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Comandos Elétricos

Material de Consulta do Aluno

3º Tópico – Montagem e Análise dos Dispositivos de Acionamentos – Parte 1

Este tópico tem por finalidade a familiarização com dispositivos e chaves de comando a
distância, com possibilidade de efetuar acionamentos sequenciais pré determinados ou
deslocados em relação ao tempo.

Todo acionamento elétrico além de contar com proteção adequada deve ter ainda
dispositivos que permitam a sua ligação e desligamento, sem risco para o operador.

Os dispositivos de comando, de acionamento e controle são constituídos por chaves,


algumas aptas a interromper ou ligar circuitos com carga (disjuntores), outras perfazendo
essas funções somente sem carga (seccionadoras).

Em muitas aplicações deve-se executar o comando automaticamente ou à


distância. Essas duas funções são executadas pelos "contatores", objeto da presente
experiência.

Um aspecto de relevante importância no âmbito dos sistemas elétricos, onde estão


inseridos os dispositivos de comando, é que coexistem usualmente 3 tipos de circuitos,
cada qual com sua função, quais sejam:

• circuito de potência ou principal;


• circuito de comando e proteção;
• circuito de sinalização ou supervisão.

O circuito de potência é geralmente trifásico e alimenta a carga principal, apresenta


usualmente, correntes relativamente altas e portanto condutores com grandes bitolas.

O circuito de comando e proteção é independente do circuito de potência, não obstante


utilize frequentemente a mesma fonte de tensão.

O circuito de comando e proteção tem como carga os elementos (usualmente bobinas)


que acionam mecanismos que permitem que chaves (contatos), associadas aos
dispositivos de comando, mudem de estado (abrir/fechar). Essas chaves podem estar
inseridas em circuitos de potência, de sinalização e no próprio circuito de comando e
proteção.

Os circuitos de comando e proteção incluem chaves (em série) que interrompem esse
circuito (cortando a alimentação das bobinas) quando dispositivos de proteção assim
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determinarem.

Os circuitos de sinalização e supervisão fornecem indicações e informações (usualmente


luminosas ou sonoras) sobre o estado do circuito principal como por exemplo, se está
operando ou não, se há sobrecarga etc..

3.1 – Terminologia

Vamos conhecer alguns termos utilizados no estudo dos comandos elétricos:

• Autotransformador - Transformador no qual os enrolamentos primário e


secundário têm certo número de espiras comuns.

• Bobina ou solenoide - são constituídas por um fio enrolado várias vezes,


formando um conjunto de espiras de mesmo eixo espaçadas uniformemente
tomando uma forma cilíndrica.

• Carga - Conjunto dos valores das grandezas elétricas que caracterizam as


solicitações impostas em cada instante ao gerador ou transformador pelo sistema
elétrico a ele ligado.

• Circuito Elétrico - é a ligação de elementos elétricos através de cabos ou fios


passando por interruptor até chegar a uma fonte de tensão formando um caminho
fechado.

• Fator de potência (cos φ) – são perdas que ocorrem nas lâminas de ferro do
estator e do rotor, ocorrem devido ao efeito de histerese e às correntes induzidas
(neste caso, correntes de Foucault), e variam com a densidade do fluxo e a
frequência.

• Fusíveis - são elementos que se destinam a proteção contra correntes de curto-


circuito.

• Indutor - é o nome genérico para o componente que apresenta indutância.

• Malha - Caminho cujo último nó coincide com o primeiro.

• Nó - Ponto do circuito ao qual estão ligados dois ou mais elementos.


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• Ponto neutro - Ponto de referência, real ou ideal, para todas as tensões de fase de
um sistema trifásico.

• Ramo - Caminho que liga dois nós.

• Relés - são os elementos fundamentais de manobra de cargas elétricas, pois


permitem a combinação de lógicas no comando, bem como a separação dos
circuitos de potência e comando.

• Rendimento (η) - são as perdas mecânicas devido à fricção dos procedimentos,


ventilação e perdas devido à oposição do ar.

• Sistema elétrico - é um circuito ou conjunto de circuitos elétricos inter-


relacionados, constituídos para atingir um determinado objetivo.

• Terminal - Parte condutora que se destinada a sua ligação elétrica a um circuito


externo.

• Transformador - equipamento elétrico que, por indução eletromagnética,


transforma tensão e corrente alternado entre dois ou mais enrolamentos, com a
mesma frequência e, geralmente, com valores diferentes de tensão e corrente.

3.2 – Simbologia

Os circuitos elétricos de comandos são representados através de diagramas


esquemáticos, em que a posição dos elementos de circuito evidencia seu funcionamento
e não sua posição no painel. Logo, deve-se ter um cuidado extra na interpretação dos
diagramas, pois elementos que estão lado a lado no diagrama podem estar bem distantes
dentro do painel.

Para diferenciar os diversos tipos de elementos, cada dispositivo recebe uma designação
própria, segundo norma, e os elementos do mesmo dispositivo recebem nomenclatura de
bornes diferenciada. Para facilitar, ainda, divide-se o diagrama em diagrama de força, que
mostra a ligação de alimentação das diversas máquinas, e diagrama de comando, que
mostra os elementos de comando e sinalização.
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Figura 1 – Simbologia gráfica


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Figura 2 - Simbologia literal

3.3 – Identificação dos dispositivos de comandos

3.3.1 – Contatores

Os contatores, por norma são designados pela letra K, assim como os relés e outras
chaves eletromagnéticas, mas é muito comum encontrar projetos em que os 10
contatores são designados pela letra C. Os bornes dos contatos auxiliares seguem
número de sequência e normalmente são numerados de forma que o primeiro contato
seja NA, depois vêm todos os contatos NF e por último os contatos NA restantes.

Figura 3 - Terminais do contactor

3.3.2 – Relé de sobrecarga

Os relés térmicos são designados como Ft (normalmente dispositivos de proteção são


designados pela letra F) e os bornes de força e comando seguem o padrão já
apresentado. Mas os contatos levam o número 9 como número de sequência.
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Figura 4 - Terminais do relé térmico

3.3.3 – Fusível

Os fusíveis são designados pela letra F e seus bornes não recebem nomenclatura.

Figura 5 – Fusíveis

3.3.4 – Relé temporizado

Os temporizadores recebem a designação Kt e cada tipo de acionamento temporizado


recebe um símbolo diferente de bobina.

Figura 6 - Relé temporizado


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3.3.5 – Botoeira

As chaves de comando manual e de acionamento mecânico e sensores normalmente


levam a designação S ou Sw, mas pode-se encontrar B para botoeiras. Geralmente são
contatos comuns com a indicação do tipo de acionamento e os números dos bornes
levam a mesma nomenclatura dos contatos de contactores.

Figura 7 - Botoeiras NF e NA

3.4 – Chave de partida direta

Para motores até 5 CV (e excepcionalmente até 30 CV), ligados a uma rede secundária
trifásica, pode-se usar chave de partida direta. Acima desta potência, deve-se empregar
dispositivo de partida que limite a corrente de partida a um máximo de 225% da corrente
nominal do motor.

O circuito abaixo permite partir ou parar um motor, através de dois botões de contato
momentâneo (botoeiras). Note o contato auxiliar da contatora (13/14), usado para manter
sua energização, conhecido como contato de selo, após o operador soltar o botão de
partida (B1). Já o botão de parada (B0) é do tipo normal fechado (NF). Ao ser pressionado
ele interrompe o circuito, desenergizando a contatora e, portanto, abrindo também o
contato auxiliar de autorretenção.
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Figura 8 - Chave de Partida Direta

Note que este circuito, no caso de interrupção da rede elétrica, se desarma


automaticamente. Isso é importante para segurança. Caso simplesmente fosse utilizada
uma chave 1 polo, 2 posições para acionar a contatora, ao retornar a energia elétrica (no
caso de um “apagão”, por exemplo) o motor seria energizado, pois a chave se manteria
na posição ligada.

3.5 – Chave de Reversão do Sentido de Rotação

Neste caso existem dois botões de contato momentâneo para partir o motor (B1 E B2).
Um deles faz o motor girar no sentido horário e o outro no sentido anti-horário. Um
terceiro botão desliga o motor (B0), independentemente do sentido de rotação. Note os
contatos auxiliares NA das contatoras usados para autorretenção. Além disso, as
contatoras se inibem mutuamente através dos contatos auxiliares NF. Assim, se a
contatora C1 estiver energizada, a contatora C2 não pode ser energizada, e vice-versa.
Isso impede que o operador, inadvertidamente, acione simultaneamente os dois sentidos
de giro do motor. Caso as duas contatoras fossem energizadas simultaneamente, o
resultado seria a queima dos fusíveis de força (pois teríamos curto-circuito entre as fases
R e S).
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Figura 9 - Chave de partida direta com inversão no sentido de rotação

Note que para inverter o giro do motor basta inverter duas fases (no caso, são invertidas
as fases R e S).

Links para acesso aos vídeos do YouTube

https://www.youtube.com/watch?v=ESXiYMB_KN4 – Simbologia.

https://www.youtube.com/watch?v=lWBPHGodFOs – Chave de partida direta.

https://www.youtube.com/watch?v=pTkGKZfXBFE – Chave de partida direta com inversão


no sentido de rotação.

Bibliografia

https://ensinandoeletrica.blogspot.com.br/2011/04/dispositivos-de-comando.html - último
acesso em 27/03/2018 às 16h03min.
Comandos Elétricos
WEG, Acionamentos. Informações Técnicas. Comando e proteção para motores Elétricos.
Jaraguá do Sul, 1990.

NETO, J. A. A., Apostila de comandos elétricos.

FRANCHI, C. M. Acionamentos Elétricos. 4ª ed. São Paulo: Érica, 2008.

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