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Autismo? Essa palavra te parece estranha ou é parte do seu dia a dia? É provável que
você já conheça a condição, ou que pelo menos já tenha ouvido falar nela. Muitas
pessoas precisam lidar com transtorno durante a vida, por isso, é muito importante que
cada um de nós saiba como lidar com o autismo.
Pode ser que você já tenha estado com um autista e dado conta de que ele (ou ela)
parecia muito, muito tímido. Ou pode ser que você tenha estranhado o isolamento de
alguém numa situação onde, aparentemente, nada impedia que aquela pessoa se
comportasse de forma “normal”. Por isso, neste texto, você vai descobrir que estas não
são as únicas características de um autista, e que tudo depende do grau de autismo em
cada pessoa.
Tanto a pessoa autista quanto sua família e cuidadores necessitam que todos nós
tenhamos empatia, respeitando o tempo e o espaço de cada um. Veja mais dicas
sobre como lidar com o autismo:
No planejamento do dia a dia, suas diversas atividades estão comprometidas por uma
tendência ao isolamento e a dificuldade de flexibilidade com ordens e regras. O problema
é que essas características são facilmente confundidas com hiperatividade. E como, na
maioria dos casos, os primeiros sinais aparecem nos primeiros anos de vida, muitas
pessoas não reconhecem a possibilidade de haver o autismo na criança e tratam como
apenas uma fase. ³
Se no começo desse texto nós dissemos que alguns autistas são capazes de fazer
quase tudo do mesmo jeito que indivíduos sem autismo, é no grau 2 em que as coisas
começam a mudar. As diferenças estão, principalmente, no quanto essas crianças,
jovens ou adultos dependem de uma outra pessoa para realizar atividades comuns. 4
Nem neste, nem nos outros casos, há cura para o autismo. Mas através de intervenções
multidisciplinares e da estimulação, feitos de forma contínua e consistente, é possível
obter melhora da funcionalidade e dos comportamentos adaptativos. É preciso haver
uma combinação eficaz entre a família, a escola e as terapias – e que isso seja feito o
quanto antes, pois quanto mais jovem o cérebro, maior a capacidade de aprender e se
desenvolver. A recomendação médica é que isso seja feito já no período da primeira
infância, ou seja, dos zero aos seis anos.
Autismo severo
“Temos muita sorte, embora as crises de agressividade sejam comuns nos quadros de
autismo severo, o Nátan (16 anos) não é agressivo, na verdade ele é muito amoroso
com a gente.
Outra vez, estava com ele num terminal de ônibus, abaixei para amarrar seu tênis, e
quando me levantei ele estava devorando uma coxinha que tomou da mão de uma
moça. Ela percebeu logo de cara que aquele era um comportamento de ‘alguém
diferente’.
Hoje em dia a gente até ri dessa situação, mas na hora é sempre muito difícil de
lidar. O comportamento dessa moça doce e gentil me emociona até hoje, e com certeza é
por isso que essa é mais uma lembrança engraçada do que constrangedora. Acho
que todas as pessoas deveriam saber como lidar com o autismo, pois isso pode ser
motivo de memórias boas ou ruins para os familiares de autistas”
Você pode conhecer a história do Nátan lá no Autismo em Dia, o site traz muitas histórias reais de autistas, pais, mães, irmãos e cuidadores.
Mesmo com todas essas limitações, os pais, a família e a sociedade não devem ignorar
os potenciais de desenvolvimento do autista severo, que também pode aprender novos
tipos de linguagens, talentos, conhecimento científico e afetivo. Além disso, a
intervenção pode trazer melhora na comunicação, na interação social, na autonomia e
na realização de atividades da vida diária.
Seja você alguém diretamente ligado a uma criança ou adulto autista ou não, é sempre
bom saber como se comportar e interagir com essas pessoas. Aqui vão algumas dicas:
Tente entender como essas coisas atingem o autista, pois eles podem ser mais sensíveis
ao toque do que as pessoas normalmente são. Ao explicar as coisas para um
autista, evite usar ironias, expressões de duplo sentido ou termos muito
abstratos. Grande parte dos autistas entendem as coisas de forma muito direta e objetiva
e sinais não verbais como “piscadinhas” ou gestos podem não ser óbvios para eles.
Faça isso mantendo por perto algo que interesse à criança, mas sem entregá-lo
totalmente, para que ele se veja na situação em que a única opção é se comunicar e
pedir ajuda.
Muitos autistas são altamente estimulados por coisas mais visuais. Pode ser que o
ensino funcione melhor com desenhos, gestos, fotos, vídeos ou qualquer outro meio que
chame mais atenção do que simplesmente falar.
5 – Imponha limites
Essa dica é principalmente para os pais. As crianças com TEA terão dificuldade de
entender regras e limites, mas ainda assim precisam entender, desde cedo, o que é
permitido e o que não é nos ambientes onde ele circula.
6 – Seja criativo
Afinal, se educar e entreter uma criança neurotípica (crianças que não estão no espectro
do autismo) já é difícil, é preciso ser ainda mais criativo com um autista. Pense além do
óbvio, pois essas crianças nunca vão entregar um resultado padrão. Pesquise novas
brincadeiras e estimule o aprofundamento nos temas de interesse.
Estudos recentes demonstram que crianças autistas ficam mais à vontade com animais
de estimação. Vale qualquer bicho que a criança ou o adolescente goste, mas cães de
pequeno e médio porte podem ser ainda mais eficazes. Se estivermos falando de um
autista severo, esteja junto sempre que houver interação, para evitar que uma crise de
agressividade ou simplesmente o comprometimento cognitivo dessas pessoas prejudique
o bem-estar do animalzinho.
Como lidar com o autismo: conheça os direitos previstos em lei 6
A legislação brasileira vem fazendo esforços e avanços no que diz respeito a como
lidar com o autismo. Por isso, aprovou, em 2012, a Política Nacional de Proteção dos
Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, colocando o autismo no mesmo
patamar de outras deficiências e tendo os mesmos direitos garantidos às outras
formas patológicas. Além disso, o SUS também garante o tratamento do Transtorno do
Espectro Autista.
As leis também preveem um auxílio para famílias de baixa renda, administrado pelo
INSS. Nesse caso, se além da baixa renda for comprovada a incapacidade de
providenciar o sustento, a pessoa autista pode o Benefício de Prestação Continuada
(BPC/LOAS), auxílio para custear as necessidades básicas de alimentação, saúde e
moradia.
Como lidar com o Autismo: tornando a escola o ambiente ideal
Além dos pais e da família, a escola precisa ser preparada para receber o aluno com
autismo e saber como lidar. No Brasil, até o final de 2019, havia apenas uma escola 100%
voltada ao ensino de pessoas autistas. O projeto, que fica em Curitiba, é gerido pela
prefeitura.