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Fundações Superficiais – Capacidade de Carga Escola de Engenharia

Prof. Antônio M. L. Alves Universidade Federal do Rio Grande - FURG

CAPACIDADE DE CARGA À COMPRESSÃO


DE FUNDAÇÕES SUPERFICIAIS

Elevador de grãos Transcona, Canadá (18/10/1913)

Lado oeste da fundação


afundou 7 metros
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• Tipos de ruptura:

a) Ruptura Geral
Tipo mais comum de ruptura por
cisalhamento; ocorre em areias compactas,
argilas muito PA e argilas NA em condição
não-drenada

b) Ruptura Local
Situação intermediária entre as rupturas geral
e por puncionamento

c) Ruptura por puncionamento


Ocorre em areias muito fofas e argilas NA
muito moles, em condição drenada
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• Tipos de ruptura :

Ruptura Geral

Ruptura Local

Arrasto

Ruptura por
puncionamento
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• Tipos de ruptura:

Densidade relativa DR

Ruptura
Vesić (1973)
Ruptura geral
local
Profundidade relativa Df / B

Sapatas
circulares

Puncionamento Sapatas
corridas
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• Tipos de ruptura:

Carga

a) Ruptura Geral
Recalque

b) Ruptura Local
c) Ruptura por Puncionamento

Carga
Recalque

Tensão desviadora máxima Tensão desviadora


máxima

Tensão

Tensão desviadora
residual
Carga
Recalque

Ruptura dútil Ruptura frágil

Deformação axial (%)


Deformação axial (%)
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• Extensão da superfície de ruptura:

8,5B
6,3B
4,8B
2,5B
1,5B
B
0,7B

f = 0
1,0B

f = 35
1,6B

f = 15 f = 30
1,9B
2,3B

f = 40
D

➢ Na prática:

- D ≈ B em areia fofa e argila


- D ≈ 1,5B em areia med. compacta
- D ≈ 2B em areia compacta
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• Teoria de Terzaghi:

➢ Resistência ao cisalhamento do solo representada pelo critério de Mohr-Coulomb;

➢ Peso específico g constante abaixo do nível da sapata;

➢ Solo com comportamento elasto-plástico perfeito, homogêneo e isotrópico;

➢ Estado plano de deformação (sapata corrida);

➢ Solo incompressível (ruptura do tipo geral);

➢ Carga vertical centrada, terreno horizontal, sapata horizontal.

q0 = g · Df B g 45 − f / 2 e
Df

a  f d
I III
D
II
b c
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• Teoria de Terzaghi:
q
q0

q0 = g ∙ Df

Zona ativa de Rankine Zona passiva de Rankine

Zona de Prandtl

➢ Adaptação dos resultados de Prandtl (1920) para metais.

𝐵
𝑟 = 𝑐 ∙ 𝑁𝑐 + 𝑞0 ∙ 𝑁𝑞 +𝛾 ∙ ∙ 𝑁𝛾
2
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• Contribuições de Vesić e Meyerhof:

𝑟 = 𝑐 ∙ 𝑁𝑐 ∙ 𝑆𝑐 ∙ 𝑆𝑐𝑑 ∙ 𝑆𝑐𝑖 ∙ 𝑆𝑐𝑏 ∙ 𝑆𝑐𝑔 ∙ 𝑆𝑐𝑟 +


+ 𝑞0 ∙ 𝑁𝑞 ∙ 𝑆𝑞 ∙ 𝑆𝑞𝑑 ∙ 𝑆𝑞𝑖 ∙ 𝑆𝑞𝑏 ∙ 𝑆𝑞𝑔 ∙ 𝑆𝑞𝑟 +
𝐵′
+𝛾∙ ∙ 𝑁𝛾 ∙ 𝑆𝛾 ∙ 𝑆𝛾𝑑 ∙ 𝑆𝛾𝑖 ∙ 𝑆𝛾𝑏 ∙ 𝑆𝛾𝑔 ∙ 𝑆𝛾𝑟
2

𝜙
➢ 𝑁𝑞 = 𝑒 𝜋∙𝑡𝑎𝑛𝜙 ∙ 𝐾𝑝 = 𝑒 𝜋∙𝑡𝑎𝑛𝜙 ∙ 𝑡𝑎𝑛2 45° +
2

➢ 𝑁𝑐 = 𝑁𝑞 − 1 ∙ cot 𝜙 𝜙 = 0 → 𝑁𝑐 = 2 + 𝜋

➢ 𝑁𝛾 ≅ 2 ∙ 𝑁𝑞 + 1 ∙ 𝑡𝑎𝑛 𝜙

➢ B’ → largura efetiva da sapata

➢ S → fatores de correção
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a) Efeito da excentricidade da carga vertical aplicada na sapata:

➢ Tratamento simplificado de Meyerhof (1953): a excentricidade da carga vertical


(distância do ponto de aplicação da resultante de carga em relação ao centro geométrico
da sapata) é levada em conta através da adoção de uma área efetiva (área onde as
tensões de compressão são mais intensas), de tal forma que a carga aplicada fique
localizada no centro geométrico da área efetiva:

Carga vertical

L
L’
eL 𝐵′ = 𝐵 − 2 ∙ 𝑒𝐵
eB 𝐿′ = 𝐿 − 2 ∙ 𝑒𝐿
Sapata

B’
B

➢ NBR 6122 (item 7.6.2): No dimensionamento da fundação superficial, a área comprimida deve ser de
no mínimo 2/3 da área total, se consideradas as solicitações características, ou 50% da área total, se
consideradas as solicitações de cálculo. Deve-se assegurar, ainda, que a tensão máxima de borda
satisfaça os requisitos de segurança.

➢ Momentos aplicados sobre a sapata devem ser substituídos por excentricidades na carga vertical.
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b) Fatores de correção para a forma da sapata:

➢ A teoria original de Terzaghi foi formulada a partir da hipótese de que a sapata é


contínua (L’ → ). Vesić (1975) propôs fatores de correção para abranger diferentes
relações entre L’ e B’.

𝑁𝑞 𝐵′
𝑆𝑐 = 1 + ∙
𝑁𝑐 𝐿′

𝐵′
𝑆𝑞 = 1 + ∙ 𝑡𝑎𝑛𝜙
𝐿′

𝐵′
𝑆𝛾 = 1 − 0,4 ∙
𝐿′
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c) Fatores de correção para a profundidade da sapata:

➢ A teoria original de Terzaghi desprezou a resistência ao cisalhamento do solo acima da


base da fundação. Vesić (1975) propôs fatores de correção para levar em conta este
efeito.

Para Df/B ≤ 1: Para Df/B > 1:

𝐷𝑓 𝐷𝑓
𝑆𝑐𝑑 = 1 + 0,40 ∙ (para f = 0) 𝑆𝑐𝑑 = 1 + 0,40 ∙ tan−1
𝐵′ 𝐵′
𝐷𝑓 2 𝐷𝑓
𝑆𝑞𝑑 = 1 + 2 ∙ tan 𝜙 ∙ 1 − sin 𝜙 2 ∙ 𝑆𝑞𝑑 = 1 + 2 ∙ tan 𝜙 ∙ 1 − sin 𝜙 ∙ tan−1
𝐵′
𝐵′

𝑆𝛾𝑑 = 1 𝑆𝛾𝑑 = 1

➢ Este efeito pode ser desprezado, em função das incertezas quanto à qualidade da
compactação do material de preenchimento da cava (VELLOSO E LOPES, 2010).
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d) Fatores de correção para a inclinação do carregamento:

➢ Vesić (1975) propôs fatores de correção para o caso de carga inclinada F, ou da


existência de uma componente horizontal de carga, sendo P a componente vertical e H
a componente horizontal.

P F

H
Df
CORTE

P q
L’ eL
L
eB

PLANTA

B’
B

➢ q – ângulo que a componente horizontal (H) da carga inclinada faz com a direção L, no
plano da sapata.
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𝑚
𝐻
𝑆𝑞𝑖 = 1 − 𝑚 = 𝑚𝐿 ∙ 𝑐𝑜𝑠 2 𝜃 + 𝑚𝐵 ∙ 𝑠𝑒𝑛2 𝜃
𝑃 + 𝐵′ ∙ 𝐿′ ∙ 𝑐 ∙ 𝑐𝑜𝑡𝜙

1 − 𝑆𝑞𝑖 𝐿′ 𝐵′
𝑆𝑐𝑖 = 𝑆𝑞𝑖 − 2+ 2+
𝑁𝑐 ∙ 𝑡𝑎𝑛𝜙 𝑚𝐿 = 𝐵′ 𝑚𝐵 = 𝐿′
𝐿′ 𝐵′
𝑚∙𝐻 1+ 1+
𝐵′ 𝐿′
𝑆𝑐𝑖 = 1 − (para f = 0)
𝐵′ ∙ 𝐿′ ∙ 𝑐 ∙ 𝑁𝑐
𝑚+1
𝑚𝐿 → 1,0
𝐻 Para L →∞ ቊ
𝑚𝐵 → 2,0
𝑆𝛾𝑖 = 1 −
𝑃 + 𝐵′ ∙ 𝐿′ ∙ 𝑐 ∙ 𝑐𝑜𝑡𝜙

➢ Sapatas corridas: considerar L' = 1 no cálculo de Sci, Sqi e Sgi.

➢ Segurança contra o deslizamento:


𝐻𝑅 𝐻𝑅
𝐻𝑅 = 𝑐𝑓 ∙ 𝐵′ ∙ 𝐿′ + 𝑃 ∙ 𝑡𝑎𝑛𝜙𝑓 ≥ 𝛾𝑓 ∙ 𝐻 → ≥ 𝛾𝑓 ∙ 𝛾𝑚
𝛾𝑚 𝐻
cf – aderência entre sapata e solo (normalmente desprezada nos cálculos)
ff – ângulo de atrito entre sapata e solo ( 𝜙𝑓 ≅ 2/3 ∙ 𝜙)
gm – coeficiente de ponderação da resistência =1,4 (NBR 6122, item 6.2.1.1.2)
gf – coeficiente de ponderação da solicitação =1,4 (NBR 6122, item 6.2.1.1.2)
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e) Fatores de correção para a inclinação da base da sapata:

➢ Existem situações nas quais pode ser interessante inclinar a base da sapata, para
absorver esforços horizontais. Vesić (1975) propôs os seguintes fatores de correção:

F 𝑆𝑞𝑏 = 1 − 𝛼 ∙ 𝑡𝑎𝑛𝜙 2

1 − 𝑆𝑞𝑏
𝑆𝑐𝑏 = 𝑆𝑞𝑏 −
𝑁𝑐 ∙ 𝑡𝑎𝑛𝜙

2∙𝛼
 𝑆𝑐𝑏 = 1 − (para f = 0)
𝜋+2

𝑆𝛾𝑏 = 𝑆𝑞𝑏

➢ Os valores de  que aparecem fora de funções trigonométricas devem ser tomados em


radianos.
➢ O ângulo  deve ser menor ou igual a 45.
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f) Fatores de correção para a inclinação da superfície do terreno:

𝑆𝑞𝑔 = 1 − 𝑡𝑎𝑛𝜔 2
P

 1 − 𝑆𝑞𝑔
𝑆𝑐𝑔 = 𝑆𝑞𝑔 −
𝑁𝑐 ∙ 𝑡𝑎𝑛𝜙

2∙𝜔
𝑆𝑐𝑔 =1− (para f = 0)
𝜋+2

𝑆𝛾𝑔 = 𝑆𝑞𝑔

➢ Segundo Vesić (1975), os valores de  que aparecem fora de funções trigonométricas


devem ser tomados em radianos.
➢ Quando  for maior do que f/2, deve-se proceder a uma análise de estabilidade de
taludes, considerando a ação adicional do carregamento aplicado à fundação (Meyerhof,
1957).
➢ No caso de terreno inclinado, as tensões verticais geostáticas a uma profundidade z são
calculadas como: 𝜎𝑣 = 𝛾 ⋅ 𝑧 ⋅ cos 𝜔
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g) Fatores de correção para a compressibilidade do solo:

➢ Terzaghi, em sua teoria de capacidade de carga, admitiu por hipótese que o solo é
incompressível, sendo portanto a ruptura do tipo generalizada. Porém, se o solo apresentar
alguma compressibilidade, a ruptura tenderá a ser local, e a solução de Terzaghi não será
mais representativa da realidade. Vesić (1975) propôs os seguintes fatores de correção:

−4,4+0,6∙
𝐵′
∙𝑡𝑎𝑛𝜙+
3,07∙𝑠𝑒𝑛𝜙∙𝑙𝑜𝑔 2∙𝐼𝑟 𝐺
𝑆𝑞𝑟 = 𝑒 𝐿′ 1+𝑠𝑒𝑛𝜙 𝐼𝑟 =
𝜏
1 − 𝑆𝑞𝑟
𝑆𝑐𝑟 = 𝑆𝑞𝑟 −
𝑁𝑐 ∙ 𝑡𝑎𝑛𝜙 𝜏 = 𝑐 + 𝜎′𝑣𝑟 ∙ 𝑡𝑎𝑛𝜙
𝐵′
𝑆𝑐𝑟 = 0,32 + 0,12 ∙ ′ + 0,6 ∙ 𝑙𝑜𝑔 𝐼𝑟 (para f = 0) 𝐸
𝐿 𝐺=
2∙ 1+𝜈
𝑆𝛾𝑟 = 𝑆𝑞𝑟

➢ Ir → índice de rigidez do solo, relação entre o módulo de elasticidade transversal G e a


resistência ao cisalhamento t do solo:
➢ E → módulo de elasticidade longitudinal
➢  → coeficiente de Poisson do solo.
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➢ Para estimativa de Ir, os valores de G e t a serem considerados devem ser valores médios,
representativos das propriedades elásticas e de resistência da massa de solo submetida ao
processo de deslizamento (ruptura).

➢ Vesić sugere que, para efeito de cálculo de s’vr , se tome o ponto central entre a base da
sapata e a parte mais profunda da superfície de ruptura:

zw B’
Df

D/2 𝐺, 𝑐, 𝜙, 𝜎′𝑣𝑟
D
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➢ Antes de se calcular os fatores Scr, Sqr e Sgr, deve-se verificar se o solo é compressível ou
pode ser considerado incompressível. Para isso, deve-se determinar o índice de rigidez
crítico:

1 𝐵′ 𝜙
3,30−0,45∙ ′ ∙𝑐𝑜𝑡 45°−
𝐼𝑟,𝑐𝑟𝑖𝑡 = ∙𝑒 𝐿 2
2

➢ Se Ir >Ir,crit, o solo pode ser considerado incompressível, e os fatores Scr, Sqr e Sgr serão
iguais à unidade.
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 Influência da água:

➢ A presença de água altera o peso específico do solo. No caso de condição drenada, de


acordo com a profundidade do nível d´água em relação ao nível do terreno, o peso
específico g a ser considerado será:

zw B’
Df

𝑧𝑤 ≤ 𝐷𝑓 → 𝛾 = 𝛾sub,abaixo do NA

𝑧𝑤 − 𝐷𝑓
𝐷𝑓 < 𝑧𝑤 < 𝐷𝑓 + 𝐷 → 𝛾 = 𝛾sub,abaixo do NA + ∙ 𝛾nat,acima do NA − 𝛾sub,abaixo do NA
𝐷
𝑧𝑤 ≥ 𝐷𝑓 + 𝐷 → 𝛾 = 𝛾nat,acima do NA

➢ Quanto à sobrecarga q0, ela será igual à tensão vertical total (em condição não-drenada)
ou igual à tensão vertical efetiva (em condição drenada), calculada na profundidade Df.
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• Sapatas sobre solo heterogêneo (estratificado):

q0
Df

B’

H
c1, f1, g1

c2, f2 , g2
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− Camada de maior resistência sobre camada de menor resistência


(MEYERHOF e HANNA, 1978):
2 ∙ 𝑐𝑎 ∙ 𝐻 2
2 ∙ 𝐷𝑓 𝐾𝑠 ∙ tan 𝜙1
𝑟 = 𝑟2 + + 𝛾1 ∙ 𝐻 ∙ 1 + ∙ − 𝛾1 ∙ 𝐻 ≤ 𝑟1
𝐵 𝐻 𝐵
r

Solo mais resistente ➢ r1 → capacidade de carga da sapata


(incluindo fatores de correção), assentada
à profundidade Df e calculada com os
parâmetros da camada 1.
Solo menos resistente
➢ r2 → capacidade de carga da sapata
(incluindo fatores de correção), assentada
à profundidade Df+H e calculada com os
r parâmetros da camada 2.

Solo mais resistente ➢ Ks → coeficiente de empuxo na punção.

➢ ca → aderência da superfície de punção.


Solo menos resistente
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− Camada de maior resistência sobre camada de menor resistência


(MEYERHOF e HANNA, 1978):

𝒓′𝟐
=𝟏
𝒓′𝟏

𝒓′𝟐
𝒓′𝟏

𝐵
𝑟′1 = 𝑐1 ∙ 𝑁𝑐1 + 𝛾1 ∙ ∙𝑁
2 𝛾1
𝐵
𝑟′2 = 𝑐2 ∙ 𝑁𝑐2 + 𝛾2 ∙ ∙𝑁
2 𝛾2
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− Camada de menor resistência sobre camada de maior resistência:

➢ Caso I → H/D < 1:


Solo menos resistente
2
𝐻
𝑟 = 𝑟1 + 𝑟2 − 𝑟1 ∙ 1 −
𝐷

➢ Caso II → H/D ≥ 1:
Solo mais resistente

Caso I
𝑟 = 𝑟1
Solo mais resistente
Caso II
➢ Admitir nos cálculos:

- D = B em areia fofa e argila


- D = 1,5B em areia med. compacta
- D = 2B em areia compacta
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• Sapatas em encostas e taludes:

𝐵′
− Meyerhof (1957): 𝑟 = 𝑐 ∙ 𝑁𝑐𝑞 ∙ 𝑆𝑐 + 𝛾 ∙ ∙ 𝑁𝛾𝑞 ∙ 𝑆𝛾
2

P
B
SOLO NÃO COESIVO H b
SOLO COESIVO
Df
600 7
500
400 Df/B=0
D/B=0 Df/B=0
D/B=0
300 D/B=1
D D/B=1
D f/B=1
f/B=1 6
200 Ne=c/(gH)

100 5

50
4

Ncq
Ngq

25
3
10
2
5

1
2

1
0o 10o 20o 30o 40o 50o 0o 20o 40o 60o 80o
Ângulo do talude, b Ângulo do talude, b
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P
b B
b Df

SOLO NÃO COESIVO SOLO COESIVO


600 8
500
400 f= 40o 1/Ne = 0
300 b = 0o b = 0o
7
200
b = 0o
f = 40o 6
100
b = 0o 0o 1/Ne = 0
50 5

Ncq
f= 30o
Ngq

25 b = 0o 4
0o 1/Ne = 2
f = 30o 3
10

5 2
Df/B=0
D/B=0 0o 1/Ne = 4
D/B=1
D f/B=1
D/B=0
D f/B=0
2 1 D/B=1
D f/B=1
Ne=c/(gH)
1 0
0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6
Razão de distância b/B Razão de distância b/B
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• Fórmulas semiempíricas baseadas no ensaio SPT:


𝐵
➢ MEYERHOF (1956) - solos não coesivos: 𝑟 = 𝑐 ∙ 𝑁𝑐 + 𝑞0 ∙ 𝑁𝑞 +𝛾 ∙ ∙ 𝑁𝛾
2
𝑁𝑞 1
⎯ Hipóteses: Condição drenada → c=0 ≥ ഥ
𝑁𝛾 ≅ 3,5 ∙ 𝑁
𝑁𝛾 2

𝑁𝛾 𝐵 𝛾 ∙ 𝑁𝛾 ഥ
𝛾 ∙ 3,5 ∙ 𝑁
𝑟 = 𝛾 ∙ 𝐷𝑓 ∙ + 𝛾 ∙ ∙ 𝑁𝛾 = ∙ 𝐷𝑓 + 𝐵 = ∙ 𝐷𝑓 + 𝐵
2 2 2 2

⎯ Para lençol freático abaixo da profundidade D, g = gnat. Admitindo gnat  18,0 kN/m3, vem:

ഥ ∙ 𝐷𝑓 + 𝐵
𝑟 ≅ 32 ∙ 𝑁
⎯ Unidade de r → kN/m2. Os valores de Df e B devem ser tomados em metros. 𝑁 ഥ é a média dos
valores de NSPT em uma espessura D abaixo do nível da fundação. Meyerhof sugere D = B, mas
é comum na prática adotar D = 1,5 B.
⎯ Para lençol freático na superfície do terreno, g = gsub. Admitindo, simplificadamente, que gsub seja
igual à metade de gnat, os valores de r devem ser divididos por 2. Para lençol freático em posição
intermediária, pode-se interpolar o valor de r.

➢ Solos coesivos: Condição não drenada → Nc = 5,14; Nq = 1,00; Ng = 0,00 → 𝑟 = 5,14 ∙ 𝑠𝑢 + 𝑞0


Su = f(NSPT) ?
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➢ TEIXEIRA E GODOY (2019): Qualquer solo natural tendo 5  𝑁


ഥ  20 :


𝑞𝑎𝑑𝑚 = 20 ∙ 𝑁

― Unidade de qadm → kN/m2.

― Não pode haver camadas em profundidade com resistência inferior à camada de apoio da
sapata.

𝑁
― é a média dos valores de NSPT em uma espessura D = 1,5 B abaixo do nível da fundação.

― Faixa de variação de 𝑁ഥ procura impedir fundações superficiais em solos muito moles ou fofos,
e também limitar a tensão admissível a 400 kPa.
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• Fatores de segurança de fundações superficiais (NBR 6122):

a) Fatores de segurança na compressão (item 6.2.1.1.1):

Métodos para determinação da Coeficiente de ponderação da


Fator de segurança global FS
resistência última resistência última gm c
Semiempíricos a
Valores propostos no próprio Valores propostos no próprio
método, e no mínimo 2,15 método, e no mínimo 3,00
Analíticos b
2,15 3,00
Semiempíricos a ou analíticos b,
acrescidos de duas ou mais
provas de carga, necessariamente 1,40 2,00
executadas na fase de projeto,
conforme 7.3.1.
a Atendendo ao domínio de validade para o terreno local.
b Sem aplicação de coeficientes de ponderação aos parâmetros de resistência do terreno.

c Em todas as situações de g , g = 1,4 (majoração) para o esforço atuante, se disponível apenas o seu valor
m f
característico; se já fornecido o valor de cálculo, nenhum coeficiente de ponderação deve ser aplicado a
ele.
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• Dimensionamento geométrico:

𝑃𝑘 + 𝑊𝑘
➢ Indeterminação inicial: Á𝑟𝑒𝑎 ≥ → Á𝑟𝑒𝑎 = 𝑓 𝑃𝑘 , 𝑊𝑘 , 𝑞𝑎𝑑𝑚
𝑞𝑎𝑑𝑚

➢ NBR 6122, item 5.6 → Wk z 5% Pk

𝑟
➢ Tensão admissível: 𝑞𝑎𝑑𝑚 =
𝐹𝑆
= 𝑓 𝐵, 𝐿 = 𝑓(Á𝑟𝑒𝑎)

➢ Levantamento da indeterminação: matematicamente ou iterativamente.

➢ Dimensionamento econômico: em sapatas isoladas, para que os momentos fletores nas


duas direções produzam esforços aproximadamente iguais nas armaduras → balanços
iguais → B – b = L – l (ALONSO, 1983, ALBUQUERQUE E GARCIA, 2020).

➢ Em sapatas isoladas retangulares, sempre que possível → L/B ≤ 2,5 (ALONSO, 1983).
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• Algumas indicações da norma NBR 6122:

➢ Cargas centradas: a área da fundação solicitada por cargas centradas deve ser tal que as
tensões transmitidas ao terreno, admitidas uniformemente distribuídas, sejam menores ou iguais
à tensão admissível ou tensão resistente de projeto do solo de apoio.

➢ Cargas excêntricas: No dimensionamento da fundação superficial, a área comprimida deve ser


de no mínimo 2/3 da área total, se consideradas as solicitações características, ou 50% da área
total, se consideradas as solicitações de cálculo. Deve-se assegurar, ainda, que a tensão
máxima de borda seja menor ou igual à tensão admissível ou tensão resistente de projeto do
solo de apoio.

➢ Cargas horizontais: Para equilibrar a força horizontal que atua sobre uma fundação em sapata
ou bloco, pode-se contar, além da resistência ao cisalhamento no contato solo-fundação, com o
empuxo passivo, desde que se assegure que o solo não possa ser removido durante a vida útil
projetada da construção. O valor calculado do empuxo passivo deve ser reduzido por um
coeficiente de no mínimo 2,0, visando limitar deformações.

➢ Dimensão mínima: Em planta, as sapatas isoladas ou os blocos não devem ter dimensões
inferiores a 60 cm.

➢ Profundidade mínima: Nas divisas com terrenos vizinhos, salvo quando a fundação for assente
sobre rocha, a profundidade de apoio não pode ser inferior a 1,5 m. Em casos de obras cujas
sapatas ou blocos tenham, em sua maioria, dimensões inferiores a 1,0 m, essa profundidade
mínima pode ser reduzida. A cota de apoio de uma fundação deve ser tal que assegure que a
capacidade de suporte do solo de apoio não seja influenciada pelas variações sazonais de clima
ou por alterações de umidade.
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• Algumas indicações da norma brasileira NBR 6122:

➢ Lastro: Todas as partes da fundação superficial em contato com o solo (sapatas, vigas de
equilíbrio, etc.) devem ser concretadas sobre um lastro de concreto não-estrutural com no
mínimo 5 cm de espessura, a ser lançado sobre toda a superfície de contato solo-fundação.
No caso de rocha, esse lastro deve servir para regularização da superfície e , portanto, pode ter
espessura variável, no entanto observado um mínimo de 5,0 cm.

➢ Fundações em cotas diferentes: A fundação situada em cota mais baixa deve ser executada
em primeiro lugar, a não ser que se tomem cuidados especiais, durante o processo executivo,
contra desmoronamentos. Além disso, a reta de maior declive que passa pelos bordos de
fundações próximas deve fazer, com a vertical, um ângulo :

• Solos pouco resistentes:   60


• Solos resistentes:  = 45
• Rochas:  = 30


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• Algumas indicações da norma brasileira NBR 6122:

➢ Fundação sobre rocha: Para a fixação da tensão admissível ou tensão resistente de cálculo de
qualquer elemento de fundação sobre rocha, deve-se considerar as suas descontinuidades:
a) falhas;
b) fraturas;
c) xistosidades etc.

➢ No caso de superfície inclinada, pode-se escalonar a superfície ou utilizar chumbadores para


evitar o deslizamento do elemento de fundação.

➢ Para rochas alteradas ou em decomposição, devem ser considerados a natureza da rocha matriz
e o grau de decomposição ou alteração. Quando necessário, as descontinuidades devem ser
tratadas.

➢ No caso de calcário ou qualquer outra rocha cárstica, devem ser feitos estudos especiais pelo
projetista de fundações.
Fundações Superficiais – Capacidade de Carga Escola de Engenharia
Prof. Antônio M. L. Alves Universidade Federal do Rio Grande - FURG

• Algumas indicações da norma brasileira NBR 6122:

➢ Preparação para a concretagem: Antes da concretagem, o solo ou rocha de apoio das sapatas,
isento de material solto, deve ser vistoriado por profissional habilitado, que confirma in loco a
capacidade de suporte do material. Esta inspeção pode ser feita com penetrômetro de barra
manual ou outros ensaios expeditos de campo.

➢ Caso haja necessidade de aprofundar a cava da sapata, a diferença entre cota de assentamento
prevista e cota “de obra” pode ser eliminada com preenchimento de concreto não estrutural
(consumo mínimo de cimento de 150 kg/m3) até a cota prevista. Alternativamente pode-se
aumentar o comprimento do pilar, desde que seja feita consulta prévia ao projetista estrutural,
que indica as eventuais medidas adicionais que devem ser adotadas no que se refere à
estrutura. No caso de preenchimento com concreto, ele deve ocupar todo o fundo da cava e não
só a área de projeção da sapata, devendo obrigatoriamente ser efetuado antes da concretagem
da sapata.
Fundações Superficiais – Capacidade de Carga Escola de Engenharia
Prof. Antônio M. L. Alves Universidade Federal do Rio Grande - FURG

⚫ BIBLIOGRAFIA:

➢ ABNT NBR 6122, Projeto e Execução de Fundações, 2019.

➢ ALBUQUERQUE, P.J.R., GARCIA, J.R., Engenharia de Fundações, LTC, 2020.

➢ ALONSO, U.R., Exercícios de Fundações, Editora Edgard Blücher, 1983.

➢ CINTRA, J.C.A., AOKI, N., ALBIERO, J.H., Fundações Diretas – Projeto


Geotécnico, Oficina de Textos, 2011.

➢ MEYERHOF, G.G., Penetration tests and bearing capacity of cohesionless soils,


Journal of the Soil Mechanics and Foundation Division, ASCE, Vol. 82, No. SM1,
pp. 1-19, 1956.

➢ TEIXEIRA, A.H., GODOY, N.S., Análise, Projeto e Execução de Fundações


Rasas, In: Fundações Teoria e Prática, 3ª Edição, Oficina de Textos, 2019.

➢ VELLOSO, D.A., LOPES, F.R., Fundações, Vol.1, Oficina de Textos, 2011.

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