Você está na página 1de 3

Balanço de Poder e Grande Estratégia: condicionamentos sistêmicos sobre

a Política Externa e de Segurança dos Estados Unidos e as comissões de defesa e


orçamento do Senado

Autor: Márcio Azevedo Guimarães1

Palavras-chave: balanço de poder, grande estratégia, Estados Unidos

O presente resumo é sobre uma ampla pesquisa em andamento que trata dos
aspectos teóricos do estudo e análise do poder de agenda das Forças Armadas norte-
americanas, em especial da Força Aérea e da Marinha, em determinar o
desenvolvimento dos sistemas de armas que tornem as capacidades militares norte-
americanas eficazes para a estratégia de dissuasão sobre as grandes potências eurasiana
chinesa e russa centradas na relação entre duas dimensões interdependentes de análise: a
econômica e a política. Todavia, algumas questões relevantes emergem quando se
analisam os aspectos sistêmicos e seus efeitos sobre a política externa de uma unidade
política:
(i) Como se dá a formação ou composição dos ditos grandes interesses
estratégicos de uma grande potência como os Estados Unidos?
(ii) Como identificar estes interesses e sua natureza (política, militar ou
econômica)?
(iii) Estão tais interesses interligados? De que forma?
(iv) Sob esta linha de questionamento, quem ou quais são os atores – dentro de
uma estrutura político-institucional interna a uma sociedade política estatal – com
capacidade de decidir os fundamentos e objetivos centrais e preponderantes de uma
política externa voltada para a provisão da segurança nacional e externa do país?
O pressuposto da análise é a existência de um pacto ou acordo de elites ou
grupos dominantes ou hegemônicos com capacidade de formular, de decidir e de
implementar determinadas estratégias de inserção internacional. Dessa forma, tais
questões se vinculam ao estudo da existência e formação de consenso básico entre elites
políticas (governo do Poder Executivo e comissões de defesa e segurança nacional do
Poder Legislativo em suas duas casas: Senado e Câmara de Representantes) em um
Estado Democrático de Direito para com atores decisivos que detém o controle do
processo decisório e organizacional da agenda das instituições permanentes do serviço
público especializado no campo da defesa e da diplomacia (burocracias militar e
diplomática) e, por fim, os atores econômicos, ligados às corporações da indústria
armamentista.

OBJETIVO: A presente pesquisa tem por objetivo um esforço analítico de


natureza de ciência política que combine elementos teóricos e doutrinários dos estudos
estratégicos internacionais, centrada no estudo do sistema político, com a descrição de
estruturas institucionais centrada na elite burocracia de defesa e de sua capacidade de

1
Doutor em Ciência Política com concentração de pesquisa em Política Internacional pela UFRGS.
Advogado e professor universitário da Faculdade de Direito Dom Alberto, Sta Cruz do Sul
influenciar de forma decisiva o processo de tomada de decisão em política externa em
termos da escolha política de produção de sistemas de armas estratégicos e os efeitos de
seu emprego dissuasório para a estrutura do sistema de balanço de poder e sua relação
com a acumulação de capital.
METODOLOGIA: Análise a partir da descrição dos fatos históricos e
acontecimentos políticos entremeados da busca de interpretação com base no realismo
estrutural
RESULTADOS: Afirmar a centralidade o Complexo Militar e Industrial no
processo político de tomada de decisão em política externa de segurança e defesa.
Assim, O estudo, portanto, busca:
1 – Demonstrar a predominância do plano sistêmico internacional sobre o
processo decisório em política externa de segurança de uma unidade política estatal;
2 – Evidenciar a natureza interdependente e dual entre:
2.a) Plano Sistêmico: a estrutura política fundada na balança de poder em termos
de capacidades e sua relação de causa e efeito para com o ciclo sistêmico de
acumulação de capital.
2.b) Plano da Unidade Estatal: A preponderância da autoajuda em termos de
capacidades militares, do padrão de competitividade entre os polos de poder e a
instrumentalidade política das espécies de guerra, com ênfase na doutrina de guerra
limitada norte-americana como forma de dissuasão e o impacto da digitalização como
resposta assimétrica dos polos desafiantes eurasianos russo e chinês.
2c) Plano subestatal (ou doméstico): Interdependência entre atores político,
econômico e institucional militar cuja síntese é a noção de complexo industrial militar,
cuja coesão e poder de barganha no plano inter e intra institucional sobre a elite
americana confere a perenidade e supremacia de determinados interesses
geoestratégicos do Pentágono no conjunto do processo decisório em matéria de
segurança da sociedade e do Estado norte-americano a partir da relação entre os
sistemas de armas estratégicos, o orçamento de defesa e a política de gastos militares.
3 – Identificação dos interesses permanentes de natureza geoestratégicos dos
Estados Unidos, balizadores das estratégias de contenção e divisão das grandes
potências eurasiana russa e chinesa por meio da capacidade de dissuasão e seus
impactos sobre o equilíbrio internacional.
Assim, a pesquisa busca demonstrar a existência de uma relação de causa e
efeito mediante um acordo de elites que remonta ao término da Segunda Guerra e que
implicam na constatação de uma verdadeira interdependência entre atores econômicos,
políticos e institucional militares cuja síntese é o complexo militar e industrial.
Conforme essa assertiva, a capacidade industrial associada à capacidade científica e
tecnológica conduz a uma maior capacidade econômica que, por sua vez, possibilita um
incremento da capacidade militar pela alocação de recursos quantitativos e qualitativos
(sistemas de armas sofisticados), capacidade do orçamento militar estadunidense de
sustentar maior aporte de recursos financeiros para pesquisa e desenvolvimento de
sofisticados e poderosos sistemas de armas para as forças armadas, seguindo-se, assim,
a um verdadeiro círculo no qual o investimento em capacidade militar dissuasória é a
condição de aumento significativo da capacidade política no plano diplomático e
internacional do Estado em utilizar os instrumentos políticos da diplomacia e da guerra
como condição de sustentar e alavancar o processo de acumulação de capital. Assim, as
dimensões da geopolítica e da geoeconomia se encontram imbricadas, eis que a
segurança e garantia ao acesso a recursos e mercados para os fins de
lucros/maximização do capital se dão a partir da sua relação intrínseca para com as
doutrinas de segurança nacional e as doutrinas militares com respeito à proteção e
expansão dos interesses estratégicos estadunidenses.

Você também pode gostar