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Biodiversidade
Brasil - Itália
Cerrados
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
Embrapa Cerrados
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
Embrapa Cerrados
Planaltina, DF
2011
Exemplares desta publicação podem ser adquiridos na:
Embrapa Cerrados
BR 020, Km 18, Rodovia Brasília/Fortaleza
Caixa Postal 08223
CEP 73310-970 – Planaltina-DF
Fone (61) 3388-9898 – Fax (61) 3388-9879
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sac@cpac.embrapa.br
Coordenação editorial
Jussara Flores de Oliveira Arbués
Revisão Técnica
Altair Toledo Machado
Luciano Lourenço Nass
Cynthia Torres de Toledo Machado
Equipe de revisão
Francisca Elijani do Nascimento
Jussara Flores de Oliveira Arbués
Normalização bibliográfica
Marilaine Schaun Pelufê
Paloma Guimarães Corrêa de Oliveira
Shirley da Luz Soares de Araújo
Capa
Wellington Cavalcanti
Foto da capa
Cynthia Torres de Toledo Machado
Projeto gráfico e diagramação
Leila Sandra Gomes Alencar
1a edição
1a impressão (2011): 1.500 exemplares
M274 Manejo sustentável da agrobiodiversidade nos biomas Cerrado e Caatinga com ênfase em
comunidades rurais / editores técnicos Altair Toledo Machado, Luciano Lourenço Nass,
Cynthia Torres de Toledo Machado. – Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2011.
376 p. : Il. color.
ISBN 978-85-7075-060-0
© Embrapa 2011
Autores
Ciro Correa
Engenheiro Agrônomo, M.Sc.
Técnico da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil
(Concrab)
cirocorrea@terra.com.br
Cosma Damasceno
Técnica da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil
(Concrab)
cosmicasd@yahoo.com.br
Capítulo 1
Manejo Sustentável da Agrobiodiversidade nos Biomas Cerrado e Caatinga...19
Capítulo 2
Base Conceitual para Uso de Metodologias Participativas em Manejo de
Agrobiodiversidade.............................................................................................29
Capítulo 3
Diagnóstico Participativo de Agroecossistemas com Enfoque na
Agrobiodiversidade e em Práticas Agroecológicas............................................51
Capítulo 4
Estratégias Adotadas junto às Comunidades de Assentados de Reforma Agrária
a partir do Manejo da Agrobiodiversidade..........................................................99
Capítulo 5
Redes Sociotécnicas e Modos de Vida Tradicionais: estratégias de
fortalecimento da agrobiodiversidade pelo CAA-NM no norte de Minas
Gerais...............................................................................................................145
Capítulo 6
Avaliação Participativa do Manejo de Agroecossistemas Utilizando Indicadores
de Sustentabilidade: instrumento para capacitação em agroecologia e
promoção da agrobiodiversidade no Assentamento Cunha ............................169
Capítulo 7
Manejo da Diversidade Genética e Melhoramento Participativo de Milho e sua
Interação com a Agrobiodiversidade ...............................................................221
Capítulo 8
Sistematização e Descrição dos Resultados de Pesquisa Participativa em
Milho ...............................................................................................................241
Capítulo 9
Melhoramento Participativo de Mandioca nas Condições do Cerrado: estudo de
caso .................................................................................................................281
Capítulo 10
Manejo Agroecológico de Agroecossistemas em Comunidades Rurais e
Assentamentos da Região Centro-Oeste com Ênfase nas Plantas de Cobertura:
conceituação, síntese metodológica e experiências locais .............................315
Capítulo 11
Produção Agroecológica de Hortaliças: a experiência do Assentamento
Cunha ..............................................................................................................353
Capítulo 1
Manejo Sustentável da
Agrobiodiversidade
nos Biomas Cerrado e Caatinga
Introdução
Este livro refere-se a uma descrição sintetizada da experiência de um
Projeto intitulado Manejo Sustentável da Agrobiodiversidade dos Biomas Cerrado
e Caatinga, desenvolvido no período de 2005 a 2009, com o objetivo principal de
realizar ações de pesquisa e desenvolvimento na conservação, valoração e uso
dos recursos genéticos locais, procurando-se amenizar o nível de pobreza das
comunidades e garantir sua segurança alimentar. Para realizar esse projeto, foram
estabelecidas parcerias com organizações sociais que trabalham com pequenos
produtores, tais como: Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do
Brasil (Concrab), Associação Estadual dos Pequenos Agricultores de Goiás
(Aepago) e Centro de Agricultura Alternativa (CAA). O projeto desenvolveu-se em
Goiás, Distrito Federal, Norte de Minas, Ceará e Sergipe.
Introdução
Na área de manejo de agrobiodiversidade, existem desafios que
não podem ser enfrentados pelos tipos mais formais de pesquisa, nos quais
os profissionais desenvolvem a agenda e são os responsáveis primários
pela pesquisa. Quando se trata de problemas complexos que não podem ser
enfrentados apenas com a pesquisa formal, e para os quais diferentes atores
sociais — governo, ONGs, setor comercial, sociedade civil – têm que contribuir
para encontrar soluções, abordagens mais orientadas à participação e à
aprendizagem devem ser aplicadas. Este é o foco deste capítulo: estratégias
orientadas à participação e à aprendizagem, fortalecendo o manejo comunitário
da agrobiodiversidade e do melhoramento participativo de cultivos. Isso implica
numa abordagem mais ampla e participativa no desenho e implementação
da estratégia de pesquisa. Estimular a participação dos atores sociais mais
importantes nos diferentes estágios da pesquisa resultará num impacto mais
relevante, mais efetivo e mais sustentável aos desafios que serão tratados. A
participação deve ocorrer desde o início, na definição dos problemas durante
o diagnóstico, na implementação e no monitoramento e avaliação contínuos
dos processos participativos. Esse último aspecto é a chave para facilitar o
aprendizado da comunidade e dos atores sociais.
Sistemas de Conhecimento
A abordagem participativa distingue dois tipos de sistemas de
conhecimento: os sistemas tradicionais (ou locais) e os científicos. O ponto de
contato convencional entre os dois sistemas é a transferência da tecnologia, usando
fluxo linear de informação, como, por exemplo, tecnologias de melhoramento
genético como variedades melhoradas. Por sua vez, o melhoramento genético
participativo objetiva conectar o sistema local com o científico. Na Tabela 1,
mostra-se uma caracterização dos dois sistemas, acrescida de uma abordagem
participativa. Essa abordagem une ambos os sistemas.
33
Por meio de abordagens participativas, o sistema científico incrementa o
sistema de conhecimento local. É crítico considerar que o conhecimento local é
dinâmico e não isolado. De fato, a presença de pesquisadores ou de técnicos de
campo pode contribuir com processos que “crioulisam” o conhecimento científico,
o desenvolvimento de tecnologias e a experimentação. Na prática, no processo
de adaptar às circunstâncias locais às variedades modernas introduzidas, os
agricultores continuamente “crioulisam” as tecnologias (CANCI, 2006). Quem será
o “profissional” – se um pesquisador, um técnico da extensão ou de ONG, ou um
outro agricultor –, vai depender, e muito, do objetivo que se quer desse encontro.
Participação
Participação diz respeito a empoderamento (CHAMBERS, 2006;
BARLETT, 2008). No final dos anos 1970 e 1980, organizações de
desenvolvimento começaram a se dar conta dos problemas de não adoção ou de
impacto limitado causados pelas abordagens de desenvolvimento de cima para
baixo e linear. Desde o início dos anos 1990, as agências de desenvolvimento
doadoras colocaram seu peso na promoção do desenvolvimento participativo.
“Participação inclui o envolvimento da população nos processos de tomada
de decisão, na implementação de programas, seu compartilhamento nos
benefícios dos programas de desenvolvimento e seu envolvimento nos
esforços de avaliação de tais programas” (COHEN; UPHOFF, 1977).
Princípios de Participação
Distinguimos determinados princípios que sustentam métodos e
processos participativos. O primeiro é autoconsciência e responsabilidade
críticas, isto é, julgamento e responsabilidade individuais exercidos pelos
• Encontre as pessoas quando for bom para elas, e quando elas podem
estar disponíveis, não quando for conveniente para nós. Isso se aplica
ainda mais fortemente às mulheres do que aos homens. Métodos
participativos frequentemente tomam tempo, e as mulheres tendem
a ter muitas obrigações que exigem sua atenção. Algumas vezes
o melhor momento para elas é o pior para nós – um par de horas
depois de escurecer, ou algumas vezes cedo pela manhã. Pergunte
a elas! Frequentemente são necessários acordos, mas é uma boa
disciplina; tentar encontros nos melhores momentos deles, ao invés
dos nossos, é bom para estabelecer uma conexão adequada; e
No início dos anos 1970, David. A. Kolb, com seu colega Ronald Fry, na
Weatherhead School of Management, desenvolveu o Modelo de Aprendizagem
Experiencial “The Experiential Learning Model”. Esse modelo é composto de
quatro elementos: (a) experiência concreta; (b) observação e reflexão sobre essa
experiência; (c) formação de conceitos abstratos baseados na reflexão; e (d)
teste dos novos conceitos. O próximo passo nesse modelo é repetir os quatro
Experiência
concreta
(1)
Testando
em novas Observação e
situações reflexão
(4)
(2)
Formando
conceitos
abstratos
(3)
Participação e Profissionalismo
É importante, nos processos participativos a serem aplicados no manejo
comunitário da agrobiodiversidade, ou na realização de estratégia de conservação
in situ, concentrar esforços na formação de equipes de pesquisadores e de
extensionistas (e de outros participantes) para a facilitação desses processos. A
experiência mostra que essa não é uma tarefa fácil, pois, entre os profissionais
de conservação e melhoristas, estabeleceu-se um paradigma que faz o processo
tornar-se mais difícil para trabalhar de maneira participativa. Basicamente, podem
ser observados dois paradigmas que descrevem bem a relação entre técnicos e
agricultores: a primeira abordagem poderia ser descrita como orientada pelo que
o Robert Chambers (2003) define como profissionalismo normal, e a segunda,
pelo profissionalismo novo (Tabela 3).
KOLB, D. A.; FRY, R. Toward an applied theory of experiential learning. In: COOPER, C.
(Ed.). Theories of group process. London: John Wiley, 1975.
Diagnóstico Participativo de
Agroecossistemas com Enfoque na
Agrobiodiversidade e em Práticas
Agroecológicas
Introdução
As atividades neste projeto, conduzidas em assentamentos de reforma
agrária e comunidades de pequenos produtores, partiram do pressuposto de
serem integradas, estruturantes e participativas. Nesse sentido, o diagnóstico
foi utilizado com a finalidade de conhecer os ambientes, as pessoas, suas
necessidades e demandas, por meio da reunião de informações complementares,
para que as ações fossem mais efetivas e embasadas em demandas e aptidões
reais dos agricultores e suas áreas.
b) Aplicação das ferramentas para obtenção das informações: nessa fase, foram
realizadas visitas aos assentamentos. Durante essas visitas, foram realizadas
caminhadas, percorrendo-se áreas coletivas e propriedades individuais. Nessas
caminhadas, realizadas junto com os agricultores, foram reunidas informações
sobre a paisagem e observadas as plantas cultivadas, bem como as espécies
nativas, elaborando uma primeira lista de plantas, conforme sugerem Lima
e Sidersky (2000). Tabelas, seguindo os modelos apresentados a seguir no
diagnóstico da agrobiodiversidade, tiveram seu preenchimento iniciado nessa
caminhada. Na etapa seguinte, as entrevistas informais semiestruturadas
foram aplicadas, individualmente ou em grupo, anotando-se as informações e
atentando para a sua fonte ou origem, considerando os membros da família
(se fornecido pelo homem, mulher ou crianças). Foram feitas fotografias e foi
solicitado aos agricultores que, junto das famílias, fizessem um croqui das
respectivas propriedades e da área coletiva, indicando os espaços ocupados
pelas atividades específicas (roçado, horta, quintal, pomar, criação animal,
área de reserva), detalhando-as (o que é plantado e onde).
Continua...
Relevo
Continua...
Relevo forte-ondulado
Relevo montanhoso
Solos
Recursos hídricos
Mediadores
Oferta(1) Demanda(4)
Acumuladores e captadores(2) Distribuidores(3)
(1)
Chuvas, rios, lagos, riachos, aquíferos freáticos, aquíferos confinados.
(2)
Barreiros, açudes, barragens subterrâneas, poços e cisternas.
(3)
Canais, sifões, vertedouros, calhas, sistemas elevatórios, sistemas de irrigação, latas e baldes
(transporte manual).
(4)
Piscicultura, roçados, hortas, consumo animal (pequenos e/ou grandes; confinados ou não),
consumo humano, consumo doméstico (banho, roupas).
Composição
Raça, tipo ou Mel e Consumo O que Quero
Animais/Uso do rebanho Ovos Carne Leite Laticínios(3) Venda(4)
espécie(1) derivados próprio tinha ter
ou plantel (2)
Galinha e frango
Pato
Marreco
Ganso
Gado leite
Gado corte
Porco
Peixe
Caprinos
Equinos
Abelha
Caça
Outros
(1)
Anotar denominações locais e quem as escolheu.
(2)
Número de fêmeas, machos, crias.
65
Tabela 6. Práticas de manejo e locais da unidade produtiva destinados aos animais. Nome da comunidade/assentamento. Nome da
66
propriedade. Data da coleta da informação.
Forma Remédio
Espécie ou Alimentação
Alimentação especial (chás, Uso Função Consumo O que Quero
Planta/Uso variedade ou animal (ração e/ Venda(3)
humana de preparo infusões, místico ambiental(2) próprio tinha ter
tipo(1) ou forragem)
(quitandas) pomadas)
Arroz
Feijão preto
Feijão verde
Feijão
carioca
Feijão
branco
Feijão
guandu
Feijão de
corda
Milho
Mandioca
Sorgo
Soja
Trigo
Cevada
Outras
(1)
Anotar denominações locais e quem as escolheu.
(2)
67
Tabela 8. Práticas de manejo e locais da unidade produtiva destinados plantas anuais, grandes culturas ou culturas de subsistência.
68
Nome da comunidade/assentamento. Nome da propriedade. Data da coleta da informação.
Remédio
Espécie ou Alimentação O
Alimentação Agregação Forma Finalidade Uso Consumo Quero
Planta/Uso variedade animal (ração Venda(3) que
humana de valor(2) (chá, (qual místico próprio ter
ou tipo(1) e/ou forragem) tinha
pomada) doença)
Abóbora
Abobrinha
Acelga
Agrião
Alface lisa
Alface crespa
Alface
americana
Alface roxa
Alho porro
Alho comum
Almeirão
Bardana
Batata Baroa
Batata doce
Batatinha
Batata Yakon
Berinjela
69
Tabela 9. Continuação.
70
Remédio
Espécie ou Alimentação O
Alimentação Agregação Forma Finalidade Uso Consumo Quero
Planta/Uso variedade animal (ração Venda(3) que
humana de valor(2) (chá, (qual místico próprio ter
ou tipo(1) e/ou forragem) tinha
pomada) doença)
Cará moela
Cebola
Cebolinha
Cenoura
Chicória
Chuchu
Coentro
Couve
Couve flor
Couve rábano
Ervilha
Espinafre
Hortelã
Inhame
Jiló
Manjericão
Maxixe
Milho verde
Mostarda
Nabo branco
Nabo roxo
Continua...
Tabela 9. Continuação.
Remédio
Espécie ou Alimentação O
Alimentação Agregação Forma Finalidade Uso Consumo Quero
Planta/Uso variedade animal (ração Venda(3) que
humana de valor(2) (chá, (qual místico próprio ter
ou tipo(1) e/ou forragem) tinha
pomada) doença)
Pimentão
Quiabo
Rabanete
Repolho
Rúcula
Salsa
Salsão
Serralha
Taioba
Tomate
Tomatinho
Vagem
Pimenta de
cheiro
Pimenta cumari
Pimenta mala-
gueta
Alecrim
Capim santo
Carqueja
71
Tabela 9. Continuação.
72
Remédio
Espécie ou Alimentação O
Alimentação Agregação Forma Finalidade Uso Consumo Quero
Planta/Uso variedade animal (ração Venda(3) que
humana de valor(2) (chá, (qual místico próprio ter
ou tipo(1) e/ou forragem) tinha
pomada) doença)
Mastruz
Orégano
Sálvia
Tomilho
Jurubeba
Outras
(1)
Anotar denominações locais e quem as escolheu.
(2)
Agregação de valor inclui qualquer forma especial de preparo ou processamento agroindustrial, como a preparação de conservas, polpas, geleias,
etc. Função ou serviço ambiental: recuperação e conservação da fertilidade dos solos sobretudo por meio de pousio; proteção do solo e da água
pelo sombreamento, pela resistência ao escorrimento superficial e o favorecimento à infiltração e pela formação de quebra ventos; relação com a
fauna (alimento e abrigo).
(3)
Mercado local ou externo, tipo (feiras, cestas).
Continua...
73
Tabela 10. Continuação.
74
Planta Manejo(1) Local Planta Manejo Local
Cenoura Alecrim
Chicória Capim santo
Chuchu Carqueja
Coentro Erva cidreira
Couve Funcho
Couve flor Manjerona
Couve rábano Mastruz
Ervilha Orégano
Espinafre Sálvia
Hortelã Tomilho
Inhame Jurubeba
(1)
Considerar como práticas de manejo: sistemas de cultivo (agroecológico, orgânico, SAT), rotações e consórcios (quais espécies, frequência da
rotação), plantio direto, práticas de adubação (estercos, compostos, etc), controle de pragas e doenças (controle biológico, caldas, etc), tratos
culturais (capina manual, roçadeira, queima), irrigação.
Alimentação Remédio
Espécie ou O
Alimentação Agregação animal Forma Finalidade Uso Função Consumo Quero
Planta/ Uso variedade (2) (3) Venda(4) que
(1) humana de valor (ração e/ou (chá, (qual místico ambiental próprio ter
ou tipo tinha
forragem) pomada) doença)
Abacate
Abacaxi
Acerola
Ameixa
Amora
Banana
nanica
Banana prata
Banana ouro
Banana
marmelo
Banana
maçã
Cajá manga
Caqui
Framboesa
Goiaba
Graviola
Laranja
selecta
Laranja pera
Laranja
bahia
75
Continua...
Tabela 11. Continuação.
76
Alimentação Remédio
Espécie ou O
Alimentação Agregação animal Forma Finalidade Uso Função Consumo (4) Quero
Planta/ Uso variedade Venda que
(1) humana de valor(2) (ração e/ou (chá, (qual místico ambiental(3) próprio ter
ou tipo tinha
forragem) pomada) doença)
Mamão
comum
Mamão
papaia
Manga
Maracujá
Morango
Pitanga
Romã
Siriguela
Tamarindo
Tangerina
Tangerina
pokán
Café
Cana
Capins
Outras
(1)
Anotar denominações locais e quem as escolheu.
(2)
Agregação de valor inclui qualquer forma especial de preparo ou processamento agroindustrial, como apreparação de conservas, polpas, geleias, etc.
(3)
Função ou serviço ambiental: recuperação e conservação da fertilidade dos solos, sobretudo por meio de pousio; proteção do solo e da água pelo
sombreamento, pela resistência ao escorrimento superficial e o favorecimento à infiltração e pela formação de quebra ventos; relação com a fauna
(alimento e abrigo).
(4)
77
culturais (capina manual, roçadeira, queima), irrigação.
Tabela 13. Matriz da diversidade inter e intraespecífica de espécies nativas arbóreas e arbustivas e demais arbóreas ou arbustivas
78
introduzidas e seus usos. Nome da comunidade/assentamento. Nome da propriedade. Data da coleta da informação.
(1)
Anotar denominações locais e quem as escolheu.
(2)
Agregação de valor inclui qualquer forma especial de preparo ou processamento agroindustrial, como apreparação de conservas, polpas, geleias,
etc.
(3)
Combustível: lenha e carvão vegetal; material para infraestrutura: montagem de estruturas básicas, tais como casa, estábulos, cercas e cercados,
cabos para ferramentas.
(4)
Função ou serviço ambiental: recuperação e conservação da fertilidade dos solos, sobretudo por meio de pousio; proteção do solo e da água pelo
79
Tabela 15. Matriz da diversidade de insetos e organismos do solo. Nome da comunidade/assentamento. Nome da propriedade. Data
80
da coleta da informação.
a) Diagnóstico sociocultural
b) Diagnóstico econômico
Tabela 18. Relação do valor da produção de autoconsumo comparada com o valor líquido
das receitas nas unidades de produção. Nome da comunidade/assentamento. Nome da
propriedade. Data da coleta da informação.
c) Diagnóstico organizacional
Considerações Finais
Apesar de existir, na literatura corrente, inúmeros roteiros e referenciais
metodológicos para a realização de diagnósticos, sentiu-se a necessidade
de adequar uma proposta de caracterização dos pólos de atividades aos
objetivos específicos do estudo, em função da natureza das comunidades e das
características do projeto.
Referências
ALTIERI, M. A. O papel ecológico da biodiversidade em agroecossistemas. Rio
de Janeiro, RJ: AS-PTA, 1994. p. 1-6. (Alternativas – Cadernos de Agroecologia.
Biodiversidade).
MELO, M.; TONNEAU, J. P.; SOARES, D. Sistemas pecuários, convivência com a seca
e manejo alimentar. In: SILVEIRA, L.; PETERSEN, P.; SABOURIN, E. Agricultura
familiar e agroecologia no semi-árido: avanços a partir do Agreste da Paraíba. Rio de
Janeiro: AS-PTA, 2002. p. 219-233.
NICHOLLS, C. I.; ALTIERI, M. A.; DEZANET, A.; LANA, M.; FEISTAUER, D.;
OURIQUES, M. A rapid, farmer-friendly agroecological method to estimate soil quality
and crop health in vineyard systems. Biodynamics, n. 250, p. 33-40, 2004.
Ciro Correa
Altair Toledo Machado
Jorge Henrique Montalvan Rabanal
Josiene Paulo dos Santos
Rodrigo Machado
Cosma Damasceno
Estratégias Adotadas junto às
Comunidades de Assentados de
Reforma Agrária a partir do Manejo da
Agrobiodiversidade
Introdução
Na concepção do Projeto Manejo Sustentável da Agrobiodiversidade nos
Biomas Cerrado e Caatinga, considerou-se de grande importância a participação
de organizações sociais para viabilizar, de forma efetiva, as ações do projeto.
Nesse sentido, articulou-se, em um primeiro momento, a participação da
Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab), para
envolver alguns assentamentos dos biomas Cerrados e Caatinga na realização
de parte do projeto, ou seja, desenvolver as ações de agrobiodiversidade como
mecanismo estratégico para a fixação do homem no campo e, também, estimular
o debate sobre as ações de pesquisa participativa e das legislações apropriadas
ao manejo da agrobiodiversidade em comunidades de pequenos agricultores.
Na área de 1.176 hectares, vivem 115 famílias, das quais apenas 61 são
cadastradas pelo Incra. As famílias excedentes são familiares dos assentados
originais e chamadas localmente de “agregados”. Os moradores são originários
da região e apresentam elevado grau de parentesco entre si. As casas estão
organizadas em agrovilas, construídas em lotes de área média de 1.500 m2.
Alguns lotes possuem, além da casa e do quintal, instalações para o gado. As
1
Tarefa é uma medida utilizada na região Nordeste e equivale a 1/3 de hectare.
As Ferramentas Participativas
Todas as ferramentas utilizadas para realizar o diagnóstico participativo
tiveram como orientação a mudança do paradigma da relação do técnico com o
agricultor como bem descreve De Boef e Thijssen (2007), em que a participação
evoluiu para uma mudança de comportamento e atitudes, de dominação para
facilitação, entrando em sintonia, perguntando às pessoas, frequentemente
“inferiores”, para nos ensinar, respeitando-as, tendo confiança de que elas podem
Diálogo semiestruturado
Fraquezas e ameaças
Fortalezas e oportunidades
Milho de pipoca é cultivado por oito famílias em 1 tarefa cada, sua origem está
na família e também é comprada. Possui um bom preço, mas pouca produtividade,
e podemos perceber que, pelo número reduzido, tanto de agricultores quanto de
área, trata-se de uma variedade voltada para consumo próprio. Seguindo essa
lógica, encontramos outra variedade sem referência a algum material genético
comercial, a variedade Amarelão, que é cultivada por três famílias em áreas de 5
tarefas, considerada pelos agricultores como uma variedade tradicional, já que é
fruto de uma constante troca entre vizinhos e familiares.
Horta comunitária
Foi proposto que, no ato do cadastro, cada família doe uma quantidade
simbólica de sementes, que será catalogada e devidamente armazenada pela
coordenação do banco.
Formação e informação
Acampamento Esperança
Considerações Finais
Redes Sociotécnicas e
Modos de Vida Tradicionais:
estratégias de fortalecimento da
agrobiodiversidade pelo CAA-NM no
norte de Minas Gerais
Introdução
O Projeto Manejo Sustentável da Agrobiodiversidade nos Biomas
Cerrado e Caatinga, também denominado Projeto 4, componente do Programa
Biodiversidade Brasil-Itália (PBBI), teve a sua atuação em diferentes municípios
do norte de Minas. A área de abrangência das atividades do PBBI coordenadas
pelo CAA no norte de Minas Gerais compreende localidades distribuídas em 17
municípios das microrregiões de Janaúba (Catuti, Gameleiras, Jaíba, Janaúba,
Mato Verde, Pai Pedro, Porteirinha, Riacho dos Machados, Serranópolis de
Minas); Januária (Januária, São João das Missões); Grão Mogol (Grão Mogol);
Montes Claros (Ibiracatu, Montes Claros, São João da Ponte, Varzelândia); e
Salinas (Rio Pardo de Minas). Com exceção de Montes Claros e Januária, os
demais municípios apresentam população rural elevada, sendo superior a 50%
em 13 dos municípios listados. Segundo dados do censo agropecuário (IBGE,
1996), cerca de 40% das propriedades rurais do norte de Minas estão na classe
de área inferior a 10 ha. A produção agropecuária emprega em média 30% da
mão-de-obra ativa, chegando a 43% em São João das Missões. Os indicadores
sociais revelam o grau de exclusão da população local, apresentando elevada
taxa de analfabetismo, problemas de segurança alimentar e renda monetária
insuficiente para atender às necessidades básicas das famílias.
Os rios que cortam a região drenam para três bacias: São Francisco,
Pardo e Jequitinhonha. A construção de barragens, a instalação de perímetros
de irrigação para agricultura industrial e os monocultivos de eucalipto são fontes
de conflito pelo acesso a terra e recursos naturais, em particular os recursos
hídricos. No Município de Rio Pardo de Minas, agricultores se mobilizaram para
recuperar as terras que estão ocupadas com monocultivos de eucalipto desde
a década de 1970. O impacto desses monocultivos sobre a disponibilidade e
qualidade da água é um elemento marcante na percepção das comunidades
locais.
Essa foi uma das respostas dada pelo lavrador Juvenal, 46 anos, morador
da comunidade de Riacho D’Anta, Município de Montes Claros2. Munidos de
um questionário relativamente simples, o objetivo da pesquisa – que estava
sendo levada a cabo pelo que denominávamos de mobilizadores locais, ou seja,
agricultores capacitados para atuarem em suas comunidades como monitores
agrícolas – era o de fazer um levantamento da agrobiodiversidade presente
e manejada pelas comunidades de agricultores familiares. No questionário,
buscavam-se informações do núcleo familiar, número de pessoas, escolaridade,
habilidades, história da própria família no contexto da história da comunidade.
Levantavam-se dados sobre as espécies vegetais e animais, tanto cultivadas
quanto nativas, utilizadas pela família, o manejo adotado nas áreas de roça
(exemplo, se fazia queimada, se adotava alguma prática conservacionista,
adubação, irrigação), entre outras. Especificamente com relação às sementes,
além do nome e da variedade, perguntava-se há quanto tempo (anos) plantavam
a semente, onde tinha sido adquirida, de quem, as características que mais
apreciavam naquela variedade, se tinham algum hábito na troca de sementes.
Perguntava-se também sobre as espécies nativas mais utilizadas, e, ao final,
se eles tinham interesse especial em resgatar alguma variedade que já haviam
cultivado ou de alguma planta que já tinham ouvido falar de suas qualidades. A
2
A entrevista foi realizada no dia 28 de março de 2005, por uma jovem rural, agricultora, uma das
12 que tinham participado da primeira etapa de capacitação do Projeto Manejo Sustentável da
Agrobiodiversidade nos Biomas Cerrado e Caatinga.
domínio dos cerrados, dentro dos quais se pode introduzir tratos desejados
para uma nova trajetória tecnológica. Uma outra indústria ciências da vida
com sede nos EUA, a Delta & Pine Land Co, associou-se com o Grupo
Maeda, de Orlândia, o maior produtor e processador de algodão no Brasil”
O Contexto Local
Foi sob esse contexto de fortes tensões socioambientais que o agricultor
assentado, João Altino Oliveira, registrou em seu caderno de pesquisa realizada
no Assentamento Americana, Município de Grão Mogol, em março de 2005, a
diversidade de espécies cultivadas por algumas famílias. Foram pesquisadas
nove famílias do assentamento (de um total de 45 que na época já estavam
residindo em seus lotes). Ele identificou 58 espécies de plantas cultivadas nos
ambientes de roça, quintal e horta, conforme estão distribuídas na Tabela 1.
Foi sobre esse contexto que o CAA-NM procurou atualizar suas estratégias
relacionadas com o uso e manejo da agrobiodiversidade, procurando colocar
em cena as potencialidades humanas e ambientais presentes nos ecossistemas
dos Cerrados e da Caatinga. Nos tópicos seguintes, apresentaremos de forma
sintética desde os primeiros passos dados pelo CAA no seu trabalho com recursos
genéticos locais até o momento atual, quando, a partir da contribuição do Projeto
Manejo Sustentável da Agrobiodiversidade nos Biomas Cerrado e Caatinga, foi
possível uma atualização da estratégia que hoje norteia as nossas ações.
3
Não citamos as espécies da flora nativa manejada por esta comunidade, que é igualmente
significativa.
Os primeiros passos do que viria a ser o CAA têm início com uma
ação junto a comunidades rurais, lideranças e organizações sociais em que,
paralelamente, realizou-se uma pesquisa “porteira-a-fora”, coordenada pelo
economista Eduardo Ribeiro, a qual resultou na publicação do documento
A Pequena Produção Rural na Região de Montes Claros (MACHADO et al.,
1987)4. Em 1989, o CAA publicou o resultado de outra pesquisa – Diagnóstico
4
Esta pesquisa, fundamental na definição do rumo estratégico do CAA, teve a contribuição do
pesquisador Áureo Eduardo Ribeiro, posteriormente professor da UFLA, atualmente prestando
serviços no ICA – UFMG em Montes Claros.
De 1991 a 1997
5
Refere-se a uma articulação nacional promovida pela FASE que anima a constituição e o trabalho
em diversas regiões do Brasil com as denominadas “tecnologias alternativas”, que inclusive
contribuiu decisivamente na formação do CAA NM. Posteriormente, o Projeto PTA FASE se
organiza como uma ONG, a ASPTA
2ª Etapa
3ª Etapa
4ª Etapa
De 1998 a 2004
Referências
BRITO, I. Comunidade, território e complexo industrial florestal: o caso de Vereda
Funda, norte de Minas Gerais. 2006. Dissertação (Mestrado). Unimontes. Programa de
pós Graduação em Desenvolvimento Social, Montes Claros, MG.
D’ANGELIS FILHO, J. S.; DAYRELL, C. A. Ataque aos Cerrados: a saga dos geraizeiros
que insistem em defender o seu lugar. Caderno do CEAS, 2003.
IBGE. Censo Agropecuário 1996. Rio de Janeiro, RJ. Disponível em: < http://www.
sidra.ibge.gov.br/>. Acesso em: 01 set. 2009.
Introdução
A diversificação produtiva constitui alternativa primordial para a
sustentabilidade dos sistemas agrícolas, constituindo uma das premissas
básicas da produção agroecológica.
A Metodologia Empregada
A metodologia empregada é denominada Sistema de Avaliação
Rápida da Qualidade do Solo e Sanidade dos Cultivos. Proposta por Altieri e
Nicholls (2002) e Nicholls et al. (2004), o método permite aos agricultores
medidas de sustentabilidade de uma maneira comparativa ou relativa, por
meio da comparação, ao longo do tempo, num mesmo agroecossistema ou da
comparação de dois ou mais agroecossistemas que estão sob diferentes estágios
de transição ou sob diferentes práticas de manejo (ALTIERI; NICHOLLS, 2002).
Isso possibilita que os agricultores avaliem os sistemas mais saudáveis e as
propriedades que se destacam, possibilitando que, conjuntamente, identifiquem
processos e interações biológicas que expliquem seu desempenho superior.
Essas informações serão traduzidas para práticas específicas que otimizem os
processos agroecológicos desejáveis.
Valor
Valor estabelecido Características
estimado
1. Aparência geral da cultura
1 Clorótica, folhagem descolorida com sinais de deficiência
5 Folhagem verde clara com alguma perda de pigmentação
10 Folhagem verde escura, sem sinais de deficiência
2. Crescimento das plantas
1 Padrão desigual, ramos finos e curtos, crescimento novo limitado
Padrão mais denso, porém não uniforme. Ramos mais grossos, sinais
5
de novas brotações
10 Folhagem e ramos em abundância. Crescimento vigoroso
3. Incidência de doenças
Continua...
Valor
Valor estabelecido Características
estimado
1 Suscetível, mais de 50% das plantas com folhas e (ou) frutos danificados
5 Entre 20% - 45% das plantas com algum dano
10 Resistentes, menos de 20% das plantas com danos leves
4. Incidência de insetos e pragas
1 Mais de 85% das folhas danificadas
5 Entre 30% - 40% das folhas danificadas
10 Menos de 30% das folhas danificadas
5. Rendimento atual ou potencial
1 Baixo em relação à média local
5 Médio, aceitável
10 Bom ou alto
6. Abundância e diversidade de inimigos naturais
Ausência de vespas predadoras/parasitas em uma amostra aleatória
1
de 50 folhas
5 Presença de pelo menos um inseto benéfico
10 Mais de 2 indivíduos de uma ou duas espécies de insetos benéficos
7. Competição e supressão de plantas espontâneas
1 Plantas estressadas, suprimidas por plantas espontâneas
5 Presença média de plantas espontâneas, algum nível de competição
10 Plantas vigorosas suprimindo plantas espontâneas
8. Diversidade de vegetação
1 Monocultura
Presença de algumas plantas espontâneas ou presença desigual de
5
plantas de cobertura
10 Formação densa de plantas de cobertura e vegetação espontânea
9. Vegetação natural circundante
1 Circundado por outras culturas, sem vegetação natural
5 Vegetação natural adjacente em pelo menos um dos lados
10 Circundando por vegetação natural em pelo menos dois lados
10. Desenho agroecológico
Sem barreiras de vento, sem corredores de vegetação, apenas 1 cultura
1
plantada, sem rotação
Barreiras e corredores dispersos na área de cultivo, mais de uma cultura
5
plantada na área, sem rotação
Com barreiras de vento e corredores, mais de uma cultura plantada na
10
área, com rotação de culturas
Valor Valor
Características
estabelecido estimado
1. Profundidade do solo
1 Subsolo quase exposto ou exposto
5 Fina superfície de solo < 10 cm
10 Solo superficial > 10 cm
2. Estrutura
1 Solto, empoeirado sem visíveis agregados
5 Poucos agregados que quebram com pouca pressão
10 Agregados bem formados difíceis difíceis de serem quebrados
3. Compactação
1 Solo compactado, arame encurva-se facilmente
5 Fina camada compactada, alguma restrição à penetração do arame
10 Sem compactação, arame é todo penetrado no solo
4. Estado de resíduos
1 Resíduos orgânicos com lenta decomposição
5 Presença de resíduos em decomposição de pelo menos um ano
Resíduos em vários estágios de decomposição, muitos resíduos bem
10
decompostos
5. Cor, odor e matéria orgânica
1 Pálido, odor químico e ausência de húmus
5 Marrom-claro, sem odor alguma presença de húmus
10 Marrom-escuro, odor de matéria fresca e abundante presença de húmus
6. Retenção de água (grau de umidade após irrigação ou chuva)
1 Solo seco, não retém água
5 Grau limitado de umidade por um curto período de tempo
10 Considerável grau de umidade por um curto período de tempo
7. Cobertura do solo
1 Solo exposto
5 Menos de 50% do solo coberto por resíduos ou cobertura viva
10 Mais de 50% do solo coberto por resíduos ou cobertura viva
8. Erosão
1 Erosão severa, presença de pequenos valos
5 Evidentes, mas poucos sinais de erosão
10 Ausência de sinais de erosão
Continua...
Valor Valor
Características
estabelecido estimado
9. Presença de invertebrados
1 Ausência de atividade de invertebrados
5 Poucas minhocas e artrópodes presentes
10 Presença abundante de organismos invertebrados
10. Atividade microbiológica
1 Muito pouca efervescência após aplicação de água oxigenada
5 Efervescência leve a média
10 Efervescência abundante
Desenvolvimento de raízes
1 Raízes pouco desenvolvidas, enfermas, curtas
5 Raízes de crescimento limitado, observam-se algumas raízes finas
10 Raízes com bom crescimento, saudáveis e profundas, presença abundante de raízes finas
A Aplicação da Metodologia no
Assentamento Cunha: estudo de caso
A atividade foi realizada no Assentamento Cunha, em Cidade Ocidental,
GO, em três períodos consecutivos a partir de dezembro de 2004, sendo
repetida, aproximadamente, após 2 e 4 anos, em 2007 e 2009. Na primeira
Figura 2. Aspecto das áreas recém-plantadas com arroz e milho durante a realização da
atividade prática e coleta de amostras de solo. Dezembro de 2004.
Estrutura 8 Compactação
4
Presença 2 Profundidade
de invertebrados
0
Arroz Milho
85
84
ugp-nitrofenol/g solo
83
82
81
80
79
Arroz Milho
10.000
9.000
8.000
células/ g solo
7.000
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
Arroz Milho
Galpão
Galinhas
Tomate, quiabo
Girassol, abóboras
Feijão de porco
Milho
Mandioca
Horta
Feijão
Arroz
Figura 11. Representação gráfica do estado de qualidade do solo das glebas destinadas
ao cultivo de arroz, às faixas de feijão, milho e mandioca e da área do sistema PAIS.
Abril de 2007.
140,0
120,0
ug p-nitrofenol/g solo/h
100,0
80,0
60,0
40,0
20,0
0,0
Figura 12. Atividade da enzima β-glucosidase nas áreas de cultivo de arroz, nas faixas
de feijão, milho e mandioca e da área do sistema PAIS. Abril de 2007.
25
Número de esporos / 50 g solo
20
0
Acaulospora
Glomus
Gigaspora
Paraglomus
Entrophospora
Outros
Scutellspora
Figura 20. Representação gráfica do estado de sanidade dos cultivos das glebas
destinadas aos plantios de abóbora, mandioca e à horta. Junho de 2009.
Mais uma vez não houve competição severa por plantas espontâneas
em nenhuma das três áreas, provavelmente pelo controle das mesmas pela
capina e pela cobertura viva ou morta do solo (Figuras 16 e 17). Dessa vez,
Considerações Finais
Essa atividade, a partir da experiência relatada, vem sendo realizada
em assentamentos ou comunidades-pólo de condução de outros projetos que
têm como objetivo principal o manejo da agrobiodiversidade dentro de princípios
agroecológicos, e que visam testá-la como um mecanismo de avaliação e
monitoramento do manejo dos agroecossistemas. Essa metodologia nos
NICHOLLS, C. I.; ALTIERI, M. A.; DEZANET, A.; LANA, M.; FEISTAUER, D.;
OURIQUES, M. A rapid, farmer-friendly agroecological method to estimate soil quality
and crop health in vineyard systems. Biodynamics, n. 250, p. 33-40, 2004.
REIS JÚNIOR, F. B.; MACHADO, C. T. T.; MACHADO, A. T.; MENDES, I. C.; MEHTA, A.
Isolamento, caracterização e seleção de estirpes de Azospirillum amazonense e
Herbspirillum seropedicae associadas a diferentes variedades de milho cultivadas
no Cerrado. Planaltina, DF: Embrapa Cerrados, 2008. 36p. (Embrapa Cerrados. Boletim
de Pesquisa e Desenvolvimento, 206).
USDA-NRCS. Maryland soil quality assessment book. Maryland: Soil Quality Institute,
1998.
Contextualização e Conceituação
A diversidade genética existente na cultura do milho (Zea mays L.),
cerca de 300 raças identificadas, é um reservatório genético crucial para manter
a capacidade natural de essa cultura responder às mudanças climáticas e
aos diferentes tipos de estresses. Seu ciclo e reprodução são características
favoráveis que a tornaram um modelo para estudos genéticos das espécies
alógamas (PATERNIANI, 1993). A espécie apresenta uma ampla adaptação a
diferentes ambientes, podendo ser cultivada desde 58oN até 40oS de latitude
(HALLAUER; MIRANDA FILHO, 1988).
Para que possamos tornar clara essa ideia, faz-se necessário elucidar
e relacionar os conceitos referentes a desenvolvimento local; desenvolvimento
territorial; sustentabilidade; biodiversidade; agrobiodiversidade e agroecologia,
que passaram a fazer parte das agendas de pesquisa e desenvolvimento
das instituições de pesquisa nacionais e internacionais. A biodiversidade,
a agrobiodiversidade e a agroecologia são conceitos próximos e bastante
interligados, por estarem relacionados às questões do meio ambiente, dos
agroecossistemas e das comunidades tradicionais, formando um complexo
funcional com diversas interações que originam os sistemas agroecológicos.
Figura 2. Ações de sensibilização. (A) Ipiranga, GO, 2007; (B) Catalão, GO, 2007.
Figura 4. Curso de formação realizado em Ipiranga, GO, 2007. Fotos: Cynthia T. de Toledo Machado
Segurança e
soberania
alimentar
Diagnóstico participativo
Informal Formação de redes Informal
Metodologias participativas
• Cursos de formação.
• Resgate de variedades.
• Canteiros da diversidade.
• Redes de intercâmbio.
• Feiras da diversidade.
• Mercados solidários.
CHIFFOLEAU, Y.; DESCLAUX, D. Participatory plant breeding: the best way to breed for
sustainable agriculture. International Journal of Agricultural Sustainability, v. 4, n. 2,
p. 119-130, 2006.
HELLIN, J.; BELLON, M. R.; BADSTUE, L.; DIXON, J.; LA ROVERE, R. Increasing the
impacts of participatory research. Experimental Agriculture, v. 44, p. 81-95, 2008.
REGITANO NETO, A.; NASS, L. L.; MIRANDA FILHO, J. B. Potential of twenty exotic
germplasms to improve Brazilian maize architecture. Brazilian Journal of Genetics,
v. 20, n. 4, p. 691-696, 1997.
SOARES, A. C.; MACHADO, A. T.; SILVA, B. M.; WEID, J. M. VON DER. Milho crioulo:
conservação e uso da biodiversidade. Rio de Janeiro, RJ: AS PTA, 1998. 185 p.
Sistematização e Descrição
dos Resultados de Pesquisa
Participativa em Milho
Introdução
Neste projeto, o melhoramento participativo foi desenvolvido com dois
propósitos principais: um funcional, que envolve critérios de validação científica
a partir de tecnologia desenvolvida por cientista, e o de empoderamento, cujo
objetivo principal é o fortalecimento da autonomia dos agricultores. Vale ressaltar
que o melhoramento participativo que visa ao empoderamento é um sistema
descentralizado, no qual o papel do setor formal é essencialmente relacionado à
troca de conhecimentos técnicos.
Desenvolvimento do Projeto
O projeto teve iniciou em fevereiro de 2006, envolvendo, no primeiro
momento, agricultores vinculados à Concrab e ao CAA, e, em etapa posterior, à
Aepago.
Metodologias Adotadas
Melhoramento convencional
Variedades locais
Variedades Características
População de grãos duros e semiduros, alaranjados, com segregação para
branco e predomínio de germoplasma Cateto, Eto e Duros do Caribe, origina-
Sol da Manhã
da de 36 populações da América Central e da América do Sul (MACHADO et
al., 2006)
População de grãos dentados e semidentados, amarelos com segregação
Eldorado para branco e predomínio da raça Tuxpeño, formada a partir de populações
do México, da América Central e da América do Sul (MACHADO et al., 2006)
Cruzamento da variedade local Caiano de Sobrália com a variedade CMS 28.
Caiano de Sobrália é uma variedade de grãos dentados, amarelos de ciclo se-
MC 20 miprecoce e com vários ciclos de seleção massal estratificada realizada pela
comunidade de Sobrália (MG) (MACHADO et al., 2006). A variedade CMS 28
tem predomínio da raça Tuxpeño, apresenta porte baixo e ciclo precoce
Variedade obtida na Embrapa Milho e Sorgo, em Sete Lagoas, MG, a partir de
três cultivares brasileiras (Maya, Centralmex e Dentado Composto) e uma in-
BR 106
trodução exótica (Tuxpeño 1). Apresenta endosperma dentado e cor amarela,
porte baixo (MACHADO et al., 2006)
Sintético de ciclo precoce, de grãos amarelos, semiduros, com alta qualidade
BR 473
protéica (MACHADO et al., 2006)
População de ciclo semiprecoce, de grãos alaranjados, semiduros, com
Saracura 13 ciclos de seleção recorrente para tolerância ao encharcamento do solo
(MACHADO et al., 2008)
Cruzamento da variedade local Carioca com a variedade Eldorado. A
variedade Carioca apresenta os grãos semidentados, amarelos e de ciclo
MC 60
semiprecoce e está sendo selecionado por agricultores de Laranjeiras do Sul,
PR (MACHADO et al., 1998)
Variedade local da região de Alegre, ES. Apresenta grãos dentados e de
Branco Morgado
coloração branca, porte alto e ciclo tardio
Continua...
Variedades Características
Variedade de grãos dentados, amarelos de ciclo tardio. Variedade plantada
Caiano
em Alegre (ES) há mais de 20 anos (MACHADO et al., 2006)
Variedade originária do BR 106 possui germoplasma semelhante e vem sendo
Fortaleza cultivada na região de Muqui há mais de 15 anos com vários ciclos de seleção
massal estratificada (MACHADO et al., 2006)
Variedade local da região de Muqui, ES. Apresenta grãos dentados e de
Grão de Ouro
coloração amarela, ciclo semiprecoce e porte alto
Palha Roxa do Espírito Variedade de grãos dentados, porte alto, amarelos de ciclo tardio. Variedade
Santo plantada em Alegre, ES, há mais de 20 anos (MACHADO et al., 1998)
Variedade local da região de Muqui, ES. Apresenta grãos dentados e de
Aliança
coloração amarela, ciclo semiprecoce e porte alto
Variedade de grãos dentados e semidentados, amarelos, porte baixo e ciclo
Pedra Dourada precoce. Variedade produzida e conservada por agricultores da região de
Tombos, MG (MACHADO et al., 1998)
Cruzamento da variedade local Carioca com a variedade BRS 4150, variedade
esta também denominada de Composto Veja Precoce, formada pelo intercru-
zamento de três híbridos simples e dois híbridos duplos. Tem germoplasma
MC 50
tropical com introdução de materiais de clima temperado e foi obtida na Em-
brapa Milho e Sorgo. Apresenta grãos dentados, amarelos, porte normal e ciclo
precoce
Variedade Eldorado selecionado durante três ciclos agrícolas na comunidade
Eldorado de Muqui
de Fortaleza em Muqui
Sol da Manhã de Catalão Variedade Sol da Manhã selecionada em Catalão
Palha Roxa Santa Variedade de grãos dentados, porte alto, coloração amarelo arrocheado. Va-
Catarina riedade plantada em Anchieta, SC, há mais de 20 anos (CANCIN et al., 2004)
Variedade local da região de Alegre, ES. Apresenta grãos dentados e de colo-
Milho Criolão
ração amarela, porte alto e ciclo tardio
Variedade local da região de Alegre, ES. Apresenta grãos dentados e de colo-
7 variedades
ração amarela e ciclo normal
Variedade obtida pelo Centro de Agricultura Alternativa (CAA) na região do Nor-
Amarelão Varzelândia
te de Minas. Apresenta grãos dentados e amarelos e é de ciclo normal
Variedade obtida pelo Centro de Agricultura Alternativa (CAA) na região do
Asteca de Porteirinha Norte de Minas. Apresenta grãos dentados e amarelos e é de ciclo normal,
apresenta porte alto
Continua...
Variedades Características
Variedade obtida pelo Centro de Agricultura Alternativa (CAA) na região do Nor-
BR da Várzea
te de Minas. Apresenta grãos dentados e amarelos e é de ciclo normal
Variedade obtida pelo Centro de Agricultura Alternativa (CAA) na região do Nor-
3 meses Grão Mogol
te de Minas. Apresenta grãos dentados e amarelos e é de ciclo precoce
Variedade obtida junto a Associação Estadual dos Pequenos Agricultores do
Caiano de Goiás Estado de Goiás (Aepago), apresenta grão dentados, amarelos e de ciclo nor-
mal
Variedade obtida junto a Associação Estadual dos Pequenos Agricultores do
MPA 01 Estado de Goiás (Aepago), apresenta grão dentados, amarelos e de ciclo
normal e é da região do Oeste de Santa Catarina
Variedade obtida junto a Associação Estadual dos Pequenos Agricultores do
Cunha Estado de Goiás (Aepago), apresenta grão dentados, amarelos e de ciclo
normal e porte alto
Variedade local do Espírito Santo, apresenta grãos dentados e de coloração
Roxo
roxa e porte alto
Variedade obtida junto a Associação Estadual dos Pequenos Agricultores do
Pixurum 05 Estado de Goiás (Aepago), apresenta grão dentados, amarelos e de ciclo
normal e é da região Oeste de Santa Catarina
Variedade obtida junto a Associação Estadual dos Pequenos Agricultores do
Asteca de Ipiranga Estado de Goiás (Aepago), apresenta grão dentados, amarelos e de ciclo
normal e de porte alto
Resultados
O desenvolvimento deste projeto envolveu comunidades de
assentamentos da reforma agrária e comunidades de agricultores familiares
nas regiões de Goiás, Norte de Minas e Sul do Espírito Santo. Organizações
Tabela 2. Peso de espigas (kg/ha) dos ensaios de milho conduzidos em Muqui, ES; Padre
Bernardo, GO (Assentamento Colônia); Cidade Ocidental, GO (Assentamento Cunha) e
Planaltina, DF (Embrapa Cerrados). Ano agrícola 2006/2007.
AP AE AP AE AP AE Média Média
Tratamentos
Colônia Colônia Cunha Cunha Embrapa Embrapa AP AE
1. Sol da Manhã 2,23 1,20 1,76 0,86 1,96 1,00 1,98 1,02
2. Eldorado 2,56 1,50 1,96 1,06 2,40 1,20 2,30 1,25
3. MC 20 2,46 1,46 1,83 0,90 2,16 1,10 2,15 1,15
4. BR 106 2,46 1,46 1,86 0,96 2,20 1,20 2,17 1,20
5. BR 473 2,50 1,43 1,90 0,90 2,23 1,13 2,21 1,15
6. Saracura 2,23 1,26 1,76 0,90 1,93 1,00 1,97 1,05
7. Branco Morgado 3,20 2,06 2,60 1,53 2,86 1,80 2,88 1,80
8. Caiano ES 3,13 2,06 2,40 1,43 2,43 1,76 2,65 1,75
9. Fortaleza 2,63 1,53 2,10 1,00 2,53 1,36 2,42 1,30
10. Grão de Ouro 2,46 1,40 2,03 1,06 2,20 1,20 2,23 1,22
11. Palha Rôxa SC 2,96 1,93 2,46 1,43 2,70 1,63 2,70 1,66
12. Aliança 2,53 1,50 2,26 1,23 2,23 1,16 2,34 1,30
13. MC 30 2,83 1,40 1,80 0,86 2,20 1,16 2,27 1,14
14. MC 40 2,50 1,36 1,90 0,93 2,26 1,16 2,22 1,15
15. MC 50 2,43 1,40 2,13 1,20 2,23 1,20 2,26 1,26
16. MC 60 2,50 1,40 2,03 1,03 2,36 1,23 2,30 1,22
17. Milho Crioulão 2,46 1,46 1,86 0,93 2,46 1,33 2,26 1,24
18. 7 Variedades 2,46 1,36 1,96 1,00 2,10 1,33 2,17 1,23
Média 2,59 1,51 2,03 1,07 2,30 1,26 2,30 1,28
CV (%) 6,86 6,27 7,10 8,93 8,85 9,00
DMS (5%) 0,29 0,15 0,24 0,15 0,34 0,18
Montes Rio
Tratamentos Catalão Pirenópolis Ipiranga Média
Claros Quente
1. Sol da Manhã 3.337 6.650 6.067 5.167 6.400 5.524
2. Eldorado 3.400 7.033 8.567 4.667 8.300 6.393
3. MC 20 3.697 7.617 8.733 5.433 6.600 6.416
4. MC 50 3.680 8.617 7.133 5.667 6.667 6.352
5. MC 60 3.737 7.900 8.600 6.267 9.200 7.140
6. Eldorado de Muqui 3.717 6.683 7.267 6.067 7.267 6.200
7. Fortaleza 3.680 7.650 7.933 5.100 6.500 6.172
8. Aliança 01 3.420 7.717 7.533 4.900 7.700 6.254
9. Aliança 02 3.950 7.567 7.567 5.200 7.567 6.370
10. Aliança 03 2.847 7.400 7.300 6.000 8.300 6.369
11. MPA 01 3.733 6.283 7.767 6.033 6.933 6.150
12. Cunha 3.093 6.800 6.600 5.000 5.333 5.365
13. Roxo 3.027 6.117 6.233 5.200 5.000 5.115
14. Pixurum 05 3.630 6.283 7.100 4.533 5.900 5.489
15. Caiano de Goiás 2.980 7.183 6.433 6.733 6.933 6.052
16. Asteca de Ipiranga 3.270 6.700 7.600 4.900 8.567 6.207
17. Sol da Manhã de Catalão 3.817 6.333 5.767 4.333 6.233 5.296
18. Eldorado Genético 4.070 8.833 8.067 5.633 7.933 6.907
19. BR 473 3.627 6.033 6.167 4.633 6.500 5.392
20. BR 106 3.877 6.350 6.633 5.533 9.267 6.332
Média 3.529 7.087 7.253 5.350 7.155 6.074
CV (%) 21,43 14,52 11,96 17,95 24,33 18,04
DMS (5%) 1.250 1.701 1.433 1.587 2.877 1.769
Tabela 18. Altura de plantas (m) dos ensaios de milho conduzidos em Montes Claros, MG;
Catalão, GO; Rio Quente, GO; Pirenópolis, GO e Ipiranga, GO. Ano agrícola 2008/2009.
Montes Rio
Tratamentos Catalão Pirenópolis Ipiranga Média
Claros Quente
1. Sol da Manhã 2,13 2,30 2,56 1,96 2,43 2,27
2. Eldorado 2,31 1,99 2,93 2,10 2,83 2,43
3. MC 20 2,03 2,44 2,63 2,08 2,43 2,32
4. MC 50 2,25 2,56 2,73 2,16 2,60 2,46
5. MC 60 1,95 2,50 2,70 2,20 2,76 2,42
6. Eldorado de Muqui 2,18 2,52 2,80 2,33 2,86 2,53
7. Fortaleza 2,51 2,39 3,00 2,33 2,73 2,59
8. Aliança 01 2,25 2,39 2,73 2,20 2,86 2,48
9. Aliança 02 2,28 2,56 2,80 2,15 2,73 2,50
10. Aliança 03 2,18 2,50 2,86 2,30 2,86 2,54
11. MPA 01 2,28 2,68 2,93 2,36 2,83 2,61
12. Cunha 2,58 2,37 3,26 2,63 3,00 2,77
13. Roxo 2,36 2,66 3,10 2,53 3,00 2,73
14. Pixurum 05 2,18 2,39 2,86 2,36 2,76 2,51
15. Caiano de Goiás 2,33 2,32 3,00 2,46 3,13 2,64
16. Asteca de Ipiranga 2,53 2,54 3,26 2,53 3,20 2,81
17. Sol da Manhã de Catalão 2,00 2,34 2,63 1,96 2,56 2,30
18. Eldorado Genético 2,31 2,45 2,86 2,23 2,83 2,53
19. BR 473 2,25 2,32 2,66 2,13 2,60 2,39
20. BR 106 2,08 2,06 2,70 2,03 2,70 2,31
Média 2,25 2,41 2,85 2,25 2,78 2,51
CV (%) 9,35 13,02 4,82 5,71 5,11 7,60
DMS (5%) 0,34 0,52 0,22 0,21 0,23 0,30
Montes Rio
Tratamentos Catalão Pirenópolis Ipiranga Média
Claros Quente
1. Sol da Manhã 1,06 1,34 1,40 0,93 1,36 1,21
2. Eldorado 1,30 1,38 1,70 1,10 1,70 1,43
3. MC 20 1,08 1,46 1,40 1,03 1,36 1,26
4. MC 50 1,23 1,54 1,56 1,16 1,56 1,41
5. MC 60 1,08 1,48 1,60 1,18 1,56 1,38
6. Eldorado de Muqui 1,25 1,52 1,56 1,23 1,76 1,46
7. Fortaleza 1,45 1,63 1,80 1,23 1,60 1,54
8. Aliança 01 1,23 1,62 1,60 1,16 1,63 1,44
9. Aliança 02 1,20 1,55 1,63 1,16 1,60 1,42
10. Aliança 03 1,18 1,76 1,70 1,33 1,73 1,54
11. MPA 01 1,23 1,77 1,76 1,33 1,66 1,55
12. Cunha 1,60 1,77 2,23 1,63 2,00 1,84
13. Roxo 1,53 1,87 2,00 1,50 1,96 1,77
14. Pixurum 05 1,23 1,76 1,60 1,33 1,66 1,51
15. Caiano de Goiás 1,21 1,76 1,96 1,46 2,00 1,68
16. Asteca de Ipiranga 1,56 1,67 2,16 1,53 2,20 1,82
17. Sol da Manhã de Catalão 1,11 1,50 1,50 0,93 1,40 1,29
18. Eldorado Genético 1,35 1,47 1,70 1,15 1,60 1,45
19. BR 473 1,20 1,44 1,56 1,13 1,50 1,36
20. BR 106 1,21 1,33 1,63 1,13 1,60 1,38
Média 1,26 1,58 1,70 1,23 1,67 1,49
CV (%) 14,25 11,63 7,30 8,90 9,20 10,25
DMS (5%) 0,30 0,30 0,20 0,18 0,25 0,24
Montes Rio
Tratamentos Catalão Pirenópolis Ipiranga Média
Claros Quente
1. Sol da Manhã 25 5 5 35 35 21
2. Eldorado 30 5 5 50 35 25
3. MC 20 20 5 5 40 35 21
4. MC 50 20 5 10 20 40 19
5. MC 60 20 5 5 30 35 19
6. Eldorado de Muqui 25 5 5 65 30 26
7. Fortaleza 20 5 10 30 70 27
8. Aliança 01 60 5 5 50 55 34
9. Aliança 02 20 5 5 40 50 24
10. Aliança 03 40 5 5 40 50 28
11. MPA 01 45 5 5 40 40 27
12. Cunha 55 5 5 60 80 41
13. Roxo 60 5 15 60 70 42
14. Pixurum 05 55 5 5 60 50 35
15. Caiano de Goiás 70 5 5 50 45 35
16. Asteca de Ipiranga 30 5 5 40 70 30
17. Sol da Manhã de Catalão 20 5 10 40 40 23
18. Eldorado Genético 35 5 5 60 35 28
19. BR 473 15 5 5 50 40 23
20. BR 106 25 5 5 10 35 16
Média 34,5 5 6,25 43,5 47 27,25
CV (%)
DMS (5%)
CHIFFOLEAU, Y.; DESCLAUX, D. Participatory plant breeding: the best way to breed for
sustainable agriculture. International Journal of Agricultural Sustainability, v. 4, n. 2,
p. 119-130, 2006.
HELLIN, J.; BELLON, M. R.; BADSTUE, L.; DIXON, J.; LA ROVERE, R. Increasing the
impacts of participatory research. Expl Agric, v. 44, p. 81-95, 2008.
Melhoramento Participativo
de Mandioca nas Condições do
Cerrado: estudo de caso
Josefino de Freitas Fialho
Eduardo Alano Vieira
Marilia Santos Silva
Wânia Maria Gonçalves Fukuda
Melhoramento Participativo de
Mandioca nas Condições do Cerrado:
estudo de caso
Introdução
A mandioca (Manihot esculenta Crantz) é cultivada principalmente por
ter raízes tuberosas ricas em amido, ser tolerante à seca e se adaptar às mais
variadas condições de solo e clima. Dessa forma, ela é uma das principais
culturas da agricultura familiar dos países em desenvolvimento da zona tropical
(latitudes 30° Norte e Sul), nos continentes Sul Africano, Asiático e Latino
Americano, sendo uma das mais importantes fontes de calorias na dieta da
população desses países (COCK, 1985), e ocupando a posição da quarta cultura
mais importante no mundo, entre o grupo das culturas alimentícias básicas, que
inclui o arroz, trigo e milho (FAO, 2000).
Fase 3 - Planejamento
Fase 4 - Implantação
Fase 5 - Avaliação
Fase 6 - Retroalimentação
• A toxidade da mandioca.
Fase de planejamento
Fase de implantação
Fase de avaliação
Durante essa fase, é decisiva a participação do grupo de produtores,
uma vez que ele é o ponto focal do projeto, e que as avaliações sejam realizadas
Avaliações quantitativas
Avaliações intermediárias
Avaliações qualitativas
* Aferido na colheita por meio do método qualitativo descrito por Willians e Edwards (1980) na área
comunitária do Assentamento Cunha.
Acesso Caracteres
AP PPA PR AM TC
BGMC 34 1,80 16.859 19.050 27,84 29,05
BGMC 751 1,51 18.492 25.942 29,55 25,52
BGMC 753 1,79 16.811 23.383 28,78 24,89
BGMC 979 1,50 19.654 20.297 28,94 24,85
BGMC 982 1,71 17.382 23.020 30,11 24,30
BGMC 1246 2,01 18.209 20.711 27,85 28,13
BGMC 1254 2,14 17.125 22.228 27,19 26,37
BGMC 1289 1,41 16.151 24.067 20,71 23,04
Testemunha 1,59 15.101 20.202 28,32 27,13
BGMC 1289 1,51 13.820 22.856 28,69 26,78
Amplitude* 0,73 5.834 6.892 2,92 6,01
valores de (a) foram BGMC 1289, BGMC 753 e BGMC 751, que são os acessos
que apresentam a maior probabilidade de serem classificados pelos produtores
nas primeiras posições na ordem de preferência. Os acessos Testemunha,
BGMC 34 e BGMC 1254 apresentaram as menores probabilidades de serem
classificados nos primeiros postos e, portanto, não devem ser recomendados
para o plantio no local.
Agradecimentos
Os autores agradecem à Embrapa, ao Programa Biodiversidade Brasil
Itália, à Fundação Banco do Brasil e ao CNPq pelos auxílios financeiros recebidos.
Referências
CARDOSO, C. E. L.; GAMEIRO, A. H. Caracterização da cadeia agroindustrial. In:
SOUSA, L. S.; FARIAS, A. R. N.; MATTOS, P. L. P. FUKUDA, W. M. G. (Ed.). Aspectos
socioeconômicos e agronômicos da mandioca. Cruz das Almas, BA: CNPMF, 2006.
p. 19-40.
D E F
G H I
Figura 2. Implantação (A, B e C): atividade de acompanhamento no Assentamento Cunha, Cidade Ocidental, GO
(D, E e F); atividade de acompanhamento no Assentamento Colônia II – Padre Bernardo, GO (G, H e I).
309
Fotos: Josefino de Freitas Fialho (A, D, e F); Eduardo Alano Vieira (B, C e E)
A B
C D
E F
C D
E F
C D
E F
COCK, J. Cassava: new potential for a neglected crop. Boulder: Westview Press, 1985.
240 p.
Manejo Agroecológico de
Agroecossistemas em Comunidades
Rurais e Assentamentos da Região
Centro-Oeste com Ênfase nas
Plantas de Cobertura: conceituação,
síntese metodológica e
experiências locais
Cynthia Torres de Toledo Machado
Altair Toledo Machado
Fábio Bueno dos Reis Jr.
Mariane Carvalho Vidal
Ornélio Guedes da Silva
Manejo Agroecológico de
Agroecossistemas em Comunidades
Rurais e Assentamentos da Região
Centro-Oeste com Ênfase nas Plantas
de Cobertura: conceituação, síntese
metodológica e experiências locais
Introdução
O manejo adequado da fertilidade dos solos e a diversificação dos
cultivos são premissas básicas para a sustentabilidade e eficiência dos sistemas
de produção, assegurando rendimentos satisfatórios e evitando a degradação
dos mesmos. A fertilidade do solo e a nutrição das plantas dentro de um enfoque
agroecológico requerem mais do que as caracterizações químicas e físicas dos
solos, priorizando igualmente os organismos edáficos e a atividade destes, bem
como práticas de adubação que promovam o aumento dos níveis de matéria
orgânica.
Continua...
Referências
ABROL, I. P.; KATYAL, J. C. Managing soil fertility for sustained agriculture. In: SINGH,
R. P. (Ed.). Sustainable agriculture: issues, perspectives and prospects in semi-arido
tropic. New Delhi: Indian Society of Agronomy, 1990. v. 2. p. 235-265. Proceedings
Symposium.
Produção Agroecológica de
Hortaliças: a experiência do
Assentamento Cunha
Introdução
Neste capítulo, apresenta-se a experiência de formação para produção
de hortaliças no Assentamento Cunha, analisada a partir dos princípios e
fundamentos da agricultura ecológica, com a preocupação de evidenciar os
avanços e os principais entraves encontrados nesse processo em construção. O
trabalho refere-se a um curto espaço de tempo, compreendido entre meados de
2008 e o final do primeiro semestre de 2009, período que corresponde ao terceiro
plano de trabalho anual da atividade de formação, assumida pela Embrapa
Hortaliças, no âmbito do Programa de Biodiversidade Brasil-Itália (PBBI).
Estratégias de Comercialização
Na produção em base agroecológica, importa não apenas produzir
alimentos dentro de critérios de sustentabilidade ambiental. É fundamental
ainda que essa produção busque a sustentabilidade em todas as dimensões,
incluindo aí, além do ambiental, o fator social, econômico, cultural, geográfico,
bem como as garantias de segurança alimentar e do cumprimento da função
social da terra, dos objetivos da educação no campo e para o consumo, da
participação social, etc. Assim, não há como falar em produção agroecológica,
quando todas as precauções técnicas e legais são tomadas para garantir o
menor impacto possível no ambiente, ao mesmo tempo em que são adotadas
formas de comércio que excluem ou dificultam as chances de sobrevivência de
Considerações Finais
A experiência do Assentamento Cunha, especificamente do grupo
Coletivo Carajás, longe de ser um projeto finalizado, encontra-se em fase inicial
de estruturação, no que diz respeito à construção de um estilo de agricultura
a ser adotado. A transição agroecológica, conforme visto, propõe, para além
da redução ou substituição de práticas e insumos, a integração de aspectos
complexos da relação ambiente-sociedade. A prática da horta, nesse sentido,
teve como objetivo, contribuir para a produção de alimentos e ainda levantar
questões capazes de auxiliar na construção do pensar agroecológico, a partir
de um “plano pedagógico” aberto e flexível. Assim, na busca por um modelo
de estufa agrícola de baixo custo, por exemplo, teve importância, não somente
o produto final, qual seja a estrutura construída, mas todo o processo, desde
a percepção do porquê de se construir uma estufa, buscando compreender a
fisiologia das plantas cultivadas e as questões do comportamento do consumidor
envolvidas; até o respeito à decisão do grupo, concretizado na possibilidade
de mudança do plano de trabalho para inclusão de um novo tema de estudo.
Por fim, há o ganho da apropriação do conhecimento a partir do intercâmbio de
experiências e saberes para a construção da estufa agrícola propriamente dita.
Referências
ALMEIDA, J. Agroecologia entre o movimento social e a domesticação pelo
mercado. Porto Alegre, RS: Editora da Universidade UFRGS, 2002.
FREIRE, P. Extensão ou Comunicação? 7. ed. Rio de Janeiro, RJ: Paz e Terra, 1983.
93 p.
O papel utilizado nesta publicação foi produzido conforme The paper used in this publication was produced
a certificação according to the
do Bureau Veritas Quality International Bureau Veritas Quality International’s (BVQI)
(BVQI) de Manejo Florestal. Forest Management Certification.