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DIREITO EMPRESARIAL

FALÊNCIA
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ATUALIZADO EM 11/04/2017

FALÊNCIA – LEI 11.101/05i

Origem histórica
- Roma antiga: devedor respondia com a própria liberdade e a vida
- Lex Poetelia Papiria: responsabilidade patrimonial
- Código Justiniano: execução especial de devedor insolvente. Credores adquiriam a
posse comum do bem e vendiam. Qualquer devedor, comerciante ou não. O intuito é punir o
devedor.
- Código de Napoleão – regras próprias para o devedor comerciante. Intuito de punir.
- hoje- intuito de preservar a empresa.

. – Direito Falimentar no Brasil


- Período de Colonização: Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas. Regras falimentares
extremamente severas com o devedor.
- 1808 – Vinda da Família Real para o Brasil e consequente abertura dos portos às nações
amigas. Aumento das relações comerciais.
-1850 – Promulgação do Código Comercial
- 1850 – Edição do Regulamento nº 738 – regulou o processo falimentar.
- Decreto-lei nº 7.661/45 – regulou o processo falimentar
- Lei 11.101/05 – Nova lei de falência e recuperação judicial

Principais alterações trazidas pela Lei 11.101/05:


 Substituição da ultrapassada figura da concordata pelo instituto da recuperação judicial
 Aumento do prazo para contestação, de 24 horas para 10 dias;
 Exigência de que a impontualidade injustificada que embasa o pedido de falência seja
relativa à dívida superior a 40 salários-mínimos;
 Redução da participação do Ministério Público;
 O síndico passa a se chamar administrador judicial;
 Mudança na ordem de classificação dos créditos e previsão de créditos extraconcursais;
 Fim do inquérito judicial para a apuração de crime falimentar;
 Criação da figuração da recuperação extrajudicial;

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Princípio da par condicio creditorum – os credores do devedor que não possui condições de
saldar integralmente todas as suas obrigações devem receber do direito um tratamento
parificado, dando-se aos que integram uma mesma categoria iguais chances de efetivação de
seus créditos.

1. Cenário
Objetiva atender todos os credores envolvidos na situação econômica de insolvência da
empresa. O credor pode ajuizar uma ação de cobrança, uma ação de execução ou ação
monitória contra o devedor. Mas, nesse caso, só existirá a satisfação individualizada do credor
que ajuizou a ação. Ao contrário, se for promovida uma ação de falência, todos os bens do
devedor serão arrecadados e serão vendidos. O dinheiro obtido com a venda será usado para
pagamento de todos os credores do falido.
Pode acontecer também de o credor que possua um crédito mal classificado não ser
satisfeito. Por isso muitos chamam a falência de execução coletiva ou concursal (concurso de
credores no recebimento dessa execução).

2. Conceito
Falência é um processo de execução coletiva, no qual todo o patrimônio de um
empresário (pessoa física ou jurídica), declarado falido, é arrecadado e vendido para
pagamento da universalidade dos credores. É um processo judicial complexo, que compreende
a arrecadação de bens, sua administração e conservação, bem como a verificação e o
acertamento de créditos, para posterior liquidação dos bens e rateio entre os credores.
Compreende também a punição de atos criminosos praticados pelo devedor falido.

3. Incidência da lei 11.101/05


Ela trata da falência, da recuperação judicial e da recuperação extrajudicial.
Só pode sofrer a incidência da lei o empresário individual, a sociedade empresária e a
EIRELI. Não há que se falar em falência de associação, fundação, sociedade simples,
cooperativa.

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Pressupostos da falência
- pressuposto material subjetivo: qualidade de empresário
-pressuposto material objetivo: insolvência do devedor
- pressuposto formal: sentença

Demais disso, mesmo alguns empresários e sociedades empresárias estão excluídos


da incidência da Lei 11.101/05. Em outras palavras, nem todos empresários/sociedades
empresárias estão sujeitos à Lei. Vejamos.
Excluídos
 Totalmente excluídos: Empresa pública e sociedade de economia mista (serviço público
ou exploração econômica).
Em hipótese alguma haverá a falência, independentemente da atividade exercida.
 Parcialmente excluídos:
a) Instituição financeira pública ou privada;
b) Consórcios;
c) Cooperativas de crédito;
d) Seguradoras;
e ) Operadora de plano de saúde;
f) Entidade de previdência complementar;
g) Sociedade de capitalização;
h) Outras entidades legalmente equiparadas às anteriores  Ex.: sociedade de
arrendamento mercantil (empresa de leasing); administradora de cartão de crédito (Súmula
283/STJ: “as empresas administradoras de cartão de crédito são instituições financeiras e, por
isso, os juros remuneratórios por elas cobrados não sofrem as limitações da Lei de Usura”).

Na verdade, o que ocorre é que tais agentes possuem leis específicas que disciplinam o
tratamento jurídico de sua insolvência, submetendo-os a um processo especial de liquidação
extrajudicial. Lei 6.024/74 (instituições financeiras) e Decreto-lei 73/66 (seguradoras).

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A princípio nenhum dos entes do inciso II pode sofrer pedido de falência. Todavia,
podem sofrer uma liquidação extrajudicial, na qual será nomeado o liquidante que, por sua vez,
poderá pedir a falência destes entes.
Neste procedimento, será nomeado um liquidante que (somente ele) poderá requerer a
falência destas entidades.
Então grave: nos casos elencados no inciso II, a falência poderá ocorrer como
consequência da liquidação extrajudicial.
q – empresa aérea se submete à lei de falência.
4. Processo falimentar – fases
 1ª Fase: Pré-falimentar
– início: com o pedido de falência
- término: sentença declaratória de falência.
 2ª Fase: Falimentar
- início: sentença declaratória de falência.
- término: sentença de encerramento
 3ª Fase: Reabilitação
- início: sentença de extinção das obrigações do falido

5. Legitimidade processual
5.1. Legitimidade ativa1:
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: I – o próprio devedor, na forma do
disposto nos arts. 105 a 107 desta Lei; II – o cônjuge sobrevivente, qualquer herdeiro do
devedor ou o inventariante; III – o cotista ou o acionista do devedor na forma da lei ou do ato
constitutivo da sociedade; IV – qualquer credor.

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A banca CESPE, na prova do TJDFT/2016, considerou correta a seguinte alternativa: “Um empresário deverá
comprovar a regularidade do exercício da atividade empresarial, mediante a apresentação de certidão da junta
comercial, para requerer a falência de outro empresário.”

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A. Autofalência
Está prevista no art. 105 da lei, que elege alguns requisitos:
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos
para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as
razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos
seguintes documentos:
- estar em crise econômico financeira
- não atender aos requisitos da recuperação judicial: deve-se primar pela preservação da
empresa.

OBS. ele deve ou pode requerer a falência? DEVE. Trata-se de obrigação. E o que
acontece com aquele empresário que deveria pedir a falência e na pode? Nada, por ausência
de previsão legal.
B. Sócio ou acionista.

C. Qualquer credor, empresário ou não.


Pode ser ONG, fundação, idoso, banco, etc. Sendo credor, tem legitimidade.

*A natureza trabalhista do crédito não impede que o credor requeira a falência do devedor.
Assim, o credor trabalhista tem legitimidade ativa para ingressar com pedido de falência,
considerando que o art. 97, IV, da Lei nº 11.101/2005 não faz distinção entre credores.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.544.267-DF, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em
23/8/2016 (Info 589).

- Credores com garantia real: No regime anterior, havia regra expressa limitando a
legitimidade de tais credores, uma vez que estes só poderiam requerer a falência se
renunciassem à garantia real ou se provassem que a mesma já não era mais suficiente. A atual
legislação falimentar silenciou, razão pela qual se entende que tal credor pode requerer a
falência independentemente de qualquer circunstância.

OBS1. Se o credor for empresário individual, sociedade empresária ou EIREI, só pode


pedir a falência se estiver devidamente registrado na junta comercial. Ou seja, ausente o
registo não há a legitimidade para pedir falência de terceiro. Prova DF/RJ – o examinador
perguntou se sociedade em comum (não foi levada a registro) poderia pedir autofalência? SIM!
A vedação é apenas em relação ao pedido de falência de terceiro e ao pedido de recuperação

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judicial. Fundamenta essa resposta o art. 105, VI, ao elencar como documento para pedir a
autofalência a “IV – prova de condição de empresário, contrato social, ou estatuto em vigor ou,
se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens
pessoais”. Ele fala em “se não houver contrato ou estatuto”. Se não tem contrato ou estatuto,
naturalmente, não há registro.

OBS3. O que ocorre se o requerente é alguém que quer apenas manchar a imagem do
requerido, atuando dolosamente? R: Neste caso, na mesma sentença que julgar improcedente
o pedido de falência, o juiz mandará o autor da ação a pagar perdas e danos em favor do réu.

Art. 101. Quem por dolo requerer a falência de outrem será condenado, na sentença
que julgar improcedente o pedido, a indenizar o devedor, apurando-se as perdas e danos em
liquidação de sentença. § 1o Havendo mais de 1 (um) autor do pedido de falência, serão
solidariamente responsáveis aqueles que se conduziram na forma prevista no caput deste
artigo § 2o Por ação própria, o terceiro prejudicado também pode reclamar indenização dos
responsáveis.

OBS2. Se o credor não possui domicílio no país, exige-se a caução. Evita-se a ação de
falência de forma temerária, o que pode prejudicar a empresa demandada. No caso de dolo,
teria que haver uma carta rogatória para cobrar a indenização, por isso a exigência de caução
nesses casos.

Prova oral: quais os princípios norteadores do processo falimentar:


 Celeridade
 Economia processual

Art. 75. A falência, ao promover o afastamento do devedor de suas atividades, visa a


preservar e otimizar a utilização produtiva dos bens, ativos e recursos produtivos, inclusive os
intangíveis, da empresa. Parágrafo único. O processo de falência atenderá aos princípios da
celeridade e da economia processual.

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OBS3. MP pode pedir falência? NÃO, em regra. RJ – Sergio Campinho admite essa
possibilidade quando houver descumprimento de TAC. O descumprimento gera uma obrigação
pecuniária (multa). Poderia, então, o MP buscar o pagamento dessa multa através do processo
de falência.

OBS4. Fazenda pública pode ajuizar pedido de falência?


 Sim – a lei 11.101 não exclui expressamente qualquer credor específico de seu regime.
Afirmava que a certidão de dívida ativa não podia ser protestada. Atualmente, há o
protesto da CDA.
 Não – (MAJORITÁRIA) – deve prevalecer o princípio da preservação da empresa sobre
o interesse arrecadatório do Estado. O Estado tem os meios próprios (Execução
Fiscal). Além disso, retira o contraditório do devedor. (o processo de falência não é o
instrumento hábil para julgar o crédito tributário). É o entendimento do STJ (fala no
princípio da preservação da empresa) e do Enunciado nº 56, da 1ª Jornada de Direito
Comercial. - Legitimidade da Fazenda Pública: o STJ tem diversos precedentes
recentes (REsp 164389/MG, DJ 16-08-2004; REsp 287824, DJ 20.02.2006) no sentido
de que a Fazenda não teria legitimidade para pedir a falência do devedor, uma vez que
a mesma possuiria meio próprio de cobrança (execução fiscal). Ademais, no caso de
crédito tributário, este não se sujeita ao regime de concurso universal (arts. 186 e 187
do CTN).
q – CORRETA – a Fazenda pode optar entre HABILITAR o crédito na falência já
existente ou executar pelo meio próprio. STJ.

*A Fazenda Pública possui legitimidade para requerer a falência do devedor? Prevalece


que não. O STJ possui julgados antigos afirmando que não é possível o requerimento de
falência formulado pela Fazenda Pública considerando que ela dispõe de um instrumento
específico e eficiente para a cobrança do crédito tributário, qual seja, a execução fiscal. Nesse
sentido: STJ. REsp 287.824/MG, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 20/10/2005. Em
âmbito doutrinário, existe um enunciado da Jornada de Direito Comercial no mesmo caminho:
Enunciado 56: A Fazenda Pública não possui legitimidade ou interesse de agir para requerer a
falência do devedor empresário.

d) cônjuge sobrevivente, herdeiro ou inventariante

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No caso de pedido de falência do espólio do empresário individual. Não se aplica às
sociedades.

5.2. Legitimidade passiva. Quem pode ser réu – pressuposto material subjetivo
 Empresário individual
 Sociedade empresária
 EIRELI
OBS. salvo os casos de exclusão que já vimos.

6. Juízo competente
Art. 3o É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a
recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do
devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil.
A justiça competente para julgar as ações de falência é a justiça comum estadual. Se
quem ajuíza o pedido de falência é uma empresa pública ou autarquia federal (pedidos
absurdos!!), a competência não será da justiça federal. O Art. 109 excluem da apreciação da JF
as causa de falência.
Informativo STJ – 519 - trata da liquidação extrajudicial – SEM em liquidação
extrajudicial – competência da Justiça Estadual.
O juízo competente é o juízo do local do principal estabelecimento. Caso a sede seja
fora do Brasil, será o local da filial da empresa. Está ligada ao aspecto econômico: local onde o
devedor concentra o maior volume de negócios. Neste sentido, STJ. Esta competência é
absoluta.

Obs. Como estabelecer o principal estabelecimento?


 Sede contratual ou estatutária

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 Sede administrativa (centro vital das atividades, local onde a atividade se mantem
centralizada) – MAJORITÁRIA – STJ. CC 37736 -
 Critério econômico (maior complexo de bens).

7. Insolvência – pressuposto material objetivo


Não se trata de insolvência econômica, e sim hipóteses de insolvência jurídica. O juiz
analisará se as situações determinadas em lei acontecem.

O que há é uma presunção de insolvência, mas nem sempre real. Basta preencher os
requisitos legais.

*#DEOLHONAJURISPRUDÊNCIA: O autor do pedido de falência não precisa demonstrar que


existem indícios da insolvência ou da insuficiência patrimonial do devedor, bastando que a
situação se enquadre em uma das hipóteses do art. 94 da Lei nº 11.101/2005. Assim,
independentemente de indícios ou provas de insuficiência patrimonial, é possível a decretação
da quebra do devedor que não paga, sem relevante razão de direito, no vencimento, obrigação
líquida materializada em título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o
equivalente a 40 (quarenta) salários-mínimos na data do pedido de falência (art. 94, I, da Lei nº
11.101/2005). STJ. 3ª Turma. REsp 1.532.154-SC, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino,
julgado em 18/10/2016 (Info 596).

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*OUSESABER: Ao contrário do que aponta o senso comum a insolvência patrimonial da
sociedade empresarial ou do empresário individual é apenas umas das causas que justificam a
decretação da falência. As causas justificadoras da falência estão elencadas no artigo 94 da
Lei nº 11.101/2005, sinteticamente elas podem ser classificadas: Insolvência confessada/ auto
falência- quando o própria sociedade requer a falência; Impontualidade injustiçada- artigo 94, I;
Execução frustrada- artigo 94,II; Atos de falência- artigo 94, III. Portanto, mesmo possuindo
patrimônio suficiente, se a sociedade empresária ou empresário individual praticar algumas das
causas justificadoras previstas no artigo 94 da Lei nº 11.101/2005 a falência poderá ser
decretada, posto que a lei falimentar exige a insolvência jurídica (caracterizada quando
estiver presente alguma das causas do artigo 94) e não a insolvência econômica.

Pressuposto material objetivo: a insolvência do devedor


Deve ser compreendida no seu sentido jurídico, definido pela própria legislação
falimentar, e não no seu sentido técnico/econômico (insuficiência do ativo para saldar o
passivo).

O uso da ação de falência como meio de cobrança do devedor


Fábio Ulhoa Coelho admite a utilização do pedido de falência como mero meio de
cobrança. O STJ é vacilante sobre o assunto, ora admite, ora não. A nova LRE veio atenuar a
discussão ao impor o limite de 40 salários mínimos para justificar o pedido de falência.

Os sistemas de determinação da insolvência adotados pela Lei 11.101/05


Como se depreende da análise do art. 94 da Lei, foram adotados dois sistemas: o da
impontualidade e o da enumeração legal.
A insolvência pode ser confessada OU presumida (art. 94, I, II e III). A confessada já
vimos – pedido de autofalência. Vejamos as hipóteses de presumida:
I. Impontualidade injustificada:
Sem relevante razão de direito, não paga, no vencimento, obrigação líquida materializada em
título ou títulos executivos protestados cuja soma ultrapasse o equivalente a 40 (quarenta)
salários-mínimos na data do pedido de falência;
 Deixar de pagar no vencimento
 Sem relevante razão de direito – sem justificativa

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 Título executivo judicial ou extrajudicial.
Ex. sentença condenatória que transitou em julgado na justiça do trabalho. Posso ajuizar
ação de falência. Obs. Súmula 248 STJ - Comprovada a prestação dos serviços, a
duplicata não aceita, mas protestada, é título hábil para instruir pedido de falência.
 Protesto
Esse é um protesto especial para fins falimentares (se não for título de crédito – basta
protesto cambial) § 3o Na hipótese do inciso I do caput deste artigo, o pedido de falência
será instruído com os títulos executivos na forma do parágrafo único do art. 9 o desta Lei,
acompanhados, em qualquer caso, dos respectivos instrumentos de protesto para fim
falimentar nos termos da legislação específica. A lei de protesto (9492/97) fala da
intimação do protesto no art. 14 – não há necessidade da intimação pessoal do devedor.
A intimação é considerada cumprida quando há a entrega no endereço. STJ – como na
falência se trata de algo mais grave, além da entrega no endereço deve haver também o
nome da pessoa que recebeu essa intimação. É o teor da súmula 361 STJ (cai muito
em prova): a notificação do protesto, para requerimento de falência da empresa
devedora, exige a identificação da pessoa que a recebeu.
A única forma de demonstrar a impontualidade injustificada é o protesto do título.
Se o título não comporta o protesto cambial (título de crédito) – uma sentença ou um
contrato, por exemplo – deve ser tirado o protesto especial para fins de falência.
Tratando-se de cheque, o protesto é indispensável, mesmo que conste a declaração de
devolução da instituição financeira. Esta declaração substitui o protesto para fins cambiais, mas
não substitui o protesto para fins de falência.

INFORMATIVO 572 – STJ


O protesto tirado contra o emitente do cheque é obrigatório para o fim de comprovar a
impontualidade injustificada do devedor no procedimento de falência (art. 94, I, da Lei nº
11.101/2005) e deve ser realizado em até 6 meses contados do término do prazo de
apresentação (prazo prescricional da ação cambial). STJ. 3ª Turma. REsp 1.249.866-SC, Rel.
Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 6/10/2015 (Info 572).

 Valor: acima de 40 salários mínimos


Não é por qualquer quantia que se pode ajuizar ação de falência por impontualidade
injustificada. Se for 40? NÃO. Tem que ser acima. OBS. o art. 94, §1º permite o

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litisconsórcio entre os credores, de forma que a sua soma ultrapasse 40 salário, dando
azo ao ajuizamento da ação de falência. § 1o Credores podem reunir-se em
litisconsórcio a fim de perfazer o limite mínimo para o pedido de falência com base no
inciso I do caput deste artigo.
OBS. O credor cujo título não esteja vencido desde que fundamente seu pedido em ato
de falência, impontualidade injustificada ou execução frustrada de crédito de outrem –
SIM. O seu crédito não precisa estar vencido.
A atual exigência do piso de 40 salários-mínimos deixa patente a tentativa de,
incorporando o entendimento jurisprudencial acima destacado, desestimular o uso da ação de
falência como meio de cobrança.
A lei permite que os credores se reúnam para somar seus créditos, a fim de que a soma
ultrapasse o piso legal art. 94, § 1º.
II. Execução frustrada
O devedor está sendo executado e:
 Não paga
 Não deposita
 Não há no processo bens suficientes à penhora.
Se o pedido for lastreado na chamada execução frustrada, a Lei determina no art. 94
que “o pedido de falência será instruído com certidão expedida pelo juízo em que se processa
a execução.”

III. Atos de falência


Se o pedido for formulado com base na prática dos atos de falência, o § 5º do art. 94
determina que “o pedido de falência descreverá os fatos que a caracterizam, juntando-se as
provas que houver e especificando-se as que serão produzidas”.
São comportamentos que estão expressamente previstos na lei. Se o devedor pratica
um desses atos, há a presunção de que ele está em insolvência. Vamos ver alguns deles
a) procede à liquidação precipitada de seus ativos ou lança mão de meio ruinoso ou
fraudulento para realizar pagamentos;
Quando o empresário se desfaz dos seus bens sem reposição. É difícil fazer prova.

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b) realiza ou, por atos inequívocos, tenta realizar, com o objetivo de retardar pagamentos
ou fraudar credores, negócio simulado ou alienação de parte ou da totalidade de seu ativo a
terceiro, credor ou não;

c) transfere estabelecimento a terceiro, credor ou não, sem o consentimento de todos os


credores e sem ficar com bens suficientes para solver seu passivo;

d) simula a transferência de seu principal estabelecimento com o objetivo de burlar a


legislação ou a fiscalização ou para prejudicar credor;

e) dá ou reforça garantia a credor por dívida contraída anteriormente sem ficar com bens
livres e desembaraçados suficientes para saldar seu passivo;

f) ausenta-se sem deixar representante habilitado e com recursos suficientes para pagar
os credores, abandona estabelecimento ou tenta ocultar-se de seu domicílio, do local de sua
sede ou de seu principal estabelecimento;

g) deixa de cumprir, no prazo estabelecido, obrigação assumida no plano de recuperação


judicial.
Na recuperação judicial, após a sentença que institui o plano de recuperação, o juiz deve
acompanhar esse plano por 2 anos (o plano pode ter prazo superior, desde que os credores
concordem com isso). Caso ocorra o descumprimento da obrigação, dentro deste prazo de 2
anos, o credor não precisa ajuizar ação de falência: o próprio juiz da recuperação judicial, a
pedido, deverá converter a recuperação em falência (convolação). Art. 61. Proferida a decisão

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prevista no art. 58 desta Lei, o devedor permanecerá em recuperação judicial até que se
cumpram todas as obrigações previstas no plano que se vencerem até 2 (dois) anos depois da
concessão da recuperação judicial. Se for após os dois anos, resta ao credor ajuizar a ação de
falência.

8. Defesa do requerido
a) Apresentação de contestação
Prazo de 10 dias - CUIDADO – cai muito. Nao confunda com o precesso civil – 15 dias.
Ele pode alegar a prescriçao do título, a nulidade da obrigação, falsidade do título,
ausência de protesto, pagamento do título. OBS. Pode alegar a cessação das atividades por
mais de dois anos antes do pedido de falência.

b) Depósito elisivo

Uma vez feito o depósito elisivo pelo devedor, o juiz estará impedido de decretar a
falência. Se eu paguei não sou insolvente. O depósito deve ser feito dentro do prazo de
contestação. Qual o valor do depósito? Valor principal + juros + correção + honorários
advocatícios. (na citação de falência, o juiz já arbitra o valor dos honorários).
Cabimento : Art. 98. Citado, o devedor poderá apresentar contestação no prazo de 10
(dez) dias. Parágrafo único. Nos pedidos baseados nos incisos I e II do caput do art. 94 desta
Lei, o devedor poderá, no prazo da contestação, depositar o valor correspondente ao total do
crédito, acrescido de correção monetária, juros e honorários advocatícios, hipótese em que a
falência não será decretada e, caso julgado procedente o pedido de falência, o juiz ordenará o
levantamento do valor pelo autor.
 Lei: casos dos incisos I e II. Pela literalidade da LRE não cabe elisão da falência nos
casos dos atos de falência descritos no inciso III do art. 94 da Lei.
 Doutrina e jurisprudência: também cabe no caso do inciso III, em homenagem ao
princípio da preservação da empresa.

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c) Contestação + depósito elisivo
d) Pleitear recuperação judicial Dispõe o art. 95 que, dentro do prazo de contestação, o
devedor pode pedir a recuperação judicial, que suspenderá o processo de falência.
Atente: só será possível o pedido de recuperação judicial no prazo de contestação. Uma
vez decretada a falência, não se pode mais fazê-lo.
Pergunta-se: esse pedido de recuperação judicial, realizado pelo devedor, é semelhante
à antiga concordata preventiva? NÃO. A concordata, que hoje não existe mais, era dividida em
preventiva ou suspensiva:
Concordata preventiva Concordata suspensiva
Era concedida depois dessa
Era pleiteada antes da sentença
sentença, suspendendo-se a falência já
declaratória de falência.
decretada.
No atual pedido de recuperação judicial, apesar de haver a suspensão do processo,
ainda não há falência decretada, o que afasta qualquer semelhança com a antiga concordata
suspensiva.

9. Sentença de falência – pressuposto formal


Pode ser:
 Procedente – declaratória da falência.
Agravo de instrumento por:
- devedor
- MP
- credor
A sentença declaratória de falência antecede a sentença de encerramento, que
comporta apelação.
Tal sentença é o ato inicial do processo falimentar, uma vez que, como já visto, o
procedimento que vai do pedido de quebra até a sua efetiva decretação é denominado de pré-
falimentar.
Quando o juiz decreta a falência, dispõe o art. 102 que o empresário não pode mais
exercer a atividade empresarial. Somente por meio da sentença de extinção das obrigações do
falido é que o empresário estará novamente habilitado para o exercício da atividade
empresarial.
 Improcedente – denegatória da falência:
Apelação por:
- credor

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- devedor? Obs. Prova oral da Magistratura/SP. O devedor tem interesse no recurso de
apelação? SIM, quando se tratar de autofalência.
Em caso de sentença denegatória, pode a mesma se basear em dois fundamentos:
improcedência do pedido ou realização do depósito elisivo.
Se o pedido for julgado improcedente e houver dolo do autor que requereu
indevidamente a falência, caberá indenização ao devedor, na mesma sentença (art. 101). A
exigência de caução ao credor estrangeiro serve para garantir essa eventual indenização.
No caso do depósito elisivo, a sentença denegatória, apesar de não decretar a falência,
representará a vitória do autor e a sucumbência do devedor, devendo o devedor arcar com os
ônus sucumbenciais. é sentença de procedência, mas que não declara a falência em razão do
depósito.
Recursos – art. 100 da Lei 11.101/05. Os prazos são os mesmos do CPC. Quando ela
quer diferenciar o prazo (ex. 10 dias para contestação) ela fala. Art. 100. Da decisão que
decreta a falência cabe agravo, e da sentença que julga a improcedência do pedido cabe
apelação.

10. Sentença declaratória


10.1. Natureza Jurídica
A sentença declaratória de falência tem natureza predominantemente constitutiva, afinal,
a partir da decretação da quebra, incidirá o regime falimentar sobre o devedor, colocando-o em
situação jurídica diversa da anterior, tendo como efeitos, dentre outros, o afastamento da
administração dos bens, o vencimento antecipado da dívida, a constituição da massa falida e a
nomeação do administrador judicial.
ATENÇÃO: Na prova de direito empresarial a natureza da sentença declaratória é
constitutiva.

10.2. Requisitos
I. O juiz ordena ao falido para que este apresente uma relação de credores, no prazo de
05 dias, sob pena de crime de desobediência.
II. Explicitar o prazo para habilitação de crédito;
III. Nomeação do administrador judicial (auxilia o juiz na administração da falência e é
representante legal da massa falida); O art. 22 traz uma série de obrigações do administrador
judicial.

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Obs1. O administrador judicial tem que ser advogado? Não, a lei fala apenas que é
uma preferência. Ele será preferencialmente: a) Advogado; b) Economista; c) Administrador de
empresas; d) Contador ou; e) Pessoa jurídica especializada.
Obs2. Não é qualquer pessoa jurídica. Tem que ser especializada.
CAI DIREITO EM PROVA. Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo,
preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa
jurídica especializada.
Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á,
no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do
processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem
autorização do juiz.
Obs3. Art. 22, §2º, D – apesar de doutrina considerar a existência de uma violação de
correspondência, a CESPE já cobrou diversas vezes a letra da lei. Art. 22. Ao administrador
judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei
lhe impõe: I – na recuperação judicial e na falência: d) exigir dos credores, do devedor ou seus
administradores quaisquer informações;
A legislação anterior chamava de síndico.
Representante legal da massa falida, considerado funcionário público para fins penais.
A remuneração do administrador judicial e dos seus auxiliares é considerada crédito
extraconcursal, segundo o disposto no art. 84, inciso I, da Lei 11.101/2005. Art. 24. O juiz fixará
o valor e a forma de pagamento da remuneração do administrador judicial, observados a
capacidade de pagamento do devedor, o grau de complexidade do trabalho e os valores
praticados no mercado para o desempenho de atividades semelhantes. § 1 o Em qualquer
hipótese, o total pago ao administrador judicial não excederá 5% (cinco por cento) do valor
devido aos credores submetidos à recuperação judicial ou do valor de venda dos bens na
falência. § 2o Será reservado 40% (quarenta por cento) do montante devido ao administrador
judicial para pagamento após atendimento do previsto nos arts. 154 e 155 desta Lei.
(PRESTAÇÃO DE CONTAS).
Pagamento – 60% antes e 40% depois da prestação de contas.
IV. Lacração do estabelecimento ou continuação provisória.
Essa última solução privilegia os credores.
V. Determinar a intimação do MP. – art. 99, XIII.

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Ou seja, o MP só toma conhecimento da falência a partir da sentença declaratória (STJ).
Ele só atua na fase falimentar, que vai da sentença declaratória de falência a sentença de
encerramento. A lei não impede a atuação do MP na fase pré – falimentar, seja a título de
custos legis, seja para apurar crime falimentar.

XIII – ordenará a intimação do Ministério Público e a comunicação por carta às


Fazendas Públicas Federal e de todos os Estados e Municípios em que o devedor tiver
estabelecimento, para que tomem conhecimento da falência.
A nova legislação falimentar reduziu sobremaneira a atuação do Ministério Público no
processo falimentar, restringindo-a aos casos em que a lei expressamente determinar a sua
participação, como nos casos em que há indícios de responsabilidade penal do devedor (art.
22, § 4º) e em que for determinada a alienação de bens do devedor (art. 142, § 7º).
O autor André Santa Cruz e Fábio Ulhoa Coelho defendem esta participação mínima.
A matéria, contudo, é polêmica, podendo haver, inclusive, questionamento acerca da
inconstitucionalidade desta participação mínima em face do art. 129 da CF.

VI. Fixação do termo legal de falência

É chamado de período suspeito ou cinzento, pois antecede a falência. É um lapso


temporal. Os atos praticados dentro desse intervalo de tempo, serão investigados, por meio de
uma auditoria. E se, por acaso, o devedor praticar atos expressamente previstos no art. 129
(são as hipóteses de ação revocatória) da Lei, o juiz irá a declarar a ineficácia desses atos.
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante
conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste
fraudar credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal,
por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por
qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato;

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III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo
legal, tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem
objeto de outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da
hipoteca revogada;
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da
falência;
V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da
falência;
VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso
ou o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor
bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver
oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do
registro de títulos e documentos;
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por
título oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da
falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.
Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em
defesa ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.
Esse termo legal não pode retrotrair por mais de 90 dias, ou seja, conta no máximo 90
dias para trás. Mas conta a partir de quando?
 Data do primeiro protesto ou
Não necessariamente a do protesto do título que embasa a falência, mas a do primeiro
protesto feito contra o devedor.
(quando o pedido de falência é com base no art. 94, I – impontualidade injustificada);
 Data do pedido de falência ou
(quando o pedido é com base no art. 94, II ou III – execução frustrada e atos de
falência);
É possível que um ato fraudulento seja praticado fora do termo legal. Neste caso, o ato
poderá ser revogado por meio do ajuizamento de ação revocatória, proposta no juízo
falimentar, provando-se a intenção fraudulenta. Poderão ajuizar ação revocatória: administrador
judicial, qualquer credor e membro do MP. O prazo para seu ajuizamento é de 3 anos, contado
da decretação da falência.
 Data do pedido de recuperação judicial – no caso de haver convolação desse pedido em
falência.

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Caso haja a fixação equivocada do prazo pelo magistrado (ex.: a partir do primeiro
protesto), é possível a interposição de agravo de instrumento contra a sentença declaratória.
VIII. Decretação de prisão preventiva

IX. Comitê de credores – opção do juiz

10.3. Efeitos da sentença declaratória em relação ao falido

a) Art. 102 – inabilitação para a atividade empresarial


Inicia com a sentença declaratória e termina com a sentença de extinção das obrigações
do falido – art. 158. CUIDADO não é a sentença de encerramento. São diferentes.

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Art. 102. O falido fica inabilitado para exercer qualquer atividade empresarial a partir da
decretação da falência e até a sentença que extingue suas obrigações, respeitado o disposto
no § 1o do art. 181 desta Lei.
Parágrafo único. Findo o período de inabilitação, o falido poderá requerer ao juiz da
falência que proceda à respectiva anotação em seu registro.
b) Art. 103 – perde a disponibilidade dos bens
c) Art. 1044 CC – dissolução da sociedade
Dissolução da sociedade. Haverá o encerramento da atividade empresarial e a
consequente liquidação do patrimônio social para o posterior pagamento dos credores.
Obs. o STJ admite a desconsideração da personalidade jurídica da empresa no
processo de falência. Admite também a desconsideração da personalidade do grupo
econômico.
d) Art. 81 – falência dos sócios – no caso de sociedade em comum, em nome coletivo,
em comandita simples (só para o sócio comanditário), ou seja, as sociedades de
responsabilidade ilimitada.
Pode ocorrer a falência dos sócios:
- limitada
- ilimitada
- desconsideração
Entende o STJ que, quando a sociedade não faz a sua baixa regular na junta
comercial, ela se torna irregular e, neste caso, a responsabilidade do sócio passa a ser
ilimitada (o juiz declara a falência dos sócios também).
Art. 81. A decisão que decreta a falência da sociedade com sócios ilimitadamente
responsáveis também acarreta a falência destes, que ficam sujeitos aos mesmos efeitos
jurídicos produzidos em relação à sociedade falida e, por isso, deverão ser citados para
apresentar contestação, se assim o desejarem.
§ 1o O disposto no caput deste artigo aplica-se ao sócio que tenha se retirado
voluntariamente ou que tenha sido excluído da sociedade, há menos de 2 (dois) anos, quanto
às dívidas existentes na data do arquivamento da alteração do contrato, no caso de não terem
sido solvidas até a data da decretação da falência.

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o
§ 2 As sociedades falidas serão representadas na falência por seus administradores ou
liquidantes, os quais terão os mesmos direitos e, sob as mesmas penas, ficarão sujeitos às
obrigações que cabem ao falido.
 Sociedade limitada: a sentença declaratória só atinge a sociedade, pois os sócios não
respondem com seu patrimônio pessoal. A falência é da pessoa jurídica e não do sócio,
de modo que ele pode ser sócio de outra empresa. Só há impedimento de ser
administrador novamente, se ele era e houve a falência.
 Sociedade ilimitada: o sócio responderá com seu patrimônio pessoal por dívidas da
sociedade. Os bens dos sócios também serão arrecadados no processo falimentar.
Os bens atingidos pela instauração da execução concursal, em princípio, são os bens da
sociedade, e não os dos sócios que a integram. Ainda que se trate de sociedade cuja
responsabilidade dos sócios é limitada, eles podem vir a ter seu patrimônio pessoal atingido,
conforme previsto no art. 82 da Lei 11.101/2005.
Obs. responsabilidade pessoal dos sócios que respondem de forma limitada.

e) art. 195 – extinção da concessão na forma da lei

Quando o juiz determina a falência de uma concessionária, automaticamente (ex lege)


há a extinção do contrato. Não depende de nada, nem de manifestação do MP, nem do
administrador judicial, etc. PEGADINHAS em prova trazem alternativas erradas com essas
exigências.
É efeito específico da falência a arrecadação de todos os bens do devedor, com
exceção dos absolutamente impenhoráveis (art. 108, § 4º).

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10.4. Efeitos da sentença declaratória em relação aos credores
a) constituição da massa falida
A massa falida é a reunião de bens e credores do falido. Só há massa falida após a
decretação da falência. A reunião dos credores forma a denominada massa falida subjetiva
(corpus creditorum).

b) Vencimento antecipado de toda dívida do falido


Para que todos os credores possam participar do procedimento, fazendo as suas
respectivas habilitações de créditos. Art. 77. A decretação da falência determina o vencimento
antecipado das dívidas do devedor e dos sócios ilimitada e solidariamente responsáveis, com o
abatimento proporcional dos juros, e converte todos os créditos em moeda estrangeira para a
moeda do País, pelo câmbio do dia da decisão judicial, para todos os efeitos desta Lei.

Efeitos da falência quanto às obrigações do falido

Art. 115. A decretação da falência sujeita todos os credores, que somente poderão
exercer os seus direitos sobre os bens do falido e do sócio ilimitadamente responsável na
forma que esta Lei prescrever.

Art. 116. A decretação da falência suspende:


I – o exercício do direito de retenção sobre os bens sujeitos à arrecadação, os
quais deverão ser entregues ao administrador judicial;
II – o exercício do direito de retirada ou de recebimento do valor de suas quotas ou
ações, por parte dos sócios da sociedade falida.
c) Suspensão da fluência de juros (art. 124)
Tantos os juros legais quanto contratuais.
Art. 124. Contra a massa falida não são exigíveis juros vencidos após a decretação da
falência, previstos em lei ou em contrato, se o ativo apurado não bastar para o pagamento dos
credores subordinados.

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Parágrafo único. Excetuam-se desta disposição os juros das debêntures e dos créditos
com garantia real, mas por eles responde, exclusivamente, o produto dos bens que constituem
a garantia.
d) Suspensão do curso da prescrição das obrigações do falido.
e) Suspensão de todas as ações/execução contra o falido
A falência foi decretada em Maceió. Há execução em BH, cobrança em Londrina e
monitória em Mossoró. Esses credores irão receber por meio da ação de falência,
suspendendo as ações e execuções.
Por isso falamos que o juízo de falência é um juízo universal, pois atrai todas as ações e
execuções que envolvem bens, interesses e negócios do falido.
(a) Juízo universal O juízo da falência é dotado da chamada vis attractiva: ele atrai
para si todas as ações e execuções envolvendo interesses do falido.
Exceções ao juízo universal:
 Ações trabalhistas
Obs. quando chegar o momento da execução vai para o juízo falimentar.
Cabe a própria justiça trabalhista processar e julgar a ação, até que seja definido e
liquidado o respectivo crédito. Somente então se deve submeter a execução desse
crédito ao juízo falimentar
 Execuções fiscais
Já que o art. 187 do CTN afirma que a Fazenda não se sujeita a nenhum tipo de
concurso de credores.

Obs. quando encontrar o valor da execução vai para o juízo falimentar.


 Falido como autor ou litisconsorte ativo em causas não tratadas pela lei de falência.
Ações não reguladas pela Lei de Falências de que seja autora ou litisconsorte ativa a
massa falida;
 Ações que demandam quantia ilíquida até que seja definitivamente apurado, estando a
massa falida no polo ativo ou passivo.
Ex. ação de dano moral
 Ações em que a União ou algum ente público federal sejam partes ou interessados. –
continua na JF.
obs.

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Art. 76. O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações
sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e
aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.
Parágrafo único. Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão
prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a
massa falida, sob pena de nulidade do processo.

- O tratamento dado às execuções com atos de constrição já realizados


A antiga legislação falimentar continha regra específica sobre o assunto. Em seu art. 24,
§ 1º, dispunha que “as ações ou execuções individuais dos credores, sob direitos e interesses
relativos à massa falida, inclusive as dos credores particulares de sócio solidário da sociedade
falida, ficam suspensas, desde que seja declarada a falência até o seu encerramento. §1º -
Achando-se os bens já em praça, com dia definitivo para arrematação, fixado por editais, far-
se-á esta, entrando o produto para a massa. Se, porém, os bens já tiverem sido arrematados
ao tempo da declaração da falência, somente entrará para a massa a sobra, depois de pago o
exeqüente.” O STJ seguia a disposição legal.
A atual legislação, todavia, não contém regra específica. O autor André Luiz Santa Cruz
Ramos entende que deve se manter a mesma orientação da legislação anterior. Corroborando
o seu entendimento, cita acórdão do STJ (CC 563407/PR, DJ 08.02.2006), proferido já na
vigência da nova lei.

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10.5. Efeitos em relação aos contratos do falido

Art. 117 – o administrador judicial prosseguimento do contrato. Ex. falência da franquia.


Os franqueados podem continuar e os royalties vão sendo usados para pagar as dívidas.
Art. 117. Os contratos bilaterais não se resolvem pela falência e podem ser cumpridos
pelo administrador judicial se o cumprimento reduzir ou evitar o aumento do passivo da massa
falida ou for necessário à manutenção e preservação de seus ativos, mediante autorização do
Comitê.
§ 1o O contratante pode interpelar o administrador judicial, no prazo de até 90 (noventa)
dias, contado da assinatura do termo de sua nomeação, para que, dentro de 10 (dez) dias,
declare se cumpre ou não o contrato.
§ 2o A declaração negativa ou o silêncio do administrador judicial confere ao contraente o
direito à indenização, cujo valor, apurado em processo ordinário, constituirá crédito
quirografário.

Ao contrário do que se possa imaginar, os contratos do devedor falido não se extinguem


de pleno direito em razão da decretação da falência.
Contudo, para Fábio Ulhoa Coelho, o dispositivo sob comento somente se refere aos
contratos bilaterais que não tiveram sua execução iniciada por qualquer das partes. Se a
execução do contrato já foi iniciada, não poderá ser resolvido o contrato, não se aplicando a
regra do art. 117.

As regras dos arts. 117 e 118 são excepcionadas quando o contrato possuir a chamada
cláusula de resolução por falência.
Obs. Observações especiais a determinados contratos.
Art. 119. Nas relações contratuais a seguir mencionadas prevalecerão as seguintes
regras:
I – o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas ao devedor e ainda em
trânsito, se o comprador, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude, à
vista das faturas e conhecimentos de transporte, entregues ou remetidos pelo vendedor;

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II – se o devedor vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver não


continuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da massa falida as
coisas já recebidas, pedindo perdas e danos;

III – não tendo o devedor entregue coisa móvel ou prestado serviço que vendera ou
contratara a prestações, e resolvendo o administrador judicial não executar o contrato, o crédito
relativo ao valor pago será habilitado na classe própria;

IV – o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa móvel comprada pelo


devedor com reserva de domínio do vendedor se resolver não continuar a execução do
contrato, exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores pagos;

V – tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou mercado, e


não se executando o contrato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-
á a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa ou
mercado;

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VI – na promessa de compra e venda de imóveis, aplicar-se-á a legislação respectiva;

VII – a falência do locador não resolve o contrato de locação e, na falência do locatário, o


administrador judicial pode, a qualquer tempo, denunciar o contrato;

VIII – caso haja acordo para compensação e liquidação de obrigações no âmbito do


sistema financeiro nacional, nos termos da legislação vigente, a parte não falida poderá
considerar o contrato vencido antecipadamente, hipótese em que será liquidado na forma
estabelecida em regulamento, admitindo-se a compensação de eventual crédito que venha a
ser apurado em favor do falido com créditos detidos pelo contratante;

IX – os patrimônios de afetação, constituídos para cumprimento de destinação específica,


obedecerão ao disposto na legislação respectiva, permanecendo seus bens, direitos e
obrigações separados dos do falido até o advento do respectivo termo ou até o cumprimento

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de sua finalidade, ocasião em que o administrador judicial arrecadará o saldo a favor da massa
falida ou inscreverá na classe própria o crédito que contra ela remanescer.
Art. 120. O mandato conferido pelo devedor, antes da falência, para a realização de negócios,
cessará seus efeitos com a decretação da falência, cabendo ao mandatário prestar contas de
sua gestão.

§ 1o O mandato conferido para representação judicial do devedor continua em vigor até


que seja expressamente revogado pelo administrador judicial.
§ 2o Para o falido, cessa o mandato ou comissão que houver recebido antes da falência,
salvo os que versem sobre matéria estranha à atividade empresarial.
Art. 121. As contas correntes com o devedor consideram-se encerradas no momento de
decretação da falência, verificando-se o respectivo saldo.

11. Arrecadação dos bens do falido

Artigos importantes – citados no livro


Art. 111. O juiz poderá autorizar os credores, de forma individual ou coletiva, em razão dos
custos e no interesse da massa falida, a adquirir ou adjudicar, de imediato, os bens
arrecadados, pelo valor da avaliação, atendida a regra de classificação e preferência entre
eles, ouvido o Comitê.
Art. 112. Os bens arrecadados poderão ser removidos, desde que haja necessidade de
sua melhor guarda e conservação, hipótese em que permanecerão em depósito sob
responsabilidade do administrador judicial, mediante compromisso.
Art. 113. Os bens perecíveis, deterioráveis, sujeitos à considerável desvalorização ou que
sejam de conservação arriscada ou dispendiosa, poderão ser vendidos antecipadamente, após
a arrecadação e a avaliação, mediante autorização judicial, ouvidos o Comitê e o falido no
prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
Art. 114. O administrador judicial poderá alugar ou celebrar outro contrato referente aos
bens da massa falida, com o objetivo de produzir renda para a massa falida, mediante
autorização do Comitê.

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31
o
§ 1 O contrato disposto no caput deste artigo não gera direito de preferência na compra e
não pode importar disposição total ou parcial dos bens.
§ 2o O bem objeto da contratação poderá ser alienado a qualquer tempo,
independentemente do prazo contratado, rescindindo-se, sem direito a multa, o contrato
realizado, salvo se houver anuência do adquirente.

A) Arrecadação
Uma vez nomeado, o administrador judicial fará a arrecadação de todos os bens que
estão na posse do falido. Segundo previsão do art. 85 da Lei de Falências, o proprietário de
bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em poder do devedor na data da
decretação da falência poderá pedir sua restituição (pedido de restituição, que consiste em
uma ação). Caso este bem já tenha sido alienado, o credor terá a restituição em dinheiro.
A arrecadação os bens será formalizada através da lavratura do auto de arrecadação
(art. 110), o qual será composto do inventário e do laudo de avaliação dos bens.
Art. 85. O proprietário de bem arrecadado no processo de falência ou que se encontre em
poder do devedor na data da decretação da falência poderá pedir sua restituição.
Parágrafo único. Também pode ser pedida a restituição de coisa vendida a crédito e
entregue ao devedor nos 15 (quinze) dias anteriores ao requerimento de sua falência, se ainda
não alienada.
Sentença declaratória – 5 dias para relação de credores – edital com a sentença +
relação de credores – verificação dos credores e a arrecadação dos bens + venda para pagar
os credores verificados.
Quando o juiz decreta a falência, ele faz a nomeação do administrador judicial. Esse
administrador vai providenciar a arrecadação de todos os bens que estão na posse do falido. O
procedimento de arrecadação abrange tanto os bens de propriedade do devedor falido quanto
os bens que apenas se encontram na sua posse. Sendo assim, pode ser que a arrecadação
atinja bens de terceiros.
Obs. se o administrador judicial arrecadar bem de outrem caberá o pedido de restituição
(não há que se falar em embargos de terceiro ou habilitação de credor). É uma ação de rito
ordinário que vai ser ajuizada no processo de falência, objetivando a devolução do bem. Ex.
decretou a falência da pizzaria. Tem um freezer da coca cola. Esse freezer é dado em
comodato. Se o juiz julga a ação procedente, vai determinar a entrega da coisa no prazo de 48
horas.
Hipóteses:
- coisa é de terceiro

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- coisa foi vendida a crédito ao falido 15 dias antes do requerimento de falência
- adiantamento de contrato de câmbio para exportação

Exceção: SÚMULA 307 do STJ - A restituição de adiantamento de contrato de câmbio,


na falência, deve ser atendida antes de qualquer crédito.
- valores entregues de boa fé em contrato revogado ou considerado ineficaz – em
dinheiro
Restituição em dinheiro? Súmula 417 do STF autoriza a restituição em dinheiro, quando
a coisa foi vendida ou deteriorada ou quando a coisa a ser restituída for dinheiro.

obs. INSSS. Empresa recolheu INSS do funcionário. Ela estava em posse de um valor
que não era da empresa. Esse valor é do INSS, que pede a restituição do dinheiro. A
restituição em dinheiro é diferente da restituição em coisa, pois ocorrerá junto do pagamento
dos demais credores.
Por outro lado, no que tange aos valores relativos à contribuição social, devidos pelo
falido a título de contribuinte, deverá o INSS proceder da forma ordinária (execução fiscal).
Obs. Valores de correntistas de instituições financeiras que eventualmente tenham a sua
falência decretada Entende o STJ (AgRg no REsp 509467/MG e REsp 492956) que os valores

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existentes em contas correntes administradas por instituição financeira que tenha a sua
falência decretada não podem ser restituídos, uma vez que, com o depósito destes valores,
ocorre a transferência da sua titularidade à instituição bancária, ficando o correntista apenas
com o direito ao crédito correspondente. Assim, no caso de falência, deverão tais correntistas
requerer habilitação de seu crédito, na classe de credores quirografários.
Procedimento do pedido de restituição – artigos citados pelo livro
Art. 87. O pedido de restituição deverá ser fundamentado e descreverá a coisa reclamada.
§ 1o O juiz mandará autuar em separado o requerimento com os documentos que o
instruírem e determinará a intimação do falido, do Comitê, dos credores e do administrador
judicial para que, no prazo sucessivo de 5 (cinco) dias, se manifestem, valendo como
contestação a manifestação contrária à restituição.
§ 2o Contestado o pedido e deferidas as provas porventura requeridas, o juiz designará
audiência de instrução e julgamento, se necessária.
§ 3o Não havendo provas a realizar, os autos serão conclusos para sentença.
Art. 88. A sentença que reconhecer o direito do requerente determinará a entrega da coisa
no prazo de 48 (quarenta e oito) horas.
Parágrafo único. Caso não haja contestação, a massa não será condenada ao pagamento
de honorários advocatícios.

Art. 89. A sentença que negar a restituição, quando for o caso, incluirá o requerente no
quadro-geral de credores, na classificação que lhe couber, na forma desta Lei.
Art. 90. Da sentença que julgar o pedido de restituição caberá apelação sem efeito
suspensivo.
Parágrafo único. O autor do pedido de restituição que pretender receber o bem ou a
quantia reclamada antes do trânsito em julgado da sentença prestará caução.
Art. 91. O pedido de restituição suspende a disponibilidade da coisa até o trânsito em
julgado.
Parágrafo único. Quando diversos requerentes houverem de ser satisfeitos em dinheiro e
não existir saldo suficiente para o pagamento integral, far-se-á rateio proporcional entre eles.

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Art. 92. O requerente que tiver obtido êxito no seu pedido ressarcirá a massa falida ou a
quem tiver suportado as despesas de conservação da coisa reclamada.
Art. 93. Nos casos em que não couber pedido de restituição, fica resguardado o direito dos
credores de propor embargos de terceiros, observada a legislação processual civil.

B) Avaliação dos bens


O objetivo é fazer a venda desses bens. Antes de falar da venda, temos que tratar de
mais uma regra de arrecadação de bens.

12. Medidas para reintegrar bens que não estão com o falido

- Ineficácia versus nulidade


Os atos referidos pela Lei de Falências como ineficazes diante da massa falida
produzem, amplamente, todos os efeitos em relação aos demais sujeitos de direito.
A consequência que a Lei atribui, tanto para os atos do art. 129 (atos objetivamente
ineficazes) como para os atos do art. 130 (atos subjetivamente ineficazes) é a ineficácia
perante a massa, ou seja, trata-se de atos válidos, mas que não produzem nenhum efeito
jurídico perante a massa.

a) Casos de ineficácia objetiva - Art. 129


Não há a apuração da intenção do devedor. O juiz não quer saber se ele tinha intenção
de fraudar os credores. Não precisa fazer prova sobre a intenção dele, por isso o juiz pode,
inclusive, declarar essa eficácia DE OFÍCIO – CAI DIRETO.
Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o contratante
conhecimento do estado de crise econômico-financeira do devedor, seja ou não intenção deste
fraudar credores:
I – o pagamento de dívidas não vencidas realizado pelo devedor dentro do termo legal,
por qualquer meio extintivo do direito de crédito, ainda que pelo desconto do próprio título;
II – o pagamento de dívidas vencidas e exigíveis realizado dentro do termo legal, por
qualquer forma que não seja a prevista pelo contrato; Ex. dou um carro em pagamento já que
estou sem dinheiro
III – a constituição de direito real de garantia, inclusive a retenção, dentro do termo legal,
tratando-se de dívida contraída anteriormente; se os bens dados em hipoteca forem objeto de
outras posteriores, a massa falida receberá a parte que devia caber ao credor da hipoteca

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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revogada; ex. instituir uma hipoteca no meio do caminho. Não estava no início do contrato.
Quis favorecer aquele credor para ele receber primeiro.
IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da decretação da
falência; não se leva mais em contra o termo legal. Aqui há um período determinado.

V – a renúncia à herança ou a legado, até 2 (dois) anos antes da decretação da falência;


VI – a venda ou transferência de estabelecimento feita sem o consentimento expresso ou
o pagamento de todos os credores, a esse tempo existentes, não tendo restado ao devedor
bens suficientes para solver o seu passivo, salvo se, no prazo de 30 (trinta) dias, não houver
oposição dos credores, após serem devidamente notificados, judicialmente ou pelo oficial do
registro de títulos e documentos;
VII – os registros de direitos reais e de transferência de propriedade entre vivos, por título
oneroso ou gratuito, ou a averbação relativa a imóveis realizados após a decretação da
falência, salvo se tiver havido prenotação anterior.

Parágrafo único. A ineficácia poderá ser declarada de ofício pelo juiz, alegada em defesa
ou pleiteada mediante ação própria ou incidentalmente no curso do processo.
Art. 131. Nenhum dos atos referidos nos incisos I a III e VI do art. 129 desta Lei que
tenham sido previstos e realizados na forma definida no plano de recuperação judicial será
declarado ineficaz ou revogado.
b) Casos de ineficácia subjetiva - Art. 130
Aqui vou apurar a intenção do devedor. Tenho que provar que houve conluio fraudulento
e que causou dano para a massa falida.
São todas as hipóteses que não se enquadram naquelas do art. 129. Residual.
Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de prejudicar credores,
provando-se o conluio fraudulento entre o devedor e o terceiro que com ele contratar e o
efetivo prejuízo sofrido pela massa falida.

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36
Não obstante a Lei repita o erro do diploma anterior, falando em atos revogáveis, a
verdade é que a expressão não é técnica. De fato, não se trata de revogação, mas apenas de
reconhecimento da ineficácia do ato perante a massa.

Obs. Ação revocatória – para que esses bens (ineficácia subjetiva) incorporem o ativo do
falido, deve ser ajuizada ação revocatória. Busca a recomposição patrimonial daquele falido.
Não há revocatória na ineficácia objetiva. Pleiteada incidentalmente.

Assim, observa-se que a ação revocatória está hoje adstrita às hipóteses de ineficácia
subjetiva.
 Rito ordinário
 Prazo de três anos da decretação da falência.
 Autor
-Qualquer credor
- Administrador judicial
Na verdade é a massa falida, sendo o administrador seu representante. No entanto, se
ele ingressar em nome próprio haverá vício formal sanável, que pode ser corrigido por
emenda da inicial STJ.
- MP – foi uma conquista do MP. Não havia essa previsão anteriormente.

Se o juiz julga a ação revocatória procedente, as partes retornarão ao estado anterior, e


o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou valores entregues ao devedor (art.
136).

Art. 136. Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes


retornarão ao estado anterior, e o contratante de boa-fé terá direito à restituição dos bens ou
valores entregues ao devedor.
§ 1o Na hipótese de securitização de créditos do devedor, não será declarada a
ineficácia ou revogado o ato de cessão em prejuízo dos direitos dos portadores de valores
mobiliários emitidos pelo securitizador.
§ 2o É garantido ao terceiro de boa-fé, a qualquer tempo, propor ação por perdas e danos
contra o devedor ou seus garantes.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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Art. 132. A ação revocatória, de que trata o art. 130 desta Lei, deverá ser proposta
pelo administrador judicial, por qualquer credor ou pelo Ministério Público no prazo de 3 (três)
anos contado da decretação da falência.
Art. 133. A ação revocatória pode ser promovida:
I – contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos,
garantidos ou beneficiados;
II – contra os terceiros adquirentes, se tiveram conhecimento, ao se criar o direito,
da intenção do devedor de prejudicar os credores;
III – contra os herdeiros ou legatários das pessoas indicadas nos incisos I e II do
caput deste artigo.
A revocatória corre perante o juízo universal da falência e segue o rito ordinário.
Artigos citados no Livro
Art. 135. A sentença que julgar procedente a ação revocatória determinará o retorno dos
bens à massa falida em espécie, com todos os acessórios, ou o valor de mercado, acrescidos
das perdas e danos.
Parágrafo único. Da sentença cabe apelação.
Art. 136. Reconhecida a ineficácia ou julgada procedente a ação revocatória, as partes
retornarão ao estado anterior, e o
Art. 137. O juiz poderá, a requerimento do autor da ação revocatória, ordenar, como
medida preventiva, na forma da lei processual civil, o sequestro dos bens retirados do
patrimônio do devedor que estejam em poder de terceiros.
Art. 138. O ato pode ser declarado ineficaz ou revogado, ainda que praticado com base
em decisão judicial, observado o disposto no art. 131 desta Lei.
Parágrafo único. Revogado o ato ou declarada sua ineficácia, ficará rescindida a sentença
que o motivou.

13. Realização do ativo


§ 2o A realização do ativo terá início independentemente da formação do quadro-geral
de credores.
Venda dos bens arrecadados.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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Também merece atenção o art. 140, que prevê a alienação da empresa será feita
preferencialmente com a venda de seus estabelecimento e bens em bloco. Se não for possível
venda em bloco, será realizada de maneira individual.
Art. 140. A alienação dos bens será realizada de uma das seguintes formas, observada a
seguinte ordem de preferência:
I – alienação da empresa, com a venda de seus estabelecimentos em bloco;
II – alienação da empresa, com a venda de suas filiais ou unidades produtivas
isoladamente;
III – alienação em bloco dos bens que integram cada um dos estabelecimentos do
devedor.
IV – alienação dos bens individualmente considerados

A) modalidades

 Leilão
Móvel e imóvel
 Proposta fechada
Camarada vai ao cartório e entrega envelope com sua proposta
 Pregão Art. 142

É uma modalidade híbrida de proposta com leilão. Há propostas fechadas. Os que


estiverem até 90% do valor da melhor proposta vai para leilão e lá esses negociarão. O lance
menor será o da melhor proposta.
obs. Art. 144. Havendo motivos justificados, o juiz poderá autorizar, mediante
requerimento fundamentado do administrador judicial ou do Comitê, modalidades de alienação
judicial diversas das previstas no art. 142 desta Lei. – somente o juiz pode autorizar
Art. 145. O juiz homologará qualquer outra modalidade de realização do ativo, desde que
aprovada pela assembléia-geral de credores, inclusive com a constituição de sociedade de
credores ou dos empregados do próprio devedor, com a participação, se necessária, dos atuais
sócios ou de terceiros.
ATENÇÃO - O QUE CAI EM PROVA: intimaçao pessoal do MP obrigatória para
qualquer modalidade, sob pena de NULIDADE.

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Art. 142. O juiz, ouvido o administrador judicial e atendendo à orientação do Comitê, se houver,
ordenará que se proceda à alienação do ativo em uma das seguintes modalidades:
I – leilão, por lances orais;
II – propostas fechadas;
III – pregão.
§ 1o A realização da alienação em quaisquer das modalidades de que trata este artigo
será antecedida por publicação de anúncio em jornal de ampla circulação, com 15 (quinze) dias
de antecedência, em se tratando de bens móveis, e com 30 (trinta) dias na alienação da
empresa ou de bens imóveis, facultada a divulgação por outros meios que contribuam para o
amplo conhecimento da venda.
§ 2o A alienação dar-se-á pelo maior valor oferecido, ainda que seja inferior ao valor de
avaliação.
§ 3o No leilão por lances orais, aplicam-se, no que couber, as regras da Lei no 5.869, de
11 de janeiro de 1973 - Código de Processo Civil.
Obs. Sucessão. Não tem sucessão na falência. NENHUMA. Nem mesmo trabalhista,
tributária e de acidente de trabalho. Esse dinheiro da venda vai para a massa falida e lá se fará
os pagamentos dos credores trabalhistas, fiscais, etc.
Segundo dispõe o art. 141, II, na falência, não haverá a sucessão do alienante nas
obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, trabalhistas e as decorrentes de
acidentes de trabalho. Grave: não há mais sucessão tributária ou trabalhista de bem ou
empresa adquirida em processo falimentar.
Art. 141. Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas
filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:
I – todos os credores, observada a ordem de preferência definida no art. 83 desta Lei,
sub-rogam-se no produto da realização do ativo;

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do
arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da
legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes de trabalho2.
Observe que o inciso II excepciona a regra de sucessão empresarial prevista no art.
1.146 do Código Civil, a qual estabelece que o adquirente do estabelecimento objeto de
trepasse assume o passivo contabilizado do alienante, que, por sua vez, fica solidariamente
responsável com o adquirente pelo prazo de um ano.
Por outro lado, a própria Lei de Falências, em seu art. 141, § 1º, “excepciona a sua
exceção”:
§ 1o O disposto no inciso II do caput deste artigo não se aplica quando o
arrematante for:
I – sócio da sociedade falida, ou sociedade controlada pelo falido;
II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim,
do falido ou de sócio da sociedade falida; ou
III – identificado como agente do falido com o objetivo de fraudar a sucessão.
Perceba que o aludido dispositivo tem redação parecida com a o §2º do art. 133 do CTN.

Por fim, vide a regra do art. 141, §2º:

2
O STF, no julgamento da ADI 3934/DF, rel. Min. Ricardo Lewandowski, 27.5.2009, afastou a alegada
inconstitucionalidade do referido inciso, conforme noticiado no Informativo 548: “O Tribunal, por maioria, julgou

improcedente pedido formulado em ação direta de inconstitucionalidade proposta pelo Partido Democr ático Trabalhista -

PDT contra artigos da Lei 11.101/2005. Rejeitou-se a alegação de que os artigos 60, parágrafo único, e 141, II, da lei em

questão seriam inconstitucionais por estabelecerem que o arrematante das empresas em recupera ção judicial não

responderia pelas obrigações do devedor, em especial as derivadas da legisla ção do trabalho, uma vez que o legislador, teria

optado por dar concreção a determinados valores constitucionais, quais sejam, a livre iniciativa e a fun ção social da

propriedade em detrimento de outros”.

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41
o
§ 2 Empregados do devedor contratados pelo arrematante serão admitidos mediante
novos contratos de trabalho e o arrematante não responde por obrigações decorrentes do
contrato anterior.
O que vimos?
EDITAL – ADMINISTRADOR – ARRECADAÇÃO + REVOCATÓRIA – REALIZAÇÃO DO
ATIVO – DINHEIRO – PAGAMENTO DOS CREDORES.

14. Verificação dos créditos


A sentença declaratória de falência determina que o falido apresente uma relação de
credores no prazo de cinco dias, sob pena de responder pelo crime de desobediência. O juiz
manda publicar edital com a sentença e a relação dos credores apresentada pelo falido. Em
paralelo a isso, terá a arrecadação dos bens e a venda dos bens (realização do ativo), que já
vimos.
SENTENÇA DE FALÊNCIA – 5 DIAS PARA FALIDO APRESENTAR RELAÇÃO DE
CREDORES – EDITAL COM SENTENÇA E RELAÇÃO DE CREDORES – 15 DIAS PARA
HABILITAÇÃO – 45 DIAS PARA ADMINISTRADOR ELABORAR NOVA LISTA DE
CREDORES – EDITAL COM NOVA LISTA – IMPUGNAÇÃO EM 10 DIAS (todas as partes) –
HOMOLOGAÇÃO DA LISTA.
Concomitantemente teremos a verificação dos créditos. Haverá aqui a habilitação de
crédito.
14.1. Habilitação de crédito
Prazo: 15 dias da publicação do edital contendo a sentença e a lista de credores
indicados pelo falido (art. 7, §1º).

Antes essa habilitação era direcionada ao juiz. Agora ela é encaminhada para o
administrador judicial.
A habilitação, portanto, é medida administrativa. Não necessita de advogado (independe
de capacidade postulatória). Não tem custas.
Encerrado o prazo de 15 dias, o administrador judicial terá o prazo de 45 dias para
elaborar nova relação de credores. Essa relação é chamada de relação do art. 7, §2º.
Esse novos créditos poderão ser discutidos por meio da ação de impugnação.

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42

14.2. Ação de impugnação


Rito ordinário
Prazo: 10 dias da publicação da relação do art. 7, §2º.
Legitimidade: Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público.
Só depois do trânsito em julgado da última ação de impugnação (pode chegar até no
STF) é que haverá o quadro geral de credores.
Se não houver impugnação a relação do art. 7º, §2º passa a ser o quadro geral de
credores.
O quadro geral de credores é encaminhado ao juiz homologar.

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43
A Lei 11.101/2005, ao contrário do diploma anterior, previu a “desjudicialização” dessa
matéria, nos seguintes termos:
Art. 7o A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com base
nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos documentos que lhe
forem apresentados pelos credores, podendo contar com o auxílio de profissionais ou
empresas especializadas.
Art. 8o No prazo de 10 (dez) dias, contado da publicação da relação referida no art. 7 o, §
2o, desta Lei, o Comitê, qualquer credor, o devedor ou seus sócios ou o Ministério Público
podem apresentar ao juiz impugnação contra a relação de credores, apontando a ausência de
qualquer crédito ou manifestando-se contra a legitimidade, importância ou classificação de
crédito relacionado.
É importante ressaltar que a perda do prazo para a habilitação do crédito não significa
que o credor perdeu o direito de receber seu crédito no processo falimentar. O art. 10
determina que as habilitações nesse caso sejam recebidas como retardatárias.
Após todos os incidentes acima descritos, caberá ao administrador judicial consolidar,
definitivamente, o quadro-geral de credores, que será então homologado pelo juiz (art. 18).
O referido quadro poderá ser alterado, até o encerramento do processo falimentar, por
meio de ação própria (art. 19).

14.3. Habilitação retardatária

É aquela feita após o prazo de 15 dias.


Ela é recebida como uma ação de impugnação. Aqui ela é encaminhada ao juiz, com
custas. Somente se for apresentada antes da homologação do quadro geral de credores.

Art. 10. Não observado o prazo estipulado no art. 7 o, § 1o, desta Lei, as habilitações de
crédito serão recebidas como retardatárias. § 5o As habilitações de crédito retardatárias, se
apresentadas antes da homologação do quadro-geral de credores, serão recebidas como
impugnação e processadas na forma dos arts. 13 a 15 desta Lei.

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15. Ordem de classificação dos créditos
A ordem de preferência de cada crédito vem prevista no art. 83 da Lei 11.101/2005.

É importante registrar que o pagamento destes credores somente se fará após


procedidas as devidas restituições e de pagos os créditos extraconcursais.

Ademais, antes mesmo das restituições e do pagamento dos créditos extraconcursais


deverão ser pagas as importâncias descritas nos arts. 150 e 151 da Lei.
Art. 150. As despesas cujo pagamento antecipado seja indispensável à administração
da falência, inclusive na hipótese de continuação provisória das atividades previstas no inciso
XI do caput do art. 99 desta Lei, serão pagas pelo administrador judicial com os recursos
disponíveis em caixa.
Art. 151. Os créditos trabalhistas de natureza estritamente salarial vencidos nos 3 (três)
meses anteriores à decretação da falência, até o limite de 5 (cinco) salários-mínimos por
trabalhador, serão pagos tão logo haja disponibilidade em caixa.
- créditos extraconcursais: art. 84.
São assim chamados por não se submeter ao concurso de credores. São pagos com
PRECEDÊNCIA sobre os mencionados no art. 83.
Art. 84. Serão considerados créditos extraconcursais e serão pagos com precedência
sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem a seguir, os relativos a:
I – remunerações devidas ao administrador judicial e seus auxiliares, e créditos
derivados da legislação do trabalho ou decorrentes de acidentes de trabalho relativos a
serviços prestados após a decretação da falência;
II – quantias fornecidas à massa pelos credores;
III – despesas com arrecadação, administração, realização do ativo e distribuição do seu
produto, bem como custas do processo de falência;
IV – custas judiciais relativas às ações e execuções em que a massa falida tenha sido
vencida;
V – obrigações resultantes de atos jurídicos válidos praticados durante a recuperação
judicial, nos termos do art. 67 desta Lei, ou após a decretação da falência, e tributos relativos a
fatos geradores ocorridos após a decretação da falência, respeitada a ordem estabelecida no
art. 83 desta Lei.
Consoante se afere do caput do art. 84, os créditos extraconcursais também obedecem
a uma ordem de preferência.
a) Remuneração do administrador judicial

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


45
Não se trata de remuneração trabalhista.
b) Crédito trabalhista decorrente de serviço prestado após a decretação da falência.
Aqui entra o valor de honorários do advogado que atua após a decretação da falência.
Antes – natureza alimentar – art. 83, I. STJ/2014.
c) Crédito Tributário – quando fato gerador ocorrer após a decretação da falência.
É preciso entender que os créditos extraconcursais são dívidas da massa falida, e não
do falido. Essa informação ajuda a decorar as suas hipóteses.
- Créditos concursais
a) Crédito trabalhista até 150 SM e causas de acidente de trabalho
ATENÇÃO: não há limitação de valor para os acidentes de trabalho.
Obs. aquilo que exceder 150 SM será considerado crédito quirografário. § 4o Os créditos
trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários. O trabalhador pode ceder o
crédito a terceiro – esse crédito vira quirografário.

b) Crédito com garantia real (hipoteca, penhor – geralmente de banco) até o limite do
valor do bem dado em garantia.

Ex. dívida de 1 milhão que empresa garantiu com casa de 800.000,00. Banco habilita o
crédito de um milhão, mas o que irá receber com preferência é o valor da garantia. O restante é
quirografário.
NÃO é o Tributário aqui, como ocorre normalmente.

c) Crédito Tributário
ATENÇÃO: multa tributária NÃO.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


46
A disciplina legal está em consonância com a alteração procedida pela LC nº 118/2005
no art. 186 do CTN.
d) Crédito com privilégio especial – art. 964 CC
a) os previstos no art. 964 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002;
b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária
desta Lei;
c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em
garantia;
Os créditos com privilégio especial, tal como os créditos com garantia real, possuem
uma particularidade: são créditos que não se sujeitam a rateio, ou seja, seu pagamento deve
ser feito, preferencialmente, com o produto da venda do bem sobre o qual recai o privilégio.
Ressalte-se que esta particularidade não afasta a observância irrestrita à ordem de
classificação dos créditos e somente se efetivará após a satisfação dos créditos previstos nos
incisos I, II e III do art. 83.

e) Crédito com privilégio geral – art. 965 CC


a) os previstos no art. 965 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002;

b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei – os créditos quirografários


de fornecedores que após a decretação da falência continuam a fornecimento.
c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária
desta Lei;
STJ decidiu que o crédito de honorários tem natureza alimentar, mas na hora de
classificar na falência é crédito com privilégio geral, já que isso é determinado pelo art. 24 do
Estatuto da OAB – VER NO LIVRO ATUALIZAÇÃO.
INF 540 STJ.JULHO.2014

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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f) créditos quirografários: Contratos em geral e títulos de crédito


a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;
b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens
vinculados ao seu pagamento;
c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem o
limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;
g) Multas: inclusive as tributárias
Obs. Súmula 565 – a multa fiscal moratória é pena administrativa, não se incluindo no
crédito habilitado em falência. Não se aplica mais, pois a nova lei trouxe a previsão de
pagamento da multa tributária. As multas tributárias, na lei anterior, não podiam ser cobradas
no processo falimentar, conforme entendimento jurisprudencial. Neste ponto, a Nova Lei de
Falências inovou.
H) Crédito de sócio não decorrente de vínculo empregatício – créditos subordinados.
VIII – créditos subordinados, a saber:
a) os assim previstos em lei ou em contrato;
b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício.
São credores que se enquadram nessa categoria os titulares de debêntures
subordinadas.
Os créditos subordinados titularizados pelos sócios da sociedade falida não
correspondem aos valores de suas ações ou quotas. Trata-se, por exemplo, de crédito
decorrente de um empréstimo contraído pela sociedade junto ao sócio.
Os valores correspondentes às quotas ou ações, segundo o § 2º do art. 83 da Lei
Falimentar, não são oponíveis à massa.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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16. Encerramento
 Concluída a realização do ativo e distribuído o produto entre os credores, o
administrador judicial apresentará suas contas ao juiz no prazo de 30 dias.
 Aberto Prazo de 10 dias para credores e devedores impugnarem as contas.
 Aberto prazo de 5 dias para o MP impugnar
 Se houver impugnação o Administrador Judicial será ouvido.
 Sentença julga as contas – cabe apelação
 Administrador judicial apresenta relatório final da falência, em 10 dias
 Sentença de encerramento da falência, que será publicada por edital, contra a
qual cabe apelação.
Art. 157. O prazo prescricional relativo às obrigações do falido recomeça a correr a partir
do dia em que transitar em julgado a sentença do encerramento da falência.

A extinção das obrigações do devedor falido

O encerramento da falência não significa, por si só, a extinção das obrigações do devedor
falido. A extinção de suas obrigações somente se verifica nos termos do art. 158:
Art. 158. Extingue as obrigações do falido:
I – o pagamento de todos os créditos;
II – o pagamento, depois de realizado todo o ativo, de mais de 50% (cinqüenta por
cento) dos créditos quirografários, sendo facultado ao falido o depósito da quantia necessária
para atingir essa porcentagem se para tanto não bastou a integral liquidação do ativo;
III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos, contado do encerramento da falência, se o
falido não tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei;
IV – o decurso do prazo de 10 (dez) anos, contado do encerramento da falência, se
o falido tiver sido condenado por prática de crime previsto nesta Lei.
Art. 159. Configurada qualquer das hipóteses do art. 158 desta Lei, o falido poderá
requerer ao juízo da falência que suas obrigações sejam declaradas extintas por sentença
3.9 Sentença de extinção das obrigações do falido
Somente após esta sentença, o falido estará reabilitado ao exercício da atividade
empresarial.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO


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Obs. se a falência foi iniciada sob a égide da antiga lei deve ser concluída com base na
legislação anterior.

INFORMATIVO 572 – STJ


O reconhecimento da extinção das obrigações não tributárias do falido, nos termos do art. 158
da Lei nº 11.101/2005 não depende de prova da quitação de tributos. STJ. 4ª Turma. REsp
834.932-MG, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 25/8/2015 (Info 572).
- Art. 158. Extingue as obrigações do falido: (...) III – o decurso do prazo de 5 (cinco) anos,
contado do encerramento da falência, se o falido não tiver sido condenado por prática de crime
previsto nesta Lei.
- O reconhecimento da extinção das obrigações não tributárias do falido, nos termos do art. 158
da Lei nº 11.101/2005, não depende de prova da quitação de tributos.

i
Este material foi produzido pelos coaches com base em anotações pessoais de aulas,
referências e trechos de doutrina, informativos de jurisprudência, enunciados de súmulas,
artigos de lei, anotações oriundas de questões, entre outros, além de estar em constante
processo de atualização legislativa e jurisprudencial pela equipe do Ciclos R3.

CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO

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