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➔Direitos Internacionais
Convenção de Genebra: tratam os Direitos daqueles que participam em conflitos
internacionais (por exemplo a guerra que põe em causa o direito à vida, à integridade
física) e inter estados, causando mais tarde as Guerras Frias.
Depois da 2ª Guerra Mundial e, ainda antes, criou-se a situação de se preocuparem com
o que nunca se preocuparam: os Direitos Humanos. Enquanto em termos Internos já
havia uma certa preocupação com os Direitos Fundamentais no século XVII, em temos
Internacionais, essa preocupação só nasce no século XX.
Os Estados Internos que defendem os Direitos Fundamentais têm lugar na participação
de Organizações Internacionais, os que não respeitam não participam e muito
dificilmente farão por respeitar, pois pensam que se trata de questões relacionadas com
o Direito Interno e não com o Direito Internacional. Assim, seria necessário uma
Organização que pudesse intervir a nível interno para resolver essas questões ao nível
de Direitos Fundamentais.
→ Quanto às penas cruéis? Elas ainda existem, mas têm vindo a ser substituídas pela
pena de prisão. É melhor uma pena de prisão do que um desmembramento.
Noção de tortura: qualquer ato por meio do qual uma dor ou sofrimento agudos,
físicos ou mentais, são intencionalmente causados a uma pessoa com os fins de,
nomeadamente, obter dela ou de uma terceira pessoa informações ou confissões, a punir
por um ato que ela ou uma terceira pessoa cometeu ou se suspeita que tenha cometido,
intimidar ou pressionar essa ou uma terceira, ou por qualquer outro motivo baseado
numa forma de discriminação, desde que essa dor ou esses sofrimentos sejam infligidos
por um agente público ou qualquer outra pessoa agindo a titulo oficial a sua instigação
ou com o seu consentimento expresso ou tácito. Este termo não compreende a dor ou os
sofrimentos resultantes unicamente de sanções legítimas inerentes a essas sanções ou
por elas ocasionadas.
A tortura tem natureza pública mas é circunscrita. Num caso prático, deve-se verificar
cada um dos elementos para ter a certeza que se trata de tortura. A imposição de uma
pena de prisão, embora cause dor não é tortura.
➔ Direito Europeu
➔ Convenção Europeia dos Direitos do Homem
Teve sucessivos protocolos e por isso, foi-se atualizando. O catálogo dos Direitos
Fundamentais não é muito bem feito. É essencialmente um texto sobre Direitos
Pessoais/ Civis, havendo um protocolo onde estão alguns Direitos Políticos (Protocolo
nº11 – é o mais importante: a convenção tinha um sistema hibrido de tutela (comissão
europeia dos Direitos do Homem), este protocolo tornou a tutela jurisdicional, acabando
com a comissão).
Na Carta Social Europeia é que estão os outros direitos. Só se tornou vinculativa mais
tarde. Hoje está acima da CRP. Tem uma divisão diferente dos outros todos.
Artigo 1º: Estados estão obrigados a respeitar estes direitos mesmo que sejam
estrangeiros. Há dois protocolos sobre a proibição da pena de morte, já no artigo 2º não
é proibida, pois no número 2 alínea a) defende a legitima defesa.
A convenção não é garantística em matéria do direito à vida, possibilita-lhe restrições
(artigo 2º, nº2). Primeiro devia estar o número 5 e depois o número 4. O número 5 é
igual ao artigo 27º da CRP, mas a alínea e) vai mais longe do que a nossa CRP. Na
convenção há mais restrições ao Principio da Liberdade, na alínea e) essas restrições são
evidentes.
Artigo 7º: Tratamento mais favorável.
Artigo 15º: Restrições dos Direitos.
Artigo 16º: os artigos 10º, 11º, 14º podem ser restringidos se tiverem natureza política.
O Tribunal dos Direitos Humanos: esta parte distingue a convenção do resto dos textos.
Os indivíduos, organizações (não só os Estados) podem recorrer, apresentar queixas a
este Tribunal. Ao contrário do que acontece no Tribunal Penal, todos estes direitos de
convenção são aplicáveis ao Tribunal Europeu. Basta o Direito de uma pessoa ser
violado.
Este Tribunal não difere muito dos Tribunais Internos.
Artigo 23º: imparcialidade dos juízes, só assim faz sentido falar-se de Tribunal.
Artigo 22º: há um senão, os juízes são eleitos por um órgão tipicamente político, o que
faz com que às vezes o juíz seja partidário. A forma mais típica de funcionamento deste
Tribunal é o Tribunal singular (artigo 26º) já que o Tribunal pleno (17 juízes) é raro.
Artigo 43º: iniciativa das partes à posteriori.
Artigo 30º: iniciativa da secção.
Artigo 34º: faz a diferença de esta convenção para outras.
Artigo 35º: Princípio da exaustão dos recursos internos. Além da queixa da violação do
direito pode-se queixar da demora dos Tribunais Internos.
Artigo 36º/1: Princípio do Contraditório.
Artigo 39º: evitar audiências. Não há vendedor nem perdedor da causa.
Artigo 44º: sentenças são definitivas.
Artigo 46º: sentenças são vinculativas.
Artigo 41º: não se condena só o Estado, o Tribunal pode fixar para a parte queixosa e
que ganham a causa uma indeminização.
➔ Protocolo adicional á convenção de proteção dos direitos
do homem e das liberdades fundamentais (pág.219)
Artigo 3º: Direito Sufrágio/ Direitos Políticos
➔ Protocolo N 6º (pág.225)
Artigo 1º: relativo à proibição da pena de morte
Artigo 2º: exceções
NOTA: ver página 237 – complemento à convenção, trata do direito ao trabalho
essencial.
2. Princípio da Equiparação
No artigo 15º encontram-se exceções nomeadamente no nº2 em que refere que aos
estrangeiros e apátridas não são concedidos direitos políticos e os direitos e deveres
reservados pela CRP e pela lei são exclusivamente dos cidadãos portugueses de origem.
Portanto, os estrangeiros não têm direitos políticos em Portugal, ou seja, não participam
na vida politica. Em contrapartida, podem exercer funções públicas desde que tenham
natureza essencialmente técnica. O nº2 parece tratar de todos os estrangeiros só que há
exceções (33º/8) que são direitos exclusivos dos estrangeiros.
✓ Diferenças entre Estados
• Cidadãos de Estados de Língua Portuguesa
• Cidadãos de Estados de União Europeia
Estes cidadãos destes Estados têm um regime diverso desde que tenham residência
permanente em Portugal e, que haja reciprocidade. É o regime mais benéfico para os
estrangeiros, desde que cumpram os requisitos (15º/3), podendo até ter cargos políticos.
Mas também há outro regime no número 5, em que qualquer cidadão de um Estado da
União Europeia residente em Portugal tem o direito de eleger e ser eleito Deputado ao
Parlamento Europeu.
Finalmente, no número 4, a lei pode atribuir aos residentes do território nacional, a
capacidade eleitoral ativa e passiva para eleição dos titulares de órgãos de autarquias
locais (freguesias, municípios).
3. Princípio da Igualdade
È o mais importante princípio do Direito Fundamental. Quando se fala no Principio da
Universalidade pergunta-se “quem tem direito?” já no Principio da Igualdade pergunta-
se “como são esses direitos?”, traduz uma forma qualitativa enquanto o da
Universalidade é uma forma quantitativa. São realidades que surgem próximas mas
distintas. Tem duas dimensões:
• Dimensão Positiva: 13º/nº1: “Todos têm este direito”.
• Dimensão Negativa: 13º/nº2: “Ninguém pode ser privilegiado…”
Todos os cidadãos têm a mesma dignidade, mas então e os estrangeiros? Tem que se
entender que é um princípio mas também é um direito pelo que leva-nos à equiparação
do artigo 15º, todos são iguais perante a lei, o que significa igualdade perante a lei?
Significa igualdade perante o direito. Obriga todas as funções do Estado a respeitar o
princípio da igualdade, isto é, o legislador está obrigado a respeitar quando elabora as
normas, assim como, a Administração Pública quando emana regulamentos ou até a
Jurisdição está vinculada à igualdade. Todos têm a mesma dignidade mas não é só isso,
é também uma dignidade social. Significa que a igualdade é tratada de várias formas: a
liberal (meramente formal) e a social.
Como se ultrapassa esta dignidade? Alterando o texto, o que levou às condições sociais
em que o Estado intervém na economia, visando uma igualdade formal mas também
real, tendo em vista os impostos para marcar a igualdade entre as diversas classes.
No artigo 9º refere as tarefas fundamentais do Estado, alínea d) que menciona a
igualdade real entre os portugueses. A ideia de igualdade social não exclui a formal mas
sim, a integra, encontram-se lá as duas.
No número 2, embora o preceito esteja “mal redigido” pois parece meramente taxativo
dá a entender que ele é meramente exemplificativo.
Este Princípio é o Igualdade mas é confundido com o Principio da Não Discriminação.
Ela é possível à luz da CRP? Sim, tem-se que tratar diferentemente o que é distinto. A
discriminação é a única forma de se chegar à Igualdade. Só não é possível a
discriminação arbitrária.
Portanto, são estes os aspetos principais do princípio da Igualdade. Ele não está apenas
no artigo 13º, ele está disperso para uma questão de ênfase porque o 13º seria suficiente.
4. Princípio da Proporcionalidade
Tem-se um princípio já apenas aplicável aos direitos, liberdades e garantias em duas
sedes: matéria de restrição de direitos e de suspensão (18º/2/3). Só se aplica aos direitos,
liberdades e garantias e encontra-se referido o principio da proporcionalidade quando
fala “limitar-se ao necessário”, por exemplo: 19º/4.
Adequação: as medidas tomadas devem ser adequadas ao que se pretende. Se o
resultado não for possível dessa maneira não haverá princípio da proporcionalidade.
Necessidade: deve sempre se recorrer ao meio que seja menos lesivo, ou seja, que
restrinja o menor número de direitos.
Justa medida: sempre que se restringe direitos, restringe-se para salvaguardar outros. O
Principio da Justa Medida significa que o custo da restrição ou suspensão não pode ser
superior à vantagem que se obtém. O princípio da proporcionalidade é acima de tudo
um princípio de equilíbrio, de custo.
✓ Direito à Integridade
È um direito secundário e a seguir à vida é o mais importante. É um direito cuja
restrição deve ser limitada ao mínimo, é impossível de suspensão (art. 19º/6). Se o
direito à integridade fosse suspenso, as pessoas podiam atentar contra outras sem
punição.
É um direito de defesa, de omissão e de natureza negativa. Novamente, espera-se que as
entidades nada façam contra o direito, mas o Estado é obrigado a garanti-lo mesmo que
não possa fazer nada em relação a ele. Este direito abrange agressões físicas, morais,
mentais, entre outras. E como garantias tem-se desde logo, o artigo 25º/1/2: contra a
tortura e contra a violação da integridade moral e física. Grande parte dos mecanismos
de garantia do direito está no código penal (131º, ss).
Quais os crimes mais óbvios? Crimes corporais, difamação, injúria, maus tratos e
violência doméstica. Há varias questões que se colocam a este direito, como por
exemplo: quais os limites da disponibilidade do corpo? Posso vender todos os órgãos do
meu corpo? A fronteira não é a vida em si. A pessoa não pode agir assim, não pela sua
vida mas sim pela sua integridade.
Portanto, a fronteira é a vida razoavelmente normal. Por exemplo: doar um rim é um
ataque à integridade e não à vida porque não a afeta.
As intervenções cirúrgicas são um ataque à integridade, mas se não ocorrerem poderão
afetar outros direitos (saúde, vida), assim é sempre necessário o consentimento. Não é
tanto a vida que está em causa, é a integridade.
✓ Direito à Liberdade (art. 27º)
Corresponde à liberdade física, embora também à liberdade psíquica. É a ideia de que as
pessoas não podem ser presas arbitrariamente. Há muitas exceções que assumem
natureza constitucional: no nº2 e no nº3 tem-se restrições. Não há a ideia de que é um
direito inviolável ou absoluto. No nº2 diz-se que pode ser privado da liberdade se for
consequência de uma sentença judicial ou por medida de segurança. No nº3 será nos
casos em que estão previstos pela condição que a lei determinar.
Na alínea a) e b) são as restrições possíveis ao direito da liberdade (art. 18º). No número
4 e no número 5 diz que as pessoas devem ser informadas e indemnizadas. Há um
principio de responsabilidade para o Estado se tiver cometido um erro e uma pessoa
estar privada da sua liberdade. Pelo que, está presente no artigo 22º.
No artigo 31º tem-se um mecanismo de tutela para casos em que a prisão é
grosseiramente utilizada por causa de uma má fundamentação.
➔ Constituição anotada
✓ Direito à Vida – art.24º
É o primeiro dos direitos fundamentais constitucionalmente enunciados. É,
logicamente, um direito prioritário, pois é condição de todos os direitos fundamentais. O
direito à vida assenta desde logo no plano de ter e ser vida e por isso, é o bem mais
importante do catálogo de direitos fundamentais e da ordem jurídico- constitucional no
seu conjunto.
Precisamente por isso é que o direito à vida coloca problemas jurídicos no conceito do
começo e fim da vida humana e a delimitação do âmbito de proteção.
Relativamente à estrutura e conteúdo jurídico da proteção tem-se que referir a
natureza do direito à vida como um direito de defesa e consequentes problemas
respeitantes às modalidades de violação, de lesão de bens jurídicos e restrições ao
direito à vida.
Assim, o conteúdo jurídico objetivo da proteção do bem da vida humana implica o
reconhecimento do dever de proteção do direito à vida, quer quanto ao conteúdo e
extensão, quer quanto às formas e meios de efetivação desse dever. Este dever coloca
delicadas questões relacionadas com a autonomia da pessoa (direito ao corpo, liberdade
de morrer, suicídio).
Portanto, o objeto de proteção deste preceito é a própria vida humana. Porém,
enquanto direito fundamental, o direito à vida só pode ser titulado por pessoas que têm
de ser pessoas vivas e não pessoas mortas, todas as pessoas físicas e não as pessoas
coletivas, pessoas de todas as nacionalidades, raças e credos.
O sentido geral da garantia e proteção do direito à vida no plano constitucional é,
desde logo, a proteção da existência vivente, ou seja, o direito de não ser morto, de não
ser privado da vida. Deste direito surgiu a proibição da pena de morte, a punição penal
do homicídio e a punição do incitamento e ajuda ao suicídio. Conexo a esta componente
está o direito à proteção e ao auxílio contra a ameaça ou o perigo de morte.
Em qualquer destes aspetos o direito á vida impõe-se contra todos, perante o Estado e
perante os outros indivíduos. No que respeita ao Estado, ele implica:
• Não poder dispor da vida das pessoas, a qualquer título que seja;
• Obrigação de proteger a vida das pessoas contra os ataques ou ameaças de terceiros;
No que respeita aos outros indivíduos, implica:
• Legitimar um dever de socorro ou auxílio a quem se encontrar em perigo de vida;
Como referido anteriormente, o direito à vida conduz a problemas constitucionais no
que diz respeito ao começo e fim da vida humana. Quanto ao inicio da vida, a CRP
pressupõe todos os momentos do ato ou processo de nascer. Quanto á morte, o critério
dominante é o da morte cerebral, entendida como “falência completa e irreversível da
função global do cérebro”. Este critério pode ser subjacente a critérios cuja legitimidade
constitucional é duvidosa, pois morte cerebral significa que está uma pessoa a morrer
que ainda não está morta. No caso de dúvida, utiliza-se o conceito de morte entendida
como “a falência completa do organismo humano no conjunto dos seus órgãos e
funções”.
A CRP não garante apenas o direito à vida enquanto direito fundamental das pessoas,
também garante a própria vida humana independentemente dos seus titulares, como
valor ou bem objetivo. Enquanto bem ou valor constitucionalmente protegido, o
conceito de vida humana abrange a vida das pessoas mas também a vida pré-natal, ainda
não investida numa pessoa, a vida intra- uterina e a vida do embrião fertilizado. Assim,
surge questões relativamente à interrupção voluntaria da gravidez, não existindo uma
proibição absoluta do aborto, parece, todavia, não existir também o reconhecimento
constitucional de um direito ao aborto. Pelo que, compete à lei estabelecer limites à
faculdade de interrupção voluntaria de gravidez, tornando-se possível até às dez
semanas.
A proteção da vida humana em si, levanta ainda o problema de saber se o dever de a
proteger se impõe ao próprio individuo (dever de viver).
Começando pelo primeiro dos problemas – o suicídio – coloca o problema de saber
se o direito à vida inclui o direito de organização da própria morte e suscita questões em
relação à eutanásia e à Ortotanásia. Não existe o direito à eutanásia ativa, concebido
como o direito de exigir de um terceiro a provocação da morte para atenuar sofrimentos
“morte doce” pois o respeito da vida alheia não pode isentar os “homicídios de
piedade”. Relativamente à Ortotanásia e eutanásia passiva – o direito de se opor ao
prolongamento artificial da própria vida no caso de doença incurável podem-se
justificar regras especiais quanto aos cuidados e acompanhamento de doenças mas não
se confere aos médicos o direito de abstenção de cuidados em relação aos pacientes.
O direito à vida significa também direito à sobrevivência, ou seja, direito a viver
com dignidade. Neste sentido, articula-se a este direito o princípio da dignidade da
pessoa humana e traduz-se no direito a dispor das condições de subsistência, integrando
o direito ao trabalho, à saúde, à habitação. Por esta via, o direito à vida revela-se um dos
principais direitos sociais.
Este direito trata a proibição absoluta da pena de morte tanto para crimes políticos
como em relação a crimes militares. Esta proibição obriga não apenas no âmbito da
soberania portuguesa mas também à defesa da vida ante jurisdições estrangeiras.
O direito à vida implica o dever de defesa da vida em situações de risco subjetivo
(reféns) ou de risco objetivo (catástrofes naturais).
Quanto ao âmbito de proteção subjetivo do direito à vida trata-se de um direito
universal, pelo que não há lugar para o reservar para as pessoas de nacionalidade
portuguesa, excluindo os estrangeiros (art. 15º/1). Todas as pessoas, pelo facto de o
serem, gozam do direito à vida.
Pela mesma razão de ser um direito eminentemente pessoal, não faz sentido estender
este direito às pessoas coletivas (art. 12º/2). Sem dúvida que as pessoas coletivas gozam
de direito de não serem extintas pelo Estado, mas essa proteção decorre de outros
direitos e não de um qualquer direito à vida das pessoas coletivas.
Também engloba direitos coletivos - cujos titulares são as igrejas - direito à auto-
organização; direito à autodeterminação; direito à organização do culto e à assistência
religiosa dos crentes; direito ao ensino religioso escolar pelas várias religiões.
A Garantia constitucional da liberdade religiosa exprime-se na proibição de toda a
discriminação ou privilégio por motivos religiosos (41º/2) que é uma explicitação do
artigo 13º/2 (Principio da Igualdade) e do artigo 26º/1 (proteção legal contra qualquer
forma de discriminação). Além de ninguém poder ser prejudicado nos seus direitos por
motivos religiosos também ninguém pode ser isento dos seus deveres jurídicos ou
cívicos. Uma exceção a este princípio é o artigo 41º/6 que permite a objeção de
consciência, embora não isente os cidadãos do cumprimento de uma obrigação (276º/4).
A Garantia especial da liberdade religiosa é direito à própria reserva pessoal das
convicções religiosas (41º/3), proibindo qualquer pergunta seja de uma autoridade
pública como privada. Deste modo, a prática religiosa assume um estatuto de foro
íntimo das pessoas, indevassável e indiferente ao estatuto social, profissional ou politico
dos cidadãos (35º/3). Pela mesma razão, as convicções religiosas pessoais não podem
ser objeto de tratamento informático (35º/3).
O preceito do nº4 refere-se ao princípio da separação entre o Estado e as Igrejas que
se traduz numa garantia da laicidade do Estado como na liberdade religiosa e abrange
princípios como o principio da não confessionalidade do Estado (implica a neutralidade
confessional do Estado e proíbe toda e qualquer identificação ou preferência religiosa
do Estado) e o principio de organização e independência das igrejas e confissões
religiosas (garante o estatuto privado das igrejas e confissões religiosas, bem como a
não ingerência do Estado na organização das igrejas e no exercício das suas funções e
do culto).
Relativamente à liberdade de ensino da religião e a liberdade de expressão e de
imprensa das igrejas e confissões religiosas suscitam dois problemas: ao significado da
fórmula “ensino de qualquer religião praticado no âmbito da respetiva confissão” e ao
sentido da expressão “meios de comunicação social próprios”.
A liberdade de ensino abrange o ensino ministrado em reuniões de fieis dentro ou
fora dos templos. E os meios de comunicação social próprios significam meios de
comunicação social privativos das respetivas religiões destinados ao prosseguimento
das suas atividades.
Direito à objeção de consciência: consiste no direito das pessoas de não cumprir
obrigações ou não praticar atos que conflituem essencialmente com os ditames da
consciência de cada um. Em certas situações, a objeção de consciência religiosa pode
suscitar problemas de harmonização e de ponderação ou balanceamento com direitos ou
deveres constitucionalmente garantidos, como o direito à saúde (objeção ás vacinações,
transfusões sanguinas, interrupção da gravidez).
As comunidades constitucionais plurais deparam com vários problemas de conflitos
de direitos relacionados com opções religiosas. O princípio da concordância pratica
entre os vários direitos à religião deve ser aqui complementado pelo princípio da
tolerância, de modo a respeitar-se tanto quanto possível a liberdade religiosa de cada
um.
Quanto ao âmbito subjetivo de proteção deste direito, trata-se de um direito de
natureza pessoal, que nada permite reservar a cidadãos nacionais, excluído os
estrangeiros (art. 15º/1).
Pela mesma razão, não faz sentido reconhecer a liberdade religiosa às pessoas
coletivas (art. 12º/2), sem prejuízo dos direitos próprios das igrejas e confissões
religiosas.