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Estado do Mundo 2003

Estado do Mundo
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Estado do Mundo 2003

Publicações UMA/ Worldwatch


Estado do Mundo 1999 a 2002 (Relatório do Worldwatch Institute sobre o Avanço em Direção
a uma Sociedade Sustentável)
Sinais Vitais 2000 e 2001 - Tendências Ambientais que Determinarão nosso Futuro
Lester R. Brown

Revista do World Watch - Edições Novembro/Dezembro 1999


Janeiro/Fevereiro - Março/Abril - Maio/Junho - Julho/Agosto - Setembro/Outubro e
Novembro/Dezembro 2000 e 2001 (Trabalhando para um Futuro Sustentável) e Janeiro
2002

As publicações do Worldwatch Institute em português


poderão ser adquiridas enviando nome
e endereço completos para:
UMA-Universidade Livre da Mata Atlântica
e-mail: uma@worldwatch.org.br ou,
Caixa Postal 7119, CEP 41811-970
Salvador - Bahia - Brasil

Solicite também pela internet, no site:


www.worldwatch.org.br

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Estado do Mundo 2003

Estado do Mundo
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Relatório do Worldwatch Institute sobre
o Avanço em Direção a uma Sociedade Sustentável

Gary Gardner, Diretor de Projetos


Chris Bright
Christopher Flavin
Mia MacDonald
Anne Platt McGinn
Danielle Nierenberg
Payal Sampat
Janet Sawin
Molly O’Meara Sheehan
Howard Youth

Linda Starke, Redatora


Eduardo Athayde, Editor Associado

UMA – Universidade Livre da Mata Atlântica


UMA Editora
Salvador – Bahia – Brasil

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Estado do Mundo 2003

Titulo original: State of the World 2003


Tradução: Henry J. Mallett e Célia Mallet
Revisão Técnica: Ana Lúcia Pereira e Maria do Socorro Araújo
Produção: Creusa M. Porto
Capa: Eduardo Athayde

E79 Estado do Mundo, 2003; a imposível revolução ambiental está


acontecendo/Chris Bright... [et al.] - apresentação senadora
Marina Silva - Salvador: Uma Ed., 2003
296p. ; 23,5cm.

ISBN 85-87616-07-2

1. Ambientalismo. 2. Educação ambiental 3.Homem - Influência


sobre a natureza. I. Bright, Chris. II. Silva, Marina. III. Universidade Livre da
Mata Atlântica

CDD-363.7

Copyright © 2003 Worldwatch Institute

Todos os direitos desta edição reservados à UMA - Universidade Livre da Mata Atlântica
Av. Frederico Pontes 375, CEP 40460-001 - Salvador - BA - Fone/fax (71) 312-7897
e-mail uma@uma.org.br

As marcas registradas STATE OF THE WORLD e WORLDWATCH INSTITUTE estão registradas


no U.S. Patent and Trademark Office.

As opiniões expressas são de exclusiva responsabilidade dos autores e não representam, necessaria-
mente, as do Worldwatch Institute, de seus diretores, executivos, staff ou de seus financiadores.

Composição pela Worldwatch Institute

Impresso no Brasil pela Gráfica Santa Helena Ltda.


Brasil - 2003
Primeira Edição

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Estado do Mundo 2003

Staff do Worldwatch Institute


Erik Assadourian Gary Gardner Kevin Parker
Pesquisador Diretor de Pesquisa Diretor de Relações
com Fundações
Ed Ayres Joseph Gravely
Diretor Editorial Correspondência & Tom Prugh
Redator, World Watch Publicações Redator Sênior

Richard C. Bell Adrianne Greenless Mary Redfern


Consultor Político Sênior Vice-Presidente de Associada de
Desenvolvimento Desenvolvimento
Chris Bright
Pesquisador Sênior Brian Halweil Michael Renner
Pesquisador Associado Pesquisador Sênior
Lori A. Brown
Bibliotecária Sharon Lapier Lyle Rosbotham
Pesquisadora Recepcionista/Assistente Diretor de Arte
de Informações
Suzanne Clift Curtis Runyan
Secretária Executiva da Lisa Mastny Redator Associado
Presidência Pesquisadora Associada
Payal Sampat
Cyndi Cramer Anne Platt Mcginn Pesquisadora Associada
Associada de Pesquisadora Sênior
Desenvolvimento Radhika Sarin
Leanne Mitchell Pesquisadora
Barbara Fallin Diretora de
Diretora Financeira e Comunicações Janet Sawin
Administrativa Pesquisadora Associada
Danielle Nierenberg
Susan Finkelpearl Pesquisadora Patrick Settle
Coordenadora de Mídia Administrador de
Elizabeth Nolan Sistemas
Christopher Flavin Vice-Presidente de Informatizados
Presidente Desenvolvimento
Comercial Molly O’Meara
Hilary French Sheehan
Diretora, Projeto de Pesquisadora Sênior
Governança Global

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Estado do Mundo 2003

Conselho de Administração do Worldwatch Institute

Øysten Dahle Cathy Crain Wren Wirth


Presidente ESTADOS UNIDOS ESTADOS UNIDOS
NORUEGA
James Dehlsen James Lee Witt
Larry Minnear ESTADOS UNIDOS ESTADOS UNIDOS
Secretário
ESTADOS UNIDOS Christopher Flavin Emeritus
ESTADOS UNIDOS Orville L. Freeman
Thomas Crain ESTADOS UNIDOS
Tesoureiro Lynne Gallagher
ESTADOS UNIDOS ESTADOS UNIDOS Abderrahman Khene
ARGÉLIA
Adam Albright John McBride
ESTADOS UNIDOS ESTADOS UNIDOS

Lester R. Brown Isaac van Melle


ESTADOS UNIDOS HOLANDA

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Estado do Mundo 2003

Apresentação

Em julho de 2002, encontrava-me num dile- Essa tendência já aparecia nas pesquisas
ma: comparecer ou não à Cúpula de de 1998 no Acre. Nos segmentos C e D,
Joanesburgo. Naquela época, começava no 75% dos entrevistados queriam o desenvol-
Brasil a campanha eleitoral para presidente da vimento do estado sem a destruição da flo-
República, governadores, senadores e deputa- resta. Dez anos antes a maioria pedia o pro-
dos federais. No Acre, o governador Jorge gresso a qualquer custo, algo que se pare-
Viana e eu mesma concorríamos à reeleição. cesse com São Paulo e Rio de Janeiro. Em
Decidi, não sem grande pesar, faltar ao 2002, finalmente, verbaliza-se a adesão a um
encontro da África do Sul. Vejo agora, po- “projeto”, ou seja, as pessoas identificam um
rém, passados tanto o calor da campanha caminho que materializa e ordena o objeti-
quanto a Cúpula, que mesmo a distância fi- vo de “não derrubar a floresta”. O conven-
zemos parte do encontro, no nosso peque- cimento de que a conservação ambiental é
no estado do Acre, na Amazônia. Lendo o garantia para o desenvolvimento e não o
prefácio de Christopher Flavin, presidente contrário ganha expressão política. A escala
do WWI-Worldwatch Institute, para O Es- é pequena – o estado – mas talvez esta te-
tado do Mundo 2003, veio-me esta idéia com nha sido nossa maior vitória, desde que, após
toda a força, pela inegável intimidade entre a morte de Chico Mendes, decidimos nos
seus comentários e nossa experiência acreana organizar para fazer o que parecia impossí-
que, na campanha eleitoral, teve um mo- vel: levar nosso movimento para dentro das
mento de grande significado para mim. Pes- instituições de governo.
quisas qualitativas feitas no início do perío- O “projeto” – como é chamada a tenta-
do nos davam alto índice de intenção de tiva, ainda em seus primórdios, de implan-
voto e, melhor ainda, ele se justificava mais tar no Acre o modelo de desenvolvimento
pelo desejo de continuidade do “projeto” sustentável, tendo como pólo irradiador a
do que por apego carismático aos nossos estrutura de estado – é a conseqüência his-
nomes, como seria lógico imaginar numa tórica das lutas travadas pelo movimento
realidade de enormes déficits sociais e baixo dos seringueiros na Amazônia, liderado por
acesso à informação. Chico. Essas lutas formaram uma geração

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Estado do Mundo 2003
APRESENTAÇÃO

inteira de lideranças imbuídas da convicção do debate sobre compromissos ambientais


de que desenvolvimento só existe em con- não cumpridos.
texto de respeito à ligação indissolúvel en- Aí está o grande desafio que acompanha
tre defesa ambiental, cultura, justiça social e o crescimento da temática ambientalista des-
soluções econômicas de geração de empre- de o século passado, que é o de reconhecer
go e renda. Nesse sentido, a campanha po- e operar a unidade entre pobreza e prote-
lítica de 2002 foi um embate claro, sem ção ambiental, síntese poderosa do
mediação, quase didático, entre duas alter- amálgama de significados inerente ao obje-
nativas de desenvolvimento. tivo do desenvolvimento sustentável. Se exis-
É a partir dessa experiência de vida, e por te hoje relativo consenso sobre a impossibi-
fazer parte dessa geração, que vejo a Cúpula lidade de soluções ambientais dissociadas de
de Joanesburgo, analisada nesta publicação seus contornos sociais, econômicos, cultu-
de tantos e tão interessantes pontos de vista. rais e éticos, é preciso traduzir a susten-
O Estado do Mundo 2003 trata de questões tabilidade nos mais diferentes níveis que a
como população, gênero, biodiversidade, condicionam, mas sem perder sua unidade.
energia, saúde humana e ecológica, cidades Ela não é apenas soma ou mosaico. É una,
e espiritualidade, tendo como núcleo com múltiplas expressões. Daí decorre que
agregador o desvendamento da outra face uma análise sustentabilista deve ser necessa-
de Joanesburgo, para além da decepção efe- riamente estratégica e integrada, e não, como
tivamente causada pelos governos. O que continua sendo, em boa medida, um dis-
temos aqui, em resumo, é o redi- curso pulverizado.
mensionamento temporal, metodológico e Talvez até por se constituir no maior sím-
político da esperança – com base nos pa- bolo da luta ambiental, no imaginário da
péis da sociedade civil e dos países em de- sociedade global, a Amazônia seja o exem-
senvolvimento – e a reafirmação da voca- plo paradigmático dessa situação. A ma-
ção humana para a mudança. De certa for- neira como o mundo a percebe quase su-
ma, como afirma Flavin, Joanesburgo deu- prime a existência do humano. A Amazô-
nos a pauta do concreto após o Rio. nia, porém, tem que ser vista também como
Nesse concreto, meu olhar amazônida se portadora e geradora de muitas respostas
fixa na questão que marcou a Cúpula, sen- sociais e econômicas para sua própria so-
do seu impasse político e conceitual mais brevivência e para alternativas sustentáveis
visível: o lugar da pobreza no debate de vida em geral. As populações da flores-
ambiental e vice-versa. Manejada ao sabor ta podem contribuir não apenas quanto à
das conveniências de bastidores, tal questão preservação do ecossistema, mas pelo seu
foi artificialmente separada de sua essência valor cultural, conhecimento científico, for-
e, em certos momentos, como alardeou a ma de pensar, capacidade de inovação
mídia internacional, foi vista como a expres- institucional e política e pela diversidade de
são de opostos em busca de espaço. O tema interações com a natureza criadas para sa-
da pobreza transformou-se em mera tática tisfazer suas necessidades de sobrevivência
circunstancial para evitar o aprofundamento sem destruí-la.

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Estado do Mundo 2003
APRESENTAÇÃO

O problema que este exemplo aponta – Essas informações cresceram expressiva-


e que ficou claro em Joanesburgo – é a in- mente nas últimas décadas, em quantidade e
capacidade dos governos adotarem atitude qualidade.
efetivamente estratégica. De fato, é quase A propósito, as publicações do WWI-
impossível extrair conseqüências sustentáveis Worldwatch Institute são um exemplo des-
de posturas políticas conceitualmente supe- tacado disso. Produzidas por uma respeita-
radas mas ainda materialmente poderosas. da equipe de pesquisadores e editores inter-
Embora os governos usem cada vez mais a nacionais, em cerca de trinta idiomas – te-
expressão “desenvolvimento sustentável”, mos, inclusive, nossa versão brasileira
sua prática é, na maioria das vezes, publicada pela UMA – Universidade Livre
visceralmente contrária. da Mata Atlântica – e utilizadas em todo o
Isso tudo leva a constatar a ausência de mundo por comunidades, universidades,
um elemento fundamental para construir o governos e empresas, são referências para o
desenvolvimento sustentável: a “política sus- desenvolvimento sustentável.
tentável”. Joanesburgo mostrou como a ausência
As bases para um debate mais apro- da política sustentável é dramática. E mos-
fundado sobre política sustentável, no en- trou também que está mais do que na hora
tanto, existem e podem ser identificadas de de investir na sua construção com os ele-
várias maneiras, a começar pelos avanços mentos que temos, amalgamados pela or-
inegáveis nas relações entre grupos de ato- ganização e a pressão da sociedade, em ali-
res fundamentais do campo sustentabilista. ança com núcleos institucionais de ponta.
Deve-se levar em conta também, na for- Não podemos nos acomodar. O fato é que,
mação dessas bases, a existência de infor- apesar dos reveses e dificuldades, continua
mações disponíveis sobre a interação dos girando a velha e inexorável roda da mu-
elementos sociais, econômicos, ecológicos dança do mundo.
e culturais no foco da ação pública, aqui
entendida além do sentido estrito de ação
governamental, mais próxima do sentido de
cidadania, abrangendo as iniciativas de seg- Marina Silva
mentos da sociedade, em si ou em conjunto Senadora da República
com as várias instâncias do poder público. e ministra do Meio Ambiente do Brasil.

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Estado do Mundo 2003

WWI-Worldwatch no Brasil

Cinco anos se passaram desde o lançamento da vés do site www.wwiuma.org.br, envia informa-
primeira versão brasileira da série Estado do ções diretamente para os e-mails dos seus milha-
Mundo. Anos de persistência e dedicação. Guia- res de associados no Brasil e no mundo. A internet
dos pelo primitivo instinto de preservação e a libertou a informação da prisão do papel.
crença num mundo melhor, fazemos a nossa Fazemos aqui um pequeno resumo do ca-
parte, dando a nossa contribuição para ajudar a minho percorrido:
pavimentar o caminho da sustentabilidade. 1999 - Lester Brown, fundador do WWI,
O mundo não vai superar a sua crise atual, declarado pelo jornal Washington Post como
usando o mesmo modelo que a criou, dizia um dos mais influentes pensadores da atualida-
Einstein. Acreditando num modelo sustentável de, é trazido pela UMA ao Brasil para o lança-
abrimos picadas, testemunhando - ora como mento da primeira versão brasileira do Estado
expectadores, ora como pequenos, ousados e do Mundo - Edição Milenar 1999 e da Revista World
tímidos protagonistas -, os conceitos do desen- Watch. É entrevistado pelo programa Roda Viva
volvimento sustentável começando a permear - TVE e pelo jornal Folha de São Paulo. Em
o dia a dia, criando pontes entre o conheci- Brasília, reúne-se com técnicos do Ibama e o
mento, ligando as ciências fragmentadas, esti- ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho – o
mulando o entendimento da complexa reali- Ministério apóia oficialmente as publicações
dade vida. WWI no Brasil. Faz palestra no auditório
 Os trabalhos do WWI no Brasil, publica- Petrônio Portella, do Congresso Nacional, di-
dos pela UMA - Universidade Livre da Mata fundida para todo o país pela TV Senado. No
Atlântica, são parte do Creds - Centro de Refe- Rio, reúne-se com a diretoria das Organizações
rência para a Educação e o Desenvolvimento Globo e grava o Globo News. O Globo Eco-
Sustentável. Sediado oficialmente no Município logia destaca equipe para acompanhar a sua vi-
de Cairú, Bahia, foi criado com o objetivo de sita em todo o país, gravando palestras e en-
ser mais um gerador de informações para es- contros. É convidado pelo governo do Esta-
colas, universidades, governos, iniciativa priva- do da Bahia para palestras em Salvador e para
da e comunidade em geral. O Creds usufrui conhecer o potencial das suas áreas para o
do espaço sem fronteiras da internet para dis- ecoturismo.  
seminar conhecimento, enquanto o jornal digi- 2000 - A revista VEJA lança o Estado do Mundo
tal WWI-UMA, aberto à inscrição gratuita atra- 2000, no seu portal da internet. O jornalista

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Estado do Mundo 2003
WWI-WORLDWATCH NO BRASIL

Joelmir Beting divulga-o na sua coluna e no seu Paulo Renato, em 5 de junho, dia do meio am-
site www.joelmirbeting.org.br, promovendo o biente. Convidado também pela diretoria da
conceito de desenvolvimento sustentável. Petrobras, Flavin fala sobre energias renováveis
Christopher Flavin, presidente executivo do para os executivos da empresa. A Secretaria
WWI é convidado pela Fundação Getúlio Nacional de Recursos Hídricos traz a pesquisa-
Vargas para lançamento do CIDS - Centro dora do WWI Payal Sampat para falar sobre
Internacional para o Desenvolvimento Susten- ‘O Choque da Água’, no Fórum de Recursos
tável. A FIEB - Federação das Indústrias do Hídricos em Foz do Iguaçu.
Estado da Bahia promove debate do Prof.  Chris Bright, pesquisador do WWI e editor
Flavin com dirigentes da indústria. A convite da chefe da revista World Watch e a UMA fazem
UESC - Universidade de Santa Cruz, faz pa- levantamentos na Mata Atlântica. É entrevista-
lestra em Ilhéus e é levado pela UMA e os pes- do pela VEJA e pelo portal do UOL.  Apoi-
quisadores parceiros do IESB - Instituto de ando as ações da UMA o WWI lança edição
Estudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia, da sua revista com matéria de capa sobre o
para visitar a Mata Atlântica, onde se inspira para cacau e a Mata Atlântica, mostrando como a
escrever capítulo do Estado do Mundo do ano economia do chocolate pode ajudar na sua pre-
seguinte. servação. Destacada pelo jornal Washington
 2001 – O portal da Veja, seguindo o suces- Post, a matéria repercute em todo o mundo e
so da audiência do ano anterior, lança o Estado atrai a atenção da TV National Geographic, que
do Mundo 2001, divulgando integralmente o pri- envia equipe às fazendas de cacau do sul da
meiro capítulo, assinado por Christopher Flavin, Bahia para filmar documentário baseado na
destacando a sua visita à exuberância da Mata publicação.
Atlântica e a posição do Brasil (primeiro lugar) 2002 - Veja lança o Estado do Mundo 2002,
no “E9 - Econológico 9”, grupo dos nove destacando a edição especial da Cúpula Mun-
países reconhecidos pelo WWI como potênci- dial para o Desenvolvimento Sustentável -
as ambientais do planeta. O programa Roda Rio+10. O presidente Fernando Henrique Car-
Viva - TVE e o jornal Gazeta Mercantil entre- doso, alia-se à divulgação das idéias do WWI
vistam Flavin e destacam: ”Bíblia dos apresentando a versão brasileira 2002, assina-
ambientalistas descobre o Brasil” (a série Esta- lando a sua relevância para estimular o debate
do do Mundo foi batizada pela imprensa in- público no Brasil. A publicação é prefaciada
ternacional como bíblia do meio ambiente). por Kofi Annan, Secretário Geral da ONU e
A Assembléia Legislativa da Bahia recebe Flavin Prêmio Nobel da Paz.
em sessão plenária para palestra sobre desen-  Hilary French, diretora do Projeto de
volvimento sustentável. A Veja publica entre- Governança Global do WWI, visita o Brasil e
vista de Lester Brown nas suas páginas amare- fala para empresários sobre a importância da
las com o título “Poluiu, pagou”. A Embaixa- governança local. A UMA amplia as pesquisas
da Brasileira em Washington promove evento com o WWI sobre a Mata Atlântica para a ela-
de lançamento da edição brasileira, com pales- boração de livro sobre as possibilidades e van-
tra dos diretores do WWI e da UMA. tagens da preservação da Mata Atlântica, hotspot,
Ainda em 2001, o Ministério da Educação bioma que registra uma das maiores taxas de
convida Flavin para palestra de lançamento do biodiversidade do mundo e alto nível de de-
Programa “Parâmetros em Ação – Meio Am- vastação. A convite do fotógrafo Sebastião Sal-
biente na Escola” do MEC, com o ministro gado e da sua esposa Lélia, Chris Bright visita o

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Estado do Mundo 2003
WWI-WORLDWATCH NO BRASIL

projeto piloto de recuperação da Mata Atlânti- sistência da pequena e incansável equipe da


ca na fazenda de Aymorés, em Minas Gerais. UMA. Os esforços de Creusa Porto, Flávio
Onde pastos secos nada produziam, hoje bro- Henrique Cavalcante, Georgina Cruz, Everaldo
tam espécies nativas da mata, atraindo o canto Santos Ribeiro, Fernanda Azevedo, Maria de
dos pássaros. Embrião de reflorestamento. Fátima Da Rin, Débora Barreto, Célia Baldas
Christopher Flavin é convidado pelo gover- Mallett e Henry Mallett, Isabela Cristina Santos
no brasileiro para proferir palestra na reunião Waldelira Gonçalves, Ana Lúcia Pereira e
preparatória da Rio+10, que reuniu os presi- Maria do Socorro Araújo, intuem e organi-
dentes do Brasil, da África do Sul e zam o nosso dia-a-dia. 
ambientalistas de todo o mundo no Rio de Ja- Nossos reconhecimentos pelos apoios rece-
neiro. Reúne-se com o físico José Goldemberg bidos da Caixa Econômica Federal, Petrobrás,
para montar estratégias de promoção das ener- Ministério do Meio Ambiente, Ministério Pú-
gias renováveis em Joanesburgo. A Secretaria blico Federal e Estadual, IESB-Instituto de Es-
de Meio Ambiente do Estado de São Paulo / tudos Sócio-Ambientais do Sul da Bahia,
CETESB, dão destaque ao Estado do Mundo CEPLAC, CIDS-FGV, Gráfica Santa Helena,
2002 no seu site. Durante a Rio+10, na África Fundação Luís Eduardo Magalhães, SEBRAE,
do Sul, o WWI e a UMA relançam o relatório CET-Centro de Excelência em Turismo da
2002 no stand brasileiro – ganhador do “pri- UnB, UNIPAZ-Universidade da Paz, UESC-
meiro lugar” (outorgado pelo júri oficial for- Universidade Estadual de Santa Cruz e
mando por artistas locais) entre as exibições de UNEB-Universidade do Estado da Bahia; e
todos os países presentes em Joanesburgo. aos nossos leitores que freqüentemente nos
O site brasileiro www.wwiuma.org.br bate alimentam com seus estímulos, balizando o
records de visita, citado como referência pela nosso trabalho.
imprensa, universidades, empresas, governos e Agradecimentos especiais vão para a OFM-
ONGs. Links são disponibilizados em diferen- Ordem dos Frades Menores (franciscana) na
tes sites e portais, guindando-o para o segundo pessoa do Frei Hilton Botelho, Guardião do
lugar nos mais de 80 mil resultados de pesqui- Convento de Santo Antonio, que sedia a UMA,
sas pela palavra “worldwatch” no Google em Cairú, Bahia, e, para a Casa Pia e Colégio
(www.google.com), maior portal de busca do dos Órfãos de São Joaquim, na pessoa do seu
mundo. Provedor, Desembargador Claudionor Ramos,
2003 - A senadora Marina Silva, ministra do por abrigar o escritório da UMA, em Salva-
Meio Ambiente do novo governo, distingue- dor. Os seculares exemplos de fé dessas insti-
nos assinando a apresentação deste relatório tuições acolhem e reforçam a convicção de que
2003. Leitora do WWI desde as primeiras ver- este é o caminho.
sões brasileiras, refere-se às nossas publicações  Enquanto o WWI junta fios dos quatro can-
como fonte destacada de informações para “a tos do mundo formando o novelo da infor-
interação dos elementos sociais, econômicos, ecológicos e cul- mação global, a UMA puxa o fio para instruir
turais no foco da ação pública”. Partindo da “Sena- e alimentar a ação local. Resta tear.
dora da Floresta”, como é carinhosamente cha-
mada por Ziraldo, esta afirmação tem valor Eduardo Athayde
especial. Diretor da UMA - Universidade Livre da Mata
A intuição move, a razão organiza. Tudo isso Atlântica e editor do WWI-Worldwatch
é possível pela dedicação, o idealismo e a per- Institute no Brasil - e-mail: eduardo@uma.org.br
 

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Estado do Mundo 2003

Agradecimentos

Esta vigésima edição do Estado do Mundo toriais e insumos instrumentais para a es-
é produto da visão e esforço comparti- trutura do Capítulo 3, e o pesquisador
lhados de todo o quadro de colaborado- Erik Assadourian recolheu material, for-
res do Worldwatch, como também dos necendo um feedback valioso para o Ca-
amigos e patrocinadores do Instituto. pítulo 8. A pesquisadora/bibliotecária
Autores, redatores, marqueteiros, pessoal Lori Brown ajudou de inúmeras manei-
administrativo e de comunicação, pesqui- ras, desde o rastreamento de artigos, re-
sadores, bibliotecárias e financiadores, vistas e livros até o fornecimento de da-
todos merecem uma salva de palmas por dos atualizados aos pesquisadores sobre
suas muitas contribuições. as últimas informações em suas áreas res-
Em primeiro lugar, os autores dos ca- pectivas.
pítulos tiveram a assistência de colegas dis- À pesquisa e redação inicial se seguiu
postos e capazes. Os estagiários de pes- um estafante processo de revisão interna,
quisa de 2002 – Elizabeth Bast, Cheng onde a equipe atual do Worldwatch e uni-
Chang, Megan Crimmins, Arunima Dhar, versitários forneceram aos autores dos ca-
Vanessa Larson, Uta Saoshiro e Dave pítulos feedback detalhado numa reunião
Taylor – trouxeram idéias novas e entusi- que consumiu um dia inteiro de trabalho.
asmo para o livro. Enquanto Dave dili- Também contribuindo para comentários
gentemente coletava informações sobre nos capítulos, este ano, estavam o antigo
mineração para o Capítulo 6, Elizabeth membro do Worldwatch Howard Youth,
se empenhava em recolher dados e infor- atualmente escrevendo sobre aves e ou-
mações para o Capítulo 7. Arunima ca- tros temas conservacionistas em Madri, e
nalizou suas energias na busca de estatísti- Mia MacDonald, consultora de Nova
cas obscuras, investigando fontes para o York em questões de gênero, meio ambi-
Capítulo 3. Em pesquisas, Radhika Sarin ente e desenvolvimento. A fim de assegu-
contribuiu com dados e análise para os rar que as conclusões estivessem corretas
Capítulos 1 e 3, o pesquisador associado e as explicações sucintas, os autores fo-
Brian Halweil forneceu comentários edi- ram criticados, elogiados e desafiados para

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Estado do Mundo 2003
AGRADECIMENTOS

fortalecer argumentos e esclarecer deta- Mendis, David Milborrow, Glenn Miller,


lhes. Nossos agradecimentos especiais vão William Moomaw, Jay Moor, James
para os pesquisadores sênior Michael O’Meara, Michelle Ozrech, Janice
Renner, John Young e David Roodman, Perlman, Jonas Rabinovitch, Donald
por seus comentários incisivos. Ed Ayres, Rogich, Mary Rojas, Martha Rosen, Horst
redator da revista World Watch, ajudou a Rutsch, Jeffrey Sachs, David Satterthwaite,
apurar muitas idéias no Capítulo 2, apre- Vinod Prakash Sharma, Courtney Ann
sentadas em artigo de capa anterior. A Shaw, Joseph Sheehan, Keith Slack,
Diretora do Projeto de Governança Glo- Robert Snow, Andrew Spielman, Alison
bal do Worldwatch, Hilary French, em li- J. Stattersfield, Richard Stren, Mar y
cença por seis meses, fez uma grande fal- Evelyn Tucker, Andreas Wagner, Kathleen
ta durante o processo de revisão interna; Walker, Rasna Warah e Chris Williams.
seu retorno está sendo ansiosamente Através de cuidadosa edição e refina-
aguardado por todos nós. mento de capítulos individuais, a reda-
Somos gratos também aos técnicos de tora independente Linda Starke, mais co-
fora que contribuíram generosamente com nhecida no Instituto como “a executo-
seu tempo, revisando peças do manuscri- ra,” empenhou-se para que os autores
to. Pelos valiosos comentários, conselhos chegassem à reta final com tranqüilida-
e informações queremos agradecer a de. O Instituto tem a felicidade de contar
Saleem Ali, Kelly Alley, Christine Auclair, com um novo diretor de arte, Lyle
Mohammed Awer, Leslie Ayres, J. Kevin Rosbotham, cujo talento em design deu vida
Baird, Suprotik Basu, Maria Becker, John ao texto, tabelas e figuras de cada capítulo.
Beier, Stan Bernstein, Sally Bingham, Henk À medida que terminava o trabalho dos
Bouwman, Joel Breman, Yves Cabannes, autores, entrava em cena a equipe de co-
Cassandra Carmichael, Julie Church, Nigel municações. Leanne Mitchell, Susan
Collar, Mario Coluzzi, Chris Curtis, Sue Finkelpearl e Susanne Martikke, juntamen-
Darlington, Roger Mark de Souza, Robert te com o consultor sênior Dick Bell, tra-
Desowitz, Steve D’Esposito, Daniel balharam junto aos pesquisadores na cri-
Edelstein, Robert Engelman, Emilio ação das mensagens para a mídia e o pú-
Escudero, Richard Foltz, Bronwen blico. Talea Miller prestou assistência
Golder, Brian Greenwood, John Grim, como estagiária de comunicações e Sharon
Simon Hay, Benjamin Hensler, Steve Herz, Lapier ajudou a manter a rotina do de-
Walter Hook, Alvin Hutchinson, Jose partamento, ocupando a recepção e cata-
Galindo Jaramillo, Norman Jennings, logando os milhares de recortes de jor-
Ragupathy Kannan, Rachel Kyte, Annette nais que recebemos durante o ano. Patrick
Lanjouw, Michael Lippe, Rich Liroff, Settle, nosso administrador de infor-
Socrates Litsios, Michael Macdonald, mática, manteve o fluxo normal de todas
Birger Madsen, Jack Makau, Eric as atividades cibernéticas. Stephen Conklin
Martinot, Bill McKibben, Julie juntou-se à nós no outono como estagiá-
McLaughlin, Chandana Mendes, Kamini rio para auxiliar no website.

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Estado do Mundo 2003
AGRADECIMENTOS

Agradecimentos também são devidos legas em W.W. Norton & Company, nos-
à nossa magnífica equipe de desenvol- sa Editora nos Estados Unidos há mui-
vimento. Kevin Parker e Mary Redfern tos anos. Graças a seus esforços, as publi-
fortaleceram as relações existentes com cações do Worldwatch podem ser encon-
as fundações, enquanto desbravavam tradas em todas as livrarias no país. Neste
terreno incógnito. Adrianne Greenlees ano, aguardamos com prazer trabalhar
concentrou suas energias na ampliação com Leo Weigman em alguns projetos
dos principais doadores do Instituto, novos para o mercado colegial.
com ajuda de Cyndi Cramer. Na área Na frente internacional, gostaríamos de
de desenvolvimento comercial, Eliza- agradecer o apoio de tantas pessoas e edi-
beth Nolan encarregou-se de marketing toras internacionais que nos oferecem as-
e vendas e coordenou as atividades com sistência em assessoria, tradução, serviços
todas as nossas editoras. Tina Soumela especiais e distribuição em todo o plane-
esteve onipresente, auxiliando na pesqui- ta. Estado do Mundo é publicado regular-
sa, comunicações e desenvolvimento co- mente em mais de 20 idiomas. Sem a de-
mercial. dicação de uma gama de editoras, orga-
Os redatores sênior Tom Prugh e Curtis nizações não-governamentais e indivídu-
Runyan mantiveram o cronograma da re- os que se empenham na disseminação da
vista World Watch, e pressionaram os au- mensagem do Instituto, não poderíamos
tores para cumprirem tantos prazos so- fazer jus ao nosso nome.
brepostos. Desejamos também estender Agradecimentos especiais por seus es-
nossa gratidão e melhores votos para o forços na edição de 2002 do Estado do
futuro a várias pessoas que nos deixaram Mundo, são devidos a nossos parceiros de
durante o ano passado: Janet Abramovitz, longa data Eduardo Athayde, da Univer-
Niki Clark, Elizabeth Doherty, Seth Dunn, sidade Livre da Mata Atlântica, no Brasil;
Jonathan Guzman, David Roodman e Gianfranco Bologna, do WWF Itália e
Denise Warden. Anna Bruno, da Edizioni Ambiente, na
Uma forte equipe administrativa com- Itália; Michael Baumann e Klaus Milke, do
põe a espinha dorsal do Instituto. Germanwatch, na Alemanha; Soki Oda,
Suzanne Clift manteve o Presidente do do Worldwatch Japão; Sang Back Lee e
Worldwatch Christopher Flavin informa- Jung Yu Jun, da Federação Coreana
do, enquanto ajudava os pesquisadores d o Movimento Ambiental; Magnar
na organização de palestras e programas Norderhaug e Øystein Dahle, do
de viagem. A Diretora Financeira e Ad- Worldwatch Norden, na Noruega, Jose
ministrativa Barbara Fallin assegurou Santamarta e Marie Amelie Ponce, da
“bom tempo” às atividades e Joseph GAIA, na Espanha; e Jonathan Sinclair
Gravely conduziu eficientemente o setor Wilson, da Earthscan Publications Ltd., no
de correspondência. Reino Unido.
Amy Cherry, Bill Rusin, Andrew Marasia Temos que agradecer também aos
e Lucinda Bartley são nossas dinâmicas co- nossos novos parceiros, Gulay Eskikaya

xv
Estado do Mundo 2003
AGRADECIMENTOS

e Yesim Erkan, da Fundação TEMA, de prudência e visão para a liderança es-


na Turquia, e Yianis Sakiotis, da Socie- tratégica da organização. Os membros
dade Grega de Análise Política Nikos do Conselho de Administração do
Poulantzas, na Grécia. Nossos reconhe- Worldwatch ampliaram seu envolvimento
cimentos para o trabalho dedicado de neste último ano, através de sua participa-
tantas editoras e parcerias internacio- ção em planejamento estratégico, desen-
nais que possibilitam nosso contato volvimento organizacional e obtenção de
constante com leitores e tomadores de recursos. Somos profundamente gratos
decisão em todo o mundo. pela extraordinária liderança financeira que
O Worldwatch Institute depende de fi- demonstraram neste ano, através da cria-
nanciamento filantrópico para mais de 70 ção do “Desafio de Contribuição Parale-
porcento de seu orçamento operacional. la do Conselho” de quase US$ 600.000,
As maiores fontes de apoio são funda- objetivando inspirar doações individuais
ções privadas que mantêm um compro- cada vez maiores para o Instituto.
misso permanente para com um mundo Agradecemos também aos milhares de
ambientalmente sustentável e socialmente doadores individuais, membros de “Ami-
justo. Neste ano, gostaríamos de expres- gos do Worldwatch.” Ficamos orgulho-
sar nossos agradecimentos especiais para sos em saber que muitos dos nossos mem-
a John D. e Catherine T. MacArthur bros são ativos em nível local na criação
Foundation por suas subvenções especí- de comunidades sustentáveis, em todo o
ficas para o Estado do Mundo 2003. Tam- mundo. Obrigado por seu apoio e pelos
bém desejamos agradecer às outras fun- esforços pessoais para tornar o mundo
dações que generosamente apoiaram nos- um lugar melhor.
so trabalho no ano passado: Ford Estendemos nossa gratidão profunda
Foundation, Richard & Rhoda Goldman aos membros do Conselho de Patrocina-
Fund, The George Gund Foundation, dores do Worldwatch – Adam e Rachel
William and Glora Hewlett Foundation, Albright, Tom e Cathy Crain, Robert
Frances Lear Foundation, Steve Wallace e Raisa Scriabine Wallace – que
Leouthold Foundation, Charles Steward prestam um apoio anual de US$ 50.000,
Mott Foundation, Curtis and Edith ou mais, ao Worldwatch.
Munson Foundation, David and Lucile Rober t Wallace é um exemplo
Packard Foundation, NIB Foundation, marcante de uma pessoa dedicada a pro-
Overbrook Foundation, The Shared Earth mover um mundo melhor. Em outubro
Foundation, Surdna Foundation, Inc., passado, Bob faleceu e o Worldwatch
Turner Foundation Inc., Wallace Global perdeu um velho amigo profundamente
Fund, Weeden Foundation e The Winslow dedicado ao trabalho internacional do
Foundation. desenvolvimento sustentável. Em 1996,
Por trás de cada organização não-go- Bob, que foi presidente do Wallace Glo-
vernamental bem-sucedida, há um grupo bal Fund, inspirou a criação do Conse-
de líderes que contribuem com um misto lho de Patrocinadores do Worldwatch,

xvi
Estado do Mundo 2003
AGRADECIMENTOS

que continua a prestar apoio fundamen- mais recentes adições à família


tal ao Instituto, anualmente. Worldwatch – Samuel Carlos e Clara Lu-
Estamos orgulhosos do nosso relacio- cia Gardner. Quando Sally e eu fomos à
namento tão duradouro com Bob, e gra- Bolívia para adotar Sam e Clara, sabía-
tos pelo legado que ele, sua esposa Raisa mos que esta alegre dupla iria mudar nos-
e filhos, e o Wallace Global Fund, deixa- sas vidas para sempre. Desde que volta-
ram no Worldwatch. Dedicamos esta vi- mos, descobrimos que eles são uma ima-
gésima edição do Estado do Mundo a Bob gem viva e diária da importância do nos-
Wallace. so trabalho aqui no Worldwatch.
Finalmente, em julho de 2002, toda a
equipe do Instituto deu boas-vindas às Gary Gardner
Diretor de Projetos

xvii
Estado do Mundo 2003

Sumário
Apresentação por Marina Silva, vii O Desafio na África
Ministra do Meio Ambiente Melhoria da Saúde Pública e Engajamento
das Pessoas
WWI - Worldwatch no Brasil x
Agradecimentos xiii 5 Traçando um Novo
Lista de Quadros, Tabelas e Figuras xix Futuro Energético 97
Prefácio xxii
Janet Sawin
Estado do Mundo: Um Ano em O Argumento em Favor dos Recursos
Retrospecto xxvii Renováveis
Lisa Mastny Estado das Tecnologias 2003
A História da Alemanha
1 Uma História do Nosso Futuro 3 Lições das Políticas em Todo o Mundo
Chris Bright Libertando Nosso Futuro Energético
Desafios a Enfrentar
Milagres Normais 6 Abandonando a Dependência
da Mineração 125
2 Observando Aves Desaparecerem 16 Payal Sampat
Howard Youth Inventário Mineral
Perda de Habitat: a Maior de Todas as Ameaças Ecossistemas, Pessoas e Minas
Caindo aos Pedaços Seguindo o Dinheiro
Uma Arca Alienígena e Perigosa
Prospectando
Balas, Gaiolas, Anzóis e Produtos Químicos
Conveniências Modernas e Mudança Climática
Rumo Certo: para Aves e Humanidade 7 Unindo Cidades Divididas 148
Molly O’Meara Sheehan
3 Criando um Elo entre População, Pobreza e Governo Inepto num Mundo em
Mulheres e Biodiversidade 44 Urbanização
O Paradoxo das Favelas
Mia MacDonald e Danielle Nierenberg Da Terraplenagem a Melhorias
Explorando as Ligações Garantindo Casa e Emprego
A Importância da Questão de Gênero Abrindo a Prefeitura
Lacunas Constantes, Abordagens Integradas
Cultivando a Próxima Revolução 8 Abandonando a Dependência da
4 Combate à Malária 71 Mineração 174
Anne Platt McGinn Payal Sampat
Uma Ameaça Moderna e Crescente Inventário Mineral
A Biologia e Evolução da Doença Ecossistemas, Pessoas e Minas
A Falsa Promessa de Erradicação Seguindo o Dinheiro
Mudanças Ambientais e Sociais Alterama Prospectando
Estabilidade
A Abordagem do México Notas 201

xviii
Estado do Mundo 2003

Lista de Quadros
Tabelas e Figuras
Quadros
2. Observando Aves Desaparecerem
2-1 Sinais do Declínio das Aves 18
2-2 Salvando a Andorinha Azul: Envolvimento Local é Essencial 36
2-3 Doze Passos em Direção a um Futuro Sustentável para Aves e Biodiversidade 43

3. Criando um Elo entre População, Mulheres e Biodiversidade


3-1 O Valor da Biodiversidade 49
3-2 O Comércio de Carne Silvestre: População, Biodiversidade e Mulheres
na Bacia do Congo 50
3-3 Mulheres, Árvores e Empowerment: o Movimento Cinturão Verde do Quênia 59
3-4 As Mulheres e o Meio Ambiente 60
3-5 Princípios para Programas Integrados de População, Mulheres e Biodiversidade 64

4. Combate à Malária
4-1 Impactos do DDT ao Meio Ambiente e à Saúde 78
4-2 Estratégias Essenciais para Lidar com a Malária 92

5. Traçando um Novo Futuro Energético


5-1 Mudança Climática e o Protocolo de Kyoto 101
5-2 Exemplos de Avanço na Tecnologia Eólica 104
5-3 A Corrida Solar 107
5-4 Metas de Energia Renovável 114
5-5 O Argumento em Favor de Subsídios para Energia Renovável 116
5-6 Como Forjar um Novo Futuro Energético 122

7. Unindo Cidades Divididas


7-1 A Vida em Mtumba, uma Favela de Nairóbi 156
7-2 Verdejando Meios de Vida em Cotacachi, Equador 164

8. O Engajamento da Religião na Busca de um Mundo Sustentável


8-1 O Que é Religião? 175
8-2 Perspectivas Religiosas sobre a Natureza 177
8-3 Ligação entre Rituais, Ecologia e Culturas Sustentáveis 188

xix
Estado do Mundo 2003
RELAÇÃO DE TABELAS E FIGURAS

Tabelas
2. Observando Aves Desaparecerem
2-1 Dez Espécies de Aves Recentemente Extintas 19
2-2 Alguns Acordos Internacionais que Ajudam a Preservação das Aves 30

4. Combate à Malária
4-1 Malária na Ásia e Américas em Relação à África 74
4-2 Nível e Variações do Predomínio da Malária entre 1965 e 1994, 83
por Zona Climática
4-3 Programas Internacionais Recentes contra a Malária 95

5. Traçando um Novo Futuro Energético


5-1 Custos de Eletricidade com e sem Custos Externos 102

6. Abandonando a Dependência da Mineração


6-1 A Mineração na Economia Global, Final dos Anos 90 126
6-2 Principais Países Produtores de Minerais, Minerais Selecionados, 2001 128
6-3 Exemplos Selecionados do Ônus Ambiental da Mineração 131
6-4 Rejeitos Produzidos pela Mineração, Metais Selecionados, 2000 133
6-5 Exemplos Selecionados do Impacto da Mineração sobre Comunidades Locais 135
6-6 Dependência da Mineração e Taxas de Pobreza, Países Selecionados, Anos 90 138
6-7 Desemprego na Mineração, Países Selecionados, 1985-2000 140

7. Unindo Cidades Divididas


7-1 Dez Maiores Áreas Urbanas Mundiais, 1000, 1800, 1900 e 2001 151
7-2 Instituições de Microfinanciamento Selecionadas, Operando em Favelas 167

8. O Engajamento da Religião na Busca de um Mundo Sustentável


8-1 Principais Religiões: Número de Fiéis e Participação da
População Mundial, 2000 179
8-2 Iniciativas e Parcerias Religiosas sobre Meio Ambiente e Sustentabilidade 183
8-3 Ensinamentos Religiosos Selecionados sobre Consumo 191
8-4 Alavancando os Recursos Religiosos 198

xx
Estado do Mundo 2003
RELAÇÃO DE TABELAS E FIGURAS

Figuras
3. Criando um Elo entre População, Mulheres e Biodiversidade
3-1 Países mais Populosos do Mundo, 2001 e 2050 47
3-2 Crescimento Populacional em 25 Hotstpots de Biodiversidade, 1995-2000 51
3-3 Densidades Populacionais em 25 Hotstpots de Biodiversidade, 1995 52
3-4 Níveis Educacionais e Taxas de Fertilidade de Mulheres e Meninas em
12 Países em Desenvolvimento, Final dos Anos 90 61

4. Combate à Malária
4-1 Predominância da Malária 73
4-2 Taxa de Mortalidade da Malária, 1950, 1970, 1990 e 1997 75
4-3 Ciclo de Vida do Parasita da Malária 79

5. Traçando um Novo Futuro Energético


5-1 Consumo Mundial de Energia, por Fonte, 2000 100
5-2 Geração Mundial de Eletricidade, por Tipo, 2000 100
5-3 Capacidade Eólica Mundial Cumulativa, 1992-2001 105
5-4 Capacidade Fotovoltáica Mundial Cumulativa, 1992-2001 106
5-5 Adições à Capacidade Eólica na Alemanha, Espanha e Estados Unidos,
1980-2002 115
5-6 Capacidade Fotovoltáica Cumulativa no Japão e Estados Unidos, 1992-2001 117

6. Abandonando a Dependência da Mineração


6-1 Produção de Minerais Não-Combustíveis e Metais, 1970-99 127
6-2 Índice de Preço de Metais e Minerais, 1960-2001 129
6-3 Estoques de Ouro Superficiais e Subterrâneos, 2000 143
6-4 Estoques de Cobre Superficiais e Subterrâneos, Anos 90 143

7. Unindo Cidades Divididas


7-1 Relação entre Desenvolvimento Humano e Urbano, 150 Cidades, 1998 150
7-2 Crescimento Populacional Mundial por Região em 1970 e 2000,
com Projeções para 2030 152
7-3 A Justaposição da Pobreza, Crescimento Urbano e Corrupção 155

xxi
Estado do Mundo 2003

Prefácio

No final de agosto de 2002, vários colegas mo em Beverly Hills. Mas seu esplendor dá
e eu voamos de Washington para Joa- uma visão enganosa da vida na África do
nesburgo, na África do Sul, a fim de partici- Sul e no resto da região.
par da Cúpula Mundial sobre Desenvolvi- Alguns dos meus colegas viram, em pri-
mento Sustentável. A viagem foi longa, não meira mão, a miséria das favelas urbanas de
apenas em termos de sete fusos horários, Joanesburgo, como Molly O’Meara Sheehan
65 graus de latitude ou a desconcertante tran- descreve no Capítulo 7, onde a vida melho-
sição sazonal – de um verão setentrional rou muito pouco desde o fim do apartheid.
úmido para um inverno meridional refres- Payal Sampat, autora do Capítulo 6, encon-
cante. Deslocando-se a tal distância, do trou-se com mineiros numa velha mina de
Norte para o Sul, entramos num mundo ouro abandonada – a mineração do ouro é
diferente. a razão de ser de Joanesburgo – e consta-
Enquanto o Estado do Mundo 2002 enfocou tou o gigantesco preço humano e ambiental
a agenda para a Cúpula Mundial de que foi pago para extrair o precioso metal
Joanesburgo, o Estado do Mundo 2003 ba- incrustado nas jóias de milhões de pessoas
seou-se na experiência de ter estado lá. A em todo o mundo.
Conferência nos esclareceu muito sobre Desde sua imensa desigualdade humana
como o mundo está lidando politicamente até a fuligem do carvão no ar e os lençóis
com os imensos problemas relacionados ao freáticos em queda sob sua superfície,
desenvolvimento sustentável, e nos mostrou Joanesburgo é um exemplo vivo e respirante
também, de forma mais imediata, como da necessidade imperativa do desenvolvi-
vive grande parte do mundo – e quão pro- mento sustentável – e da distância que ainda
fundamente afetadas estão as pessoas pela temos a percorrer para atingi-lo. Mas a Áfri-
interseção da pobreza e declínio ambiental. ca do Sul também dá ao mundo uma das
O moderno Centro de Convenções maiores lições práticas da história sobre a
Sandton, onde foram realizadas as negocia- possibilidade de mudanças dramáticas. Em
ções oficiais, se acomodaria facilmente nos seu discurso de abertura da Conferência, o
subúrbios de Washington, DC, ou até mes- presidente Mbeki mencionou a acelerada

xxii
Estado do Mundo 2003
PREFÁCIO

queda do apartheid como uma metáfora do De Joanesburgo, olhando uma década


que o mundo precisará fazer para atingir o trás, para a Eco-92 no Rio de Janeiro, vi-
desenvolvimento sustentável. mos muitos paralelos entre a euforia inicial
Outros exemplos de mudança rápida são que se seguiu àquela conferência desbrava-
mais antigos. No Capítulo 1, neste ano, dora e a sensação de que tudo era possível,
intitulado Uma História do Nosso Futuro, Chris que acompanhou o fim formal do apartheid.
Bright descreve o extraordinário avanço da Os acordos do Rio proporcionaram o re-
humanidade no desenvolvimento de ferra- conhecimento oficial que as tendências glo-
mentas por um grupo de pessoas no Ori- bais eram insustentáveis, traçando um rotei-
ente Médio, há cerca de 40mil/50mil anos, ro de longo prazo para a criação de um
que levou a uma rápida evolução social – mundo sustentável – mas que, por si só, não
um passo crucial para o desenvolvimento resolveria todos os problemas à frente. En-
da civilização humana e de tudo que se se- tre uma previsível divergência de pontos de
guiu. A mudança parece ter ocorrido relati- vista, a Cúpula de Joanesburgo assinalou o
vamente rápido. E, como muitas inovações começo de uma passagem de acordos de
humanas subseqüentes, demonstra o poten- princípios para planos de ação concretos,
cial aparentemente ilimitado da humanida- embora mais modestos, necessários para
de para mudança, em resposta a pressões orientar o mundo numa nova direção.
externas. Os acordos de Joanesburgo não têm a
Essas transformações demonstram que, ressonância histórica dos tratados do Rio,
embora transições dramáticas sejam possí- nem respondem a todos os testes que esta-
veis, elas apenas abrem caminho para a evo- belecemos na última edição do Estado do
lução cultural, econômica e tecnológica con- Mundo. Na realidade, conforme a maioria
tínua que se desenvolve após uma grande das avaliações das 54 páginas do Plano de
descoberta. Nossos ancestrais não saíram Implementação Oficial, inclusive o Sumário
diretamente da feitura de lâminas de pedra das Diretrizes da Cúpula Mundial, escrito
para a informática, mas essa tecnologia por minha colega Hilary French, o acordo
aurinhaciana, como é conhecida, parece ter de Joanesburgo é algo entre um modesto
aberto caminho para um impulso na evolu- passo para o lado e um pequeno passo para
ção social, levando, no devido tempo, à im- trás. Mas sua análise da Cúpula Mundial tam-
plantação da agricultura, à formaçào de ci- bém indica uma importância mais profunda
dades e à Revolução Industrial. A experiên- que encoraja as implicações para o futuro.
cia da África do Sul com mudanças apenas Uma das primeiras coisas concordadas
começou, mas demonstra padrões seme- pelos negociadores da Cúpula Mundial foi
lhantes: o fim do apartheid foi um primeiro que o mundo ainda tem um longo caminho
passo histórico para lidar com os proble- a percorrer até conseguir realizar as ambi-
mas sociais, econômicos e ambientais do ções substanciais dos históricos tratados do
país. Mas levará décadas para superar o le- Rio, em 1992. Contrariamente à Eco-92, não
gado de desigualdade racial e melhorar a houve tratados importantes a serem nego-
qualidade de vida de todos os sul-africanos. ciados em Joanesburgo. Ao invés, o foco

xxiii
Estado do Mundo 2003
PREFÁCIO

centrou-se nas medidas concretas para avan- ocorreu em Joanesburgo. Os negociadores


çar a agenda do Rio. governamentais que se ocupavam em dis-
Grande parte do debate em Joanesburgo cussões insignificantes sobre o texto e estilo
girou em torno da dúvida se o Plano de gramatical de parágrafos deliberadamente
Implementação deveria ou não incluir no- ambíguos estavam, literal e figurativamente,
vas metas e cronogramas relacionados ao cercados por um dos maiores grupos de
desenvolvimento sustentável – comple- organizações da sociedade civil da história
mentando e aperfeiçoando os Objetivos de das Nações Unidas – desde ambientalistas e
Desenvolvimento do Milênio, adotados por agricultores até ativistas de direitos huma-
chefes de Estado em 2000. Apesar da opo- nos, autoridades locais e representantes de
sição dos Estados Unidos, o plano de sindicatos trabalhistas.
Joanesburgo conseguiu, afinal, incluir datas Mais de oito mil participantes não-gover-
específicas para várias metas: redução à namentais foram nomeados oficialmente
metade da proporção de pessoas sem aces- para a Cúpula. Além de participarem das
so a saneamento, até 2015; restauração de reuniões oficiais, grupos não-governamen-
pesqueiros para sua produção máxima sus- tais patrocinaram uma variedade de even-
tentável, até 2015; eliminação de práticas tos paralelos, como reuniões com parlamen-
pesqueiras destrutivas e estabelecimento de tares, juízes da Suprema Corte, autoridades
uma rede representativa de áreas de prote- locais e sindicalistas. Cerca de 20 mil pesso-
ção marinha, até 2012; redução da perda de as representando os sem-teto marcharam de
biodiversidade, até 2010; e objetivar para uma das áreas mais pobres de Joanesburgo
2020 o uso e produção de produtos quími- para o bairro elegante onde a Conferência
cos de forma que não prejudiquem a saúde estava sendo realizada, em protesto ao que
humana e o meio ambiente. viam como fracasso da reunião em lidar com
A falta de detalhes nesses compromissos as preocupações dos pobres.
e a acrimônia que os precedeu deixaram O mundo corporativo também teve pre-
muitos participantes pessimistas quanto à sença significativa em Joanesburgo. De acor-
capacidade do mundo avançar nas questões do com Ação Empresarial para o Desen-
mais importantes que a humanidade enfren- volvimento Sustentável, cerca de mil repre-
tará no século XXI. As profundas divisões sentantes empresariais participaram da Con-
Norte-Sul sobre questões financeiras e co- ferência – sendo 120 deles diretores execu-
merciais pareceram mais agudas do que nun- tivos ou presidentes de Conselhos de Ad-
ca, e a oposição do governo dos Estados ministração. Comparativamente, havia 104
Unidos a praticamente todo e qualquer com- líderes mundiais presentes.
promisso multilateral substantivo levou A presença significativa de organizações
muitos a imaginar se meio século de pro- não-governamentais (ONGs) numa reunião
gresso na criação de uma comunidade glo- oficial de governos pode ter assinalado uma
bal cooperativa estaria prestes a ruir. estratégia para o aceleramento do processo
Essas justas preocupações não podem ser de mudança global. Devido à sua escala e a
ignoradas, mas captam apenas parte do que política que os cerca, governos e instituições

xxiv
Estado do Mundo 2003
PREFÁCIO

internacionais freqüentemente são influenci- balhando sob os auspícios de órgãos da


ados por ideologias arcaicas ou comprome- ONU, como o Programa das Nações Uni-
tidos com interesses econômicos arraigados. das para o Desenvolvimento, para lidar com
Grupos externos com idéias novas, repre- os desafios específicos que o mundo hoje
sentando novas pressões políticas, enfrenta.
freqüentemente têm que superar a inércia do É nesta área que Joanesburgo pode ter
status quo. gerado resultados mais significativos. Além
O encontro em Joanesburgo de ONGs dos acordos oficiais, a Conferência produ-
compromissadas com a melhoria social, o ziu cerca de 280 “iniciativas de parceria” –
progresso ambiental e a criação de novas acordos entre governos nacionais, institui-
oportunidades econômicas representa uma ções internacionais, comunidade empresari-
força poderosa de mudança. E o fato de al, grupos trabalhistas, ONGs e outros ato-
uma grande parcela desses grupos ser oriun- res desempenhando seus papéis em prol do
da do Sul é uma indicação ainda mais pro- desenvolvimento sustentável. Esses acordos
funda de que o mundo está mudando. Em foram mudanças significativas de aborda-
resposta ao fracasso dos governos chega- gens anteriores, onde a ênfase estava em
rem a um acordo sobre quaisquer princípi- acordos entre estados-nações. Exemplos das
os claros referentes ao acesso a informações, novas iniciativas incluem uma parceria para
as ONGs estabeleceram um código de con- combustíveis e veículos mais limpos anun-
duta voluntário ao qual grupos não-gover- ciada na Conferência, que envolverá as Na-
namentais, instituições internacionais e até ções Unidas, governos nacionais, ONGs e
mesmo governos podem aderir. o setor privado, e um projeto da União
Este exemplo de ONGs ocupando o Européia chamado Água para a Vida que
espaço vago por governos indica como o irá ajudar a fornecer água potável e sanea-
mundo poderá, um dia, ir além do tipo de mento na África e na Ásia Central.
impasse que tem bloqueado o avanço inter- O papel crescente dos países em desen-
nacional em muitas questões econômicas, volvimento no estabelecimento da agenda
sociais e ambientais na última década. Em internacional ficou evidenciado, também, na
seu livro recente, High Noon, J.F. Rischard Cúpula de Joanesburgo. Embora tenha
argumenta que a enorme dimensão e a com- dado destaque às divisões Norte-Sul, tam-
plexidade de muitos problemas chegaram bém deu o enfoque necessário ao fato de
ao ponto onde estados-nações tradicionais vivermos num mundo onde a crescente
e processos intergovernamentais não podem desigualdade é uma das tendências globais
mais lidar com eles, sem falar da avalanche mais pronunciadas e perturbadoras. Parafra-
de problemas que hoje despenca sobre nós. seando o presidente Lincoln, dos Estados
Rischard sugere que os processos hierárqui- Unidos, sobre uma divisão semelhante um
cos tradicionais, em nível internacional, de- século e meio atrás, um mundo dividido
veriam ser complementados pelo que cha- contra si mesmo não pode ser sustentado.
ma de “redes de questões globais” – alian- A própria África do Sul, híbrida de Nor-
ças voluntárias entre governos e ONGs, tra- te a Sul, é um exemplo destacado de um

xxv
Estado do Mundo 2003
PREFÁCIO

país que luta para fechar essa divisão. Mas como verão no Estado do Mundo 2003, há
também é emblemática de uma das maio- uma clara mudança mundial se evidencian-
res vantagens que nosso mundo globalizado do. Lentamente, e algumas vezes caotica-
apresenta hoje: diversidade. A diversidade mente, a humanidade reage ao estresse – e
na África do Sul está representada não só mudando seus hábitos da mesma forma que
por sua mistura racial e cultural altamente nossos ancestrais fizeram 40 mil/50 mil anos
complexa, mas também por ser um dos atrás. Diariamente, e fortemente, nossos Homo
maiores hotspots mundiais da biodiversidade. sapiens patrícios nos lembram que ainda é
O “Reino Floral do Cabo” no sudoeste, muito cedo para desistir da raça humana.
conforme descrito no Capítulo 3 do livro
deste ano, abriga nove mil espécies vegetais.
A diversidade cria tensões e conflitos, mas
se forem administrados com sucesso, a di- Presidente
versidade também englobará inovação e Worldwatch Institute
resiliência que virão a tornar a África do Sul
um país mais forte – e com potencial de 1776 Massachusetts Ave., N.W.
tornar o mundo sustentável. Washington, DC 20036
Ainda é muito cedo para saber se a di- worldwatch@worldwatch.org
versidade e a inovação que marcaram a www.worldwatch.org
Cúpula Mundial de Joanesburgo irão fechar
as divisões deixadas por governos. Mas Novembro 2002

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Estado do Mundo 2003

Estado do Mundo:
Um Ano em Retrospecto

O primeiro capítulo do Estado do Mundo cronológico de eventos globais é um desa-


deste ano trata de inovação – e apropria- fio – especialmente nesta era moderna de
damente temos nossa própria inovação informação e desinformação aceleradas.
para esta edição. Como resultado de uma Mas nos empenhamos para apresentar um
sessão de brainstorming, no início do ano, misto preciso e interessante, tanto dos sinais
sobre como melhor transmitir os vários encorajadores quanto graves, de mudanças
acontecimentos e revezes ao longo do ca- planetárias.
minho para o desenvolvimento sustentável, Embora não seja abrangente, esperamos
decidimos adicionar uma cronologia cha- que esta cronologia amplie sua cons-
mada Estado do Mundo: Um Ano em Retrospecto. cientização das ligações entre eventos e idéi-
Este germe de idéia evoluiu num produto as globais específicas, e tendências menos
final fascinante da nossa pesquisadora as- tangíveis que influenciam e determinam nos-
sociada Lisa Mastny e do diretor de ate Lyle so futuro planetário – desde mudança cli-
Rosbotham. mática e perda da biodiversidade, até no-
Anualmente, a cronologia cobrirá anún- vos marcos na governança e saúde pública
cios e relatórios significativos ocorridos du- globais. Como sempre, apreciaríamos rece-
rante os 12 meses anteriores à publicação ber comentários de nossos leitores quanto a
de Estado do Mundo. A coleta de um registro esta inovação de Estado do Mundo.

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Estado do Mundo 2003
ESTADO DO MUNDO: UM ANO EM RETROSPECTO

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ESTADO DO MUNDO: UM ANO EM RETROSPECTO

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ESTADO DO MUNDO: UM ANO EM RETROSPECTO

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ESTADO DO MUNDO: UM ANO EM RETROSPECTO

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