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RESPOSTA À ACUSAÇÃO
SÍNTESE DA DENÚNCIA
Consta na referida Denúncia, que no dia 27 de março de 2018, por volta das 19h:40min,
Policiais Militares do Raio, foram acionados via COPOM e se dirigiram para a agência
do Banco do Brasil desta Urbe, para apurar possível crime de furto ou estelionato.
Diante dos fatos lhe foi dado voz de prisão e encaminhado a 13º DRPC, para realização
dos procedimentos.
Mesmo munido de toda a documentação que embasou sua versão, entendeu a autoridade
policial, que o ora denunciado, usurpou a autorização para transportar a arma somente
para a prática esportiva e passou a se valer da pistola para sua defesa pessoal.
Para finalizar sua tese, o Ministério Público, alega ainda que o percurso utilizado pelo o
ora denunciado, não é a rota mais convencional, entre o município de Tauá e Novo
Oriente, ambos no Estado do Ceará.
Ocorre que tendo sido vítima por diversas vezes de assaltos em seu estabelecimento
comercial, o denunciado diante da inércia do Estado, iniciou por sua conta e risco uma
investigação para chegar aos delinquentes que praticaram esses crimes, o que resultou
em prisão e a condenação de alguns dos autores desses delitos.
Art. 135-A. Fica autorizado o transporte de uma arma de porte, do acervo de tiro
desportivo, municiada, nos deslocamentos do local de guarda do acervo para os locais
de competição e/ou treinamento.
Mesmo diante da norma acima, que autoriza o denunciado a transportar sua arma de
fogo, no percurso do clube de tiro para a sua residência, ele a mantinha municiada,
porém, dentro do estojo do seu kit de limpeza e não em sua cintura, justamente por
entender e respeitar as normas do Estatuto do Desarmamento.
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os
casos previstos em legislação própria e para:
(...)
Art. 24. Excetuadas as atribuições a que se refere o art. 2º desta Lei, compete ao
Comando do Exército autorizar e fiscalizar a produção, exportação, importação,
desembaraço alfandegário e o comércio de armas de fogo e demais produtos
controlados, inclusive o registro e o porte de trânsito de arma de fogo de
colecionadores, atiradores e caçadores.
O Decreto nº. 5.123/2004, por sua vez, que regulamenta o Estatuto do Desarmamento,
estabeleceu o que segue, ao tratar do porte e do trânsito de arma de fogo para os
atiradores, caçadores e colecionadores:
Subseção I
A ausência de lei específica que determina que o trajeto a ser percorrido entre a
residência do atirador desportivo e o clube de tiros tenha que ser o mais curto ou o mais
próximo, abre brechas para interpretações equivocadas, porém, no direito criminal, o
qual trata do bem jurídico mais valioso que é a liberdade da pessoa, não se pode atuar
com interpretações ou ilações de pensamento.
DA INÉPCIA DA DENÚNCIA
O Delegado de Polícia da 13º DRPC de Crateús – Ce, antes de dar início aos
procedimentos, na mesma conversa informal a qual descreve em seu relatório, momento
este, em que lhe foi relatado, pelo denunciado, que é desportista de tiro e que tem toda a
documentação em dia e que estava vinha do município de Tauá-Ce, local onde fica o
Clube de tiro, e aproveitou para ir ao Banco do Brasil, informou também, que havia
divergência do quantum em dinheiro que se encontrava custodiado pelos policiais
militares e o que foi apresentado naquela DRPC.
A Autoridade Policial, não entrou em contato com as pessoas indicadas pelo denunciado
que o viram em Independência-Ce, momentos antes da abordagem policial.
É a política do jus sperniandi, onde a Autoridade Policial indicia (com ou sem provas),
o MP denuncia (porque temos um MP acusatório) e o réu, esperneia para provar a sua
inocência, quando de fato o nosso ordenamento jurídico prega o oposto, ao afirmar que
todos são considerados inocentes até que se prove o contrário.
Dito isto e para que não reste dúvidas, é absolutamente cabível o presente momento
processual para a rejeição da peça acusatória, conforme pronunciamento no Recurso
Especial nº 1.318.180 STJ, 6º Turma, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em
16/05/2013, publicado no DJ-E em 29/05/2013 que diz:
(...) o fato de a denúncia já ter sido recebida não impede o juízo de primeiro grau de,
logo após o oferecimento da resposta do acusado, prevista nos arts. 396 e 396-A do
CPP, reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao constatar a
presença de uma das hipóteses elencados nos incisos do art. 395 do CPP suscitada
pela defesa. (...)
Assim, requer-se a rejeição da exordial acusatória, vez que a mesma é inepta nos termos
do art. 395, inciso III do CPP.
Posto isto, conclui-se que em matéria de condenação criminal, não bastam meros
indícios. A prova da autoria deve ser lógica e livre de dúvida, pois somente a certeza
autoriza a condenação no juízo criminal.
Desta feita, restando comprovada a fragilidade da acusação feita pelo MP, que se
apegou a um gráfico apresentado pela polícia, para justificar sua peça acusatória e nem
mesmo requereu da autoridade policial novas diligências para se certificar se o
denunciado realmente esteve no clube de tiros, ou mesmo se passou pelo município de
Independência – Ce, rota escolhida por ele para retornar para sua residência, não há,
portanto, possibilidade de imputar-lhe crime de porte ilegal de arma, por ser, atirador
desportivo, tendo seu direito resguardo no art. 135-A da portaria de 14/03/2017 nº 28 do
COLOG.
DO PEDIDO
a) Seja rejeitada de plano a denúncia, com fulcro no art. 395, e incisos, do CPP, eis que
objetiva a denúncia imputar responsabilidade penal sob conduta atípica e/ou inexistentes
as condições para o exercício da ação;
g) Para tanto, requer expedição de Alvará ou documento similar para que após a
restituição da arma de fogo acima descrita ao denunciado, possa levá-la consigo para
sua residência.
N. Termos,
P. Deferimento.