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A REALIDADE DO ENSINO DE LÍNGUA INLESA NA ESCOLA PÚBLICA:

FORMAÇÃO DO PROFESSOR

Jamylla Barbosa Moreira1

Margarett Rosa Silva2

GT8- Espaços Educativos, Currículo e Formação Docente (Saberes e Práticas)

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo refletir sobre o ensino de Língua Inglesa no contexto
escolar público, a fim de compreender o papel do professor e a metodologia utilizada por ele no
processo de ensino da língua em questão. Este estudo tornou-se possível através de uma experiência de
observação nas aulas de Inglês em uma escola pública por meio de aplicação de questionário ao
professor e uma conversa informal com ele e anotações de suas aulas, relacionada à sua abordagem de
ensino. Entres os argumentos apresentados, percebe-se certo desânimo em relação ao apoio que o
professor recebe dos órgãos públicos no que diz respeito a instrumentos para auxiliar os métodos e
materiais didáticos fornecidos para ensino de Língua Inglesa; constata-se também a necessidade do
professor refletir sobre sua formação, abordagem metodológica e elaborar novas estratégias para
promover um ensino significativo.

Palavras Chaves: Língua Inglesa; Processo de ensino; Escola Pública; Formação do professor.

Abstract: The study aims to reflect about the English language teaching and learning in the public
school context in order to understand teacher’s role and the methodology used by him in the teaching
of this target language. This approach became possible through a experience of observation in English
classes of a public school by using a questionnaire and an informal conversation with the teacher, and
notes of his class related to his teaching approach. However, it was noticed some discouragement
about the support received by the teacher from government agencies as regards the instruments to
assist the methods and materials provided to English language teaching; It is also noted that the
teacher’s need to reflect about his own teaching method, methodological approach and develop new
strategies to promote effective English teaching.

Keyswords: English language; Teaching process; Public school; teacher education.

1
Graduando (a) do curso de Letras da Universidade Federal de Viçosa. jamylla.moreira@ufv.br

2
Graduando (a) do curso de Letras da Universidade Federal de Viçosa. margarettsilva@hotmail.com
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1- Introdução

A Língua Inglesa (LI) é caracterizada como um instrumento de comunicação que está


no cerne da globalização e da sustentação da diversidade social e cultural. Diante disso, a LI
não é simplesmente um conjunto de regras gramaticais, uma lista de vocabulários a serem
memorizados ou uma serie de textos para serem traduzidos para língua nativa; É muito mais
que isso, está língua é um meio através do qual podemos interagir com o mundo em que
vivemos e construir conhecimentos necessários para uma interação cultural e uma integração
social.
No âmbito da integração social, o ensino de LI como disciplina obrigatória no
currículo escolar brasileiro teve início em 1809, dês de então são inúmeras transformações no
contexto educacional. Atualmente é perceptível uma inadequação no ensino de LI oferecido
na rede pública de ensino do Brasil relacionado com as necessidades dos aprendizes em se
adequarem aos métodos didáticos utilizados pelo professor. Muitas dessas técnicas
metodológicas não são eficazes para a aprendizagem da língua em questão, e por sua vez são
decididas de acordo com os recursos didáticos disponibilizados pela a escola e norteadas pelos
parâmetros curriculares.
Nesse sentido, este pesquisa qualitativa tem como intuito apresentar e refletir sobre a
realidade do ensino de LI nas escolas e a formação do professor desta língua, partindo de um
questionário aplicado a um professor e uma experiência de observação de suas aulas no
ensino fundamental e médio em uma escola pública localizada em Viçosa, no interior de
Minas Gerais.
Por fim, destacar a importância dos professores de Inglês a se tornarem críticos-
reflexivos, e não professores mudos. A partir de seus métodos e estratégias de ensino, é
importante que eles consigam aplicá-los conscientemente para que os alunos sejam motivados
a aprender a LI com o propósito de que o ensino dessa disciplina não seja apenas mais uma
matéria imposta na grade curricular, mas que seja realizado de uma maneira significativa
promovendo a interação do professor e aluno.

2- Perspectivas e rupturas no ensino de Inglês envolvendo o contexto escolar.

Há algum tempo, o sistema educacional brasileiro é caracterizado por diversas


transformações, a fim de melhorar a qualidade de ensino de jovens e adultos visando à

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preparação para o mundo globalizado. Com essa intenção, o currículo educacional teve uma
serie de mudanças em sua estrutura com intuito de promover não só um conteúdo de caráter
quantitativo, mas como também qualitativo, o qual este último é esquecido por muitos na área
da educação.
Entretanto os recursos didáticos propostos e implantados pelo governo, muitas vezes
não se adéquam a realidade que os alunos vivem, relacionados com suas dificuldades e
necessidades com relação à didática do ensino proposto, no caso os domínios e funções LI. A
escola pública enfrenta inúmeras dificuldades para ensinar o inglês, muitas estão relacionadas
à falta e/ou redução de material didático e as inúmeras dificuldades existentes na parte
estrutural como a inexistência de laboratórios que são adequados para promover um ensino
eficaz da LI abrangendo suas quatro habilidades comunicativas, fala, escrita, audição e leitura,
este fato pode ser constatado em uma visita realizada em uma escola pública.
Se a escola proporciona ao aluno o direito de aprender uma Língua Estrangeira (LE),
o ensino desta língua em questão deve se adequar as reais condições as quais são
disponibilizadas para promover o processo de ensino/aprendizagem, seja ele em escola
pública ou particular. O ensino ideal diz respeito às competências e habilidades que o
professor cria ao tentar se adequar sua metodologia de ensino aos recursos didáticos
disponíveis.
Para o desenvolvimento das competências e habilidades é preciso antes de tudo,
trabalhar por resoluções de problemas crônicos da educação brasileira como o despreparo de
professores e falta de interesse dos alunos, e também propor projetos que proporcione
desafios e motive os alunos a mobilizarem seus conhecimentos, mas para isso é necessário
uma pedagogia ativa voltada para toda a comunidade escolar, principalmente na rede de
ensino público. Os problemas existentes no ensino da LI na escola pública caracterizam certo
preconceito no meio social, pois há incertezas sobre a eficácia do ensino desta língua em
questão nesse contexto público.
O preconceito sofrido pela escola pública está presente até nos parâmetros curriculares
nacionais no que diz respeito ao ensino fundamental (PCNs), a visão determinista do
documento exclui qualquer possibilidade de interação social e atribui um caráter estilístico ao
Inglês, não tendo um relacionamento com as diversidades culturais. Esta crença é reforçada
no seguinte argumento:

Deve se considerar o fato de que as condições na sala de aula da maioria das


escolas brasileiras (carga horária reduzida, classes superlotadas, pouco
domínio das habilidades orais por parte da maioria dos professores, material
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reduzido a giz e livro didático, etc...) podem viabilizar o ensino de quatro
habilidades comunicativas. Assim o foco na leitura pode ser justificado pela
função social das línguas estrangeiras no país e também pelos objetivos
realizáveis tendo em vista as condições existentes. (Brasil, 1998:21)

Seguindo a perspectiva popular que o preconceito começa em casa, este relato segue
nesse sentido. Já é lamentável a realidade que o ensino público atualmente, diante deste
argumento é difícil acreditar que um documento oficial como este reconhece e aceita que o
problema no contexto de ensino da LE está relacionado à incompetência linguística que o
professor tem com a determinada língua que ele ensina, sem levar em conta que os
responsáveis pela educação não oferecerem nenhuma qualificação paralela para poder mudar
está situação a qual eles relatam. E ainda salientar que o sucesso da aprendizagem depende de
um material sofisticado, e ressaltando que o ensino através do método de leitura como uma
única opção possível, ignorando as demais habilidades que são importantes para proporcionar
um ensino eficaz.
Alguns desses fatores citados no argumento a cima tem certa relevância, em alguns
casos o professor não tem formação suficiente para ministra uma disciplina LI, em outros
momentos ele é capacitado, mas as condições didáticas e a falta de interesse dos alunos em
aprender uma língua nova o desmotiva e em conseqüência disso o professor não consegue
adequar seus métodos e estratégias de ensino para aquela determinada turma. Para a resolução
deste problema, o currículo educacional deveria criar qualificações destinadas aos professores
com intuito de mudar está realidade e formar professores cada vez mais capacitados e
dispostos a adequarem suas técnicas de ensino á realidade do contexto escolar público.
No que diz respeito a despertar o interesse do aluno e elaborar um planejamento de
aulas que abrange as outras habilidades comunicativas, a escola sozinha não reúne as
condições necessárias para que o aluno aprenda uma segunda língua, e as experiências de
aprendizagem não deve ser somente restrita ao papel da escola. Diante disso o papel do
professor é muito importante, pois ele pode estimular o aluno, ir mais além criando estratégias
de ensino relacionadas às dificuldades e as necessidades que o estudante tem diante do ensino
de uma determina LE.
Para tanto, a situação do processo de ensino, particularmente descrevendo a escola
pública a qual está sendo relatada neste estudo, não é imaginativa, é um fato, pois além deste
estudo se basear em referenciais teóricos também inclui uma experiência pessoal, pois como
eu estudei toda a minha vida em escola pública conheço como é promovido o ensino de LI e
as dificuldades que o professor tem em ensinar com a escassez de instrumentos e a falte de

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atenção dos alunos. Tive professores que utilizava uma boa metodologia, como também tive
alguns que não as tinha e parecia que não tinha formação necessária para estar lecionando.
Por isso proponho uma reflexão sobre a formação do professor, o seu papel em sala de
aula e a sua metodologia de ensino. As reflexões dessas questões tornam-se possíveis através
de uma observação nas aulas de ensino fundamento e médio de uma escola pública, na qual
também estudei.

2.1- Formação e o papel do Professor de Inglês

Os professores devem ter em mente que ensinar é conhecer abordagens de


aprendizagem que auxiliem no desenvolvimento das suas competências e habilidades. Há
professores que tem muitos anos de experiência, e que estão habituados a cumprir rotinas;
mas não basta que os professores somente tenham competências técnicas, eles devem ser
capazes de repensar suas práticas pedagógicas e identificar suas próprias competências e
habilidades para atuar em prol ao um ensino de qualidade.
Assim é importante analisar a perspectiva de quem ensina, buscando compreender a
formação do professor e o seu papel em sala de aula. O contexto escolar se torna
diversificado, muitas vezes o professor que leciona a disciplina de LI não é formado nesta
área, isto ocorre quando há falta de professor ou até mesmo falta de concurso para professor
nesta área.

Qualquer um pode ministrar aulas de Inglês, já que vale preencher a meia


hora semanal em qualquer coisa. Não há um programa orgânico e
sistemático, com graduação de conteúdos Poe série e com uma finalidade a
ser perseguida ao longo de todo o curso. Todo ano começamos da estaca
zero (Cox & Assis- Pertenson,2008:47)

Professor de Matemática, Português, Geografia ou qualquer outra matéria lecionando


aulas de inglês, intui-se que ele não conhece a fundo todas as propriedades da língua em
questão, assim se torna complicado elaborar uma metodologia que seja eficaz para promover
um ensino de bons resultados, com intuito de proporcionar aos alunos o contato com as
funções da língua. Esta situação nos leva a entender que o professor está na sala de aula
apenas para cumprir o horário daquela disciplina, este fato está associado a demais fatores os
quais levam a sociedade pensar que o processo de ensino e aprendizagem na rede pública é
“fraco”.

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Ou o inglês é avaliado pela comunidade escolar como importante para a
formação de seus alunos na contemporaneidade ou não é, ou sai ou fica na
grade curricular, mas se ficar que fique como uma matéria importante e não
para tapear. (Cox e Assis-Pertenson 2008:48)

O chamado “ensino fraco” está relacionado com questões sociais e culturais, as quais
estão ligadas não só aos recursos disponibilizados pelos os órgãos públicos, mas como
também à didática que o professor utiliza para desempenhar seu papel. Ele é o mediador no
processo de ensino/aprendizagem, por isso é necessário elaborar um planejamento de aula
consciente de maneira que desperte à atenção de todos os alunos, ou seja, do que tem mais
facilidade á aquele que tem mais dificuldade com a determinada LE estudada, para que assim
possa promover uma interação entre ambos e consequentemente um ensino significativo.
Esta abordagem nos leva a refletir sobre o papel do profissional de LI em sala de aula,
pois atualmente pode-se observar, principalmente no ensino público, que existem dois tipos
de professores formados nessa língua, os chamados “mudos” e “postiços. No entanto, deve-
se levar em consideração a busca de formar professores críticos-reflexivos, a formação desses
profissionais é extremamente importante para mudar a situação recorrente no ensino público
principalmente relacionado ao ensino de LI, com está sendo relatado neste estudo.
O “professor postiço” é aquele que leciona a disciplina, no caso o Inglês, no entanto
ele não é fluente nessa língua, limitando assim seus métodos e estratégias de ensino em
gramática e tradução, e deixando a função comunicativa da LI de lado. A situação do
professor provisório, a qual foi descrita a cima como um problema recorrente no ensino
público, literalmente se adéqua como postiço, pois ele não tem a menor idéia como ensinar
essa língua em questão.
Existe também o professor que domina o Inglês, ou seja, tem uma boa formação, mas
em sala de aula não demonstra toda sua capacidade e habilidade, este é chamado de
“professor mudo”. Há professores que não costumam falar inglês durante as aulas, muitas
vezes por pressupor que seus alunos não entendem o que eles falam e por isso acreditam que
ministrar aulas em língua nativa facilita o processo de ensino/aprendizagem e pode resultar
em bons resultados. Esta situação pode ser caracterizada também pela desmotivação por parte
dos professores que pode vir interferir na sua metodologia de ensino.
Este tipo de professor costuma utilizar métodos clássicos como tradução e gramática
para que os alunos entendam e aprendam as funções da LI. O processo de ensino
comunicativo dessa língua é possível ser aplicado, sua compreensão se torna mais fácil se for
englobado pelo professor desde as primeiras series, de maneira que este possa falar Inglês e
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abranger sua metodologia também para promover o ensino comunicativo, assim os alunos
quando chegarem ao ensino médio já estariam acostumados com os domínios e funções da
língua e consequentemente isto resultaria em bons resultados no que diz respeito ao ensino
significativo para os estudantes.
Infelizmente para se ter isso é necessário planejar esse tipo de abordagem desde séries
iniciais, pois a infância é um momento ideal para se aprender a LE, pois neste período o
indivíduo não tem muita ligação às propriedades da língua nativa e não carregam uma
bagagem vocabular, proporcionando assim a conhecerem os artifícios linguísticos de outra
língua.
De acordo com Ghedin (2002:130), “todo ser humano, pelo caráter geral de sua
cultura e por ser portador da cultura humana e da cultura de determina sociedade, é um sujeito
reflexivo”. Entretanto ele diz também que “há uma substantiva diferença e graus diferentes
entre as reflexões que os diversos seres humanos produzem”.
Em um contexto de reformas curriculares há um questionamento com relação à
formação de professores em uma perspectiva técnica e a necessidade de formar professores
com a capacidade de ensinar em diversas situações que caracteriza o ensino como uma pratica
social e que acreditem na aprendizagem da LI em um ensino caracterizado como um processo
complexo no contexto escolar em questão. A busca pelo professor crítico-reflexivo de LE está
associado aos cursos de licenciatura e a programas de educação continuada, a formação
consciente deste professor é importante, pois ele precisa ter a consciência do cenário adverso
que o espera e as mudanças que ele precisa implantar criando técnicas e estratégias didáticas
para proporcionar um ensino consciente.
Profissionais e até mesmo indivíduos ainda em formação se questionam se ensinar
Inglês em escola pública funciona, os professores pressupõem que pensam assim por sua
experiência, já os futuros professores por relatos de educadores e estudantes que se integram
no ensino. Infelizmente indivíduos em formação, em muitos casos, têm certo receio ou até
mesmo desânimo em se enquadrar a esse processo de ensino. Por isso a formação do
professor é muito importante, o contato do indivíduo com a escola o proporciona a
experimentar o processo de ensino/aprendizagem na prática, e refletir sobre alguns fatores
existentes nesse contexto que ele possivelmente poderá presenciar como currículos
descontextualizados, descrença na escola, desmotivação, baixo desempenho em tarefas
comunicativas e condições precárias para o ensino.

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A tudo isso se soma a necessidade dos futuros professores se conscientizarem do
ensino de LI na rede pública e se vierem a lecionar está disposto a se integrar em estratégias
que possam reconceituar o ensino de LI, pois é necessário ver a língua não somente como um
objeto de estudo envolvendo a gramática, tradução, leitura, repetição de vocabulário, mas
também como uma forma de comunicação, a qual proporciona uma relação social e cultural
entre pessoas de diferentes países.

2.2- Abordagem utilizada pelo professor de LI

Em meio de tantos desafios, num contexto de mudanças históricas, o professor de LE é


constantemente cobrado para ser um bom profissional, muitas vezes em determinados
momentos são seguidores e repetidores de paradigmas. Muitos dos professores já lecionam
está disciplina há anos e não conseguem se adequar ao moderno, ou seja, as novas abordagens
e estratégias de ensino, e também não consegue mudar a perspectiva do aluno a entender os
futuros benefícios que ele pode vir almejar se aprender uma segunda língua.
Em busca da descoberta da sua identidade cultural, os professores de LE, almejam
criar suas próprias abordagens de ensino. Segundo Almeida e Filho (1993,p.15) a abordagem
do professor modifica a construção de seu desempenho, é o que equivale a conhecimentos,
crenças, pressupostos, e eventualmente, princípios sobre o que é linguagem humana. È
possível usar diferentes métodos que se tornem eficazes para o processo de ensino e
aprendizagem, isto cabe ao papel do professor.
Há uma preocupação em nosso país de como ensinar e aprender a LI, está situação
assume uma importância maior quando se volta para as escolas públicas, onde o baixo
aprendizado referente ao aluno que conclui o ensino fundamental e médio provoca um
impacto na sociedade e a crença que é impossível aprender uma segunda língua em escola
pública.
O que diz respeitos aos métodos de ensino utilizado pelo professor, assim compete a
ele escolher estratégias de ensino que melhor se adéqua ao contexto escolar que ele leciona,
muitas vezes são criadas ao longo da sua trajetória escolar. È difícil dizer qual método é o
ideal, pois é a partir da prática de ensino que o educador estabelece a forma mais adequada
para os seus respectivos alunos. Independentemente do método que o professor escolher, ele
deve ser capacitado e exercer suas funções linguísticas da determinada LE que ele ensina. E
fazer com que o aluno seja capaz de produzir nessa língua.

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Como já mencionado, a abordagem do professor de LI está intimamente relacionada à
sua prática pedagógica, mas existem alguns fatores que podem interferir nesta relação como
as limitações do contexto de ensino e o conflito entre as crenças originadas do professor.
As limitações do contexto de ensino são consideradas uma variável externa, ligado ao
contexto escolar, onde o professor considera fundamental priorizar o uso comunicativo da LI
em sala de aula, mas na prática isto não ocorre, as aulas costumam a ser voltadas para a
gramática, pois o livro didático da escola segue está orientação. Assim é necessário por
muitas vezes o professor propor atividades que complementam a gramática em contexto de
uso.
Atualmente o livro escolar disponibilizado pelos órgãos públicos utilizado no contexto
escolar não proporciona o aluno no desenvolvimento das habilidades comunicativas existentes
para o ensino da LI, e em muitas escolas não tem recursos didáticos apropriados para um
ensino mais amplo, no que diz respeito a qualquer ensino de LE, como laboratório, bom
dicionário, data shows, ou seja, instrumentos e estruturas adequadas.
Foliando um livro destinado para o ensino médio nota-se que há mais ou menos oito
anos, o período o qual eu iniciei o ensino médio na mesma escola, a didática proposta no livro
continua a mesma, o foco principal e na compreensão de texto, alguns livros nem explicam
gramática e o que explicam fazem brevemente uma abordagem antes do texto a ser
trabalhado. Diante disso as aulas não fogem muito de um ensino “mecanizado”, no qual o
processo de ensino se limita nos métodos da gramática e tradução.
Atualmente o método de tradução é muito utilizado, pois a maioria dos alunos não
consegue compreender o texto na LI, entretanto eles têm que traduzir o texto para a língua
nativa, ou seja, para o Português.
Outro fator é o conflito entre as crenças do professor, considerado uma variável
interna, o professor de Inglês pode considerar a importância do uso dessa língua como meio
de comunicação e instrução em sala de aula, mas na prática por muitas vezes isto não ocorre,
pois acredita que os alunos não compreenderiam muito bem e posteriormente a aula não seria
produtiva. Crenças como esta pode prejudicar o ensino efetivo da aquisição da segunda
língua e podem também se tornar um empecilho para a reestruturação e desenvolvimento
relacionado ao ensino de LI na escola pública.
Segundo Barcelos (2004:129) “[Crenças] cobrem todos os assuntos para os quais
ainda não dispomos de conhecimento certo, dando-nos confiança suficiente para agirmos,

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bem como os assuntos que aceitamos como verdadeiros, como conhecimento, mas que podem
ser questionados no futuro.”
Diante disso, é necessário que o professor faça uma reflexão e revise os seus conceitos
sobre suas crenças e comece a reestruturar seus métodos de acordo com a necessidade e as
dificuldades de seus alunos, é importante também que ele reformule sua maneira de pensar a
fim de criar um ensino que proporcione uma aprendizagem efetiva.

3- Metodologia:

Foram observadas três aulas de Língua Inglesa nas turmas de ensino fundamental e
médio da referida escola, durante este momento e anotações dessas aulas foi realizada uma
conversa informal com o professor, relacionados à sua experiência de ensino. Vale salientar
que foi assinado, tanto pela diretora, quanto pelo professor, um termo de consentimento pela
participação do mesmo e para as observações das aulas.

Por fim foi elaborado um pré-questionário, o qual foi aplicado ao professor com
perguntas relacionadas à sua formação, abordagem de ensino, experiência, recursos didáticos,
ou seja, sobre o contexto escolar em geral, como: O que motivou você a ser um professor de
Língua Inglesa?; Como você avalia a sua formação como professor de Língua Inglesa?; Em
sua opinião, qual é o papel do Professor de Língua Estrangeira?; Você acha o ensino de
Língua Inglesa é importante para seus alunos? Por que?; Como você sente ensinando a Língua
Inglesa?; Qual método você utiliza para ensinar a língua em questão? Você acha que ele é
eficaz para seus alunos?; Quais as etapas que você utiliza para preparar as suas aulas? Você se
baseia em algum princípio?; Você acha que os alunos são motivados a aprender Inglês em sua
aula?; Você acha que os alunos são motivados a aprender a Língua Inglesa em sua sala de
aula? O que você faz para despertar o interesse do aluno?; O que você acha do livro didático
que você utiliza? Além dele, você utiliza outros materiais didáticos? Quais? A escola pública
fornece condições adequadas para o ensino de Inglês (laboratório, data show, etc...)?; O que
você acha do ensino de gramática? Quais estratégias de ensino você utiliza para explicar as
funções gramaticais?; Quais as dificuldades que seus alunos tem com relação ao processo de
aprendizagem do Inglês?. Quais as maiores dificuldades que você tem ao ensinar a Língua em
questão?; Você acha que a interação entre o professor e o aluno é fundamental para o
processo de ensino/aprendizagem d Língua Inglesa?; O que você acha que desmotiva o
professor lecionar em escola pública?; Como você avalia o ensino de Língua inglesa em

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escola pública?; Em sua opinião, é possível aprender Inglês em escola pública?; Você acha
que o professor de escola pública é valorizado? Qual é a realidade do ensino da Língua
Inglesa atualmente em escola pública?

A instituição que colaborou com esta pesquisa é uma escola estadual, a qual é
localizada em um bairro humilde da cidade de Viçosa-MG, essa escola abrange um grande
número de estudantes e oferece o ensino fundamental e médio. O professor de Inglês dessa
escola foi o participante desta pesquisa, ele leciona no ensino fundamental e médio não só
nesta escola, mas como também em outras redes de ensino da cidade; Este profissional é
formado em Letras pela Universidade Federal de Viçosa já há algum tempo, antes de lecionar
nessa disciplina, ele trabalhou como um dos educadores na educação de jovens e adultos no
período noturno na mesma instituição a qual está sendo referida para análise desse estudo.

4- Resultados: Análise de observação em sala de aula.

Através do questionário pré-elaborado e anotações sobre as aulas observadas realizado


com o professor de uma escola pública, instituição a qual foi utilizada para apoiar a resolução
dos dados, foi possível obter informações significativas para apresentar as reais condições de
ensino provido na rede pública.

A partir dessas observações na escola pública em questão, constatou-se que o


professor dessa escola referida se sente desmotivado com as condições de ensino, e percebe-
se também certo desânimo relacionado ao apoio governamental, como pode ser observado nos
excertos abaixo,

Completamente frustrado por falta de apoio governamental para o ensino


não somente de Inglês como das demais matérias da grade escolar.
(Questionário)
Falta de condição de trabalho, material didático péssimo, falta de recursos
extras e, principalmente a baixa remuneração e o fato do governo não achar
necessário o aprendizado de uma segunda língua de forma decente.
(Questionário)
Um dos aspectos apontado pelo professor foi à falta de recurso relacionado a
instrumentos e materiais didáticos, o que se confirma quando ele responde,
Utilizo o que tenho de disponível, ou seja, muito pouco, livro didático muito
ruim e mal formulado, dicionários e, quando possível, mas raramente, uso
notebook (pessoal) e data show. Não é totalmente eficaz no aprendizado,
mas é o que temos disponível nas redes públicas. (Questionário)

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Diante disso e através de observações das aulas do professor entrevistado, percebe-se
que a metodologia de ensino de LI utilizada na escola visitada ainda encontra-se distante da
realidade desse professor e de seus alunos, pois seus métodos de ensino se limitam entre o
quadro, livro e dicionário, levando em conta que o número de dicionários utilizado não
abrange a todos os alunos, pois dos 45 dicionários disponibilizados pelo o governo parte deles
foram roubados juntamente com a televisão, os quais faziam parte dos instrumentos
pedagógicos que a escola possuía.

O professor tenta se adequar seus métodos de ensino aos materiais didáticos que a
escola disponibiliza, a fim de motivar os alunos a aprenderem a LI através de atividades que
atendam as necessidades de aprendizagem de todos eles para que assim possa ser promovido
um ensino efetivo; Como pode-se verificar neste fragmento,

Eu normalmente escolho textos interessantes, atuais, que vão prender a


atenção dos alunos, logo a seguir faço tipo um bate papo com os alunos
sobre o assunto exposto e, por fim, entro na matéria sobre o assunto usando
o texto sobre o assunto escrito em Inglês. (Questionário)

Segundo o professor entrevistado os alunos se sentem interessados em aprender Inglês,


mas são desmotivados pela falta de recurso em sala de aula,

Acho que os alunos se sentem interessados sim, mas muito desmotivados


pelo pouco recurso que temos na sala de aula. Seria mais interessante se
houvesse novos recursos áudio visuais para implementar as aulas.
(Questionário)
Pode-se dizer que os alunos têm esta postura devido as suas necessidades de ter aulas
mais criativas e interativas para modificar o conceito de monótono que eles sentem em
aprender Inglês, ou seja, atividades que os motivem mais.

Durante as observações e anotações sobre as aulas de LI na escola referida, percebeu-


se que outro fator frustrante para o processo de ensino/aprendizado na rede pública, está
relacionado com o fato de que o aluno não é reprovado em Inglês, esta foi uma decisão
tomada pelo o sistema escolar público a qual não é compreendida pelo professor. A respeito
desse fato o professor responde,

O professor é super mal valorizado na escola pública, a primeira coisa que


ouvimos quando entramos no sistema é: “Inglês não pode dar bomba em
aluno” então se vire para que os alunos tenham nota para passar de ano.
(Questionário)
Esta realidade é contestada pelo professor em seu cotidiano, com turmas de 35 alunos
cada uma, ele tem vários tipos de aprendizes, os que têm mais facilidade com a LI e também
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os com dificuldades de aprende – lá, assim os que não consegue aprender também serão
promovidos para o ano seguinte e aparentemente qualificados. Isto desmotiva o professor e
faz ele se sentir desvalorizado, sem contar com a má remuneração.

Assim ao perguntar o professor sobre as dificuldades que seus alunos têm com relação
ao processo de aprendizagem do Inglês, ele responde,

Todas as dificuldades possíveis, pois a grande maioria dos alunos possuem


defasagem de ensino de séries iniciais, ou seja, conseguiram passar de ano
por causa de meandros do sistema educacional e chegam à série seguinte
sem dominar os conteúdos da série que cursou anteriormente.
(Questionário)
O livro didático se torna outro fator relacionado aos problemas que o ensino público
possui, não só da escola referida, mas como também do contexto escolar desse âmbito em
geral. Este material é considerado pelo o professor entrevistado de não ter uma didática que
não é eficaz para a realidade dos alunos da escola em questão, assim ao perguntar para esse
professor sobre o livro ele responde,

O livro didático como eu disse anteriormente é péssimo, todos escritos em


Inglês sem gramática, enfim, como começar a ensinar um segundo idioma
para uma turma de mais de 35 alunos que mal sabem a própria língua com
um livro todo escrito em Inglês? Sobre os recursos, já disse em resposta
anterior. (Questionário)
Com esta experiência percebeu-se também ao observar as aulas desse professor, a
maioria dos alunos não estão acostumados e não entendem os textos e exercícios em Inglês
propostos pelo livro, isto pode resultar em mais dificuldade para eles e certa defasagem no
ensino. De acordo com o professor da escola referida, o livro não utiliza à gramática, assim o
educador ensina a partir das dificuldades dos alunos, ou seja, o ensino deste conteúdo em
questão se torna descontextualizado; A gramática ensinada de forma contextualizada, de
maneira interativa possibilita uma aprendizagem significativa.

Esta realidade observada pode vir a dificultar o objetivo do professor em promover um


ensino efetivo, como ele responde em uma das primeiras perguntas destinadas a ele,

Tento ensinar o máximo possível da língua para que desperte no aluno a


vontade de aprender um segundo ou terceiro idioma. (Questionário)
A realidade escolar também está relacionada com a competência e habilidade humana
qualificados para utilizar tais recursos estruturais e metodológicos considerados escassos, mas
tão importantes no aprendizado da língua em questão. Entretanto é possível encontrar

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profissionais que não tem sucesso em seus métodos e desistem de ensinar Inglês de forma
significativa, assim passam a ministrar suas aulas como forma de garantir o salário.

Essa realidade é ressaltada pelo professor entrevistado, como relatado no excerto


abaixo,

A realidade atual do ensino de língua estrangeira atual nas escolas públicas


é uma grande farça, a grande maioria dos professores fingem que ensinam
(pois são engolidos pelo sistema) os alunos fingem que aprendem e o Estado
finge que tudo está muito bom. (Questionário)

Diante disso, é necessário que o ensino de LI seja realizado por um profissional consciente
para adequar a sua metodologia a atual realidade deste ensino público.

A insatisfação com o ensino de LI está relacionada aos fatores já mencionados


anteriormente neste estudo, os quais podem ser mudados a partir de um consenso dos
profissionais responsável por essa disciplina, para que este promova um ensino significativo
de LI que seja relevante para o aspecto social e cultural.

5- Considerações finais:

Após a reflexão sobre a LI no contexto escolar público brasileiro, partindo da


realidade dessa língua em uma escola pública em questão, diante das observações sobre a
formação e o papel do professor, e as abordagens metodológicas que ele utiliza, é possível
constatar que uma das grandes dificuldades enfrentadas pelos professores de Inglês nas
escolas regulares se relaciona com a heterogeneidade das turmas; fator este que o professor
tem que adequar seus métodos de maneira eficaz que corresponda a todos.

O professor se sente desmotivado em ministrar as aulas de LI, por falta de material e


instrumentos didáticos os quais são escasso no contexto escolar público. O governo não
disponibiliza recursos didáticos suficientes para promover um ensino de qualidade. Por isso,
professores precisam criar novas estratégias de ensino e reelaborar sua metodologia para se
adéqua a realidade do ensino de LI, não somente aceitar e levar o ensino como o sistema
escolar limita. O descaso e despreparo de muitos professores é outro grande problema
enfrentado pelos alunos.

Diante da realidade que pode ser observada, existe ainda no contexto escolar a crença
sobre se há possibilidade de aprender Inglês em escola pública, é preciso que o professor
reavalie seus conceitos, pois se o ensino está complicado ou com certa defasagem cabe a ele a

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ajudar a modificar está situação e propor uma interação com seus alunos para que assim
possam desconstruir as crenças que ambos têm sobre o ensino e assim possam reconstrutura-
ló.

Ensino de qualquer LE baseado em métodos de tradução e gramática não se torna


eficaz, para um entendimento melhor de uma Língua é necessário buscar técnicas e refletir
sobre a importância do ensino comunicativo, pois LE não deve ser somente um objeto de
estudo, mas como também um meio de interação social e cultural. Esta importância deve ser
transmitida ao aluno através de um processo de ensino com intuito de promover um
conhecimento, não mais uma disciplina na grade curricular.

Referências Bibliográficas:

ALMEIDA FILHO, J. C. P. Dimensões comunicativas no ensino de línguas. Campinas:


Pontes, 1993.

BARCELOS, A.M.F. “Crenças sobre aprendizagem de línguas, Lingüística Aplicada eensino


de línguas”. In:LEFFA, V.(Org.). “A interação na aprendizagem da línguas”. Linguagem &
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CBC (Currículo básico comum). Disponível em http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/.


Acesso em 11/01/2014.

COELHO, H. S. H. É possível aprender inglês na escola? Crenças de professores e alunos de


inglês em escolas públicas. (Dissertação em Estudos Linguísticos) - Faculdade de Letras,
Universidade Federal de Minas Gerais, MG, 2005.

DORNYEI, Z. Motivação em ação: buscando uma conceituação processual da motivação de


alunos. In: BARCELOS, A. M. F. (Org). Linguística Aplicada: reflexões sobre ensino e
aprendizagem de língua materna e língua estrangeira. Campinas, SP: Pontes Editores, 2011.

GHEDIN, Evandro. Professor reflexivo: da alienação da técnica à autonomia da crítica. In:


Pimenta, Selma G. / Ghedin, Evandro (Orgs). Professor reflexivo no Brasil: gênese e crítica
de um conceito. São Paulo: Cortez, 2002: 129-150.

LIMA, Diógenes Cândido de (org.). “Inglês em escolas públicas não funciona? Uma questão,
múltiplos olhares”. São Paulo: Parábola Editorial, 2011.

LIMA, Diógenes Cândido de (org.). "Ensino e aprendizagem de Língua Inglesa


conversas com especialistas". São Paulo: Parábola Editorial, 2009; p.161-168.

Ministério da Educação e Cultura, Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília:1999.

XAVIER, R. P. “Metodologia do ensino de Inglês”. Florianópolis: LLE/CCE/UFSC, 2011;


P.11-37.

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