Você está na página 1de 79

Aula 03

Relações Internacionais p/ AFC/CGU - Prevenção da Corrupção e Ouvidoria

Professor: Ricardo Vale


!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
!
AULA 03: SUJEITOS DE DIP -
ESTADO e INDIVÍDUOS

SUMÁRIO PÁGINA
1-Palavras Iniciais 1
2- Personalidade Jurídica de Direito Internacional 2-8
3- Personalidade Internacional dos Estados x Personalidade 9 - 10
Internacional das Organizações Internacionais:
4- Estados Soberanos 10 - 51
5- A Santa Sé e o Estado da Cidade do Vaticano 51 - 52
6- Organizações não-governamentais 52 - 53
7- Questões Comentadas 54 - 64
8- Lista de Questões e Gabarito 65 - 78

Olá, amigos do Estratégia Concursos! Tudo bem?

Na aula de hoje, daremos início ao estudo dos Sujeitos de Direito


Internacional Público, falando sobre o principal deles: o Estado. Também
falaremos, genericamente, a respeito da personalidade internacional e, então,
comentaremos acerca do papel do indivíduo no plano internacional.

A nossa metodologia será a de apresentar detalhadamente toda a


teoria e, simultaneamente, mostrar como ela foi cobrada em concursos
públicos. Além disso, no final da aula, teremos uma lista com várias outras
questões, as quais “misturam” os diversos temas abordados ao longo do texto.

Boa aula a todos!

Ricardo Vale

ricardovale@estrategiaconcursos.com.br
40531388093

http://www.facebook.com/rvale01

“O segredo do sucesso é a constância no objetivo!”

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!1!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
1- Personalidade Jurídica de Direito Internacional:

Em 1648, foram celebrados os tratados de Westfália, que colocaram


um fim à Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e consagraram a chamada Paz
de Westfália, momento histórico muito importante para o direito internacional.
A Paz de Westfália estabeleceu uma nova ordem para as relações
internacionais, marcando o surgimento do Estado moderno como sujeito
de direito internacional por excelência. Pela primeira vez, foi reconhecido que
os Estados são dotados de igualdade absoluta no plano internacional,
princípio basilar do direito das gentes1.

Com o passar dos anos, as relações internacionais foram, todavia,


ganhando contornos cada vez mais complexos. Após a Segunda Guerra
Mundial (1939-1945), houve uma proliferação de organizações internacionais,
que passaram a ter participação ativa no contexto internacional. Na atualidade,
a complexidade é ainda maior e são vários os atores no plano internacional.

É justamente essa ordem internacional complexa de que se ocupa o


direito das gentes, cujo objetivo central é regular as relações
internacionais a fim de permitir a convivência entre os membros da
sociedade internacional. Mas quem seriam os membros da sociedade
internacional? Afinal de contas, quais são os sujeitos de direito internacional
público, isto é, os entes dotados de personalidade internacional?

No plano do direito interno, podemos dizer que a personalidade é


qualidade inerente à pessoa, seja ela física ou jurídica, o que lhe confere a
capacidade para usufruir direitos e contrair obrigações. No plano do direito
internacional, não há grandes diferenças! Segundo Francisco Rezek2, eminente
jurista brasileiro, para que alguém seja qualificado como pessoa jurídica de
direito internacional, é necessário que essa pessoa possa agir no plano
internacional. Agir no plano internacional significa poder ser titular de
direitos e deveres internacionais e possuir capacidade de defender seus
direitos por meio de ações internacionais. Pessoas jurídicas de direito
internacional, segundo essa visão, seriam os Estados Soberanos e as
organizações internacionais em sentido estrito.
40531388093

Valério Mazzuoli, por sua vez, apresenta um conceito mais complexo


de personalidade internacional. Segundo esse jurista, a qualificação jurídica de
um ente como sujeito de direito internacional comporta uma conotação passiva
e outra conotação ativa. 3 Assim, seriam sujeitos de direito internacional os
entes a quem tal Direito é destinado (conotação passiva) e que possuem
capacidade de atuação no plano internacional (conotação ativa). Por essa
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
1
“Direito das gentes” (jus gentium) é sinônimo de Direito Internacional Público
2
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev.
e atual. São Paulo: Saraiva, 2008
3
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed.
São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!4!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
corrente, além dos Estados soberanos e das organizações internacionais,
também os indivíduos possuiriam personalidade jurídica de direito
internacional.

Como se pode perceber, a questão da personalidade internacional é


objeto de grande controvérsia doutrinária, estando longe de um consenso.
Todavia, a evolução e a crescente complexidade das relações internacionais
tem ocasionado importante transformação na sociedade internacional. Hoje, a
grande tendência é considerar que a sociedade internacional não é mais
puramente interestatal, em razão da participação cada vez mais ativa de
outros entes no plano internacional (ONG’s, empresas transnacionais e
indivíduos). Nesse sentido, a doutrina moderna considera sujeitos de
direito internacional os Estados, as organizações internacionais e os
indivíduos; as ONG’s e as empresas transnacionais são apenas atores
internacionais. Destaque-se que, apesar de não se reconhecer personalidade
internacional às ONG’s, há uma importante exceção: o Comitê Internacional da
Cruz Vermelha (considerado sujeito de direito internacional público).

A personalidade jurídica de direito internacional não é, dessa


forma, algo imutável, mas um conceito que evolui com o decorrer do
tempo. Há algumas décadas atrás, somente os Estados eram considerados
sujeitos de direito internacional, ou seja, essa era uma qualidade exclusiva
deles. Na atualidade, podemos afirmar com total segurança que esse quadro
se modificou. Várias outras entidades, que não possuem base territorial e
dimensão demográfica, possuem personalidade jurídica de direito
internacional, já que estão habilitadas a usufruir de direitos e deveres
internacionais e travam relação imediata e direta com as normas que lhes
conferem tal prerrogativa.

“Mas e aí Ricardo, qual das duas teorias é válida para concursos


públicos?”

Excelente pergunta! Com tanta controvérsia doutrinária, a nossa


cabeça fica mesmo embaralhada!
40531388093

A tendência das bancas examinadoras é considerar que a


personalidade internacional não se limita aos Estados e às
organizações internacionais.4

Portanto, leve para a prova o seguinte:

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
4
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!5!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
A personalidade jurídica de direito internacional alcança,
além dos Estados e organizações internacionais,
também os indivíduos. As organizações não-
governamentais e as empresas transnacionais,
embora tenham participação cada vez mais ativa no
cenário internacional, são consideradas pela doutrina
dominante apenas atores internacionais.

Cabe destacar ainda que, apesar de não ser a doutrina dominante,


Paulo Henrique Portela considera que as empresas transnacionais e as ONG’S
também são sujeitos de direito internacional.

Apesar desse entendimento, é certo que as empresas, as ONG’s e os


indivíduos não possuem as mesmas prerrogativas no plano internacional. A
capacidade de atuação desses sujeitos é limitada se comparada ao poder
dos Estados e das organizações internacionais. Com efeito, o direito
internacional reconhece capacidade para celebrar tratados aos Estados e
organizações internacionais, mas não concede a mesma prerrogativa aos
indivíduos, às empresas e às ONG’s.

Em razão da limitação em sua atuação internacional, os indivíduos, as


ONG’s e as empresas são chamados pela doutrina de sujeitos de direito
internacional fragmentários5. Tais sujeitos têm acesso a alguns
mecanismos de soluções de controvérsias internacionais e são destinatários de
normas internacionais, que lhes conferem direitos e obrigações. Entretanto,
eles não participam do processo de formação de normas jurídicas
internacionais, isto é, não podem celebrar tratados.

O reconhecimento da personalidade internacional dos indivíduos


representa um grande avanço do direito internacional público, tendo sido
alcançado em razão do desenvolvimento do Direito Internacional dos Direitos
Humanos.6 Com efeito, os indivíduos podem figurar no plano passivo ou
no plano ativo do direito internacional. 40531388093

No que diz respeito ao plano passivo, é possível, atualmente, que um


indivíduo (pessoa natural) seja julgado e responsabilizado pelo Tribunal Penal
Internacional (TPI) em razão de haver cometido um crime de alta gravidade.7
A título de exemplo, o ex- ditador da Líbia, Muammar Khadafi, em razão das
violações aos direitos humanos por ele perpetradas, deveria ser julgado pelo
Tribunal Penal Internacional.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
5
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009
6
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010.
7
Segundo o Estatuto de Roma, que criou o TPI, a jurisdição dessa Corte internacional abrange
os crimes de guerra, crimes contra a humanidade, genocídio, crime de agressão.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!6!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Já no que diz respeito ao plano ativo, admite-se, em certos casos,
que um indivíduo peticione perante Cortes internacionais. Um indivíduo ou um
grupo de indivíduos pode, por exemplo, peticionar diretamente à Corte
Europeia de Direitos Humanos.

As empresas, por sua vez, também podem ter acesso a


mecanismos de solução de controvérsias. O sistema de solução de
controvérsias do MERCOSUL, por exemplo, reconhece o direito de petição a
particulares.

Destacamos, todavia, que o acesso a mecanismos de solução de


controvérsias pelos “sujeitos fragmentários” é limitado. Algumas Cortes
Internacionais somente reconhecem capacidade postulatória aos Estados
soberanos, como é o caso da Corte Internacional de Justiça (CIJ). 8

Cabe destacar também que atuam na sociedade internacional as


chamadas coletividades não-estatais. São elas os beligerantes, os
insurgentes e os movimentos de libertação nacional (nações em luta pela
soberania). 9

Os beligerantes são movimentos armados que instauram no interior


de um Estado uma guerra civil com o objetivo de mudar o sistema político em
vigor. Para que uma coletividade seja considerada beligerante, faz-se mister
uma declaração pelos outros entes estatais, em conjunto ou separadamente. O
reconhecimento da beligerância permite que essa coletividade adquira, dentre
outros direitos, a capacidade para celebrar tratados.

Os insurgentes, por sua vez, também são movimentos armados


ocorridos no interior de um Estado com o objetivo de derrubar o sistema
político vigente. Entretanto, a insurgência não assume proporções tão graves
quanto a beligerância e não chega a ocorrer uma guerra civil. Também é
necessário, para que uma coletividade seja considerada como insurgente, um
ato declaratório de reconhecimento. A capacidade para celebrar tratados
poderá ser conferida aos insurgentes, o que irá depender do ato de
reconhecimento da insurgência.
40531388093

Por fim, os movimentos de libertação nacional são movimentos


que, em razão de sua magnitude, passam a ser amplamente reconhecidos no
cenário internacional. É o caso, por exemplo, da Autoridade Palestina, que
tem celebrado inúmeros tratados com diferentes países.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
8
Na aula sobre Organizações Internacionais, nós trataremos de forma bem detalhada sobre a
Corte Internacional de Justiça (CIJ).
9
Portela considera que as coletividades não-estatais são apenas atores internacionais. Já
Mazzuoli reconhece a personalidade internacional dos beligerantes, insurgentes e movimentos
de libertação nacional.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!7!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Pessoal, consideramos fundamental que você conheça todo esse
debate doutrinário, já que, pela sua relevância, ele pode vir a ser cobrado em
prova! Algumas possíveis assertivas seriam as seguintes:

1) “A doutrina vem reconhecendo a personalidade jurídica de


direito internacional dos indivíduos.” Correto.

2) “Segundo a doutrina tradicional, somente possuem


personalidade jurídica de direito internacional os Estados, as organizações
internacionais e a Santa Sé.” Correto.

3) “O tema da personalidade internacional é objeto de polêmica


doutrinária, havendo correntes distintas sobre o assunto.” Correto

4) “Embora sejam considerados sujeitos de direito internacional, os


indivíduos possuem atuação limitada no plano internacional”. Correto

5) “Os indivíduos e as empresas possuem acesso direto a alguns


mecanismos de soluções de controvérsias”. Correto.

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

1. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014)


Empresas multinacionais não dispõem de personalidade jurídica
internacional, mesmo que elas sejam empresas públicas
transnacionais contraentes de obrigações com Estados soberanos.

Comentários:
40531388093

As empresas multinacionais não possuem personalidade jurídica de


direito internacional. Questão correta.

2. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) Somente


Estados soberanos, entes assemelhados e organizações não
governamentais internacionais são sujeitos de direito internacional.

Comentários:

O enunciado foi bastante restritivo, deixando de reconhecer a


personalidade internacional às organizações internacionais e aos indivíduos. As
ONG`s, por sua vez, são apenas atores internacionais. Questão errada.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!8!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
3. (Instituto Rio Branco – 2011) Com características políticas e
jurídicas de ONG e desprovido de atributos de personalidade jurídica
internacional, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha é sujeito
apenas aparente de direito internacional público.

Comentários:

A doutrina atribui personalidade internacional ao Comitê Internacional


da Cruz Vermelha, apesar de tratar-se de uma ONG. Questão errada.

4. (Instituto Rio Branco – 2011) - As ONGs que obtiveram


reconhecimento da opinião pública mundial após a Segunda Guerra
Mundial adquiriram personalidade jurídica de direito internacional
público.

Comentários:

Segundo a doutrina dominante, as ONG’s são apenas atores


internacionais, não possuindo personalidade jurídica de direito internacional.
Questão errada.

5. (Instituto Rio Branco- 2010)- O MERCOSUL é uma organização


dotada de personalidade jurídica de direito internacional.

Comentários:

O MERCOSUL é uma organização internacional e, portanto, possui


personalidade jurídica de direito internacional público, a qual está
expressamente prevista no Protocolo de Ouro Preto. Questão correta.

6. (Juiz Federal 1ª Região/2006) São sujeitos de direito


internacional público, também chamados de pessoas jurídicas de
direito internacional público, os Estados soberanos, a Santa Sé e as
organizações internacionais.
40531388093

Comentários:

De fato, são sujeitos de DIP os Estados soberanos, a Santa Sé e as


organizações internacionais. Questão correta.

7. (OAB 2006.2) A expressão “coletividades não estatais” abrange


as mais diferentes pessoas internacionais, como os revoltosos em uma
guerra interna.

Comentários:

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!2!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
A expressão “coletividades não-estatais” abrange os insurgentes, os
beligerantes (revoltosos em guerra interna) e as nações em luta pela
soberania. Questão correta.

8. (Consultor Legislativo/ Câmara dos Deputados- 2002)- Tendo em


vista as atividades que realizam, concernentes a ações de
solidariedade internacional, as organizações não-governamentais
(ONGs) passaram a ser admitidas como sujeitos do direito
internacional público.

Comentários:

A doutrina dominante considera que as organizações não-


governamentais são apenas atores internacionais, não possuindo
personalidade jurídica de direito internacional. Questão errada.

9. (Procurador BACEN-2001)- Paul Reuter define tratado


internacional como sendo “uma manifestação de vontades
concordantes, atribuídas a dois ou mais sujeitos de direito
internacional, e destinada a produzir efeitos jurídicos em
conformidade com as normas de direito internacional”. Assinale a
opção em que figurem, tão só, exemplos de sujeitos de direito
internacional.

a) Estados, Santa Sé ou Estado do Vaticano, organizações não-governamentais


(ONGs) e indivíduos.

b) Estados, organizações internacionais e empresas multinacionais.

c) Estados, Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e Santa Sé ou Estado do


Vaticano.

d) Estados, Organização das Nações Unidas (ONU) e ONGs.

e) Indivíduos, ONGs, organizações internacionais e Santa Sé ou Estado do


40531388093

Vaticano.

Comentários:

Quando temos uma questão de marcar pela frente, fica fácil


verificarmos qual o posicionamento da banca examinadora, não é mesmo?
Nessa questão, a banca adotou o posicionamento tradicional. A resposta,
portanto, é a letra C. São sujeitos de DIP os Estados, as organizações
internacionais (dentre as quais o MERCOSUL) e a Santa Sé ou Estado do
Vaticano.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!3!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
2- Personalidade Internacional dos Estados x Personalidade
Internacional das Organizações Internacionais:

Há uma notória diferença entre a personalidade jurídica de direito


internacional do Estado e a personalidade jurídica de direito internacional das
organizações internacionais.

Segundo Rezek10, o Estado constitui uma realidade física, já que


possui um espaço territorial onde convive uma comunidade de seres humanos.
Ele é dotado de uma dimensão material e independe de qualquer documento
para sua existência fática. Por isso, dizemos que sua personalidade jurídica
é originária, pois precede mesmo a própria Constituição (documento). Até a
Primeira Guerra Mundial, considerava-se que os Estados eram os únicos
sujeitos de direito internacional. No entanto, o processo de evolução da
sociedade internacional deu origem a um novo sujeito de direito internacional:
as organizações internacionais.

As organizações internacionais passaram a ser consideradas sujeitos


de direito internacional em meados do século XX, mais precisamente em 1949.
Nesse ano, a Corte Internacional de Justiça (CIJ) emitiu um parecer
consultivo quanto à possibilidade da ONU apresentar uma reclamação perante
o governo responsável pelo assassinato do Conde Folke Bernadotte
(representante da ONU no Oriente Médio). Entendeu a Corte Internacional de
Justiça (CIJ) que a ONU possuía personalidade jurídica internacional e,
portanto, teria legitimidade para reivindicar a reparação de danos. Por
reconhecer a personalidade jurídica de direito internacional das organizações
internacionais, esse Parecer Consultivo pode ser considerado um marco no
âmbito do direito das gentes.

As organizações internacionais possuem personalidade jurídica


derivada, sendo apenas uma criação jurídica. Elas não são dotadas do
elemento territorial, isto é carecem do elemento físico. Sua existência tem
fundamento de validade no tratado constitutivo e, portanto, elas somente
existem após a entrada em vigor deste. Dizemos que a personalidade das
organizações internacionais é derivada porque estas não existiriam caso não
40531388093

houvesse vontade dos Estados em criá-las. Portela lembra que a soberania é


atributo exclusivo dos Estados e que não é porque os entes estatais
estabeleceram organizações internacionais que estas serão entidades dotadas
de soberania. 11

Tecidas estas considerações gerais, vejamos como esse assunto já foi


cobrado em prova!

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
10
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2008
11
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009.
!

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!9!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

10. (Juiz Federal 1ª Região/2006)- A personalidade jurídica do


Estado, em direito das gentes, diz-se derivada, enquanto a das
organizações internacionais, diz-se originária.

Comentários:

A personalidade jurídica dos Estados é originária, enquanto a


personalidade jurídica das organizações internacionais é derivada. Questão
errada.

11. (Consultor Legislativo/ Câmara dos Deputados- 2002)- A


personalidade jurídica dos Estados é derivada, e a das organizações
internacionais, originária.

Comentários:

Exatamente igual à questão anterior. Veja como é recorrente esse


enunciado. Questão errada.

3- Estados Soberanos:

3.1- Generalidades:

O Estado é o sujeito de direito internacional por excelência, ou seja, é


considerado o mais importante dentre os entes dotados de personalidade
40531388093

internacional. Dentre os sujeitos de DIP, o Estado é o único que possui plena


capacidade jurídica no plano internacional.

O Estado, conforme afirmamos anteriormente, possui


personalidade jurídica originária de direito internacional público. Tal
constatação deriva do entendimento de que a existência dos outros sujeitos de
direito internacional encontra fundamento no Estado. As organizações
internacionais, por exemplo, dependem de um tratado constitutivo celebrado
por Estados para serem criadas. Os indivíduos, por sua vez, possuem um
vínculo político-jurídico com um Estado conhecido como nacionalidade.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!1:!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Segundo a doutrina majoritária, os elementos constitutivos do
Estado são o território, o povo e o governo soberano.12 Todavia, há
autores que pregam a existência de um quarto elemento constitutivo: a
finalidade. 13 Há ainda o conceito de Estado para a Convenção
Interamericana sobre os Direitos e Deveres dos Estados14 (1933), que
estabelece 4 (quatro) elementos constitutivos: população permanente,
território determinado, governo e capacidade de entrar em relação com outros
Estados.

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

12. (AGU-2007)- O Estado do Rio Grande do Sul, almejando ser


reconhecido internacionalmente como um Estado soberano, pleiteou
uma cadeira na Organização das Nações Unidas (ONU), alegando que
possui um território, uma população e um governo permanente. Nessa
situação, os requisitos apresentados não são suficientes para que o
Rio Grande do Sul seja aceito na Assembléia Geral da ONU.

Comentários:

De fato, os requisitos apresentados não são suficientes, uma vez que o Rio
Grande do Sul carece de soberania. Não basta que haja um governo
permanente; ele precisa também ser soberano. Questão correta.

a) Território:

O território é a dimensão física sobre a qual o Estado exerce sua


40531388093

jurisdição geral e exclusiva, ou seja, a dimensão material onde ele exerce


seus poderes. Geral porque, no âmbito do seu território, o Estado exerce todas
as competências de ordem legislativa, administrativa e jurisdicional. Exclusiva,
porque tais competências são exercidas sem qualquer concorrência por parte
de outro poder. A jurisdição do Estado sobre seu território não é, todavia,
absoluta, uma vez que há pessoas e bens que não se submetem ao

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
12
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009
13
MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2010.
14
A Convenção Interamericana sobre os Direitos e Deveres dos Estados de 1933 é também
conhecida por Convenção de Montevidéu.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!11!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
poder estatal, como, por exemplo, os diplomatas, as missões diplomáticas e
organismos internacionais.

Apesar de possuir jurisdição unicamente sobre seu território, há


situações em que se verifica a atuação extraterritorial do Estado, como,
por exemplo, quando julga seus nacionais por ato praticado no exterior ou
quando exerce jurisdição sobre missões diplomáticas e consulares.15 Em
doutrina, é comum considerar-se que as embaixadas (missões diplomáticas) e
os navios e aeronaves de guerra são uma extensão do território estatal.
Entretanto, a Corte Internacional de Justiça já se pronunciou em
sentido contrário diante de um caso concreto.

A determinação do território estatal é feita por demarcação ou


delimitação. A delimitação (estabelecimento de limites) pode ser feita por meio
de tratados ou costumes. A demarcação, por sua vez, é a implantação de
marcos físicos sobre o território, como, por exemplo, o Muro de Berlim, que
dividia Alemanha Oriental e Alemanha Ocidental. Até os dias de hoje, as
questões fronteiriças são objeto de conflitos internacionais, como os existentes
entre Índia e Paquistão e Israel e Palestina.

Historicamente, a definição de limites territoriais tem se guiado pelo


princípio do “uti possidetis”, segundo o qual o domínio sobre um
determinado território é daqueles que efetivamente o estiverem
ocupando. Segundo Varella16, “a necessidade do domínio efetivo tornou-se
um costume internacional amplamente aceito e é hoje considerado condição
para o reconhecimento da incorporação do território ao domínio do Estado.”. A
consolidação do princípio do “uti possidetis” como regra consuetudinária de
direito internacional público decorre de uma série de decisões da Corte
Internacional de Justiça (CIJ)

Vale destacar que não importa qual o tamanho do território do


Estado. Todos os Estados, independentemente de sua base física, são tratados
de maneira isonômica pelo direito internacional. Há Estados com grande base
territorial (Rússia, Brasil e EUA) e Estados com território bem pequeno, como
os chamados micro-estados (Mônaco, Andorra, San Marino). Apesar de
40531388093

possuírem tamanhos variados, todos são dotados de personalidade jurídica de


direito internacional, prevalecendo o princípio da igualdade soberana entre
eles.

Em algumas situações, os Estados aceitam, de forma expressa ou


tácita, restrições ao exercício da soberania em seu território. São as
chamadas servidões, que poderão ser permissivas – permissão de utilização
do território por outro Estado – ou restritivas – compromisso de não exercer
a competência plena sobre seu território.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
15
PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009
16
VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!14!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Para exemplificar as servidões permissivas, também chamadas de
positivas, citamos como exemplo um Estado X que autoriza a instalação de
uma base militar do Estado Y em seu território. Nessa situação, percebe-se
que o Estado Y exerce certo poder sobre uma parcela do território do Estado X.

Já para ilustrar as servidões restritivas, também chamadas de


negativas, citamos como exemplo se o Estado X declarar que não
estabelecerá bases militares na fronteira com o Estado Y. Nessa situação, o
Estado X deixa de exercer sua soberania em uma parcela de seu território.

Segundo Accioly17, “as servidões extinguem-se por acordo entre os


Estados interessados, pela fusão destes, pela renúncia expressa ou tácita do
Estado ou dos Estados a que aproveitam ou por qualquer outro meio de
resolução de tratados.” Exemplificando tais hipóteses:

1)- O Estado X diz para o Estado Y: “Ô, meu amigo, eu tinha deixado
você instalar uma base militar no meu território, mas agora não quero mais,
ok?” (acordo)

2)- O Estado X se une ao Estado Z para formar o Estado W. Nesse


caso, o Estado W não é obrigado a permitir a instalação da base do Estado Y
em seu território. (fusão)

3)- O Estado Y diz para o Estado X: “Ô, meu amigo, eu tinha


instalado uma base militar em seu território, mas agora não quero mais essa
concessão e já estou retirando minhas tropas!” (renúncia)

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

40531388093

13. (Juiz Federal 1ª Região/2006)- O Estado exerce jurisdição sobre


o seu território, muito embora sempre relativa, o que vale dizer que
detém uma série de competências para atuar com autoridade.

Comentários:

De fato, a jurisdição do Estado sobre seu território é relativa. No


entanto, o motivo de considerar-se que a jurisdição do Estado é relativa não é
o fato deste possuir competências para atuar com autoridade. A jurisdição

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
17
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de
Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009
!

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!15!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
estatal é relativa, mas em virtude de não alcançar algumas pessoas, bens e
locais. Questão errada.

14. (OAB 2006.2)- As servidões – que são restrições por meio das
quais um Estado estrangeiro exerce uma competência no território de
outro Estado ou um Estado se compromete em favor de outro a não
exercer sua competência plena em seu território – têm base
convencional e se extinguem com a sucessão de Estados.

Comentários:

As servidões nem sempre têm base convencional, podendo ser


aceitas por um Estado de forma tácita. Questão errada.

b) Povo:

O povo é a dimensão pessoal do Estado, não se confundindo com a


sua população. Enquanto esta é formada pelo conjunto de pessoas que vivem
com ânimo definitivo no seu território, incluindo nacionais e estrangeiros, a
dimensão pessoal do Estado (povo) compreende a comunidade nacional, ou
seja, o conjunto de seus nacionais. Na dimensão pessoal do Estado estão
incluídos, inclusive, os nacionais que tenham se estabelecido no exterior.

Segundo Rezek18, o Estado exerce inúmeras competências inerentes


à sua jurisdição territorial sobre os estrangeiros residentes. Já em relação aos
seus nacionais, o Estado exerce jurisdição pessoal, em virtude do vínculo
jurídico-político que une o indivíduo ao Estado: a nacionalidade.

c) Governo soberano:

O governo é a dimensão política do Estado e é quem exerce o poder


40531388093

soberano estatal. A Paz de Westfália (1648), conforme já afirmamos


anteriormente, é considerada um importante marco do direito internacional. E
o é justamente porque os tratados celebrados naquela ocasião reconheceram
pela primeira vez o poder soberano dos Estados sobre seus territórios,
excluindo qualquer ingerência externa.

A soberania é, portanto, atributo essencial do Estado, garantindo que


sua vontade não se subordine a qualquer outro poder nos planos interno e
internacional. Com efeito, na ordem jurídica internacional não existe um
poder superior ao dos Estados, o que torna a sociedade internacional

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
18
!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2008!

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!16!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
descentralizada. Os Estados são independentes para definir sua política
interna, bem como suas ações no plano internacional.

A soberania guarda correlação direta com o princípio da igualdade


entre os Estados, o qual está insculpido na Carta das Nações Unidas. Nas
palavras de Portela19, o poder soberano representa uma “supremacia
sobre pessoas, bens e relações jurídicas dentro de um determinado
território”. Todavia, percebe-se, na atualidade, uma flexibilização do conceito
de soberania. Não cabe mais falar em poder ilimitado do Estado, uma vez que
a ordem jurídica interna e mesmo a ordem jurídica internacional impõem
restrições à ação estatal.

O direito internacional humanitário é, atualmente, um campo em


que se pode perceber uma destacada interferência internacional nas questões
internas. A título ilustrativo, destacamos a autorização do Conselho de
Segurança da ONU para a intervenção armada na Líbia, em razão das
violações aos direitos humanos cometidas pelo governo ditatorial daquele país.

3.2- Classificação dos Estados:

Podemos classificar os Estados em dois grupos no que se refere à


sua estrutura: simples e compostos – sendo que estes últimos podem ser
subdivididos em compostos por coordenação e compostos por subordinação.
Vejamos o que significa cada um desses conceitos!

Os Estados simples ou unitários são aqueles que possuem


completa soberania no tocante às questões no plano internacional e, ao
mesmo tempo, não apresentam divisões de autonomia no tocante às questões
internas. Trata-se da forma mais comum de Estado, sendo o tipo existente na
maioria dos Estados latino-americanos. Exemplos de Estados simples são
Uruguai, Chile, Peru, Portugal e França.
40531388093

Modernamente, nos Estados simples, embora não haja unidades


políticas autônomas, é comum haver uma descentralização administrativa.
Assim, as decisões políticas estão concentradas no poder central e a execução
das políticas é delegada a unidades administrativas sem autonomia. Nesse
caso, trata-se de um Estado simples descentralizado. Ressaltamos que,
quando o poder central é exercido com exclusividade e abrange todas as
funções de índole administrativa, tratar-se-á de um Estado simples
centralizado.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
19
!PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!17!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Os Estados compostos, por sua vez, se dividem em Estados
compostos por coordenação e Estados compostos por subordinação.
Como ponto comum a esses dois modelos de Estado, destacamos que eles
congregam dentro de si vários Estados independentes ou províncias
autônomas, sob a égide de um mesmo governo soberano.

Os Estados compostos por coordenação são formados ou por uma


associação de Estados soberanos ou ainda por uma união de estados
federados. Nos Estados compostos por coordenação, a soberania é exercida
somente pelo órgão central, sendo que cada um dos Estados conserva a
autonomia em suas questões internas. Um exemplo bem claro de Estado
composto por coordenação é o próprio Brasil, que possui inúmeras unidades
estatais (Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro...) que possuem apenas
autonomia na ordem interna, com a conservação do poder soberano nas mãos
da União. Outro exemplo seria uma confederação de Estados, diferenciando-se
do modelo federativo pelo fato de que nesta os Estados que a compõem não
perdem sua individualidade no plano internacional, continuando plenamente
detentores de sua soberania.

A Comunidade Britânica de Nações, embora seja uma associação de


Estados, não pode ser classificada como um Estado composto por
coordenação. Em verdade, todos os Estados integrantes da Comunidade
Britânica de Nações são plenamente soberanos e dotados de igualdade política
no plano internacional.

As unidades estatais autônomas em uma federação não


possuem personalidade jurídica de direito internacional, já que não
possuem soberania. Mesmo que o ordenamento jurídico interno de um país
outorgue competência para essas unidades estatais agirem no plano
internacional, elas não adquirem personalidade jurídica de direito
internacional, pois esta é uma regra de direito interno e quem, em última
análise, irá responder no plano internacional será o poder central (União
Federal).

No Brasil, compete à União manter relações com Estados estrangeiros


40531388093

e participar de organizações internacionais. Apesar disso, admite-se que os


Estados, o Distrito Federal e os Municípios realizem operações
externas de natureza financeira como, por exemplo, a aquisição de
empréstimos junto ao BIRD (Banco Internacional de Reconstrução e
Desenvolvimento). Entretanto, tais operações possuem natureza contratual
(e não convencional) e são condicionadas à atuação da União, pois faz-se
necessário a participação do Brasil na entidade e, ainda, a conclusão de um
acordo de garantia. A realização desse tipo de operação externa de natureza
financeira está, ainda, sujeita à autorização do Senado Federal, conforme art.
52, inciso V, da CF/88.

Os Estados compostos por subordinação não mais existem hoje


em dia. Trata-se dos Estados vassalos, protetorados e Estados clientes. Tais

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!18!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Estados não possuíam soberania plena, donde vem o uso da expressão
“composto por subordinação”. Nesse tipo de Estado, existe de um lado um
ente dotado de plena soberania e de outro uma coletividade que dele depende.

No século XX, com vistas a regularizar a situação das colônias, a Liga


das Nações e a ONU estabeleceram a administração destas sob a forma de
mandato e de tutela, respectivamente. As colônias eram territórios que
passaram então a estar submetidos à administração de uma determinada
soberania. Certas potências receberam o encargo de administrar estes
territórios, promovendo-lhes o desenvolvimento até o momento em que
reunissem condições de acesso à independência plena. O objetivo era
descolonizá-los, momento em que passariam a gozar de plena soberania e,
portanto, iriam adquirir personalidade jurídica de direito internacional.

Devido ao exíguo tamanho de seus territórios, alguns Estados são


chamados de micro-Estados. Citamos Andorra (468 km2), Liechtenstein (160
km2), San Marino (61 km2), Nauru (21 km2) e Mônaco (2 km2). Segundo
Rezek20, não se pode negar que estes Estados sejam soberanos, já que suas
instituições políticas são estáveis e seus regimes corretamente estruturados.
Entretanto, por serem tão pequenos, partes expressivas das competências
desses micro-estados são confiadas a outro Estado, normalmente um Estado
vizinho, como a França, no caso de Mônaco.

3.3- Nascimento dos Estados:

Segundo Accioly21, o problema da formação dos estados é igualmente


do domínio da história, da política e da sociologia, como do direito
internacional. Uma importante questão é, portanto, saber como surgem os
Estados.

O modo de formação mais simples de um Estado ocorre através do


estabelecimento permanente de certa população num território determinado.
Isso ocorreria quando um território está desocupado (res nullius) e uma
população o ocupa. Ou ainda, quando um território foi abandonado por
antigos habitantes (res derelicta) e é ocupado por uma população.
40531388093

Durante a Antiguidade e a Idade Média, a ocupação de territórios desabitados


foi uma forma bastante comum de aparecimento de um novo ente estatal e de
aquisição de território por Estado já existente. Como exemplo, citamos a
aquisição de terras na América por Portugal e Espanha. Atualmente, como não
mais existem territórios desabitados, essa forma de surgimento de Estado caiu
em desuso.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
20
!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2008!
21
! ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de
Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009!

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!12!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Outra possibilidade de surgimento de Estados, bastante comum no
passado, era por meio da guerra de conquista. Todavia, a conquista de um
território pelas armas não é mais considerada legítima perante o direito
internacional. Assim, essa forma de surgimento de Estados também caiu em
desuso.

Historicamente, observa-se alguns fenômenos pontuais quanto à


expansão de domínio territorial, o que já ocorreu por meio de cessão
onerosa (EUA comprou o Alasca da Rússia) ou mesmo através de decisão de
uma organização internacional (o Estado de Israel foi criado por decisão da
ONU).

A Corte Internacional de Justiça (CIJ) já foi levada a se manifestar por


diversas vezes no que diz respeito a limites territoriais. Em suas decisões, a
CIJ tem reiteradamente reconhecido o princípio do “uti possidetis juris”.
Conforme afirma Rezek22, a CIJ não atribui território, limitando-se a dizer, à
luz do direito, a quem pertence determinada área.

Atualmente, o que é mais comum é a formação de um Estado a partir


de três situações diferentes:

a)- Quando um Estado surge ao se separar de um outro Estado


do qual fazia parte (emancipação). O Brasil, por exemplo, era colônia de
Portugal, tendo separado sua população e território deste com a independência
conquistada em 1822. Os Estados Unidos e os países latino-americanos
também surgiram desta forma, na maioria das vezes após guerras de
libertação. No início de 2011, um referendo ocorrido no Sudão determinou o
surgimento de um novo Estado: o Sudão do Sul.

b)- Quando um Estado é dissolvido totalmente. Como exemplo,


citamos o Império Austro-Húngaro, que após a Primeira Guerra Mundial foi
dissolvido, dando origem à Áustria, Hungria e Tchecoslováquia. A dissolução da
União Soviética também resultou na criação de vários Estados, tais como a
Federação Russa, a Ucrânia, a Geórgia e a Bielo-Rússia.
40531388093

c)-Quando dois ou mais Estados se fundem para formar um


novo (fusão). Esse modo de formação ocorre quando um estado-núcleo
absorve outras entidades, passando a formar um novo estado. Essa fusão
poderá ocorrer pacificamente ou por meio de conquistas. Um exemplo seria a
Itália, que surgiu da fusão de Modena, Parma, Toscana e Reino de Nápoles ao
Reino da Sardenha e Piemonte.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
22
!REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2008.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!13!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
3.4- Extinção e Sucessão de Estados:

Segundo Valério Mazzuoli23, a extinção dos Estados pode ser total ou


parcial. A extinção total seria aquela em que o Estado perde um de seus
elementos constitutivos essenciais, o que coloca um fim em sua personalidade
jurídica de direito internacional. A extinção parcial, por sua vez, ocorre
quando o Estado perde parcela de sua soberania, tornando-se semi-soberano.
Parte da doutrina entende, todavia, que não há que se falar em extinção
parcial, mas tão somente em extinção total.

As principais formas de extinção de um Estado são a anexação total


ou parcial, a fusão e o desmembramento. Com o desaparecimento do ente
estatal, surge a necessidade de definir o que ocorre em relação aos seus bens
e obrigações, assim como no que diz respeito aos compromissos que tenha
assumido internacionalmente. Trata-se do problema da sucessão de Estados,
que é regulado por normas consuetudinárias e convencionais.

A sucessão em matéria de tratados é regulada pela Convenção


das Nações Unidas sobre a Sucessão de Estados em matéria de Tratados de
1978, que ainda não está em vigor para o Brasil. Essa convenção estabelece,
como regra geral, que a sucessão é regulada pelo texto do próprio
tratado, dependendo, ainda, da forma pela qual se extinguiu o Estado.

Vejamos algumas situações hipotéticas:

1)- O Estado X e o Estado Y se unem para formar o Estado Z


(fusão de Estados). Nessa situação, o que ocorre com as obrigações
assumidas pelos Estados X e pelo Estado Y (tratados bilaterais e multilaterais)?
Salvo disposição contrária, todos os tratados multilaterais de que o Estado X
e o Estado Y faziam parte passam a obrigar também o Estado Z. Já em relação
aos tratados bilaterais, estes poderão continuar a existir, a depender do
interesse dos outros Estados que deles eram partes contratantes.

2)- O Estado X deixa de existir, dando origem aos Estados Y e


Z (desintegração). Mais uma vez perguntamos: e agora, o que ocorrerá com
40531388093

as obrigações assumidas pelo Estado X? Nessa situação, os Estados sucessores


Y e Z não serão obrigados a cumprir os tratados multilaterais de que X era
parte. Todavia, existe a possibilidade de que eles se obriguem a eles por meio
de adesão feita por “notificação de sucessão”. Em relação aos tratados
bilaterais, somente será possível a sucessão caso a outra parte se manifeste
favoravelmente à intenção do sucessor.

3)- O Estado X continua existindo, mas surge o Estado Y a


partir do desmembramento de parte do território do Estado X
(secessão). Nesse caso, o Estado Y não sucederá o Estado X nos tratados
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
23
!MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!19!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
bilaterais, salvo se houver interesse das partes. Já nos tratados
multilaterais, a sucessão fica na dependência de aprovação de “notificação de
sucessão” feita pelo Estado Y.

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

15. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- O Estado J perdeu, por secessão,


parte de seu território, surgindo um novo Estado, K. Nessa situação, o
Estado K não sucede o Estado J nos acordos bilaterais firmados por
este e deve enviar uma notificação de sucessão para aderir aos
tratados coletivos, observados, neste último caso, os limites impostos
para o ingresso de novos Estados-partes.

Comentários:

Nesse caso, o Estado K não sucede o Estado J nos acordos bilaterais,


a menos que haja interesse entre as partes. Já nos acordos multilaterais, o
Estado K deverá emitir uma notificação de sucessão, a ser aprovada pelos
demais contratantes. Questão correta.

16. (OAB 2006.2)- No caso de sucessão de Estados, a convenção da


ONU que trata da sucessão em matéria de tratados tem por princípio
básico que os tratados são transmissíveis obrigatoriamente.

Comentários:

A regra geral prevista na convenção da ONU que trata do assunto é


que a sucessão é regulada pelo texto do próprio tratado. Questão errada.
40531388093

3.5- Direitos dos Estados:

Quando um Estado nasce e ingressa no plano internacional, ele passa


a gozar dos direitos reconhecidos pelo direito internacional, bem como se
obriga aos deveres por este impostos.

Segundo a moderna doutrina do direito internacional, em respeito ao


princípio da isonomia, não há que se discutir a igualdade jurídica entre os
Estados, de forma que os direitos de que podem gozar os Estados mais
poderosos, também o poderão os mais fracos. Os principais direitos
fundamentais são os enumerados a seguir:

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!4:!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
- Direito à liberdade: O direito à liberdade confunde-se com o
conceito de soberania, que hoje é entendida como uma noção relativa. Os
Estados têm soberania em seus assuntos internos (soberania interna) e no
plano internacional (soberania externa). Ser soberano no plano interno
significa ter liberdade de organização política (escolha da melhor forma de
governo), formular suas próprias leis, aplicar a justiça às pessoas e coisas que
se encontram em seu território e ainda ter o domínio sobre este. Por sua vez,
a soberania no plano internacional significa a capacidade que tem um Estado
de celebrar acordos internacionais, de declarar guerra e paz e de estabelecer
relações diplomáticas.

O Estado possui, portanto, capacidade de autodeterminação, isto


é, capacidade de definir seu próprio destino de maneira livre. Ele não
reconhece nenhuma vontade acima de si próprio. Entretanto, não cabe mais
afirmar que a soberania é absoluta, uma vez que a sociedade internacional é
regida por normas jurídicas às quais o Estado deve se submeter.

- Direito à igualdade: Todos os Estados são iguais perante o direito


internacional, sendo isso declarado em diversas normas de direito positivo,
como por exemplo a Carta da ONU, que estabelece em seu preâmbulo que a
referida Organização “é baseada no princípio da igualdade soberana de
todos os seus Membros”. As principais conseqüências da igualdade jurídica
entre os Estados são:

1)- Todos os Estados terão direito de voto em questões decididas em


âmbito internacional e cada voto terá o mesmo peso. Perceba-se que tal
preceito não se aplica às decisões tomadas pelo Conselho de Segurança da
ONU, órgão no qual os membros permanentes possui poder de veto. 24

2)- Nenhum Estado pode reclamar jurisdição sobre outro, ou seja,


existem certos assuntos que são da esfera de atuação exclusiva de um Estado,
não tendo os outros qualquer ingerência sobre estes.

- Direito ao respeito mútuo: O direito ao respeito mútuo consiste


no direito de um Estado de ser tratado com consideração pelos demais Estados
40531388093

e de exigir que seus direitos sejam respeitados. Com base nesse princípio, um
Estado não deve atentar contra a integridade territorial de outro, nem
violar suas fronteiras.

- Direito de defesa e conservação: Segundo Accioly, o direito de


defesa e conservação abrange todos os atos necessários à defesa do
estado contra os inimigos internos ou externos, tais como a adoção de
leis penais, a organização de tribunais repressivos, a prática de medidas de
ordem policial, a expulsão de estrangeiros nocivos à ordem ou à segurança

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
24
Na aula sobre Organizações Internacionais, estudaremos mais detalhadamente sobre o
Conselho de Segurança da ONU.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!41!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
públicas, a proibição da entrada de indesejáveis, a celebração de alianças
defensivas e a organização da defesa nacional.

O direito à defesa e à conservação não é, no entanto, absoluto, mas


limitado pelo direito à existência e à conservação dos outros Estados. O uso
unilateral da força, mesmo em casos de legítima defesa, tem limites
estritamente estipulados pelo direito internacional. Dessa forma, a legítima
defesa somente existe em face de uma agressão injusta e atual contra a qual o
emprego da violência é o único recurso possível.

- Direito internacional do desenvolvimento: A igualdade jurídica


entre os Estados contrastava, e muito, com a realidade do desenvolvimento
desigual entre estes. Percebendo que a apregoada igualdade jurídica levava à
criação de cada vez maior desigualdade econômica, o direito internacional
passou a levar em consideração o direito do desenvolvimento. Isso representa
uma tentativa de reduzir o desequilíbrio entre os países mais desenvolvidos e
os países em desenvolvimento.

É possível perceber na ordem jurídica internacional diversos


dispositivos cujo objetivo é promover a inserção equitativa dos países em
desenvolvimento na economia internacional. A título de exemplo, citamos os
acordos internacionais firmados no âmbito da OMC, que prevêem um
tratamento especial e diferenciado a favor dos países em desenvolvimento.
Citamos também a UNCTAD (Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e
Desenvolvimento), organização internacional criada para “olhar o lado” das
economias menos favorecidas.

- Direito de jurisdição: Todo Estado tem o direito de exercer sua


jurisdição no seu território e sobre sua população. O Estado exerce no seu
domínio territorial todas as competências de ordem legislativa, administrativa
e jurisdicional (F. Rezek). Portanto, ele exerce a generalidade da jurisdição.

3.6- Deveres dos Estados:


40531388093

A grande ênfase da doutrina é colocada nos direitos internacionais


dos Estados, mas seria mais coerente com o fundamento do direito
internacional se o foco fosse nos deveres.

O dever fundamental dos Estados, em respeito à


25
autodeterminação dos povos é o da não-intervenção. Accioly conceitua
intervenção da seguinte forma:

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
25
! ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de
Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!44!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
“Intervenção em direito internacional é a ingerência de um
Estado nos negócios peculiares, internos ou externos, de
outro Estado soberano com o fim de impor a este a sua
vontade.”

Podemos enumerar três características de uma intervenção:

a) Imposição da vontade exclusiva do Estado que a pratica


b) Existência de dois ou mais Estados soberanos
c) Ato abusivo, isto é, não baseado em compromisso internacional.

Embora o dever por excelência dos Estados seja o de não-


intervenção, ao longo do tempo, várias foram as intervenções ocorridas com a
invocação de diferentes motivos, sejam eles humanitários, para proteção de
nacionais ou como forma de sanção.

Vejamos algumas formas de intervenção julgadas legítimas pelo


direito internacional:

- Intervenção em nome do direito de defesa e de conservação:


Todo Estado tem o direito de adotar medidas visando à sua defesa e
conservação. No entanto, essas medidas são limitadas pelo direito
internacional e pela Carta da ONU, que regula os limites da legítima defesa.

- Intervenção para a proteção dos direitos humanos: A Carta


das Nações Unidas e a Declaração Universal dos Direitos Humanos, ao
reconhecerem internacionalmente os direitos humanos, deram-lhes uma
grande importância no plano internacional. Tal importância a que foram
alçados, que aumenta gradativamente com o passar dos tempos, tem levado
alguns governos a julgar que seu desconhecimento é motivo para uma
intervenção.

- Intervenção para a proteção de interesses de nacionais: A


Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 estabelece que todo
Estado tem o direito de proteger os seus nacionais no exterior. A proteção
40531388093

desses nacionais no exterior deve ser realizada eminentemente por meio de


missões diplomáticas. O que ocorre, no entanto, é que a proteção diplomática
vem acompanhada muitas vezes de outros meios de pressão, tais como a
adoção de restrições econômico-financeiras ou mesmo envio de tropas
armadas.

Ainda sobre a não-intervenção, é importante destacarmos a


existência de duas doutrinas:

1)- Doutrina Monroe: Em 1823, o Presidente dos Estados Unidos


James Monroe enumerou uma série de princípios destinados a dirigir a política
exterior do país, dentre os quais destacam-se:

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!45!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
- O continente americano não pode se sujeitar, no futuro, à ocupação
por nenhuma potência europeia.

- É inadmissível a intervenção de potência europeia nas questões


internas ou externas de qualquer país americano.

- Os Estados Unidos não intervirão nas questões pertinentes a


qualquer país europeu.

A Doutrina Monroe, como se vê, foi a criadora, entre os países da


América Latina, da ideia do princípio da não-intervenção. Posteriormente, com
o fortalecimento dos Estados Unidos, a doutrina Monroe foi perdendo a razão
de ser para este país e os Estados Unidos passaram a ter um novo ponto de
vista sobre a questão da não-intervenção. Como forma de justificar a
intervenção por ele realizada nos países da América Latina, apoiava-se na ideia
de que tinham o direito de intervir nos países latino-americanos a fim de
evitar que qualquer potência estrangeira o fizesse.

2)- Doutrina Drago: A Venezuela teve seus portos bombardeados


em 1902 por potências europeias com o objetivo de que este país pagasse as
dívidas que havia contraído. Essa atitude causou profunda indignação nos
países latino-americanos, o que motivou o Ministro das Relações Exteriores da
Argentina a pronunciar-se, criando a ideia que passou a ser conhecida por
Doutrina Drago. Segundo Drago, “a dívida pública não pode motivar a
intervenção armada e, ainda menos, a ocupação material do solo das
nações americanas por uma potência europeia.”

Por fim, destacamos que dentre os princípios proclamados pela Carta


das Nações Unidas encontra-se o seguinte, relacionado com a não-
intervenção:

“Todos os Membros deverão evitar em suas relações


internacionais a ameaça ou o uso da força contra a
integridade territorial ou a independência política de
qualquer estado ou outra ação incompatível com os
40531388093

propósitos das Nações Unidas.”

Não se considera haver intervenção quando uma ação coletiva


decorre de compromisso assumido formalmente em tratado multilateral, como
por exemplo a Carta da UNU, que confere ao Conselho de Segurança poderes
para manter ou restabelecer a paz e a segurança internacionais.

Vejamos algumas questões de provas anteriores!

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!46!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅

17. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados-2002) A não ser


em situações especiais, como o desrespeito às normas de comércio
internacional, os Estados têm o dever de não intervir nos assuntos
internos de outros Estados.

Comentários:

Segundo a doutrina, o desrespeito às normas de comércio


internacional não enseja intervenção. Questão errada.

3.7- Reconhecimento de Estado X Reconhecimento de Governo:

3.7.1- Reconhecimento de Estado:

Uma vez que tenham sido reunidos os elementos que constituem o


Estado (território, população e governo soberano), o governo da nova entidade
buscará o seu reconhecimento pela comunidade internacional. Tal
reconhecimento nem sempre é algo simples e pode demorar anos e anos para
ser conquistado. Citamos o exemplo do Brasil, que teve sua independência
proclamada em 1822, mas só obteve reconhecimento de Portugal em 1825.

Segundo Mazzuoli26, o reconhecimento de um Estado é um direito


que este possui e, ao mesmo tempo, um dever dos outros componentes da
sociedade internacional. Nesse sentido, só caberia o não-reconhecimento
quando um Estado tiver sido criado em desacordo com o direito internacional.
Opondo-se a essa tese, Portela27 considera que o reconhecimento é ato
discricionário do Estado. Essa última posição é a que consideramos mais
40531388093

segura para a prova, embora seja importante conhecer o debate doutrinário


em torno dessas duas visões.

“Mas Ricardo, o que significa reconhecer um Estado?”

O reconhecimento significa a decisão do governo de um Estado já


existente de aceitar outra entidade como equivalente a si próprio. É um ato
jurídico unilateral, de natureza política, nem sempre explícito, por meio
do qual um Estado demonstra que acredita estar presente em uma entidade a
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
26
!MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010
27
!PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!47!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
personalidade jurídica de direito internacional idêntica à que possui. O art. 14
da Carta da OEA referenda esse entendimento, dispondo que “O
reconhecimento significa que o Estado que o outorga aceita a personalidade do
novo Estado com todos os direitos e deveres que, para um e outro, determina
o direito internacional.”

Segundo a doutrina dominante, o ato de reconhecimento do


Estado tem natureza meramente declaratória e não constitutiva.

“E o que quer dizer essa natureza declaratória, Ricardo?”

A natureza declaratória quer dizer, meus amigos, que o organismo


que reúna todos os elementos constitutivos do Estado tem o direito de ser
assim considerado e não deixa de possuir a qualidade de Estado pelo fato de
assim não ser reconhecido. Ou seja, a existência do Estado precede o seu
reconhecimento. Esse também é o entendimento do art.13 da Carta da OEA,
que afirma que: “A existência política do Estado é independente do seu
reconhecimento pelos outros Estados.”

Apesar desse entendimento, existem autores, como Marcelo Dias


28
Varella , que afirmam que o reconhecimento do Estado tem natureza
constitutiva. Segundo essa visão, o reconhecimento funcionaria como uma
forma de controle dos Estados mais poderosos sobre o surgimento de outros
entes estatais.

O reconhecimento do Estado pode ocorrer de formas bem


diversificadas, não havendo uma regra que determine como este deve ser
feito. Assim, poderá haver o reconhecimento expresso ou o
reconhecimento tácito. Ou ainda, poderá haver o reconhecimento mútuo
ou por meio de um tratado bilateral em que dois Estados pactuantes
reconhecem a existência de um terceiro.

O reconhecimento de um Estado pode ser coletivo ou individual.


Será ele individual quando o ato de reconhecimento for emanado de um
Estado isoladamente. Por sua vez, será coletivo quando o reconhecimento for
40531388093

concedido em um mesmo ato por dois ou mais Estados.

O ato de reconhecimento de um Estado opera efeitos retroativos


(ex tunc). Assim, ao reconhecer a existência de um Estado, o outro Estado
reconhece como válidos todos os atos dele emanados desde o momento em
que presentes todos os elementos constitutivos próprios da entidade estatal.

Outra característica do ato de reconhecimento de Estado é que ele


possui natureza irrevogável. Assim, se um Estado X manifestou seu
reconhecimento em relação a um Estado Y, não dá pra voltar atrás, ainda que
tenha havido a ruptura das relações diplomáticas entre eles.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
28
VARELLA, Marcelo Dias. Direito Internacional Público, São Paulo: Saraiva, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!48!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
“Tudo bem Ricardo, eu entendi até agora! Mas o que implica o
reconhecimento do Estado?”

Excelente pergunta! Se o Estado não obtém o reconhecimento


pela sociedade internacional, sua participação na ordem jurídica global fica
limitada. Com efeito, ele não poderá exercer algumas das prerrogativas
tipicamente estatais, como celebrar tratados, manter relações diplomáticas
e fazer parte de organizações internacionais.

O reconhecimento implica que o Estado que o outorga aceita a


personalidade do novo Estado com todos os direitos e deveres que, para um e
outro, determina o direito internacional. O reconhecimento mútuo é
condição sine qua non para a celebração de tratados bilaterais. Já no
que diz respeito à celebração de tratados multilaterais, o fato de um Estado
dele ser parte não implica no reconhecimento de todos os demais pactuantes.
Vamos entender melhor isso com alguns exemplos!

1)- Se o Estado X não tem o reconhecimento por parte do Estado Y,


os dois não poderão celebrar tratados bilaterais entre si. Mas se o mesmo
Estado X for reconhecido pelo Estado Z, com este já será possível a celebração
de um tratado bilateral.

2)- Se o Estado X não for reconhecido pelo Estado Y e pelo Estado Z,


mas for reconhecido pelos Estados A e B, não há empecilho para que
estes cinco Estados celebrem entre si um tratado multilateral.

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

18. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados-2002)- A


40531388093

personalidade jurídica internacional de um Estado é constituída a


partir do seu reconhecimento pelos demais Estados da sociedade
internacional.

Comentários:

A personalidade jurídica de direito internacional dos Estados


independe de seu reconhecimento. Conforme já comentamos, o ato de
reconhecimento de Estado tem natureza meramente declaratória. Questão
errada.

19. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- Um Estado tornou-se


independente recentemente. Nessa situação, para que esse Estado

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!42!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
seja digno de reconhecimento pelos demais Estados da sociedade
internacional, é necessário que ele possua população, território,
governo e soberania, além de ter seu pedido de reconhecimento aceito
pelos demais Estados até cinco anos a contar da data de sua
independência.

Comentários:

É possível que um Estado seja reconhecido por alguns Estados e por


outros não. Adicionalmente, a existência de um Estado prescinde de seu
reconhecimento pela sociedade internacional. Questão errada.

20. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- Em 1970, o Estado A tornou-se


independente, recebendo, em 1972, o reconhecimento do Estado B. Em
1980, esses dois estados romperam relações diplomáticas por
defenderem interesses comerciais divergentes. Nessa situação, o
Estado B, segundo o direito internacional, pode revogar o
reconhecimento anteriormente declarado.

Comentários:

O ato de reconhecimento do Estado possui natureza irrevogável,


motivo pelo qual a questão está errada.

21. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- Um Estado é recém-


independente. Nessa situação, dois outros Estados podem, segundo o
direito internacional, celebrar um tratado internacional para exprimir o
reconhecimento conjunto do Estado recém-independente.

Comentários:

O reconhecimento de Estado pode ser individual ou coletivo. Ele será


coletivo quando, em um mesmo ato, dois ou mais Estados concederem seu
reconhecimento. Uma das formas de externar o reconhecimento de Estado é
por meio da celebração de tratado internacional. Questão correta.
40531388093

22. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- O Estado X, situado no


continente americano, tornou-se independente em 2000. Em 2003 o
Estado Y, também situado no continente americano, declarou o
reconhecimento do Estado X. Nessa situação, somente a partir do
referido reconhecimento os atos emanados pelo Estado X serão aceitos
como válidos pelos tribunais do Estado Y.

Comentários:

Os atos do Estado Y serão reconhecidos como válidos desde o


momento em que presentes no Estado X os elementos constitutivos de Estado,
ou seja, desde 2000. Em outras palavras, o ato de reconhecimento de Estado

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!43!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
opera efeitos retroativos, ou falando mais bonito, tem efeitos “ex tunc”.
Questão errada.

3.7.2- Reconhecimento de Governo:

Enquanto o reconhecimento de Estado ocorre quando do nascimento


deste, o reconhecimento de governo tem premissas diferentes. Em uma
situação em que há necessidade de reconhecimento de governo, o Estado
já existe e é reconhecido no plano internacional como dotado de
personalidade jurídica de direito internacional.

O que ocorre, no entanto, é uma ruptura da ordem política


vigente e instauração de um novo modelo de poder, por meio de uma
revolução ou de um golpe de Estado. A ruptura da ordem política é marcada,
portanto, por um fato que é contrário às prescrições constitucionais vigentes
no momento. Não há que se falar em reconhecimento de governo quando, por
meio de eleições, um novo partido ascende ao controle político de um país.

Em relação ao reconhecimento de governo, destacam-se duas teorias


principais: a doutrina Tobar e a doutrina Estrada.

A doutrina Tobar provém do pensamento do Ministro das Relações


Exteriores da República do Equador Carlos Tobar, segundo o qual os
governos deveriam se recusar a reconhecer um governo que surja de
uma mudança abrupta na ordem política até que este possua
legitimidade popular. O pensamento de Carlos Tobar fica bem expresso nas
linhas seguintes:

“O meio mais eficaz para acabar com essas mudanças


violentas de governo, inspiradas pela ambição, que tantas
vezes têm perturbado o progresso e o desenvolvimento das
nações latino-americanas e causado guerras civis
sangrentas, seria a recusa, por parte dos demais governos,
40531388093

de reconhecer esses regimes acidentais, resultantes de


revoluções, até que fique demonstrado que eles contam
com a aprovação popular.”

Já a doutrina Estrada provém do pensamento do Secretário de


Estado das Relações Exteriores do México, Genaro Estrada, segundo o qual os
países não devem se pronunciar no sentido de outorgar
reconhecimento de governo. Segundo a Doutrina Estrada, essa é uma
prática desonrosa, que fere a soberania das nações e não se deve qualificar em
momento algum o direito que têm os países de aceitar, manter ou substituir
seus governos ou autoridades. A base da Doutrina Estrada é a não-
intervenção, a qual não proíbe a ruptura de relações diplomáticas com o
Estado em que um novo governo foi instaurado. O que não deve ser feito,

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!49!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
segundo essa teoria, é a formulação e manifestação expressa de juízo de valor
sobre o governo estrangeiro.

Comparando as duas doutrinas, percebemos que pela doutrina


Tobar o reconhecimento de governo é expresso, enquanto na doutrina
Estrada, o reconhecimento é tácito, já que não há juízo de valor expresso
sobre a qualidade ou a legitimidade dos novos detentores do poder, mas tão
somente uma ruptura ou manutenção das relações diplomáticas, conforme for
julgado conveniente.

Atualmente, os países têm utilizado em muito maior proporção a


doutrina Estrada, não emitindo pronunciamentos a respeito da legitimidade dos
novos governos. Na prática, a doutrina Tobar sofreu grande desgaste e é cada
vez menos utilizada. O que se verifica nos dias de hoje é a simples ruptura das
relações diplomáticas – sem o pronunciamento formal recusando o
reconhecimento - ou a preservação de tais relações, quando se entenda que
isso seja mais conveniente.

Segundo Portela29, o reconhecimento de governo é ato


unilateral, discricionário, não-obrigatório, irrevogável e
incondicionado.

3.8- Imunidade à Jurisdição Estatal:

3.8.1- Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 x


Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963:

Os representantes de um Estado perante o outro gozam de certos


privilégios e garantias, os quais estão previstos atualmente na Convenção de
Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961 e na Convenção de Viena sobre
Relações Consulares de 1963.

Em primeiro lugar, cabe-nos destacar a diferença entre o serviço


40531388093

diplomático e o serviço consular. Qual a diferença entre um diplomata e


um cônsul? Em rápidas palavras, podemos dizer que o diplomata é o
representante do Estado em suas relações internacionais, enquanto o
cônsul é o responsável por oferecer aos nacionais proteção e
assistência no exterior – assuntos privados. Assim, o diplomata representa
o Estado de origem frente à soberania local, enquanto o cônsul representa o
Estado de origem para o fim de cuidar, onde atue, de interesses privados.

Para que possam exercer com tranquilidade suas funções no exterior,


esses representantes do Estado possuem certos privilégios e garantias.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
29
!PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!5:!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Esses privilégios e garantias representam uma espécie de imunidade de
jurisdição, ou seja, definem situações em que o Estado soberano não poderá
submeter os representantes de outros Estados à sua jurisdição.

Várias teorias existem sobre o fundamento e a natureza jurídica


das imunidades diplomáticas e consulares. Afinal de contas, por que os
diplomatas e cônsules possuem privilégios e garantias? Será que é somente
para beneficiá-los? Seria uma espécie de prêmio?

A resposta mais aceita atualmente é dada pela Convenção de Viena


sobre Relações Diplomáticas, que, encampa, em seu preâmbulo, a doutrina
funcional estabelecendo que:

“Reconhecendo que a finalidade de tais privilégios e imunidades não é


beneficiar indivíduos, mas, sim, a de garantir o eficaz desempenho das funções
das missões diplomáticas, em seu caráter de representantes dos Estados;”

Segundo Mazzuoli, as imunidades diplomáticas e consulares são


baseadas na ficção da extraterritorialidade. Se, por ficção, os agentes
diplomáticos e consulares são considerados representantes do soberano que os
envia, também por ficção devem ser considerados como estando fora do
território em que atuam. 30

A Convenção de Viena de 1961 (sobre relações diplomáticas)


prevê privilégios e garantias bem mais extensos do que a Convenção de
Viena de 1963. Para ilustrar isso, Rezek apresenta o seguinte raciocínio, que,
por sua didática, transcrevemos a seguir:

“É indiferente ao direito internacional o fato de que inúmeros países –


entre os quais o Brasil – tenham unificado as duas carreiras, e que
cada profissional da diplomacia, nesses países, transite
constantemente entre funções consulares e funções diplomáticas. A
exata função desempenhada em certo momento e em certo país
estrangeiro é o que determina a pauta de privilégios. Assim, ao
jovem diplomata brasileiro que atue como terceiro-secretário de
40531388093

nossa embaixada em Nairobi aplica-se a Convenção de 1961 – não a


de 1963 -, e ele terá uma cobertura mais ampla que aquela de goza o
cônsul geral do Brasil em Nova York, veterano titular de um dos
postos mais disputados da carreira.” 31

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
30
!MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010

31
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev.
e atual. São Paulo: Saraiva, 2008.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!51!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
a) Privilégios diplomáticos:

A Convenção de Viena de 1961 estabelece dois tipos de prerrogativas


para o serviço diplomático: as aplicáveis à missão diplomática e as
aplicáveis aos agentes diplomáticos.

Os locais da missão diplomática são invioláveis (art.22), isto é,


os agentes do Estado acreditado32 não poderão neles penetrar sem o
consentimento do Chefe da missão. Ademais, os locais da Missão, seu
mobiliário e demais bens neles situados, assim como os meios de transporte
da Missão, não poderão ser objeto de busca, requisição, embargo ou
medida de execução. Também os arquivos, os documentos e a
correspondência oficial da Missão são invioláveis.

No que diz respeito aos tributos, o Estado acreditante e o Chefe da


Missão estão isentos de todos os impostos e taxas incidentes sobre os
locais da Missão. Além disso, os direitos e emolumentos que a Missão
perceba em razão da prática de atos oficiais (como a concessão de
vistos) estarão isentos de todos os impostos ou taxas.

E os privilégios aplicáveis aos agentes diplomáticos? Quais são eles?

Os agentes diplomáticos gozam de inviolabilidade pessoal e


domiciliar, isto é, não podem ser objeto de qualquer forma de prisão ou
detenção e, ainda, sua residência particular goza da mesma proteção que os
locais da missão. Eles também não podem ser obrigados a prestar
depoimento como testemunha.

Os agentes diplomáticos gozam de ampla imunidade de jurisdição


penal, sendo esta absoluta. Isso quer dizer que, em hipótese alguma, um
diplomata que cometa um crime no Estado acreditado poderá ser preso,
processado e julgado por esse Estado estrangeiro. Os agentes diplomáticos
também possuem imunidade de jurisdição civil e administrativa, as
quais, todavia, não são absolutas, tendo sido restringidas pelo art. 31 da
Convenção de Viena:
40531388093

Artigo 31
1. O agente diplomático gozará da imunidade de jurisdição penal do Estado
acreditado. Gozará também da imunidade de jurisdição civil e administrativa,
a não ser que se trate de:
a) uma ação sobre imóvel privado situado no território do Estado acreditado,
salvo se o agente diplomático o possuir por conta do Estado acreditante para
os fins da missão;
b) uma ação sucessória na qual o agente diplomático figure, a título privado e
não em nome do Estado, como executor testamentário, administrador,
herdeiro ou legatário;
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
32
Estado acreditado é aquele que recebe os agentes diplomáticos e consulares;
Estado acreditante é aquele que envia os agentes diplomáticos e consulares.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!54!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
c) uma ação referente a qualquer profissão liberal ou atividade comercial
exercida pelo agente diplomático no Estado acreditado fora de suas funções
oficiais.

Na hipótese da alínea “a”, o diplomata possui um imóvel privado no


Estado acreditado e sobre ele é impetrada uma ação. Nesse caso, não haverá
imunidade de jurisdição civil por parte do diplomata, a menos que ele o possua
para os fins da missão.

Na hipótese da alínea “b”, por sua vez, há uma ação sucessória


sobre um imóvel na qual o diplomata figura a título estritamente privado.
Como ele não está, nesse caso, desempenhando funções estatais, ele não terá
a imunidade de jurisdição civil.

Por fim, na hipótese da alínea “c”, o diplomata exerce uma


profissão liberal ou atividade comercial no Estado acreditado que não tem
qualquer relação com suas funções oficiais e há uma ação em que ele esteja
envolvido. Nesse caso, por estar envolvido novamente a título privado, ele
também não irá gozar de imunidade de jurisdição. Cabe registrar, quanto a
esse ponto, que o agente diplomático não pode exercer no Estado
acreditado nenhuma atividade profissional ou comercial em proveito
próprio (art. 42).

Os agentes diplomáticos também gozam de imunidade tributária,


mas esta diz respeito unicamente aos tributos diretos, não se aplicando aos
tributos indiretos. Não é porque o sujeito é diplomata que ele não vai precisar
pagar o ICMS referente a uma televisão que ele adquirir, ok? Além disso, a
entrada no Estado acreditado de objetos destinados ao uso oficial da
Missão e de objetos destinados ao uso pessoal do agente diplomático ou
dos membros de sua família é livre de direitos aduaneiros e outras taxas
(art.36).

Todos os privilégios dos agentes diplomáticos em matéria civil,


administrativa, penal e tributária estendem-se aos membros das
respectivas famílias. Destaque-se que o conceito de família não foi definido
40531388093

pela Convenção de Viena de 1961. Assim, para fazer jus à extensão dos
benefícios, esses indivíduos deverão ter seus nomes relacionados em uma
“lista diplomática”.

Os membros do quadro administrativo e técnico33 da Missão


gozam de inviolabilidade pessoal e domiciliar, ampla imunidade de jurisdição
penal, imunidade civil, administrativa e tributária. No entanto, a imunidade
de jurisdição civil e administrativa dos membros do quadro administrativo
e técnico da Missão se aplica exclusivamente aos atos praticados no
exercício de suas funções. Tais privilégios são concedidos exclusivamente

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
33
Como exemplos de membros do quadro administrativo e técnico de uma missão
diplomática podemos citar os Oficiais de Chancelaria e os Assistentes de Chancelaria.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!55!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
aos membros do quadro administrativo e técnico que não sejam nacionais do
Estado acreditado nem nele tenham residência permanente. 34

Os membros do pessoal de serviço da Missão diplomática, por


sua vez, somente farão jus às imunidades (penal, civil, administrativa) em
relação aos atos praticados no exercício de suas funções e desde que
não sejam nacionais do Estado acreditado nem nele tenham residência
permanente.

É, meus amigos! Como vocês podem ver, esses representantes de


um Estado perante o outro gozam de inúmeros privilégios. Mas será que só por
isso eles podem ficar desrespeitando as leis do país onde tenham se
estabelecido?

É claro que não! A Convenção de Viena estabelece o primado do


direito local, segundo o qual, embora imune ao processo, um diplomata
deverá observar as leis do país em que se encontra. Não é porque um
diplomata está imune ao processo civil ou penal que ele vai transgredir uma
norma do país onde se encontra, ok? Essa é a interpretação que devemos
fazer do art. 31, parágrafo 4º da Convenção de Viena de 1961, que estabelece
que: “A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado
acreditado não o isenta da jurisdição do Estado acreditante.”

“Entendi, Ricardo! Agora me diga o seguinte: e se um diplomata


americano representando seu país cometer um crime aqui no Brasil? Ele pode
renunciar à sua imunidade?

Excelente pergunta! Não, ele não pode! Somente o Estado


acreditante pode renunciar à imunidade processual, nunca o próprio
beneficiário da imunidade! E você sabe por quê?

Porque o Estado acreditante quer, na verdade, manter a


exclusividade em julgar aquele que “sujou” seu nome. Mas também seria difícil
o diplomata renunciar à sua imunidade para deixar-se ir preso, não é mesmo?
40531388093

Embora não possa prender o diplomata estrangeiro (em razão da


imunidade de jurisdição penal), o Estado acreditado possui outra forma de
mostrar sua reprovação ao agente diplomático: por meio da declaração de
persona non grata.

O art. 9º da Convenção de Viena de 1961 estabelece que “o Estado


acreditado poderá a qualquer momento, e sem ser obrigado a justificar
a sua decisão, notificar ao Estado acreditante que o Chefe da Missão ou
qualquer membro do pessoal diplomático da Missão é persona non
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
34
É comum que a Missão diplomática tenha como funcionários em seu quadro
administrativo e técnico nacionais do Estado acreditado. Esses indivíduos não farão
jus às imunidades previstas na Convenção de Viena de 1961.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!56!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
grata ou que outro membro do pessoal da missão não é aceitável.”.
Percebam, amigos, que a declaração de persona non grata independe de
qualquer processo administrativo prévio, ou seja, independe da observância do
devido processo legal.

O Estado acreditado não é obrigado a aceitar os agentes


diplomáticos enviados pelo Estado acreditante. Ao contrário, antes
mesmo que esse agente diplomático adentre seu território, ele poderá ser
declarado persona non grata.

b) Privilégios consulares:

A Convenção de Viena sobre Relações Consulares de 1963 estabelece


privilégios e imunidades bastante parecidos aos aplicáveis aos agentes
diplomáticos. Entretanto, tais privilégios e imunidades são bem mais restritos.

No que diz respeito à imunidade penal, os funcionários


consulares não poderão ser detidos ou presos preventivamente, exceto
em caso de crime grave e em decorrência de sentença de autoridade judiciária
competente. Os funcionários consulares e empregados consulares também
podem ser presos em decorrência de sentença judiciária definitiva,
salvo em razão de atos praticados no exercício de suas funções oficiais. Assim,
podemos dizer que a imunidade penal dos funcionários consulares abrange
apenas os atos praticados no exercício das funções consulares. Se um cônsul
cometer um crime de homicídio, ele poderá ser preso; já se ele falsificar um
passaporte (exercício de seu ofício), estará amparado pela imunidade.

Da mesma forma, a imunidade civil dos cônsules e funcionários


consulares está limitada ao exercício de suas funções. No que diz respeito à
imunidade tributária, ela é semelhante à que fazem jus os agentes
diplomáticos, abrangendo apenas os tributos diretos. Os locais consulares
são invioláveis na medida estrita de sua utilização funcional, e gozam de
imunidade tributária. Os arquivos e documentos consulares, a exemplo dos
40531388093

diplomáticos, são invioláveis em qualquer circunstância e onde quer que se


encontrem.

É fundamental destacarmos que os privilégios consulares não são


extensíveis a suas famílias. (IMPORTANTE!!!) Isso porque as imunidades
outorgadas aos funcionários consulares pela Convenção de Viena de 1963 se
limitam aos atos praticados no exercício de suas funções.

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!57!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅

23. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) O


reconhecimento da imunidade de jurisdição de agentes diplomáticos,
existente desde os primórdios do direito internacional, embora seja
norma costumeira, não consolidada em forma de tratado, apresenta
elevado grau de adesão multilateral.

Comentários:

A imunidade de jurisdição dos agentes diplomáticos é, de fato,


reconhecida desde os primórdios do direito internacional. No entanto, trata-se
de regra já positivada em tratado internacional: a Convenção de Viena
sobre Relações Diplomáticas, de 1961. Questão errada.

24. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) A


residência particular do agente diplomático goza de inviolabilidade e
proteção, assim como o local da missão diplomática, o que não ocorre
com a pessoa do agente diplomático, que poderá sofrer detenção ou
prisão por parte do Estado acreditado, em decorrência de violação às
regras do direito penal desse mesmo Estado.

Comentários:

O agente diplomático não poderá ser objeto de qualquer forma de


prisão ou detenção. Sua residência particular goza da mesma proteção que os
locais da missão diplomática. Questão errada.

25. (Procurador da República – 2011) Os agentes consulares, no


direito consular contemporâneo:
40531388093

a) gozam de imunidade plena, equiparável à dos diplomatas.

b) gozam de imunidade quanto aos atos oficiais, dentro da jurisdição


consular.

c) têm que ser recrutados entre agentes da carreira diplomática.

d) não gozam de imunidade pessoal, ainda que exerçam funções consulares


em seção respectiva de missão diplomática.

Comentários:

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!58!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Letra A: errada. Não se pode dizer que os agentes consulares têm
imunidade plena. A imunidade dos agentes consulares se limita aos atos
praticados no exercício da função.

Letra B: correta. De fato, a imunidade dos agentes consulares


abrange os atos oficiais, dentro da jurisdição consular.

Letra C: errada. Embora isso seja feito no Brasil, os agentes


consulares não precisam, necessariamente, ser membros da carreira
diplomática.

Letra D: errada. Os agentes consulares gozam de imunidade


pessoal, embora esta não seja tão ampla quanto a dos diplomatas. Os
diplomatas não se submetem a qualquer forma de prisão ou detenção. Já os
agentes consulares podem ser presos em determinadas situações.

26. (Advocacia Geral da União-2010-adaptada) Em virtude do não


pagamento de dívida contraída no Estado acreditado, o diplomata
brasileiro pode ser declarado persona non grata pelo Estado
estrangeiro, desde que seja previamente submetido ao devido
processo legal.

Comentários:

A declaração de que o diplomata é persona non grata independe de


submissão ao devido processo legal. Questão errada.

27. (Juiz Federal – 5ª Região-2007) No âmbito de uma missão


diplomática, apenas o chefe da missão goza de imunidade de
jurisdição penal e civil.

Comentários:

Não é só o chefe da Missão (embaixador) quem possui imunidade de


jurisdição penal e civil. Os agentes diplomáticos, o pessoal do quadro técnico e
40531388093

administrativo e os membros do pessoal de serviço possuem imunidade de


jurisdição penal e civil. Questão errada.

28. (OAB-2007)- Em determinado Estado, um agente diplomático


estrangeiro envolveu-se em um acidente de trânsito, causando a morte
de um pedestre. Nessa situação, diante do homicídio culposo:

a) o Estado acreditado pode julgar o agente diplomático estrangeiro, por


tratar-se de crime que não tem qualquer relação com a função diplomática.

b) o Estado acreditado só pode julgar o agente diplomático se ele renunciar


expressamente à imunidade de jurisdição.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!52!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
c) o agente diplomático somente poderá ser julgado no Estado acreditado se o
Estado acreditante renunciar expressamente à imunidade de jurisdição.

d) em nenhuma hipótese é possível o julgamento do agente diplomático, por


ser irrenunciável a imunidade de jurisdição.

Comentários:

Letra A: errada. O agente diplomático possui ampla imunidade de


jurisdição penal, civil e administrativa. Portanto, ele não poderá ser julgado
pelo Estado acreditado.

Letra B: errada. O agente diplomático não pode renunciar à


imunidade de jurisdição.

Letra C: certa. O diplomata somente será julgado pelo Estado


acreditado se o Estado acreditante renunciar à imunidade de jurisdição

Letra D: errado. A imunidade de jurisdição é renunciável somente


pelo Estado acreditante.

29. (OAB-2006.2)- Sobre imunidades e privilégios diplomáticos e


consulares, assinale a alternativa CORRETA:

a) no âmbito da missão diplomática, os membros do quadro diplomático de


carreira e os membros do quadro administrativo e técnico, que sejam oriundos
do Estado acreditante, gozam de ampla imunidade de jurisdição penal;

b) a imunidade, no âmbito da jurisdição civil, inclui a imunidade nos feitos


sucessórios, mesmo que o agente diplomático esteja envolvido na questão a
título estritamente privado;

c) as imunidades processuais de que gozam os cônsules e funcionários


consulares se estendem aos membros da sua família;
40531388093

d) no caso dos cônsules, a imunidade quanto à jurisdição penal alcança os


crimes relacionados aos atos de ofício e os crimes comuns.

Comentários:

Letra A: certa. Os membros do quadro diplomático de carreira e os


membros do quadro administrativo e técnico, no âmbito de uma missão
diplomática, gozam de ampla imunidade de jurisdição penal e civil

Letra B: errada. Nesse caso, como o diplomata está envolvido na


questão a título estritamente privado, ele não terá a imunidade de jurisdição
civil.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!53!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Letra C: errada. As imunidades dos cônsules e funcionários
consulares, ao contrário das aplicáveis aos diplomatas, não são extensíveis aos
familiares e dependentes.

Letra D: errada. A imunidade dos cônsules alcança apenas os atos


praticados no exercício de suas funções.

30. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003) Os cônsules e os


diplomatas gozam da mesma pauta de privilégios e imunidades.

Comentários:

Os diplomatas possuem ampla imunidade de jurisdição penal e civil,


enquanto a imunidade dos cônsules se limita ao exercício de suas funções.
Questão errada.

31. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003) A finalidade dos


privilégios e imunidades diplomáticos, além de beneficiar indivíduos, é
garantir o eficaz desempenho das funções das missões diplomáticas,
em seu caráter de representantes dos Estados.

Comentários:

A finalidade dos privilégios e imunidades diplomáticas não é, de


forma alguma, beneficiar indivíduos. Questão errada.

32. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003) O agente diplomático


goza, em regra, da imunidade de jurisdição civil, administrativa e
penal do Estado acreditado.

Comentários:

De fato, o diplomata possui imunidade de jurisdição administrativa,


penal e civil do Estado acreditado. Questão correta.
40531388093

33. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados-2002) Somente


os Estados acreditantes podem renunciar às imunidades de natureza
penal e civil de que gozem os seus representantes diplomáticos.

Comentários:

O Estado acreditante poderá renunciar à imunidade penal e civil de


que gozem seus representantes diplomáticos junto ao Estado acreditado.
Questão correta.

34. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados-2002)- Os


Estados são representados junto a soberanias estrangeiras, para o
trato de “assuntos de Estado”, pelos seus funcionários consulares.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!59!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Comentários:

Quem representa o Estado frente a uma soberania estrangeira


(assuntos de Estado) são os agentes diplomáticos. Os funcionários consulares
são representantes do Estado acreditante para fins de tratar de assuntos
privados. Questão errada.

35. (Juiz Federal – 5ª Região-2000)- Sobre a representação


diplomática:

I)- As isenções tributárias e de serviço são reconhecidas apenas aos chefes de


missão diplomática.

II)- A sede da missão diplomática goza de inviolabilidade.

III)- As imunidades diplomáticas têm por fundamento jurídico a doutrina


funcional.

IV)- O país acreditante deverá aceitar todos os representantes diplomáticos


indicados pelo Estado acreditado.

V)- Os agentes diplomáticos não gozam de imunidades de jurisdição penal,


somente civil.

Estão corretas somente as proposições:

a)I e II

b) I e V

c) II e III

d) III e IV

e) IV e V 40531388093

Comentários:

A primeira assertiva está errada. Não são somente os chefes de


missões diplomáticas que gozam de isenção tributária.

A segunda assertiva está correta. Os locais das missões


diplomáticas gozam de inviolabilidade.

A terceira assertiva está correta. As imunidades diplomáticas têm


como objetivo garantir o eficaz desempenho das funções da missão
diplomática. Essa é a doutrina funcional.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!6:!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
A quarta assertiva está errada por dois motivos. O primeiro é que a
banca examinadora fez confusão entre Estado acreditante e Estado acreditado.
Estado acreditante é o que envia os representantes diplomáticos. Estado
acreditado é quem recebe esses diplomatas. O segundo é que o Estado
acreditado não é obrigado a aceitar os representantes diplomáticos enviados
pelo Estado acreditante.

A quinta assertiva está errada. Os agentes diplomáticos gozam de


imunidade penal e civil no Estado acreditado.

3.8.2- Imunidade de Jurisdição estatal:

A imunidade de jurisdição é um atributo dos Estados, segundo o


qual eles não podem ser submetidos ao Poder Judiciário de um outro
Estado estrangeiro. Há um tempo atrás, considerava-se que a imunidade de
jurisdição estatal era absoluta em razão da aplicação do conceito do “par in
parem non habet judicium”, considerada regra costumeira de direito
internacional. Essa expressão em latim significa que não há jurisdição entre os
pares, isto é, um Estado não se submete à jurisdição de outro Estado.

Todavia, o entendimento doutrinário e jurisprudencial dominante


flexibilizou a antes absoluta imunidade de jurisdição estatal. Assim, o
entendimento que prevalece no atual contexto do direito internacional é o de
que a imunidade de jurisdição somente abrange os atos de império,
não alcançando os atos de gestão. A limitação da imunidade de jurisdição
de Estado estrangeiro aos atos de império já é considerada por vários autores
como uma norma consuetudinária de direito internacional.

Nesse contexto, faz-se necessário diferenciar quando um Estado


pratica um ato de império e um ato de gestão. Segundo Portela35, atos de
império são aqueles que o Estado pratica no exercício de suas prerrogativas
soberanas. Já os atos de gestão são aqueles exercidos pelo Estado em
igualdade de condições com os particulares. Dentre os atos de gestão,
40531388093

podemos citar os que se referem a aluguel e compra de bens móveis e


imóveis, contratação de prestadores de serviços e de empregados e, ainda, as
causas relativas à responsabilidade civil. Assim, pode-se afirmar que não há
imunidade de jurisdição nas causas relativas à responsabilidade civil,
tendo em vista que estas têm natureza de atos de gestão.

Quanto à imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro, cabe


destacar importante entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo a Corte Constitucional, não há que se falar em imunidade de

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
35
!PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!61!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
jurisdição do Estado estrangeiro diante de casos levados à Justiça do
Trabalho.

Imaginem só, amigos, o caso de um funcionário brasileiro de uma


embaixada estrangeira aqui no Brasil. Se o Estado estrangeiro não fizer o
pagamento de férias a esse funcionário, como ficará a situação? Ele terá que
entrar contra o Estado estrangeiro perante a Justiça do Trabalho! Ih, mas o
Estado estrangeiro goza de imunidade de jurisdição! Não, nos casos levados à
Justiça do Trabalho, o STF decidiu que há uma exceção à imunidade de
jurisdição do Estado estrangeiro.

Além das lides trabalhistas, entende a doutrina que os demais atos


de gestão – aquisição de bens móveis e imóveis, por exemplo – não são
abrangidos pela imunidade de jurisdição estatal. Assim, nestes casos, o
Estado estrangeiro estará sujeito à jurisdição brasileira.

Mas será que há possibilidade de renúncia do Estado à imunidade de


jurisdição? Sim, existe essa possibilidade! O Estado poderá renunciar à
imunidade de jurisdição, submetendo-se ao Poder Judiciário
estrangeiro. Destaque-se, todavia, que, se houver renúncia à imunidade no
processo de conhecimento, isso não implica renúncia à imunidade no processo
de execução, em relação ao qual se exigirá nova renúncia.

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

36. (Juiz Federal 1ª Região- 2009) Pedro, cidadão brasileiro, presta


serviços como cozinheiro na embaixada do Estado X no Brasil. Após
constatar que vários dos direitos trabalhistas previstos na
Consolidação das Leis do Trabalho estavam sendo desrespeitados,
40531388093

Pedro decidiu ajuizar ação na justiça do trabalho brasileira. Com base


nessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) Deve ser seguido o procedimento descrito na Convenção das Nações Unidas


sobre Imunidades de Jurisdição e Execução do Estado.

b) Em matéria trabalhista, não há imunidade de jurisdição do Estado


estrangeiro no Brasil.

c) A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro é absoluta por força de


uma norma jus cogens.

d) A competência para conhecer da ação é da justiça federal.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!64!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
e) Em matéria trabalhista, não há imunidade de execução do Estado
estrangeiro no Brasil.

Comentários:

Letra A: errada. Até já existem tratados internacionais sobre o tema


imunidade de jurisdição. Em 2005, foi adotado, no âmbito da ONU, o texto da
“Convenção sobre Imunidades Jurisdicionais do Estado e de seus bens”.
Entretanto, essa convenção ainda não está em vigor e as regras existentes
sobre imunidade de jurisdição são de natureza costumeira.

Letra B: certa. Segundo entendimento do STF, não há imunidade de


jurisdição do Estado estrangeiro no Brasil em matéria trabalhista.

Letra C: errada. A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro não


é absoluta, abrangendo apenas os atos de império.

Letra D: errada. A competência para conhecer da ação é da Justiça


do Trabalho.

Letra E: errada. A imunidade de execução do Estado estrangeiro no


Brasil ainda é absoluta. A imunidade de jurisdição é que foi flexibilizada pela
jurisprudência brasileira. O resultado disso é que, mesmo havendo uma
decisão contrária a um Estado estrangeiro em uma lide trabalhista, esta terá
pouca efetividade, tendo em vista a impossibilidade de se fazer a cobrança
judicial em processo executório.

37. (Juiz Federal – 5ª Região- 2005)- O Estado estrangeiro está


sujeito à jurisdição brasileira quando pratica ato jure gestiones, como,
por exemplo, a aquisição de bens móveis e imóveis.

Comentários:

A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro está limitada aos


atos de império. Logo, quando pratica atos de gestão, o Estado estrangeiro se
40531388093

submete à jurisdição brasileira. Questão correta.

38. (Juiz Federal – 5ª Região- 2005)- Em causas relativas à


responsabilidade civil, o Estado estrangeiro goza de imunidade de
jurisdição, devendo a parte lesada discutir sua pretensão indenizatória
perante os tribunais do país faltoso.

Comentários:

Não há imunidade de jurisdição nas causas relativas à


responsabilidade civil. Questão errada.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!65!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
39. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003)- A regra que dispõe
não haver jurisdição entre os pares (par in parem non habet judicium)
não mais se aplica ao relacionamento entre Estados tendo em vista o
princípio da jurisdição universal.

Comentários:

Não existe um princípio de jurisdição universal, sendo que ainda se


aplica a regra “par in parem non habet judicium”, particularmente no que diz
respeito à imunidade de execução. A imunidade de jurisdição, por sua vez,
abrange unicamente os atos de império, o que já é considerado regra de
direito internacional consuetudinário por autores como Accioly. Questão
errada.

3.8.3- Imunidade de Execução:

É fundamental não confundirmos “imunidade de jurisdição” com


“imunidade de execução”. Enquanto a imunidade de jurisdição impede que um
Estado seja submetido ao Poder Judiciário de outro Estado, a imunidade de
execução é atributo estatal que lhe garante a proteção dos seus bens
no exterior. A imunidade de execução impede que os bens do Estado
estrangeiro sejam executados, em virtude de serem invioláveis.

Vamos supor que um funcionário de nacionalidade brasileira de uma


repartição diplomática estrangeira no Brasil tenha ficado sem receber seus
salários durante 5 (cinco) meses e decide acionar o Estado estrangeiro no
Poder Judiciário local. Nesse caso, como se trata de uma causa de
natureza trabalhista, não há imunidade de jurisdição do Estado
estrangeiro (entendimento já consolidado no STF). Logo, o Estado
estrangeiro será julgado pelo Poder Judiciário brasileiro, especificamente pela
Justiça do Trabalho. Imaginemos, ainda, que o Poder Judiciário reconheceu o
direito do funcionário. Findo o processo de conhecimento, partimos, então,
para o processo de execução.
40531388093

E agora? Como é que a fica a situação?

Bem, o Estado estrangeiro se submeteu à jurisdição brasileira, tendo


sido condenado. No entanto, todos os bens desse Estado estão gravados por
cláusula de inviolabilidade. Nesse rumo, a jurisprudência do STF considera
que a imunidade de execução do Estado estrangeiro é absoluta. O
resultado disso é que, mesmo havendo uma decisão contrária a um Estado
estrangeiro em uma lide trabalhista, esta poderá não ter efetividade, tendo em
vista a impossibilidade de se fazer a cobrança judicial em processo
executório. Apesar disso, pode ocorrer (como, de fato, já ocorreu na prática!)
de o Estado estrangeiro, voluntariamente, pagar a dívida trabalhista em
questão.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!66!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Destaque-se, ainda, que, caso o Estado estrangeiro tenha
renunciado à imunidade de jurisdição, isso não implica renúncia da sua
imunidade de execução. Assim, se houve renúncia à imunidade no processo
de conhecimento, será necessária nova renúncia no processo de execução,
sem o que a sentença não será cumprida.

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

40. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003)- A renúncia à


imunidade de jurisdição no tocante às ações cíveis ou administrativas
implica renúncia à imunidade quanto às medidas de execução da
sentença, para as quais nova renúncia é necessária.

Comentários:

Se houver renúncia estatal à imunidade no processo de


conhecimento, isso não implica renúncia no processo de execução. Logo, é
necessária nova renúncia quanto à imunidade de execução. Questão errada.

3.9- Responsabilidade Internacional dos Estados:

A responsabilidade internacional dos Estados representa a obrigação


de cumprir com as obrigações internacionalmente assumidas e, ainda, o
dever de não causar dano. Em outras palavras, a prática de um ilícito
internacional que cause dano a outro Estado enseja responsabilização
internacional.
40531388093

Segundo Rezek36, a ideia de responsabilidade internacional está


ligada ao fato de que o Estado responsável pela prática de um ato ilícito
segundo o direito internacional deve ao Estado a que tal ato tenha causado
dano uma reparação adequada.

Accioly37 enfatiza essa ideia ao afirmar que é incontestável a regra de


que o estado é internacionalmente responsável por todo ato ou omissão que
lhe seja imputável e do qual resulte a violação de uma norma jurídica
internacional ou de suas obrigações internacionais.
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
36
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2008
37
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba. Manual de
Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!67!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Existem três teorias que explicam a natureza jurídica da
responsabilidade internacional: a teoria objetivista, a teoria subjetivista e
a teoria mista.

Segundo a teoria objetivista, um Estado que cometa uma violação


de norma internacional, causando dano a outrem, será responsabilizado
independentemente da apuração de dolo ou culpa. Em matéria ambiental,
aplica-se essa teoria, surgindo a responsabilidade internacional a partir da
existência de dano, independentemente de culpa do agente.

Para ilustrar a corrente objetivista, citamos a "Convenção sobre


Responsabilidade Internacional por Danos causados por Objetos Espaciais",
que estabelece em seu art. 2º que "Um Estado lançador será o responsável
absoluto pelo pagamento de indenizações por danos causados por seus objetos
espaciais na superfície da Terra ou a aeronaves em voo." Nesse caso,
consideramos que a responsabilidade do Estado é objetiva porque independe
da culpa do agente, sendo o fato material do dano causado pelo objeto
espacial elemento suficiente para ensejar reparação na forma de indenização.
Também consideramos que, nesse caso, a responsabilidade é absoluta, já
que independe da ilicitude do ato.

A teoria subjetivista, por sua vez, prega que para que um Estado
seja responsabilizado internacionalmente não basta a configuração do ilícito,
fazendo-se necessária também a existência de dolo ou culpa. A
jurisprudência internacional considera que à maioria dos casos se aplica a
tese da responsabilidade subjetiva.

Por fim, a teoria mista trata de forma diferente os atos omissivos e


os comissivos. Os atos omissivos somente darão ensejo à responsabilização
internacional quando forem acompanhados de culpa sob a forma de
negligência. Já em relação aos atos comissivos, basta que haja uma relação
entre a conduta e o dano efetivamente causado.

Como regra geral, são três os elementos essenciais para a


responsabilização internacional do Estado: o ato ilícito, a imputabilidade e o
40531388093

dano.

O ato ilícito é uma ação ou omissão que viola as obrigações


internacionais assumidas por um Estado, ou seja, que viola uma norma de
direito internacional, seja ela uma regra costumeira, um tratado ou mesmo um
princípio geral.

A imputabilidade é a possibilidade de se atribuir a um Estado a ação


ou omissão que tenha violado os compromissos por ele assumidos. O Estado
pode ser responsabilizado internacionalmente em virtude de atos emanados
por quaisquer dos seus três Poderes (Executivo, Legislativo ou Judiciário)
e, ainda, em virtude de atos praticados por quaisquer de seus agentes
(diplomatas e cônsules). Tais atos são atribuíveis diretamente ao Estado.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!68!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Se, por exemplo, o Poder Judiciário tomar uma decisão que afaste a
aplicação de um tratado que tenha sido ratificado pelo Brasil, há possibilidade
de responsabilização internacional. Da mesma forma, caso seja aprovada uma
lei pelo Congresso Nacional que afronte compromissos internacionais
assumidos pelo Estado brasileiro, será possível a responsabilização
internacional. Outro exemplo de hipótese que enseja responsabilidade
internacional seria o de um diplomata que, servindo em Estado estrangeiro,
tenha contraído empréstimo, mas não pagou a dívida.

O conceito de dano é totalmente intuitivo, sendo este essencial à


responsabilização internacional do Estado. A regra geral é que a
responsabilidade internacional decorra de um ato ilícito. Um ilícito
internacional ocorrerá quando houver o descumprimento de uma norma de
direito internacional, seja ela um tratado, um costume ou mesmo um princípio
geral. Como exceção, é possível, todavia, que a responsabilidade
internacional resulte também de um ato lícito.

“Tudo bem, Ricardo! Se o Estado comete um ato ilícito que causa


dano a outro Estado ele deverá ser responsabilizado. Mas como isso ocorre?”

Quando um Estado comete um ato ilícito que causa dano a outro, ele
deverá promover a reparação devida, ou seja, deverá promover uma
reparação compatível com o dano causado. Essa reparação não tem caráter
punitivo, mas sim compensatório.

Segundo Rezek, a forma da reparação há de corresponder à do


dano. Assim, se o dano tiver sido moral, a reparação não deverá ser em
dinheiro, mas sob outra forma, como desagravo público ou pedido de
desculpas formal. Por outro lado, se o dano tiver sido econômico, haverá
ensejo à reparação pecuniária (indenização). O simples reconhecimento do
ilícito não é, assim, uma forma adequada para promover a
compensação no direito internacional.

A Corte Internacional de Justiça já estabeleceu, em alguns dos seus


julgados, que uma das conseqüências jurídicas possíveis de um ilícito
40531388093

internacional são as garantias de não-repetição. Isso quer dizer, como o


próprio nome já nos induz a pensar, que um Estado pode, como consequência
de um ato ilícito que tenha cometido, garantir ao outro que não repetirá sua
atitude. Em outras palavras, o Estado que comete um ilícito internacional pode
dizer ao outro: “Olha só, pode ficar tranquilo que eu não vou fazer isso
novamente!” Segundo Rezek38, as garantias de não-repetição são
aplicáveis a casos particulares e excepcionais em que a simples
cessação do ato ilícito ou a reparação não são suficientes para tutelar
a obrigação internacional existente.

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
38
REZEK, Francisco. Direito Internacional Público: curso elementar, 11ª Ed, rev. e atual.
São Paulo: Saraiva, 2008
!

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!62!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
No ano de 1996, a CDI (Comissão de Direito Internacional) da ONU
aprovou o texto de um projeto de convenção internacional sobre
responsabilidade internacional dos Estados e o encaminhou à Assembleia Geral
para adoção. No entanto, até hoje esse projeto não se transformou em um
tratado internacional. Dessa forma, não há codificação da
responsabilidade internacional dos Estados em decorrência de ato
ilícito.

Apesar disso, existem certas circunstâncias admitidas pela doutrina


como excludentes de responsabilidade internacional do Estado. São elas:

- Legítima defesa: consiste em uma medida de defesa manifestada


na justa medida para repelir uma agressão injusta, seja ela atual ou iminente.
A Carta da ONU regula os limites da legítima defesa.

- Represálias: são atos ilícitos, mas que se justificam como a única


defesa possível contra outro ato ilícito. As represálias somente se justificam
face a um ato prévio que afronte os direitos de quem as emprega e se
proporcionais à gravidade da infração. Como exemplo de represálias, podemos
citar algumas medidas que foram tomadas contra a Coréia do Norte em
decorrência do seu programa nuclear – considerado pelo Conselho de
Segurança da ONU como um ato ilícito. O Japão, por exemplo, impôs
represálias contra a Coréia do Norte, proibindo a importação de produtos
norte-coreanos, assim como as exportações de muitos de seus produtos
àquele país.

- Retorsão: significa, de forma bem direta, “pagar na mesma


moeda”. Se, por exemplo, um Estado aumenta exageradamente os impostos
na importação, a retorsão implicaria que os outros Estados fizessem o mesmo
em relação a ele. Veja que o ato que motiva a retorsão é um ato que é
praticado dentro dos limites do direito. Já o ato que motiva a represália é um
ato ilícito sob a ótica do direito internacional.

-Prescrição Liberatória: consiste no silêncio do Estado ofendido por


um longo tempo não especificado pelo Direito Internacional. Ex: A Argentina
40531388093

aplica restrições comerciais arbitrárias e injustificáveis contra o Brasil (o que


poderia ser considerado um ilícito internacional). O Brasil nada faz, vai
deixando o tempo passar sem se manifestar, nem liga para o caso... Depois de
passado muito tempo (não há uma determinação objetiva do que seja muito
tempo) sem que o Brasil faça alguma coisa, ocorre o que se chama prescrição
liberatória, ou seja, é excluída a ilicitude do ato argentino.

- Culpa do próprio Estado lesado: quando o próprio Estado lesado


se comportou de tal forma que possa ter causado o dano ou ter contribuído
para este.

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!63!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅

41. (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002)- O Estado que


praticar um ilícito a um membro de organização internacional deverá a
esta uma reparação adequada.

Comentários:

A Corte Internacional de Justiça, em Parecer Consultivo referente à


morte de Folke de Bernadotte, reconheceu a legitimidade da ONU para pleitear
a reparação de danos diante do Estado de Israel. Folke de Bernadotte era
representante da ONU no Oriente Médio e havia sido assassinado por
extremistas israelenses. Questão correta.

42. (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002)- A noção de


responsabilidade internacional dos Estados fundamenta-se no
princípio segundo o qual os compromissos assumidos devem ser
mantidos e o mal injustamente causado deve ser reparado.

Comentários:

Os compromissos assumidos devem ser cumpridos em homenagem à


regra “pacta sunt servanda”. Assim, haverá ensejo à responsabilização quando
um Estado comete um ilícito internacional que causa dano a outrem. Questão
correta.

43. (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002)- Em matéria de


responsabilidade internacional, a regra é a da culpa objetiva.

Comentários:
40531388093

A regra geral, em matéria de responsabilidade internacional, é a da


culpa subjetiva. Questão errada.

44. (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002)- Um sujeito de


direito internacional vitimado por dano moral pode pleitear reparação.

Comentários:

O dano moral também enseja reparação. Questão correta

45. (Advocacia Geral da União – 2010-adaptada)- O Estado brasileiro


pode ser responsabilizado internacionalmente, em tribunal

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!69!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
internacional, em virtude do não pagamento de dívida contraída por
um diplomata no Estado acreditado.

Comentários:

Atos realizados por agentes estatais são diretamente atribuíveis ao


próprio Estado. Nesse sentido, o não pagamento de dívida contraída por um
diplomata pode ensejar responsabilização internacional. Questão correta.

46. (Analista de Comércio Exterior-2008)- A Convenção das Nações


Unidas sobre Responsabilidade Internacional dos Estados por Atos
Ilícitos originou-se de um projeto de artigos elaborado pela Comissão
de Direito Internacional da ONU.

Comentários:

Ainda não há norma convencional sobre a responsabilidade


internacional dos Estados. Questão errada.

47. (Procurador da Fazenda Nacional-2007)- Uma decisão do Poder


Judiciário brasileiro pode levar à responsabilidade internacional do
Brasil, caso a decisão viole compromissos jurídico-internacionais
assumidos pelo país.

Comentários:

Os atos emanados por qualquer dos Três Poderes (Executivo,


Legislativo e Judiciário) são atribuíveis diretamente ao Estado brasileiro e,
portanto, caso violem a ordem internacional, podem levar à responsabilização
internacional do Brasil. Questão correta.

48. (Procurador da Fazenda Nacional-2007)- Uma lei de um dos


Estados da federação não pode dar ensejo à responsabilidade
internacional do Brasil porque, no âmbito nacional, os compromissos
são assumidos pela União Federal. 40531388093

Comentários:

Se uma lei de um Estado da federação for contrária a compromissos


jurídicos assumidos internacionalmente, é possível a responsabilização
internacional do Estado. Questão errada.

49. (Procurador da Fazenda Nacional-2007)- A responsabilidade


internacional do Estado deve ter sempre por base uma ação. Uma
omissão não pode dar ensejo à responsabilização do Estado no plano
internacional.

Comentários:

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!7:!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
A responsabilidade internacional pode advir de uma ação ou de uma
omissão. Questão errada.

50. (Procurador da Fazenda Nacional-2007)- A responsabilidade


internacional do Estado apenas existe se há a violação de um tratado
internacional. O desrespeito a um costume internacional, por exemplo,
não é suficiente para dar ensejo à responsabilidade do Estado.

Comentários:

Um ilícito internacional ocorrerá quando houver o descumprimento de


uma norma de direito internacional, seja ela um tratado, um costume ou
mesmo um princípio geral. Questão errada.

4- A Santa Sé e o Estado da Cidade do Vaticano:

Quando se fala em sujeitos de direito internacional público, há um


caso bem particular que merece comentários: a Santa Sé e a Cidade do
Vaticano, que são dois entes diversos, mas que possuem em comum a
vinculação com a Igreja Católica.

A Santa Sé representa a administração da Igreja, ou seja, o governo


da Igreja. Sua porção territorial é a Cidade do Vaticano, que está "incrustada"
em Roma. A Santa Sé não possui nacionais, já que aqueles que lá nascem são
italianos. Os objetivos da Santa Sé não são os mesmos de um Estado
soberano comum. Um Estado soberano comum busca o desenvolvimento
econômico e o bem-estar da sua população. A Santa Sé, na condição de
governo da Igreja, tem objetivos que se confundem com os próprios objetivos
da Igreja Católica.

Segundo Rezek, a Santa Sé constitui-se em um caso único de


40531388093

personalidade jurídica de direito internacional anômala, já que não


possui nacionais – mas tão somente uma população - e os objetivos do seu
governo não são os mesmos de um Estado soberano comum. Ressalte-se que
o Tratado de Latrão (1929) reconheceu a personalidade internacional da Santa
Sé, o que lhe garante o direito de convenção – celebração de tratados – e de
legação – faculdade de enviar e receber agentes diplomáticos.

O Tratado de Latrão, celebrado entre a Santa Sé e a Itália, criou o


Estado da Cidade do Vaticano. Segundo Mazzuoli39, a soberania do Estado
da Cidade do Vaticano é originária, mas sua representação e poder de governo

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
39
!MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público, 4ª ed. São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2010.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!71!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
estão submetidos à autoridade da Santa Sé. Com efeito, o Tratado de Latrão
dispõe que o Estado da Cidade do Vaticano foi criado justamente para
assegurar à Santa Sé uma condição de fato e de direito capaz de lhe garantir
absoluta independência para a realização de sua missão espiritual no mundo.

Segundo Portela40, o Vaticano é um ente estatal e, portanto,


possui personalidade jurídica de direito internacional, possuindo
capacidade internacional para celebrar tratados e participar de organismos
internacionais. Todavia, o direito de legação (enviar e receber diplomatas) é
exercido pela Santa Sé.

Vejamos como esses assuntos podem ser cobrados em prova!

51. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados- 2002)- A Santa


Sé é equiparada aos Estados soberanos, sendo, assim, sujeito do
direito internacional público.

Comentários:

A Santa Sé é considerada sujeito de direito internacional equiparada


aos Estados soberanos, possuindo, todavia, personalidade jurídica de direito
internacional anômala. Questão correta.

5- Organizações não-governamentais (ONG’s):

Na próxima aula falaremos sobre as organizações internacionais. Por


agora, nosso objetivo é tratar tão somente das organizações não-40531388093

governamentais (ONG’s)

As organizações não-governamentais são entidades que, ao


contrário das organizações internacionais, não são regidas pelo direito
internacional, mas sim pelo direito interno de cada país. Logicamente,
elas poderão ter abrangência e alcance internacionais, mas diferem das
organizações internacionais quanto à sua composição e suas normas
constitutivas.

As ONG’s são associações sem fins lucrativos que atuam em


diversas áreas, tais como preservação do meio ambiente, proteção dos
!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
40
!PORTELA, Paulo Henrique Gonçalves. Direito Internacional Público e Privado. Salvador:
Editora Juspodium, 2009.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!74!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
direitos humanos, combate à fome e outras. O aprofundamento das
relações internacionais decorrente da globalização trouxe à tona uma série de
problemas que se constituem preocupação comum da sociedade internacional.
As ONG’s surgem, nesse contexto, como entidades que promovem o debate
sobre as mais importantes questões internacionais, contribuindo, assim, para o
desenvolvimento e aperfeiçoamento do arcabouço normativo do direito
internacional.

As organizações não-governamentais (ONG’s) não representam uma


associação de Estados, mas sim, nas palavras de Accioly, “a expressão da
sociedade civil internacional”. Elas representam uma mobilização da sociedade
civil e se declaram com finalidades públicas e sem fins lucrativos, mobilizando
a opinião pública e o apoio da população para atuar em áreas diversas.

E agora vem uma pergunta complicada: teriam as ONG’s


personalidade jurídica de direito internacional?

Não há consenso quanto a essa questão, mas a doutrina


dominante considera que as ONG’s não possuem personalidade
jurídica de direito internacional, sendo apenas atores internacionais.
Sem embargo desse entendimento, a doutrina reconhece que a ONG conhecida
como Comitê Internacional da Cruz Vermelha possui personalidade
jurídica de direito internacional.

Destacamos a visão de Accioly41, que considera, inclusive, que as


ONG’s, enquanto expressão da sociedade civil, “preparam o caminho para a
análise do ser humano como sujeito de direito internacional”.

Bom pessoal, já falamos demais! Vamos agora a mais questões


comentadas!

40531388093

!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
41
ACCIOLY, Hildebrando; SILVA, G.E do Nascimento & CASELLA, Paulo Borba.
Manual de Direito Internacional Público, 17ª Ed. São Paulo: Saraiva, 2009

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!75!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
QUESTÕES COMENTADAS

1. (Instituto Rio Branco-2008) É considerado divisor de águas no


direito internacional o parecer consultivo da Corte Internacional de
Justiça no caso Reparação de danos a serviço das Nações Unidas
acerca da morte de Folke de Bernadotte, mediador que, no exercício de
suas funções, foi assassinado por extremistas israelenses em
Jerusalém, em 1948. Essa consideração justifica-se porque o parecer:

a) declarou a existência da Palestina como território israelense.

b) homologou o pedido penal do Estado de Israel.

c) reconheceu a personalidade jurídica das organizações internacionais.

d) incorporou o princípio da legítima defesa internacional.

e) consagrou o pacifismo e não violência como deveres jurídicos.

COMENTÁRIOS:

O Parecer Consultivo da CIJ acerca da morte de Folke de Bernadotte é


um marco do direito internacional público porque reconheceu a qualidade de
sujeito de DIP às organizações internacionais. (Letra C)

2. (Juiz Federal- 3ª Região-2006)- Em uma ação promovida contra


um Estado estrangeiro deve o juiz:

a) julgar-se incompetente e enviar a ação para o Tribunal Superior.

b) determinar a citação do representante legal do Estado.

c) indeferir a inicial por falta de jurisdição.

d) encaminhar a inicial ao Ministério das Relações Exteriores.


40531388093

COMENTÁRIOS:

Em uma ação promovida contra um Estado estrangeiro, o juiz deverá


determinar a citação do representante legal do Estado (letra B), a partir do que
será dado início ao procedimento de apuração da imunidade de jurisdição. A
legislação processual brasileira não prevê a possibilidade de indeferimento da
inicial em razão de falta de jurisdição.

3. (AFC-TCU/2000) A regra segundo a qual o Estado é


internacionalmente responsável por todo ato ou omissão que lhe seja
imputável e do qual resulte a violação de uma norma jurídica
internacional ou de suas obrigações internacionais, excetua:

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!76!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
a) a invocação pelo Estado de seu direito interno para justificar o
descumprimento de um tratado

b) o consentimento em obrigar-se por um tratado manifestado pela assinatura

c) o fato de um Estado invocar a violação de uma disposição de seu direito


interno sobre competência para concluir tratados, como causa de nulidade de
seu consentimento.

d) a ruptura de relações diplomáticas ou consulares entre as partes

e) o tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou com o emprego da


força, em violação dos princípios de direito internacional incorporados na Carta
das Nações Unidas.

COMENTÁRIOS:

Essa questão trata da responsabilidade internacional do Estado, mais


especificamente sobre as circunstâncias excludentes dessa responsabilidade. O
que excepciona a regra segundo a qual o Estado é internacionalmente
responsável por todo ato ou omissão que lhe seja imputável e do qual resulte a
violação de uma norma jurídica internacional ou de suas obrigações
internacionais? É isso o que a questão quer saber! Mas para resolvê-la teremos
que relacioná-la com aulas anteriores.

A letra A está errada. A Convenção de Viena sobre o Direito dos


Tratados estabelece em seu art.27 que uma parte não pode invocar as
disposições de seu direito interno para justificar o descumprimento de um
tratado.

A letra B está errada. A assinatura pode, em certos casos,


representar o consentimento definitivo e a partir daí o Estado está vinculado
ao Tratado. Nesses casos, ele não pode chegar e simplesmente dizer: “Olha
só, eu não sou responsável pelo que fiz porque só assinei o tratado!”.
40531388093

A letra C está errada. Um Estado, para justificar o descumprimento


de um tratado, somente pode alegar a violação de uma disposição de seu
direito interno sobre competência para concluir tratados quando esta violação
for manifesta e disser respeito a uma norma de seu direito interno de
importância fundamental.

A letra D está errada. Segundo o art.63 da Convenção de Viena sobre


o Direito dos Tratados, a ruptura de relações diplomáticas ou consulares não
afeta as relações jurídicas estabelecidas entre as partes de um tratado, salvo
quando a existência dessas relações seja essencial à própria validade do
tratado.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!77!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
A letra E está correta. Um tratado concluído sob ameaça ou com
emprego da força é causa de nulidade absoluta no consentimento. Assim, um
Estado não pode ser responsabilizado internacionalmente por não cumprir uma
obrigação que tenha assumido mediante coação.

4. (ACE/2002) Considerando as relações entre os sujeitos do direito


internacional na hora contemporânea, indique a opção falsa.

a) O ordenamento jurídico que regula o relacionamento dos atores que


compõem a sociedade internacional possui como formas de sanção, entre
outras, a represália e a retorsão.

b) A inexistência de um poder legislativo universal, bem assim a falta de uma


“polícia” internacional fez com que alguns autores do século XIX negassem o
caráter jurídico do direito internacional.

c) Ao determinar que os membros das Nações Unidas deverão resolver suas


controvérsias internacionais por meios pacíficos, a Carta da Organização
afastou a guerra como forma legítima de solução de controvérsias.

d) Um tribunal internacional resolve eventual conflito entre norma de direito


das gentes e norma de direito interno com a aplicação da lei mais recente.

e) Apesar da ampliação do número de tribunais internacionais no momento


atual, a jurisdição internacional ainda depende do reconhecimento dos Estados
para se tornar efetiva.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta, já que quando são esgotados os meios pacíficos


de solução de uma controvérsia, os Estados poderão recorrer, às vezes, a
meios coercitivos, logicamente sem que seja necessário chegar ao conflito
armado. Dentre essas formas de sanção, citamos a represália e a retorsão,
sobre as quais falamos a seguir.
40531388093

A retorsão significa, de forma bem direta, “pagar na mesma moeda”.


Se, por exemplo, um Estado aumenta exageradamente os impostos na
importação, a retorsão implicaria que os outros Estados fizessem o mesmo em
relação a ele. Veja que o ato que motiva a retorsão é um ato que é praticado
dentro dos limites do direito. A represália, por sua vez, é aplicada diante de
um ato ilícito que causa dano a um Estado e com o objetivo de impor o
respeito a um direito lesado.

A letra B está correta, já que no direito internacional não há um poder


legislativo universal, muito menos uma “polícia” internacional. Mesmo com a
existência de Tribunais Internacionais, não se pode dizer que há jurisdição
obrigatória. As decisões destes, para terem validade, dependem da submissão
dos Estados à sua jurisdição, o que é decisão soberana de cada um. Assim, nas

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!78!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
palavras de Accioly, podemos dizer que a sociedade internacional se acha
institucional e juridicamente organizada de forma incipiente.

A letra C está correta. As controvérsias deverão ser solucionadas por


meios pacíficos e depois sim por meios coercitivos – retorsão, represália,
embargo. A intervenção armada não é um meio legítimo para a solução de
uma controvérsia.

A letra D está errada e é o gabarito, porque a Corte Internacional de


Justiça (CIJ), que é um tribunal internacional, aplica normas de direito
internacional, nunca normas de direito interno, independente de cronologia.
Logicamente, na aplicação de normas internacionais conflitantes, é observada
entre elas uma ordem cronológica.

A letra E está correta, já que a jurisdição internacional não é


obrigatória, mas depende de que um Estado a ela se submeta, ou seja,
depende de seu reconhecimento para tornar-se efetiva.

5. (Juiz do Trabalho Substituto - TRT 7ª Região/2005) A propósito


da personalidade jurídica do Estado e das organizações internacionais,
na percepção da doutrina, especialmente em Francisco Rezek, pode-se
afirmar que:

a) a personalidade jurídica do Estado é originária e a personalidade jurídica das


organizações internacionais é derivada.

b) porque o Estado tem precedência histórica, sua personalidade jurídica é


derivada; e porque as organizações resultam de uma elaboração jurídica
resultante da vontade de alguns Estados, sua personalidade jurídica é
originária.

c) a personalidade jurídica do Estado fundamenta-se em concepções clássicas


de Direito Público, formatando-se como realidade jurídica e política; a
personalidade jurídica das organizações internacionais centra-se na atuação de
indivíduos e de empresas, que lhes conferem personalidade normativa,
40531388093

assumindo feições públicas e privadas.

d) a personalidade jurídica do Estado é definida por seus elementos


normativos internos, aceitos na ordem internacional por tratados constitutivos
de relações nas esferas públicas e privadas; a personalidade jurídica das
organizações internacionais decorre da fragmentação conceitual do Estado
contemporâneo, decorrência direta de crises de ingovernabilidade sistêmica e
de legitimidade ameaçada pelo movimento de globalização; não se lhes
aplicam referenciais convencionais, e conseqüentemente não se vislumbram
personalidades jurídicas distintas.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!72!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
e) o direito das gentes não identifica a personalidade jurídica das organizações
internacionais, dado que aplicado, especialmente, aos Estados, que detém
natureza jurídica definida por elementos de Direito Público.

COMENTÁRIOS:

Segundo Rezek, os Estados têm personalidade jurídica originária e as


Organizações Internacionais personalidade jurídica derivada. Só por essa
afirmação já sabemos que a letra A é o gabarito e as letra B e E estão erradas.

A letra C está errada porque fala que as organizações internacionais


estão relacionadas à atuação de empresas e indivíduos e assumem feições
privadas. As organizações internacionais são, na verdade, associações que
surgem a partir da colaboração de Estados para tratar de temas específicos.

A letra D está errada por vários motivos:

1º- A personalidade jurídica dos Estados advém dos seus elementos


essenciais constitutivos – território, povo e governo – e da capacidade para
agir no plano internacional, sendo titular de direitos e deveres.

2º- A personalidade jurídica das organizações internacionais surge a


partir de uma associação de Estados que criam uma entidade para tratar de
temas específicos e atuar no plano internacional. As organizações
internacionais surgem a partir de um tratado constitutivo e sua personalidade
internacional nasce justamente nesse momento.

3º- As personalidade jurídicas dos Estados e das organizações


internacionais são distintas: a dos Estados é originária e a das organizações
internacionais é derivada.

6. (Procurador - Banco Central/2002) Em relação aos privilégios e


imunidades de jurisdição e de execução dos Estados estrangeiros,
marque o item errado.
40531388093

a) O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado


acreditado.

b) A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado


não o isenta da jurisdição do Estado acreditante.

c) Considerando que não há jurisdição entre os pares (par in parem non habet
judicium), o Poder Judiciário brasileiro não é competente para resolver litígio
envolvendo dois Estados estrangeiros.

d) O art. 114 da Constituição Federal (1988) [“Compete a Justiça do Trabalho


conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e
empregadores, abrangidos os entes de direito público externo (...)”] é regra de

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!73!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
competência. Desse modo, o dispositivo não afasta a imunidade de execução
do Estado estrangeiro.

e) O indivíduo protegido pelos privilégios e imunidades consagrados na


Convenção sobre Relações Diplomáticas (Viena, 1961) pode renunciar a tais
imunidades, desde que o faça de modo expresso.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta. De acordo com o art.31, parágrafo 1º, da


Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, o agente diplomático goza
de imunidade penal, civil e administrativa no Estado acreditado.

A letra B está correta. O art. 31, parágrafo 4º, da Convenção de


Viena sobre Relações Diplomáticas estabelece que a imunidade de jurisdição
de um agente diplomático no Estado acreditado não o isenta da jurisdição do
Estado acreditante. Assim, o Estado que enviou o diplomata mantém o direito
de julgá-lo se ele fizer “bobagem” no Estado acreditado.

A letra C está correta. Pela regra da imunidade de jurisdição “par in


parem non habet judicium”, o Poder Judiciário brasileiro não é competente
para julgar litígio envolvendo dois Estados estrangeiros. Isso ocorre porque um
Estado não é obrigado a submeter-se à jurisdição de outro. Ressalte-se que,
atualmente, a imunidade de jurisdição tem sido considerada como aplicável
unicamente aos atos de império.

A letra D está correta. Segundo o STF, não há que se falar em


imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro em casos que envolvam a
justiça trabalhista. Isso porque considera-se que a imunidade de jurisdição
abrange unicamente os atos de império, ficando excluídos os atos de gestão.

Com base na regra do art.114 da CF/88 e conforme interpretação do


STF, se houver um litígio entre um funcionário brasileiro de uma embaixada
estrangeira aqui no Brasil e o Estado estrangeiro, a Justiça do Trabalho terá
competência para apreciar a causa. Em outras palavras, será afastada a
40531388093

imunidade de jurisdição estatal, em razão da relação de trabalho que se


estabelece entre o funcionário da embaixada e o Estado estrangeiro ser
considerada um ato de gestão.

Todavia, no que diz respeito à imunidade de execução, esta não é


afastada pelo art.114 da CF/88. Este é o entendimento do STF, que ainda
considera absoluta a imunidade de execução do Estado estrangeiro.

A letra E está errada. Os indivíduos que estejam protegidos pelos


privilégios e imunidades diplomáticas não poderão renunciar a essas
prerrogativas. Somente o Estado acreditante poderá renunciar à imunidade de
jurisdição.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!79!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
7. (AGU/2002 - CESPE) “Quando soarem as doze badaladas da
meia-noite do dia 19/05/2002, o mundo acolherá com satisfação o
Timor Leste na família das nações. Será um momento histórico para o
Timor Leste e para as Nações Unidas. Um povo orgulhoso e tenaz
realizará o sonho comum a todos os povos de viver como homens e
mulheres livres com um governo que eles mesmos escolheram.” – Kofi
Annan, Secretário-Geral da ONU.

A partir do texto acima, julgue os itens que se seguem:

( ) Para satisfazer a condição de Estado, tal como prescreve o Direito


Internacional Público, o Timor Leste deve possuir: território, população,
governo, independência na condução das suas relações externas e
reconhecimento dos demais atores que compõem a sociedade nacional.

( ) Para o direito das gentes, o ingresso nas Nações Unidas é condição


necessária para que um Estado possa ser considerado sujeito de Direito
Internacional.

( ) A população de um país é o conjunto de pessoas (nacionais e estrangeiras)


fisicamente instaladas em seu território.

( ) O governo timorense deve ser reconhecido pelos demais membros da


comunidade internacional como condição necessária para o reconhecimento do
novo Estado.

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está errada, já que considerando as idéias de


Rezek, para que exista um Estado, basta que exista um território, um povo e
um governo soberano. Ademais, o reconhecimento do Estado é ato meramente
declaratório e não constitutivo. A existência do Estado precede o seu
reconhecimento pela comunidade internacional.

A segunda assertiva está errada, já que não existe o requisito de


40531388093

ingresso nas Nações Unidas para que um Estado seja reconhecido como tal.
Novamente: basta um território, um povo e um governo soberano.

A terceira assertiva está certa. A população é formada pelos


indivíduos que estão fisicamente instalados no território de um Estado. Esse
conceito difere de povo, que se refere aos nacionais de um Estado, quer estes
vivam no território nacional, quer vivam no exterior.

A quarta assertiva foi considerada errada pela banca, mas


acreditamos que ela está correta. Basta pensarmos que os elementos
constitutivos do Estado são povo, território e governo. Se a comunidade
internacional não reconhecer o governo timorense, automaticamente não
estará reconhecendo o Timor Leste como Estado.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!8:!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
8. (Questão Inédita)- Assinale a alternativa incorreta:

a) O reconhecimento de Estado pela comunidade internacional tem natureza


meramente declaratória, não sendo requisito para a constituição da
personalidade jurídica de direito internacional do Estado.

b) A Santa Sé possui personalidade jurídica de direito internacional anômala.

c) Os Estados simples caracterizam-se por não possuírem em sua constituição


entidades dotadas de autonomia. Todavia, no plano internacional exercem
plenamente sua soberania.

d) Segundo a doutrina Drago, a dívida pública não pode motivar a intervenção


armada ou a ocupação territorial de um Estado.

e) A doutrina Tobar afirma que um Estado não deverá manifestar-se


formalmente a respeito do reconhecimento de um governo estrangeiro, já que
isso significaria imiscuir-se em assuntos internos que não são de sua
competência.

COMENTÁRIOS:

A letra A está correta, já que, segundo Rezek, a constituição do


Estado independe do seu reconhecimento pela comunidade internacional. A
natureza do ato de reconhecimento do Estado é meramente declaratória.

A letra B está correta, já que a Santa Sé, devido a suas características


peculiares, possui personalidade jurídica de direito internacional anômala.

A letra C está correta, pois os Estados simples são aqueles não


divididos em unidades autônomas, mas que, no plano internacional, exercem
plenamente sua soberania. Além dos Estados simples, podemos classificar os
Estados em compostos por coordenação e compostos por subordinação.

A letra D também está correta. Este é a doutrina Drago, que originou-


40531388093

se quando portos venezuelanos foram bombardeados por potências


estrangeiras em virtude de dívidas possuídas por este país.

A letra E está errada e é o gabarito. A doutrina Tobar prega que a


melhor forma de inibir regimes ditatoriais que surgem em virtude de uma
abrupta ruptura na ordem política é através da manifestação formal quanto ao
reconhecimento ou não de um governo. O que a assertiva descreve é a
doutrina Estrada.

9. (Questão Inédita)- Assinale a alternativa correta:

a) O Estado que agir de forma contrária às normas de direito internacional ou


às obrigações que houver assumido e em virtude disso causar dano a outro

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!81!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
Estado deverá arcar com uma reparação, de natureza punitiva, na mesma
medida dano causado.

b) Independente se o dano causado em virtude de ato ilícito teve natureza


econômica ou moral, a reparação deverá ocorrer através de meios pecuniários.

c) As garantias de não-repetição são uma consequência possível para um ato


ilícito internacional, conforme jurisprudência da Corte Internacional de Justiça.

d) As organizações não-governamentais são entidades que têm ampla


participação no plano internacional e conforme consenso doutrinário possuem
personalidade jurídica de direito internacional.

e) A legítima defesa é uma circunstância jurídica excludente de


responsabilidade internacional, não estando regulada pela Carta da ONU.

COMENTÁRIOS:

A letra A está errada porque a reparação tem natureza compensatória


e não punitiva.

A letra B está errada porque a reparação deverá ocorrer em forma


compatível com a natureza do dano. Se o dano for de natureza econômica, a
reparação deverá ser feita em dinheiro. Se o dano for de natureza moral, a
reparação deverá ser feita através de desagravo público, pedido formal de
desculpas ou até mesmo punição das pessoas que foram responsáveis pelo
dano.

A letra C está correta e é o gabarito. Um país poderá, como


consequência de um ato ilícito que houver praticado, apresentar garantias de
não-repetição, ou seja, dar uma de “bonzinho” e dizer que não o fará
novamente.

A letra D está errada, já que não existe consenso doutrinário com


relação à personalidade jurídica das ONG’s. Para Rezek, por exemplo, somente
40531388093

possuem personalidade jurídica os Estados e as organizações internacionais.

A letra E está errada porque a Carta da ONU regula os limites da


legítima defesa, que realmente é uma circunstância jurídica excludente da
responsabilidade internacional.

10. (Questão Inédita)- Analise os itens a seguir e atribua a letra (V)


para as assertivas verdadeiras e a letra (F) para as falsas. Em seguida,
marque a opção que contenha a sequencia correta:

( ) Os cônsules e diplomatas possuem imunidade processual e inviolabilidade


física, as quais são extensivas aos familiares.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!84!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
( ) O Estado exerce jurisdição geral e exclusiva sobre o seu território.

( ) Os micro-estados, devido à sua hipossuficiência, não são dotados de


soberania.

( ) De acordo com as normas de direito internacional, não é admissível que


um Estado atribua, em conformidade com suas normas de direito interno,
competência a uma unidade federada para agir no plano internacional.

( ) Os locais das missões diplomáticas são invioláveis, assim como os locais


usados como residência pelo quadro diplomático, não podendo ser objeto de
busca, requisição ou penhora.

a) FVFFV

b) VVFFV

c) FVFFF

d) VVVVV

e) VVVFV

COMENTÁRIOS:

A primeira assertiva está errada, já que somente a imunidade


processual e a inviolabilidade dos diplomatas são extensivas aos seus
familiares. Os privilégios e imunidades dos funcionários consulares existem
somente quando no exercício de suas funções, logo não é razoável falarmos
em extensão aos familiares.

A segunda assertiva está correta, já que está em conformidade com o


direito de jurisdição dos Estados. Conforme você pode notar, a jurisdição que
um Estado exerce sobre seu território é geral e exclusiva, Geral porque no
âmbito do seu território o Estado exerce todas as competências de ordem
40531388093

legislativa, administrativa e jurisdicional. Exclusiva porque tais competências


são exercidas sem qualquer concorrência por parte de outro poder.

A terceira assertiva está errada, já que, segundo Rezek, apesar de


seu território ser bastante exíguo, não há dúvidas doutrinárias quanto à
soberania de que são dotados os micro-estados.

A quarta assertiva está errada, já que um Estado poderá sim conferir


a outra unidade federada, conforme suas normas de direito interno,
competência para atuar no plano internacional. No entanto, é bom lembrarmos
que isso não dotará essa unidade federada de personalidade jurídica de direito
internacional.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!85!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
A quinta assertiva está correta. É justamente isso o que estabelece a
Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas de 1961.

40531388093

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!86!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
LISTA DE QUESTÕES Nº 01

1. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014)


Empresas multinacionais não dispõem de personalidade jurídica
internacional, mesmo que elas sejam empresas públicas
transnacionais contraentes de obrigações com Estados soberanos.

2. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) Somente


Estados soberanos, entes assemelhados e organizações não
governamentais internacionais são sujeitos de direito internacional.

3. (Instituto Rio Branco – 2011)- Com características políticas e


jurídicas de ONG e desprovido de atributos de personalidade jurídica
internacional, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha é sujeito
apenas aparente de direito internacional público.

4. (Instituto Rio Branco – 2011) - As ONGs que obtiveram


reconhecimento da opinião pública mundial após a Segunda Guerra
Mundial adquiriram personalidade jurídica de direito internacional
público.

5. (Instituto Rio Branco- 2010)- O MERCOSUL é uma organização


dotada de personalidade jurídica de direito internacional.

6. (Juiz Federal 1ª Região/2006)- São sujeitos de direito


internacional público, também chamados de pessoas jurídicas de
direito internacional público, os Estados soberanos, a Santa Sé e as
organizações internacionais.

7. (OAB 2006.2)- A expressão “coletividades não estatais” abrange


as mais diferentes pessoas internacionais, como os revoltosos em uma
guerra interna.

8. (Consultor Legislativo/ Câmara dos Deputados- 2002)- Tendo em


vista as atividades que realizam, concernentes a ações de
solidariedade internacional, as organizações não-governamentais
40531388093

(ONGs) passaram a ser admitidas como sujeitos do direito


internacional público.

9. (Procurador BACEN-2001)- Paul Reuter define tratado


internacional como sendo “uma manifestação de vontades
concordantes, atribuídas a dois ou mais sujeitos de direito
internacional, e destinada a produzir efeitos jurídicos em
conformidade com as normas de direito internacional”. Assinale a
opção em que figurem, tão só, exemplos de sujeitos de direito
internacional.

a) Estados, Santa Sé ou Estado do Vaticano, organizações não-governamentais


(ONGs) e indivíduos.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!87!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
b) Estados, organizações internacionais e empresas multinacionais.

c) Estados, Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) e Santa Sé ou Estado do


Vaticano.

d) Estados, Organização das Nações Unidas (ONU) e ONGs.

e) Indivíduos, ONGs, organizações internacionais e Santa Sé ou Estado do


Vaticano.

10. (Juiz Federal 1ª Região/2006)- A personalidade jurídica do


Estado, em direito das gentes, diz-se derivada, enquanto a das
organizações internacionais, diz-se originária.

11. (Consultor Legislativo/ Câmara dos Deputados- 2002)- A


personalidade jurídica dos Estados é derivada, e a das organizações
internacionais, originária.

12. (AGU-2007)- O Estado do Rio Grande do Sul, almejando ser


reconhecido internacionalmente como um Estado soberano, pleiteou
uma cadeira na Organização das Nações Unidas (ONU), alegando que
possui um território, uma população e um governo permanente. Nessa
situação, os requisitos apresentados não são suficientes para que o
Rio Grande do Sul seja aceito na Assembleia Geral da ONU.

13. (Juiz Federal 1ª Região/2006)- O Estado exerce jurisdição sobre


o seu território, muito embora sempre relativa, o que vale dizer que
detém uma série de competências para atuar com autoridade.

14. (OAB 2006.2)- As servidões – que são restrições por meio das
quais um Estado estrangeiro exerce uma competência no território de
outro Estado ou um Estado se compromete em favor de outro a não
exercer sua competência plena em seu território – têm base
convencional e se extinguem com a sucessão de Estados.

15. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- O Estado J perdeu, por secessão,


40531388093

parte de seu território, surgindo um novo Estado, K. Nessa situação, o


Estado K não sucede o Estado J nos acordos bilaterais firmados por
este e deve enviar uma notificação de sucessão para aderir aos
tratados coletivos, observados, neste último caso, os limites impostos
para o ingresso de novos Estados-partes.

16. (OAB 2006.2)- No caso de sucessão de Estados, a convenção da


ONU que trata da sucessão em matéria de tratados tem por princípio
básico que os tratados são transmissíveis obrigatoriamente.

17. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados-2002)- A não ser


em situações especiais, como o desrespeito às normas de comércio

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!88!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
internacional, os Estados têm o dever de não intervir nos assuntos
internos de outros Estados.

18. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados-2002)- A


personalidade jurídica internacional de um Estado é constituída a
partir do seu reconhecimento pelos demais Estados da sociedade
internacional.

19. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- Um Estado tornou-se


independente recentemente. Nessa situação, para que esse Estado
seja digno de reconhecimento pelos demais Estados da sociedade
internacional, é necessário que ele possua população, território,
governo e soberania, além de ter seu pedido de reconhecimento aceito
pelos demais Estados até cinco anos a contar da data de sua
independência.

20. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- Em 1970, o Estado A tornou-se


independente, recebendo, em 1972, o reconhecimento do Estado B. Em
1980, esses dois estados romperam relações diplomáticas por
defenderem interesses comerciais divergentes. Nessa situação, o
Estado B, segundo o direito internacional, pode revogar o
reconhecimento anteriormente declarado.

21. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- Um Estado é recém-


independente. Nessa situação, dois outros Estados podem, segundo o
direito internacional, celebrar um tratado internacional para exprimir o
reconhecimento conjunto do Estado recém-independente.

22. (Juiz Federal- 5ª Região- 2006)- O Estado X, situado no


continente americano, tornou-se independente em 2000. Em 2003 o
Estado Y, também situado no continente americano, declarou o
reconhecimento do Estado X. Nessa situação, somente a partir do
referido reconhecimento os atos emanados pelo Estado X serão aceitos
como válidos pelos tribunais do Estado Y.

23. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) O


40531388093

reconhecimento da imunidade de jurisdição de agentes diplomáticos,


existente desde os primórdios do direito internacional, embora seja
norma costumeira, não consolidada em forma de tratado, apresenta
elevado grau de adesão multilateral.

24. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados – 2014) A


residência particular do agente diplomático goza de inviolabilidade e
proteção, assim como o local da missão diplomática, o que não ocorre
com a pessoa do agente diplomático, que poderá sofrer detenção ou
prisão por parte do Estado acreditado, em decorrência de violação às
regras do direito penal desse mesmo Estado.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!82!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
25. (Procurador da República – 2011) Os agentes consulares, no
direito consular contemporâneo:

a) gozam de imunidade plena, equiparável à dos diplomatas.

b) gozam de imunidade quanto aos atos oficiais, dentro da jurisdição


consular.

c) têm que ser recrutados entre agentes da carreira diplomática.

d) não gozam de imunidade pessoal, ainda que exerçam funções consulares


em seção respectiva de missão diplomática.

26. (Advocacia Geral da União-2010-adaptada)- Em virtude do não


pagamento de dívida contraída no Estado acreditado, o diplomata
brasileiro pode ser declarado persona non grata pelo Estado
estrangeiro, desde que seja previamente submetido ao devido
processo legal.

27. (Juiz Federal – 5ª Região-2007)- No âmbito de uma missão


diplomática, apenas o chefe da missão goza de imunidade de
jurisdição penal e civil.

28. (OAB-2007)- Em determinado Estado, um agente diplomático


estrangeiro envolveu-se em um acidente de trânsito, causando a morte
de um pedestre. Nessa situação, diante do homicídio culposo:

a) o Estado acreditado pode julgar o agente diplomático estrangeiro, por


tratar-se de crime que não tem qualquer relação com a função diplomática.

b) o Estado acreditado só pode julgar o agente diplomático se ele renunciar


expressamente à imunidade de jurisdição.

c) o agente diplomático somente poderá ser julgado no Estado acreditado se o


Estado acreditante renunciar expressamente à imunidade de jurisdição.
40531388093

d) em nenhuma hipótese é possível o julgamento do agente diplomático, por


ser irrenunciável a imunidade de jurisdição.

29. (OAB-2006.2)- Sobre imunidades e privilégios diplomáticos e


consulares, assinale a alternativa CORRETA:

a) no âmbito da missão diplomática, os membros do quadro diplomático de


carreira e os membros do quadro administrativo e técnico, que sejam oriundos
do Estado acreditante, gozam de ampla imunidade de jurisdição penal;

b) a imunidade, no âmbito da jurisdição civil, inclui a imunidade nos feitos


sucessórios, mesmo que o agente diplomático esteja envolvido na questão a
título estritamente privado;

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!83!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
c) as imunidades processuais de que gozam os cônsules e funcionários
consulares se estendem aos membros da sua família;

d) no caso dos cônsules, a imunidade quanto à jurisdição penal alcança os


crimes relacionados aos atos de ofício e os crimes comuns.

30. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003) Os cônsules e os


diplomatas gozam da mesma pauta de privilégios e imunidades.

31. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003) A finalidade dos


privilégios e imunidades diplomáticos, além de beneficiar indivíduos, é
garantir o eficaz desempenho das funções das missões diplomáticas,
em seu caráter de representantes dos Estados.

32. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003) O agente diplomático


goza, em regra, da imunidade de jurisdição civil, administrativa e
penal do Estado acreditado.

33. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados-2002) Somente


os Estados acreditantes podem renunciar às imunidades de natureza
penal e civil de que gozem os seus representantes diplomáticos.

34. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados-2002) Os Estados


são representados junto a soberanias estrangeiras, para o trato de
“assuntos de Estado”, pelos seus funcionários consulares.

35. (Juiz Federal – 5ª Região-2000)- Sobre a representação


diplomática:

I)- As isenções tributárias e de serviço são reconhecidas apenas aos chefes de


missão diplomática.

II)- A sede da missão diplomática goza de inviolabilidade.

III)- As imunidades diplomáticas têm por fundamento jurídico a doutrina


funcional. 40531388093

IV)- O país acreditante deverá aceitar todos os representantes diplomáticos


indicados pelo Estado acreditado.

V)- Os agentes diplomáticos não gozam de imunidades de jurisdição penal,


somente civil.

Estão corretas somente as proposições:

a)I e II

b) I e V

c) II e III

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!89!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
d) III e IV

e) IV e V

36. (Juiz Federal 1ª Região- 2009)- Pedro, cidadão brasileiro, presta


serviços como cozinheiro na embaixada do Estado X no Brasil. Após
constatar que vários dos direitos trabalhistas previstos na
Consolidação das Leis do Trabalho estavam sendo desrespeitados,
Pedro decidiu ajuizar ação na justiça do trabalho brasileira. Com base
nessa situação hipotética, assinale a opção correta.

a) Deve ser seguido o procedimento descrito na Convenção das Nações Unidas


sobre Imunidades de Jurisdição e Execução do Estado.

b) Em matéria trabalhista, não há imunidade de jurisdição do Estado


estrangeiro no Brasil.

c) A imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro é absoluta por força de


uma norma jus cogens.

d) A competência para conhecer da ação é da justiça federal.

e) Em matéria trabalhista, não há imunidade de execução do Estado


estrangeiro no Brasil.

37. (Juiz Federal – 5ª Região- 2005) O Estado estrangeiro está


sujeito à jurisdição brasileira quando pratica ato jure gestiones, como,
por exemplo, a aquisição de bens móveis e imóveis.

38. (Juiz Federal – 5ª Região- 2005) Em causas relativas à


responsabilidade civil, o Estado estrangeiro goza de imunidade de
jurisdição, devendo a parte lesada discutir sua pretensão indenizatória
perante os tribunais do país faltoso.

39. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003) A regra que dispõe não


haver jurisdição entre os pares (par in parem non habet judicium) não
40531388093

mais se aplica ao relacionamento entre Estados tendo em vista o


princípio da jurisdição universal.

40. (Procurador da Fazenda Nacional – 2003)- A renúncia à


imunidade de jurisdição no tocante às ações cíveis ou administrativas
implica renúncia à imunidade quanto às medidas de execução da
sentença, para as quais nova renúncia é necessária.

41. (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002)- O Estado que


praticar um ilícito a um membro de organização internacional deverá a
esta uma reparação adequada.

42. (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002)- A noção de


responsabilidade internacional dos Estados fundamenta-se no

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!2:!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
princípio segundo o qual os compromissos assumidos devem ser
mantidos e o mal injustamente causado deve ser reparado.

43. (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002)- Em matéria de


responsabilidade internacional, a regra é a da culpa objetiva.

44. (Consultor Legislativo / Senado Federal-2002)- Um sujeito de


direito internacional vitimado por dano moral pode pleitear reparação.

45. (Advocacia Geral da União – 2010-adaptada)- O Estado brasileiro


pode ser responsabilizado internacionalmente, em tribunal
internacional, em virtude do não pagamento de dívida contraída por
um diplomata no Estado acreditado.

46. (Analista de Comércio Exterior-2008)- A Convenção das Nações


Unidas sobre Responsabilidade Internacional dos Estados por Atos
Ilícitos originou-se de um projeto de artigos elaborado pela Comissão
de Direito Internacional da ONU.

47. (Procurador da Fazenda Nacional-2007)- Uma decisão do Poder


Judiciário brasileiro pode levar à responsabilidade internacional do
Brasil, caso a decisão viole compromissos jurídico-internacionais
assumidos pelo país.

48. (Procurador da Fazenda Nacional-2007)- Uma lei de um dos


Estados da federação não pode dar ensejo à responsabilidade
internacional do Brasil porque, no âmbito nacional, os compromissos
são assumidos pela União Federal.

49. (Procurador da Fazenda Nacional-2007)- A responsabilidade


internacional do Estado deve ter sempre por base uma ação. Uma
omissão não pode dar ensejo à responsabilização do Estado no plano
internacional.

50. (Procurador da Fazenda Nacional-2007)- A responsabilidade


internacional do Estado apenas existe se há a violação de um tratado
40531388093

internacional. O desrespeito a um costume internacional, por exemplo,


não é suficiente para dar ensejo à responsabilidade do Estado.

51. (Consultor Legislativo / Câmara dos Deputados- 2002)- A Santa


Sé é equiparada aos Estados soberanos, sendo, assim, sujeito do
direito internacional público.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!21!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
LISTA DE QUESTÕES Nº 02

1. (Instituto Rio Branco-2008)- É considerado divisor de águas no


direito internacional o parecer consultivo da Corte Internacional de
Justiça no caso Reparação de danos a serviço das Nações Unidas
acerca da morte de Folke de Bernadotte, mediador que, no exercício de
suas funções, foi assassinado por extremistas israelenses em
Jerusalém, em 1948. Essa consideração justifica-se porque o parecer:

a) declarou a existência da Palestina como território israelense.

b) homologou o pedido penal do Estado de Israel.

c) reconheceu a personalidade jurídica das organizações internacionais.

d) incorporou o princípio da legítima defesa internacional.

e) consagrou o pacifismo e não-violência como deveres jurídicos.

2. (Juiz Federal- 3ª Região-2006)- Em uma ação promovida contra


um Estado estrangeiro deve o juiz:

a) julgar-se incompetente e enviar a ação para o Tribunal Superior.

b) determinar a citação do representante legal do Estado.

c) indeferir a inicial por falta de jurisdição.

d) encaminhar a inicial ao Ministério das Relações Exteriores.

3. (AFC-TCU/2000) A regra segundo a qual o Estado é


internacionalmente responsável por todo ato ou omissão que lhe seja
imputável e do qual resulte a violação de uma norma jurídica
internacional ou de suas obrigações internacionais, excetua:
40531388093

a) a invocação pelo Estado de seu direito interno para justificar o


descumprimento de um tratado

b) o consentimento em obrigar-se por um tratado manifestado pela assinatura

c) o fato de um Estado invocar a violação de uma disposição de seu direito


interno sobre competência para concluir tratados, como causa de nulidade de
seu consentimento

d) a ruptura de relações diplomáticas ou consulares entre as partes

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!24!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
e) o tratado cuja conclusão foi obtida pela ameaça ou com o emprego da
força, em violação dos princípios de direito internacional incorporados na Carta
das Nações Unidas.

4. (ACE/2002) Considerando as relações entre os sujeitos do direito


internacional na hora contemporânea, indique a opção falsa.

a) O ordenamento jurídico que regula o relacionamento dos atores que


compõem a sociedade internacional possui como formas de sanção, entre
outras, a represália e a retorsão.

b) A inexistência de um poder legislativo universal, bem assim a falta de uma


“polícia” internacional fez com que alguns autores do século XIX negassem o
caráter jurídico do direito internacional.

c) Ao determinar que os membros das Nações Unidas deverão resolver suas


controvérsias internacionais por meios pacíficos, a Carta da Organização
afastou a guerra como forma legítima de solução de controvérsias.

d) Um tribunal internacional resolve eventual conflito entre norma de direito


das gentes e norma de direito interno com a aplicação da lei mais recente.

e) Apesar da ampliação do número de tribunais internacionais no momento


atual, a jurisdição internacional ainda depende do reconhecimento dos Estados
para se tornar efetiva.

5. (Juiz do Trabalho Substituto - TRT 7ª Região/2005) A propósito


da personalidade jurídica do Estado e das organizações internacionais,
na percepção da doutrina, especialmente em Francisco Rezek, pode-se
afirmar que:

a) a personalidade jurídica do Estado é originária e a personalidade jurídica das


organizações internacionais é derivada.

b) porque o Estado tem precedência histórica, sua personalidade jurídica é


40531388093

derivada; e porque as organizações resultam de uma elaboração jurídica


resultante da vontade de alguns Estados, sua personalidade jurídica é
originária.

c) a personalidade jurídica do Estado fundamenta-se em concepções clássicas


de Direito Público, formatando-se como realidade jurídica e política; a
personalidade jurídica das organizações internacionais centra-se na atuação de
indivíduos e de empresas, que lhes conferem personalidade normativa,
assumindo feições públicas e privadas.

d) a personalidade jurídica do Estado é definida por seus elementos


normativos internos, aceitos na ordem internacional por tratados constitutivos
de relações nas esferas públicas e privadas; a personalidade jurídica das

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!25!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
organizações internacionais decorre da fragmentação conceitual do Estado
contemporâneo, decorrência direta de crises de ingovernabilidade sistêmica e
de legitimidade ameaçada pelo movimento de globalização; não se lhes
aplicam referenciais convencionais, e consequentemente não se vislumbram
personalidades jurídicas distintas.

e) o direito das gentes não identifica a personalidade jurídica das organizações


internacionais, dado que aplicado, especialmente, aos Estados, que detém
natureza jurídica definida por elementos de Direito Público.

6. (Procurador - Banco Central/2002) Em relação aos privilégios e


imunidades de jurisdição e de execução dos Estados estrangeiros,
marque o item errado.

a) O agente diplomático gozará de imunidade de jurisdição penal do Estado


acreditado.

b) A imunidade de jurisdição de um agente diplomático no Estado acreditado


não o isenta da jurisdição do Estado acreditante.

c) Considerando que não há jurisdição entre os pares (par in parem non habet
judicium), o Poder Judiciário brasileiro não é competente para resolver litígio
envolvendo dois Estados estrangeiros.

d) O art. 114 da Constituição Federal (1988) [“Compete a Justiça do Trabalho


conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e
empregadores, abrangidos os entes de direito público externo (...)”] é regra de
competência. Desse modo, o dispositivo não afasta a imunidade de execução
do Estado estrangeiro.

e) O indivíduo protegido pelos privilégios e imunidades consagrados na


Convenção sobre Relações Diplomáticas (Viena, 1961) pode renunciar a tais
imunidades, desde que o faça de modo expresso.

7. (AGU/2002 - CESPE) “Quando soarem as doze badaladas da


40531388093

meia-noite do dia 19/05/2002, o mundo acolherá com satisfação o


Timor Leste na família das nações. Será um momento histórico para o
Timor Leste e para as Nações Unidas. Um povo orgulhoso e tenaz
realizará o sonho comum a todos os povos de viver como homens e
mulheres livres com um governo que eles mesmos escolheram.” – Kofi
Annan, Secretário-Geral da ONU.

A partir do texto acima, julgue os itens que se seguem:

( ) Para satisfazer a condição de Estado, tal como prescreve o Direito


Internacional Público, o Timor Leste deve possuir: território, população,
governo, independência na condução das suas relações externas e
reconhecimento dos demais atores que compõem a sociedade nacional.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!26!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
( ) Para o direito das gentes, o ingresso nas Nações Unidas é condição
necessária para que um Estado possa ser considerado sujeito de Direito
Internacional.

( ) A população de um país é o conjunto de pessoas (nacionais e estrangeiras)


fisicamente instaladas em seu território.

( ) O governo timorense deve ser reconhecido pelos demais membros da


comunidade internacional como condição necessária para o reconhecimento do
novo Estado.

8. (Questão Inédita)- Assinale a alternativa incorreta:

a) O reconhecimento de Estado pela comunidade internacional tem natureza


meramente declaratória, não sendo requisito para a constituição da
personalidade jurídica de direito internacional do Estado.

b) A Santa Sé possui personalidade jurídica de direito internacional anômala.

c) Os Estados simples caracterizam-se por não possuírem em sua constituição


entidades dotadas de autonomia. Todavia, no plano internacional exercem
plenamente sua soberania.

d) Segundo a doutrina Drago, a dívida pública não pode motivar a intervenção


armada ou a ocupação territorial de um Estado.

e) A doutrina Tobar afirma que um Estado não deverá manifestar-se


formalmente a respeito do reconhecimento de um governo estrangeiro, já que
isso significaria imiscuir-se em assuntos internos que não são de sua
competência.

9. (Questão Inédita)- Assinale a alternativa correta:

a) O Estado que agir de forma contrária às normas de direito internacional ou


às obrigações que houver assumido e em virtude disso causar dano a outro
40531388093

Estado deverá arcar com uma reparação, de natureza punitiva, na mesma


medida dano causado.

b) Independente se o dano causado em virtude de ato ilícito teve natureza


econômica ou moral, a reparação deverá ocorrer através de meios pecuniários.

c) As garantias de não-repetição são uma consequência possível para um ato


ilícito internacional, conforme jurisprudência da Corte Internacional de Justiça.

d) As organizações não-governamentais são entidades que têm ampla


participação no plano internacional e conforme consenso doutrinário possuem
personalidade jurídica de direito internacional.

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!27!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
e) A legítima defesa é uma circunstância jurídica excludente de
responsabilidade internacional, não estando regulada pela Carta da ONU.

10. (Questão Inédita)- Analise os itens a seguir e atribua a letra (V)


para as assertivas verdadeiras e a letra (F) para as falsas. Em seguida,
marque a opção que contenha a sequência correta:

( ) Os cônsules e diplomatas possuem imunidade processual e inviolabilidade


física, as quais são extensivas aos familiares.

( ) O Estado exerce jurisdição geral e exclusiva sobre o seu território.

( ) Os micro-estados, devido à sua hipossuficiência, não são dotados de


soberania.

( ) De acordo com as normas de direito internacional, não é admissível que um


Estado atribua , em conformidade com suas normas de direito interno,
competência a uma unidade federada para agir no plano internacional.

( ) Os locais das missões diplomáticas são invioláveis, assim como os locais


usados como residência pelo quadro diplomático, não podendo ser objeto de
busca, requisição ou penhora.

a) FVFFV

b) VVFFV

c) FVFFF

d) VVVVV

e) VVVFV

40531388093

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!28!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
GABARITO – LISTA DE QUESTÕES Nº 01

1. CERTA
2. ERRADA
3. ERRADA
4. ERRADA
5. CERTA
6. CERTA
7. CERTA
8. ERRADA
9. Letra C
10. ERRADA
11. ERRADA
12. CERTA
13. ERRADA
14. ERRADA
15. CERTA
16. ERRADA
17. ERRADA
18. ERRADA
19. ERRADA
20. ERRADA
21. CERTA
22. ERRADA
23. ERRADA
24. ERRADA
25. Letra B
26. ERRADA
27. ERRADA
28. Letra C
29. Letra A
30. ERRADA
31. 40531388093
ERRADA
32. CERTA
33. CERTA
34. ERRADA
35. Letra C
36. Letra B
37. CERTA
38. ERRADA
39. ERRADA
40. ERRADA
41. CERTA
42. CERTA
43. ERRADA
44. CERTA

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!22!()!23
!∀#∃%&∀∋()∗+∀,∗∃−./∗∃.∋(01(234
5∀/,.∃(∀(67∀∋+&∀∋(
8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀(=(>7#∃(?≅
45. CERTA
46. ERRADA
47. CERTA
48. ERRADA
49. ERRADA
50. ERRADA
51. CERTA

GABARITO – LISTA DE QUESTÕES Nº 02

1. Letra C
2. Letra B
3. Letra E
4. Letra D
5. Letra A
6. Letra E
7. FFVF
8. Letra E
9. Letra C
10. Letra A

40531388093

8,/9:(!.−∃,;/(<∃#∀((((((((((((((((((((!!!∀#∃%&∋%#()∋∗+,∗−&∃+∃∀∗+.∀/&0!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! ∀#∃%&∋!23!()!23

Você também pode gostar