. Agitando um dedo, eu aceno para ela. Quando Charlene me
alcança, eu a puxo entre minhas pernas e corro minhas mãos por
seus braços. Mesmo com todo o tecido no caminho, ela estremece.
“Eu gostaria de falar com você esta noite, se estiver tudo

bem.”
“Falar comigo? Sobre o que?”
Uma ruga vinca sua testa, então eu aliso com meus

polegares.
“Sobre como foi o seu dia. Para ouvir sua voz.”
“Oh.” O vinco volta.
“Tudo bem?”
“Claro que está tudo bem.”
“Ótimo.” Pego seu rosto entre as palmas das mãos e a beijo

até que ela se afasta e sai correndo pela porta com medo de se
atrasar.
Eu me jogo de volta na cama. Eu poderia comprar uma nova

para a, bem maior, mas não quero deixar o lugar dela mais
confortável.
Encontro-me com Alex para um treino à tarde, já que não

tenho mais nada para fazer, e depois vou para casa. Enquanto faço
a mala para o voo de amanhã, verifico minhas mensagens e franzo
a testa ao ouvir uma mensagem de voz dos meus avós. Meu bom
humor é mergulhado em um balde de merda quando descubro que
meus pais devem estar na cidade esta semana para algum tipo de
conferência. Nunca recebi uma ligação diretamente
deles. Tecnicamente, não os considero meus pais desde que meus
avós me adotaram oficialmente quando eu tinha quatro anos. Pelo
menos não estarei em Chicago ao mesmo tempo que eles, o que é
um alívio.
Quero desconsiderar isso como algo sem sentido, mas

ilumina o progresso que fiz com Charlene na noite
passada. Porque, por mais que eu queira que as coisas mudem,

uma coisa que quero é mantê-la longe da minha família, e não
tenho certeza se serei capaz de fazer isso para sempre.
Que é exatamente quanto tempo quero manter Charlene.

CAPÍTULO 7
MAMÃE DOMINATRIX
CHARLENE
Esta noite as meninas virão assistir ao jogo de hóquei. Eu

arrumo a sala de estar, onde desmaiei na noite passada. Vou
culpar a falta de sono antes da partida de Darren e
da maratona dos Acumuladores. O fato de ele aparecer sem avisar,
trazer flores e chocolate foi um choque, sem mencionar o sexo de
pessoas normais e conchinha a noite toda. Mas devo admitir,
aproveitei cada momento e não sou contra uma repetição.
Vou preparar todos os lanches, os Doritos e molho de cebola

são perfeitos, já que os meninos estão fora, e me certifico de ter
vinho e suco espumante para Sunny e Violet. A campainha toca no
meio da arrumação. São apenas 17h30 e as meninas não devem
chegar antes das 19h, mas Violet costuma aparecer mais cedo, com
privilégios de melhor amiga e tudo.
Abro a porta, pronta para as travessuras começarem e os

comentários sarcásticos de Violet sobre colares de pérolas e
anal. Exceto que não é minha melhor amiga.
“Mamãe?”
“Char-char!” Ela deixa cair uma bolsa e joga os braços ao

meu redor, envolvendo-me em um abraço apertado e doloroso.
Dou um tapinha nas costas dela, olhando por cima do

ombro. Laverne, a velha senhora da porta ao lado está ocupada
cuidando de seu jardim, ou estava. Ela atualmente está olhando

boquiaberta em nossa direção. Demoro um momento para
perceber o porquê. Minha mãe está vestida com seu uniforme de
trabalho.
“Por que você não entra?” Eu mantenho o abraço enquanto

a arrasto para dentro de casa e para longe dos olhos da
vizinhança. Espero que o marcapasso de Laverne esteja
funcionando hoje em dia, porque parece que ela vai entrar em
choque.
Pego a bolsa da minha mãe da varanda da frente, dou um

aceno rápido para Laverne e desapareço dentro.
“Não sabia que você estava chegando hoje.” Minha voz tem
uma qualidade aguda, parecida com a de um garoto pré-
adolescente que acidentalmente fecha o zíper em seu macarrão
masculino.
Minha mãe está vestida com um espartilho de couro preto,

completo com fivelas e correntes, daí a dor durante o abraço. Sua
saia é curta e mal cobre a bunda, e ela está usando meia arrastão
e enormes botas de salto com fivelas que terminam no meio da
panturrilha. Sua maquiagem só pode ser descrita como gótica ou
talvez emo. Seu cabelo está tingido de preto azeviche e seu batom
é da cor de um rico Cabernet Sauvignon.
“Oh! Eu esqueci de dizer que viria hoje? Jurei que deixei uma
mensagem de voz para você, ou talvez isso estivesse na minha
cabeça. Achei que seria melhor ficar com você do que em um
hotel. Podemos colocar o papo em dia e ter um tempo real de
vínculo mãe-filha de qualidade!”
“Certo. Claro. Eu tenho um quarto extra. Quanto tempo você

vai ficar na cidade?” Estou muito aliviada por Darren já ter deixado
Chicago por vários motivos.
“Apenas três dias, então eu quero aproveitar ao máximo. Já

faz muito tempo desde que te vi. Você parece...” Ela parece ter
dificuldade para encontrar a palavra descritiva certa e, finalmente,
decide. “Bem”. Sua expressão comprimida me diz que ela, de fato,
não acha que estou bem.
Eu descreveria minha roupa como fofa. Assim que cheguei

em casa do trabalho, coloquei minha camisa Westinghouse e uma
legging preta e vermelha com o logotipo do Chicago.
Minha mãe voa pela cozinha, ajustando o pano de prato

estendido sobre a borda da pia. “De qualquer forma, esta noite está
um pouco corrida. Tenho uma reunião com um cliente às 20h que
provavelmente levará algumas horas, dependendo...” Ela é
interrompida por outra batida.
Merda. Ainda é muito cedo para as meninas estarem aqui.
“Oh! Isto é para mim.” Minha mãe caminha até a porta.
“Você convidou seu cliente aqui?” Eu engasgo com as

palavras, mortificada com a possibilidade.
Ela lança um olhar por cima do ombro. “Claro que não,

Char-char. Vou explicar tudo. Apenas me dê um momento.”
Ela abre a porta e um enxame de pessoas inunda minha

cozinha. Com câmeras de vídeo. E tem um cara usando uma
daquelas máscaras faciais de látex com apenas buracos para os
olhos e um buraco na boca, vestido com calças de couro, toda a
sua bunda em exibição. Felizmente, seu pau não está pendurado.
“Mamãe?” Aí está aquele tom alto novamente.
Ela se vira e bate palmas com entusiasmo. “Eles estão

escalando pessoas para um reality show neste fim de
semana. Chama-se Momma Domme! Não é fofo? Enfim, achei uma
grande oportunidade. Este é o meu vídeo de audição. É muito mais

clássico filmar em uma casa, sabe? Só vai demorar meia hora.”
E esta, bem aqui, é uma das muitas razões pelas quais

nunca apresentei Darren à minha mãe.
Eu a puxo de lado. “É uma boa ideia, mãe? Estar em um

reality show? Quero dizer, você vai mostrar seu rosto para que
todos vejam.”
“Vou usar uma máscara, então vai ficar tudo bem. Além
disso, pintei meu cabelo para o programa. Você se preocupa
muito.” Ela dá um tapinha na minha bochecha.
Isso vindo de uma mulher que abriu um buraco em uma

cerca de arame farpado, me ensinou como fazer uma ligação direta
em um carro e me levou através da América Central continental
para escapar de um monte de loucuras. Então ela mudou
legalmente nossos nomes, não foram os melhores nomes, e não
foram as melhores mudanças, mas então, minha mãe nem sempre
pensa sobre as coisas. Quem escolhe de bom grado o sobrenome
Hoar?
“Tenho amigas que chegarão em breve”, digo a ela.
“Não se preocupe Char-char. Eles entrarão e sairão em uma

hora.”
Eu com certeza espero que sim. Explicar minha vida sexual

com Darren é uma coisa, mas explicar minha mãe é outra
completamente diferente.
Eu faço um chá para mim enquanto a equipe assume a

cozinha e começa a tirar os móveis do caminho. A cadeira da minha
sala de estar é realocada para onde a mesa estava. Um banquinho
é trazido enquanto minha mãe abre sua bolsa e mostra uma vasta
gama de brinquedos sexuais, muitos dos quais eu estou
familiarizada, pois ela gosta de me enviar todos os novos protótipos

que ela consegue.
“Lugar legal”, diz o cara mascarado. Ele está fazendo aquele

gesto de cabeça que as pessoas fazem quando estão
desconfortáveis e não sabem mais o que dizer. Ele também levanta
os polegares na nuca, provavelmente desejando ter bolsos.
“Uh, obrigada.”
“Então essa é sua mãe, hein?” Ele inclina a cabeça na

direção dela. Mamãe está usando cola para cílios para colocar uma
máscara no rosto. Tudo o que cobre é a área ao redor dos olhos,
então não é particularmente bom em esconder sua identidade. Eu
gostaria de apontar esse detalhe para ela, mas atualmente há
muitas pessoas aqui.
“Sim.” Levo minha caneca aos lábios e assopro. Mais tarde,

vou beber vinho ou doses. Agora estou tentando me acalmar com
camomila.
“Você sempre marca o time?”
Engasgo com a boca cheia de chá quente e tusso, tentando

limpar minhas vias respiratórias. Eu coloco minha caneca no
balcão enquanto o cara mascarado me dá um tapa nas costas. Mas
quando continuo tossindo, ele começa a manobra de Heimlich em
mim, e vários flashes disparam.
“Pare! Por favor, não me toque”, eu grito tanto para o

fotógrafo quanto para o cara da máscara enquanto bato em suas
mãos. Ele me solta e cai de quatro.
“Estou preparado para aceitar minha punição, filha mestra.”
Eu me debato. “Mamãe! Você pode vir lidar com isso?”

Isso é muito mais do que qualquer filha deveria ter que lidar
quando a mãe vem para uma visita.
Minha mãe entra e dá um tapa na bunda do cara mascarado

algumas vezes. Ela me dá um sorriso paciente enquanto afaga sua
cabeça como se ele fosse um cachorro, não uma pessoa.
“Eu trouxe doces frescos para você. Eles estão na minha

bolsa. Por que você não pega um e relaxa, querida? Também trouxe
presentes para você, mas podemos abri-los juntas se quiser
esperar.”
Pego a bolsa da minha mãe e levo para a sala, onde não há

equipe de filmagem. Encontro a sacola de doces em um dos bolsos
laterais, que é o único lugar que procuro, porque vasculhar a bolsa
da minha mãe não é para quem tem coração fraco, e tenho certeza
de que encontraria algumas coisas que prefiro não ver.
Como prometido, a equipe de filmagem pode encerrar as

coisas em uma hora. Mas, é claro, mamãe precisa conversar com
eles, então eles estão saindo pela porta quando Violet e Poppy
chegam.
O cara mascarado puxa a máscara pela cabeça quando sai

pela porta. Seu cabelo está molhado de estar envolto em látex
durante a última hora e seu rosto está vermelho. Ele pode parecer
bem, mas estou muito distraída com Laverne sentada em sua
varanda, testemunhando o desfile de pornografia saindo da minha
casa.
“Se você entrar no mundo dos negócios e precisar de alguém

para praticar, adoraria ir fundo para você”, diz o cara mascarado,
sem máscara.
“Eu tenho um namorado.”

“Claro que você tem.” Ele desliza a mão pela frente de suas
calças sem bunda e retira um saquinho. Dentro está seus cartões
de visita. “Aqui está o meu cartão, se isso mudar.”
“Uh, obrigada.”
Violet e Poppy estão na beira do meu jardim enquanto o

desfile pornô se dispersa. Ambos verificam a bunda do cara
mascarado, sem máscara quando ele passa. É uma bunda muito
bonita; vou admitir isso. Eu olho o cartão, aparentemente, seu
nome é Rodney Steele. Claro. Haste de aço, que inteligente.
Violet e Poppy se entreolham antes de correrem pela calçada

e eu as conduzo para dentro de casa. “Uh, você quer explicar
isso?” Vi pergunta enquanto eu fecho a porta atrás deles.
“Oi meninas! Vocês devem ser amigas da Char-char! Eu sou

a Whensday! Mãe dela!”
Quando mudamos nossas identidades, minha mãe queria

ter certeza de que nossos nomes eram fáceis de lembrar. O nome
verdadeiro dela é Wendy, então ela decidiu no Whensday, escrito
incorretamente...WHENSDAY. Embora ela diga que foi de
propósito. Minha vida era muito estranha. Claramente ainda é.
Poppy dá um de seus sorrisos doces e estende a mão. “É tão

bom conhecê-la.”
“Mãe, esta é Poppy e você se lembra da Violet.”
“Ah sim, claro! E vocês duas tem nomes de flores! Não é

divertido?” Minha mãe ainda está usando seu equipamento de
fetiche. A última vez que Violet conheceu minha mãe, ela estava
vestindo roupas de pessoas normais, então isso é um pouco
chocante, eu acho.
“Hum, você está planejando trocar de roupa agora que a

equipe de filmagem se foi, ou...” Eu deixo no ar, esperando que ela
pegue a dica.
“Tenho que sair logo para me encontrar com um cliente,

então vou me trocar quando voltar. O que vocês farão hoje à noite?”
“Vamos assistir aos playoffs de hóquei.”
A campainha toca novamente, me forçando a deixar minha

mãe sem supervisão com minhas amigas.
Sunny e Lily estão paradas na minha varanda. Elas parecem

duas mulheres sem-teto com todas as coisas que estão carregando,
incluindo um Logan adormecido amarrado em sua cadeirinha. Ele
poderia ser um dorminhoco profissional. Quando não está sendo
super fofo, ele está dormindo em qualquer superfície disponível:
cadeiras, sofás, colo, o chão, a cama do cachorro salsicha de Lily.
“Olha, meninas, eu preciso dizer a vocês algumas…”
Antes que eu possa terminar a frase, minha mãe dá a

conhecer sua presença. Ela aparece atrás de mim, segurando uma
caixa de vinho, o tipo forte. “Oi, meninas! Oh! Isso é tão
divertido! Char-char, você tem tantas amigas!”
“Lily, Sunny, esta é minha mãe.” Não tenho certeza se isso é

muito melhor do que quando os caras me viram nua cercada por
brinquedos sexuais malucos.
Os olhos de Sunny se arregalam e sua boca forma um

‘O’. Lily a cutuca, e Sunny fecha sua boca. Seu braço carregado
com bolsas dispara em direção a minha mãe. “É tão bom conhecê-
la, Sra. Hoar.” Como Gertrude, ela esquece que o H está silencioso.
Lily sufoca uma tosse, mas minha mãe nem mesmo

recua. “É Whensday, querida.”
A sobrancelha de Sunny desce. “Achei que fosse sexta-feira.”
Minha mãe joga a cabeça para trás e gargalha. Ela soa como
um corvo sendo comido vivo. “Você não é adorável? Meu nome é
Whensday.”
“Como a garota da Família Addams4?” Lily pergunta.
“Quase! A Família Addams é meu filme favorito em todo o

mundo!”
Sunny parece apropriadamente confusa com essa

explicação.
Minha mãe bate palmas e olha para mim. “Devíamos ter uma
noite de cinema enquanto estou aqui e assistir juntas!”
“Claro, mãe.” Melhor do que vídeos de treinamento

Dominatrix, eu acho.
Preciso puxar minha mãe de lado e garantir que ela não diga
nada as minhas amigas sobre minha infância, porque isso não é
algo que eu gostaria de explicar. Para ninguém. Nunca. Não acho
que ela vá mencionar isso, já que passamos a última década
fingindo que nunca aconteceu, mas o comportamento dela hoje é
preocupante, então não tenho certeza do que esperar.
“Eu gostaria de poder sair com vocês, meninas, mas tenho

uma reunião com um cliente e ainda preciso descobrir como chegar
lá.” Minha mãe acena com a mão no ar, como se a vida de uma
Dominatrix fosse dolorosamente difícil. “Talvez vocês ainda estejam
aqui quando eu voltar.” Ela bate no lábio. “Embora este cliente seja
um pouco difícil, posso demorar várias horas.”
Minha mãe cambaleia pela cozinha e pega sua bolsa. “Vou te

dar seus presentes agora, Char-char.”
4
Wednesday é o nome em inglês da Vandinha, da Família Addams.
“Tudo bem, mãe. Eles podem esperar.”
Ela me dispensa. “Mas é muito mais divertido abrir

presentes quando você está com amigas, não é? E acho que suas
amigas se divertirão com isso. Somos todas adultas aqui!”
“Claro que sim”, a expressão de Violet é alegremente

malévola.
Normalmente, quando Darren me compra coisas elas são

embrulhadas profissionalmente ou vêm em uma bolsa bonita com
uma bela fita enrolada. Não são como os presentes da minha
mãe. Eles vêm em sacos plásticos comuns.
Eu relutantemente espio dentro da bolsa. Oh sim, isso

será... mais estranho do que o normal. Eu deveria ter pegado a
tequila no início. Alcanço e retiro o item menos ofensivo.
“O que é isso?” Sunny inclina a cabeça para o lado.
“É um anel peniano vibrante. Veja.” Minha mãe o arranca da

minha mão e o coloca na palma de Sunny antes de ligá-lo.
O rosto de Sunny fica com um tom ainda mais brilhante de

vermelho. “Oh. Isso seria sentido...”
“Ótimo, certo?”
Sunny acena com incerteza.
“Continue. Tem mais.” Minha mãe faz sinal para eu

continuar. Quando não sou rápida o suficiente, ela agarra a bolsa
da minha mão e a joga na mesa.
Eu suspiro enquanto olho para a estranheza na minha

frente.
Violet grita e se esconde atrás de mim. “Que porra é

essa?” Ela aponta do seu lugar por cima do meu ombro.
“Você quer dizer isso ou isso?” Minha mãe segura dois itens
separados, ambos igualmente estranhos.
Violet faz um som de engasgo atrás de mim. “Qualquer um,

ambos? Isso é real?”
“Estas são bolas de Ben Wa, e este é um Spidergasm. Eles

são protótipos para a festa Halloween Dominatrix deste ano em
Vegas! Divertidos, não são?”
Não é bem assim que eu os descreveria. As bolas Ben Wa,

bolas pesadas que ficam penduradas em sua vagina para
estimulação pré-sexo, parecem olhos reais, do tipo que você
encontra nessas bonecas assustadoras, e o Spidergasm parece
uma aranha viúva negra.
Violet estremece. “Tão engraçado. Podemos guardá-la

agora?”
“Você tem medo de aranhas? Isso pode ajudá-la a superar

seu medo.”
“Estou bem. Estou muito bem.” Violet me usa como escudo.
“Não, sério, você deveria experimentar.”
“Eu posso fazer isso.” Lily dá um passo à frente.
Todos nós olhamos para ela como se ela tivesse perdido a

cabeça, mas ela sorri e levanta a palma da mão.
“Ok. Então imagine que este é o seu clitóris.” Minha mãe liga
sua voz sexy de Dominatrix e corre uma de suas unhas ao longo
do dedo médio de Lily.
Lily estremece, mas acena com a cabeça, os olhos

questionadores disparam para mim. Eu não posso salvá-la agora.
Minha mãe pega a viúva negra e a faz fingir que rasteja na

palma da mão de Lily e sobe em seu dedo...sim, é assustador.
“E esta pequena aranha está prestes a disparar todas as oito

mil terminações nervosas!” Minha mãe envolve a pequena aranha
na ponta do dedo de Lily e dá um tapinha na bunda.
Lily grita sua surpresa, e então sua mandíbula se fecha.

“Isso... morde?”
“Sim! E vibra. Testes de pesquisa estão mostrando que uma

mulher média leva quatro minutos para atingir o orgasmo por meio
do modelo Black Widow Spidergasm. Isso é um minuto mais rápido
do que o modelo anterior.” Minha mãe mantém sua voz de vendas
de sexo Dominatrix durante todo o discurso.
“Hã. Isso é...”
“... Incrível, certo?”
“Isso explica muita coisa”, Violet sussurra em minha orelha,

ainda segurando meu ombro.
“Eu sei”, murmuro.
Felizmente o alarme do telefone da minha mãe toca. Ela faz

beicinho. “O dever chama. Isso é ruim. Eu teria adorado relaxar
com vocês hoje à noite.” Ela agarra meu braço. “Já sei! Talvez você
e todas as suas amigas gostariam de vir à convenção amanhã.”
“Convenção?” Lily pergunta. A aranha ainda está presa no

seu dedo. Ela continua empurrando a bunda da coisa,
aumentando e diminuindo as vibrações.
“Sexpalooza! É uma ótima convenção. Posso conseguir

ingressos grátis para vocês, já que sou a apresentadora.” Ela estufa
o peito, claramente orgulhosa de seu feito.
“Haverá mais coisas assim?” Lily levanta seu dedo com a

aranha.
“Ah sim! Se tem a ver com sexo, estará lá.” Minha mãe
remexe em sua bolsa e tira um punhado de ingressos. “Char-char
vai te informar. Devo seguir meu caminho.” Ela me beija na
bochecha. “Voltarei mais tarde. Vocês, meninas, divirtam-se!”
E com isso ela sai pela porta.
Sunny levanta a mão assim que ela sai. “Hum, o que sua
mãe faz para viver?”
Normalmente eu digo que ela está no ramo do

entretenimento, o que é meio verdade. “Ela é uma Dominatrix.”
“Então o que ela faz, exatamente?” Sunny envolve o cabelo

em volta do dedo.
“Basicamente, ela manda nos homens até que eles tenham

um orgasmo.” Isso não é totalmente preciso, mas por uma questão
de simplicidade, funciona.
“Oh.”
“Vou tomar uma taça de vinho. Alguém mais quer uma taça
de vinho? Ou algumas doses? Poderíamos fazer doses.”
Poppy ajuda com o vinho, e Lily derrama suco espumante

em taças de champanhe para que Sunny e Vi não se sintam
deixadas de lado. Eu faço duas doses de Patrón, e Lily se junta a
mim, porque são doses, e pronto.
Assim que nós tomamos nossas bebidas, vamos para a sala

de estar. Lily ainda tem a aranha viúva negra presa ao seu dedo,
então Violet se senta o mais longe dela que pode. O jogo já
começou, mas o placar ainda é zero para os dois lados.
Lily só está prestando atenção pela metade, ainda fascinada

com a aranha que morde o clitóris. “Nós vamos para a convenção
amanhã, certo? Randy tem falado sobre compras de lingerie e
piadas de bola, então...”
“Você será capaz de obter sua própria mordaça de bola lá

com certeza. E lingerie.” Falo com sarcasmo, mas com base nas
expressões delas, não acho que ninguém intérprete dessa forma.
Violet levanta uma sobrancelha. “Mal posso esperar para ver

sua mãe em ação. Ela faz isso parecer incrível.”
“Acho sua mãe interessante”, Sunny diz.
“Eles terão isso na convenção?” Lily balança seu dedo de

aranha no ar.
“Provavelmente, mas você pode ficar com essa se quiser.”
“Sério?” Seus olhos se iluminam. Eu sei que Lily e Randy são

como coelhos, tipo, a cada cinco minutos ou algo assim, mas eu
não sabia que eles estavam no negócio extremo. Ou é possível que
Lily só agora esteja descobrindo sua aberração interior. Seria bom
ter uma amiga mais estranha do que eu. Violet acredita que
Vagazzling a torna aventureira.
“Certo.” Eu bebo meu vinho. “Mas devo avisá-la, que

provavelmente já foi usado.”
A alegria de Lily murcha como um balão. “Sério?”
“Sim, tipo uma vez ou algo assim? Especialmente se for um

protótipo”, eu explico.
“Protótipo?”
“Sim. Às vezes, minha mãe testa produtos antes de

chegarem ao mercado.”
“Então sua mãe pode ter usado isso?” Lily o tira do dedo e o
joga na mesa de centro.
“Uh, é possível? Quer dizer, pode ter saído do pacote, mas

não tenho como saber, a menos que você queira que eu pergunte a
ela.”
“Tudo bem. Se eles tiverem isso na convenção de sexo, vou

comprar uma lá.”
“Não acho que Miller gostaria muito disso”, Sunny diz,

pensativa. “Ele não é fã de aranhas.”
“Compreensível, realmente.” Violet sorri atrás de sua taça.
“Desde que ele teve seu escroto drenado depois da picada de

aranha, ele me faz me livrar de todas as criaturas de oito
pernas. Eu não as mato, no entanto. Sempre as levo para fora
quando ele não está olhando.”
“Uau, Miller teve seu...” Poppy moveu o dedo para a área da

virilha. “... drenado?”
“Oh meu Deus! Esqueci que foi antes da época da

Poppy! Então, quando Miller e eu ainda estávamos tentando
descobrir as coisas, ele foi a um acampamento de hóquei
canadense com Randy e eles se ofereceram para treinar com as
crianças. É tão doce e especial, realmente. Mas Miller foi picado
por uma aranha e teve uma reação alérgica.”
“Suas bolas eram do tamanho dos meus seios.” Violet

gesticula para suas garotas.
“Bem, não tão grandes, mas há uma foto em algum lugar por
aí. Elas estavam muito inchadas. Então ele teve que drená-las”,
Sunny explica.
“Isso é... horrível.”

“Sim. Pobre bebê. De qualquer forma. Suas bolas estão bem

agora, obviamente.” Sunny dá um tapinha em sua barriga.
Nós meio que prestamos atenção ao jogo enquanto as

meninas trocam histórias sobre o início de seus
relacionamentos. Que são muito diferentes da maneira como
Darren e eu começamos.
O Chicago vence o primeiro jogo. Todas pegamos nossos

telefones e mandamos mensagens de parabéns que ainda não
serão vistas. Meia hora depois, os telefones tocam ao nosso redor
com respostas. Sunny pede licença para atender um telefonema de
Miller. Lily recebe uma mensagem de Randy perguntando se ela
está sozinha. Violet e Poppy atendem chamadas curtas, e eu me
sento com meu telefone na mão, esperando por algo, qualquer
coisa.
Eventualmente, recebo uma mensagem. É

simples. Curta. Um obrigado. Lembro-me que Darren não envia
mensagens de texto extensas e qualquer resposta é boa. Na maioria
das vezes é o suficiente, mas neste momento me faz sentir um
pouco diferente, como se eu não me encaixasse direito e talvez
nunca me encaixe. Eu costumava ficar bem com isso. Esta noite
isso faz meu coração doer.
CAPÍTULO 8
CONHEÇA OS RENTS
CHARLENE
Na tarde seguinte, Lily busca eu e Violet na minha casa, já

que ela passou a noite.
Sigo Violet para fora e aperto o botão da fechadura da porta.

Darren não sentiu que minha fechadura anterior fosse suficiente,
então ele instalou um teclado com um código e um sistema de
alarme. É outra maneira de saber que ele se importa e quer me
manter segura. Embora meu bairro seja bem tranquilo. São
principalmente casais mais velhos e algumas famílias jovens.
Começo a descer a calçada da frente e grito ao ver um mini

trailer Winnebago, o tipo que para atrás de um carro, estacionado
na minha garagem. “Puta merda!” Eu corro de volta para a porta e
aperto o teclado, mas estou muito frenética para acertar, então ele
grita para mim em protesto.
“Oh merda...” murmura Violet. “Eu deveria ter te avisado,

mas achei que você já sabia que estava aqui.”
Eu protejo meus olhos. “De onde veio isso? Por que está
aqui? Quem está lá dentro?”
“Acho que é da sua mãe?”
Eu paro de surtar. “O que?”

“Ele estava aqui quando cheguei ontem, e o SUV ao qual

estava conectado se foi, então é só um palpite. Mas estou pensando
que é bem possível. Você vai ficar bem?'
“O que?” Parece que não consigo respirar direito. “Oh. Oh

sim. Estou bem.”
“Devemos ir?”
“Sim. Sim. Certo.” Dou dois passos desajeitados e instáveis

na passarela quando o alarme dispara na casa. “Merda. Espera aí.”
No momento em que destranco a porta, a empresa de alarme

está ligando. Explico que acidentalmente acertei o código errado,
forneço a eles todos os detalhes pessoais que precisam para
garantir que alguém não tenha invadido minha casa e me levado
como refém, e tranco uma segunda vez.
Eu mantenho meus olhos desviados enquanto eu caminho

rápido para a caminhonete de Lily, bem, tecnicamente é a
caminhonete do Randy, mas ela sempre dirige quando ele está fora
da cidade e me jogo no banco de trás.
“Eu não sabia que você era uma campista”, Sunny diz do
banco da frente.
“Na verdade, eu odeio acampar.”
“O que há com o trailer de acampamento, então?” Lily

pergunta.
“É da mãe dela”, Violet diz quando tudo que eu faço é sentar-

me lá, com a boca seca e ansiosa.
“Oh, você teve uma experiência ruim? Quando Lily e eu

plantamos árvores, foi horrível.” Até a carranca de Sunny é fofa.
“Eu acho que podem ter sido as pessoas com quem fomos”,
Lily responde. “Mas pode ser divertido. Se você estiver com as
pessoas certas.”
Eu não digo nada, porque minha experiência com um trailer

provavelmente não é como a da maioria das pessoas.
Menos de dois minutos depois de entrar na caminhonete,

meu telefone toca. Estou surpresa ao ver que é Darren. Não temos
muitas conversas telefônicas quando ele está fora. Eu levo o
telefone ao ouvido.
“Charlene? Está tudo bem? Você está bem?”
Sua preocupação é ainda mais surpreendente do que o

telefonema inesperado. “Estou bem. Por quê?”
“Oh. Ok.” Ele exala um longo suspiro. “Ok. Isso é

bom. Recebi uma mensagem da empresa de alarme que
era... preocupante. Eu queria ter certeza de que nada aconteceu e
você está segura.”
Eu não sabia que Darren seria contatado se o alarme da

minha casa tocasse.
“Estou bem. Coloquei o código errado muitas vezes e

disparou. Desculpe se te preocupei.”
“Contanto que você esteja segura, isso é tudo que

importa. Parece que você está em um carro. Você está dirigindo?”
“Estou com as meninas e não estou dirigindo.”
“Ah. Isso é bom. Ok. Bem, eu não vou segurá-la,

então. Talvez possamos conversar mais tarde? Ou envio uma
mensagem se não for conveniente para você.”
Meu estômago aperta. Darren não costuma sugerir

telefonemas, a menos que estejamos fazendo um plano para nos
vermos e enviar mensagens de texto demorará muito. “Eu adoraria

conversar. Posso mandar mensagem quando estiver em casa e ver
se você está por perto?”
“Seria perfeito. Tenha um dia divertido com suas amigas.”
Eu toco minhas pérolas, sorrindo com o quão formal e

estranho ele pode ser quando não tem certeza de como abordar um
assunto. É cativante. “Ok. Eu vou.”
“Mas não tanto quanto você se divertiria comigo.”
Eu ri. “Claro que não.”
Termino a ligação com um sorriso.
“Tudo certo?” Violet pergunta.
“Oh sim. Darren recebeu a mensagem da empresa de

alarmes e queria ter certeza de que estou bem.”
“Ele recebe alertas quando o alarme de sua casa

dispara?” Lily pergunta.
“Foi ele que o instalou, então sim. Acho que ele queria ter
certeza de que estou segura.”
“Isso é fofo, não é?” Sunny sorri. “Que ele quer ter certeza de
que você está bem cuidada quando não puder ficar com você.”
“Sim.” Eu rolo as pérolas sobre meus lábios. “É sim.”
***
Demora meia hora para chegar ao centro de convenções e
outros vinte minutos para encontrar estacionamento. Violet fica
absolutamente chocada quando Lily consegue estacionar sem
acertar nada. Na maioria das vezes, quando saímos em grupo, não
permitimos que Violet dirija porque ela é péssima nisso. Ela

consegue dirigir em linha reta, mas estacionar, dar ré e virar tudo
parece um desafio para ela.
Entregamos nossos ingressos e entramos. Já estive em

muitas sex shops para comprar lingerie e, às vezes, brinquedos e
coisas divertidas. Mas, no passado, tentei evitar esse tipo de
convenção sexual por causa do trabalho da minha mãe, então é
novo, até para mim.
Lily vagueia de vitrine em vitrine, verificando tudo. O rosto

de Poppy tem um tom interessante de vermelho permanente e,
Sunny, bem, acho que toda essa experiência vai deixar minha
pobre amiga com uma marca para o resto da vida. Pelo menos
tentei protegê-la disso, o que é mais do que posso dizer sobre o
resto delas.
Violet é... Violet. Ela para em uma mesa com cintas com
dildos e pega uma. “Posso testar isso?” Ela pergunta ao cara que
está no estande. Parece que ele provavelmente assiste muito filme
pornô na internet e não vê a luz do dia com frequência.
“Uh, testar como?” Ele pergunta.
“Tipo, posso experimentar? Ver se encaixa?”
“Oh sim. Com certeza.” Ele acena para seus seios. Embora
para ser justa, ela está vestindo uma camisa do Chicago com
decote em V com o logotipo esticado no peito. No verso está o
sobrenome de Alex e o número da camisa. Ela tem muitas coisas
inspiradas em Alex.
Ela joga uma para mim. “Você deveria experimentar isso

também.”
Eu bufo e reviro meus olhos. “Eu estou bem.”

“Oh vamos lá! Não estamos em seu playground favorito

agora? Divirta-se um pouco!”
Antes que eu possa protestar, Lily o pega de mim.
Acho que o cara que está cuidando do estande vai ter um

ataque cardíaco vendo as duas se amarrarem com tiras. Na
verdade, praticamente todos os caras nas proximidades param o
que estão fazendo para assistir.
“Você realmente não pode levar Violet a lugar nenhum,

pode?” Poppy pergunta com um sorriso em seu rosto ainda
vermelho.
“Não realmente, mas ela é definitivamente divertida.”
Assim que Violet colocou a cinta de Lily no lugar, elas

começam uma luta de espadas de pau, que chama muita atenção,
o tipo em que as pessoas tiram fotos às escondidas que com certeza
acabarão nas redes sociais.
Eu arrasto Vi para trás de uma exibição de dildos presos na

parede, e Poppy faz o mesmo com Lily.
“As pessoas estão tirando fotos”, repreendo. “Tire esse dong

e aja normalmente pelo menos uma vez.”
O rosto de Violet está vermelho de tanto rir e se esforçar.

“Mas eu gosto do meu dong.”
“Provavelmente, as fotos serão postadas em todos os lugares,

e você está vestindo uma camisa do Alex. Ele será marcado, e então
ele verá você e Lily tendo uma luta de espadas.”
Seu sorriso diminui e ela se encolhe, as manchas vermelhas

em seu peito ficam cada vez mais manchadas. “Mas que
merda.” Ela tenta tirar, mas está muito frenética para conseguir.
“Eu não consigo tirar meu dong!”
“Aqui, deixe-me ajudar.” Eu a liberto rapidamente enquanto

Lily retira o seu.
“Você é muito boa com fivelas e outras coisas”, Vi observa.
“Nem comece”, digo a ela. “Se não fosse por você e o resto
das meninas, eu não estaria aqui.”
“É divertido, porém, e desmistifica muitas das coisas que

lemos sobre BDSM, certo? Além disso, essa está amando todas as
coisas loucas.” Ela aponta por cima do ombro para Lily, que dá de
ombros e sorri.
Saímos de trás da parede de vibradores, agradecemos ao

cara que provavelmente vai ficar louco pelo resto do dia e vamos
em busca de Sunny. Que é quando encontramos Skye, a mãe de
Violet, e Daisy, que é a mãe de Alex e Sunny.
“Merda!” Violet tenta me puxar para trás de uma exibição de

manequins vestindo ternos de látex.
“Vi! Charlene! Meninas!” Skye grita.
Violet se encolhe e abaixa a cabeça em derrota. “Ei

mãe. Daisy, o que você está fazendo aqui?” Ela espia dentro do
carrinho que Daisy está empurrando. “Com Logan?”
Skye envolve o braço em volta do ombro de Violet e lhe dá

um grande abraço. “Sunny mencionou que você viria a esse
'palooza' hoje, então Daisy e eu procuramos e pensamos que seria
divertido se nós também viéssemos!”
“Com um bebê?” Violet pergunta.
“Logan é muito pequeno para se lembrar de algo assim,

então está tudo bem. Não é mesmo, meu pequeno chubbie-wubbie
favorito?” Daisy se abaixa até a cara do pequeno Logan e faz
cócegas em seus pés. Ele ri e dá um tapinha no cabelo dela.
“Você deveria ter nos contado sobre isso! Poderíamos ter feito
disso uma experiência completa de vínculo mãe-filha!” Skye se
agita animadamente.
“Sim, porque comprar brinquedos sexuais com minha mãe é

exatamente o que eu quero fazer em uma tarde de sábado.”
“Oh, vamos, Vi! Nós nos divertimos muito quando fomos a

Las Vegas, não foi?”
“Eu acho que eles têm uma seção de sexo maternidade”,

Daisy diz a Sunny, que finalmente apareceu. Ela parece um pouco
perturbada por encontrar sua mãe aqui. Pelo menos a mãe dela
está aqui apenas para fazer compras e não fazer parte do evento.
Este dia está cada vez melhor e melhor. Especialmente

quando finalmente topamos com minha mãe, realizando uma
demonstração de Dominação. Há um cara diferente, mascarado e
sem a parte de trás da calça, seguindo-a de quatro usando uma
coleira. Eu sei que é um cara diferente porque este tem uma
tatuagem enorme nas costas, e o cara de ontem não tinha.
Felizmente, chegamos ao final da demonstração.
Skye faz sua coisa desanimada como se tivesse quatro anos

de idade. “Pena que perdemos isso. Parecia divertido. Eu me
pergunto se Sidney gostaria desse tipo de calça.” Ela se vira para
Daisy. “Aposto que ficaríamos bem nesse negócio de couro. Essa
mulher parece ter a nossa idade.” Ela gesticula para minha mãe.
É então que minha mãe me nota e começa a acenar. Ela

acenou, na verdade ela é incrivelmente perita em todo o negócio de
chamar atenção para nós. “Char-char! Você e as meninas estão se
divertindo?”
Enfio a mão no bolso, em busca dos doces. Estou um pouco

preocupada em apresentar Skye à minha mãe. Individualmente,
elas são embaraçosas o suficiente, mas juntas, a humilhação pode

ser épica.
“Oh meu Deus!” Skye grita como uma adolescente em um

show de boy band. “Vocês duas se conhecem?” A mão de Skye
dispara e minha mãe a pega. “Eu sou Skye, a mãe de Violet.”
“Eu sou Whensday, a mãe de Charlene!” Minha mãe

responde exatamente com o mesmo nível de entusiasmo. “Mas meu
nome artístico é Climáxica.”
Talvez eu possa fugir enquanto isso acontece. Minha mãe

enfia o braço no meu e me abraça, matando essa ideia.
“Eu estava mencionando para Daisy como você fica incrível

com essa roupa!” Skye se move ao lado dela. Daisy ainda está
cuidando do carrinho.
Minha mãe passa as mãos pelo espartilho de couro. “Tenho

meia hora entre as apresentações. Eu ficaria feliz em mostrar a
você e levá-la a alguns dos estandes de roupas BDSM.”
Daisy dá um tapinha no cabelo dela. Costumava ser mais

parecido com um capacete, mas desde o casamento de Violet, ela
mudou para o século XXI. Suas roupas são uma transição mais
lenta dos anos oitenta, mas pelo menos ela não está mais usando
ombreiras. “Não tenho certeza se couro funcionaria com minha
pele.”
“Você está brincando comigo? Cabelo loiro e couro preto são

uma combinação letal.” Minha mãe enfia seu braço no de Skye
também, e as garotas a seguem enquanto ela se agita no meio da
multidão, acenando olá para os outros vendedores e artistas. Ela
beija cerca de vinte pessoas no ar e para em uma cabine para bater
na bunda de algum cara qualquer.
Ao observar minha mãe em seu elemento, reconheço como

ela e eu somos polos opostos. Onde ela passou os anos desde que
deixou o Rancho voando de cidade em cidade, colocando os homens
em seus lugares, eu criei raízes, encontrei estabilidade e tentei
construir um relacionamento um tanto normal. Não tenho certeza
se estou destinada a algum dia, ter sucesso na última parte, mas
certamente estou tentando. Eu criei minha própria família não
tradicional para não ter que ficar sozinha.
Paramos em uma butique chamada Leather & Laces e

procuramos um pouco. Lily pega uma braçada de roupas e
desaparece em um vestiário. Eles têm todos os tipos de espartilhos
de couro sexy e coisas divertidas. Darren prefere bonito e
rendado. Não é que ele não goste do couro, ele claramente gosta, o
pau não mente, mas seus olhos brilham de uma maneira diferente
quando uso renda ou cetim. Sempre acabo recebendo um número
insano de orgasmos nessas ocasiões.
A cortina ao nosso lado se abre um pouco, e a cabeça de Lily

salta para fora. “Eu preciso de uma opinião.”
“O que está acontecendo aí?” Tento espiar ao redor dela, mas

ela está segurando como se estivesse no filme O Iluminado, com o
mesmo sorriso assustador.
“Você tem que entrar.”
Todas nós já estivemos em vários estágios de nudez em

várias ocasiões umas com as outras, então não é grande coisa. Eu
deslizo pela cortina e Violet me segue. O vestiário está abarrotado
com três corpos.
Os olhos de Vi se arregalam. “Puta merda.”
“Isso é um puta merda muito bom ou um puta merda muito

ruim?” Lily puxa a gola em volta do pescoço. “É exagerado?”
Na verdade, tenho quase exatamente o mesmo conjunto de

espartilho. O usei algumas vezes para Darren. Sou um grande fã
da coleira com o anel de metal na garganta. Há algo fortalecedor
em deixar alguém de quem você se importa assumir o controle de
seu corpo e atender às suas necessidades. E essa roupa grita
submissão e confiança.
“Só há uma maneira de descobrir, não é?” Eu levanto uma

sobrancelha.
“Uhh...” Lily olha de mim para Violet e vice-versa.
“Enviar uma foto para Balls e veja o que ele tem a

dizer?” Violet pergunta.
Lily morde o lábio e depois me entrega seu telefone. “Ok.”
Ela faz poses sensuais enquanto eu tiro um monte de

fotos. Nós as percorremos e comentamos como o conjunto faz seu
decote parecer ótimo antes de ela escolher uma para enviar para
Randy.
Demora trinta segundos antes de ele responder.
1. Onde você está???
2. Compre isso se ainda não comprou.
3. Quem tirou essas fotos? Terei de ir para a prisão por

cometer um assassinato?
Lily sorri enquanto digita sua resposta, e Violet e eu a

deixamos para trocar de roupa. Skye já está no caixa com sua
própria compra.
“Devo dizer que estou muito feliz por não morar mais na casa
da piscina dos meus pais”, Violet diz.
“Né?”
Encontramos Poppy e Sunny abraçadas com o bebê

adormecido Logan, perto das coisas sexy mais doces em tons de
rosa, verdes e florais. Eu olho ao redor, me perguntando quando
poderemos sair daqui agora que vi minha mãe. Noto um casal na
área de estrelas pornôs. Há estrelas reais assinando pôsteres e
DVDs da velha escola, e até mesmo algumas fitas VHS para os fãs
mais obstinados. O que é meio triste.
“Ei.” Violet me dá uma cotovelada e aponta para a direita.

“Esse cara não parece uma versão mais velha do Darren?”
Eu sigo seu olhar e observo o casal, provavelmente na casa

dos cinquenta anos, posando para fotos. A mulher está vestida com
um minivestido prateado e ela definitivamente refez seus seios, e
provavelmente muitas outras coisas, incluindo o rosto, mas ela
ainda parece quase humana. O cara é alto, vestindo apenas uma
calça de couro preta com uma listra de zebra na lateral. Ele ainda
está balançando um corpo bastante decente por ser mais velho,
completo com um tanquinho, mesmo que seja um pouquinho
flácido.
Eu examino todo o caminho até seu rosto e observo seu

cabelo escuro penteado para trás. “Hã. Isso é estranho. Ele se
parece muito com ele.”
“Você precisa tirar uma foto com aquele cara. Diga a Darren
que você encontrou o futuro dele, e ele é uma estrela pornô! A
semelhança é fantástica, não é?” Violet se vira para Poppy e Sunny,
que concordam com a cabeça.
Eu desisto e a deixo me arrastar. Minha mãe parece

conhecê-los pessoalmente, então ela se aproxima e nos apresenta.
“Rod e Cherry, esta é minha filha, Charlene. Ela precisa tirar uma
foto com você!” Rod e Cherry. Acho que sutileza não é coisa
deles. Minha mãe me aperta entre eles e tira um milhão de fotos.
Eu mando uma para Darren com um emoji risonho e a

legenda:
Sua próxima profissão pode ser um dublê pornô para esse

cara.
“Então você é fã de hóquei em Chicago, Charlene?” O sorriso

de Rod é incrivelmente branco e assustadoramente como o de
Darren.
“Eu sou.”
Rod se inclina mais perto. “Você consegue guardar segredo?”
Está começando a me assustar o quanto ele se parece com

Darren. Sua voz é ainda profunda como a de Darren, e ele tem os
mesmos olhos frios.
“Uh, posso?” Sou atingida por uma estranha sensação de

mau presságio.
“Meu filho joga hóquei em Chicago.” O sorriso de Rod fica

ainda mais largo quando ele olha por cima do meu ombro. “E você
está usando o nome dele nas costas.”
CAPITÚLO 9
APROVADO PELA MAMÃE
DARREN
Normalmente eu durmo no voo para casa, mas desta vez

tudo o que posso fazer é tocar no apoio de braço e contar os
minutos até pousarmos.
Minhas preocupações giram em torno de Charlene. Depois

da foto e da legenda, disparei de volta uma mensagem dizendo a
ela para não falar com eles. Tentei ligar para ela, mas foi direto
para o correio de voz. Em meu pânico, fiz algumas exigências
irracionais, às quais ela respondeu que certamente não era uma
conversa por telefone, muito menos por meio de mensagens de
texto.
Sinceramente, eu nunca pensei que haveria um motivo para

contar a ela sobre meus pais biológicos, já que eles quase não
contribuíram na minha criação.
Eu vou direto para a casa dela do aeroporto, embora seja

improvável que Charlene esteja em casa do trabalho, então
podemos ter uma conversa. O Uber me deixa na frente de sua
casa. Tenho meu equipamento de hóquei comigo, o que é um tanto
inconveniente, mas eu não queria parar em casa primeiro. O carro
de Charlene sumiu de sua garagem e em seu lugar está um mini
Winnebago vermelho ligado a um pequeno SUV.
O Winnebago é um choque, principalmente porque Charlene

tem horror por trailers, independentemente do tamanho. Eu sei
disso porque uma vez no nosso caminho para a cabana de Alex
paramos em um posto de gasolina e ela quase teve um ataque de
pânico quando um deles parou na baía ao nosso lado. Ela se
recusou a me deixar sair do carro até que ele partisse.
Quando tentei arrancar mais informações dela, ela

murmurou algo sobre onde ela cresceu e como ela associava
trailers com homens maus. Naquela época, eu sabia pouco sobre
sua infância, mas nunca a tinha visto em tal estado de pânico.
Portanto, ver este Winnebago em sua garagem traz todos os

tipos de perguntas. Algumas para as quais eu gostaria de algumas
respostas. Corro as mãos suadas pelas minhas coxas e me
recomponho antes de finalmente tocar a campainha. Quando ela
se abre, fico cara a cara com uma mulher vestida com um
espartilho de couro preto e um par de saltos que podem funcionar
como armas.
Ela desliza a mão pelo batente da porta e a outra vai para o

quadril, que ela projeta. Sua sobrancelha arqueia e um sorriso se
forma em seus lábios cor de vinho. “Bem, olá. Se você está
tentando me fazer ir à sua igreja, acho que sou pecadora demais
para isso. Você gostaria de uma demonstração?”
Eu olho para mim mesmo. Estou usando calça social e uma

camisa de botão. Acho que entendo por que ela me confundiu com
um tipo de igreja, mas... ela acabou de me propor? Deslizo minhas
mãos nos bolsos e olho por cima do ombro, tentando ver além, mas
ela ocupa a maior parte da porta.
“Terei que reclinar. Estou aqui para ver Charlene.”
Seu sorriso vacila enquanto ela me inspeciona de uma nova

maneira. “Oh? Sério? E quem pode ser você?”
“Eu sou... uh... o namorado dela?” Por algum motivo, isso

surge como uma pergunta.
“Oh! Sim, claro! Char-char pode ser muito reservada sobre

coisas assim.” Ela me dá uma piscadela conspiratória.
Char-char?
“Eu acho?”
Ela faz um gesto para que eu entre. “Ela deve chegar em casa
logo. Você gostaria de entrar?”
“Certo. Obrigado.” Quando entro na cozinha, congelo. O

balcão está coberto de brinquedos sexuais. Mais especificamente,
o tipo que normalmente encontro com Charlene, da lista pensei que
poderia gostar, mas mudei de ideia. Que diabos está acontecendo
aqui? “Posso perguntar como você conhece Charlene?”
“Eu sinto muito. Estou tão distraída. Nem mesmo me

apresentei direito. Sou Whensday, mãe de Char-char.” Ela estende
a mão.
“Oh! Eu não sabia que você estava visitando

Charlene. Prazer em conhecê-la.”
Eu diria a sua mãe que ouvi muito sobre ela, mas a verdade
é que não. Sei o básico. Que ela é uma Dominatrix, desde que
Charlene era adolescente. Antes disso, elas moravam em uma
comunidade rural, e o pai de Charlene não era um bom homem,
então elas foram embora. Além desses detalhes, sei pouco sobre a
família de Charlene ou sua infância. Nenhum de nós gosta muito
de falar sobre nossa infância, então não o fazemos.
“É sempre bom conhecer os amigos de Char-char. Uma mãe

se preocupa, sabe.”
“Tenho certeza que sim.”

Eu concordo, embora não saiba como é. Meus pais não se

importaram comigo. Tenho quase certeza de que isso não mudou
na última década. E meus avós, que me criaram, são quentes como
gelo.
A mãe de Charlene vai até o balcão, onde uma infinidade de

dildos e outros brinquedos sexuais estão dispostos em panos de
prato. Faço uma nota mental para jogar fora todos os panos de
prato da casa.
“É um mundo tão pequeno, não é? Char-char teve uma

grande aventura conhecendo seus pais neste fim de semana! A
semelhança entre você e seu pai é realmente bastante
estranha. Eles foram inteligentes ao começaram a dirigir, já que as
estrelas pornôs têm uma vida útil tão curta. Ninguém quer ver
seios balançando quando estão tentando gozar, quer? E não me
faça falar sobre bolas velhas, certo?”
Não tenho certeza se ela honestamente espera que eu

responda. De repente, estou muito ciente de que, por mais fodido
que eu possa pensar que sou, com base no que estou vendo e
ouvindo, Charlene é uma bagunça. Não parece que sua mãe a
protegeu de forma alguma da profissão que escolheu. Isso me faz
querer proteger Charlene de todas as coisas ruins deste mundo,
incluindo eu mesmo.
“Há quanto tempo você está namorando Charlene,

exatamente?”
Eu vou com vago. “Estamos juntos há um tempo.”
“Sério? Hmm... Bem, aproveite enquanto pode.”
Que diabos isso significa?
“Como?”
“Char-char não costuma deixar as pessoas chegarem muito

perto dela. Bem, além de suas amigas, de qualquer maneira.”
Minha boca está seca de repente. Penso em como realmente

conheço Charlene, porque há alguma verdade no que sua mãe
disse. Charlene sempre foi quem retrocedeu em nosso
relacionamento. Eu permiti porque não quero arriscar perdê-la
pressionando-a, mas estamos há dois anos nisso e não tenho a
sensação de segurança que gostaria.
“Foi bom visitá-la. Ela tem amigas tão divertidas. Todas elas
se divertiram na convenção. Você sabe, eu tentei criar Charlene em
um estilo de vida muito positivo em relação ao sexo e sem
vergonha, pelo menos quando ficamos apenas nós duas.”
“Isso é importante.” Não tenho certeza do que mais dizer

sobre isso.
“Realmente é, mas às vezes acho que teria sido melhor para

Char-char se ela tivesse uma infância mais normal. Ela sempre foi
tão doce e inteligente como um chicote! Meu Deus, ela sabia recitar
toda a tabuada quando tinha quatro anos. Não é nenhuma
surpresa que ela trabalhe com números. Se eu tivesse tido sua
inteligência, talvez tivesse feito escolhas melhores.” Ela me dá um
sorriso triste. “Sempre pensei que talvez um dia Char-char pudesse
querer viajar pelo mundo comigo, mas ela parece acomodada e feliz
aqui.”
“Ela está feliz e muito satisfeita.” A casa dela é acolhedora, a

vida dela tem rotina e conforto, e eu faço parte disso.
Ela inclina a cabeça. “Você joga hóquei profissional, sim?”
“Jogo sim.”
“Isso significa que você viaja com frequência?”
“Durante a temporada, sim.”

“Mmm...” Ela diz algo que parece perto, mas não muito perto.
“Isso deve tornar os relacionamentos desafiadores.”
“Estou em Chicago durante o período de entressafra, e

Charlene é muito independente, como você sabe.” Forço um
sorriso, ciente de que mesmo que ela não tenha o emprego mais
convencional, ela ainda é uma mãe que cuida de sua filha. “Ela
também tem bons amigos que estão sempre aqui quando estou
fora.”
“Aquelas garotas com quem ela passa o tempo parecem uma

família”, Whensday observa.
“Elas são mais parecidas com irmãs”, eu concordo.
“Isso é bom. Ela precisa disso. Ela sempre esteve cercada por
um monte de…”
A porta bate antes que Whensday possa terminar esse

pensamento. “Mamãe? Estou em casa!”
A voz de Charlene é o bálsamo que preciso desde que o avião

pousou, mesmo que suas palavras não sejam dirigidas a
mim. Estou simultaneamente calmo e ansioso. Pergunto-me se é
assim que Charlene se sente regularmente quando eu retorno dos
jogos fora de casa.
Ela para assim que me vê. Seus olhos vão para Whensday,
depois para os brinquedos sexuais sobre os panos de prato no
escorredor antes de voltarem para mim. “O que você está fazendo
aqui?”
Acho que estamos ignorando todas as coisas estranhas. “Eu

queria ver você. Achei que deveríamos conversar.”
Ela arqueia uma sobrancelha. “Você poderia ter ligado

primeiro.”
Sua mãe parece estar alheia à repentina tensão. “Darren e

eu estávamos conversando sobre profissões. Temos muito em
comum com todas as viagens que fazemos, não é?” Ela olha para
mim para confirmação.
É realmente a única coisa que temos em comum, além de

Charlene. “Eu suponho...”
Charlene dirige um olhar fulminante para sua mãe. “Bem,

isso é bom. Não gosto de viver com uma mala, então acho que isso
me torna a estranha.” Ela aponta para os brinquedos sexuais no
escorredor, recusando-se a olhar na minha direção enquanto suas
bochechas ficam vermelhas. “Por que essas coisas estão para fora
assim? Você não pode guardá-los?”
“Eu não posso embalá-los molhados. E honestamente, Char-

char, não é como se Darren não tivesse visto de tudo
antes.” Whensday dirige seu sorriso brilhante para mim.
Como ela saberia o que eu vi e o que não vi? E de repente

tudo clica. Charlene quer tentar coisas novas e depois decide não
fazer isso. A caixa de Charlene com meus brinquedos. Aquilo
nunca foi ideia dela; só não percebi isso até agora.
Com o sex shop itinerante de sua mãe espalhada por toda a

cozinha, posso ver exatamente como Charlene passou a acreditar
que isso é normal, até esperado. Antes desse momento, não havia
ocorrido que sua mãe pudesse influenciar essas escolhas,
principalmente porque eu acreditava que ela e sua mãe não eram
tão próximas. Isso altera minha percepção das travessuras que ela
costuma fazer, e eu tenho que me perguntar se ela apenas sugere
metade das coisas que ela faz porque sofreu uma lavagem cerebral
para acreditar que eu não quero fazer sexo com ela de outra forma.
Um telefone vibra de algum lugar entre os brinquedos

sexuais no balcão, e Whensday move as coisas até encontrá-lo. “Oh
caramba! Eu não percebi que era tão tarde. Eu tenho que ir!”
Charlene ajuda a transferir os brinquedos para sacolas

Ziplock, que sua mãe joga em uma pequena mala. Não ofereço
ajuda até que tudo esteja empacotado, já que toda essa situação já
é bastante desconfortável do jeito que é. Eu carrego as malas para
o pequeno trailer. Charlene fica ainda mais assustada quando
estamos do lado de fora, perto do Winnebago. Talvez eu precise
empurrar para obter mais informações sobre a coisa toda do trailer,
considerando a maneira como ela continua puxando a gola de sua
camisa enquanto carrego as malas de sua mãe. Assim que termino,
recebo um abraço de sua mãe e volto para dentro para que elas
possam se despedir.
Eu ando pela cozinha por um minuto, em seguida, examino

sua geladeira procurando algo para beber. Charlene tem vinho,
mas está em uma caixa. Não tenho certeza se alguma vez consumi
vinho dessa forma, mas acredito que a conversa que estamos
prestes a ter requer álcool, então pego duas taças do armário e as
encho. Generosamente.
Um minuto depois, Charlene retorna. Ela está de costas para

mim, então não me notou ainda.
Não digo nada enquanto ela fica parada ali, de frente para a
porta, os dedos apertando a maçaneta, a outra mão em sua
garganta. Eventualmente ela se vira, liberando os botões de sua
blusa.
“Merda!” Ela grita quando me vê de pé, do outro lado da

cozinha, encostado no balcão.
“Eu não queria assustar você.” Estendo a taça. “Você

gostaria de um pouco de vinho?”
Seus lábios se achatam em uma linha fina, mas ela

atravessa a cozinha e pega a taça. Um pouco do vinho respinga na
beirada e cai no meu pé, ensopando minha meia. Charlene não
percebe ou não se importa. Ela inclina a cabeça para trás e bebe
tudo. Uma gota de vinho escorre pelo seu queixo e ela o enxuga
com as costas da mão.
“Sua mãe parece... legal.” Com base na encarada que recebo,

não tenho certeza se foi o melhor começo de conversa.
“Sério, Darren? É isso mesmo que você quer falar? Minha

mãe parece legal?” Ela passa por mim e se dirige para a
geladeira. Abrindo-a, ela puxa a caixa de vinho e a joga no balcão
ao meu lado. Há um brilho fino de suor em sua testa e
pescoço. Suas mãos tremem enquanto ela enche a taça e a esvazia
novamente.
Quando o preenche pela terceira vez, eu gostaria de salientar

que normalmente leva apenas três taças de vinho para deixá-la
tonta, mas não quero deixá-la mais chateada.
“Eu sinto muito.”
Charlene congela com a taça a meio caminho da boca. “Sobre

o que você sente muito? Que minha mãe é uma lunática? Que você
mentiu sobre seus pais? Que você tentou mandar em mim por meio
de mensagens de texto?”
Não lamento conhecer a mãe dela. Na verdade, isso me dá

uma ideia muito melhor de quem é Charlene. Mas também não
tenho certeza se posso explicar completamente sobre o que eu
sinto, então abordo as partes dessa pergunta que posso. “Eu não
menti e fiquei preocupado.”
“Sério? Porque eu vi uma foto sua com seus pais, e nenhum

deles se parecia com Cherry ou Rod.”
“Rod e Cherry podem ter me feito, mas eles não me

criaram. Meus avós sim. Eles realmente me adotaram.”
Seu brilho desafiador e suspeito muda para confusão. “Eu

não entendo. Você me disse que foi criado em uma casa rígida, sem
afeto e que a privacidade não era permitida. Essas foram suas

exatas palavras.”
“E essa é a verdade.”
“Por que você não me disse que foi criado pelos seus avós?”
“Não achei que fosse necessário.” Engulo o pânico que vem

por ser franco sobre a história da minha família. Nunca contei a
ninguém sobre isso. Nem mesmo Alex sabe. Bem, tenho certeza de
que sabe agora, mas guardei esse terrível segredo minha vida
inteira. Porque esse é o motivo de eu ser tão fodido quanto sou. E
o motivo dos acordos de não divulgação. “Por favor, sente-se
comigo para que eu possa explicar.”
Ela exala um suspiro trêmulo, mas me permite pegar sua

mão e levá-la para a sala. Charlene espera até que eu me sente no
sofá antes de ir para a poltrona. Estou desapontado, mas não
surpreso por ela querer espaço.
Bebo meu vinho e tento não permitir que o desagrado

apareça em meu rosto. Faço uma nota mental para que algumas
caixas de um bom vinho sejam entregues em sua casa para que ela
não se sinta obrigada a beber essa porcaria. Correndo a mão para
cima e para baixo na minha coxa algumas vezes, respiro fundo.
“Eu nunca compartilhei isso com ninguém, Charlene. E esperava
nunca ter que fazer isso.”
Eu a observo, notando a maneira protetora como ela segura

a taça em suas mãos, aquecendo o conteúdo. Quando alcanço sua
garganta, noto a ausência de suas pérolas e meu peito se
contrai. Charlene sempre as usa, e o significado de sua ausência é
como uma navalha cortando meu coração. Sua expressão e
postura são cautelosas. Espero não ter perdido todos os meus
ganhos por causa disso.
Odeio meus pais por me fazerem sentir que o sigilo é

necessário.
“Fui criado pelos pais da minha mãe.”
“Porque seus pais são estrelas pornôs.”
“Sim.”
Ela não pede mais informações, mas o silêncio só aumentará

a distância entre nós. Ela quer que eu diga a ela sem ter que me
cutucar.
“Meus pais começaram a namorar no último ano do ensino

médio. Eles tinham dezoito anos e eram descuidados.”
“E sua mãe ficou grávida”, Charlene diz suavemente.
Nossas histórias são semelhantes em muitos

aspectos. Jovens adultos cometendo erros e tendo filhos, nós,
muito antes de estarem prontos. “Isso mesmo. E por causa das
crenças dos meus avós, ela me manteve. Eles concordaram em
apoiá-la se ela terminasse com meu pai.”
“Mas ela não fez isso.”
“Ela não fez. Eles fugiram juntos, uma ideia tão romântica,
não é?” Eu sorrio com a ironia e olho para Charlene, que parece
triste. “Eles aprenderam muito rapidamente como é difícil
sustentar uma criança sem educação e sem o apoio da família,
então encontraram uma maneira de ganhar dinheiro. E eles
ganharam muito. Mas, com certas profissões, existe um estilo de
vida.” Olho para as minhas mãos e uma série desconexa de
memórias que nunca fez muito sentido até que eu fosse mais velho
piscam como um filme antigo atrás dos meus olhos. “Em uma
idade jovem, fui exposto a coisas que não deveria ter sido.”
Os dentes de Charlene pressionam seu lábio enquanto ela

compreende o que quero dizer. “Oh”, ela respira.
“Isso foi... prejudicial em mais maneiras do que posso

contar, e é por esse motivo que não gosto de falar sobre isso. A
maioria das memórias são vagas e indistintas, como fragmentos de
um sonho que não consigo pegar e segurar.”
Ela concorda. “Entendo isso. Às vezes, sinto o mesmo sobre

a minha infância, como se ela estivesse envolta em uma névoa que
não consigo ultrapassar.”
“Exatamente.” Eu me preocupo com o que dizer a ela e o que

isso fará a nós. Preocupo-me mais por estarmos cumulativamente
confusos para sermos bons um para o outro. “Quando eu tinha
quatro anos, fui removido da casa de meus pais e enviado para
morar com meus avós. Fui criado em duas famílias muito
extremas. A primeira era expressamente permissiva e
excessivamente sexual. A segunda era sufocantemente
opressora. Houve restrições impostas a mim que nem sempre eram
razoáveis.”
“Que tipo de restrições?” Sua voz é um sussurro.
Considero o quanto eu quero dizer a ela e decido que posso

muito bem deixá-la entrar. “Assim que atingi a puberdade, a porta
do meu quarto foi removida.”
Ela franze a testa. “Por quê?”
“Meus avós queriam erradicar a perversão de mim.”
“E eles pensaram que poderiam fazer isso tirando sua

privacidade?”
“Mmm.”
“Deus, você deve ter tido que tomar muitos banhos longos.”
Dou a ela um sorriso triste. “Eles colocaram um

temporizador no termostato do chuveiro. A água quente era
cortada após cinco minutos.”
“Como você conseguiu?”
“Eu vivia e respirava hóquei. Passava horas no gelo todos os

dias e me acostumei muito a ficar desconfortável. Felizmente, fui
convocado aos dezoito anos. Mas às vezes, quando você é oprimido
por tanto tempo, a liberdade causa mais dor. Acho que você pode
entender isso.”
Charlene balança a cabeça e seus dedos sobem pela

garganta, mas param quando ela não entra em contato com as
pérolas. Quero perguntar onde elas estão, já que raramente não
estão.
“É difícil confiar”, ela murmura.
Aproximo-me dela, meu joelho quase tocando o dela. “Sim. É

exatamente isso. As únicas pessoas em quem eu poderia confiar
com segurança eram meus companheiros de equipe.”
Charlene abaixa a cabeça, seus dedos se arrastam para

baixo, na lateral da taça. “Ainda é assim?”
Charlene está tão destruída quanto eu. Alguém inteiro seria

melhor para ela, mas não acho que sou altruísta o suficiente para
deixá-la ir se ela está danificada o suficiente para querer ficar.
“Eu cobiço a privacidade porque era algo que nunca me foi

permitido. Não contei sobre meus pais porque nunca imaginei que
você teria o azar de conhecê-los. Uso o sobrenome dos meus avós
porque isso me separou deles e removeu a ameaça por
associação. Eles não queriam que as pessoas soubessem e,
francamente, nem eu.”
Eu expiro lentamente, odiando o aperto em meu peito,

desejando poder controlá-lo. “Não sou normal, Charlene. Não sinto
as coisas da mesma forma que as outras
pessoas. Relacionamentos são difíceis para mim porque eu
realmente luto para entender onde devem estar os limites. Os meus
estavam sempre muito perto ou muito longe. A verdadeira
intimidade é desconhecida e assustadora porque eu não
permitia. Até você.”
Ela se assusta quando eu traço a borda da sua mandíbula

sem fazer contato físico.
“E estou começando a ver que não fiz um trabalho muito

bom em transmitir isso, ou em tornar mais fácil para qualquer um
de nós com todos esses segredos”, digo.
“Eu entendo a necessidade de segredos.”
“Sei que você faz.” Sinto o deslizar das costas de sua mão,
um sussurro de toque que ajuda a me acalmar. “A única coisa boa
da minha infância foi o hóquei. Aprendi muito rapidamente que as
pessoas gostam de usar meu passado para ganho pessoal, daí os
acordos e a falta de relacionamentos.”
“Eu entendo isso muito melhor agora.” Ela vira a palma da

mão, as pontas dos nossos dedos se encontram.
“Minha infância me ferrou, Charlene, e eu gostaria muito se

não tivesse o mesmo impacto sobre o que temos. Eu não disse
porque não queria te manter afastada.”
“Bem, se você não percebeu, minha infância foi muito fodida

também, então acho que nossas partes quebradas se encaixam,
não é?”
“Parece que sim.” Acaricio ao longo da sua garganta, onde

suas pérolas deveriam estar.
Ela cobre minha mão com a dela. “Eu estava inquieta hoje e
não conseguia parar de brincar com meu colar. Fiquei preocupada
em quebrá-lo novamente, então o tirei.” Alcançando o bolso de sua
saia, ela retira as pérolas. “Você vai me ajudar a colocá-lo de volta?”
“Claro.”
Ela o joga na minha palma.
Charlene me dá as costas enquanto amontoa os cabelos e

inclina a cabeça, expondo a inclinação suave de seu pescoço. Eu
aperto em volta de sua garganta e coloco um beijo logo acima de
onde eles estavam. “Sinto muito se meu segredo a machucou,
Charlene. Vou tentar o meu melhor para não fazer isso com você
novamente.”
CAPÍTULO 10
JOGOS DO AMOR
CHARLENE
Quem diria que descobrir que os pais do seu namorado são

estrelas pornô poderia levar um relacionamento a outro nível? Não
essa mulher, com certeza. Já se passaram três semanas desde que
Darren conheceu minha mãe, e ele ainda não decidiu que minha
loucura é demais para ele. Na verdade, nas últimas três semanas,
eu o vi mais do que o normal. Tivemos mais festas do pijama nas
últimas semanas do que nos dois meses anteriores. É estranho. Eu
gosto disso. Mas também me deixa nervosa.
Porque ainda tenho um segredo, e Darren não tem mais. Já

pensei em contar a ele sobre o Rancho, mas não quero perturbar
esse novo equilíbrio. Eu direi a ele eventualmente, talvez depois
que os playoffs acabarem e o projeto de expansão esteja fora do
caminho.
Paro no estacionamento subterrâneo da Stroker and Cobb

Financial Management e resmungo enquanto me levanto do banco
do motorista. Minhas pernas doem. Meus braços também. Na
verdade, meu corpo inteiro dói graças à maratona de sexo que
Darren e eu nos envolvemos. O Chicago perdeu o jogo da noite
passada, e Darren precisava de uma maneira de liberar um pouco
dessa energia negativa reprimida. Obviamente, eu me ofereci para
ajudar. Consequentemente, dormi pouco e sinto dores, mas estou
saciada.
Eu pego o elevador para o terceiro andar. Seis meses atrás,

foi-me oferecido um cargo de contabilidade Sênior. Além de Violet,
sou uma das mais jovens da equipe em uma posição Sênior. Jimmy
e Dean, que foram contratados na mesma época que eu e Violet,
não ficaram muito felizes com isso, e por algumas semanas eles
foram verdadeiros idiotas, mas as coisas se acalmaram. Na maioria
das vezes.
Uma das vantagens da minha promoção é que ela veio com

um bom escritório em vez de um cubículo ruim e uns quarenta mil
dólares extras por ano. Embora eu possa ganhar apenas uma
fração do salário de Darren, estou indo muito bem para uma moça
de quase vinte e seis anos.
Largo minha bolsa ao lado da mesa e ligo o monitor para

verificar os e-mails. Acabei de fazer o login quando Violet espreita
a cabeça pela porta. “Você tem algum lanche? Estou com tanta
fome esta manhã.”
“Deveria ter algo nesta gaveta.” Bato na minha mesa e a

coloco para dentro enquanto pego meus e-mails. Minha mãe me
enviou um milhão. Ela ainda não percebeu que pode me enviar
fotos por mensagem de texto e não precisa enviá-las
individualmente por e-mail. “Eu não sabia que você viria hoje.”
“Eu não vinha, mas Alex quer que eu vá a Toronto neste fim
de semana se eles forem ao jogo sete da série, então estou trocando
os dias, só para garantir.” Violet só vem ao escritório duas ou três
vezes por semana, no máximo. O resto do tempo ela trabalha em
casa. Por mais incrível que seja para ela, sinto falta de ter minha
melhor amiga por perto todos os dias. Jimmy e Dean podem ser
divertidos, mas não são Violet.
Ela vasculha a gaveta, jogando itens na minha mesa. “O que

é toda essa merda? Por que você não tem nenhum doce bom?”
“Provavelmente porque você comeu tudo da última vez que

esteve aqui.”
“Parece que tenho que me contentar com isso.” Ela suspira

e desembrulha uma barra de granola revestida de
chocolate. Dando uma mordida enorme, ela faz uma careta. “A
aveia estragou tudo isso. Devíamos ir ao restaurante tailandês no
almoço.”
“Certo. Parece bom. Tenho uma reunião das 10h às

11h. Fora isso, estou colocando em dia os e-mails e revisando
contas.” Eu clico em um e-mail da minha mãe. Presumo que seja
outra foto da convenção de sexo.
Violet se engasga e tosse ao ver a imagem na tela.
“Darren nunca pode ver isso”, eu digo.
É uma cena de ação do cara mascarado administrando a

manobra de Heimlich quando minha mãe fez o teste para o reality
show. Parece que ele está tentando me acertar por trás. Darren
quebraria os joelhos do cara com seu taco de hóquei por colocar as
mãos em mim. É preocupante que a ideia me deixe um pouco
excitada em minha calça.
“Sim. Você deve dizer a sua mãe para excluí-lo e, em seguida,

excluí-lo também. Para sempre.”
“Sim.” Passo para o próximo e-mail, encolhendo-me ao abri-

lo. Desta vez é um vídeo do cara fazendo a manobra Heimlich, mas
não há som, então realmente parece que ele está tentando me
agarrar totalmente vestido. Eu esfrego minha testa. “Não sei por
que ela insiste em enviar isso para meu e-mail de trabalho.”
Violet dá um tapinha no meu ombro. “Dois dias atrás, Skye

me disse que ela usou aquela roupa de fetiche para Sidney. Ela
também me disse que deu a ele um Viagra e sua ereção durou tanto
que eles tiveram que ir para a sala de emergência. Muito obrigada

por esse visual horrível.”
“Sidney está bem?”
“Acho que sim? Skye estava muito orgulhosa de si mesma,

então não deve haver nenhum dano duradouro.”
Somos interrompidos por uma batida na porta. Fecho

rapidamente meu navegador, esperando que talvez seja Jimmy,
Dean ou o meu chefe, o Sr. Stroker, mas não é nenhum deles, e
não consigo ver a pessoa por causa do enorme buquê de flores.
“Entrega para Charlene... Hoar?”
“O H é mudo”, Violet diz com um sorriso.
O entregador abaixa o buquê o suficiente para nos ver.

“Desculpa. Onde você gostaria de colocar isso?”
“Oh, aqui seria ótimo.” Eu limpo alguns papéis do canto da

minha mesa e ele o coloca na borda.
Eu quase engasgo com sua colônia. Parece que ele jogou o

vidro inteiro em si mesmo. Meus olhos estão lacrimejando.
Violet tosse em seu braço. “Fred?”
Ele ajusta seu boné de beisebol, que envia outra lufada de

colônia em nossa direção. “Violet?”
Ele parece familiar, mas não consigo lembrar.
“Ei! Como você está?” Ela tosse novamente.
“Bem. Bem. Ainda entregando flores. Ainda solteiro.” Ele

enfia as mãos nos bolsos e se balança nos calcanhares. “Eu, uh, vi
no noticiário que você se casou com Alex Waters há algum tempo,
então, uh... parabéns, eu acho.”
Bem, isto é constrangedor.
“Obrigada.”
“A oferta para levá-la ao cinema não tem data de validade,

então, se você se divorciar, pode sempre me procurar.”
“Estou levando meus votos de casamento muito a sério, a

coisa toda de até que a morte nos separe. Além disso, ele tem um
pau enorme, então você sabe, é muito incentivo para ficar
continuar casada.” Violet se encolhe, provavelmente porque ela foi
longe demais ao compartilhar.
“Certo. Sim. Oh, uh, o pedido de preservativos tornou isso

bastante óbvio. Eu acho que se você está pensando em reduzir o
tamanho para algo mais comum, eu poderia ser o seu homem.” Ele
dá um passo para trás, em direção à porta.
“Vou manter isso em mente.”
O pager de Fred toca e ele solta um suspiro. “Foi muito bom

ver você, Violet. Espero entregar flores novamente aqui em
breve.” Ele continua a sair do escritório, batendo o cotovelo no
batente da porta. Ele tira uma das mãos dos bolsos para acenar e
desaparece no corredor.
Antes que eu possa dizer qualquer coisa, ele espreita a

cabeça no escritório novamente. “Oh, essas flores devem estar sob
a luz solar diretamente. Elas durarão mais assim.”
“Obrigada, Fred.”
“Ok. Bem, tchau.” Ele desaparece novamente.
Violet espera alguns segundos antes de atravessar meu

escritório na ponta dos pés, mas ela está usando salto, então não
é furtiva ou coordenada sobre isso. Violet quase tropeça e cai no
corredor. Ela consegue pegar o batente da porta antes de cair e

enfiar a cabeça no corredor.
“A costa está limpa, mas o corredor cheira a uma escola

inteira de adolescentes mergulhando em colônia ao mesmo
tempo.” Ela estala os lábios enquanto abrimos todas as janelas do
meu escritório. “Provavelmente vou sentir isso pelo resto do dia.”
Não está particularmente quente, mas prefiro congelar meus

mamilos a continuar inspirando essa colônia.” Eu inspiro várias
respirações de ar fresco. “Acho que meus sentidos olfativos estão
destruídos. Quem diabos era aquele cara?”
“Ele costumava entregar as flores de Alex quando eu morava

na casa da piscina.”
“Oh meu Deus! Eu me lembro dele! Ele não te chamou para

sair logo depois que você disse a ele que estava com o pau do Alex
na boca?”
“É esse mesmo.”
“Não me lembro de seu problema com a colônia ser tão ruim

antes.” Tenho que enxugar os olhos, para secar as lágrimas, pois
ainda estão doendo.
“Talvez tenha piorado com o tempo, como se a exposição

prolongada às flores o tornasse incapaz de cheirar coisas.” Violet
acena para o buquê. “São de Darren?”
“Eu não sei. Talvez?” Pego o cartão do buquê, que é quase

inteiramente composto de flores amarelas com algum rosa e
laranja misturado. É como o nascer do sol. Limpo meus olhos
novamente, dizendo a mim mesma que é porque eles ainda ardem
por causa da colônia.
Tiro o cartão do minúsculo envelope amarelo. A escrita

elegante de Darren preenche o espaço.
Uma pequena coisa linda, para a minha coisa linda.
O queixo de Violet repousa no meu ombro. “Uau. Isso é super

fofo.”
“É realmente.” E não é como nada que ele já fez antes. Quero

dizer, as flores, sim. Ele me surpreendeu com aquele buquê e os
doces antes, só que nunca no trabalho.
“Você o deixou entrar pela porta dos fundos na noite passada

ou algo assim?”
“Sério?” Eu a acotovelo e acidentalmente a acerto no seio.
“Ow!” Ela cambaleia para trás, segurando-o com as duas

mãos. “Isso doeu pra caralho, Char!”
Reviro meus olhos. “Oh vamos lá.”
Ela continua a massagear o peito. “Não mesmo. Parece que

você tentou arrancar meu mamilo com seu cotovelo pontudo.” Ela
olha para baixo em sua camisa, como se ela estivesse verificando
se seu mamilo ainda está preso ao seu corpo. “Lembra-se de como
seus seios doíam quando você era adolescente e eles estavam
explodindo?”
Encolho os ombros. “Eu acho.”
“É assim, mas pior. Eles estão assim a semana toda. Alex

está ficando frustrado por não conseguir deslizar o pau entre
eles.” Ela ainda está massageando o peito com uma mão e tocando
as pétalas de uma dália com a outra. “Tenho uma reunião em vinte
minutos, mas espero ouvir tudo sobre o que você fez para inspirar
essas flores no almoço.” Ela pega outra barra de granola da minha
mesa e me deixa sozinha.
Darren liga antes que eu tenha a chance de estender a mão

e agradecê-lo pelas flores.
“Eu estava prestes a mandar uma mensagem para você”,

digo a ele.
“Você ia?”
Quase consigo vê-lo sorrindo, e isso faz meu coração

disparar.
“Alguém me enviou algo lindo.”
“Ah é? Que tipo de coisa linda?]
“Algumas flores muito impressionantes. Elas parecem com o

nascer do sol.”
“Então você gosta delas?”
“Adoro elas. São lindas. Não tenho certeza do que fiz para
justificá-las, mas elas certamente são apreciadas.” Por que sinto
um friozinho na barriga de repente?
“Você não precisa fazer nada para justificar algo bom. Se

fosse razoável, eu mandaria flores todos os dias.” Ele limpa a
garganta e posso ouvir a água correndo ao fundo. “Eu queria
checar com você antes de sair esta tarde. Tudo bem se eu ligar para
você mais tarde esta noite, assim que estiver estabelecido em
Toronto?”
“Claro.”
“E quando eu estiver em casa, você ficará novamente? Se

não estiver ocupada?”
“Estou disponível sempre que você precisar de mim.”
“Isso seria sempre, Charlene. Ligarei quando estiver em

Toronto. Aproveite as flores.”
“Eu vou. Tchau, Darren.”
Ele nunca termina uma ligação com um adeus. Não sei por
quê. Eu fico olhando para o meu telefone por vários segundos
enquanto rolo o que ele disse na minha cabeça. “Isso seria sempre”.
Com a recente revelação sobre sua família, cheguei a

algumas novas descobertas. Darren foi essencialmente carente de
afeto quando criança, e provavelmente por toda a sua vida, então
está pedindo meu tempo para ele tentando conter sua
carência. Todas aquelas noites passadas em sua cama, com ele
deitado como o Drácula, eram tanto para me dar espaço quanto
por ter medo de buscar intimidade e ser negado. Não é o controle
que ele está buscando, mas sim uma maneira de se livrar das
restrições colocadas sobre ele.
Parte de mim adora ser necessária por ele assim, mas outra
parte se preocupa que a necessidade se transforme em
dependência, e é quando as coisas ficam arriscadas. Até agora,
nunca me permiti me envolver com alguém a ponto de precisar dela
de forma tão aguda.
Não tenho tempo para me fixar nisso, no entanto. Minha

reunião matinal e exclusão dos e-mails da minha mãe me mantêm
muito ocupada para ficar obcecada. Às 12h, Violet espia pela
minha porta e declara que é hora do almoço e que ela precisa comer
toda a comida tailandesa porque está morrendo de fome.
Eu coloco minha bolsa no ombro. “Devemos convidar Jimmy

e Dean?”
Ela me mostra seu rosto carrancudo. “Só se toparmos com

eles na saída?”
“Certo.”
Mal nos sentamos à mesa e Violet já vai ao bufê, enchendo

seu prato com coisas que ela normalmente não faria. Ela mal
pronuncia uma palavra enquanto enfia comida na boca.
Violet desacelera na metade do prato. “Ok, acho que fiquei

um pouco superexcitada.” Ela afunda na cadeira e esfrega a
barriga. “Espero que o Chicago não faça merda com esse jogo.”
Eu paro com meu garfo a meia polegada de minha boca.

“Vi! Você não pode dizer coisas assim. Você está praticamente
garantindo que eles percam com esse tipo de conversa.”
“O Toronto tem sido sólido nesta temporada e eles estão

lutando para vencer, sabe? Eles não veem a Copa há mais de meio
século. Além disso, você não pode repetir isso para ninguém, mas
Alex não tem jogado o seu melhor. Aquela lesão na temporada
passada o atrasou, e a única razão pela qual ele está se controlando
é porque Darren está pegando a folga. Todo mundo sabe
disso. Todos os caras, e Darren tenho certeza, mas nenhum deles
diz nada.”
“Alex tem jogado bem”, rebato. Mas mesmo enquanto digo

isso, sei que é uma meia verdade. Normalmente Alex é um dos
melhores jogadores da liga, mas este ano tem sido diferente. Suas
estatísticas sofreram um sério golpe e ele não tem jogado tão bem
como de costume, enquanto as estatísticas de Darren estão
aumentando, principalmente suas assistências. É como se ele
estivesse entregando metas para Darren em vez de tomá-las para
si. O que diz muito sobre ele como pessoa.
“Bem, no sentido geral da palavra, mas não como ele

costumava fazer. Prometa que essa conversa fica entre nós.”
“Claro. Eu prometo.”
“Você não pode contar a Darren.”

Violet é minha melhor amiga há quase uma década, então,

quando ela me pede para guardar um segredo, geralmente é
óbvio. Mas, uma vez que Darren e eu acabamos de lidar com as
consequências de um de seus segredos, hesito por um segundo
antes de responder.
“Não vou contar a Darren.”
Estendo meu dedinho e Violet o agarra com o dela. “Imagine

se você abrisse o zíper de uma calça e encontrasse um pau tão
pequeno dentro. Você ficaria muito triste?”
“Tão triste.”
“Darren não disse nada sobre o desempenho de Alex nesta

temporada?”
Considero o que ela está perguntando, e considero o quão

livremente eu deveria compartilhar minhas conversas privadas
com Darren. “Ele mencionou que a recuperação pode ser lenta e
que Alex estava jogando o seu melhor.”
Violet balança a cabeça e empurra a comida no prato. “Ele

realmente está. Mas ele também está ciente de que seu ombro não
está mais como antes. Ele não quer destruir seu corpo. Alex tem
pensado muito sobre o futuro, sobre o que vê para si mesmo depois
da NHL, então quando seu contrato com Chicago terminar, ele está
pensando em se aposentar.”
“E se o Chicago quiser renovar novamente?” Pergunto.
“Veremos, mas realmente depende. Não acho que ele queira

sair com estatísticas ruins, sabe? Ele está no topo do jogo há muito
tempo e é difícil para ele colocar tanto trabalho extra e não ver a
recompensa.”
“O que ele fará quando se aposentar?” O plano de Darren,

assim que sua carreira no hóquei terminar, não é algo que
discutimos.
“Ele falou sobre ser um olheiro ou coaching. Estou

esperando pelo primeiro, já que ele provavelmente conseguirá
entrar no Chicago e eu não terei que pedir demissão.”
“Você está falando sério sobre isso, não é?” Isso me torna
intensamente consciente de como meu relacionamento é diferente
com Darren. Não planejamos o fim da semana que vem, muito
menos o ano que vem. Ele me pediu para estar disponível quando
ele retornar do jogo fora de casa em Toronto é um grande negócio.
“A concussão na temporada passada o assustou. Ele ainda

tem falhas em sua memória, Char. Às vezes, ele tem dificuldade
para se lembrar de coisas simples e fica confuso. Não é nada
realmente preocupante, mas está aí. Alex não quer mais correr o
risco, especialmente agora que está ativamente tentando me
engravidar. Ele não quer comprometer sua família por sua
carreira.”
“Posso entender isso, mas aposentadoria? Parece tão

definitivo.”
Eu tenho que me perguntar o que é ter alguém te amando

tanto que pesa as escolhas em favor de quem, não o que ama.
Sinto um buraco no estômago e, cada vez que temos uma

dessas conversas pesadas, ele fica um pouco mais profundo. Todos
os outros estão se acomodando, criando seu próprio microcosmo
de família, e aqui estou eu, ficando animada com o fato de Darren
querer passar um tempo comigo na próxima semana.
Violet dobra o guardanapo até que ele se pareça com uma

fralda. “Eu sei, mas Alex quer se envolver, e viajar tornaria isso
difícil. Além disso, Alex não quer deixar Chicago, e sei que Buck
tem planos de se estabelecer aqui assim que sua carreira

terminar.”
Ela sorri melancolicamente. “Seria bom se nossos filhos

pudessem crescer juntos, não seria? Posso ver como seria o futuro
se todos nós ficássemos aqui. Não seria incrível se nós dois
tivéssemos meninas e elas fossem melhores amigas como nós?”
Eu nem sei se Darren estará em Chicago no próximo ano,

muito menos se ainda ficaremos juntos, e Violet já está planejando
o futuro dos nossos filhos.
Violet enxuga os olhos e encara a umidade como se não

conseguisse entender como ela apareceu ali. “Ai, meu Deus, ainda
nem estou grávida e já estou chorando por tudo.”
Entrego a ela um guardanapo limpo e ela enxuga os olhos.

“Tem certeza de que não está grávida? Quer dizer, você está
comendo como se estivesse tentando ganhar algum tipo de
competição. E a sensibilidade nos seios...”
Quero dizer isso como uma piada, mas ela pega o telefone e
folheia seu calendário. “Ah Merda.”
Meu estômago dá um pequeno salto.
“Eu deveria ter menstruado cinco dias atrás.” Os olhos de

Violet estão enormes. Ela agarra a borda da mesa. “E se eu estiver
grávida?”
“Não é isso que você quer?”
“Bem, sim, quero dizer, acho que esse é o ponto

principal. Achei que demoraria um pouco, tipo, mais de alguns
meses, sabe? Achei que poderia tomar uma taça de vinho neste fim
de semana. Se eu estiver grávida, levará um ano antes de fazer isso
novamente.”
“Pelo menos você terá Sunny para lhe fazer

companhia?” Isso era para tranquilizá-la, mas causa uma pontada
de ciúme porque é outra maneira de não ser como o resto das
meninas.
“Sim, é isso.” Violet bate os lábios. “Você sabe o que devemos

fazer?”
“Parar em uma farmácia no caminho de casa e fazer um

daqueles testes de xixi para descobrir se você está grávida?”
“Não, bem, sim, mas não era isso que eu ia dizer. Se eles
forem para o sétimo jogo desta série, todas devemos ir para
Toronto. E se eu não estiver grávida, vou beber totalmente.”
“De qualquer maneira, isso seria divertido.” Seria bom ficar

longe por alguns dias.
Sinto-me mal por estar quase esperando que Violet não

esteja grávida. Eu gostaria de ficar bêbada com minha melhor
amiga.
“Não é? Podemos começar a procurar voos. Talvez podemos

ir um dia mais cedo e fazer algumas compras? Comprar todas as
delícias de bordo.”
“Vou perguntar ao Darren se ele concorda com isso.”
Os olhos de Violet se iluminam. “Ou você pode surpreendê-

lo!”
“Uh... Não tenho certeza se é uma boa ideia, considerando o

que aconteceu da última vez que fiz isso.” Meu rosto esquenta com
a memória.
“Isso é diferente, no entanto. Você não está planejando uma

festa BDSM. Você só irá vê-lo jogar hóquei e andar de joystick.”
Eu dou uma olhada nela. “Eu ainda deveria perguntar a ele

primeiro. Apenas para ter certeza.”
“Por quê? Quero dizer, ele vai querer você lá de qualquer

maneira, não é? Se o Chicago ganhar, eles passam para a próxima
rodada dos playoffs, e você pode fazer sexo, porra!” Ela movimenta
o punho quase como se estivesse masturbando um pau falso. “Se
eles perderem, você pode fazer sexo de condolências. Você é quem
me disse isso quando Alex e eu estávamos fazendo nossa dança do
acasalamento.”
“Vou falar com Darren sobre isso. Nesse ínterim, vamos

descobrir se você será capaz de beber algo diferente de ginger ale
pelos próximos nove meses, a menos que queira esperar até que
Alex chegue em casa para fazer isso.”
“Mal posso esperar até amanhã. Estamos fazendo isso

agora.”
Paramos na farmácia no caminho de volta ao

escritório. Violet me faz entrar no banheiro privativo para cadeira
de rodas enquanto ela faz xixi em uma vara. Eu fico de frente para
a parede enquanto ela faz as honras, deixando escapar um grito
louco.
“Puta merda, você está grávida?”
“Não, eu só fiz xixi na mão!” Depois de terminar seu negócio,

ela coloca o palito na beira da pia e lava as mãos três vezes,
respirando como se estivesse praticando Lamaze. “Já se passaram
dois minutos? Jesus, estou tão nervosa. Você olha.” Ela fecha os
olhos e empurra o palito para mim.
Olho para o pequeno palito e engulo o nó na minha garganta.

“É um sinal de mais.”
Seus olhos se abrem. “O que isso significa? Isso significa que

estou grávida?”
Eu aceno e mostro o teste a ela, sorrindo suavemente para

minha melhor amiga, embora uma parte de mim esteja muito
triste.
Ela pega o teste e o encara, de queixo caído. “Olha como isso

está azul. Abandonei a pílula dois malditos meses atrás. Alex ficará
muito orgulhoso de seu esperma mágico. Porra. Merda. Estou
grávida, Char. E se eu for uma péssima mãe? E se eu for como
Skye e envergonhar meu filho pra caralho? E se ele me odiar, e
ficarmos separados, e ele escrever um livro revelador sobre como
sou horrível...”
“Você é uma melhor amiga incrível, Vi. Você será uma mãe
ainda mais incrível.”
Ela joga os braços em volta de mim, me abraçando com

força. “Não sei se estou pronta para isso”, ela murmura no meu
ombro.
“Você consegue. Você será fabulosa.”
Ela dá um passo para trás, segurando meus ombros, talvez

para se equilibrar ou se apoiar. “Vou ficar muito gorda e meus seios
ficarão enormes.”
Eu sorrio, mas as lágrimas ameaçam transbordar. “Alex vai

adorar isso.”
Ela cobre a boca com as mãos. “Oh meu Deus, ele vai ficar
tão animado.”
“Você vai ligar para ele?”
“Eu não sei. Quer dizer, ele estará em casa amanhã. Talvez
eu deva esperar e contar a ele pessoalmente. Eu devo
esperar. Quero ver seu rosto. E ainda não sei se quero contar a
mais alguém. Ainda é tão cedo, tanta coisa pode acontecer.” Ela
pega minhas mãos nas dela. “Podemos manter isso entre nós duas
por enquanto? Direi a Alex amanhã e descobriremos quando
queremos contar a todos os outros. Mas, por enquanto, seremos
apenas nós que saberemos, ok?”
“Claro.”
“Oh meu Deus, Char. Eu vou ser mãe, e você será tia, porque
vamos encarar, você é o mais próximo de uma irmã que eu jamais
poderei ter.”
Ela me abraça com força de novo, e eu deixo as lágrimas

caírem, porque por mais feliz que eu esteja por ela, estou um pouco
triste por mim e como isso mudará as coisas.
CAPÍTULO 11
MUDANÇA
CHARLENE
O Chicago acaba perdendo o jogo em Toronto, o que significa

que eles voltam para casa para jogar o sexto jogo da série. Se
perderem novamente, o Toronto passa para a próxima rodada e
estamos fora dos playoffs. Se vencerem, eles voltam a Toronto para
jogar o sétimo jogo.
No segundo que Darren chega em Chicago, ele liga para se

certificar de que ainda irei depois do trabalho, o que é bom, porque
preciso me distrair do não tão pequeno segredo de Violet.
Essa sensação de ansiedade se instala no meu estômago e

se move mais para baixo. Pena que fugir furtivamente para o
banheiro no trabalho para me livrar disso é desaprovado. “Se você
ainda quiser, sim.”
“Definitivamente. Sim. Eu quero você...” há uma pequena

pausa antes de ele continuar. Parece que está abrindo e fechando
gavetas. “vindo depois do trabalho.”
“O que está fazendo? Você parece distraído.”
“Não consigo encontrar nenhuma das suas roupas na minha

cômoda. Quero dizer, além de lingerie. Você deve ter algumas
coisas aqui em algum lugar”, ele diz.
“Oh, uh, eu sempre levo minhas coisas para casa depois de

passar a noite.”
“Oh.” Ele exala pesadamente. “Eu não sabia disso. Você deve
deixar as coisas aqui para as noites em que planeja ficar.”
“Ok. Posso fazer isso.”
“Bom. Ótimo. Eu gostaria disso. Você vai ficar esta noite,

então?”
“Você tem um jogo amanhã à noite; então precisa de seu

descanso. Você sabe que sou uma dorminhoca ativa.” Não posso
ser responsável por interferir no jogo dele quando o Chicago está
tão perto de chegar à final novamente.
“Acho que terei que cansar você para que não represente
uma ameaça ao meu sono.”
Eu sorrio disso. “Você tem certeza?”
“Positivo. Eu gostaria de mais tempo com você, e passar a

noite resolve esse problema.”
“Vou parar em casa antes de ir até aí depois do trabalho e

pegar algumas coisas, então.”
“Eu posso fazer isso. Tenho coisas para fazer, então sairei de
qualquer maneira. Eu poderia passar na sua casa e pegar uma
mala e tudo o que você precisar. Assim, você pode vir direto para
mim… se isso funcionar para você, é claro.”
“Você tem certeza? Está meio fora do seu caminho, não é?”
“Nem um pouco, e isso significa que você estará na minha

casa muito mais cedo. Vamos pedir o jantar.” Ele quase parece
tonto.
“Certo. Isso parece ótimo.”

“Perfeito. Vejo você em breve.”
Saio do trabalho pontualmente às 17h, meu corpo zumbindo

de excitação nervosa enquanto vou para o estacionamento. Eu
preciso de Darren esta noite tanto quanto ele parece precisar de
mim. A notícia da gravidez de Violet está me afetando mais do que
eu esperava. É outra coisa que ela e Sunny terão em comum, e
outra maneira como nossos relacionamentos são tão diferentes. Eu
me pergunto como Violet está. Tenho certeza de que receberei uma
mensagem dela hoje à noite em algum momento, ou talvez ela
esteja muito ocupada comemorando.
Na minha cabeça, já estou filtrando a gaveta de lingerie da

casa dele. Desde que eles perderam o último jogo, estou pensando
que Darren vai querer docemente sexy esta noite. Algo suave para
distraí-lo de uma perda difícil. Eu imagino que acabarei em um
roxo claro.
Antes de sair da garagem, decido que seria uma boa ideia

avisar Darren que estou indo. Normalmente ele responde rápido,
mas não consigo contato entre entrar no carro e chegar à
segurança do seu condomínio fechado. O guarda me deixa entrar
e eu paro na garagem de Darren. Está cheia, mas ele costuma
manter seus carros na garagem, então não é fora do comum. Eu
verifico minha aparência no visor e respiro fundo. A tensão
aumenta em minhas partes femininas enquanto eu desligo o motor
e pego minha bolsa do banco do passageiro.
Toco a campainha e espero, mas depois de um minuto, ainda

não há resposta. Eu verifico minhas mensagens novamente e
descubro que tenho uma nova de Darren. Meu estômago embrulha
com a possibilidade de que ele possa estar cancelando, mas
enquanto examino o texto, sorrio.
Tive que dar uma saída, sinta-se em casa. Já volto!

Ele me deu o código de sua casa há muito tempo, mas como

a maioria dos nossos encontros é planejada, nunca precisei usá-
lo. É estranho entrar, mas aperto os números e abro a porta. A
primeira coisa que me chama a atenção é o enorme buquê de flores
na mesinha lateral à direita. As flores não são uma decoração
típica de Darren. Na verdade, bugigangas e decorações em geral
não são coisa de Darren.
Sua casa é quase minimalista. Geralmente não há evidência

de desordem, ou de que ele mora aqui, além de uma caneca
ocasional na pia ou uma cueca boxer que não acertou o cesto de
roupa suja em seu closet.
Muito parecidas com as que chegaram ao meu escritório há

vários dias, este buquê parece manter o tema do nascer do sol. É
preenchida com amarelos claros e vibrantes, pêssegos macios,
rosas e roxos. Há um cartão ao lado do vaso com meu nome escrito
ordenadamente na frente. Eu o abro e sorrio para a nota dentro.
Charlene, me desculpe, mas não estou em casa. Lá em

cima você achará uma coisa mais confortável para vestir.
A sensação inquieta abaixo aumenta alguns entalhes

enquanto eu considero o que exatamente o seu algo mais
confortável pode consistir. Levando o bilhete comigo, subo as
escadas para o quarto dele, que é onde presumo que estará algo
mais confortável.
Dou uma gargalhada chocada e silenciosa quando entro em

seu quarto e acendo a luz. A primeira coisa que noto é um segundo
buquê de flores, que contrasta perfeitamente com o do andar de
baixo. Em vez de um nascer do sol, este é mais um pôr do sol com

uma cascata de amarelo, escurecendo para um pêssego vibrante e
lírios roxos quase pretos e dálias na base.
As flores não são a única adição ao quarto, no entanto. Na

extremidade da cama estão várias opções de roupas. Eu esperava
renda ou cetim, ou possivelmente alguma combinação dos
dois. Mas não é para isso que estou olhando.
Parece que Darren fez algumas compras na minha loja de

legging favorita. Existem cinco novas leggings. Duas delas são
ridiculamente adoráveis e temáticas de vaga-lumes, e as outras são
cobertas por divertidas estampas pastel que refletem a estação. Ele
também se deu ao trabalho de comprar camisetas e tops
combinando, e uma vasta gama de novas calcinhas em todas as
cores, padrões e tecidos disponíveis.
Além desses, há uma sacola de presentes preta com um

laço. Não tenho certeza se devo abrir agora ou esperar, então deixo
e escolho uma legging, uma camisa e uma calcinha para
vestir. Elas estão recém lavadas, como evidenciado pelo cheiro
distinto do amaciante de roupas de Darren.
Eu volto para baixo para esperar por ele e encontro outra

surpresa na sala de estar. Na mesa ao lado da cadeira de leitura
que ele comprou para mim está um balde com uma garrafa de
vinho branco para gelar e uma taça esperando para ser
cheia. Vários livros estão empilhados no assento da cadeira, as
lombadas enrugadas pela minha leitura excessiva e as páginas
dobradas. Às vezes, quando adoro um livro, reservo certos
capítulos ou passagens para que possa encontrá-los facilmente e
lê-los novamente.
Darren deve ter tirado eles da minha mesa de cabeceira e

trazido aqui para mim. Eu pressiono meus dedos em meus lábios,
meu peito está leve e pesado ao mesmo tempo. Sua atenção é
cativante e, embora parte de mim ame, a outra parte se preocupa

com o que isso significa. Tantas coisas estão mudando e não sei
bem como lidar com isso. As linhas perfeitas que desenhamos
parecem estar se apagando e não sei como fazer isso sem elas. Isso
me faz sentir instável.
Com as mãos trêmulas, puxo a rolha e me sirvo de uma taça

de vinho. Eu tomo um pequeno gole e gemo. Isso é muito melhor
do que aquela caixa de coisas que minha mãe trouxe com ela. Na
verdade, considerei jogar o resto fora, mas percebi que era
desperdício demais, então misturei com refrigerante de gengibre e
suco. Então não ficou tão ruim.
Eu pego meu telefone e meus fones de ouvido, porque posso

muito bem aproveitar o que Darren fez por mim.
Movendo os livros para a mesa, eu relaxo na cadeira, me

cubro com a manta e suspiro satisfeita. Na próxima inspiração, eu
noto o cheiro fraco da colônia de Darren agarrado ao tecido. Eu
viro minha cabeça e pressiono meu nariz contra o encosto. Não
tenho certeza se estou imaginando coisas, mas juro que cheira ao
xampu dele, o que significa que ele está usando a cadeira quando
eu não estou aqui.
Coloco os fones de ouvido, escolho uma lista de reprodução

e me sento com um livro, passando para um dos meus muitos
capítulos favoritos. Gosto de ler romances, talvez porque minha
infância foi uma bagunça e o tipo de relacionamento que
testemunhei não era normal. Eu gosto dos obscenos tanto quanto
dos doces, mas minhas histórias favoritas têm os personagens
mais quebrados. Mesmo sendo ficção, me dá esperança de que até
as pessoas mais complicadas possam encontrar alguém que as
ame.
Estou na minha segunda taça de vinho, relendo meu

segundo capítulo favorito quando uma sombra passa pelo meu
livro. Eu me assusto quando levanto os olhos para encontrar

Darren em pé na minha frente, e quase me afogo com o vinho.
Ele pega a taça antes que eu jogue no meu colo, e um sorriso

irônico se forma enquanto ele puxa meus fones de ouvido.
“Não ouvi você entrar.” Eu o examino. Ele está vestindo calça

jeans preta e uma camiseta que abraça seus bíceps e se estende
bem no peito.
“Eu deduzi isso pela sua reação. Você parece

aconchegada.” Ele toma um gole da minha taça.
“É tão aconchegante aqui.” Fecho meu livro e o coloco sobre

a mesa.
“Posso ver quais você escolheu?” Ele puxa a ponta do

cobertor para que escorregue alguns centímetros.
“Você exagerou um pouco, mas obrigado.” Eu brinco, e o

sorriso de Darren se alarga.
Agarro os braços da cadeira para me levantar.
Ele levanta a mão. “Não, não. Fique bem aqui.”
“Mesmo?” Questiono enquanto desço.
Ele arrasta um dedo do meu tornozelo até o joelho. “Isso é

ótimo, você está bem aqui, parecendo que é onde você pertence.”
Eu me movo e dou um tapinha na almofada do assento. “Por

que você não se junta a mim? Há muito espaço.” A cadeira é
enorme e redonda. Há espaço mais do que suficiente para dois
corpos, mesmo se um deles pertencer a um grande jogador de
hóquei.
“Deixe-me pegar uma taça.”
“Ou podemos compartilhar a minha?”

“Nós definitivamente podemos fazer isso.” Ele ajusta minhas

pernas para que fiquem sobre as dele e estende um braço nas
costas. Deslizando a palma da mão pela minha coxa, ele corre o
nariz ao longo do meu pescoço e segue com os lábios. “Gosto de
você estar aqui quando eu chegar em casa.”
Sorrio e suspiro enquanto seus lábios traçam ao longo da

borda do meu queixo e bochecha. Quando ele chega ao canto da
minha boca, eu me viro para ele, nossos lábios se roçam.
Seus dedos ásperos deslizam suavemente pelo meu braço e

enfiam no cabelo da minha nuca. O beijo começa lento, o arrastar
suave e quente da sua língua se tornando um doce
emaranhado. Não tenho ideia de quanto tempo nos beijamos, mas
eventualmente Darren se afasta, seu polegar passa para frente e
para trás em meu lábio inferior, sua respiração se tornou difícil.
“Como foi o seu dia?” Ele puxa.
Eu sorrio e me retorço em seu aperto para que eu possa

montar em suas coxas. “Ótimo.” Saber que ele estava em Chicago,
mas ter que esperar para vê-lo fez o dia passar mais devagar do
que o normal.
“Mesmo.” Ele coloca as palmas das mãos nos meus quadris.

“Mas isso faz valer a pena.”
“Beijar na minha cadeira de leitura?” Pego a taça de vinho e

tomo um gole.
“Só você estar aqui, ponto final. Mas o namoro também é

bom.” Ele observa enquanto tomo outro gole. “Queria um pouco
disso.”
Levanto a taça, esperando que ele pegue, mas Darren não

pega. Em vez disso, ele abre os lábios e ergue uma sobrancelha
sinistra.
“Eu posso derramar em você”, advirto.
“É branco. Vou correr o risco.”
Inclino a taça até o vinho atingir a borda, molhando seus

lábios. Minha língua está presa entre meus dentes, meu sorriso é
largo quando levanto um pouquinho alto demais e ele escorre da
borda do copo e desce pelo seu queixo.
“Eu te disse.” Coloco a taça na mesa lateral, quase errando,

já que estou prestando mais atenção na boca de Darren do que no
que estou realmente fazendo. Eu pego as gotas com minha língua,
em seguida, beijo o vinho, mas quando chego aos lábios dele, eu
retrocedo.
Darren aparentemente não aceita, porque de repente eu me

encontro no ar. Caio de costas na cadeira, a boca de Darren na
minha enquanto ele separa minhas pernas com seu joelho e afunda
seus quadris nos meus.
Meia hora depois, tive três orgasmos e estou de volta ao meu

lugar na cadeira com minhas pernas jogadas sobre as dele, exceto
que agora estamos ambos quase nus. Bem, eu estou totalmente
nua, mas Darren colocou sua boxer de volta. Ele enrola o cobertor
ao meu redor. “Eu planejava te levar para cima antes de entrar em
você.”
“Para que eu pudesse me vestir com o que quer que esteja

naquela sacola preta na cama?”
Sua sobrancelha desce. “Você não abriu?”
“Eu deveria? Achei que, já que estava embrulhado, eu

esperaria até você estar aqui.”
“Você pode abri-la antes de irmos dormir, pois é quando ela

será útil.” Ele se estica e pega a única taça de vinho, oferecendo-a
para mim antes de tomar um gole.
Eu corro meus dedos por seu cabelo e sua cabeça cai para
trás, fechando os olhos. Quando está assim, desprotegido e à
vontade, ele parece muito menos severo. “Como você está se
sentindo sobre o jogo de amanhã à noite?”
Ele passa a mão lentamente para cima e para baixo na

minha coxa. “Sinceramente?”
“A menos que você sinta que precisa mentir para mim sobre
isso para se sentir melhor.”
Ele abre um olho e um sorriso, então levanta a cabeça. Seu

sorriso desaparece e seus olhos parecem traçar o meu rosto.
“Preocupado.”
“Você jogou muito bem na noite passada.”
“Não bem o suficiente.” Ele solta outro suspiro.
“Você só pode ser tão bom quanto seus companheiros

permitirem.” Arrasto minhas unhas pela parte de trás de seu couro
cabeludo e arrepios passam pelos seus braços.
“Não é com o meu jogo que estou preocupado.”
“Alex está lutando.” Não é uma pergunta. Eu vi isso durante

os jogos, e depois há a conversa que Violet e eu tivemos.
Darren mastiga o interior do lábio por alguns segundos antes

de me dar um aceno relutante. Ele é incrivelmente leal e, embora
seja verdade, sei que tudo o que Darren quer fazer é protegê-lo.
“Ele precisa entrar neste jogo com um estado de espírito

positivo, e minha maior preocupação no momento é que ele esteja
se culpando pela derrota.”
“A vantagem de jogar em casa deve ajudar, não é?”

“Teoricamente, sim. Temos uma grande equipe e o Randy é

um excelente jogador da linha de frente. Rookie está puxando seu
peso, e Miller e Lance estão segurando a defesa, mas Alex sempre
foi o melhor para marcar, e ele simplesmente não está dando os
chutes como costumava fazer.” Darren abaixa a cabeça e murmura
uma foda-se silencioso.
“Ei.” Pego seu rosto entre as mãos e o forço a olhar para

mim. Sua expressão é de dor, e eu quero tirar isso dele. “Está tudo
bem falar comigo assim. Você não está sendo desleal por dizer a
verdade. Tenho certeza de que ele sabe disso e o está corroendo por
ser você quem está pegando a folga. Eu sei que é difícil separar sua
amizade do bem-estar da equipe e do ego de Alex, mas você pode
precisar começar a tirar alguns dos arremessos que você tem
passado.”
“Não é tão simples, Charlene.”
“Eu sei que Alex gosta de ser o melhor em tudo, mas com
certeza ele deve ver como seria melhor para o time...”
“Não é o Alex; sou eu.”
“Isso não é verdade. Você tem sido incrível lá fora. Eu sei que
sou tendenciosa.”
Ele pressiona seus lábios nos meus para me impedir. “Você

não entende. Alex não quer que eu passe para ele. Ele sabe que
não está jogando como antes, e isso o está matando porque ele
sente que está decepcionando seu time. Ele não quer que eu passe,
mas estou passando de qualquer maneira, então é minha culpa
que perdemos ontem à noite, não dele.”
“Por que você passaria, se ele pediu para você não passar?”
“Os gols fazem mais pontos do que assistências”, ele diz.
Como se eu não soubesse disso. “E isso importa por quê?”

Ele murmura outra coisa.
“Desculpe, não entendi.”
“Podemos simplesmente deixar isso? É muito deprimente, e

não é isso que eu queria para esta noite.” Sua mandíbula aperta e
a garganta balança, os dedos apertando minha coxa brevemente
antes de deslizarem para cima e para dentro. Eu me afasto de sua
mão errante e cruzo minhas pernas para que ele não possa ficar
entre elas.
Ele franze os lábios e eu espelho a expressão. Seu suspiro é

pesado enquanto ele passa os dedos pela lateral do meu pescoço,
afastando o cobertor. “Por favor, Charlene. Não essa
noite. Qualquer outra noite.” Ele abaixa a cabeça, seus lábios
encontram o lugar onde seus dedos estavam e deslizam até minha
orelha. “Eu só quero me perder em você.”
Há muita vulnerabilidade em suas palavras e seu

tom. Afasto-me, querendo ver seu rosto, tentando entender a
mudança repentina, o desligamento quando finalmente estamos
fazendo progresso.
“Eu preciso que você deixe isso ir esta noite. Podemos voltar
depois.” Seus olhos doloridos procuram os meus. “Mas, por
enquanto, eu preciso disso. Você. Por favor.”
“Ok, Darren.” Pressiono a palma da mão em sua bochecha.

“Se é isso que você precisa.”
Ele me beija, primeiro suavemente, depois com avidez. É

tarde quando finalmente conseguimos subir para dormir. Eu não
me debato durante o sono. Não posso com Darren enrolado em
mim como um cobertor humano.
Estamos mudando novamente, e me preocupo se mudar

muito rápido é perigoso. Ele cria linhas de falha e rachaduras. Do
tipo em que me perderei e não encontrarei o caminho de volta.
CAPÍTULO 12
IRMANDADE
CHARLENE
Chicago vence o jogo contra o Toronto com Darren marcando

o gol da vitória. Ele deveria estar feliz com isso, mas ao invés disso
ele está estoico. Eu quero ariscar de que seja o sobre o sétimo jogo
contra o Toronto, mas tenho certeza de que tem a ver com Alex.
Estamos sentados no bar após o jogo, e Darren me tem

dobrada ao seu lado, um braço jogado sobre meu ombro. Ele está
quieto, sorrindo quando as pessoas dão tapinhas nas costas dele,
mas não fala muito mais. O que não é incomum. O que é incomum
é a quantidade de vezes que ele enfia meu cabelo atrás da orelha
ou se inclina para beijar meu pescoço.
“Então, todos nós vamos a Toronto para torcer por nossos

meninos, certo?” Violet diz do outro lado da mesa.
Ela disse a Alex na noite passada que está grávida, mas quer
manter isso em segredo até o primeiro trimestre. Considerando
quantas semanas ainda faltam e o quanto ele a está bajulando
como se ela fosse um pássaro ferido, não tenho certeza se o segredo
está destinado a ser mantido.
Descubro como estou certa cerca de cinco segundos depois.

“Podemos comemorar o fim da série e o fato de que vou ser
pai!” Alex grita. Ele toma algumas cervejas durante a noite, então
é difícil responsabilizá-lo demais.
Violet dá um tapa em seu peito. “Alex!”
Ele se encolhe e se vira para ela. “Desculpa. Merda. Estou

animado pra caralho. Você será a mulher grávida mais sexy da
história do universo.”
Há uma onda de excitação e eu fico de pé, junto com

Darren. Sua boca está na minha orelha. “Você sabia?”
“Eu estava com ela quando fez o teste. Violet não queria que
eu dissesse nada até que contasse ao Alex.” Sinto que devo pedir
desculpas.
Ele aperta minha mão e me empurra para frente. “Você não

tem que explicar. Alex me disse esta manhã.”
Eu olho em olhos frios, que parecem de alguma forma suaves

e quentes. “Você não está chateado por eu não ter te contado?”
“Ela é sua melhor amiga. Você mantém a confiança dela,

como deveria. Ele acaricia minha bochecha e pressiona um beijo
suave em meus lábios.
Um momento depois, sou engolida pelo abraço de urso de

Alex, enquanto Darren dá a Violet uma versão muito mais gentil
dos mesmos parabéns afetuosos. Eu dou um passo para trás para
deixar uma chorosa Sunny abraçar seu irmão.
Darren desliza seus dedos entre os meus e me puxa para ele.

“É um jogo de fim de semana; você pode conseguir um dia extra de
folga? Eu quero um tempo com você.”
É como se ele soubesse que essa coisa boa é ruim em alguns

aspectos, como se nos separasse deles de outra forma.
“Posso falar com meu chefe amanhã”, digo a ele.
“Ele vai dizer sim.”

Darren não está sendo arrogante, não realmente. Nossa

empresa representa vários jogadores do Chicago. Violet é casada
com o melhor jogador do time, e apenas dois outros jogadores da
liga têm contratos maiores do que Alex. Darren também não deixa
a desejar e Stroker lida diretamente com sua conta. Ele nos deixará
ir.
***
Por volta das dez da manhã seguinte, recebemos luz verde

de Stroker, para desespero de Jimmy e Dean, e nossas passagens
aéreas estão reservadas. Darren me queria em seu voo, mas tenho
que trabalhar na sexta-feira, assim como a maioria das garotas,
então sairemos à noite, o que significa que teremos o sábado todo
para fazer coisas divertidas de garotas antes do jogo.
Quando chegamos na sexta à noite, os meninos invadem o

saguão e reivindicam suas parceiras, deixando apenas os pais, é
claro que Skye e Sidney vieram, e Daisy e Robbie saíram de Guelph
para estar aqui, no bar. É tarde, mas Darren precisa de um pouco
de alívio antes que eu o force a dormir.
Verifico meu telefone por volta da meia-noite para ver o que

o resto das garotas estão fazendo. Parece que sou a última a
terminar de colocar meu homem do hóquei na cama. Saio de
debaixo das cobertas, encontro minhas roupas e vou na ponta dos
pés até o banheiro para me trocar sem incomodar Darren.
Já passa das 02h quando volto para o quarto. Lily e eu

bebemos muitos coquetéis enquanto conversávamos sobre
lingerie. Skye e Daisy estavam muito mais tontas do que nós,
porém, elas estiveram no bar a noite toda. Não sou tão quieta ou
coordenada como gostaria enquanto tiro minha roupa. Tento
encontrar meu pijama, mas está muito escuro, e não quero arriscar
acordar Darren, que está enrolado em volta do meu travesseiro.
Eu puxo sua camisa descartada sobre a minha cabeça e

deslizo entre os lençóis o mais furtivamente possível. Ele se mexe
assim que entro debaixo das cobertas, mas ele ainda está
abraçando o travesseiro, então isso impede meu caminho. Darren
resmunga seu descontentamento, grogue e apenas meio consciente
enquanto luta para chegar perto de mim.
Eu me viro para encará-lo, colocando uma palma gentil em

sua bochecha. “Deixe-me ajudar.”
Ele murmura e seus membros relaxam, os olhos se abrem

por um segundo antes de se fecharem novamente enquanto eu
coloco o travesseiro em mim. Darren suspira e enterra o nariz no
meu cabelo. Seu braço vem ao meu redor, os dedos espalmam a
minha barriga. Eles viajam para cima, entre meus seios, roçando
minhas clavículas até chegar às pérolas. Ele segue para cima,
enrolando seus dedos em volta do meu ombro, o polegar
descansando na minha garganta.
Fecho meus olhos e relaxo em seu calor. Eu quero manter

esse sentimento protegido, mas é assustador. Anseio por essa
proximidade com ele, e quando ele está dormindo é mais seguro,
porque é inconsciente da sua parte. Eu não tenho que enfrentar
isso da maneira que faço quando estou acordada.
Adormeço desejando poder apagar meu passado para que eu

pudesse ser uma versão melhor de mim mesma, uma que não
tivesse sua inocência destruída aos quatorze anos, quando
descobri que minha vida tinha sido uma mentira fodida no...
mundo.
Eu acordo com a ereção de Darren pressionada contra meu

quadril e seus lábios na minha orelha pedindo para entrar em
mim. Não há chance de eu dizer não a ele, então seguimos o sexo
matinal e depois o serviço de quarto enquanto ele se prepara para

seu treino pré-jogo, e eu me preparo para explorar Toronto com as
garotas até a hora do jogo.
Ele está quieto, o que não é incomum para Darren, mas ele
está tenso e inquieto, mesmo depois do orgasmo matinal.
“Você está bem?” Afasto o cabelo úmido de banho de seu

rosto.
“Mmm.” Ele se senta na beirada da cama, me puxa entre

suas pernas e enfia a cabeça embaixo do meu queixo.
“Isso não é realmente uma resposta”, eu aponto.
“Continue me tocando, por favor.”
“Devemos estar lá embaixo em dois minutos.”
“Não estou pedindo sexo, Charlene. Eu só preciso de você

perto de mim.”
“Você será incrível esta noite.”
Seu nariz roça minha garganta com seu aceno e seus dedos
flexionam em meus quadris. Suas palmas deslizam pelas minhas
costas, envolvendo em volta dos meus ombros enquanto ele me
puxa com mais força. Darren inclina a cabeça e seus lábios
pressionam contra o lado do meu pescoço e se separam. O toque
macio e úmido de sua língua aquece meu corpo, e o calor se instala
no meu interior.
“Darren.” É um aviso distorcido de desejo.
Ele se levanta rapidamente, uma palma em volta da minha

nuca. Eu me inclino para trás enquanto ele paira sobre mim, seu
olhar é quente e carente.
“O que…”
Ele corta a pergunta com a boca. Sua língua empurra meus

lábios, e ele encontra o seu caminho por baixo da minha camisa
com a mão livre. Precisamos descer agora. Sua equipe sairá para o
treino pré-jogo em minutos. Não temos tempo para outra rodada
de sexo matinal e não quero ser a razão pela qual ele ficará fora do
jogo esta noite.
Eu coloco minhas mãos em seu peito com a intenção de

empurrar, mas seus dedos mergulham no cós da minha legging, é
praticamente tudo que eu empacotei para o fim de semana, e
deslizam para dentro da minha calcinha.
Eu suspiro e agarro sua camisa quando ele encontra o

piercing perfurando meu clitóris e o circula com força. Ele vai mais
baixo e enfia dois dedos dentro de mim. Encontrando o ponto
mágico, ele se curva rápido e forte, fazendo meus joelhos
dobrarem. Seu aperto na parte de trás do meu pescoço aumenta,
me impedindo de afundar no chão.
Ele enrola os dedos mais uma vez antes de se retirar para

circular meu clitóris novamente. Não vai demorar muito para me
fazer gozar. Só mais um pouquinho de atrito e cairei do
precipício. Mas sua mão desaparece e ele afasta sua boca da
minha.
Eu grito com a perda de seu toque e tento puxá-lo de volta

para mim com sua camisa. Seu nome é um gemido em meus
lábios. Meu clitóris está latejando e meus joelhos estão fracos.
“Por favor, Darren.” O tom agudo deveria ser constrangedor,

mas meu Deus, os músculos já estão contraídos com a promessa
de um orgasmo, se ele me tocasse novamente.
Seu olhar é quente, quase furioso, fica preso no meu

enquanto ele levanta a mão, os dedos brilhando. Eu gemo quando
ele os coloca em sua boca, sugando ruidosamente.
Em algum lugar à direita, um telefone vibra com uma

mensagem.
Um canto de sua boca se inclina em um sorriso sinistro

enquanto seus dedos deslizam para fora de sua boca. Ele lambe
novamente e meus olhos rolam. Eu tento enfiar minha própria mão
nas minhas calças para terminar o que ele começou.
“Não”, Darren ordena e agarra meus pulsos. Ele me gira até

que meus joelhos batem na parte de trás da cama e eu caio de
bunda. Ele monta minhas pernas, prendendo-as juntas enquanto
ele paira sobre mim mais uma vez. “Como você se sente agora,
Charlene?”
O som que sai de mim é algo entre um gemido e um rosnado.
“Isso não é uma resposta, pequeno vaga-lume.”
Luto contra seu controle em meus pulsos e giro meus

quadris.
Ele se abaixa até que seu rosto esteja a uma polegada do

meu. “Você está no limite?”
“Sim.”
“Você está brava?”
“Não.”
“Não?” Ele levanta uma sobrancelha.
“Sim!” Desta vez é um gemido.
“Sem descanso? Carente? Necessitada? Desesperada?”
Aceno com fervor. “Todas essas coisas.”
“É assim que me sinto sempre que estou longe de você.”

Seus olhos permanecem nos meus, sem piscar enquanto

espera que eu processe o que ele acabou de admitir. Não falamos
sobre sentimentos, mas aqui está ele, me contando mais com essas
poucas palavras e ações do que nos últimos dois anos.
“Não se faça você gozar hoje. Aconteça o que acontecer esta

noite, é assim que preciso de você para que possamos combinar
quando estivermos juntos novamente. Você entende?” Sua voz é
dura, mas sua expressão é vulnerável.
“Sim, Darren. Compreendo.”
Seu sorriso fica suave e seus lábios ficam mais suaves ainda
quando roçam nos meus. Ele libera meus pulsos e dá um passo
para trás, me libertando. Sinto que adrenalina foi injetada em mim,
mas estou tranquila ao mesmo tempo.
“Vem cá amor. As meninas estão esperando por você e eu

terei problemas com minha equipe se não movermos nossas
bundas.” Ele estende a mão e pisca.
“Você é um idiota”, eu reclamo, mas pego sua mão porque

não acho que sou capaz de ficar de pé sozinha.
Sua risada é sombria enquanto ele me puxa para ficar de

pé. Tropeço e acabo esmagada contra seu peito. Posso tentar
esfregar-me nele durante esse breve contato. Ele beija minha testa.
“Mas eu o sou seu idiota.”
Eu bufo, mas ele está certo. Ele entrega minha bolsa e

telefone, em seguida, pega o seu e pega sua bolsa. Estou menos do
que coordenada quando ele abre a porta e me conduz para o
corredor. Tenho que me concentrar em colocar um pé na frente do
outro, em vez de jogá-lo contra a parede, para poder dar um tapa
nele até gozar.
Darren aperta o botão do elevador e eu fico olhando para os

números conforme eles sobem. A agitação no meu estômago cresce
quanto mais perto chega do nosso andar. Não sei o que mais quero,
que o elevador esteja vazio ou cheio. Se estiver vazio, ele me
atormentará, como às vezes gosta de fazer. Estou ciente de que isso
está relacionado ao seu nível de estresse durante o jogo desta noite.
O elevador apita e as portas se abrem. Merda. Está vazio.
“Vamos, vaga-lume.” Darren entrelaça nossos dedos

mínimos e me puxa. Eu tropeço para frente, minha boca está
seca. Expectativa e ansiedade fazem a dor entre minhas pernas
aumentar. Vislumbro meu reflexo nas paredes espelhadas. Meus
olhos estão arregalados e vidrados, bochechas coradas, lábios
inchados de seus beijos.
Ele aperta o botão que nos leva ao saguão, e vejo as portas

se fechando. Darren deixa cair sua bolsa no chão e me empurra
para o canto, pressionando seus quadris nos meus.
Eu gemo e deixo minha cabeça cair para trás contra o

espelho, esperando que ele faça algo, qualquer coisa. Seus lábios
encontram meu pescoço e sobem até minha orelha. “Sentindo-se
presa?”
Balanço minha cabeça.
“Ainda carente?” Agora seus lábios estão na minha

bochecha.
Eu exalo uma respiração estremecida e aceno com a cabeça.
Seu sorriso torna os ângulos ásperos de seu rosto ainda mais

severos, em vez de suavizá-los. “Aposto que sua calcinha já está
encharcada.”
Eu engulo em seco e aperto minhas coxas com mais

força. Seu joelho pressiona contra o meu e eu abro, deixando-o
entrar. Olho para cima. Temos mais trinta andares, mas o elevador
pode parar a qualquer momento para pegar pessoas. Ele rola os
quadris, sua ereção pressiona contra a minha barriga, sua coxa
proporciona a fricção pela qual estou tão desesperada.
O orgasmo é como uma aura no ar, o brilho do nascer do sol

na água, próximo, mas não totalmente ao alcance.
“O que você está esperando? Vá atrás dele. Veja se você

consegue pegá-lo antes que seja tarde demais.”
Aperto sua camisa e me esfrego descaradamente sua perna,

sem me importar com o quão desesperada devo parecer e soar
enquanto gemo e giro meus quadris enquanto ele fica imóvel, uma
mão segurando a barra de cada lado meu, os olhos fixos nos
meus. Darren não está ajudando, mas está me dando uma chance
de ajudar a mim mesma.
Eu olho por cima do ombro. Merda. Só faltam quinze

andares. Mexo-me com mais força, gemendo alto enquanto a
sensação aumenta e afunila, um tornado ganhando impulso.
Seu olhar segue o meu no espelho. “Melhor se apressar. O

tempo está se esgotando.”
Estou bem ali, um foguete aceso pronto para explodir no

meu clitóris, quando o elevador apita. Darren cobre minha mão
com a dele e dá um passo para trás, mesmo enquanto tento seguir
sua coxa. Ele balança a cabeça, sua expressão é quase de remorso,
e ele desenrola meus dedos de sua camisa e leva meus dedos aos
lábios. Ele chuta sua bolsa para a parede e se inclina contra ela.
Darren é rápido em envolver um braço em volta do meu

ombro e me puxar para o seu lado. Ele abaixa a cabeça, lábios
encontrando minha têmpora enquanto ele sussurra: “Desculpe,
vaga-lume, você quase conseguiu.”
As portas se abrem e uma família entra, dando-nos meio

sorrisos enquanto seus filhos pressionam o rosto contra o vidro e
o mais novo tenta apertar todos os botões. Meus joelhos ficam
fracos novamente e tenho vontade de chorar. Meu clitóris ainda
está cantando. “Eu estava tão perto.”
Quando o elevador finalmente chega ao saguão, Darren

entrelaça nossos dedos e me guia para onde seu ônibus está
esperando e as meninas estão amontoadas em torno de seus
telefones.
“Finalmente!” Violet levanta o telefone, mostrando-nos as

horas. “Eles estavam prestes a partir sem você.” Ela aponta por
cima do ombro para onde Alex está do lado de fora. O telefone de
Darren toca quando Alex leva o dele ao ouvido.
“Eu tenho que correr. Verei você hoje à noite. Divirta-se

hoje.” Darren roça os lábios nos meus em uma demonstração
pública de afeto nada característica.
Eu fico olhando-o enquanto ele se dirige para Alex, que joga

a mão para o ar. Tudo que eu entendo é: “Mas que mer...” antes
que as portas fechem e o cortem.
Darren levanta a mão, provavelmente dizendo a ele para se

acalmar. Ele dá um tapinha nas costas dele e Alex balança a
cabeça, os ombros rolando enquanto ele se vira e sobe no
ônibus. Darren olha por cima do ombro enquanto leva dois dedos
aos lábios e os segura em minha direção.
Eu sorrio até perceber que são os dedos que estavam dentro

de mim não há muito tempo, os mesmos que não me
proporcionaram um orgasmo. Conforme meu sorriso cai, ele
sorri. E então desaparece no ônibus.
Assim que está fora de vista, eu me viro para as meninas,

pronta para emitir um pedido de desculpas um tanto falso por
segurá-las. Elas estão todas olhando para mim com os olhos

arregalados.
“O que?” Toco meu rosto e afago meu cabelo, certificando-

me de que não está tudo bagunçado.
“Que raios foi aquilo?” Violet faz gestos selvagens com as

mãos.
“O que foi o quê?” Por que todas estão olhando para mim
como se tivesse crescido outra cabeça em mim? Eu olho para baixo
para ter certeza de que não estou exibindo um mamilo ou uma
mancha molhada na virilha.
“Não achei que Darren gostasse de demonstração pública de

afeto”, Violet diz.
Encolho os ombros. “Ele geralmente não é.” Até agora, eu

acho.
“Bem, acho que é fofo”, Sunny diz, esfregando a barriga.

“Podemos comer alguma coisa antes de irmos às compras? Estou
faminta.”
Estou grata por ela tirar a atenção de mim.
“Eu concordo!” Violet diz, e saímos para as ruas de Toronto.
Paramos para um café da manhã com opções veganas. Violet

pede um café da manhã completo e uma porção de bacon e devora
tudo. Caminhamos pela rua, parando em uma loja de doces e,
então, é claro, encontramos um sex shop, então é imperativo que
entremos, pelo menos de acordo com Violet e Skye.
Os olhos de Violet se iluminam enquanto ela vasculha as

lembrancinhas com tema de pênis. “Oh! Poppy, precisamos
começar a planejar sua despedida de solteira!”
“Não acho que isso seja necessário ainda, já que não nos
casaremos por pelo menos mais um ano, talvez dois, dependendo.”
“A menos que Lance te engravide”, Lily balança as

sobrancelhas.
Poppy revira os olhos. “Ele não vai me engravidar. Estou

tomando pílula.”
Sunny levanta a mão. “Eu estava tomando pílula e fiquei

grávida.”
“Sim, mas você estava tomando antibióticos e esqueceu que

isso torna a pílula ineficaz”, Lily lembra.
“Oh, certo. Bem, pelo menos desta vez foi planejado. É

melhor tê-los todos agora, para que possam crescer juntos.” Ela dá
um tapinha na barriga.
Lily sorri suavemente, mas há uma tristeza aí também. Sua

mãe engravidou de um jogador da NHL quando ela tinha dezoito
anos. Ele assumiu responsabilidade zero e nunca pagou um
centavo em pensão alimentícia. O pai de Randy, um ex-jogador da
NHL, tinha o péssimo hábito de dormir com mulheres que não
eram sua esposa enquanto ele estava na estrada.
Embora Lily e Randy pareçam ter um ótimo relacionamento,

eles estão um pouco ariscos em relação ao casamento e aos
filhos. Ela ainda é jovem e não tem pressa em começar uma família
própria, mas acho que parte dela fica triste porque, se ela acabar
tendo filhos, eles serão muito mais jovens do que os filhos de
Sunny.
Posso me identificar, acho, não que eu queira me casar e ter

filhos. Quer dizer, acho que eventualmente eu considerarei a parte
da criança, mas o casamento parece muito com uma sentença de
prisão pela minha experiência de crescimento.
No caminho de volta para o hotel, somos forçadas a parar

novamente porque Sunny precisa de mais comida. O jogo só
começa às 19h, mas voltamos ao hotel por volta das 16h. Parece
que a bagunça começou a ser arrumada e Darren apareceu e foi
embora. Sobre a cama está uma enorme caixa preta amarrada com
uma fita vermelha e um pequeno cartão preto com meu nome
escrito em tinta prateada.
A dor entre minhas pernas, que finalmente se transformou

em algo tolerável esta tarde, torna-se aguda novamente enquanto
considero o conteúdo da caixa.
Eu mandaria uma mensagem para Darren, mas não gosto

de distraí-lo antes dos jogos. Pego o cartão e o abro.
Então, nós combinamos nos jeitos mais importantes.
Beijos, Darren.
Eu tremo com a memória do que ele disse esta manhã

quando me deixou na mão. Já faz muito tempo desde que ele me
levou ao limite assim, até duas vezes, e me deixou desejando o dia
todo. E se houver algum tipo de brinquedo sexual aí? Como diabos
vou passar o resto da noite sem um orgasmo?
Ainda estou de pé na beira da cama, olhando para a caixa,

quando alguém bate na porta.
Olho pelo olho mágico, pensando que talvez ele tenha

organizado o serviço de quarto, que é totalmente algo que ele faria,
exceto que é Violet de pé no corredor com o resto das garotas.
Eu viro a fechadura e abro a porta. “Ei, o que está

acontecendo?”
“Estamos nos preparando para o jogo e você não estava

respondendo às suas mensagens, então todas viemos até você”,
Violet responde.
Elas entram no quarto com as malas carregadas. Lily tem

champanhe e Sunny está carregando uma garrafa daquele suco de
uva espumante que ela ama.
Todas já estão vestidas e prontas para o jogo, vestindo

camisetas e leggings.
“Ooooh! Você tem um presente!” Violet pega a caixa e a

sacode. Não faz nenhum som, então claramente não há nada de
metal nele. Ela a empurra para mim. “Abra!”
“Uhhhh…” Olho em volta para seus rostos expectantes.
“Oh, vamos lá, nós já sabemos que você e Darren não são
tão bizarros quanto você finge ser. Quão ruim pode ser?” Violet tem
razão.
“Lembre-se de que você disse isso se for algo que não

esperava.” Pego a caixa dela.
“Você não precisa abrir na nossa frente se isso te deixar

desconfortável”, Poppy diz suavemente.
Eu me pergunto se isso a deixa desconfortável. Ela estava

muito quieta quando fomos ao Sexpalooza, e olhava principalmente
para os preservativos engraçados quando estávamos no sex
shop. Por ter uma reputação horrível como Lance tinha com as
mulheres, ele é incrivelmente terno com Poppy. Ele a trata como se
ela fosse uma flor delicada, embora eu ache que ela é uma espécie
de durona com a maneira como o trata.
Sento-me na ponta da cama e puxo a fita vermelha, então

nervosamente abro a caixa. Eu pressiono meus dedos em meus
lábios e reprimo um sorriso. Agora o cartão faz mais sentido.
Dentro está uma camisa nova em folha para substituir a que

tenho há quase dois anos. Há também uma legging coberta com o
logotipo da equipe e o padrão WESTINGHOUSE 26. Ele até
conseguiu meias combinando. Mas é o que encontro sob a camisa
e a legging que me faz lutar contra uma onda de emoções
estranhas. Não tenho certeza se quero rir ou chorar.
Eu pego o pequeno cartão que está em cima do conjunto de

sutiã e calcinha e o viro.
Eu provavelmente serei linchado por ir contra as cores

do time, mas achei que essa serviria melhor.
Corro meus dedos sobre a bela calcinha amarelo-claro,

debruadas em rendas e decoradas não apenas com o logotipo de
Chicago, mas com uma pequena estampa de vaga-lume. Tenho a
sensação de que podem brilhar no escuro. Eu a viro e sorrio. Está
escrito WESTINGHOUSE na bunda. O sutiã é do mesmo tecido,
mas sem o texto.
“Ele realmente é doce, não é?” Poppy diz.
“Ele é”, eu concordo.
Darren sempre foi bom em dar presentes. Principalmente

lingerie e às vezes coisas mais práticas, como atualizar o sistema
de alarme da minha casa e comprar aquela cadeira de leitura para
mim. Mas esse tipo de presente é novo. E acho que gosto, embora
me assuste. Eu deveria estar me preparando para a possibilidade
de que ele seja negociado no final da temporada, não segurando-o
mais forte.
“Parece que você pode precisar disso.” Lily me entrega uma

taça de champanhe, que aceito de bom grado. Tomo um pequeno
gole primeiro, depois um muito maior, já que é tão delicioso, e ela

está certa. Eu preciso disso. Todos esses jogos fora com Darren
não são novos. Já fui convidada várias vezes. É como a dinâmica
mudou que está me assustando.
Sempre venho preparada e com um plano. Ou Darren

mencionava lingerie ou brinquedos específicos que ele gostaria que
eu trouxesse. Desta vez, ele se ofereceu para embalar as leggings e
camisas que comprou e mantém em sua casa, na terceira gaveta,
que ele limpou para mim. A primeira e a segunda contêm toda a
lingerie que ele ou eu compramos nos últimos dois anos.
Eu bebo o resto do meu champanhe e vou para o banheiro

para poder me refrescar um pouco e me trocar antes de começar
todo o processo de maquiagem. O conjunto de sutiã e calcinha são
adoravelmente perfeitos. Se eu tivesse trazido meu telefone,
consideraria tirar uma selfie e enviá-la para Darren, mas isso não
é algo que já fiz antes, e não tenho certeza se ele apreciaria ou se
incomodaria isso. Além do mais, tenho a sensação de que terá mais
impacto se ele vir isso em mim pessoalmente.
Quando saio do banheiro, totalmente vestida com minha

roupa nova em folha, eu sei disso porque as roupas cheiram ao
sabão em pó de Darren, Lily me entrega outra taça de champanhe.
Violet e Sunny estão discutindo sobre qual cor de sombra

ficará melhor em Poppy. Bem, não discutindo, mas segurando
paletas de cores diferentes e debatendo o que parecerá mais
natural. Poppy não precisa usar maquiagem, nem Sunny. Elas têm
aqueles rostos naturais e perfeitos que ficam melhor com um toque
de brilho labial e talvez uma camada de rímel.
Não fico louca com a maquiagem, mas as fotos dos jogos

muitas vezes acabam online, então também não sairei com o rosto
nu. Embora meu relacionamento com Darren tenha recebido
muita mídia e perguntas quando começamos a namorar, o que era
enervante por vários motivos, era difícil realmente qualificá-lo, já

que o contato físico em público nunca foi o nosso tipo de coisa. Isso
manteve todo mundo adivinhando o que estava acontecendo.
Se Darren puxar outra demonstração como fez esta tarde,

isso pode mudar as coisas novamente. Então, é claro, quero ter
uma aparência decente se minha foto acabar espalhada em sites
de hóquei para as coelhas rasgarem.
Às 18h, encontramos os pais de Alex e Violet no saguão do

hotel e seguimos para a arena. É uma caminhada curta, mas está
claro que Daisy e Skye já beberam, e possivelmente se envolveram
em outras atividades que são legais no Canadá.
O champanhe me soltou um pouco, mas ainda estou nervosa

com o jogo. Procuro na bolsa um dos doces da minha mãe. Fico
grata quando encontro vários no final. Eu coloco um na minha
boca e suspiro quando o sabor de hortelã cobre minha língua. Eu
sei que é provavelmente o efeito placebo, mas imediatamente me
sinto um pouquinho melhor depois de algumas mastigadas.
O estádio está cheio de camisetas azuis e brancas, então nos

destacamos como polegares doloridos com nossos gorros
vermelhos e pretos. Não que qualquer uma de nós dê a
mínima. Violet acha que o Toronto teria escolhido Alex, como um
jogador canadense, se estivessem observando seu jogo e
percebessem que adversário formidável ele seria. Mesmo com uma
lesão, ele joga melhor do que a maioria, embora tenha sido muito
mais cauteloso recentemente, e vejo isso agora de uma forma que
não teria visto antes da conversa com Darren.
Temos o tipo de poltronas que as pessoas querem escolher

para eles. Seguimos em fila, com as bebidas na mão, e nos
acomodamos enquanto esperamos o anúncio dos times. Enquanto
as meninas estavam no meu quarto, quase me esqueci do
desconforto entre minhas coxas, mas ela voltou com força
total. Parte disso vem de saber que estou usando aquela calcinha
bonita com o nome dele na bunda.
Pego na bolsa outro dos meus doces calmantes.
“Você está pegando alguma coisa?” Lily pergunta da minha

direita.
“Hã?” Coloco o doce na minha boca e tento não gemer alto

quando o gosto de mentol cobre minha língua pela segunda vez na
última hora.
“Isso é uma pastilha para tosse?”
“Não. Por quê? Você precisa de uma? Eu posso ter

aqui.” Não quero me separar dos doces da minha mãe.
“Estou bem. Provavelmente não ficará muito gostoso com

minha cerveja.” Ela bate sua lata contra a minha, e nós duas
tomamos um gole.
Sim, não é tão delicioso quando você combina hortelã e

cerveja.
Poucos minutos depois, as equipes entram no gelo, primeiro

o Toronto, depois o Chicago. A apreensão que estive segurando o
dia todo cai do meu estômago para se estabelecer mais abaixo,
entre as minhas coxas, tornando a dor generalizada muito
pior. Será um jogo longo.
Todas nós acenamos enquanto os meninos passam,

aquecendo-se antes de sentar-se no banco. O joelho de Violet está
saltando e ela mastiga a unha do polegar.
“Você está bem?” Eu pergunto.
Ela concorda. “Só nervosa. Quero que eles ganhem.”
“Eu também.”
Alex e Darren têm suas cabeças juntas enquanto eles se

sentam no banco e esperam que o gelo seja limpo, a mão de Darren
está em seu ombro. Levo minhas pérolas aos lábios enquanto
Darren olha em minha direção.
Ele levanta dois dedos, a sugestão de um sorriso aparecendo

quando ele os bate nos lábios. Eu largo as pérolas e espelho o
movimento.
A campainha toca e seu sorriso desaparece. Ele coloca o

capacete, as luvas e entra no gelo. O primeiro período não é
ótimo. Darren passa o disco em vez de lançar, e Alex não consegue
passar da rede. O Toronto rouba o disco de Alex mais de uma vez
e, no final do primeiro período, o Chicago está perdendo.
No segundo período, Alex evita por pouco ser jogado nas

pranchas por Cockburn, o mesmo cara que o tirou da temporada
passada e quase lhe custou a carreira.
Darren se coloca no caminho e acerta Alex. Ele e Cockburn

caem nas pranchas, o som ecoando pela arena.
“Fodido Cockburn!” Violet pula da cadeira e começa a gritar

com o juiz para encerrar o jogo.
Darren se recupera e o Toronto cumpre o pênalti, dando ao

Chicago um jogo de poder de dois minutos. Eles trocam Alex por
Randy, e ele assume o controle quando o disco cai, disparando pelo
gelo em direção à rede com Darren à sua direita. No último
segundo, Randy passa para Darren que lança, deslizando o disco
pela rede, empatando o jogo.
Ele não sorri quando seus companheiros dão tapinhas em

suas costas, os olhos no placar e os minutos contando o segundo
período.
“Puta merda.” Lily cutuca meu braço e aponta para as telas

acima de nós. Os rostos de Darren e Randy passam por
elas. Enquanto Randy exibe um sorriso arrogante em sua foto, os
olhos de Darren estão escuros, a boca quase fechada em uma
carranca. Suas estatísticas piscam na tela. Darren está logo abaixo
de Randy nesta temporada, o que o torna um jogador incrivelmente
valioso, do tipo que é cobiçado apesar de sua idade.
É a razão pela qual ele está morrendo quando Alex pede que
não o faça. Ele não queria os pontos por causa do
recrutamento. Tudo faz sentido agora.
A sensação de peso que carreguei durante todo o dia

aumenta à medida que o jogo continua. Randy marca um gol no
início do terceiro período, dando ao Chicago a liderança, mas o
Toronto empata novamente no meio do caminho. Alex e Darren
estão de volta ao gelo juntos com três minutos restantes de
jogo. Eu mal posso respirar quando Alex ganha o controle do disco
e patina no gelo em direção à rede, com Darren paralelo a ele.
Eu cruzo meus dedos enquanto Alex dá o tiro, mas vai

longe. Darren pega o disco enquanto ele passa pela rede e patina
atrás dela. Parece que ele vai passar para Alex, mas ele o lança ao
invés, marcando seu segundo gol no jogo.
Os fãs do Toronto dão um gemido coletivo enquanto os fãs

do Chicago enlouquecem. É uma questão de manter o disco longe
da rede enquanto os segundos finais passam, garantindo o lugar
do Chicago na próxima rodada, trazendo-os muito mais perto das
finais novamente.
Equipes de TV examinam os jogadores assim que eles saem

do gelo. Darren parece desconfortável com as câmeras nele,
especialmente quando começam a falar sobre como suas
estatísticas são as melhores de sua carreira e então fazem
perguntas sobre o projeto de expansão e as possibilidades de
troca. Alex esboça um sorriso quando eles ligam o microfone para

ele, mas há tensão em sua mandíbula. Ele está insatisfeito com
seu desempenho.
“Acho melhor eu preparar os sais de Epsom. Esta noite será

difícil para a minha beaver”, Violet diz enquanto saímos da arena
e saímos para a rua, em direção ao hotel.
Vamos direto para o bar, cientes de que vai demorar um

pouco até os rapazes chegarem. Daisy e Skye parecem já ter bebido
bastante e pediram uma rodada de doses. Elas estão tendo uma
conversa inadequada, nada incomum para aquelas duas, sobre
seus maridos e suas proezas sexuais.
Violet se vira para Sunny. “Isso pode ser nós duas um dia.”
Sunny esfrega a barriga. “Eu me pergunto se este será outro

menino. Estou ficando muito grande, muito rápido dessa vez.”
Violet encosta a cabeça no ombro de Sunny. “Não seria ótimo

se nós duas tivéssemos um menino ou uma menina ao mesmo
tempo? Eles se divertirão muito juntos e, quando ficarem mais
velhos, podemos ter o tipo de conversa que nossas mães têm e
envergonhá-los.”
Eu observo a troca de irmãs e temo egoisticamente que esse

novo vínculo que estão formando vá usurpar todos os anos de
amizade entre mim e Violet. Elas terão muito mais coisas em
comum agora que ambas estão grávidas, e Sunny poderá dar
conselhos a Violet sobre ser mãe. Elas terão histórias e
experiências para compartilhar das quais eu não posso fazer parte.
Ela terá novas responsabilidades. Eu vi como a maternidade

mudou Sunny no ano passado, e temo que seja o mesmo para
Violet. Ela se acomodará em seu novo papel e eu não me encaixarei
em sua vida como antes.
Poppy me tira da minha festa de piedade pessoal quando me

entrega uma bebida.
A conversa de Daisy e Skye parece ter mudado da sujeira

para o hóquei, o que é um pouco melhor.
“Robbie costumava jogar hóquei na faculdade. Eu adorava ir

aos jogos.” Daisy suspira melancolicamente.
“Eu saí com um jogador de hóquei uma vez”, Skye desabafa.
“Sério?” Daisy se anima.
Violet revira os olhos.
“Mmm. No meu primeiro ano de faculdade, trabalhei como

garçonete em um barzinho. Era perto do estádio, então às vezes
recebíamos fãs e jogadores lá.” Ela acena com a mão no ar. “De
qualquer forma, esse cara entrou e sentou-se na minha seção. Ele
era um verdadeiro gostosão e jogava hóquei profissional, acho que
talvez pelo Carolina do Norte? Não me lembro agora, mas ele era
charmoso, e uma coisa levou a outra.” Skye faz uma careta.
“Infelizmente, ele era péssimo na cama e tinha um pau minúsculo.”
“Eu amo sua mãe”, eu sorrio.
“Quer trocar?” Violet resmunga. “Espere, é praticamente a

mesma coisa, então não importa.”
“Ah não!” Daisy coloca uma mão reconfortante no braço de

Skye. “Isso é horrível.”
“Foi uma grande decepção. O preservativo escorregou no

meio, e acabei tendo que pescar depois.” Skye estremece e Violet
faz um som de engasgo. “Uma coisa boa veio da experiência, no
entanto.” Ela se vira para Violet e dá um tapinha em sua bochecha.
“Tive você.”
Violet está dando um gole no meio, então ela espirra

refrigerante de gengibre no rosto de sua mãe e atingiu minha
bochecha. “O que?”
Skye envolve o braço em volta do ombro de Violet. “Eu estava

com quase cinco meses antes de perceber que estava grávida. Em
retrospecto, eu deveria ter percebido isso antes, mas às vezes as
coisas acontecem por um motivo. Eu não tinha nenhum interesse
naquele jogador de hóquei, então criei você sozinha até conhecer o
Sidney e nos apaixonarmos.”
“Meu pai era jogador profissional de hóquei?” Violet

pergunta.
“Ele era. Não era muito bom, veja bem, mesmo assim é um
jogador de hóquei.”
“Não acredito que é a primeira vez que ouço isso! Por que
você não me contou antes? Sempre achei que ele fosse algum cara
aleatório.”
Skye dá a Violet um sorriso paciente. “Ele era um cara

aleatório, querida.”
“Este cara aleatório tem um nome?”
“Claro que sim.”
“Você se lembra do nome?”
Skye faz uma careta. “Bem, sim.”
Violet arqueia uma sobrancelha. “Gostaria de compartilhar?”
Skye suspira, talvez percebendo que ela não vai sair dessa.
“O nome dele é Dick, o que é meio irônico, considerando que ele
era tão pequeno e tal.”
“O nome do meu pai é Dick?” Violet não parece

impressionada.
“Sidney é seu pai, Violet. Ele entregou você no seu

casamento. Eu acho que isso supera ser um doador de esperma.”
“Concordo, mas ainda assim, mesmo que Dick seja um idiota

sem pau, ele é meu pai biológico, e acho que tenho o direito de
saber quem ele é, especialmente porque ele contribuiu com metade
do meu DNA e eu estou grávida, e quem sabe que efeito sua merda
genética terá sobre esse garoto.” Ela aponta para a barriga, os
olhos arregalados de horror. “E se tivermos um menino e ele tiver
um pau minúsculo?”
“Você é quase exatamente como eu, e nada como seu pai

biológico. Tenho certeza de que o DNA de Alex vencerá neste caso.”
“Ainda assim, seria bom saber. O pau do Dick tem

sobrenome?”
“Claro.” Skye faz uma careta e murmura algo.
“O que é que foi isso?”
“Seu sobrenome é Head.”
Violet pisca. E pisca novamente. “Oi?”
“Head. Seu sobrenome é Head.”
“O nome do meu pai é Dick Head?”
“Tecnicamente é Richard, mas sim.” Skye toma um gole

saudável de sua bebida. “Talvez devêssemos falar sobre isso mais
tarde.”
“Richard Head? E ele jogou pelo Carolina do Norte?”
“Sim querida. Você está bem? Você está muito pálida.” Skye
me lança um olhar preocupado.
“Talvez você devesse se sentar.” Coloco a mão no ombro de

Violet e a apoio para o banquinho mais próximo. Algo sobre essa
conversa é muito familiar, e não consigo entender por quê.
Lily aparece, voltando do banheiro. “Está tudo bem? O que

há de errado com Violet?”
“Skye acabou de dizer a ela quem é seu pai biológico.”
“O que?” Os olhos de Lily se arregalam.
“Ela está muito bêbada”, eu digo.
Lily franze a testa. “Eu pensei que Violet estava grávida.”
“Oh, Violet não está bêbada, Skye está.”
“E eu pensei que Butterson era um sobrenome ruim.” Violet

balança a cabeça. “Acho que Head não é o pior, a menos que você
chame seu filho de Richard, e mesmo assim, você poderia usar
Rich, ou Richie, por que usar Dick?” Ela parece estar pairando
entre o choque e o horror. “Você está apenas se preparando para o
mundo do ridículo. Que tipo de pessoa, além de um idiota, atende
pelo nome de Dick Head? Meu maldito pai, é ele.”
Lily agarra seus ombros. “O que você acabou de dizer?”
“O nome do meu doador de esperma é Richard Head, mas

ele atende por Dick. Sério, ele deve ser o maior idiota da história
do mundo com um pau pequeno e triste”, Violet responde.
E então me lembro por que essa conversa é tão familiar; dois

anos atrás, antes de Randy e Lily ficarem super sérios,
conversamos sobre o pai biológico de Lily, e Violet não conseguia
esquecer seu nome idiota.
Os olhos de Violet e Lily se arregalam. “Oh meu Deus!” Elas

dizem em uníssono.
“O nome do seu pai biológico é Richard Head?” Lily pergunta.
“E o nome do seu pai caloteiro é Richard Head”, Violet

responde. “Ele jogou pelo Carolina do Norte?”
Lily balança a cabeça lentamente.
“Quais são as chances...” Violet se levanta. “Puta

merda. Isso significa que você é minha meia-irmã?”
CAPÍTULO 13
EU ESTOU COM VOCÊ
DARREN
Não tenho certeza se o custo de vencer este jogo valerá a

pena. A única coisa que vai me fazer sentir melhor é Charlene. Eu
quero colocar a tampa em seu pote e nunca mais deixá-la ir.
Percebo, muito claramente, que estou em um péssimo estado

de espírito. Eu a mantive no limite o dia todo e provavelmente não
deveria, já que ela já está lá, para começar. Também estou ciente
de que ter feito isso com ela é uma merda, mas parecia melhor do
que dizer coisas que ela não está pronta para ouvir, especialmente
quando não tenho certeza se estou pronto para dizê-las.
Alex está quieto e de péssimo humor enquanto caminhamos

para o bar. Ele não está zangado porque ganhamos o
jogo; é como ganhamos que o chateia. Não é ciúme, é mais do que
isso. É sobre seu valor para a equipe. É a posição que ele sente que
está me colocando. É saber que minhas chances de ser puxado
para o projeto de expansão aumentam quanto mais eu retiro a folga
que ele não consegue controlar. É o salário de 09 milhões de
dólares por ano que ele acha que não vale mais.
O bar está barulhento e cheio. Procuro por Charlene e o resto

das garotas, mas elas não são fáceis de encontrar, já que
praticamente todas as mulheres do lugar estão vestidas com o
uniforme do nosso time. Gritos e pulos altos chamam minha
atenção.
“Lá estão elas.” Eu aponto para onde Violet e Lily estão se

abraçando.
“Estou feliz por Vi não poder beber. Preciso da minha esposa

esta noite”, Alex diz.
Examino a área ao redor delas e finalmente encontro

Charlene. Suas pérolas estão em seus lábios, sua expressão não
reflete nada da excitação que Violet, Lily e as outras garotas
parecem estar sentindo. O que me faz questionar o que está
acontecendo.
Atravessamos a multidão lentamente por causa do volume

de pessoas. Felizmente, não são muitos os que tentam falar
comigo, provavelmente porque não pareço tão amigável e não
costumo conversar com pessoas que não conheço.
Eu me aproximo de Charlene, que ainda está pressionando

suas pérolas contra os lábios, e coloco minha boca em seu ouvido.
“O que está acontecendo aqui?”
Ela se assusta e quase se atrapalha com sua bebida

enquanto se vira. Charlene inclina a cabeça para trás enquanto eu
me endireito, os olhos encontrando os meus. Emoções voam em
seu rosto, dor flutua lá dentro. Não tenho certeza se é físico,
emocional ou ambos, e me arrependo de mantê-la pendurada o dia
todo.
“Violet e Lily acabaram de descobrir que têm o mesmo pai”,

ela diz suavemente.
“Isso é uma piada?”
Sua voz falha, junto com seu sorriso forçado. “Eu queria que
fosse.”
Quero pedir a ela para explicar, mas Violet está pulando,

gritando a plenos pulmões. Está chamando muita atenção.
“Não é incrível? Ambas as nossas mães fizeram escolhas

terríveis!” Violet se move entre ela e Lily. “Você pode ver a
semelhança? Peitos à parte, é claro.”
Lily revira os olhos. “Talvez eu deva colocar um dos seus

sutiãs e enchê-lo com meias para que seja mais fácil ver a
semelhança.”
Randy vem para ficar ao meu lado, observando o espetáculo.

“Eu ouvi direito? Vi e Lily têm o mesmo pai?”
“Pelo visto.”
Ele passa a mão na barba, olhando de uma mulher para a

outra. “Eu não vejo isso.”
Encolho os ombros, porque nem eu vejo. Além do fato de que

são mulheres e são pequenas, essa é toda a semelhança que posso
encontrar. Violet é peituda e cheia de curvas, enquanto Lily é
estreita e magra. Lily também tem alguns centímetros a mais que
Vi. “Lily se parece mais com a mãe dela?”
Randy concorda. “Sim, meio que se parece bastante com a

mãe dela.” Ele inclina a cabeça na direção de Skye. Ela realmente
se parece com Violet, com cerca de vinte anos. Ela também se veste
muito parecida com sua filha.
Sou grato pelo drama familiar ao estilo novela, porque tira o

foco do jogo desta noite. Eu deveria estar feliz por irmos para a
próxima fase, e pelo time eu estou, mas o telefonema que recebi
esta tarde antes de entrar no gelo me preocupa. Meu agente me
informou que Lucas, o dono do time de Vegas, o contatou pela
terceira vez, querendo falar sobre números. Houve interesse de
outras equipes também, e ainda não tenho certeza para onde
Charlene e eu estamos indo. Sinto que estou apenas descobrindo
como fazer essa nova versão de nós da maneira certa, e não quero
estragar isso.
Demora mais uma hora antes de finalmente conseguir

chegar perto de Charlene novamente. Ela está bêbada e, com base
nos copos vazios espalhados pela mesa, alguém achou que as
doses eram uma boa ideia. Ela se posicionou na ponta da mesa,
um pouco afastada das outras garotas, quieta em vez de envolvida
na conversa animada. Ela me lembra de como fico quando há
muitas pessoas e me sinto exposto.
Eu me curvo para falar em sua orelha e não ter que gritar.

“Você quer subir para o quarto agora para que eu possa cuidar de
você?”
Recuo o suficiente para ver seu rosto. Sua expressão é uma

mistura de alívio e desespero, tão intensa que por um segundo
acho que ela vai explodir em lágrimas, o que é muito diferente de
Charlene. As únicas vezes que a vi chorar foram quando Alex
sofreu o acidente no ano passado e Violet estava desesperada, e
quando meus companheiros a encontraram cercada de brinquedos
sexuais.
Seus lábios se movem, formando a palavra por favor, mas

não é acompanhada por som, e não tenho certeza se é porque ela
não fez nenhum ou porque está muito alto para ouvir.
Eu me endireito e puxo sua cadeira, dando-lhe espaço para

se levantar.
“Você está indo?” Violet franze a testa. “Qual é! Apenas fique

mais um pouco.”
“Peço desculpas, Violet, mas preciso dela.” É

verdade. Preciso muito me perder nela por um tempo e tenho a
sensação de que Charlene precisa do mesmo.
Violet pula e corre ao redor da mesa para abraçar

Charlene. Não entendo por que as mulheres sentem necessidade
de se abraçar o tempo todo. Não é como se elas não se verão

novamente em breve, tipo manhã.
Quando todos os abraços acabam, eu uno nossos dedos,

maravilhado com o quanto a mão dela é mais macia e menor do
que a minha e o quanto eu anseio por esse contato
inofensivo. Mantenho-a perto enquanto passamos pelo bar. Alex
levanta a mão quando nos vê saindo. Eu aceno, mas não paro para
falar. Essa coisa toda com Violet esta noite tirou sua mente do jogo,
mas logo ele vai querer se sentar e descobrir como administrar a
próxima rodada de jogos.
Não estamos sozinhos no elevador até o andar da cobertura,

então simplesmente mantenho nossas mãos unidas, deslizando
meu polegar para frente e para trás sobre os nós dos dedos. A mão
livre de Charlene está em sua garganta, tocando suas pérolas.
Ela exala um suspiro trêmulo quando o último casal sai do

elevador no vigésimo andar. Quando as portas se fecham, eu
levanto nossas mãos entrelaçadas e as levo aos lábios. “Você está
bem?”
Ela acena com a cabeça, mas seu lábio inferior treme e sua
respiração fica afiada e rápida.
“Você não parece bem”, eu observo.
Ela abre a boca para falar, mas as portas se abrem. Duas

mulheres vestindo camisetas do Chicago entram no elevador,
rindo, claramente bêbadas. Uma delas aperta o botão do saguão
enquanto a outra se encosta nos trilhos à nossa frente.
Estou irritado com a interrupção.
“Oh meu Deus!” Uma delas grita. “Você é Darren

Westinghouse! Você foi incrível esta noite!”
Os gritos agudos e carregados de pontos de exclamação me

fazem querer puxar um rolo de fita adesiva, mas, em vez disso,
sorrio e prendo Charlene com mais força ao meu lado. Essa é parte
da razão pela qual nunca tentei ser melhor do que sou. Porque
chama atenção indesejada. Permaneça solidamente na média e
fora dos holofotes, e as pessoas não o reconhecerão na rua. Jogue
melhor do que a maioria, e as pessoas começam a notar.
Tenho me contentado em ser ala de Alex nos últimos seis

anos. Ele adora os elogios e prospera com isso. Ele administra isso
melhor do que eu. Não quero esse nível de atenção
esmagadora. Não quero essas garotas bêbadas gritando, pedindo
autógrafos. Não quero ser legal, aberto e amigável. Eu quero
privacidade e Charlene. Eu quero alguma aparência normal em
uma vida que nunca foi assim.
Uma das meninas procura em sua bolsa uma caneta para

que eu possa autografar algo para ela. Nenhuma delas reconhece
Charlene. É como se ela nem existisse. Então, quando uma delas
finalmente consegue encontrar uma caneta e seu ingresso de jogo,
levanto o queixo de Charlene e pressiono um beijo inesperado em
seus lábios.
“Isso vai levar apenas um momento”, murmuro, os lábios

ainda tocando os dela.
“Ok.” É mais respiração do que palavra.
Eu só quero ficar sozinho com ela. Quero que essas fãs e

minhas preocupações desapareçam. Quero me afogar em seu gosto
e seu cheiro e seus gemidos suaves e doces.
Mas primeiro preciso assinar alguma merda.
As mulheres ficam boquiabertas enquanto coloco uma

mecha solta do cabelo de Charlene atrás da orelha. É
desnecessário. Seu cabelo está perfeitamente bom do jeito que
está, sem que eu mexa com ele. Eu só quero um motivo para tocá-
la, para indicar em algum nível básico que ela é minha e eu sou
dela.
Eu assino seus ingressos, depois assino a parte de trás de

suas camisetas, embora uma está escrito Ballistic e a outra Waters,
o que faz sentido, já que eles são as estrelas do time. Felizmente, o
elevador para. Pego a mão de Charlene, puxando-a enquanto
aperto o botão de fechar a porta e saio para o corredor. Eu não
quero que elas nos sigam. Quando a porta permanece fechada,
solto um suspiro de alívio e caminho rapidamente em direção ao
nosso quarto, procurando no bolso o cartão-chave, mas Charlene
já está preparada. Ela passa o dedo no sensor e eu a abro,
conduzindo-a para dentro.
A porta mal tem chance de trancar antes que Charlene se

lance sobre mim. Ela me força contra a parede, o que não é uma
tarefa fácil, considerando que tenho uns bons 15 a 20 centímetros
sobre ela e a supero em cinquenta quilos. Estou atribuindo isso em
parte a ela me pegar desprevenido.
Suas unhas rasgam meus ombros enquanto sua boca se

conecta com a minha, e ela tenta se erguer. Eu giro até que ela
fique contra a parede e a levanto pela bunda, posicionando-a de
forma que minha ereção esteja finalmente onde deveria estar,
embora coberta por roupas. Eu pretendo remediar isso em breve.
Ela rola os quadris e geme, batendo a cabeça na parede

enquanto se arqueia. Suas unhas arranham meu couro cabeludo
e seus dentes afundam em meu lábio inferior. Charlene é um
monte de coisas no quarto, incerta, curiosa, semi aventureira,
adoravelmente meio que comandante quando ela está vestida com
couro, mas ela raramente, ou nunca, é agressiva como é agora, o
que me diz que eu também a empurrei longe demais, ou algo está
errado.
Possivelmente ambos.
Eu também acho que seu estado de ansiedade prolongado

significa que ela precisa gozar, muito.
Prendendo-a contra a parede com meus quadris, pressiono

a palma da mão em seu peito e abro meus dedos para emoldurar o
colar de pérolas.
“Darren, por favor.” As palavras surgem em um apelo.
Isso é muito mais do que gratificação adiada. Ela não apenas

quer, ela está desesperada, triste e em pânico, e eu preciso
entender por quê. Mas primeiro preciso cuidar dela, para o nosso
bem.
Eu corro minha mão livre pelo lado dela e sob o cós de sua
legging. “Depois que eu fizer você gozar, você vai me dizer por que
está tão chateada.”
“O que você quiser.”
Deslizo meus dedos em sua calcinha, que está praticamente

encharcada. O dia todo eu a deixei neste estado, muitas horas e
muitas incertezas. É minha culpa que ela está fora de controle e
estou bem ali com ela.
Charlene estremece assim que encontro seu clitóris. Suas

pernas relaxam, junto com o resto dela, como se ela tivesse sido
medicada com Valium. Eu a coloco contra a parede, desejando ter
chegado à cama, mas ciente de que parar agora seria um tipo de
tormento ainda pior. Então empurro dois dedos para dentro e me
curvo para frente, vibrando rápido e forte.
Charlene está perdida em todas as sensações, perseguindo

a felicidade. Meu nome é um gemido gutural quando ela goza em
ondas, e eu continuo a empurrando, arrastando-a para fora porque
posso e ela precisa.
Charlene afunda contra mim, o hálito quente soprando em

minha pele, e eu beijo sua têmpora. “Você precisa que eu
continue?”
Ela faz um barulho, mas não sei dizer se é um sim ou

não. Eu roço seu clitóris e ela suga uma respiração ofegante, os
dedos apertando meu cabelo novamente. Então eu continuo
circulando, leve e devagar, puxando-a para o limite e empurrando-
a suavemente. Este orgasmo é muito menos violento, mas não
menos intenso.
Eu tiro minha mão de sua calcinha, agarro suas coxas e a

levanto, mantendo-a enrolada em volta de mim enquanto a carrego
para a cama. Um feixe de luz do banheiro corta o chão, iluminando
o caminho.
“Não farei isso com você novamente”, eu prometo enquanto

a deito na cama, beijando sua têmpora e sua bochecha. “Eu não
deixarei você necessitada por tanto tempo nunca mais.”
Ela está trêmula e desajeitada enquanto tenta desabotoar

minha camisa. Eu cubro sua mão. “Deixa comigo.”
Ajoelho-me entre suas pernas e tiro o paletó, desabotoou os

três primeiros botões e puxo minha camisa pela cabeça, jogando-a
em algum lugar no chão. Charlene já conseguiu tirar a camisa pela
cabeça e tirar a calça.
“Deixe o resto para mim, por favor.” Abro o cinto, abro o

botão da calça e abro o zíper até a metade antes de Charlene
empurrá-la sobre meus quadris, levando minha boxer com ela.
Minha ereção se solta e Charlene envolve sua mão macia e

quente em volta do comprimento. Seus olhos brilham nos meus,
vítreos e desesperados enquanto ela se inclina para frente e separa
aqueles lábios lindos, envolvendo a cabeça.
Eu gemo uma foda baixa e fecho meus olhos por um

segundo, porque vê-la assim é quase demais.
A cabeça bate no fundo de sua garganta enquanto eu enfio

meus dedos em seus cabelos. Mas não tento controlá-la. Eu não
preciso. Ela me conhece bem o suficiente para antecipar o que eu
quero. Ela se afasta, suga a cabeça e depois me puxa para dentro,
uma e outra vez, os olhos fixos nos meus.
Eu traço seu lábio inferior. “Se você me levar profundamente

mais uma vez, vou descer por sua linda e doce garganta.” É tanto
um aviso quanto uma promessa.
Por mais divertido que seja fazer uma bagunça no seu peito,
prefiro não fazer isso esta noite, principalmente porque não quero
perder tempo limpando-a antes de tocar aquela calcinha bonita
dela com mais de meus dedos.
Estou bem ali, minhas bolas apertadas, a dor se fundindo

com a promessa de liberação. Ela chupa com força, sua boca
quente envolvendo cada centímetro meu, e eu a solto, pulsando
enquanto ela engole. Inclino-me para frente, gemendo seu nome,
lutando para não empurrar, uma vez que já estou o mais fundo
que posso.
Quando termino de gozar, saio suavemente e me curvo para

roçar meus lábios nos dela. “Eu não merecia sua boca esta noite.”
“Não fiz isso por você. Eu quero você em mim pelo maior
tempo possível esta noite, e isso garante isso.”
Eu sorrio e a beijo suavemente. “Bem, vou precisar de alguns

minutos antes de continuar, e tenho uma ótima ideia sobre como
passar o tempo.” Charlene sorri contra meus lábios. Eu gostaria de
ficar onde estou por um tempo, mas já a torturei o suficiente por
um dia, e há pouco que amo mais do que vê-la se desfazer por mim
Deixo um beijo entre seus seios e um abaixo do umbigo. O

sutiã personalizado e a calcinha combinando são perfeitos em seu
corpo lindo. “Eu quero ver a parte de trás disso”, murmuro.
Charlene desliza para cima da cama e vira de barriga,

esticando o pescoço para olhá-la por cima do ombro. Seu lábio está
preso entre os dentes. Eu corro minhas mãos para baixo em seus
quadris.
“Não sei por que demorei tanto para criar isso, mas são os
meus novos favoritos.”
“Acho que Violet tem um par para cada dia da semana com
o nome de Alex estampado em sua bunda.”
Assim que chegar em casa, vou encomendá-los em todas as

combinações de cores, estilos e padrões que posso. Foda-se a
renda e o cetim. Calcinhas boyshort de algodão são as melhores.
Lamento como lidei com ela esta manhã, porque agora eu

quero levar meu tempo, mas estou ciente de que não posso. Abro
o fecho de seu sutiã e beijo o espaço entre suas omoplatas, em
seguida, mergulho em sua coluna antes de puxar a calcinha sobre
seus quadris e morder sua bunda, sorrindo para seu
suspiro. Arrasto meu polegar ao longo da divisão, e ela se sacode e
geme. Deslizando meus dedos entre suas coxas, eu deslizo o
comprimento de sua fenda, passando por sua entrada para
encontrar o aço perfurando seu clitóris. Seus quadris levantam
enquanto eu circulo uma vez.
“Vire pra mim, baby, quero passar algum tempo beijando

você.”
Charlene é rápida em obedecer, virando-se e jogando o sutiã

no chão.
Eu me estico entre suas pernas, enganchando meus braços

sob suas coxas e lambo o comprimento de sua buceta. Charlene se
contorce contra minha boca quando pego seu anel de clitóris entre
os dentes e puxo. O primeiro orgasmo veio forte e rápido, o segundo
apenas alguns minutos depois do primeiro. E eu continuo
empurrando-a mais alto para que eu possa vê-la caindo, para
baixo, para baixo.
Eu perco o controle após o orgasmo número três. E,

eventualmente, não posso e não quero esperar mais. Não se trata
apenas de me perder nela, o que eu admito. Mas mais do que isso,
eu preciso dela. Preciso de proximidade. Preciso saber que ela é
minha e que não importa o que aconteça no final da temporada,
isso não vai mudar.
Eu deslizo pelo seu corpo, me posiciono em sua entrada e

entro. Deixo cair minha testa contra seu pescoço e gemo. “Só você
me faz sentir tão vivo.”
Os joelhos de Charlene pressionam minhas costelas e ela

coloca as mãos atrás do meu pescoço. “Eu me senti vazia o dia
todo”, ela sussurra.
Suas palavras deixam os pelos dos meus braços em pé. Algo

em seu tom me diz que não se trata apenas de reter orgasmos. É
mais.
Beijo meu caminho até seu pescoço e através de sua

mandíbula. “E como você se sente agora?” Empurro meus braços
para que eu possa ver seu rosto.
“Como se você estivesse sob minha pele, mas eu não consigo

te aprofundar o suficiente.”
Eu rolo meus quadris e ela geme baixinho. Não sei o que está
acontecendo aqui, mas quero dar a ela tudo o que precisa. Eu
quero ser tudo que ela precisa.
Deslizo meus dedos no cabelo em sua nuca, embalando sua

cabeça na palma da minha mão enquanto coloco meus lábios nos
dela. Ainda posso sentir o gosto dela na minha língua, então
quando ela lambe minha boca e geme, eu sei que é porque ela pode
provar a si mesma.
Eu a beijo da mesma maneira que me movo dentro dela. Não

estou com pressa para que isso acabe e, em algum lugar dentro da
minha cabeça, temo o que vai acontecer quando isso acontecer. As
coisas entre nós estão mudando novamente. E tão perto quanto me
sinto dela neste momento, eu me preocupo que fora daqui, haverá
uma distância que eu não sei como transpor.
Charlene agarra meu bíceps, cravando as unhas enquanto

ela se move comigo. Eu me afasto a tempo de ver seus olhos se
abrirem e encontrarem os meus enquanto ela começa a pulsar ao
meu redor.
Charlene gasta muita energia tentando transformar o sexo

em algum tipo de evento, como se ela sentisse que preciso ser
entretido para desfrutá-la. Mas nada se compara a isso. Não há
distrações, nada para ficar no caminho enquanto a vejo se iluminar
embaixo de mim. Ela levanta a mão e arrasta dedos suaves pela
minha bochecha.
Eu fecho meus olhos por um segundo, absorvendo a

sensação antes de pegar e segurar o olhar de Charlene
novamente. O orgasmo é dolorosamente intenso enquanto me
queima. Pontos brancos flutuam na minha visão, apagando o rosto
perfeito de Charlene por um breve momento. Parece que estou me
afogando em um prazer tão extremo que a possibilidade de nunca
mais tê-lo é uma agonia.
Deixo cair minha cabeça, acariciando seu pescoço,

respirando o cheiro doce e salgado de sua pele. Meu corpo parece
pesado de saciedade. Eu quero isso todos os dias. Quero acordar
com isso, dormir com isso, voltar para casa e ter isso, e não tenho
certeza de porque demorei tanto para perceber. Meus membros
estão pesados e descoordenados enquanto saio. Eu deslizo um
braço por baixo dela e rolo para o lado, levando-a comigo.
Charlene enfia a cabeça embaixo do meu queixo, um arrepio

passando por ela. No início, acho que é o resultado de um orgasmo
tão poderoso e prolongado, ou talvez ela esteja com frio. Tento me
afastar para conseguir nos enfiar debaixo das cobertas, mas ela
murmura não contra meu pescoço e aperta seu abraço.
“Deixe-me pegar um pano quente para que eu possa deixá-

la mais confortável”, murmuro contra sua têmpora, mais uma vez
tentando me livrar.
Ela se agarra com mais força e balança a cabeça,

estremecendo novamente.
Afasto-me o suficiente para que eu possa ver seu rosto, mas

ela vira a cabeça para longe, colocando o queixo contra o ombro,
os olhos franzidos com força.
“Você está bem?” Acaricio sua bochecha, na esperança de

acalmá-la, mas seus lábios se retorcem como se ela estivesse
lutando contra quaisquer emoções que estão nadando na
superfície, aquelas que Charlene está claramente tentando
esconder.
“Estou bem”, ela sussurra entrecortada, ainda sem olhar

para mim.
“Você parece o oposto de bem.”
“Eu preciso de um minuto. Por favor.”
Não sei o que fazer com essa reação, ou a maneira como ela
se agarra a mim. Esse não é o comportamento típico de Charlene
e não sei como lidar com isso.
Um pequeno gemido zumbe em minha garganta.
“Eu machuquei você?” Acho que não. Sempre sou

extremamente cuidadoso com Charlene.
Ela balança a cabeça no meu ombro, o que deve ser um

alívio, mas o fato de que ela está quebrando emocionalmente
depois do sexo parece ruim. O som de sua dor rasga meu coração,
sua dor é minha também.
Quero ser melhor nisso, em cuidar de alguém. Uma onda de

emoção bate em mim, o tipo que eu guardei a minha vida
inteira. Movo o seu corpo para que eu possa me sentar e mantê-la
no meu colo. Ela envolve as pernas em volta da minha cintura,
seus braços travam em volta dos meus ombros com o rosto
enterrado na curva do meu pescoço.
Ela sente que pode quebrar em meus braços e sou forçado a

finalmente aceitar a verdade da qual tenho me escondido: estou
apaixonado por Charlene há muito tempo.
Jesus. Fui tão emocionalmente atrofiado pela minha família

fodida que não pude nem reconhecer o amor até que ele me deu
um soco na cara.
Esfrego círculos nas costas de Charlene com uma mão e aliso

minha palma livre sobre sua nuca.
“Respire, baby”, murmuro em sua orelha e pressiono meus

lábios em sua têmpora. “Deixe-me te ajudar.”
Ela respira fundo e eu me preocupo em tornar as coisas

piores. Eventualmente ela parece se acalmar, e então seus lábios
encontram aquele espaço sensível atrás da minha orelha. Ela trilha
beijos pelo meu pescoço e ao longo da borda do meu queixo.
Por um momento fico confuso, até perceber que sua boca foi
feita para ser uma distração. Quase funciona.
Eu seguro seu rosto em minhas mãos e o levanto, forçando-

a a olhar para mim. Os olhos de Charlene estão vermelhos, suas
bochechas coradas e sua expressão é de puro pânico.
“O que está acontecendo?”
“Nada. Estou bem. Eu quero você de novo.” Ela tenta voltar

para a minha boca, mas eu a seguro.
“Do que se trata?” Limpo suas lágrimas.
“Isso foi intenso. Hoje foi intenso.”
“E essa é a única razão para as lágrimas?” Pressiono. “Eu

preciso que você fale comigo, Charlene.”
“Esperei o dia todo por você.” Ela suspira e levanta o olhar,

a vulnerabilidade vazando. “E sei que o jogo foi estressante para
você, e é o mesmo para mim. Você me queria no limite, e eu
estava. Estava preocupada e ansiosa. Foi muito.”
Ainda acho que ela está deixando coisas de fora,

propositalmente ou não, então tento arrancá-las dela da maneira
que posso. “O que exatamente está preocupando você?”
“Não sei. Tudo? Você? O que você não está me dizendo.”
Eu suspiro. Terei que dar para poder receber. “Minhas

estatísticas estão muito altas e estou recebendo muita atenção. Eu
não gosto e não quero isso. Mas não tenho escolha e não
prejudicarei nossa equipe porque não gosto da atenção que estou
recebendo.”
Ela pisca algumas vezes, talvez atordoada por eu me mostrar

tão acessível pela primeira vez. Caralho, já era hora, eu
suponho. Comprar roupas novas e coisas bonitas vai até certo
ponto. Mas tenho que deixá-la entrar na minha cabeça se quiser
que ela me deixe entrar na dela.
“Agora, você pode me dizer por que está tão chateada, além
do fato de que eu sou um idiota por tê-lo mantido no limite o dia
todo?”
Seus dedos vão para suas pérolas. “Agora eu me sinto uma

idiota.”
“O que? Por quê?”
“Porque você está preocupado com sua equipe e eu estou

preocupada comigo mesma.”
Quero apagar a tristeza que puxa sua boca para baixo. Eu

quero tirar a dor.
“Acredite em mim quando digo que não é só com a minha

equipe que estou preocupado, Charlene. Eu não sou tão altruísta.”
“Com o que mais você está preocupado?”
Balanço minha cabeça, ciente de que esta é mais uma tática

de distanciamento. “Não entendo por que você está tão chateado.”
Ela passa os dedos pelo meu cabelo, os olhos fixos ali, talvez
para que ela não tenha que olhar diretamente para mim. “Parece
que estou perdendo coisas que são importantes para mim.”
“O que você quer dizer?”
“Violet sempre foi minha melhor amiga. E talvez seja

mesquinho e estúpido, mas ela se aproximará de Sunny porque
ambas estão grávidas, e Sunny e Lily sempre foram próximas, e
agora Violet e Lily são irmãs de verdade, e eu sinto que estou do
lado de fora e não posso entrar. E então há essa convocação de
expansão, e se você for negociado e eu...” ela respira fundo,
tentando se controlar. “Não quero perder todas as pessoas que
significam tanto para mim.”
Eu a encaro, e enxugo mais lágrimas. Por mais que não goste

de vê-la chateada, estou quase aliviado por estarmos na mesma
página, pelo menos sobre não querer perder as pessoas de quem
gostamos. Não posso controlar o que está acontecendo com Violet
ou Alex, mas posso tentar manter o controle do que temos.
“Aconteça o que acontecer com todo mundo, eu estou nisso

com você. Podemos ficar do lado de fora juntos.”
Ela arrasta os dedos ao longo do meu queixo, os olhos tristes.

“Tudo está mudando e eu quero que continue igual. Eu preciso que
isso continue o mesmo.”
Meu estômago aperta. “Isso?”
“Nós. Como nós somos.”
É um aviso? Esta noite foi demais para ela? A proximidade é

algo que quero mais. E tem que ser gradual, algo que acontece tão
lentamente que ela nem reconhece que a mudança está
acontecendo. Portanto, não peço esclarecimentos, porque não
quero uma resposta de que não vou gostar. Em vez disso, digo o
que ela precisa ouvir.
“Sempre seremos eu e você, Charlene. O que você precisar,

eu serei para você.”
CAPÍTULO 14
TODAS AS COISAS BOAS
CHARLENE
As coisas parecem se estabilizar depois que retornamos a

Chicago. Meu pânico por ter perdido minha melhor amiga porque
ela agora tem uma meia-irmã de verdade diminui quando eu
percebo que as coisas não mudaram tanto. Quero dizer, claro,
Violet e Lily podem ser um pouco mais próximas porque elas
literalmente compartilham DNA, e ela e Sunny podem reclamar de
seios doloridos, mas isso não mudou quanto tempo Violet e eu
passamos juntas. Na verdade, quando estamos em casa, Violet e
eu ficamos mais juntas, em vez de menos. Darren e eu passamos
muito tempo em situações de casal com Vi e Alex, então não sinto
que minha posição de melhor amiga foi usurpada.
As coisas entre Darren e eu estão boas, ótimas até. Ele não

mudou de um homem quieto, introvertido e, às vezes reservado,
para o tipo de cara que compartilha todos os seus sentimentos e
adora estar perto de muitas pessoas. Mas existem mudanças e
nem todas são sutis.
Agora tenho um rack em seu closet cheio de roupas e coisas

novas, do tipo que não posso pagar a menos que mude de carreira
e me torne uma acompanhante bem paga que trabalha todas as
noites da semana. As etiquetas de preço estão sempre faltando,
mas fiz minha pesquisa. Eu sei quanto custa um terno Fendi,
especialmente se for nesta temporada e se foi feito sob medida para

me servir.
Um lado da penteadeira do banheiro agora abriga duplicatas

das coisas que mantenho em casa.
Darren também comprou uma segunda cômoda para

combinar com a dele, que é onde toda a minha lingerie, leggings
novas, conjuntos de dormir e calcinhas agora residem. Quando
tem jogos em casa, Darren pede que eu fique com ele quase todas
as noites. Ele adora voltar de um jogo ou treino para me encontrar
aninhada na cadeira de leitura com um livro ou trabalhos que
trouxe para casa comigo. Embora eu reconheça que essa cadeira
acaba sendo usada para sexo quase tanto quanto para leitura.
A terceira série dos playoffs é intensa, mais uma vez indo

para o sétimo jogo e colocando o Chicago nas finais. As estatísticas
de Darren continuam a aumentar, e com elas sua ansiedade e seus
pedidos para que eu fique em sua casa. Não posso e não quero
dizer não, mas me preocupo, mais do que deixo transparecer, com
o que acontecerá no final da temporada, quando o projeto de
expansão finalmente acontecer.
Eu gostaria de acreditar que ele não acabará sendo

negociado, mas a verdade é que seu jogo continua melhorando. O
que me diz algo incrivelmente importante sobre Darren. Ele se
adapta ao seu ambiente e às pessoas nele.
Ele jogava apenas o que precisava para manter Alex no

centro das atenções. E agora está jogando melhor para manter seu
time em boa posição. Ao me estabelecer nesse novo ‘nós’, eu
comecei a perceber que isso é quem ele é e como ele opera, seja
conscientemente ou não. Darren ajusta a si mesmo e as suas
expectativas com base nas necessidades de outra pessoa.
Quando seus avós tiraram sua privacidade quando ele era

adolescente, Darren encontrou maneiras de se adaptar, física,
mental e emocionalmente. Em sua carreira, ele sempre coloca as

necessidades do seu time acima das suas, e acredito que, de várias
maneiras, ele faz o mesmo comigo.
Sou a razão de nosso relacionamento nunca ter

progredido. Eu sou a razão de termos permanecido os mesmos todo
esse tempo. O que quer que eu quisesse, Darren me dava. Ele
nunca tentou abrir as portas que eu mantive trancadas. Até
recentemente.
Ele é sempre muito cuidadoso e calculista na maneira como

me administra. Nós. Exceto que agora estamos nos
transformando, e não sei como impedir, ou se posso, ou mesmo se
quero.
O Chicago vence os dois primeiros jogos da final em casa,

mas perde o primeiro jogo fora, em Tampa. Temo que esta seja
outra série de sete jogos, tornando a entressafra muito mais curta,
quando eles poderiam usar o tempo extra para se recuperar. Estou
aliviada quando eles vencem o segundo jogo fora por um gol, e
ainda mais aliviada quando é Alex quem marca e Randy quem dá
a assistência.
Já estou na casa de Darren quando ele chega. Pela primeira

vez em muito tempo, ele escolhe a lingerie. Não fico surpresa
quando escolhe me vestir com cetim lilás e renda. Mas quando ele
abriu a caixa de brinquedos eu pensei que seria divertido, mas
mudei de ideia, meu nervosismo imediatamente disparou.
“O que você está fazendo?”
Demora alguns segundos antes que Darren finalmente

desvie sua atenção do conteúdo da caixa. “Procurando por algo.”
Sua expressão é estática. Eu não sei como interpretá-lo esta

noite, e aquela sensação de nervosismo cai na minha barriga e se
instala entre as minhas coxas.
Darren para o que está fazendo e vem até onde estou, no

meio da porta. Ele acaricia minha bochecha e se inclina para
pressionar seus lábios na minha testa. “Espere por mim na cama,
por favor.”
Eu observo seu rosto, mas tudo que consigo é o menor

indício de um sorriso antes que ele me vire, dê um tapinha na
bunda e me mande para fora do armário.
Sento-me na beira da cama, brincando nervosamente com

meu colar de pérolas. Vários minutos se passam, ou pelo menos é
o quanto parece, antes que ele finalmente apareça, carregando
uma braçada de brinquedos.
Engulo em seco enquanto pego os itens que ele escolheu, e

o peso entre as minhas coxas se expande com cada brinquedo que
Darren coloca cuidadosamente ao longo da cama de cada lado
meu. Reconheço vários deles como itens que tolamente me cerquei
quando seus companheiros de equipe me pegaram.
Darren vem para ficar na minha frente. Eu olho para cima,

observando sua camisa social, as mangas enroladas até os
cotovelos, os dois primeiros botões desabotoados, até chegar ao seu
rosto.
Ele me encara, sem piscar, enquanto bate no meu joelho.

“Abra por favor.”
Darren inclina a cabeça para o lado, os olhos vagando pelo

meu corpo, parando entre as minhas pernas, onde tudo já está
apertado e pulsando. Ele estende a mão e roça a minha mandíbula,
fazendo cada músculo do meu corpo apertar e estremecer.
“Você está nervosa, vaga-lume?”
“Sim.”
Ele exala lentamente e passa os dedos pela parte interna da

minha coxa. Eu respiro superficialmente quando desliza um dedo
sob a borda da minha calcinha. Se eu não estivesse usando
lingerie, tenho certeza de que estaria vazando em todo o seu
cobertor.
Eu seguro um gemido e olho os itens na cama.
“Diga-me por quê”, ele sussurra, a voz baixa com cascalho.
“Você sabe porquê.”
Darren balança a cabeça. “Acho que não.” Eu olho para a

mordaça de bola à direita e, em seguida, aquela máscara
assustadora com apenas um buraco na boca à esquerda.
“Darren”, eu gemo quando ele circula meu clitóris.
“Por que ainda temos tudo isso se nunca usaremos?”
Não sei por que ele quer ter essa conversa agora. Eu
esperava que ele entrasse pela porta e me colocasse nua na cadeira
de leitura, como tem sido típico recentemente.
“Isso significa que você deseja usá-los?” Eu pergunto.
Tenho que admitir, por mais enervante que seja ter Darren
focado apenas em mim e não em qualquer uma das coisas que
costumo trazer para nossos jogos sexuais, eu na verdade amo sexo
sem todas as distrações. E pensei que talvez ele também gostasse.
Darren retira os dedos, arrastando-os pela parte interna da

minha coxa, deixando uma faixa de umidade que me faz corar
enquanto ele afunda de joelhos na minha frente. “Eu gostaria que
você respondesse minha pergunta antes de fazer a sua própria.”
Não sei o que está acontecendo aqui. Ou como devo

responder a isso, porque a verdade está em desacordo com minhas
ações nos últimos dois anos.
“Achei que um dia você mudaria de ideia.”
“Isso é realmente verdade?” Ele pergunta.
Mordo meu lábio e balanço a cabeça.
“Então, tudo isso serve a que propósito?” Ele aponta para a

variedade de brinquedos. “Além de ser uma distração.”
“Pensei que talvez fosse o que você queria.”
Darren desliza as pérolas em minha garganta. “E eu pensei

que estava mostrando que você é mais do que suficiente. Vou te
dar quase tudo que você quiser, mas eu só preciso de você. Você é
tudo que eu quero, Charlene.”
Eu aponto para os itens ao meu redor na cama. “Você quer

que eu me livre de todas essas coisas?”
“Isso é inteiramente com você. Só estou dizendo que posso

pegar ou largar. Pode ser divertido? Talvez. Mas só se você
quiser. Caso contrário, é desnecessário.” Ele passa as mãos pelas
minhas coxas. “Agora, estou sem você há quatro dias. Então eu
gostaria de passar algum tempo desfrutando de todas as coisas que
perdi.”
***
A noite que se segue pode acabar sendo o jogo do

campeonato. Não estou tão nervosa quanto no final da última série
de jogos, embora haja mais em jogo neste momento. Como de
costume, estamos todas sentadas perto do gelo, atrás do banco.
Darren está tão preocupado em ganhar quanto em perder. O

início do jogo é difícil, com o Tampa marcando duas vezes no
primeiro período, mas o Chicago equilibra no final do
segundo. Alex marca um gol, o que é bom para seu ego e a moral
da equipe. Randy é o dono do segundo gol, com Darren como
assistência para ambos, levando-os para o período final
empatado. Isso não dura muito, no entanto.
Eles estão a menos de cinco minutos do terceiro período

quando Darren circula perto da rede com o disco. Ele passa para
Alex, que tenho certeza de que vai lançar, mas no último segundo
ele finge e envia o disco para Randy, que marca outro gol para o
Chicago.
Eles seguram a liderança até o terceiro período e, com menos

de três minutos restantes do jogo, Darren pega o disco e dispara
pelo gelo em uma fuga, marcando novamente para o Chicago.
O Tampa perde dois pontos faltando menos de dois minutos

para o término do jogo, e um dos jogadores acertou na cara de
Alex. O árbitro chama um pênalti violento, dando ao Chicago um
lance poderoso no minuto final do jogo e, é claro, eles aproveitam
a oportunidade para marcar novamente, encerrando o jogo, e a
temporada, com uma vitória do Chicago por 5-2.
Chicago levou a Copa para casa quando Darren e eu

começamos a nos ver, mas isso é diferente. Naquela época, Darren
tinha uma cláusula de proibição de negociação e não éramos tão
sérios como agora. Tanta coisa está ligada a ele, e nossos amigos
estão interconectados, então essa vitória monumental é algo para
comemorar e temer.
A mudança está chegando, não importa o que

aconteça. Alguém irá para Las Vegas no final da temporada e, com
sorte, não será Darren, cujas estatísticas são as melhores de todos
os tempos.
Sunny passa Logan para Miller para que ele possa patinar
com ele no gelo enquanto eles comemoram a vitória. Os jornalistas
esportivos clamam por entrevistas. Darren nunca se sente
confortável na frente das câmeras, ao contrário de Randy e

Alex. Suas respostas são sempre curtas e diretas, quase como se
ele estivesse irritado. Quando um dos jornalistas lhe pergunta
como se sente sobre a convocação da expansão, ele murmura algo
sobre estar no fim de sua carreira e jogadores mais jovens e
melhores serem uma aposta segura. Então ele se vira e caminha
pelo corredor em direção ao vestiário.
O jornalista se volta para Alex, que defende Darren, dizendo

que eles já jogam juntos há muito tempo e qualquer troca seria
uma grande mudança.
Darren está mais quieto do que o normal no bar, mas ele não
se esquiva da celebração, talvez porque seja possível que esta seja
a última vez que fará isso com seus companheiros do time
Chicago. Espero que não seja o caso.
O projeto de expansão só acontecerá em algumas semanas,

então haverá um mal-estar enquanto esperamos pelo
resultado. Além disso, perder um membro da equipe pode ter um
efeito dominó. Tento não me preocupar, mas não é fácil.
Estamos todos sentados em torno de uma longa mesa na

parte de trás do bar, conversando tornando difícil nos concentrar
em qualquer conversa. Além disso, a mão de Darren está sob a
mesa, massageando minha coxa e lentamente subindo.
“Precisamos fazer uma festa para o seu aniversário este ano,

Char!” Violet grita.
“Sim!” Lily concorda. “Uma festa verdadeira, já que é seu

aniversário de Champanhe5!”
5
Aniversário de Champanhe - Aniversário de 26 anos.
Eu olho para as duas. Festas de aniversário nunca foram

minha praia. Não gosto de ser o centro das atenções de ninguém,
exceto, talvez, de Darren.
“Estive pensando no seu aniversário”, Darren diz, então só

eu posso ouvir, em um tom que envia um arrepio na espinha.
Aceno para Violet e Lily. “Não precisa ser grande coisa.”
“Então, que tal um churrasco em nossa casa? Podemos

celebrar todas as coisas! Seu aniversário de Champanhe, ganhar a
Taça e o fim da temporada”, Violet sugere.
Lily abre sua agenda em seu telefone. “Que tal no próximo

fim de semana?”
“Perfeito!” Violet volta seu sorriso para mim. “Além disso, é

um fim de semana de feriado, então um churrasco é essencial de
qualquer maneira. Podemos comer hambúrgueres, sorvete sem
lactose, bolo e todas as coisas deliciosas. E eu preciso usar um
biquíni e tirar fotos antes que esse bebê tome conta do meu corpo!”
Não tenho força de vontade e nem desejo de discutir. Além

disso, com os negócios ainda pairando no ar, não tenho ideia se
este é o último aniversário que comemorarei com todos os nossos
amigos. Um deles estará em outro lugar no próximo ano? Não
quero deixar de fazer memórias, mesmo que possam doer no
futuro.
“Ok”, digo a ela. “Vamos fazer isso.”
***
Quando sua melhor amiga é casada com uma das melhores
jogadores da NHL, ela pode organizar uma festa adorável em um
espaço de tempo muito curto. Violet contrata um bufê e compra

todas as decorações online.
Darren deve me perguntar um milhão de vezes, de cem

maneiras diferentes, o que eu quero de presente de aniversário. O
que eu realmente quero é que ele fique em Chicago e não seja
negociado para o Las Vegas, ou qualquer outro lugar. Mas ele não
tem controle sobre isso, então digo que não preciso de nada e que
a festa é o suficiente.
Meu aniversário começa com orgasmos de Darren e uma

promessa de que ele me verá mais tarde. Ele sai da minha cama,
para minha consternação, logo depois das dez da manhã e é
substituído por Violet.
“Trouxe café da manhã!” Ela torce o nariz enquanto dá

alguns passos para dentro do meu quarto. “Cheira a Darren e
sexo. Eu voto para comermos lá embaixo.”
Eu rolo para fora da cama, não me importando com meu

cabelo bagunçado ou a lingerie descartada, estou usando um dos
meus muitos shorts e conjuntos de dormir, enquanto a sigo escada
abaixo.
“Você não precisava ter todo esse trabalho, especialmente

porque a festa é na sua casa.”
“Você está de brincadeira? Eu queria algumas horas para

você e para mim antes de compartilhá-la com todos os nossos
amigos. Lembra quando comíamos potes de sorvete
e fazíamos maratonas do Acumuladores no seu aniversário?” Ela
vira a sacola e dois potes de sorvete Ben & Jerry's cookies no
balcão. Seu sorriso é questionador. “Não temos tempo para uma
maratona, mas podemos assistir um episódio ou dois.”
Não sei por que de repente estou emocionada, mas jogo meus
braços em volta dela.
Quando finalmente nos libertamos, Violet coloca as mãos

nos meus ombros. “Eu sei que muita coisa mudou recentemente,
especialmente comigo e Sunny estando grávidas, e então Lily e eu
descobrimos que somos meias-irmãs, o que é, tipo, uma novela, a
propósito. Mas só há uma você, Char. Somos melhores amigas há
quase uma década. Passamos a semana dos calouros juntas e
sobrevivemos, pelo amor de Deus.”
Eu sorrio disso. “Você pensaria que saberíamos que as doses

eram ruins naquela época.”
“Inteligência acadêmica não é o mesmo que inteligência

social. Como nós duas chegamos à faculdade sem ficha criminal
está além da minha compreensão.” Violet bufa e ri e depois fica
séria. “Ninguém nunca substituirá você, Char. Quando estivermos
velhas e flácidas e tivermos que gritar para nos ouvirmos, ainda
seremos melhores amigas.”
Claro que é nesse momento que começo a chorar, porque por

mais que não queira admitir, essas são exatamente as palavras que
preciso ouvir. E isso desencadeia uma reação em cadeia na qual
Violet começa a chorar também. Então, nós nos abraçamos mais
um pouco e choramos muito como idiotas sentimentais.
“Provavelmente vou chorar centenas de vezes hoje porque

meus hormônios estão loucos”, Violet funga.
“Pelo menos você tem uma desculpa.”
Violet e eu passamos as próximas duas horas comendo

porcarias e assistindo TV pela metade. É bom passar um tempinho
só com ela antes da festa.
Minha mãe liga por volta do meio-dia para me desejar um

feliz aniversário e promete me visitar em breve. Estou um pouco
desapontada, especialmente porque ela usa o reality show pelo
qual fez o teste como a razão de estar tão ocupada. Mas então,
nunca fizemos barulho com aniversários no Rancho,

provavelmente por razões que eu não entendia na época. Depois
disso, meio que continuou assim, então o fato de eu ter concordado
com uma festa é uma grande coisa.
No início da tarde, Lily e o resto das garotas vêm me buscar

e a Violet pois, aparentemente, Alex deixou Vi esta manhã. Não
preciso de uma bolsa para passar a noite porque passarei a noite
na casa de Darren, então tudo que trago é minha bolsa de praia
com meu maiô, protetor solar e uma escova de cabelo.
Lily está estacionada no final da garagem no enorme Ford F-

150 de Randy. Este é novo, e embora eu não seja muito fã de carros
ou caminhonetes, até eu posso apreciar o quão legal ela é com tudo
cromado e grade de proteção na frente.
Violet desce alguns passos na calçada da frente antes de

fazer uma careta e segurar os seios. “Meu Deus, você pensaria que
meu sutiã é feito de lixa com a sensibilidade dos meus malditos
mamilos hoje em dia.” Ela enfia o braço no meu. “É hora da festa! É
melhor você fazer algumas doses para mim esta noite para
compensar o fato de que estou incubando o futuro legado de hóquei
de Alex.”
Dou a ela um abraço lateral. “Doses nunca são uma boa

ideia, Vi. Nós duas sabemos disso.”
“Ok. Mas existem doses de gelatina, então você tem que fazer
pelo menos um dessas.”
Violet faz um movimento para subir no banco de trás. Eu me

ofereço para ajudá-la, porque é um longo caminho até mesmo com
os estribos, graças aos pneus enormes desta caminhonete, mas ela
dá um tapa na minha mão. “Estou grávida, não incompetente. Eu
posso fazer isso sozinha.”
Violet é descoordenada na melhor das hipóteses, mas

acrescente altura, seu centro de gravidade que não funciona e o
tamanho extra dos seus seios já enormes, e ela é um desastre
ambulante. Ainda assim, Violet de alguma forma consegue colocar
sua bunda no banco de trás sem se machucar ou qualquer outra
pessoa.
“Feliz Aniversário!” As meninas gritam quando eu caio no

banco do passageiro. Todas estão usando chapéus de aniversário
e seguram taças de champanhe, com meu nome e o número vinte
e seis. Lily toca uma daquelas buzinas de aniversário, e a coisa que
rola para fora me atinge logo acima do olho. É seguido por uma
explosão dourada chovendo no banco da frente.
Os olhos de Lily se arregalam. “Vi! Não na caminhonete!”
O painel e o banco da frente estão repletos de glitter

dourados e lantejoulas minúsculas. Cubro minha boca com a
palma da mão, tentando decidir se devo rir ou não, com base em
como ela parece horrorizada.
Violet faz uma cara de desculpas. “Desculpa. Fiquei animada

e esqueci.”
“Randy vai me matar!”
“Podemos parar em um lava-jato e passar o aspirador”,

Poppy sugere.
“Não temos tempo. Todos devem chegar por volta das 14h, e
já são 13h30. A aniversariante não pode se atrasar.”
Lily corre o dedo pelo painel. “Glitter é o pior. Isso nunca

sai. Tenho quase certeza de que ainda tenho glitter grudado na
minha vagina da última vez que Randy quis brincar de patinação
artística”, ela diz.
“Isso foi ontem à noite?” Violet pergunta.

“Semana passada.” Lily coloca a caminhonete em marcha.

“Baixem as janelas, garotas, vamos ver o quanto é sugado pelas
janelas no caminho para a casa de Vi. E você vai totalmente levar
a culpa por isso. Randy não pode ficar bravo com uma mulher
grávida.”
Enquanto Lily dirige pela rua, vejo um enorme trailer

estacionado não muito longe na estrada. Eu aponto e grito.
Lily pisa no freio, talvez pensando que acidentalmente quase

atropelou o gato do meu vizinho, que tem o péssimo hábito de
brincar de esconde com carros. Eu juro que ele estourou suas nove
vidas.
Solto meu cinto de segurança e tento me enfiar embaixo do

painel.
“O que está errado?” Lily pergunta.
“É o trailer, continue andando”, Vi diz.
Lily olha para mim com incerteza, mas tira o pé do freio e

pisa no acelerador. Uma nuvem de purpurina gira no ar, e todas
estalam e balançam as mãos na frente do rosto quando são
atingidos por ela.
Eu cubro meus olhos com as palmas das mãos tanto para

me proteger do brilho quanto para me esconder do trailer. “Diga-
me quando for seguro, Vi!”
Diminuímos a velocidade ao dobrarmos uma esquina e

aumentamos a velocidade novamente.
“Ok. Você está segura”, Vi diz.
“Você tem certeza?” Meu Deus. Meu coração parece que faz
parte da batida de fundo de uma música eletrônica. Foi ruim o
suficiente quando minha mãe estacionou seu mini Winnebago
estúpido na minha garagem por três dias, mas um trailer de

tamanho normal é algo totalmente diferente de jeito nenhum.
“Tenho certeza. Não podemos vê-lo mais.”
Descubro meus olhos e lentamente me levanto, verificando

se Violet não está mentindo. As meninas estão olhando para mim
como se eu tivesse enlouquecido.
“Você está bem?” Lily pergunta.
“Bem. Bem. Desculpem-me por isso.”
“Uma vez, quando Lily e eu éramos pequenas, fomos ao

parque e havia um cara em uma van branca sem janelas e ele nos
ofereceu doces. Lembra disso, Lily?” Sunny diz.
Lily acena com a cabeça e estremece. “Claro que sim.”
“Felizmente, Alex estava jogando hóquei com alguns dos

meninos da vizinhança. Eles começaram a atirar seus discos na
van e quebraram o para-brisa.” Sunny enrola o cabelo. “Desde
então, vans brancas sem janelas me dão arrepios.”
“Isso é totalmente razoável.” Aceno em acordo. “Sinto o

mesmo em relação aos trailers.”
“Pessoas más estão por toda parte”, Sunny diz baixinho,

ainda esfregando a barriga. “Estou feliz que este aqui terá um
irmão mais velho para protegê-lo.”
Violet e Sunny começam a falar sobre como é ter um irmão

mais velho. A experiência de Violet é muito diferente da de
Sunny. Skye e Sidney se casaram quando Violet era adolescente, e
ela e Miller só tiveram que ir para a mesma escola por um ano. Mas
Miller e Vi realmente agem como irmão e irmã, e sempre agiram,
pelo que sei.
Paramos na garagem de Violet alguns minutos

depois. Existem balões amarelos amarrados às árvores com Feliz
Aniversário escrito neles.
Eu olho para Violet. “Achei que seria mais uma festa de fim
de semana do Memorial Day6.”
Ela encolhe os ombros. “Estamos comemorando todas as

coisas e, como sua melhor amiga, reservo-me o direito de dar um
grande destaque ao seu aniversário, mesmo que você não o
faça. Além disso, Darren pode ser agressivo quando tem vontade
de falar e fazer exigências.”
“Ele é bom nisso, fazendo exigências”, concordo.
Os caras já estão no quintal, jogando Frisbee na piscina.
“A aniversariante chegou!” Violet grita.
Darren se vira quando Lance solta o Frisbee e acaba

atingindo-o na parte de trás da cabeça. Ele o pega antes que Randy
possa e o arremessa de volta em Lance.
“Sim, filho da puta! Não é minha culpa que você não esteja
prestando atenção!” O sotaque escocês geralmente suave de Lance
fica mais forte, e ele pisca na minha direção enquanto Darren
caminha para o lado raso. Ele se puxa para fora da piscina, com
um sorriso sinistro enquanto corre para mim.
“Não se atreva! Eu nem estou com meu maiô ainda!”
“Você deveria estar mais bem preparada, vaga-lume.” Seu

sorriso se alarga enquanto ele me puxa contra ele. Meu vestido de
verão amarelo encharca e eu empurro seu peito, tentando me
livrar, mas é impossível.
6
O Memorial Day é o feriado nacional nos Estados Unidos que acontece anualmente na última
segunda-feira de maio.
“Você não deveria correr no deque da piscina!” Eu grito

quando seus lábios encontram meu pescoço, e então estamos no
ar. A água está quente, mas ainda é um choque quando
afundamos.
Darren afasta meu cabelo do rosto e bolhas explodem de sua

boca enquanto ele ri, possivelmente por causa da minha
expressão. Ele nos lança em direção ao céu quando nossos pés
tocam o fundo da piscina.
Antes que eu possa gritar com ele por estragar meu cabelo e
a única roupa que trouxe comigo, Darren agarra minha nuca e
fecha nossas bocas. Alguém assobia, e tenho certeza de que Randy
nos diz para arranjar um quarto.
“Você é um idiota”, murmuro em torno de sua língua.
Ele ri e nada comigo até a parte rasa. “Mas sou seu idiota.”
“Você poderia ter esperado até que eu estivesse usando um

maiô! Agora nem tenho uma roupa extra.”
“Não se preocupe, eu tenho isso resolvido.” Ele pega uma

toalha da beira da piscina. “Quer ajuda para trocar suas roupas
molhadas?”
“Ajuda sua? Não.” Empurro seu peito, reprimindo um

sorriso enquanto saio e me envolvo na toalha.
“Nós o pegaremos de volta para você mais tarde, Char”,

Miller grita atrás de mim.
“Oh, não se preocupe. Sou mais do que capaz de fazê-lo

pagar por suas transgressões e tenho certeza de que minha
punição será muito pior do que qualquer um de vocês podem
sonhar.” Levanto uma sobrancelha para Darren e pego minha
bolsa, sorrindo para o coro de risadas que me segue até a casa da
piscina.
Darren e eu sabemos que qualquer tipo de ‘punição’ que

darei será do tipo provocativo, mas eles não precisam saber disso
e às vezes é divertido mantê-los na dúvida.
É um dia quente no final de maio e o ar-condicionado está

ligado na casa da piscina. Arrepios passam pela minha pele
enquanto eu caminho pelo chão frio de ladrilhos para o
banheiro. No balcão está uma sacola de presente amarela
amarrada com um laço. Meu nome está escrito no pequeno cartão
na letra cursiva de Darren.
Antes de abrir o presente, tiro minhas roupas e me envolvo

na toalha. Puxo a fita de cetim, perguntando-me se todo o negócio
de me arrastar para a piscina foi um movimento orquestrado. Eu
suponho que sim. Darren não faz nada sem um plano ou
propósito. Removo o papel de seda, observando a impressão de
vaga-lume.
Dentro há um pequeno pacote embrulhado em mais papel

de seda; desta vez é da cor lavanda. Eu o puxo por trás e rasgo o
papel com cuidado.
Uma batida suave é seguida pelo giro da maçaneta.
“Charlene?” Não estou surpresa que Darren tenha me

seguido. Estou curiosa para saber qual é o seu plano, se será um
dia de gratificação atrasada ou o tipo de onde escapamos e
satisfazemos nossos desejos um pelo outro em curtos acessos de
necessidade e desejo. Estou apostando no último, já que é meu
aniversário, e devo ser capaz de dar as cartas.
Limpo minha garganta, meu corpo já aquecendo. “Estou me

trocando.”
“Eu vim ajudar nisso.”

Seguro um sorriso enquanto abro a porta e espreito pela

abertura. Darren agarra o batente da porta, os olhos descendo pelo
meu pescoço para onde minhas pérolas estão, em seguida, vão
mais para baixo onde eu seguro a toalha.
“E se eu não quiser sua ajuda?”
“Posso apenas assistir, se preferir.” Seu sorriso está cheio de

promessas sujas enquanto ele empurra a porta, e eu dou um passo
para trás, permitindo que ele entre. Darren a fecha e vira a
fechadura. “É seu aniversário. O que você quiser, você consegue.”
“O que eu quiser?” Eu toco meus lábios. “Hmm. Sabe, estive

olhando para aqueles novos Teslas. Acho que eu ficaria muito bem
no banco do motorista.”
“Podemos ir às compras mais tarde.”
“Haha.”
Estou claramente brincando. É um carro de duzentos mil

dólares. Eu realmente ficaria apavorada em dirigi-lo. Darren é
bastante sensível a respeito de suas compras. Ele tem dois
veículos, um SUV e um carro esporte bacana, nenhum dos quais
custa uma quantia grande de dinheiro. É uma das muitas coisas
que aprecio nele. Suas compras mais frívolas geralmente são
relacionadas a lingerie, ou pelo menos eram até alguns meses
atrás, quando ele descobriu seu amor por calcinhas de algodão que
custam cinco dólares o par.
Volto para o papel de seda lavanda para terminar de

desembrulhar o que suspeito ser o primeiro de muitos
presentes. Encontro um biquíni novo em um tom roxo claro, um
que olhei mais de uma vez no mês passado.
“Este é tanto para mim quanto para você, por isso a cor.” Ele
abaixa a cabeça, seus lábios encontram meu ombro. “Tem certeza
de que não gostaria da minha ajuda?”
“Todo mundo saberá o que está acontecendo aqui.” Aponto

enquanto ele beija o lado do meu pescoço.
“Eu não me importo se eles souberem que estou me

desculpando por jogar você na piscina.” Darren desdobra a ponta
da toalha e ela cai no chão.
“É isso que você está fazendo? Se desculpando?”
Ele desliza os dedos pelas curvas dos meus quadris, fazendo

arrepios passarem pela minha pele novamente. “Você mencionou
algo sobre uma punição. Achei que seria uma boa ideia acabar com
isso agora.” Seus lábios se erguem contra minha bochecha.
“Você é bem-vindo para cumprir sua penitência de joelhos.”
Sua boca toca a minha por um breve momento antes de ele

cair no tapete do banheiro.
Levantando-me para a penteadeira, ele engancha minhas

pernas sobre seus ombros e me mostra exatamente o quanto está
arrependido com sua boca, e novamente quando ele entra em mim.
Faz uma boa meia hora antes de sairmos da casa da

piscina. Eu ficaria envergonhada, mas isso acontece com bastante
regularidade com meu grupo de amigos, embora geralmente sejam
Randy e Lily que usam os vários banheiros. Os jogadores de hóquei
têm desejos sexuais intensos, e ver suas namoradas ou esposas
andando de biquíni os deixa excitados. Existem problemas piores.
Lily me passa uma taça de champanhe assim que eu me

sento em uma das espreguiçadeiras.
“Oh! Eu gosto desse!” Ela aponta para o meu novo biquíni.

“Você sabe se eles têm a parte superior estilo bandagem?” Lily é
modesta no departamento de peito. Ela é incrivelmente magra e tão
em forma que tem um tanquinho com quatro gomos.
“Eu acho que eles podem ter. Enviarei uma mensagem de

texto com um link para o site.”
Violet se abaixa na espreguiçadeira ao meu lado. Ela ajusta

a parte superior do biquíni com uma carranca. “O que diabos eu
farei se isso ficar maior? Eu já estou saindo desses tops.”
“Alex não compra um biquíni novo para você toda semana?”
“Tenho alguns da minha última gravidez que podem servir

em você”, Sunny diz por baixo do chapéu.
“Sim, talvez eu tenha que aceitar. Estou constantemente em

risco de mostrar um mamilo aqui.” Violet se recosta na cadeira e,
em seguida, verifica se o movimento não expôs nada que não
deveria.
Lily, Poppy e eu bebemos champanhe enquanto Violet e

Sunny bebem suco de uva gaseificado com morangos flutuando no
copo. Eu examino a piscina, sorrindo enquanto os meninos jogam
vôlei e os cachorros de Lily e Sunny, Weiner, Titan e Andy, correm
para cima e para baixo ao longo da piscina, esperando alguém jogar
uma bola ou um Frisbee para eles. No que diz respeito às
comemorações de aniversário, essa é minha ideia de
perfeito. Tenho quase todas as pessoas de quem gosto bem aqui.
Cerca de uma hora depois, uma comoção na garagem chama

minha atenção. Darren sai da piscina e se dirige ao portão. Robbie
e Sidney aparecem, ambos carregando refrigeradores, e atrás deles
estão Daisy e Skye.
Quando eles se movem para o lado, eu grito e pulo da

cadeira. “Mamãe?”
Ela sorri e dá um sorriso nervoso para Darren antes de fazer

com as mãos o movimento de surpresa. A melhor parte é que ela
está vestida como uma pessoa normal. “Surpresa!”
Corro ao redor da piscina e me jogo em seus braços. “Achei

que você estava em meio as filmagens.”
“Devo ter mentido um pouco. Como se eu pudesse perder o

aniversário de champanhe da minha garotinha.” Ela me abraça
com força. “Darren me ligou na semana passada e combinou de me
trazer de avião para cá.”
Ele enfia as mãos nos bolsos e sorri. “Achei que seria uma
boa surpresa.”
Depois que termino de abraçar minha mãe, eu me lanço

sobre ele. Darren me pega enquanto envolvo meu braço e minhas
pernas ao seu redor. Seu sorriso cresce e ele ri. “Eu fiz bem?”
“Você foi incrível. Obrigada.” Outras palavras que quero

dizer ficam presas na minha garganta, então eu o beijo em vez
disso.
A tarde está cheia de aperitivos, mergulhos na piscina,

conversas malucas entre as mães sobre gravidez, sexo e outras
coisas que eu nunca quis saber sobre Violet, as mães de Alex e a
minha. Mas eu não trocaria essa loucura por nada no mundo.
Estamos no meio de arrumar a mesa para o jantar, eu posso

muito bem comer graças à quantidade de champanhe que consumi
esta tarde, quando outra comoção no portão chama minha
atenção.
“O que está acontecendo lá?” Pergunto a Violet, que está

ocupada tentando colocar cebolas peroladas em conserva em
pepinos-bebê e embrulhá-los em presunto para que se pareçam

com mini Super MCs.
Violet olha por cima do ombro e encolhe os ombros. “Talvez

seja outra entrega, cortesia do seu namorado?”
“Vou dar uma olhada.”
Darren me comprou uma quantidade ridícula de presentes

e, aparentemente, há mais esperando em sua casa. Eu
desembrulhei um novo armário com blusas e leggings esta tarde.
Ando na ponta dos pés furtivamente pelo pátio, na esperança

de ter um vislumbre do que está sendo entregue.
“Que porra está acontecendo?” Darren murmura. “Por que

essa coisa está estacionada na sua garagem? Precisamos removê-
lo antes que Charlene o veja.”
Darren está sem camisa com os braços cruzados sobre o

peito, com Alex ao lado dele, adotando a mesma pose. Eu suprimo
um estremecimento quando um trailer aparece. Está estacionado
na garagem. É assustadoramente semelhante ao que estava
estacionado na minha rua hoje cedo.
A porta do trailer se abre com um rangido sinistro. A

ansiedade ricocheteia desajeitadamente por todo o meu corpo
quando um homem aparece na porta.
Eu começo a suar frio enquanto as memórias, que passei a

última década tentando manter trancadas e enterradas, arranham
seu caminho para a superfície. Nunca tive tanto medo de calças
cáqui bege com cós elástico e uma camisa de golfe
esbranquiçada. Sinto que estou sendo puxada para um
pesadelo. Isso não pode estar acontecendo, não agora, quando
tudo está tão perfeito. Não quando eu finalmente tenho todas essas
coisas boas na minha vida.
Luto para respirar enquanto ele observa os rostos dos meus

amigos, seu penteado se levanta no ar como um aceno de mão. Eu
dou um passo para trás, buscando cobertura, meus joelhos
tremem perigosamente enquanto seus olhos selvagens pousam em
mim e um sorriso assustador com dentes tortos se espalha por seu
rosto pálido e pastoso.
“Eu sabia que os sinais me trariam a você!” Ele abre os

braços como se esperasse que eu fosse ao seu encontro. “Vim para
trazê-lo de volta ao rebanho!”
Tenho certeza de que meu grito pode ser ouvido até o

Canadá.
CAPÍTULO 15
NEGÓCIOS COM O PAPAI
DARREN
Tudo o que é incrível hoje morre em uma morte trágica e

horrível quando algum filho da puta pálido sai do enorme trailer
estacionado na garagem de Alex e começa a gritar sobre sinais e ‘o
rebanho’.
Eu questiono se essa é a ideia de alguém de uma brincadeira,

e se eu terei que chutar alguns traseiros ou não, porque com
certeza não é engraçado.
Um grito ensurdecedor nos assusta a todos, e eu me viro

para encontrar Charlene parada a cerca de três metros de
distância, os olhos arregalados de terror, uma das mãos segurando
suas pérolas, a outra cobrindo a boca enquanto ela continua a
gritar, e gritar e gritar um pouco mais.
Eu sei que ela tem algum tipo de tensão pós-traumática

relacionada com trailers, assim como eu tenho uma aversão
completa a portas abertas, especialmente as do banheiro, mas essa
reação é extrema. Também estou preocupado que ela desmaie por
falta de oxigênio. Não sei como uma pessoa pode gritar tanto ou
tão alto sem respirar.
“Charlotte! Eu vim para te salvar!” O homem de calça cáqui

grita.
Quem diabos é Charlotte?

Charlene dá um salto para a frente e se aperta entre mim e

Alex. Estendo a mão para impedi-la, mas ela se afasta, inclinando-
se para o homem de calça cáqui. Ela balança, tropeçando como se
estivesse bêbada. Então agarra meu braço, os olhos saltando ao
redor e no meu rosto enquanto ela aponta para o trailer.
“Diga-me que isto é um pesadelo. Diga-me que isso não está

acontecendo.”
“Você está bem? Você conhece esse homem?” Tento envolvê-

la em meus braços, mas ela se afasta novamente.
“Não, não, não, não, não!” Ela agarra dois punhados de

cabelo, apertando com força enquanto balança a cabeça. “Isso não
está acontecendo. Isso não pode estar acontecendo.” Charlene se
vira para enfrentar o cara de calça caqui e quando ela fala, sua voz
é clara, mas trêmula: “O que diabos você está fazendo aqui,
Frank? Como você nos encontrou?”
Ele faz alguns gestos aleatórios com as mãos enquanto acena

ao redor de um telefone celular. “Vi sua mãe na caixa do diabo, e
eu soube que era um sinal para colher novamente. Estive
procurando por você por tanto tempo. É hora de voltar para
casa.” Ele abre bem os braços. “Venha dar um abraço no seu papai
Frank.”
“Papai Frank? Esse é o pai de Charlene?” Alex pergunta.
“Eu não faço a mínima ideia”, respondo.
Todo mundo do quintal começa a escorregar para fora da

garagem. “O que diabos está acontecendo?” Randy pergunta de
algum lugar atrás de mim.
“Oh! A família inteira de Charlene veio comemorar seu

aniversário?” Daisy pergunta.
Este cara, Frank, bate palmas duas vezes e uma mulher

aparece na porta do trailer. Ela está vestindo uma blusa branca de
manga comprida abotoada até o pescoço e nos pulsos, apesar de
estar fazendo trinta graus hoje. Ela também está usando um
chapéu branco, como se tivesse saído do set de O conto de Aia. É
um dos poucos programas que assisti recentemente.
Ela hesita no último degrau, mas quando ele a leva para

frente, ela levanta sua longa saia bege, revelando um par de Keds
brancos, e dá um passo hesitante para baixo. Ela examina a
multidão, seus olhos param em Charlene, e sua expressão é uma
mistura de medo, tristeza e inveja. “Pensei que nunca mais te
veria”, diz a mulher suavemente.
“O que diabos está acontecendo aqui?” Lance pergunta do

outro lado de Alex.
Charlene dá um passo hesitante. “Carrie?”
“Venha ver suas irmãs. Elas sentiram sua falta, Char-

char!” Frank, o filho da puta, bate palmas novamente, e várias
outras mulheres seguem a primeira para fora do trailer.
Percebo várias coisas: todas estão usando exatamente a

mesma roupa, como se fosse um uniforme, e o resto delas mantém
os olhos fixos em seus Keds brancos. Todas elas também têm
cabelos castanho-claros que vão até o meio das costas, o que as faz
parecer assustadoramente com Charlene.
“Você quer que eu chame a polícia?” Miller pergunta. “Acho

que esse cara está com alguns parafusos soltos.”
Com base na expressão horrorizada de Charlene, tenho

certeza de que Miller está certo sobre isso. Dou um passo à frente,
porque o bem-estar de Charlene é minha prioridade e minha
responsabilidade. “Você precisa sair antes de chamarmos a
polícia.”
O homem de calça caqui volta seu sorriso largo e assustador

para mim. “Eu não posso sair. A caixa do diabo me enviou um sinal
e me trouxe aqui para salvar minha Char-char de uma vida de
excessos e corrupção.” Ele aponta para a casa de Alex e todos nós
parados usando maiôs, toalhas de praia e shorts de banho e,
finalmente, para Charlene, como se essa fosse toda a explicação
que ele precisava dar. “Eu sabia que era tarde demais para a mãe
dela quando vi aquele programa horrível.” Ele se vira para
Charlene. “Mas ainda posso te salvar. Você não vê? É o destino se
eu te encontrei novamente. É hora de você voltar para casa e tomar
seu lugar de direito no rebanho.”
Charlene balança a cabeça furiosamente e dá um passo

lateral em direção à casa, para longe dele. “Isso tem que ser um
pesadelo”, ela murmura. “Você não pode estar aqui. Isso não está
acontecendo. Isso não pode ser real.”
“Ah Merda.” A mãe de Charlene empurra a multidão

segurando uma enorme tigela de salada de batata, que ela entrega
a Poppy, que parece confusa e alarmada. Ela atravessa a passarela
em direção ao homem de calça cáqui. “Frank! Que porra você está
fazendo aqui?”
Ele estufa o peito. “Eu vim salvar Char-char de suas escolhas

ruins!”
“Escolhas ruins? Pelo amor de Cristo, cair na sua besteira

foi a pior escolha que fiz. Agora coloque sua bunda pastosa de volta
naquele trailer e volte para sua operação de estufa abaixo da
média, onde você pertence!” Ela acena para as mulheres. “Carrie,
Cassie, Clara, Clair, Cara, Caddy, sinto muito, sem ofensa.”
“A produção realmente despencou quando você saiu”, diz

uma das mulheres, dando de ombros. O resto delas acena em
concordância silenciosa.
“É o suficiente!” Frank estende a mão como se fosse algum

tipo de mágico e pode impedir a mãe de Charlene de avançar sobre
ele. “Cendy, você não é mais bem-vinda ao rebanho.”
“Meu nome nunca foi Cendy, seu idiota louco! Era Wendy, e
eu tive que mudá-lo para evitar que sua bunda psicopata nos
encontrasse! E novidade, Frank, eu não quero fazer parte do seu
grupo, nem Charlene. Agora dê o fora daqui ou entrarei com uma
maldita ordem de restrição.”
“Não vou embora sem Char-char! É hora de trazê-la para

casa!”
Frank empurra Whensday, ou Wendy, ou qualquer que seja

o nome dela, para fora do caminho e ataca Charlene.
Seu movimento precipitado e mal pensado estimula uma

série de ações. Charlene se debate e grita quando ele a agarra pelo
cotovelo. As mulheres do trailer soltam um suspiro coletivo de
surpresa e uma delas grita para Charlene correr.
Poppy, Violet, Sunny e Lily vão para Charlene quando ela

tropeça para trás. Ela tropeça em uma pedra solta e cai de
bunda. O ping de algo batendo na passarela e rolando pela calçada
mal é registrado.
“Poppy! Afaste-se daquele cara!” Lance grita.
É seguido por gritos de Randy, Alex e Miller, mas a única

coisa que ressoa é o grito desesperado de Charlene.
Eu paro de pensar. Em vez disso, eu reajo e lanço-me sobre

ele. Levo-o para o chão antes que ele possa colocar as mãos em
outra pessoa. Ele é mole e pastoso, e claramente não foi feito para
lutar. Ele cai no chão com um sonoro oomph.
“Corram, senhoras de bege! Você estão livres! Corram

enquanto podem!” Miller grita.
O primeiro soco atinge a cara macia do homem de calça

cáqui, e ele geme e tenta se enrolar em uma bola.
“Ela não é sua para tocar, nunca, porra! Você me

entende?” Grito em seu rosto pálido, agora um pouco esverdeado.
“Ela pertence a mim! Ela pertence ao rebanho!” Ele tenta me

empurrar. “Precisamos de você de volta para nos fazer inteiros
novamente, Char-char!”
“Ela é minha, seu filho da puta. Você não pode tê-la.” Desta
vez, dou um soco na boca dele para calá-lo.
Antes que eu possa lhe dar um olho roxo, vários pares de

mãos me agarram, puxando-me para cima. Luto contra as
restrições, porque tudo que eu quero fazer é destruir esse maldito
lunático que é uma ameaça para minha namorada.
A voz de Alex soa na minha orelha. “Você tem que se

acalmar, Darren. Você está assustando Charlene e todo mundo.”
Olho para os rostos apavorados das mulheres vestidas de

bege e, em seguida, para o grupo de mulheres amontoadas
protetoramente em torno de Charlene. Atrás delas há um
semicírculo formado pelos pais de Alex e Violet, enquanto meus
companheiros atuam como uma barreira entre mim e elas. Noto as
expressões nervosas e inquietas que colorem cada um de seus
rostos.
Eu olho de volta para Frank, o filho da puta cujo nariz está

sangrando. Ele luta para se sentar enquanto leva a mão à boca. O
sangue escorre pelo queixo e goteja em sua camisa branca
imaculada.
Algumas das mulheres bege se juntam ao redor dele e o

ajudam a se levantar. Elas lançam olhares furiosos por cima dos
ombros para mim enquanto o conduzem de volta ao trailer. Ele liga
e abaixa a janela enquanto o engata. “Eu voltarei por você, Char-

char! Ainda salvarei você!”
“Volte e eu irei atropelá-lo com seu maldito trailer!” Eu grito

e tento acertar o veículo, mas Lance e Randy me agarram.
“Eu não acho que você está ajudando a situação.” Randy

inclina a cabeça para onde Charlene está sentada na garagem,
tremendo violentamente. Seus joelhos estão puxados até o peito,
os punhos cerrados pressionados contra os lábios. Violet a envolve
em uma toalha e Lily afasta o cabelo do seu rosto enquanto Sunny
tenta tirar as mãos de sua boca. Poppy pega algo do chão. Várias
coisas.
Eu me viro para a mãe de Charlene. “Você pode me dizer o

que aconteceu? Aquele era o pai de Charlene?”
“Suponho que ele funcionou como tal durante a infância

dela, mas não. Esse é meu... ex, por falta de terminologia melhor,
mas é uma longa história.” Ela olha ao redor e torce as mãos
nervosamente. “Um ex que assumirei que Charlene não
compartilhou com nenhum de vocês.”
Eu balanço minha cabeça, e há um murmúrio de

concordância de todos os outros. Eu olho para Violet, quase
aliviado por ela parecer estar igualmente chocada, e engulo o
enorme nó na minha garganta enquanto tento processar o que
aconteceu. Preciso entender muitas coisas agora, começando com
como realmente era a infância de Charlene, porque o quadro que
ela pintou para mim não era esse.
Faço um movimento em direção a ela, querendo... eu não

sei… entender? Confortá-la? Preciso de algo, qualquer coisa para
substituir o estranho estado de descrença em que estou
atualmente suspenso.
Alex coloca a palma da mão no meu peito. “Olhe para suas

mãos.”
Eu me encolho com o sangue cobrindo minhas juntas.

“Porra.”
“Vamos levá-la para dentro e mantê-la segura até que você

se limpe e se acalme”, Alex diz.
A mãe de Charlene a ajuda a se levantar e a envolve com um

braço protetor, e tudo que posso fazer é observar a mulher por
quem estou apaixonado, mas não conheço, se afastar sem olhar
para trás.
CAPÍTULO 16
AS RESPOSTAS NEM SEMPRE SÃO A
SEU FAVOR
DARREN
Lance olha para mim, os lábios pressionados em uma linha

fina. Ele coloca a mão no meu ombro, sua expressão é quase
comovente. “Isso faz com que nossos pais pareçam que deveriam
ser candidatos ao prêmio de família do ano, certo?”
Não sei muito sobre a situação familiar de Lance, além do

fato de que ele não tem um relacionamento com a mãe e só vê o pai
uma vez por ano, no máximo. Mas, com base em sua história com
mulheres, posso certamente dar um palpite experiente. Pais como
estrelas pornôs e ter sido criado por avós determinados a erradicar
a perversão herdada por mim parece bastante decente em
comparação com o que agora suspeito que Charlene passou.
E agora minha mente está perdendo o controle. Eu quero

caçar aquele filho da puta e torturá-lo de maneiras que fariam os
filmes de terror parecerem produzidos pela Disney.
Sinto-me quase como se estivesse andando em uma névoa

quando Lance me leva ao banheiro da casa da piscina para me
lavar e vestir uma camisa. Não presto muita atenção enquanto me
dirijo para casa, sentindo-me exposto e inquieto.
Violet me encontra na porta, seu rosto pálido e os olhos

arregalados com o tipo de descrença que faz meu estômago revirar.
“Eu não fazia ideia. Não sobre nada disso. Quer dizer, eu sabia que
ela cresceu em um parque de trailers e isso era ruim, mas não
sabia que era assim.”
“Não sei se isso me faz sentir melhor ou não”, digo a ela.
“Sinto muito, Darren. Se servir de consolo, estamos todos

tão chocados quanto você.”
“Não faz, mas obrigado.”
“Há obviamente uma razão para ela não ter contado a

ninguém, incluindo você e eu.” Violet me dá um sorriso triste. “Alex
e eu vamos mandar todos para casa. Ela está na sala de estar com
a mãe.”
“Ok.”
Não sei o que fazer com nada disso. Explica tudo e nada ao
mesmo tempo. E mesmo que eu provavelmente devesse estar com
raiva, apenas estou triste por não ser seguro o suficiente para
confiar.
Antes de cruzar a soleira, sua mãe aparece na porta.
“Eu preciso te perguntar uma coisa antes de falar com

Charlene”, digo em um sussurro rouco.
“Claro. Vou responder se puder, mas esta é a história de

Charlene para contar.”
Eu aceno e respiro fundo, meu estômago revirando. “Alguém

já...” Eu engulo a bile. Não sei se poderei abster-me de matar Frank
se a resposta for sim. “Frank... ela já esteve em perigo físico?”
“Oh, Darren.” Ela coloca a palma da mão no meu antebraço

e balança a cabeça. “A infância dela foi um monte de coisas
confusas, mas não era isso. Eu nos tirei antes que ela corresse
risco.”
Aperto a ponta do meu nariz, lutando contra a picada atrás

dos meus olhos e o aperto na minha garganta. “Ok. Isso é bom.”
Ela me abraça e eu fico rígido por um momento, sem esperar

o abraço. Mas eu aceito mesmo assim, porque, por algum motivo,
saber que a inocência de Charlene foi mantida intacta me faz sentir
um pouco melhor.
Sua mãe dá um passo para trás e olha para mim. Por ser tão
pequena como ela é, ela certamente tem uma presença
dominadora, então posso ver como acabou aonde chegou. Meio que
entendo.
Ela inclina a cabeça para o lado. “Ela sabe?”
Eu franzo a testa. “Sabe o que?”
Seu sorriso é suave. “Que você a ama.”
“Tenho medo de afastá-la, se for honesto com ela.”
Ela dá um tapinha na minha bochecha. “Vocês são perfeitos

um para o outro, apesar das probabilidades.”
Encontro Charlene enrolada no canto do sofá, tendo trocado

para uma das novas roupas que a presenteei esta tarde. É uma
camiseta do Chicago com o seu primeiro nome nas costas, porque
evito usar o sobrenome dela sempre que possível, e o número vinte
e seis, por ser aniversário dela. Gosto que também seja o meu
número. Apesar de ainda estar quente, ela também está usando
uma legging.
Ela olha para cima quando eu entro na sala, seus olhos

cautelosos e seu lábio inferior preso entre os dentes. Garanto que
será mastigado totalmente até o final do dia, se ainda não estiver.
“Você está bem?” Pergunto, avançando lentamente, como se

esperasse que ela fugisse. Charlene certamente parece que quer.
Ela levanta o ombro e o deixa cair. “Você está?”
“Não particularmente, não.” Sinto muitas coisas no

momento, mas ok, definitivamente não é uma delas.
Ela abaixa a cabeça e leva a mão à garganta nua, mas a deixa

cair imediatamente quando não há nada com que se preocupar.
“Eu sinto muito.”
“Pelo quê?” Quero retroceder no tempo e nos tornar

diferentes, não duas pessoas irreparavelmente danificadas
tentando descobrir como ficar juntas sem implodir.
“Eu deveria ter te contado”, ela sussurra.
“Você planejava isso?” Eu a deixei entrar em toda a minha

escuridão, mas não foi de boa vontade. Ela teve que se arrastar, e
agora terei que fazer o mesmo com ela.
Charlene suspira e se concentra em suas mãos. Ela está

segurando algo, rolando entre as palmas das mãos. “Eu queria. Eu
ia, especialmente depois que descobri sobre seus pais. Mas parecia
demais ao mesmo tempo e tentar explicar... Achei que poderia
esperar até depois que os playoffs terminassem, mas com o projeto
de expansão ainda se aproximando, sempre havia um motivo para
esperar. Eu não queria arriscar.”
“Arriscar o quê?”
“Perder você antes de precisar.”
“Por que você acha que me perderia?”
Ela olha para cima, sua expressão cautelosa. “Nada sobre

mim é normal, Darren. Minha infância foi complicada e fodida.”
“Eu também tive algo bagunçado e fodido. Achei que já

tínhamos estabelecido isso.”
Charlene esfrega a mão no rosto. “Eu sei, mas minha mãe já

é tão louca... eu não sabia se você aguentaria mais. Quero dizer,
quem cria seu filho em uma comuna e acha que está tudo bem? E
não qualquer comuna, mas uma completamente maluca onde as
mulheres são tratadas como propriedade. A coisa toda é como um
episódio ruim de talk show.”
“Você achou que eu não seria capaz de lidar com isso?”
Ela suspira. “Não você especificamente. Eu nunca disse a

ninguém, nunca. Nunca mais falamos sobre isso depois que
partimos. Foi como...” Ela faz uma pausa, talvez procurando pelas
palavras certas. “Foi um pesadelo terrível. Minha mãe me disse
para não dizer nada porque não queríamos que Frank nos
encontrasse e nos levasse de volta para lá.”
Ela passa as mãos para cima e para baixo nas pernas.

“Lembro-me da noite em que corremos. Minha mãe me acordou no
meio da noite e escapamos por um buraco na cerca de arame
farpado.”
“Cerca de arame farpado?” Parece mais uma prisão do que

uma casa.
“Sim, era para manter os bandidos fora. De qualquer forma,

havia um carro esperando por nós na estrada. Tive que ligá-lo
porque ela estava em pânico demais para encontrar a chave. Eu
nem sabia do que estávamos fugindo na época.”
Seus olhos são o tipo de assombrado que associo a velhas

memórias que foram feitas novas novamente.
“Nós dirigimos por horas antes de finalmente pararmos em

uma lanchonete em algum lugar do Nebraska. Eu nunca tinha ido
a um restaurante, nunca tinha visto uma TV antes, nunca fiz

compras em uma lanchonete, nem mesmo usei um par de calças,
Darren. Foi um choque perceber que o mundo era muito maior do
que eu conhecia. Era muito para processar. Não me lembro com
clareza… era mais como se fosse um sonho recorrente confuso. E
reviver, tentar explicar... meus extremos eram o oposto dos seus,
Darren. Eu fui do isolamento para a inclusão tão rapidamente que
era impossível reconciliar.”
Charlene explica como sua mãe engravidou antes de se

formar no ensino médio. O cara era um ano mais velho e eles
fugiram juntos. Ela sempre quis viajar e ele era
caminhoneiro. Acontece que os bebês atrapalham o estilo de vida
no caminhão. Então, um dia, ele a deixou em um lugar chamado
The Harvest Co-op, ou o que Charlene sempre se referiu como
'Rancho', localizado no meio de Utah, e a deixou lá com seu
bebê. Sem dinheiro. Sem identificação.
E Frank as recebeu de braços abertos. Ele a recebeu no

‘rebanho’. Era fantástico. Eles eram uma unidade independente.
Tinham suas próprias regras e funcionavam como uma família, e
para uma mulher que veio de uma cidade pequena e isolada onde
seus pais ameaçaram ajudá-la a se livrar do bebê sem consultar
um médico, não é difícil entender por que ela fugiu, e porque ficou
lá por tanto tempo quanto ela fez.
Embora sua mãe pudesse saber que sua situação não era
normal ou convencional, certamente era preferível. Até que
aparentemente não era mais.
“Então, como você saiu, e o que a levou a sair?” Eu pergunto,

ainda tentando descobrir essa parte.
“Comecei meu período”, Charlene murmura, e seu rosto fica

vermelho.
“Acho que não entendo.”

“Minha mãe estava preocupada que não fosse mais seguro

para mim. Estávamos em extremo isolamento e havia muitas
restrições. Eu nunca saí do complexo. Disseram-me que era
perigoso e proibido. Não tínhamos identificação. Dependíamos de
Frank para tudo e eu estava envelhecendo.”
Finalmente entendi o que ela quis dizer. “Eu deveria ter

matado aquele filho da puta quando tive a chance.”
Charlene abaixa a cabeça. “Não diga isso.”
“Charlene, isso é uma merda. Muito pior do que qualquer

coisa que eu passei quando criança. Esse cara precisa ser colocado
atrás das grades ou a sete metros abaixo do chão.”
Ela rola o que quer que tenha entre os dedos cada vez mais
rápido até que faz um som na mesa. Ela se esforça para agarrá-lo,
mas eu pego no meio do salto. É uma pérola. Eu olho para cima,
para onde seus dedos dançam nervosamente ao redor de sua
garganta.
“Quebrou quando Pa… Frank tentou me agarrar.” Ela

pressiona as palmas das mãos contra os olhos e os ombros se
curvam para a frente.
Eu corro a palma da mão suavemente sobre a parte de trás

de sua cabeça. “Está bem. Vamos consertá-lo novamente.”
“Acho que desta vez perdi metade das pérolas no jardim, ou

entre as pedras. Nunca vamos encontrar todas elas.”
“Então, adicionarei novas até que se encaixem.” Eu nunca

disse a ela que a primeira vez que segurei o colar antigo quebrado
para ela, eu substituí todas as pérolas originais, exceto algumas,
já que nenhuma delas era real. Estas eram. E eu definitivamente
não vou compartilhar isso com ela também.
“Você já fez isso uma vez. Não deveria ter que fazer isso
novamente.”
“Não se trata de ter que fazer nada, Charlene. É

sobre querer. O que você precisar, o que você quiser, eu farei isso
por você. Você não entende? Eu…”
“Não!” Ela foge de mim.
Seu terror sobre o trailer não tem nada a ver com seu pânico
agora. Ela balança a cabeça, como se estivesse apagando
pensamentos, palavras e memórias. “Por favor, Darren. O que quer
que você pense que deveria dizer agora, por favor, não diga. Eu não
posso. Não posso fazer isso. É muito. Eu nem sei como.” Ela se
levanta, passando as mãos pelas coxas. “Eu preciso ir para
casa. Tenho que ir para casa.”
Eu também quero. Quero estender a mão e segurá-la, para

mantê-la onde ela deveria estar, que é comigo. “Eu posso te levar
para casa. Por que você não fica comigo? É seguro e eu cuidarei de
você.”
“Minha mãe está aqui”, ela diz baixinho.
“Ela pode ficar conosco. Eu tenho quartos extras. Se

precisar do seu espaço, você pode ficar em um dos outros quartos
também.” Pareço desesperado. Talvez porque eu esteja. Não tenho
a menor ideia de como administrar essa situação, mas sinto que a
estou perdendo, como se abrisse o pote de vidro e dessa vez,
quando ela se soltar, não voltará mais.
Isso não é aceitável.
Mas não posso trancá-la ou serei tão ruim quanto o homem

de quem ela fugiu.
De repente, tudo se encaixa, a ordem do quebra-cabeça em

uma imagem que eu nunca consegui montar corretamente.
Eu finalmente entendo o quanto ela odeia ser amarrada a

qualquer coisa, literal e figurativamente, além do seu trabalho. Ela
busca estabilidade nas coisas, não nas pessoas.
Exceto com Violet. Ela é a única pessoa constante que posso

ver. Nem mesmo sua mãe tem esse tipo de influência com ela. Eu
quero saber como ser isso. Quero saber o que preciso fazer para
ser isso para ela. Porque quando ela se fecha na minha cara e se
fecha dentro de si mesma, e o fogo que tanto amo pisca e morre,
tenho certeza de uma coisa: se eu for negociado, há uma boa
chance de perdê-la para sempre. Violet será a âncora que a
impedirá de vir comigo.
E depois de tudo que aprendi esta noite, não tenho certeza

se posso culpá-la por querer ficar, mesmo que isso signifique deixar
metade da minha alma em Chicago com ela.
CAPÍTULO 17
AMAR MELHOR
CHARLENE
Na noite em que voltei da festa, havia uma caixa na varanda

da frente. Presumi que fosse de Darren, então não abri
imediatamente. Mas na manhã seguinte, um panfleto do Rancho
tinha sido empurrado pela caixa de correio, possivelmente como
algum tipo de tentação confusa e altamente ineficaz. Tudo o que
conseguiu foi me fazer nunca mais querer sair de casa novamente.
Aprendi uma lição muito importante no meu vigésimo sexto

aniversário. Enterrar o passado e fingir que nada aconteceu não o
apaga. Na esteira do reaparecimento de Frank, a fachada
cuidadosamente elaborada e o mundo que eu construí para mim
desmoronaram. Em seu lugar, fiquei com um passado do qual não
posso escapar, embora tenha fugido dele, um presente que me
apavora e um futuro que é perturbadoramente instável.
O número de memórias que eu bloqueei, ou talvez não tenha

sido capaz de processar com qualquer tipo de perspectiva razoável
quando tinha quatorze anos, agora está assustadoramente
claro. Eu me vejo por uma nova lente, sem os óculos cor-de-rosa
da juventude para suavizar e alisar tudo.
Estou com raiva de minha mãe, do meu pai...o verdadeiro, e

Frank, que atacava os fracos e desfavorecidos. Eles são as pessoas
que fizeram o Rancho parecer a melhor opção. Depois do
reaparecimento de Frank, sinto-me mais sozinha do que nunca,

embora receba ligações e mensagens perpétuas de meus amigos
Sinto-me extremamente diferente, estranha, como se não me

encaixasse mais, e fico envergonhada e humilhada por um passado
que não tinha controle. Eu não sei mais como me misturar, ou
mesmo apenas existir.
Na segunda-feira, estou na porta da frente, vestida para o

trabalho, embora minha cabeça esteja em uma névoa. Eu quero
me firmar nessa fatia de normalidade. Minha mão está na
maçaneta, mas não consigo girá-la. Eu vasculho todas as
memórias do Rancho e me fixo na cerca que cercava o complexo,
destinada a nos proteger, mas tudo o que fez foi nos prender em
uma vida tão estreita que era como viver em um buraco de alfinete.
Minha cabeça dói quando as coisas começam a fazer sentido

de uma forma que não fazia antes. Meu medo de ficar presa, de
precisar de estabilidade, a importância que dou à minha amizade
com Violet, de não querer deixar Chicago e minha família interna,
minha incapacidade de deixar Darren chegar perto demais. Minha
cabeça está uma bagunça de memórias e meu coração está
sangrando com emoções que não consigo filtrar.
“Querida?” Minha mãe põe a mão no meu ombro.
“Estou com medo de sair. Tenho medo de que Frank esteja

lá fora e me leve de volta para o Rancho, e eu nunca mais vou sair.”
“Isso não acontecerá, querida. Eu não deixarei isso

acontecer, e nem qualquer uma das pessoas que amam você.” Ela
me afasta da porta e me leva para a cozinha, onde derrama água
quente em um de seus doces caseiros.
Mexo a água, observando o doce se dissolver no fundo da

caneca. “Eu quero ser normal. Quero que tudo volte a ser como era
antes de todas as memórias voltarem.”
“Sinto muito, Char-char. Se eu pudesse fazer tudo de novo,

faria escolhas diferentes. Eu encontraria uma maneira diferente.”
“Eu sei.”
Eu entendo, mais ou menos, por que ela escolheu o caminho

que escolheu. Ela se colocou no controle de sua própria vida,
tomou as rédeas para que ninguém mais pudesse e ela nunca ficou
em um lugar para que Frank não pudesse alcançá-la.
Ligo para o Sr. Stroker e peço para trabalhar em casa esta

semana. Tenho apenas algumas reuniões com clientes, então não
deve ser muito difícil reagendá-las. Também nunca peço para
trabalhar em casa, então ele é mais do que acolhedor, e
preocupado, é claro.
Eu me atrapalho com uma desculpa. Dizer a ele que

repentinamente desenvolvi agorafobia7 aguda como resultado de
ser perseguida pelo meu pai, um líder de culto não real, parece
rebuscado e pode levar a mais perguntas. Então, eu disse a ele que
tive uma reação alérgica a uma nova loção, e isso causou uma
erupção em todo o corpo.
Na esteira do episódio do papai Frank, Darren aumentou

minha segurança do sistema de alarme para um guarda-
costas. Até agora ele permanece estacionado do lado de fora à
noite, e durante o dia ele se senta no meu degrau da frente e
garante que as únicas pessoas que venham à minha porta são
aquelas que eu quero ver.
Minha mãe vai embora na quarta-feira, muito oportuno,

depois da minha insistência de que ficarei bem sozinha,
especialmente agora que tenho um guarda-costas e Violet passa
por aqui diariamente. Eu amo minha mãe, mas ela fica impaciente
por ficar em um lugar por mais de alguns dias de cada vez, e ela
7
Medo de lugares abertos.
está me deixando louca. Além disso, não estou interessada em

relembrar todas as memórias do Rancho ou ouvir novamente o
quanto ela está triste por Frank nos encontrar por causa de seu
teste. Não é como se ela pudesse saber que Frank finalmente saltou
para o século XXI e conseguiu um laptop e uma conta no Facebook.
Eu nem sinto que me conheço mais, e tentar explicar isso é

difícil. Minha mãe acha que a resposta é sair de Chicago e viajar
com ela. A ideia de correr certamente tem seu apelo, mas então o
que eu teria? Não quero abandonar todas as pessoas de quem
gosto, a família que criei para mim em Violet e as meninas, e até
mesmo Darren.
Eu também não sei o que fazer com ele. Eu baguncei as

coisas.
Ele liga várias vezes ao dia, mas não consigo atender. Estou
com medo. Eu sei o que ele iria me dizer. Mas não consigo decidir
se vinha de um ponto de vista honesto ou se ele estava
simplesmente tentando me dar um bálsamo que de alguma forma
me acalmasse, apagasse a dor, o medo e a incerteza de tudo que
me fez ser quem sou. E eu não tenho certeza de quem ainda sou
Eu quero muito deixá-lo me amar.
Mas admitir isso não o impedirá de ser negociado. Amá-lo

não o impedirá de se mover até a outra metade do país. E se ele
for, ele levará metade do meu coração.
Ele o fará de qualquer maneira. Então, não sei por que as

palavras me assustam tanto.
Talvez porque todo o amor que conheci esteja vinculado a

tanta estranheza e instabilidade. Talvez eu ache que, assim que for
real, desmoronará. E se ele ficar, devo reconhecer todas as
maneiras como nos mantive neste constante estado de êxtase.
Passei toda a quinta-feira assistindo a um reality show

terrível, tentando me sentir melhor sobre a minha vida de
merda. Não sei como me desvencilhar o suficiente para poder amar
do jeito que quero. Eu mentalmente desempacotei minha infância
no Rancho, seguido pelo show de horrores que foi minha
adolescência, até que topei com Violet no meu primeiro ano de
faculdade. E ao fazer isso, eu vejo todas as minhas peças e como
elas se encaixam em um quebra-cabeça de arestas irregulares de
loucura.
Estou protegida, mas não estou. Eu criei um normal onde

não havia. Fiz uma família, então não estava sozinha. E então
encontrei Darren, o homem que se moldou ao que eu precisava,
que mudou conforme eu pedi, que manteve suas emoções
bloqueadas para me proteger de mim mesma, que nunca colocou
a tampa em meu pote. Em muitos aspectos, estávamos seguros um
do outro, até que tudo desabou, como acontece quando as emoções
têm espaço para respirar e crescer.
Não posso permitir que as coisas continuem assim, com ele

alterando constantemente suas necessidades para se adequar às
minhas. Mas agora que vejo as coisas com clareza, percebo que
meu modo de agir é exatamente o que ele está acostumado. Eu
coloquei restrições sobre nós e ele as cumpriu.
Se eu continuar fazendo isso, sou tão ruim quanto as

pessoas que o criaram. E não é isso que eu quero ser. Porque o
amo, e por mais assustada que esteja com o que está por vir, não
quero perdê-lo.
Na sexta estou inquieta. Eu tenho assistido todos os terríveis

reality shows disponíveis na TV. Depois de seis horas seguidas
de Guerras de Garagem, eu limpo minha casa de cima a baixo e
caio no sono às quatro da manhã, apenas para ter pesadelos sobre
estar presa no Rancho novamente. Exceto que não há mais saída
porque, em vez de uma cerca de arame farpado, o perímetro é
forrado de lixo reciclado com seis metros de altura e, toda vez que
tento subir até o topo, as pilhas caem e me enterram.
Decido mudar para programas de jogos depois disso por

algumas horas. Toda vez que eu cochilo, tenho outro pesadelo,
então como uma pilha dos meus doces, na esperança de encontrar
um pouco de calma. Eu sinto falta de Darren. Tudo que eu quero
é me enrolar em seus braços e deixá-lo me proteger. Mas eu me
preocupo, assim que o fizer, ele se transformará em outro Frank, e
então estarei presa para o resto da minha vida.
Não é racional. Pode até não ser lógico, mas o medo toma
conta e se enraíza em meu cérebro.
Por volta do meio-dia, meu estômago ronca, e caminho

automaticamente para a geladeira. A caixa de vinho que minha
mãe deixou para mim provavelmente já se transformou em vinagre,
e eu comi toda a comida que Violet me deixou ontem. Ela deve
parar depois do trabalho com donuts frescos, que é tudo que eu
quero comer agora, mas ainda faltam horas.
Há uma loja de conveniência na minha rua. Eles terão

Twinkies e Ho-Hos. Posso ir e voltar em menos de vinte minutos,
especialmente se dirigir. Nada de ruim vai acontecer.
Eu vejo meu reflexo no espelho. Parece que estive em

doente. Meus olhos estão injetados e meu pijama está uma
bagunça amassada. Acabo tomando um banho muito demorado e
visto uma legging e uma camisa que Darren comprou para
mim. Eu escovo e tranço meu cabelo, porque secá-lo exigiria muito
esforço. Então pego minha bolsa, telefone e chaves e abro a porta.
Eu esqueci sobre o detalhe de segurança, não me pergunte

como, ele está lá o dia todo, todos os dias, e eu respiro fundo e pego
minhas pérolas. Mas é claro que elas não estão lá porque
quebraram, novamente, tudo por causa do maldito Frank louco.
“Srta. Charlene, peço desculpas se a assustei. Você precisa

de algo? Uma carona para a casa do Sr. Westinghouse, talvez?” Ele
pergunta, educado e formal.
Eu considero por meio segundo enquanto olho ao redor para

o amplo espaço aberto e todo o potencial de perigo. Todos os piores
cenários possíveis saltam na minha cabeça, como Frank surgindo
de trás de alguns arbustos com um pano de clorofórmio e me
arrastando de volta para o trailer com a ajuda de todas as mulheres
da comuna.
“Não. Não, eu estou bem.” Recuo e bato a porta, fechando a

fechadura com as mãos trêmulas. Estou suada e minha boca está
seca. Eu mastigo um dos meus doces, embora não tenha certeza
se eles são eficazes em me manter calma.
A batida suave na porta me faz gritar.
“Senhorita Charlene? Peço desculpas novamente por

assustar você. Posso fazer algo por você?”
“Como posso saber se você não faz parte da gangue do trailer

do Frank?” Eu grito pela porta.
“Fui contratado pelo Sr. Westinghouse para garantir sua

segurança, Srta. Charlene.”
Eu sei que ele está falando a verdade. Ele está parado do

lado de fora da minha porta a semana toda. Além disso, Darren me
mandou uma mensagem com sua foto e detalhes pessoais.
“Prove!” Eu grito. Minha voz está super

estridente. Claramente estou perdendo o controle. Novamente.
Menos de um minuto depois, há outra batida na porta.

“Senhorita Charlene, vou colocar meu telefone na caixa de
correio. O Sr. Westinghouse está na linha e gostaria de confirmar
que estou realmente aqui para sua segurança.”
Eu pego seu telefone antes que caia no chão e olho para a

tela. Merda, Darren está no Facetime. Eu respiro fundo algumas
vezes, desejando estar mais controlada e que minhas mãos parem
de tremer.
“Charlene?”
Eu mantenho o telefone apontado para o teto e caio no chão.

“Um segundo.” Ponho a cabeça entre os joelhos porque me sinto
tonta. Não falo com Darren desde meu aniversário, embora ele
ligue e deixe mensagens diariamente para se certificar de que estou
bem.
“Vaga-lume?”
O apelido me dá vontade de chorar porque finalmente

entendi o que significa. Eu sou seu vaga-lume. O que ele quer
pegar e manter, mas não pode.
“Só mais um momento.”
“Você está me preocupando.”
Levanto minha cabeça e inclino o telefone para baixo até que

seu rosto fique à vista. Não estou preparada para a onda de emoção
que vem ao vê-lo. Quero alcançar a tela e tocá-lo. Quero a
segurança de seus braços e o calor de seus lábios contra minha
pele.
“Oi.” Minha voz está rouca e trêmula, como o resto de mim.
Ele examina meu rosto, avaliando, seus olhos gelados

escuros e lábios virados para baixo. “Você está bem? Aconteceu
alguma coisa?”
Tenho tantas coisas que quero dizer a ele. Perguntas,

admissões, medos que quero descarregar para que ele possa
acalmá-los. Mas tudo isso fica preso na minha garganta, e eu vou
com estupidez em vez disso. “Não estou bem. Eu preciso de

mantimentos.”
O alívio é seguido por uma onda de tristeza. “O que você

precisa? Eu posso pegar e levar.” Ele faz uma pausa e limpa a
garganta. “Ou mandar se preferir. Você pode fazer o pedido online
se for mais fácil e usar o cartão de crédito que lhe dei para pagar
por isso.”
Não sei por que não pensei em pedir mantimentos. Talvez

porque minha mãe esteve aqui até alguns dias atrás, e entre ela e
Violet, elas estão cuidando de me alimentar. Não que eu tivesse
vontade de comer muito. Donuts são meus favoritos. Eu quero
Doritos com molho de cebola, mas isso me lembra muito Darren.
“Eu tenho meu próprio cartão de crédito.”
Olho para baixo, longe de seus olhos tristes e do olhar

perdido em seu rosto.
“Sei que é difícil para você, Charlene, e entendo sua

necessidade de espaço, mas quando estiver pronta para conversar,
saiba que estou aqui, esperando por você. Enquanto isso, o que
você precisar, por favor, não hesite em perguntar a mim ou a
Luther.”
“Luther?”
“É o telefone dele que você está segurando.”
“Oh. Certo.” Sinto-me mal por nem mesmo lembrar o nome

dele.
Depois de mais alguns momentos de silêncio, ele finalmente

pergunta: “Você está bem?”
“Eu... não.”
Sua voz endurece. “Frank tentou fazer contato?”

“Não.” Mas não acredito que ele não tente novamente. Ele é
louco demais para não fazer isso. Tenho certeza de que ele está se
escondendo, ganhando tempo, esperando até que eu baixe a
guarda.
“Ok, isso é bom. Se ele fizer isso, você vai me ligar? Ou pelo
menos contar a Luther?”
“Sim, Darren.” Levanto meus olhos para o teto, na esperança

de manter as lágrimas flutuando em vez de cair.
“Charlene.” Quando encontro seu olhar bidimensional, ele

me dá um pequeno sorriso tenso. “Esperei toda a minha vida
adulta que você viesse e desse sentido ao meu mundo. Estou
preparado para esperar o tempo que for necessário para que você
aceite isso.”
“Eu não estou preparada.” Preciso de você.
“Compreendo.”
“Eu tenho que ir.” Estou apaixonada por você.
“Estarei aqui quando você estiver pronta para ficar.” Ele

termina a ligação antes que eu possa.
Depois de alguns minutos, abro a porta e passo o telefone de

volta para Luther, agradecendo.
“Posso te levar a qualquer lugar?”
“Estou bem, obrigada.” Eu volto para dentro. Não estou mais

com fome. Toco minha garganta, desejando ter mais do que
algumas pérolas aqui, a lembrança de Darren que carreguei comigo
nos últimos dias. Não sei como fazer isso sem ele, ou com ele.
Violet passa por aqui depois do trabalho com os

suprimentos. Eu provavelmente deveria comprar ações da Krispy
Kreme donuts, considerando quantos eu como atualmente.
“Como você está se sentindo?” Ela passa por cima da caixa

de donuts, que eu abraço como se fossem meus melhores amigos,
ao invés da pessoa que os trouxe.
Eu levanto um ombro e coloco a caixa no balcão. Abrindo-a,

admiro a bela variedade de magia de donuts. Estou morrendo de
fome desde que acabei com a última caixa no meio da noite. Eu
provavelmente deveria considerar pedir mantimentos como Darren
sugeriu, mas estou preocupada que Frank vá interceptar e
encontrar uma maneira de chegar até mim, mesmo com Luther
montando guarda do lado de fora da minha porta.
“Você já falou com Darren?”
“Sim, esta tarde.”
Ela parece surpresa. “Como foi?”
“Foi... Ok.”
Ela bate as unhas no balcão. Elas são cor de rosa e azuis

com o número de Alex no dedo indicador. “Ok, como? O que você
falou com ele?”
“Mantimentos.”
“Sério? Você falou sobre mantimentos?” Violet suspira. “Eu

sei que isso deve ser difícil para você, Char, mas você não pode
excluí-lo, ou qualquer outra pessoa.”
Engulo um pedaço enorme de donut. “Não estou excluindo

todo mundo. Eu só preciso de tempo. Você não entende como é.”
“Não. Você está certa. Eu não entendo, de jeito nenhum, e

nunca vou entender se você não falar comigo sobre isso. Sou sua
melhor amiga, Char, e considerando o que testemunhei outro dia,
acho que posso entender por que você nunca desejou falar sobre
como era a vida quando você estava crescendo. Mas eu não tenho
certeza se esconder isso tornará as coisas ainda melhores.” Ela me

pega pelos ombros, forçando-me a olhá-la. “Eu amo tanto você que
não importa o quão fodida sua infância foi, assim como você me
ama, apesar do fato de que eu sou claramente incapaz de nunca
me censurar, e constantemente me envergonhar e a todos ao meu
redor. Deixe-me fazer o que uma melhor amiga deve fazer. Deixe-
me ajudá-la com isso. Por favor, não me exclua.”
“Eu não estou tentando fazer isso. Há tantas coisas que não
quero lembrar, tantas coisas que fazem sentido agora, mas nunca
fizeram quando eu era criança.”
“Você não tem que tentar entender isso sozinha, não é?”
“Estou assustada.”
“Sobre o que?”
“Eu não sei mais quem sou.”
Os olhos de Violet estão vidrados. “Você é minha melhor

amiga e tem sido como uma irmã por quase uma década
inteira. Você é leal e divertida e está sempre pronta para uma
aventura. Você acha que gosta de experimentar coisas novas, mas
realmente gosta de rotina e previsibilidade. E você fica com medo
de aceitar ajuda, então carrega o peso do mundo nos ombros, o
que é muito irritante para as pessoas que amam você e querem
ajudar. Mas eu te perdoarei por isso, já que você lida comigo
regularmente e eu posso ser um pé no saco também.” Ela me
abraça forte. “Você ainda é você. Nada mudou, exceto que talvez
agora possamos entendê-la um pouco melhor do que antes.”
CAPÍTULO 18
ABRINDO O POTE
DARREN
Sou um idiota miserável sem Charlene. Eu sei disso porque

Alex me disse mais de uma vez esta semana para parar de ser um
idiota. Não é intencional. Não estou tentando ser um estúpido de
proporções épicas, mas estamos fora de temporada, e meu plano
era ter Charlene na minha casa quase em tempo integral a essa
altura. Eu estava no caminho certo antes do aniversário dela, e
agora ela não está mais aqui.
Alex tentou me fazer falar várias vezes na semana passada,

mas ele não pode me ajudar, e não consegue entender, não
realmente. Então, estou, principalmente, fervendo de frustração
por não ser capaz de proteger Charlene do jeito que ela precisa.
A cadeira dela está vazia. O livro que estava lendo da última

vez que esteve aqui ainda está sobre a mesa. Quando estou
realmente desesperado por algum pedaço dela, o que é quase todo
momento de vigília de todos os dias, eu me sento em sua cadeira
com seu cobertor e folheio as partes marcadas.
Ironicamente, nenhuma de suas partes favoritas é obscena,

apesar do conteúdo dos livros que ela lê. São todos os momentos
doces, os primeiros beijos, os grandes gestos, as separações e os
reencontros, que ela lê sem parar.
Atualmente estou na academia, tentando acabar com a

frustração que vem por não ter o que quero ou preciso. Lance pula
na esteira ao lado da minha, e eu dou um aceno de cabeça para
ele, então aumento a velocidade para quinze quilômetros por
hora. Ele ergue uma sobrancelha e começa a correr vagarosamente
a dez quilômetros por hora.
“Você está bem?” Ele pergunta.
Emito um som, sem compromisso de qualquer maneira,

porque estou realmente muito fodido agora, e não estou com
vontade de falar sobre como a minha vida é fodida, ou a vida da
minha namorada, se ela ainda é minha namorada.
Corremos em silêncio por alguns minutos. Lance diminui

sua velocidade enquanto eu corro. Meus pulmões estão prestes a
explodir, mas não estou disposto a desacelerar porque isso
significará falar.
“Você foi criado por seus avós, não é?”
Olho para ele por uma fração de segundo e aceno, então olho
para a TV pendurada acima de mim.
“Não sei se você sabe, mas minha tia se tornou minha tutora
legal quando descobriu que minha mãe estava me espancando
porque ei não estava fazendo gols. Ou o que quer que a irritasse,
realmente.”
Dou um passo trôpego e agarro os trilhos, levantando os pés

da correia, apoio-me nas bordas, desta vez dando-lhe minha
atenção e diminuindo a velocidade da esteira para não acabar
voando contra a parede. “Sinto muito...”
Ele levanta uma das mãos para me parar e diminui a

velocidade ainda mais com a outra até andar. “Não se desculpe. É
o que é. Algumas pessoas estão simplesmente fodidas e não

deveriam ser pais.”
“Conte-me sobre isso.” Não sei por que ele está

compartilhando isso comigo, de todas as pessoas. Gosto muito de
Lance, mas acho que ele me tolera mais do que qualquer outra
coisa.
“Não entendo como você e Charlene dão certo, mas, uh,

Poppy meio que me esclareceu alguns detalhes.”
“Como assim?”
Ele revira os ombros. “Eu tinha na minha cabeça que você

gostava de...” Ele exala um longo suspiro. “Machucá-la.”
Desta vez, aperto o botão de parar. “O que?”
Ele faz o mesmo, mas em vez de olhar para mim, seus olhos
estão nos números piscando em sua tela. “Gostava... bater nela.”
“Você achava que eu batia em Charlene?”
Ele passa a mão áspera pelo cabelo. “Não, mas que a

espancava daquele jeito.”
Aquela sensação quente e apertada na parte de trás do meu

pescoço diminui um pouco. “Oh. Não é assim que as coisas são
com Charlene. Apesar de como pode parecer, ela é
muito... inocente, e só estou começando a entender melhor
atualmente.”
Provavelmente acabei de falar mais palavras consecutivas

com Lance do que nos últimos três anos em que ele esteve na
equipe. E meu novo entendimento não está me ajudando muito,
considerando que a breve conversa ao vivo de ontem com Charlene
foi a única que tivemos na semana passada.
“Então, uh, com base na maneira como você parece estar

tentando matar aquela esteira ou a si mesmo, acho que as coisas
não estão tão boas com Charlene agora.”
Eu aperto os dentes, irritado por ser tão transparente e por

ele me criticar.
Lance balança a cabeça, como se entendesse meu silêncio.

“Eu não sei como as coisas foram para você quando criança, tipo,
quando você foi morar com seus avós ou o quê…, mas eu tinha
quinze anos quando as surras finalmente pararam. Pelo que eu sei,
Charlene era uma adolescente quando passou de uma situação
fodida para outra. Não estou dizendo que é a mesma coisa.”
Ele passa as duas mãos pelo rosto. “Porra. Poppy deve ter
essa conversa com você. Ela é muito melhor nisso. Olha, o que
estou tentando dizer é que passei muitos anos tentando esquecer
toda a merda, mantendo-a trancada aqui.” Ele bate em sua
têmpora. “Tenho certeza de que parte está bloqueada, pelo menos
é o que meu terapeuta diz, é como se meu cérebro estivesse
tentando se proteger do pior.”
Ele exala um longo suspiro. “Veja. Eu sei que estou

divagando, mas talvez seja o mesmo para Charlene? Ou talvez não
seja.” Ele põe a mão no meu ombro, as sobrancelhas franzem,
então engole fazendo sua garganta balançar. “Tudo o que estou
dizendo é que às vezes nos fechamos para as coisas de que
precisamos quando mais temos medo de perdê-las. Estamos todos
meio quebrados e todos precisamos de um pouco de ajuda às vezes,
certo? Poppy parece pensar que vocês dois devem se salvar.” Ele
revira os olhos. “Pareço um idiota, mas Poppy geralmente está certa
sobre esse tipo de coisa.” Ele assente, mais para si mesmo do que
para mim. “Tudo certo. Boa conversa, Westinghouse. Vou deixar
você em paz agora, antes que você me dê uma surra.”
Ele solta a mão e se afasta, deixando-me refletindo sobre o

que ele disse e o quanto eu quero que ele esteja certo. Parte do
motivo pelo qual não estou insistindo em Charlene é minha
incerteza sobre se sou tão bom assim para ela. Mas talvez Poppy
esteja certa e todas as nossas peças quebradas se encaixem.
É com esse pensamento em mente que dirijo até Charlene

depois do treino, com uma parada rápida no caminho. Quando
chego, Luther está postado do lado de fora da porta da frente. Ele
tem um irmão gêmeo chamado Damien, e eles estão trocando de
turno na casa dela esta semana.
É meio da tarde e Charlene deveria, tecnicamente, estar no

trabalho, mas sei por Alex que ela tirou uma semana de
folga. Também sei que ela não saiu de casa desde a festa de
aniversário.
Luther acena em reconhecimento quando eu bato.
“Charlene?”
Sua voz abafada vem pela porta depois de um longo minuto.

“Darren?”
Pressiono minha palma contra o aço quente, ciente de que

ela está quase perto o suficiente para tocar. “Posso te ver?”
Demora um minuto antes que a porta abra os sete

centímetros que a trava da corrente permite. Seu olho aparece na
fenda e dispara de baixo para cima, disparando em volta do meu
rosto.
Eu seguro a sacola. “Trouxe algumas coisas para você.”
Ela me encara por alguns segundos antes de inclinar a

cabeça e fechar a porta. A fechadura clica e ela dá um passo para
trás quando a abre para que eu possa entrar. Charlene parece
exausta. Seus olhos estão avermelhados, o cabelo preso no topo da
cabeça em um coque bagunçado. Ela usa uma legging que comprei

para ela e uma camisa. Tento não pensar se ela está usando
calcinha de algodão ou não por baixo das legging.
Os dedos de Charlene vão para sua garganta, mas caem

imediatamente quando ela não encontra suas pérolas.
“Não estava esperando você.”
“Eu sei.” Eu pediria desculpas por vir sem avisar, mas seria
falso.
Coloco a sacola no balcão e começo a esvaziá-la para ocupar

minhas mãos e não abraçar Charlene, que é o que eu quero mais
do que tudo. Isso e beijá-la.
Charlene franze a testa enquanto eu coloco o saco de Cool

Ranch Doritos no balcão. “O que é isso?”
“Peguei algumas coisas que achei que você gostaria.”
“Oh.” Ela parece genuinamente chocada, o que é estranho.
“Eu também comprei comida para viagem no caso de você

querer algo além de lanches.” Pego a caixa embrulhada em isopor
contendo seu penne Alfredo favorito do restaurante que
frequentamos perto da minha casa.
“Você veio aqui para me alimentar?”
“E conversar, mas Luther mencionou que você não teve uma

refeição de verdade por vários dias, então achei que seria uma boa
ideia trazer seus favoritos, para amolecê-la um pouco depois de eu
chegar sem avisar.” Estou nervoso, então começo a retirar o papel-
filme da embalagem. “Está com fome?”
“Não agora.” Ela torce as mãos.

Imagino que esse nível de ansiedade seja opressor para ela,

então decido ir direto ao ponto e cuspir tudo fora. Coloco meus
punhos no balcão e respiro fundo. “Olha, eu sei que você se acha
uma bagunça, Charlene...”
“Eu não acho que sou uma bagunça, eu sou uma.”
“Mas você é minha bagunça e eu sou a sua, e nada mudou

isso. Não para mim. Mudou para você?”
“Não, mas...”
“Se não mudou, não deveria haver um ‘mas’. Por que não
podemos ser uma bagunça juntos? Por que você acha que tem que
passar por isso sozinha? Deixe-me estar aqui para você.”
“Mas e se você for embora?” Ela pergunta suavemente.
Eu franzo a testa. “Por que eu estaria aqui se estivesse

planejando ir embora?”
Seus dedos vão para os lábios. “E o projeto de expansão?”
“Você quer dizer se Vegas me chamar?”
“Sim. O que acontece depois?”
Ninguém consegue o que quer se não pedir. “Em primeiro

lugar, não acho que isso vá acontecer. Existem dois outros
jogadores que são mais jovens, mais rápidos e melhores do que eu,
e eles trouxeram alguém novo para Vegas para evitar que Lucas, o
proprietário, tome um monte de decisões estúpidas, que incluem
puxar alguém tão velho como eu para uma nova equipe. Mas, se o
impensável acontecer e eu tiver que ir para Las Vegas, eu quero
que você venha comigo. Mas só se você quiser. E se você não quiser
isso, tentamos fazer o trabalho a distância, ou talvez eu me
aposente mais cedo para ficar aqui mesmo.”
“Mas você teria que quebrar seu contrato.”

“O dinheiro não significa nada, Charlene. Nada tem

significado sem você. Eu a quero como você vier, quebrada,
bagunçada, em couro, renda, cetim, pijama de algodão... Seja
como for, é só você que eu quero.” Dou a volta na ilha, diminuindo
a distância entre nós. “Eu continuo dizendo isso, na esperança de
que você me ouça.”
Os olhos de Charlene estão arregalados. Ela puxa o lábio

inferior entre os dentes, parecendo o vaga-lume evasivo que
costuma ser. Eu entendo melhor agora. Entendo-a de uma
maneira que nunca poderia ter feito antes.
Seguro seu rosto em minhas mãos. “Eu sei que você quer
fugir disso. Sei que tudo isso assusta você, mas entenda, Charlene,
eu te amo. Essa é a única verdade que você precisa. Tudo o mais
nessa sua cabeça é ruído branco. Todas as preocupações são
inúteis. Eu quero isso com você, e não me importo se for
bagunçado e fodido e ninguém entender, exceto nós.” Aliso meus
polegares sobre suas bochechas. “Fique comigo nisso,
Charlene. Chega de você morar na sua casa e eu morar na
minha. Se vamos ficar juntos, vamos apenas ficar juntos.”
“Espere, o que?” Ela franze a testa. “Você quer que eu vá

morar com você?”
Que sua primeira reação pareça ser de confusão não é

reconfortante, eu largo minhas mãos e dou um passo para trás,
dando-lhe espaço. “Você ficou mais na minha casa do que aqui nos
últimos meses. Mudar-se é o próximo passo lógico, não é?”
Seus dedos vão para a boca. Seu pânico não é o que eu quero
ver, mas lancei uma bomba bem grande sobre ela sem qualquer
tipo de aviso, depois de uma semana sem vê-la ou falar com ela
além de mensagens de texto diárias para ver se ela está bem. Talvez
empurrar toda a minha agenda sobre ela não fosse o melhor plano.
“Você está pedindo muito de uma vez”, ela murmura.

“Não estou pedindo que você faça muito mais do que já

fez.” Exceto desistir de sua casa e compartilhar meu espaço comigo
de forma permanente. Não é irracional depois de dois
anos. Embora talvez apenas administrar nosso relacionamento e
nos certificar de que estamos estáveis primeiro já teria sido um
bom começo. É possível que eu tenha me precipitado aqui, mas,
novamente, às vezes Charlene precisa ser empurrada.
“E se brigarmos?”
“Imagino que isso possa acontecer de vez em quando, já que

posso ser um idiota. Há quatro quartos em minha casa. Eu prevejo
que pode haver noites que eu tenha que mudar, dependendo do
quanto eu te irrite.”
“Não estou brincando, Darren.”
“Nem eu.” Tento sorrir, mas tenho certeza de que parece um

pouco vazio.
Ela fecha os olhos e vira a cabeça. Não sei se a estou

ganhando ou perdendo. Estou prestes a dizer que ela não tem que
decidir neste momento, que ela pode ter mais tempo se precisar,
principalmente para não dizer não.
“Isso não é fácil para mim”, ela diz suavemente.
“Não é fácil para mim também, mas o que especificamente é

tão difícil nisso para você?”
Charlene arrasta os dedos para frente e para trás ao longo

do decote de sua camisa. “Por todos os anos que você passou sem
portas ou privacidade, passei a mesma quantidade de tempo
trancada longe do mundo. Amor e dependência eram uma
prisão.” Ela levanta o olhar. “Tenho medo de ficar presa
novamente.”
“Eu nunca colocarei a tampa em seu pote.”

Assim que digo as palavras, entendo que é exatamente o

medo dela… que ela perca sua liberdade novamente. Só posso
imaginar como Charlene se sentiu depois que ela e sua mãe
deixaram a comuna, e elas só tinham uma à outra. Teria sido um
novo tipo de prisão, criada a partir do medo de ser arrastada de
volta para o inferno do qual escaparam. Embora, pelo que entendi,
Charlene não percebia isso como o inferno até que estava fora de
lá.
“Eu não sei o que tenho que fazer para provar que vou te
amar e cuidar de você em qualquer situação em que você de mim,
mas não irei embora a menos que você me diga para fazer
isso.” Pressiono meus lábios em sua testa. “Você sabe onde me
encontrar quando estiver pronta.”
Meus pés parecem ter o peso de solas de chumbo enquanto

me dirijo para a porta. Eu disse o que vim aqui dizer. Não há mais
nada que eu possa fazer para convencê-la.
Ela agarra minha manga. “Aonde você vai?”
“Casa.”
“É isso aí? Você não vai ficar?” Ela parece confusa

novamente.
“Não vou forçar você mais do que já fiz, Charlene. Sei o que
acontece quando o faço e não estou disposto a correr esse
risco.” Puxo-a para mim. Todas as suas peças quebradas e bordas
dobradas se encaixam nas minhas. “Ligue-me quando descobrir o
que deseja.” Inalo o cheiro do seu xampu e pressiono meus lábios
em sua pele por um breve momento antes de me soltar.
Não quero ir embora, mas não posso ficar, a menos que ela
esteja pronta para me deixar entrar. Luther está na escada da
frente quando abro a porta, olhando para o quintal do vizinho. Há
uma mulher mais velha com um par de shorts curtos limpando o
jardim. Tenho certeza de que é para o benefício de Luther. Ele é um

filho da puta de boa aparência.
“Espere!” Charlene agarra meu braço e me puxa de volta

para dentro. Ela faz uma pausa para acenar para Luther antes de
fechar a porta na cara dele.
Eu fico olhando para ela. Mesmo com seu cabelo bagunçado

e roupa enrugada, ela é perfeitamente linda. Não importa se ela me
disser que o único motivo pelo qual ela quer que eu fique é porque
o apocalipse está chegando; há uma chance razoavelmente boa de
eu dizer sim.
Charlene agarra minha camisa como se isso fosse me

impedir de me mover. “Eu não quero que você vá.”
“Então me dê um motivo para ficar.”
Ela olha para os próprios pés, o esmalte da sua unha está

lascado, e então lentamente olha para cima. “Podemos facilitar
isso?”
“Você não pode lubrificar a situação.”
Ela revira os olhos com a minha piada terrível. “Eu não

esperava por isso. Eu estava pronta para lidar com os sentimentos
de nossa parte, mas então você me pegou de surpresa com toda a
coisa da mudança.”
“Achei melhor explicar tudo para você, para que saiba onde
estou.”
Ela morde o lábio inferior e assente. “Não posso desistir da

minha noite com Violet e as meninas. Eles vêm para a minha casa
e nós saímos e fazemos outras coisas, e se eu morar com você,
teremos que fazer isso na sua casa.”
“Essas são as mesmas noites em que saio com os rapazes e

nunca vamos à minha casa.”
“Talvez isso deva mudar.”
“Preciso te lembrar o que aconteceu da última vez que eles

acabaram na minha casa?”
Ela consegue corar e me olhar com raiva ao mesmo tempo.

“Não quero vender minha casa imediatamente.”
“Propriedades são um investimento inteligente. Você pode

alugá-la indefinidamente.” Eu corro meus dedos por seus cabelos,
a necessidade de tocá-la é muito forte para não ceder. “Tudo o que
você precisar para se sentir segura, Charlene, você pode ter. Se
precisa de uma casa em seu próprio nome, mantenha-a. Mas não
espere que eu não compre coisas para você. Você é tudo que eu
preciso e vou te dar tudo que acho que você precisa.”
Charlene parece lutar contra um soluço enquanto envolve

seus braços em volta do meu pescoço. “Eu te amo, caso você não
tenha certeza.”
“Eu espero que sim.” Pressiono meus lábios nos dela por um
momento e então me afasto. Enfio a mão no bolso e pego o colar
que carrego comigo nos últimos dias. Fui em busca de todas as
pérolas caídas depois que sua mãe a levou para casa e as levei a
um joalheiro no dia seguinte. Peguei o colar três dias atrás e o
tenho carregado comigo desde então.
Os olhos de Charlene se suavizam, e uma lágrima solitária

desliza pelo seu rosto quando eu a seguro atrás do pescoço.
“Eu te amo mais do que você pode compreender. Vou te dar

o que você quiser, Charlene. Apenas fique comigo, deixe-me te
amar como devo, deixe-me ser exatamente o que você precisa.”
“Você já é.”
Eu a beijo, e todo o meu mundo parece se unir e desmoronar

ao mesmo tempo. Ela é tudo. Ela é todas as peças que faltam para
me fazer sentir completo.
CAPÍTULO 19
VICIO EM DOCES
CHARLENE
Darren e eu não vamos mais longe do que o balcão da

cozinha antes de estarmos nus e um sobre o outro. Sexo de
reconciliação/declaração de amor é o melhor. Não que eu queira
ter mais discussões ou separações, mas uma declaração de amor
só acontece uma vez. Toda a ansiedade e estresse da semana
passada são apagados a cada beijo e toque. Acredito em Darren
quando ele diz que nunca colocará a tampa no meu pote. Ele
sempre foi exatamente o que eu preciso, e agora que sabe sobre
todas as minhas partes boas e ruins, parece que ele é realmente
meu.
Uma hora depois, estamos estendidos no sofá da

sala. Darren está de cueca samba-canção, e eu estou vestindo a
camisa com que ele chegou. O resto de nossas roupas está
espalhada pela cozinha. Eu alcanço a tigela ao meu lado e
desembrulho um doce. Já estou relaxada, graças a todos os
orgasmos, mas estou com um pouco de fome pós-sexo, e com
preguiça de ir para a cozinha fazer um lanche. E muito confortável
estar envolvida em Darren.
Coloco o doce na minha boca e recosto contra seu peito. Atiro

a embalagem, apontando para a mesa de centro, mas não acerto,
e ela cai no chão.
Darren se abaixa e o pega, inspecionando o quadrado opaco.

“Que tipo de doce é esse?”
“É à base de ervas.” Puxo-me um pouco mais para cima para

poder beijar seu pescoço. Sua pele é salgada em contraste com a
doçura da minha boca.
Ele torce um pouco para que sua boca fique perto da minha
e funga enquanto franze a testa. “Onde você o conseguiu?”
“Minha mãe os faz.” Não costumo comer quando estou com

Darren, pois gosto do tipo de ansiedade que ele evoca em mim.
Darren curva a palma da mão ao redor do meu pescoço e

pressiona seus lábios nos meus. Quando sua língua sai, eu separo
meus lábios, permitindo que ele entre. Ele acaricia minha língua
algumas vezes antes de se afastar, ainda franzindo a testa. Ele nos
reposiciona para que possamos nos sentar. “Mostre sua língua
para mim.”
“O que?”
“Sua língua, coloque para fora.”
“Eles são um gosto adquirido”, eu murmuro, mas eu faço o

que ele pede, o doce pousando na minha língua.
Ele o coloca na boca, rolando, o que pode ser nojento, já que

está na minha boca, mas, então, ele coloca a língua lá, entre outros
lugares íntimos.
Depois de alguns segundos, ele o cospe na embalagem. “Com

que frequência você come isso?”
Eu encolho os ombros. “Eu não sei. Normalmente, alguns

por dia.”
Seus olhos se arregalam. “Alguns por dia? Há quanto tempo

você está comendo isso?”
Não entendo por que ele está tão chocado. “Eu não
sei. Minha mãe os faz desde que me lembro.” Não achei que fosse
possível seus olhos ficarem mais arregalados. “Você comia isso
quando criança?”
“Eles são calmantes.” Agora estou na defensiva sobre

isso. Eu amo esses doces.
“Uh, sim, eles são, já que eu acho que eles são feitos de
maconha.”
“Não, eles não são”, eu zombo.
“Tenho certeza que sim. Como você acha que eles tem esse
tom verde?”
“Eles são à base de ervas.”
“E a erva com que são feitos é a maconha.”
“Como você saberia disso? Você não tem permissão para

usar drogas recreativas”, eu aponto.
“Correto, mas passei tempo suficiente com o pai de Alex para

saber como a maconha cheira, já que ele é um maconheiro
crônico.” Ele não diz mais nada, possivelmente esperando que eu
processe essa informação.
Tenho que cobrir minha boca com a palma da mão, já que

sou incapaz de fechá-la. As estufas da The Harvest Co-op, também
conhecido como Rancho, passam pela minha mente, intermináveis
fileiras de lindas plantas verdes, o cheiro de gambás, a cerca de
arame farpado, como estávamos localizados no meio do nada, em
Lugar nenhum. Tudo isso de repente faz sentido.
“Puta merda”, digo por trás da minha mão enquanto a

verdade se estabelece. “Oh meu Deus. Minha mãe me transformou
em uma maconheira.”
“Talvez não haja THC8 neles”, Darren diz.
Penso em como estive esta semana, todos os doces que comi

e o quanto estive perdida e cochilando como se fosse meu
trabalho. Quantos donuts eu consumi.
Considero como fico relaxada por horas depois de comer

aqueles doces, e como eles sempre parecem aumentar aquela
sensação de formigamento em meu corpo, particularmente entre
minhas coxas quando estou nervosa. Eu tenho que me perguntar
se isso está de alguma forma relacionada.
Quase sempre como um com meu chá um pouco antes de ir

para a cama, quando estou em casa. Ainda posso dormir como os
mortos, os mortos instáveis, mesmo com todos os meus cochilos à
tarde.
Eu tiro minha mão da minha boca. “Eu sou uma

maconheira.”
“Há coisas muito piores para ser.”
“Tenho carregado isso comigo para todos os lugares. Eu os

levei em aviões, Darren! Oh meu Deus, e se eu tivesse sido
presa? Minha mãe é minha traficante!”
Então me dei conta de que Darren teve um na boca.

“Merda. Agora você tem maconha em seu sistema! E se seu teste
for positivo no próximo teste de drogas?”
“Estamos fora de temporada. Não haverá nenhum teste

obrigatório tão cedo, e eu dei, tipo, três mastigadas em um doce.”
Um pouco do desconforto se dissipa, mas ele dispara de

volta. “E se eu tivesse oferecido a Sunny e Violet? Ambas estão
grávidas!”
8
THC é a principal substância psicoativa encontrada nas plantas do gênero Cannabis.
“Você não deu nenhum a elas, deu? Ou algum dos caras?”
“Bem, não, minha mãe disse que era melhor não os

compartilhar, mas eu poderia tê-la ignorado, e então estaria
alimentando um bebê com maconha ou arruinando carreiras na
NHL!” Estou começando a me sentir tonta, embora esteja sentada.
“Eu preciso me livrar deles!”
“Uau.” Darren agarra meu braço antes que eu alcance a

tigela de doces. “Não acho uma boa ideia jogá-los fora.”
“Bem, não posso mantê-los agora que sei o que são!”
Darren me puxa de volta para seu colo. “Acalme-se, vaga-

lume.”
“Eu acho que não posso.” Merda. Estou em risco de

hiperventilar. E tudo que eu quero fazer é simultaneamente comer
todos aqueles doces e jogá-los no vaso sanitário.
Ele me beija suavemente. “Respire fundo e me escute, ok,

Charlene?”
Eu aceno e faço o que ele pede, sugando tanto oxigênio

quanto meus pulmões permitem, então expiro meu hálito de doce
de maconha em seu rosto.
“Você disse que comia isso desde que se lembra?”
“Desde que eu era adolescente, eu acho?”
Ele enfia alguns fios de cabelo atrás da minha orelha,

traçando a concha com a ponta dos dedos. Eles estão mais macios
do que o normal porque ele não está treinando tanto.
“Então, você tem comido isso todos os dias na última

década?”
Ele pega o doce descartado na mesa de centro. Tirando-o da

embalagem, ele o leva aos meus lábios. “Eu acho que você deveria
comê-lo.”
Minha boca enche de água em antecipação. “Oh Deus. Eu

sou uma viciada.”
“É só maconha, Charlene. Não é como se você tivesse

injetado heroína a vida toda, mas eu não sugeriria parar de
fumar. Pode ser uma boa ideia reduzir um pouco, no entanto.” Ele
bate em meus lábios e eu abro minha boca, permitindo que ele
coloque o doce de volta.
Sinto-me instantaneamente melhor, o que eu percebo que

não é possível.
“Ok, então me fale sobre esses doces. Sua mãe os faz desde
que você era adolescente?” Darren me reorganiza, então fico
montada em seu colo, de frente para ele.
Penso em quando tudo começou. “Antes disso. Quando

estávamos no Rancho, plantávamos toda a nossa
comida. Tínhamos estufas e havia algumas nas quais não me era
permitido entrar, mas peguei alguns vislumbres aqui e ali. A época
da colheita sempre era agitada. Minha mãe ficava fora o dia todo e
às vezes tarde da noite. Então eles faziam doces e os empacotavam,
e caminhões vinham e os levavam embora. Jesus...” Paro por um
momento, lembrando muito claramente da noite em que
escapamos. “Quando saímos do complexo, minha mãe tinha um
carro esperando por nós e tínhamos três mochilas, duas delas
cheias de doces e algum dinheiro, e a outra com minhas coisas. É
assim que sobrevivemos até ela encontrar um emprego.”
“Isso foi muito engenhoso e muito fodido.”

“Isso é loucura.” Não acredito que tenho comido balas de

maconha há anos e não sabia disso, e que minha mãe não
mencionou isso.
“Você acha que eles ainda estão fazendo aqueles

doces?” Darren pergunta.
“Sim. Definitivamente. Havia uma caixa deles na minha

varanda no meu aniversário. Achei que fosse um presente de
aniversário seu, então deixei no meu balcão e finalmente abri outro
dia. Eu ia jogá-los fora no dia do lixo, porque nunca comerei nada
do Rancho, mas ainda não tive chance. Deixe-me pegá-los.”
Eu os encontro na garagem e os trago de volta para a

sala. Darren abre a caixa e espia dentro. Os doces da minha mãe
têm um pequeno logotipo na embalagem. Eu nunca tinha pensado
em nada até notar as letras estampadas nessas embalagens
verdes. Darren desembrulha um doce, inspecionando-o.
Ele olha para mim. “Se eu estiver certo sobre isso, talvez
tenhamos encontrado uma maneira de nos livrarmos de Frank.”
CAPÍTULO 20
CAINDO
DARREN
Quando me lembro da noite em que conheci Charlene, acho

que nunca a teria imaginado como uma consumidora de maconha
que foi criada em uma comuna, mas as pessoas só deixam você ver
o que querem que você veja, até que tirem suas máscaras fora.
Ainda assim, é nesse tipo de coisa que eles baseiam os reality

shows na TV. Na verdade, se ainda não o fizeram, eu ficaria
surpreso.
“Eu deveria ligar para Robbie”, digo a Charlene.
Ela parece muito em estado de choque. Não posso dizer que

ela não tem o direito, considerando que acabou de descobrir que
anda carregando entorpecentes ilegais na forma de balas há mais
de uma década. E que sua mãe é fabricante de comestíveis de
maconha e pode muito bem ser uma traficante.
Ligo para Alex para ver se seu pai está por perto. Eles têm
visitado muito Chicago ultimamente com Sunny e Violet, ambas
grávidas.
“Sim, cara, meu pai está aqui. E aí? Tudo certo?”
“Sim, as coisas estão bem. Eu tenho algumas perguntas

para ele, no entanto. Tudo bem se Charlene e eu passarmos por
aí?” Verifico a hora. Estamos no meio da tarde.
“Você está com Charlene?”
“Estou.”
“Isso é uma boa notícia. E sim, claro que você pode vir, vocês
dois, obviamente. Miller e Sunny estão aqui com Logan, e Skye e
Sidney devem vir logo para um churrasco. Estamos todos à beira
da piscina, então traga um traje de banho.”
“Ótimo. Obrigado. Estaremos aí em breve.”
Charlene embala uma bolsa de praia com um maiô e se troca

para um vestido de verão lilás, com a minha ajuda, é claro. Ela
parece estar no piloto automático, o que não é tão
surpreendente. Levamos meu carro para a casa de Alex com a
caixa de doces do Rancho e alguns dos que sua mãe faz, para
comparação.
Violet nos encontra na porta da frente. Ela olha de mim para

Charlene e ergue uma sobrancelha. “Por favor, me diga que isso
significa que eu não tenho que parar na Krispy Kreme amanhã.”
“Chega de viagens para a Krispy Kreme”, Charlene responde

com um sorriso envergonhado.
“Estou feliz que acabou, porque estava ficando estranho. O

mesmo garoto trabalha todas as manhãs e estava começando a se
lembrar do meu pedido.” Ela esfrega sua barriga ainda quase
plana. “Então, isso significa que vocês estão oficialmente juntos
novamente?”
Charlene olha para mim, então coloco meu braço em volta

de seu ombro e a puxo para o meu lado. Ela se sente bem lá, certo,
como se ela se encaixasse. “Melhor ainda. Eu joguei a bomba A
sobre ela.”
Violet faz uma dancinha esquisita e balança as mãos no

ar. Quase parece uma criança que precisa fazer xixi. “Estava na
hora, Caralho! Todos nós sabíamos que vocês dois se amavam. Eu

diria que não entendo por que demorou tanto para descobrir, mas
considerando o quão bagunçados vocês dois são, estou feliz que
chegaram lá sem se transformar em Bonnie e Clyde e entrarem em
uma onda de assassinatos.”
“Isso ainda pode acontecer”, eu digo inexpressivo.
Violet aponta o dedo na minha cara. “Não faça isso. Lembre-

se, eu sou aquela que sabe o quão não sinistro você realmente é,
então essa cara não vai funcionar comigo. Além disso, estou
propensa a ter pesadelos nesta fase da minha gravidez, e eu
apreciaria se isso não incluísse minha melhor amiga estrelando
uma espécie de versão feminina de Dexter.”
“Foi você quem mencionou a onda de assassinatos.”
“Certo. Ok. Tópico oficialmente descartado. Entre. Alex e

Miller estão tentando ensinar Logan a usar um taco de hóquei. O
pobre garoto mal sabe andar.” Ela balança a cabeça e faz sinal para
que a sigamos até o quintal.
Logan parece mais interessado em acertar Miller nas canelas

e esmagar flores do que o disco de espuma vermelho que eles
continuam apontando, mas ele parece se divertir, se nada mais.
Sunny está reclinada em uma espreguiçadeira com Daisy e

Skye de cada lado dela. A conversa delas para quando nos notam,
e eu percebo que Charlene provavelmente não as vê desde seu
aniversário. Inclino-me e pressiono meus lábios em sua têmpora.
“Não se preocupe, vaga-lume, eles amam você exatamente

como antes, se não mais.”
Ela levanta o queixo, os olhos encontrando os meus. “Como

você acabou comigo?”
“Acredito que sua melhor amiga ficou com meu melhor

amigo, o que provavelmente não teria acontecido se Alex não
tivesse ganhado uma aposta e um quarto para si mesmo.”
“Lembro-me de Violet me contando sobre isso. Qual foi a

aposta, afinal?”
“Quem poderia dizer a palavra mais longa em um jogo de

Scrabble.”
“Sério? Eu esperava algo muito mais... interessante.”
“Foi uma longa viagem de ônibus. Estávamos

entediados. Alex ganhou a aposta. Foi impressionante.” Pressiono
um beijo em seus lábios perfeitos, prometendo a mim mesmo que
vamos nos beijar mais tarde. Por horas. Como adolescentes.
Eu recuo quando Skye e Daisy chegam até Charlene. Sunny

ainda está tentando se sentar. Ela parece estar realmente grávida
atualmente.
“Darren!” Robbie me leva até onde ele e Sidney estão

sentados na sombra, vendo seus filhos serem pais.
“Eles estão começando cedo, hein?” Aceno para Alex e Miller.
“Tenho certeza de que Miller acha que Logan será convocado

quando estiver na pré-escola”, Sidney diz com um sorriso.
Alex faz uma pausa antes de levar um taco de hóquei nas

canelas para pegar uma cerveja para mim. “Tudo certo?” Ele olha
para Charlene, que está encurralada em um canto com Sunny,
Violet e as mães.
“Com Charlene? Sim. Nós resolvemos tudo. Só precisei tirar

minha cabeça da bunda para fazer isso acontecer.”
“Isso é bom. Violet estava preocupada com vocês dois esta

semana.”
“Eu também, mas acho que resolvemos tudo. Ela concordou

em morar comigo, o que considero um bom sinal.”
As sobrancelhas de Alex se erguem. “Uau, isso é um grande

passo.”
Eu aceno e balanço em meus calcanhares. “Sim. Já era hora,

certo?”
Ele ri. “É realmente.”
“Obrigado por ficar comigo. Sei que não sou a pessoa mais
fácil de entender, mas não acho que Charlene e eu estaríamos onde
estamos se não fosse por você.”
“Eu realmente não fiz nada, exceto te dar alguns conselhos.”
“Você fez muito mais do que isso, Alex. Ver você e Vi

crescerem juntos, ser parte desta família...” aponto para o quintal
dele, cheio de pessoas que Charlene e eu nos importamos. “Foi
assim que descobri como amar Charlene. Então sim,
obrigado.” Jesus. Eu pareço um idiota.
Alex franze a testa, as sobrancelhas puxando-as para baixo,

e pisca repetidamente antes de me dar um tapinha no ombro. “Vou
abraçar você agora, então não me dê um soco.”
Eu sorrio, mas o som fica preso na minha garganta com um

monte de outras emoções quando ele realmente me puxa para um
abraço. Alex me dá um tapa nas costas algumas vezes, no entanto,
apenas para manter isso viril.
***
Por fim, consigo conversar com Robbie sobre os doces de

erva. Quero ter certeza de que estou certo sobre os doces do
Rancho, ou The Harvest Co-op, como está escrito na embalagem,
antes de chamar a polícia. Também quero verificar se os doces que
a mãe de Charlene faz são iguais e se podemos mantê-la fora disso.
Claro que Robbie está muito feliz em verificar o estoque. Ele

abre a caixa de doces, quase tonto, e pega um. Sua expressão fica
séria. “Onde você disse que conseguiu isso?”
“Acho que alguém do trailer os deixou na porta de Charlene

no dia da festa.”
“Charlene saberia de onde eles conseguiram isso?”
“São eles que produzem, de acordo com Char.”
“Sério?” Os olhos de Robbie se iluminam e ele chama

Charlene.
Isso faz com que todo o grupo se reúna em torno dos dois
enquanto ela explica o que aconteceu quando ela crescia no THC,
a sigla agora faz muito mais sentido. Robbie ouve extasiado, assim
como todo mundo.
“Isso tudo é muito interessante”, ele murmura quando ela

termina de explicar o que costumava acontecer no THC. “E quantos
anos você tinha quando você e sua mãe foram embora?”
“Eu tinha quatorze anos e meio.” Charlene morde o lábio

inferior. “Minha mãe levou alguns sacos de doces com ela. Acho
que talvez ela os tenha vendido e eu comecei a comê-los, mas não
tenho certeza se são como os que minha mãe faz.”
Robbie se anima. “Faz? Ela ainda faz?”
“Humm. sim. Ela os envia para mim todos os meses. Eu não

sabia que eram balas de maconha. Ela disse que eram à base de
ervas, e eu pensei que era mais como um remédio para tosse, mas
aparentemente sou uma maconheira, então...” Ela para de divagar
e olha ao redor do grupo, com as bochechas vermelhas.
“Não há nada de errado em ser maconheiro.” Robbie sorri.

“A menos que você seja um jogador profissional de hóquei. Então
você tem que esperar até se aposentar para desfrutar desse tipo de
relaxamento.” Ele bate no braço da cadeira. “Você não teria um dos
doces que sua mãe faz, não é?”
“Hum, claro. Eu tenho um pouco na minha bolsa.” Charlene

remexe em sua bolsa e pega um punhado de doces. “Estes são do
último lote, então podem estar um pouco obsoletos.”
Robbie desembrulha um feito por Whensday e um do THC e

os coloca lado a lado na mesa, inspecionando-os de perto. “Muito
curioso”, ele murmura.
“O que é curioso?” Charlene se inclina para olhar mais de

perto.
“Veja como a coloração é ligeiramente diferente.”
“Mmm-hmm, os que minha mãe faz são mais verdes.”
“Pode ser uma questão de pureza.” Ele coloca o feito por

Whensday em sua boca.
“Robbie! O que você está fazendo?” Daisy pergunta.
“Pesquisa, querida.” Ele sorri. “Tenho algumas teorias sobre

esses doces e devo saber em cerca de quarenta e cinco minutos se
estão corretos ou não.”
“Qual é a teoria?” Charlene pergunta.
“Há pouco mais de vinte e cinco anos, quando assumi o

cargo na MJ Labs, a popularidade dos itens comestíveis estava
crescendo. Havia uma empresa que estávamos lutando para
localizar que começou a produzir doces muito parecidos com o que

estou comendo. Eles monopolizaram o mercado, mas não
sabíamos de onde vinham e não podíamos rastrear o fornecedor. A
receita era perfeita, o equilíbrio perfeito para induzir relaxamento,
mas mantinha a produtividade. Não importa o quanto os
estudávamos, não poderíamos replicar a receita. Então, há pouco
mais de dez anos, a qualidade começou a diminuir. Algo mudou na
produção e não conseguimos descobrir. Posso ter a resposta
agora.”
“E qual é?” Eu pergunto.
“A saída da mãe de Charlene é o motivo da perda de

qualidade. Acho que ela pode muito bem ter sido a pioneira no que
há de mais moderno em doces comestíveis.”
Quarenta e cinco minutos depois, Robbie está bastante

convencido de que é esse o caso. E com base em seu sorriso
ridículo e na cobiçada tigela de batatas fritas que ele enfiou na
cara, acho que Charlene desenvolveu uma tolerância bastante
grande para eles.
Ele diz que precisa fazer mais alguns testes para ter certeza
de que está correto e gostaria de trazer os doces de volta ao
laboratório no Canadá para poder compará-los, mas parece que
Frank está financiando a cooperativa por meio da fabricação ilegal
de maconha.
CAPÍTULO 21
VIDA DO OUTRO LADO
DARREN
Bastou uma denúncia anônima, fiz a ligação porque

Charlene não teve coragem de fazer isso, e toda a operação de
Frank desmoronou. A mídia falava do THC como cães
raivosos. Charlene não aguentou assistir a nada. Parte disso tinha
a ver com as memórias, mas ela se preocupava muito com as
garotas com quem tinha crescido e como elas lidariam com o fato
de serem empurradas para um mundo que mudou tão
radicalmente enquanto o delas permaneceu estreito e isolado.
Aprendi muito sobre como Charlene lidou com a fuga delas

e como a internet e o trabalho de sua mãe formaram a base de sua
educação sexual, o que explica praticamente tudo sobre suas
travessuras no quarto.
Eu não suportei ver Charlene chateada, então puxei alguns

cordões e criei um fundo anônimo para ajudar as senhoras de
roupa bege a se reintegrarem na sociedade. Conseguimos garantir
um alojamento onde todas pudessem permanecer juntas, se isso
fosse o que desejassem. Sem surpresa, a maioria delas optou por
trabalhar em uma estufa local.
A mãe de Charlene decidiu não participar do reality

show Momma Domme, obrigado, porra, e em vez disso ela assumiu
um papel de consultoria externa no Laboratório de Robbie, que
paga bem o suficiente para que ela decidisse que se aposentaria de
ser Dominadora de carreira, exceto por alguns clientes favoritos,

de qualquer maneira.
Mas as melhores notícias vieram no final de junho, bem,

foram as melhores notícias para mim, mas não para King, nosso
goleiro, que acabou negociado na convocação de expansão. Isso
significa que tenho mais dois anos no Chicago e então veremos o
que acontece depois disso. Não tirarei Charlene de Chicago ou das
pessoas que ela ama, então, se eles não renovarem meu contrato,
vou me aposentar. Alex sabe disso, meu agente sabe disso e, o mais
importante, Charlene sabe disso.
Subo os degraus até a porta da frente e digito o código, tendo

acabado de terminar um treino matinal com Alex. Nos
encontraremos novamente no final da tarde para um churrasco em
sua casa.
“Charlene? Estou em casa!” Eu sorrio um pouco. O cheiro de

carro novo não passou, e sigo dizendo isso desde que ela se mudou.
Espero sua resposta, mas tudo que consigo é silêncio. O

carro dela está na garagem, seu carro novo, aquele que comprei
para ela como presente de mudança, então ela tem que estar por
aqui em algum lugar. Excessivo? Talvez, mas é um bom carro, e
ela merece coisas boas por aguentar minhas merdas diariamente.
Largo minha bolsa de hóquei na porta da lavanderia e vou

para a sala de estar. Às vezes, ela ouve música enquanto lê ou
trabalha em sua cadeira, mas ela não está lá. Encontro-a na
cozinha, ela está usando fones de ouvido, concentrada em alguma
coisa.
Puxo um dos fones e ela se assusta, quase caindo do banco.
“Você sabe que temos um sistema de som na casa

inteira. Você poderia salvar sua audição e alguns ataques
cardíacos se usasse isso para ouvir...” levo o fone ao ouvido para

ouvir a melodia. “Madonna?”
Ela arranca o fone de ouvido de mim. “É retrô.”
Eu sorrio para suas bochechas rosadas e examino o balcão.

“O que é tudo isso?” A superfície está coberta por vários doces e
caixas de Rolinhos de Frutas. Talvez ela esteja sem seu estoque de
doces e está com fome ou algo assim.
Charlene bate palmas com entusiasmo. “Achei que

poderíamos tentar algo novo!”
Levanto uma sobrancelha. Desde que se mudou, Charlene

começou a puxar a caixa de brinquedos Achei que poderia gostar,
mas mudei de ideia. Cinquenta por cento das vezes ela decide que
ainda não mudou de ideia, mas a outra metade... bem, vamos
apenas dizer que foi uma transição estimulante.
Aponto para a variedade de doces. “Você quer um alto teor

de açúcar antes de fazermos sexo?”
Ela franze os lábios, depois os lambe enquanto seus olhos se

movem rapidamente. Ela endireita os ombros, aparentemente
encontrando sua determinação. Isso deve ser interessante.
“Não. Pensei que talvez pudéssemos brincar de nos vestir.”
Olho para ela e depois para o balcão, tentando descobrir do

que diabos ela está falando. “Eu não entendo. O que vamos
vestindo?”
“Seu pau.” Sua língua atinge o céu da boca quando ela diz
pau, propositalmente fazendo soar líquido. Então, é claro que o
meu endurece, até que seu significado finalmente seja registrado.
“Não.”
Ela faz beicinho. “Vamos lá, pode ser divertido!”

Cruzo meus braços sobre meu peito. “Absolutamente, não,

porra.”
Ela abre a boca, provavelmente para discutir seu caso, mas

eu levanto a mão para impedi-la. “Eu não dou a mínima se Alex
deixa Violet castrar seu pau com fantasias. Isso é coisa deles. Não
será a nossa.”
“Mas eu trabalhei tão duro nisso.” Ela segura o que parece

ser uma espécie de capa.
Já ouvi falar, não porque quero esse tipo de informação, mas

porque às vezes Charlene compartilha coisas que provavelmente
não deveria comigo. Aparentemente, morar junto me
dá privilégios extras de informação. Eu ficaria bem sem essas
informações, mas, às vezes, Charlene fala antes de dormir.
Conforme observo a variedade de designs de capa, eu

admito, na minha cabeça e nunca em voz alta, que ela tem sido
muito criativa. “Ainda é um não.”
Ela morde o lábio, claramente tentando encontrar uma

maneira de me convencer a deixá-la vestir meu pau como um
maldito super-herói. Seus olhos se iluminam e um sorriso tímido
aparece. “Vou deixar você me amarrar.
Por meio segundo fico animado com essa perspectiva, e

então levanto uma sobrancelha. “Não, você não vai.”
Ela passa a mão no meu peito. “Com as fitas de cetim

amarelas.”
Por mais atraente que sua oferta possa parecer, eu conheço

Charlene. “Vou amarrar um pulso à cama e você vai mudar de ideia
como da última vez.” Ela ficou tão fofa e ansiosa pra caramba
quando liberei aquele pulso. Levei cerca de trinta segundos para
fazê-la gozar. Eu também ganhei um belo boquete como concessão.
“Não vou mudar de ideia desta vez, eu prometo.” Ela abre as

pernas e me puxa entre elas.
Ela realmente não quer desistir disso, aparentemente.
“Ok”, eu admito. “Consigo usar as fitas de cetim

amarelas. Então você pode vestir meu pau com uma fantasia
comestível.”
Suas sobrancelhas se juntam e eu luto contra um

sorriso. Isso claramente não está indo da maneira que ela
esperava.
“Nós temos um acordo?”
Ela bufa. “E quanto ao anal?”
Eu zombo. “Baby, você me ama na sua bunda. Se vou deixar

você fazer o meu pau de idiota, é melhor eu receber algo fenomenal
em troca.”
Ela mastiga o interior do lábio e começa a soltar os botões

da minha camisa. Seus joelhos pressionam contra a parte externa
das minhas pernas. “Que tal anal contra a janela da sala da
frente?”
Gosto de tudo nessa ideia, exceto que os paisagistas estão

aqui. Normalmente, a questão toda é a ilusão de uma audiência,
mas tenho um problema com isso hoje. “Não.”
“Não?” Ela inclina a cabeça para o lado, me olhando com

curiosidade. “Por que não? Os paisagistas estão trabalhando no
jardim logo abaixo da janela, não estão? Você ama aquilo.”
Ela pula do banquinho antes que eu possa impedi-la e corre

para a sala da frente, tirando a camisa enquanto caminha. Eu sigo
atrás dela, seu sutiã bate no meu peito e caindo no chão.
Charlene dá risadinhas enquanto olha por cima do ombro e

puxa o short e a calcinha para baixo, chutando-os.
“Você não está jogando limpo, vaga-lume.”
“Diz o homem que gosta de me fazer esperar o dia todo por

um orgasmo.” Ela mexe sua bunda e bate as palmas das mãos
contra o vidro, fazendo com que os paisagistas olhem para
cima. Foi quando o motivo pelo qual disse não se tornou óbvio.
A empresa que faz meu paisagismo contratou um novo

garoto. Ele está entre seus vinte e poucos anos e usa mangas
compridas.
Ela se vira, com um sorriso divertido, e coloca os polegares

sobre o ombro. “Então está tudo bem quando são os Ramsbottoms
e seu poodle vagando, ou o antigo Bob, mas esse novo cara é um
problema?”
“Você não olhará para ele enquanto estou fodendo você.”
“Você acha que vou dar uma olhada nele?”
“Eu vi a maneira como você olha meu tatuador. Esse garoto

parece quase o mesmo, exceto que é menos inteligente.”
“Eu estava tentando descobrir o desenho em seu braço, não

estava verificando-o.”
“Ainda é não.”
Ela joga as mãos no ar. “Oh vamos lá! Pare de ser tão difícil.”
Sorrio e enfio meus dedos em seus cabelos. “Sou sempre

difícil.” Eu roço meus lábios nos dela. “Eu aprecio sua criatividade,
mas você já possui minhas bolas. Você não enfeitará o meu pau.”
“Estou tentando ser divertida, Darren.” Ela faz beicinho. É

fofo. E ela obviamente já está agitada, considerando a maneira
como ela está esfregando as coxas.
“Fique bem aqui e não se mova.”
Volto para a cozinha e pego um dos bancos do bar. Charlene

está exatamente onde a deixei quando volto, rolando suas pérolas
sobre os lábios. Dou a ela um olhar sombrio enquanto coloco o
banquinho na frente da janela e estendo a mão. “Sente-se,
Charlene.”
Ela solta as pérolas e desliza a palma da mão na minha,

permitindo-me guiá-la até o banquinho onde ela ficará sentada, de
frente para o jardim. Os paisagistas estão trabalhando nos
arbustos à direita. Eu ajusto sua posição para que sua bunda fique
pendurada na borda e eu tenha o acesso de que preciso.
“Mãos na janela”, eu sussurro em seu ouvido.
Ela obedece, então coloca as palmas das mãos no vidro.
Eu deslizo a palma da mão sob seu queixo e inclino sua

cabeça para trás para que ela tenha que olhar para mim. Corro
minha outra mão por sua espinha e entre suas coxas para
circundar sua entrada.
Curvo-me para tocar meus lábios nos dela. “As mãos ficam
na janela e os olhos nos meus ou eu paro.”
“Ok.” Ela balança a cabeça e arqueia as costas,

provavelmente tentando fazer com que eu a toque. Que pena que
não estou com pressa de fazê-la gozar. Passo os próximos dez
minutos fazendo oitos dolorosamente lentos em torno de seu
clitóris e entrada, mas não penetrando. Eu sei exatamente o
momento de recuar para que ela não ultrapasse o limite.
“Darren”, ela lamenta e levanta a mão direita da janela.

“Mãos, vaga-lume. As suas, ficam onde estão, se quiser que

as minhas fiquem onde estão.”
Ela geme e bate a palma da mão contra a janela. Os

paisagistas mudaram neste ponto, mas ela não sabe disso.
Volto a fazer oitos em torno de seu clitóris. “É uma coisa boa

o piso ser de madeira. Você está fazendo uma bagunça e tanto
agora.” Ela está pingando em meus dedos.
“Você é tão mal”, ela resmunga.
Sorrio. “Não era você quem queria jogar?”
“Eu não esperava uma tortura do orgasmo”, ela retruca.
É nesse momento que empurro dois dedos dentro dela,

encontro o ponto ideal e começo a bombear, forte e rápido. Ela não
consegue manter as mãos na janela e, por um segundo, penso em
parar novamente, mas vamos passar a tarde com amigos e não a
quero chateada comigo. Então eu continuo bombeando, e ela
começa a gozar. Charlene se agarra ao meu braço, as unhas
cravando enquanto sua boca se abre e um gemido baixo borbulha.
Abaixo minha boca na dela. “É bom?”
“Oh meu Deus, sim.” O S se prolonga, longo e baixo. E ainda

assim, eu continuo bombeando, e ela continua gozando.
Eu poderia tê-la assim, mas a quero enrolada em volta de

mim, então eu giro o banquinho e me atrapalho com o botão do
meu jeans. Abaixando o zíper, eu liberto meu pau, separo suas
pernas, me alinho e empurro para dentro.
“Vamos terminar isso lá em cima para que eu possa te foder

como te amo.”
“O que você quiser, Darren.”

“E você não enfeitará o meu pau. Nunca.” Agarro sua bunda

e a levanto.
Seus lábios encontram o canto do meu queixo enquanto eu

subo as escadas. Quando ela chega a minha orelha, ela sussurra:
“Você tem que dormir algum dia.”
Eu sorrio ameaçadoramente enquanto me estico em cima

dela em nossa cama e aperto meus quadris nos dela. “Acho que
você esqueceu quem é o dorminhoco entre nós dois.”
Seus olhos brilham e ela começa a tremer novamente,

provavelmente uma combinação do aumento repentino da
incerteza e da moagem. Eu mergulho e pressiono meus lábios nos
dela. “Eu te amo, pequeno vaga-lume.”
“Eu também te amo.”
“Não se esqueça disso quando você acordar amarrada à

cama um dia, em breve.”
Outro orgasmo destruidor de nervos rouba seu

fôlego. Espero até que ela desça novamente antes de beijá-la e
amá-la, provocá-la e atormentá-la, e amá-la um pouco mais.
EPÍLOGO
VAGA-LUME PARA SEMPRE
DARREN
Um verão depois
“Alguém cheira como se precisasse de uma mudança de

fralda!” Sunny torce o nariz e passa o bebê Lane para Miller. “É a
sua vez desta vez.”
“Você tem que ficar de olho em Logan e se certificar de que

ele não está alimentando Wiener com todas as salsichas do
coquetel ou teremos problemas maiores do que este fedorento
aqui.” Miller segura o bebê gritando com o braço estendido, seu
rosto contorcido em uma careta. “Acho que é a sopa de brócolis
que faz isso com ele.” Ele se dirige para a cabana.
“Logan!” Sunny chama, e eu sigo seu olhar para a mesa de

comida montada a cerca de seis metros de distância.
Seu filho está realmente dando coquetel de salsichas para

Wiener. Ele puxa a guloseima toda vez que Wiener se aproxima,
então o cachorro tem que pular para eles, fazendo suas orelhas
baterem e Logan explodir em um ataque de risos. É fofo, mas se o
cachorro receber a comida comum, a casa vai cheirar a peido podre
de cachorro pelo resto do fim de semana.
“Vou levar Liam; você lida com Logan”, eu ofereço. Acontece

que o motivo pelo qual Sunny parecia tão grávida no final da
temporada passada era porque ela estava incubando dois bebês
em vez de um.
Sunny olha de Logan para a criança se contorcendo em seus

braços e para mim.
“Eu posso lidar com isso”, asseguro-lhe.
Antes de todos os meus companheiros terem bebês, eu não

tive muita proximidade, mas quando seu melhor amigo tem um
filho, meio que força você a descobrir como se tornar um tio
honorário. Posso não ser cem por cento natural com crianças, mas
posso definitivamente cuidar de um por alguns minutos sem que o
mundo acabe.
Sunny passa o garotinho para mim. “Obrigada. Eu volto já!”
“Não tenha pressa.” Ele está meio dormindo, ou pelo menos

ele está até sair dos braços de sua mãe e ficar nos meus. “Como
vai, amigo?”
Ele grita coisas sem sentido na minha cara e grita para

encontrar sua mãe.
“Ela estará de volta. Sunny está lidando com seu irmão mais
velho. Ele não está fazendo nada de bom lá.” Não tenho ideia do
quanto ele entende, mas seus pequenos punhos se erguem,
pegando meus óculos de sol.
Eu encontro uma espreguiçadeira e reorganizo Liam para

que ele fique esticado no meu colo, os pés empurrando no meu
abdômen.
“Olhe para vocês.” Charlene sorri enquanto atravessa o

gramado, com uma cerveja em uma mão e algum tipo de bebida
feminina na outra. Ela se joga na cadeira ao lado da minha e pega
seu telefone, tirando um monte de fotos. “É melhor você ter

cuidado, Sr. Westinghouse.”
“Por que isso?” Faço cócegas na sola dos pés de Liam, e ele
começa a rir.
“Quase parece que você está gostando disso. As pessoas vão

começar a perguntar quando você vai me engravidar.”
“Avise-me quando estiver pronta para isso e podemos entrar

no movimento do bebê.”
Ela ri, mas sua expressão muda para contemplativa. “Você

está falando sério?”
“Eu quero o que você quiser, Charlene. Você sabe

disso.” Faço cócegas em sua barriguinha, e ele ri de novo e depois
peida. Não parece seco. “Oh, você acabou de fazer isso, não é? Acho
melhor trocar com Miller.” Inclino-me para dar um beijo rápido em
Charlene. “Estarei de volta em alguns minutos.”
Ela agarra a frente da minha camisa, mantendo nossos

lábios unidos por tempo suficiente para ela colocar a língua na
minha boca por um ou dois golpes antes de puxar para trás. “Eu
te amo.”
“E eu te amo, vaga-lume.” Beijo a ponta de seu nariz e ela

solta minha camisa. Levo Liam para a cabana e encontro Violet no
caminho.
Ela está embalando um bebê de aparência sonolenta,

Robbie. Ela levanta uma sobrancelha quando me vê segurando
Liam com o braço esticado. Ele definitivamente fez cocô nas calças,
e o cheiro está piorando, não melhorando.
Violet está toda sorridente. Presumo que seja porque estou

segurando-o como se ele fosse uma bomba nuclear, não uma
criança, mas se a fralda começar a vazar, não quero pegar a

porcaria dele, muito obrigado.
“Melhor não deixar Charlene ver você com Liam.”
“Por que não?”
“Porque é uma central de bebês aqui, e é apenas uma

questão de tempo antes que o relógio do ovário dela comece a
funcionar.”
“Oh, bem, nada com que se preocupar. Ela já me viu, e eu já

disse a ela que ficaria feliz em engravidá-la quando ela estiver
pronta.”
Liam solta outro peido e Violet e eu fazemos uma careta um

para o outro.
“Vamos lá”, ela diz. “Vamos cuidar disso antes que ele
exploda por todos os lados.”
Sigo-a pelo corredor até o quarto de Robbie, que fica ao lado

do dela e do de Alex. Ela dá um tapinha no trocador e eu deito
Liam. Ele começou a gritar, provavelmente está irritado porque
está marinando em sua própria merda. Violet coloca Robbie em seu
berço e eu recuo.
“Oh não, isso é com você.” Ela faz um gesto de mim para
Liam.
“O que? Eu não posso...”
“Sério, Darren? É cocô. Se você engravidar minha melhor

amiga, você vai precisar aprender a fazer isso. É melhor começar
agora. Não se preocupe. Eu vou te guiar.” Ela me dá um tapinha
no ombro.
Eu olho para ela.

“Você não me assusta, Westinghouse. Lide com o cocô.”
Eu suspiro. Mas acho que ela tem razão. Se Charlene decidir

que quer ter filhos, terei que trocar algumas fraldas com cocô ao
longo do caminho. Eu retiro o macacão que diz iPood9,
ironicamente.
“Ok, vamos deixar os lenços prontos. Liam é famoso por suas

explosões no bumbum, não é, amigo?” Violet murmura para ele, e
ele sorri e bate palmas.
Preparo os lenços e olho para Violet. “Qual o próximo passo?”
“É hora de sujar as mãos. Ok, você vai puxar as abas da

fralda, e o truque é deslizar a parte superior da fralda para baixo
e, em seguida, agarrar os tornozelos de Liam e levantá-los antes
que ele possa enfiar o pé na sujeira. Entendeu?”
“Acho que sim?” Sigo suas instruções e engasgo um pouco

quando tenho um vislumbre do dano. Violet me mostra como
limpá-lo, o que é só... malditamente desagradável. Liam parece
achar hilário, no entanto.
Violet sorri enquanto eu vou para o lenço número cinquenta.

“Você trouxe o anel neste fim de semana?”
“Sim.”
“Você vai desistir de novo?”
Estou com o anel há alguns meses. “Estou esperando a hora

certa. Não quero empurrar Charlene para algo para o qual ela não
está pronta.”
“Seriamente? Se ela não correu gritando com a oferta de você

engravidá-la, tenho certeza de que significa que ela está
pronta. Além disso, ouvi que Randy está olhando anéis e ele e Lily
9
Ipood - Fiz cocô.
são os cofundadores da Brigada Anti-Casamento. Se você propor

primeiro, significa que terá direitos nas datas do casamento.”
“Você acha que Randy vai comprar um anel para Lily?”
“Certifique-se de que o pênis dele esteja apontando para

baixo”, Violet instrui enquanto eu deslizo a fralda limpa sob a
bunda de Liam. Ela me cutuca para fora do caminho e termina.
“Acho que o que as pessoas querem pode mudar com o tempo e
perspectiva. Você e Char são um exemplo perfeito disso. Todos nós
podemos sair esta noite, se você quiser. É para ser legal. Sempre
há vaga-lumes perto da água quando o sol se põe.”
Eu penso nisso. “Você realmente acha que ela vai dizer sim?”
Violet fecha as abas e pega Liam, dando tapinhas em sua

bundinha fresca. “Quando conheci Charlene, ela não saia com um
cara por mais de três semanas. Ela nunca se acomodou e não
estava interessada em namorados de longa data, o que,
considerando o que ela passou, não é uma grande surpresa. Mas
tudo mudou com você, Darren. Se você perguntar, ela dirá sim.”
“Ok.” Eu aceno, resoluto.
Ela sorri e dá um tapinha na minha bochecha. “Agora vá

lavar as mãos para que não fiquem cobertas de resíduos de cocô e
talvez seu rosto também.”
***
Às 19h horas, Alex e Violet ainda não reapareceram depois

de colocar Robbie na cama. Tenho minhas dúvidas de que Sunny
e Miller estarão de volta, já que os gêmeos estavam agitados no
jantar. Lily e Randy provavelmente estão fazendo o que Lily e
Randy fazem de melhor, e com Poppy nos primeiros estágios da

gravidez, onde tudo o que parece querer fazer é tirar uma soneca,
ela pode estar pronta durante a noite também.
Não tenho certeza se Violet teve que se esforçar tanto para

dar a mim e a Charlene um pouco de privacidade.
Charlene se aconchega ao meu lado na espreguiçadeira, e

vemos o sol desaparecer atrás das árvores no deck do lado de fora
do nosso quarto. “Lembra-se de quando costumávamos ficar
acordados até as três da manhã e beber até morrer?”
“Eu certamente lembro. Minha parte favorita era sempre

fazer você subir para o quarto no final da noite. Você é uma
aventura no quarto quando está bêbada.” Corro meu nariz em sua
têmpora e beijo sua bochecha.
“Sempre entrei nisso com a melhor das intenções.”
Posso senti-la sorrindo. “Vamos tentar todas as coisas!” Eu

imito sua voz.
“Eu não soo assim quando estou bêbada!”
“Você é, e eu amo isso. Você é adorável quando está tentando

ser um pequeno vaga-lume.” Sorrio. “Nós podemos tomar doses se
você quiser pirar.”
Charlene bufa. “Acho que vou passar. Esses bebês são como
galos ao amanhecer. Não consigo me imaginar cuidando de uma
ressaca e lidando com toda essa loucura.” Ela faz um gesto ao ouvir
os sons vindos de dentro da cabana.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, desfrutando da paz

e do silêncio, exceto pela explosão ocasional de choro vindo de um
dos quartos, pelo menos.
“Alex disse que a casa ao lado está à venda.”

Charlene se mexe para que possa olhar para mim. “Você

quer comprar.”
Não é uma pergunta.
“Este lugar não aguentará todos nós por muito mais tempo.”
“Não com a maneira como Sunny e Miller continuam criando

o futuro recrutamento da NHL”, Charlene concorda.
Sunny está atualmente grávida do bebê número quatro e

muito determinada a ter uma menina. Com base na natureza
competitiva de Alex, tenho certeza de que ele e Violet tentarão o
bebê número dois em breve. Até Randy parece estar animado com
a ideia de ter uma família. Embora eu ache que é muito mais fácil
imaginar isso quando você está cercado por seus companheiros de
equipe, que são essencialmente sua família. Que é algo que
comecei a fazer recentemente.
“Pode ser bom ter uma segunda casa de campo para as

reuniões de verão, especialmente porque meu contrato expira no
final da próxima temporada.”
“O Chicago pode renovar.”
“Talvez, mas se o fizerem, acho que será por um ano de cada

vez.” Fico olhando para o lago, considerando todas as opções para
o nosso futuro. Charlene e eu conversamos sobre isso com
frequência no ano passado, o que farei quando meu contrato com
o Chicago terminar. “Não sei se quero jogar sem Alex.”
Charlene beija a ponta do meu queixo. “Você é um molenga

sentimental.”
“Eu sou pragmático.”
“Você pode chamar assim se te ajudar a se sentir melhor

sobre isso. Não há vergonha na lealdade.”
“Tenho certeza de que ele se aposentará no final da próxima

temporada.”
“Ele tem muito a perder agora.”
“Ele tem. Ele entrará no elenco esportivo e posso tentar ser

técnico, e podemos ficar aqui, onde estão todas as pessoas
importantes.” Eles são uma parte importante de nossas vidas, a
estabilidade de que ambos precisamos, o bom exemplo de como
uma família deve ser que nenhum de nós teve quando crescemos.
“Não gosto de pensar em nenhum dos caras sendo

negociado”, Charlene diz suavemente.
“Eu sei.” Pressiono meus lábios em sua têmpora. A ideia de

alguém não estar aqui é difícil de entender, mas é uma realidade
que todos teremos de enfrentar. “Todos eles estarão de volta
eventualmente. Chicago é o lar.”
“Espero que você esteja certo.”
“Eu acho que estou.”
O som de bebês finalmente se acomodando dá lugar aos

grilos. Estou nervoso agora, muito nervoso, pois essa coisa que
quero perguntar a ela faz minha garganta apertar e minhas mãos
úmidas. Acho que estamos no lugar que precisamos estar.
“Oh!” Charlene se senta e aponta para a escuridão. “Vaga-

lumes.” Aproveito a oportunidade pelo que é e me levanto,
estendendo a mão para ela. “Vamos pegar um.”
Descemos as escadas e cruzamos até a praia, onde está mais

escuro. Charlene está imóvel, seus olhos examinando a noite
escura em busca de um minúsculo brilho verde. Quando ela o vê,
ela pula e bate palmas em torno dele.
“Você pegou ele?”

“Eu não sei.”
Venho por trás dela, abaixando-me para descansar meu

queixo em seu ombro, e esperamos, pacientes e quietos para ver se
suas palmas se iluminam.
“Acho que o perdi”, ela sussurra quando parece estar

demorando muito.
“Apenas espere.” Deslizo um braço em volta da sua cintura

e beijo seu pescoço. E com certeza, um minuto depois, suas palmas
brilham verdes na noite escura. Ela os abre imediatamente, e o
vaga-lume sobe no ar, dando-me a oportunidade de que preciso.
Bato palmas em volta do ar vazio. “Acho que consegui

alguma coisa”, sussurro.
Seguro minhas mãos entrelaçadas na frente dela,

levantando-a de cima para revelar a pequena caixa de veludo.
“O que é isso?” Charlene se esforça para ver o que está em

minha mão na escuridão.
Eu abro a tampa, a luz da lua reflete sobre o anel, fazendo-o

brilhar quando eu viro para ficar na frente dela.
Ela levanta seu olhar enorme e incerto para encontrar o meu.

“Darren?”
Na minha cabeça, já fiz isso um milhão de vezes, pratiquei

todas as palavras que quero dizer a ela. Caio de joelhos na areia,
esperando ter entendido direito, que a conheço tão bem quanto
penso que conheço.
“Nunca fecharei seu pote, Charlene. Eu te amo demais para

fazer isso. Eu sei que já tenho você de todas as maneiras que
contam, mas eu quero isso com você. Quero seu fogo e sua
suavidade, sua inocência e sua aventura. Quero amar, protegê-la

e cuidar de você, exatamente como você faz comigo. Eu quero ver
você brilhar todos os dias pelo resto da minha vida. Diga que você
vai se casar comigo. Seja o único para sempre que eu preciso. Por
favor.”
Os dedos de Charlene sobem para os lábios e depois caem

para as pérolas. Seus olhos são suaves e vidrados quando ela pega
meu rosto entre as mãos e se inclina para me beijar.
“Claro que vou casar-me com você. Você é meu único para
sempre.”
FIM

Série Pucked Vol.06 - Pucked Love - Helena Hunting

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HELENA HUNTING PUCKED #6

HELENA HUNTING PUCKED #6

Tradução: Maria Clara

Revisão: Faby Pride

Como jogador da NHL, relacionamentos

Até Charlene. Ela é como um

Eu a peguei. E por mais que queira

Mas, à medida que segredos ocultos nos

Estamos todos quebrados. Estamos todos

Para os meus leitores da Série Pucked: este é como ler sem

Eu sopro na palma da minha mão para verificar o meu

Darren Westinghouse vai me buscar para um café. O Darren

Minhas mãos estão suadas e minha calcinha está

“É apenas café”, eu repreendo minha virilha.

Mas ela não parece se importar. Ela está se preparando para

Eu me apresentei a Darren quando fui com minha melhor

Hoje estou usando um gloss brilhante que tem gosto de

Eu verifico a hora. São 09h49 da manhã. Ele virá me buscar

Aprendi que é melhor dar às pessoas os fatos mais básicos

“Ele está aqui!” Eu sussurro-grito para ninguém. Ou talvez

Ainda não estou adequadamente preparada para a visão

Darren está de jeans e camisa de mangas compridas, tão

Um meio sorriso aparece em sua boca e rapidamente se

“Oi.” É quase um gemido ofegante.

Tenho arrepios abaixo da cintura com essas duas palavras.

“Oi.” Estou me repetindo. Não é suave.

“Cheguei um pouco adiantado”, ele diz. “Espero que esteja

Eu saio do meu torpor induzido por Darren. “Sim! Sim

Coloco o meu casaco com a ajuda de Darren, tão cortês, pego

Darren é muito educado, abrindo a porta do passageiro e me

Fico um pouco surpresa quando Darren entra em um

em mente quando ele propôs um encontro para o café. Achei que

“Achei que poderíamos ir ao parque.”

“Ah, com certeza. Isso seria ótimo”, eu digo. Os parques

Assim que tomamos nossos cafés, Darren dirige até a

Darren é um cara quieto, então eu acabo falando a maior

Depois de uma hora ou mais, durante a qual meu estômago

Inclino-me para aquele toque, desejando que ele se incline

“Eu gostaria de beijar você”, ele diz.

“Eu tenho hálito de café.”

“Assim como eu.”

Considero oferecer a ele uma bala, mas decido que não me

Seu sorriso é suave e caloroso, em contraste com suas

“Você gostaria de almoçar comigo?”

Na minha cabeça, transformo o almoço em preliminares

“Ótimo.” Aquele sorriso dele faz outra aparição,

Darren alcança o banco de trás e pega uma bolsa estilo

“O que é isso?” Pergunto, a luxúria e excitação que eu sentia

“Um acordo de confidencialidade”, ele diz

Assinei muitos acordos de não divulgação durante meu

finanças. Mas, a menos que eu tenha lido tudo isso

“Sinto muito, mas por que um acordo de não divulgação

Sua testa franze, tornando as linhas nítidas de seu rosto

Disfarçadamente coloco minha mão no apoio de braço, perto

Ele passa as mãos pelas coxas. “Eu gostaria de levar você

“O almoço é um código para alguma coisa?”

Eu consigo mais da sua testa franzida. “Código?”

Talvez os rumores sobre ele sejam verdadeiros. Talvez ele

“Sim, tipo, almoço é uma palavra-código para alguns jogos

Sua linha de expressão se transforma em um arco e um

pecaminosamente sexy. A mesma boca que recentemente foi

“Não. Embora eu certamente não me oponha a jogos sexuais

Pego a pasta, que ele deixou no painel entre nós e a abro. O