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CAPÍTULO I

1.0. O PROBLEMA

1.1. Introdução

No ano em que o cidadão brasileiro completa 18 anos, deve

comparecer a uma Junta de Serviço Militar para efetuar seu alistamento. O

Serviço Militar consiste no exercício de atividades específicas desempenhadas

pelas Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica). O artigo 143 da

Constituição Federal estabelece que o Serviço Militar é obrigatório, nos termos da

lei. Baseados no amparo constitucional foram criados a Lei do Serviço Militar (Lei

Nº 4.375, de 17 de Agosto de 1964) e seu Regulamento (Dec Nº 57.654, de 20 de

Janeiro de 1966) que fixam normas, procedimentos, direitos e deveres de todos

os cidadãos brasileiros (entre os 18 e 45 anos de idade, todos estão sujeitos às

obrigações militares), no que refere à prestação do Serviço Militar obrigatório

(BRASIL, 2004).

Após o cidadão ter se alistado ele passará por uma seleção que se

destina a avaliar os candidatos para o Serviço Militar inicial, quanto aos aspectos

físicos, psicológicos e morais. Ao ingressar na caserna, o jovem iniciará o Curso


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de Formação de Soldados (CFSd) que o habilitará a fazer uso do material bélico

posto à sua disposição e principalmente a cumprir sua missão de soldado.

Ao iniciar o CFSd o recruta estará dando o primeiro passo na

carreira militar e passará a integrar o quadro de efetivos do Exército Brasileiro. A

profissão militar requer um adequado condicionamento físico para o cumprimento

das atividades pertinentes à Força. A preocupação com a aptidão física é uma

das peculiaridades dos militares e permeia o alto comando do Exército Brasileiro

que propõe atividades físicas regulares, previstas em regulamentos. Atendendo a

estes anseios o militar realiza regularmente o Treinamento Físico Militar (TFM).

Este treinamento visa atender, fundamentalmente, ao interesse da instituição e ao

cumprimento da sua missão constitucional. É através do treinamento físico regular

que o militar obtém a resistência necessária para desempenhar uma ação

prolongada e efetiva. Esta capacidade possibilita que os militares tenham

melhores condições de enfrentar combates difíceis e de longa duração.

Uma elevada aptidão física aumenta significativamente a prontidão

dos militares para o combate, e indivíduos mais preparados fisicamente são mais

resistentes a doenças e se recuperam mais rapidamente de lesões do que

pessoas menos aptas fisicamente (BRASIL, 2003). Além disso, pessoas mais

aptas fisicamente têm maiores níveis de autoconfiança e motivação. Segundo

Neto, Guimarães e Gomes (1996), o preparo físico está intimamente ligado com a

competência profissional do militar. Esta possibilita ao militar alcançar a liderança

necessária para comandar seus homens no campo de batalha.

Entre as qualidades físicas que necessitam ser desenvolvida pelos

militares destaca-se o condicionamento aeróbico. A versatilidade do combate

moderno exige do combatente, além de alta especialização tecnológica, a


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capacidade de suportar grandes marchas, terrenos de difícil transposição como

charcos e montanhas, o pesado equipamento individual, o calor intenso e, até

mesmo, sobrepujar o inimigo com força física, se assim for inevitável. Faz-se

necessário que o combatente seja dotado, em elevado grau, de condições morais,

psíquicas e físicas. Estes atributos podem ser desenvolvidos no combatente

através do treinamento físico militar associado à instrução militar (BRASIL, 1986).

A instrução militar tem como objetivos gerais tornar o homem

combativo, fisicamente capaz, autoconfiante e ainda criar e desenvolver seu

espírito de equipe. Tem como objetivos específicos à transmissão de

conhecimentos teóricos, a prática das atividades próprias dos militares e o

desenvolvimento de qualidades individuais, como habilitar o militar a atuar em

equipes, integrando frações elementares, subunidades e unidades (ibidem). A

instrução militar no Exército Brasileiro prioriza o “saber fazer, não o como fazer”,

ou seja, são atividades de características eminentemente práticas.

Apesar dos militares realizarem regularmente o TFM, na maioria das

vezes, o realizam sem observar alguns princípios básicos do treinamento. Entre

os quais destacam-se os princípios da individualidade biológica e da sobrecarga.

As corridas realizadas na caserna, normalmente, são com a tropa formada,

obedecendo a uma mesma freqüência, ritmo, intensidade e duração. Como

conseqüência este procedimento pode ser benéfico em termos de

condicionamento físico para alguns militares, mas pode também levar ao

overtraining ou não surtir efeito para outros. O que reforça a relevância de ser

considerada a individualidade biológica do militar e da sobrecarga do exercício

nos treinamentos. Como o nível de condicionamento é diferente de um militar

para o outro é de se esperar que o rendimento na execução de tarefas militares,


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que exijam algum atributo físico, também seja diferente. As tarefas militares

destacadas para este estudo são a realização do tiro de Fuzil de Ar Comprimido

(FAC) e a execução de uma pista de obstáculos.

A execução do tiro de instrução ensina ao combatente as regras do

tiro preciso e regulado. O militar deve estar preparado para executar o tiro em

condições de estresse físico e psicológico. Para o combatente ser um eficiente

atirador, deve estar em condições de descobrir um alvo e acertá-lo. Segundo

Hoffman e Street (1992), uma avaliação da resposta da frequência cardíaca (FC)

durante a execução do tiro e, também, de uma pista de obstáculos pode prover

um melhor entendimento das demandas fisiológicas das referidas tarefas

militares.

A pista de obstáculos consiste num percurso balizado no qual o militar

deve progredir e pelo seu itinerário são colocados diversos obstáculos. A pista de

obstáculos é um instrumento pelo qual o Exército Brasileiro procura simular

situações de retardamento do movimento nas quais o militar pode se deparar

durante o combate. Segundo Bishop, Fielitz, Crowder e col. (1999), o rendimento

na execução de uma pista de obstáculos esta fortemente correlacionada com o

condicionamento aeróbico.

Várias são as formas de mensurar o condicionamento aeróbico e

segundo Morrow Junior, Jackson, Disch e col. (2003), a medida mais reproduzível

.
e válida de mensurá-lo é através do consumo máximo de oxigênio ( V O2máx ). O

.
V O2máx é a medida da quantidade máxima de oxigênio que pode ser utilizada por

um indivíduo durante um exercício exaustivo. Segundo o autor este é alcançado


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.
quando o V O2 se mantém inalterado ou alcança um platô, mesmo com aumento

da sobrecarga de trabalho. Geralmente, vem expresso em litros por minuto (l.min.


-1
), ou mililitros por quilo de peso corporal por minuto mlO 2 (kg.min)–1 (ACSM,

2000).

Diversas formas são apresentadas para avaliar o desempenho de um

exercício aeróbico de alta intensidade entre as quais destaca-se a escala de

esforço percebido de Borg (GRANT, AITCHISON e HENDERSON e col., 1999).

Segundo Chen, Fan e Moe (2002), a Escala de Borg é uma

avaliação simples do esforço subjetivo percebido durante a execução de um

exercício. Usado por muitos técnicos e fisiologistas para avaliar o nível da

intensidade na execução de um treinamento, ou durante a realização de um teste

de esforço. Esta escala esta fortemente relacionada com a freqüência cardíaca,

.
os níveis de lactato sanguíneo e o V O2máx .

O presente trabalho está inserido na Ciência da Motricidade Humana

e voltado para a Linha de Pesquisa Atividade Física, Epidemiologia e

Performance motora, enquadrada no projeto de Pesquisa Aspectos

Metodológicos, Fisiológicos e Ergogênicos do Treinamento de Alto Rendimento.

Intrinsecamente esta pesquisa busca entender os processos adaptativos capazes

de levar o homem a performance máxima. Segundo Beltrão, Beresford e Macário

(2002), Ciência da Motricidade Humana (CMH) é a área do saber que está

centrada na busca da produção do conhecimento, através do estudo das múltiplas

possibilidades intencionais (capacidade de cada Ser cognoscente de lançar a sua

consciência intencional em relação a visão de um objeto) de interpretação do Ser


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do Homem e de suas condutas e comportamentos motores. Tais possibilidades

de interpretação são operacionalizadas de forma multidisciplinar, interdisciplinar,

transdisciplinar e através dos mecanismos cognoscitivos da pré-compreensão, da

compreensão fenomenológica, da compreensão axiológica, da explicação

fenomênica e da ordenação axiológica.

Para uma interpretação do ente do Ser do Homem é necessário

conhecer a filosofia dos valores. Valor, segundo Beresford (2000), corresponde a

tudo aquilo que preenche positivamente uma determinada carência, vacuidade ou

privação do Ser do Homem. Agrega-se valor identificando e suprindo as carências

bio-físicas, bio-psíquicas e bio-socias do ente do Ser do Homem. Este é

considerado como um ser cultural e não somente como ser natural ou histórico,

ou seja, a cultura é uma manifestação da síntese entre o histórico e o natural, ou

seja, a vida começa a ser compreendida por uma perspectiva cultural percebida.

Esta pesquisa tem como objeto formal de estudo militar, homens, de

19 a 20 anos de idade que estão realizando o Curso de Formação de Soldados. A

partir do conhecimento de suas carências podem-se compreender os

mecanismos da pré-compreensão, da compreensão fenomenológica e explicação

fenomênica. E a partir desta compreensão pode-se indagar sobre as causas e

variações de sentido essencial em uma determinada circunstância, facticidade e

corporeidade. Os resultados obtidos na presente investigação permitirão uma

explicação fenomênica, sob o aspecto interdisciplinar, constituindo-se assim no

entendimento do fenômeno. Conhecendo-se as carências do objeto formal de

estudo pode-se observar se os resultados da pesquisa as satisfizeram. O estudo

estará aumentando o nível de qualidade de vida existencial porque possibilitara


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ao ente do Ser do Homem observar seus limites físicos e compará-lo com seu

nível de condicionamento aeróbico.

A partir da contextualização do problema, delineou-se a seguinte

questão norteadora: o melhor nível de condicionamento aeróbico, ao diminuir a

fadiga provocada pela realização de um exercício físico intenso, possibilita a

melhora da performance na execução de tarefas militares específicas (TME)?

1.2. Identificação das Variáveis

Neste estudo existem variáveis independentes, dependentes e

intervenientes.

1.2.1. Variáveis Independentes

As variáveis independentes deste estudo são: o nível de

.
condicionamento aeróbico (mensurado pelo  V O2máx ) e a fadiga (avaliada pelo

Custo Cardíaco Relativo e pela percepção subjetiva do esforço - escala de Borg).

1.2.2. Variáveis Dependentes

As variáveis dependentes deste estudo são a execução de tarefas

militares específicas: o tempo de realização de uma pista de obstáculos e o

resultado no teste de tiro.


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1.2.3. Variáveis Intervenientes

Este estudo apresenta como variáveis intervenientes as alterações

nos hábitos de vida e modificações no estado psicológico dos sujeitos. As

alterações nos hábitos de vida estão relacionadas a alterações no sono, estresse,

atividade profissional ou cotidiana. As modificações no estado psicológico do

sujeito estão ligadas a influências do meio sobre o mesmo.

1.3. Objetivos

1.3.1. Objetivo Geral

O objetivo do presente estudo é verificar a influência do nível de

condicionamento aeróbico e de fadiga sobre o rendimento na execução de tarefas

militares específicas (TME) em militares do Exército Brasileiro.

Os níveis de condicionamento aeróbico e de fadiga serão avaliados,

.
respectivamente, pela mensuração do V O2máx ; pelo Custo Cardíaco Relativo de

Trabalho e pela percepção subjetiva do esforço (Escala de Borg).

O rendimento nas TME será avaliado pelo tempo de execução de

uma pista de obstáculos e o resultado no teste de tiro.

1.3.2. Objetivos Específicos

1. Verificar se o nível de condicionamento aeróbico e o nível de

fadiga afetam o tempo de execução de uma pista de obstáculos; e


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2. Verificar a  existência de relação entre o nível de condicionamento

aeróbico e o nível de fadiga, com a performance no teste de tiro.

1.4. Fundamentação Teórica

Os principais componentes físicos identificados como sendo

importantes para a execução de TME e para a manutenção da eficiência do militar

em operações são a potência e resistência aeróbica, a potência anaeróbica, a

força e a resistência muscular (JETTÉ, KIMICK e SIDNEY, 1990). Dentre os

componentes citados, para a execução de uma pista de obstáculos, destaca-se a

potência e a resistência aeróbica. Indivíduos com elevada potência aeróbica

apresentam alta concentração de enzimas aeróbicas, maior número de

mitocôndrias (tamanho e área), aumento na concentração de mioglobina, maior

fluxo sanguíneo muscular, maior capilarização muscular, menor nível de lactato

muscular e sanguíneo para uma mesma carga de trabalho submáxima e uma

maior taxa de remoção de lactato (TOMLIN e WENGER, 2001).

Segundo Dantas (2003) a resistência aeróbica manifesta-se

globalmente no organismo em atividades que apresentem uma intensidade

pequena e um volume grande. A resistência aeróbica é necessária, geralmente,

na execução de exercícios em que o consumo máximo de oxigênio fica entre 60 e

85%. Neste tipo de exercício a taxa de produção de trifosfato de adenosina (ATP)

requerida durante a execução do mesmo é relativamente baixa e, por essa razão

a fosfocreatina (PCr), os carboidratos e as gorduras contribuem com a ressíntese


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de ATP, sendo os carboidratos a fonte mais importante de energia (MAUGHAN,

GLEESON e GREENHAFF, 2000).

O presente estudo irá procurar simular situações em que o militar

pode se deparar em combate. A amostra executará uma pista de obstáculos e

imediatamente após executará um teste de tiro. A execução de tarefas

continuadas requer uma rápida recuperação física, pois o desgaste proporcionado

pode afetar negativamente a execução de tarefas mais complexas e segundo

Evans, Scoville e Mello (2003), soldados que operam em um ambiente tático

devem estar em condições de pronta e efetivamente engajar o inimigo pelo fogo.

A fadiga causada pela execução de uma pista de combate irá

provocar uma variação na freqüência cardíaca (FC) e esta pode influenciar

negativamente a execução do tiro (LANDERS, CHRISTINA e HATFIELD, 1980;

BOUTCHER e ZINSSER, 1990; HOFFMAN e STREET, 1992; KONTTINEN,

LYYTINEN e VIITASALO, 1998; GROSLAMBERT, CANDAU e HOFFMAN,1998).

A FC pode ser considerada um excelente indicador de alterações fisiológicas no

organismo. Segundo Grupi (2004), para manter o equilíbrio do sistema

cardiovascular o coração humano saudável varia sua freqüência, batimento a

batimento. Estas variações têm como objetivo o aumento ou a diminuição do fluxo

sangüíneo aos grupos musculares em atividade de acordo com a demanda

metabólica.

Corroborando com a idéia anterior Evans e col. (2003), referem que

a fadiga pode prejudicar o desempenho do militar na execução do tiro. Entretanto,

a forma como esta fadiga é percebida varia de indivíduo para indivíduo, em

consequência torna-se importante conhecer o nível desta percepção para o seu


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melhor entendimento. A percepção subjetiva do esforço (PSE) é um parâmetro

válido para a prescrição da intensidade do exercício e um elemento que permite a

avaliação do desenvolvimento do treinamento. Este parâmetro é comumente

utilizado para a prescrição da intensidade do exercício físico em diferentes grupos

populacionais (BOUTCHER, SEIP e HETZELER, 1989). A PSE esta relacionada a

um nível subjetivo de esforço durante o exercício e resulta de um processo

cognitivo de informação derivado de múltiplas fontes. Dentre as Escalas de PSE

destaca-se a Escala RPE (rating of perceived exercion) de Borg (BORG, 1982)

que consiste em uma escala vertical numerada de 6 a 20 como correspondentes

expressões verbais que aumentam progressivamente conforme a sensação da

intensidade do exercício.

1.5. Delimitação do Estudo

Este estudo volta-se para militares recém incorporados no Exército

Brasileiro, do sexo masculino, com idade entre 19 e 20 anos, moradores da

cidade do Rio de Janeiro e servindo no 1 o Grupo de Artilharia de Campanha.

1.6. Hipóteses

O presente estudo possibilita o estabelecimento de hipóteses

substantivas e hipóteses estatísticas.

1.6.1. Hipóteses Substantivas


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HS: O presente estudo antecipa que o melhor nível de

condicionamento aeróbico ao diminuir a fadiga provocada pela realização de um

exercício físico intenso possibilita a melhora da performance na execução de

TME.

1.6.1. Hipóteses Estatísticas

O design do presente estudo enseja a formulação de hipótese nula e

derivadas, abaixo especificadas:

H0: Não existe correlação significativa (para p< 0,05) do nível de

condicionamento aeróbico e de fadiga de integrantes do Exército Brasileiro sobre

a performance de TME.

H1: Existe uma diminuição significativa (para p< 0,05) no tempo de

execução de uma pista de obstáculos nos militares do Exército Brasileiro que

apresentam maior nível de condicionamento aeróbico e, conseqüentemente,

menor nível de fadiga.

H2: Existe uma melhora significativa (para p< 0,05) na performance

do teste de tiro nos militares do Exército Brasileiro que apresentam maior nível de

condicionamento aeróbico e, conseqüentemente, menor nível de fadiga.

H3: Existe uma diminuição significativa (para p< 0,05) na

performance do teste de tiro nos militares do Exército Brasileiro após a execução

de uma pista de obstáculos.


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1.7. Relevância

Acredita-se que este estudo possa ser relevante para a pesquisa, o

ensino e a extensão e que possa oferecer informações adicionais para auxiliar no

desenvolvimento de protocolos para a prescrição da intensidade do exercício.

Estes poderiam ser úteis durante exercícios em testes clínicos, montagem de

programas de condicionamento, na realização de tarefas profissionais e na

aplicação e controle de programas de treinamento de alta performance. Este

estudo permitirá que se adquira um maior conhecimento dos efeitos da execução

de uma pista de obstáculos sobre desempenho motor e cognitivo do soldado

combatente durante operações militares. Poderá servir de subsídios para o

desenvolvimento de programas de preparação físico-militar e o estabelecimento

de doutrinas de emprego de pequenas frações de combate, relacionando a

capacidade da fração com sua capacidade de cumprir missões sucessivas sem

descanso adequado, assim como uma adequação dos métodos de treinamento

propostos no Manual de Treinamento Físico Militar (TFM), sabendo que o nível de

condicionamento aeróbico dos militares pode influenciar a manutenção de sua

eficiência em combate.

1.8. Justificativa

Este é um tema atual que pode se tornar um novo instrumento para

auxiliar no treinamento de militares para o combate e treinadores físicos no

preparo de atletas. Segundo Groslambet e col. (1998) e Konttinen e col (1998),

poucas são as pesquisas que dirigem seus objetivos para a observação da

execução do tiro. Segundo Jetté e col. (1990) novas pesquisas devem ser
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realizadas com pistas de obstáculos para se desenvolverem dados normativos

sobre sua execução e para determinar se testes deste tipo cumprem os objetivos

e necessidades de comandos militares. Segundo Bishop e col. (1999), as pistas

de obstáculos têm muitas pretensões no treinamento militar. Acredita-se que elas

melhoram a aptidão, agilidade, confiança, espírito de corpo e que completem

outros tipos de exercícios militares. Porém, pouco é conhecido sobre quais

capacidades físicas as pistas de obstáculos estão avaliando.

1.9. Questões de Estudo

1. Existe influência do nível de condicionamento aeróbico e do nível

de fadiga, apresentados por militares do Exército Brasileiro,  sobre o tempo de

execução de uma pista de obstáculos?

2. Existe influência do nível de condicionamento aeróbico e do nível

de fadiga sobre a performance no teste de tiro?

1.10. Definição de Termos

Aeróbico: significa literalmente com oxigênio, ou na presença de

oxigênio (BARBANTI, 1994, p. 6).

Aptidão Física: É um conjunto de atributos que estão relacionados

à saúde ou à performance. Aptidão física relacionada à saúde compreende

aqueles componentes da aptidão que apresentam relações com a saúde. Aptidão


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física relacionada à performance envolve os componentes da aptidão que

permitem ótima performance no trabalho ou no esporte (CSEF, 1998;

ALBERGARIA, 2003).

.
Capacidade Aeróbica ( V O2 ): quantidade de oxigênio que o corpo

pode processar dentro de um período de tempo (COOPER, 1972, p.9).

.
Consumo Máximo de Oxigênio ( V O2máx ): é o volume máximo de

oxigênio que um indivíduo consegue utilizar, durante um esforço máximo

(MOREIRA, 1996). Geralmente, vem expresso em litros por minuto, (l.min. -1), ou

mililitros por quilo de peso corporal por minuto mlO 2, (kg.min) –1 (ACSM, 1994).

Fardo Aberto: conjunto de equipamentos individuais do militar que

são presos ao cinto de guarnição. É, normalmente, composto de: suspensório,

faca operacional, cantil-caneco e porta-carregador (BRASIL, 1986).

Potência Aeróbica Máxima: é a maior potência que o mecanismo

aeróbico pode desenvolver. É a quantidade de energia liberada em uma unidade

de tempo (normalmente expressa em watts por minuto. Apresenta estreita relação

.
com o V O2máx . (MOREIRA, 1996)

Resistência Aeróbica: Qualidade que permite manter pelo maior

tempo possível, um exercício com predominância do sistema aeróbico, utilizando

uma grande massa muscular (BRASIL, s/d).

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