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ASP. DE DIREITO PROC. APLICÁVEIS À FAZ.

PÚBLICA
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PRESCRIÇÃO

RELEMBRANDO
A regra do art. 229, do Código de Processo Civil (CPC), que permite o prazo em dobro para
litisconsortes com advogados de escritórios diferentes, vale apenas para essa situação e
para processos físicos. Se o processo for eletrônico, a regra não será aplicada.
Além disso, essa regra vale apenas para os particulares, pois não é cumulável o dobro de
prazo previsto nesse artigo com a previsão de prazo em dobro do art. 183, para a Fazenda
Pública.

Negociação processual
É possível a celebração de negócio processual sobre a forma de intimação.
Fórum Permanente de Processualistas Civis
Enunciado 256: A Fazenda Pública pode celebrar negócio jurídico processual (art.
190 do CPC).

CPC

Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes ple-
namente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa
e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante
o processo.

ATENÇÃO
Os enunciados de fóruns não possuem efeito de súmulas, mas possuem um caráter
doutrinário, e não jurisprudencial.
5m
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PRESCRIÇÃO

Segundo Antônio Luiz da Câmara Leal,


Posto que a inércia e o tempo sejam elementos comuns à decadência e à prescrição, dife-
rem, contudo, relativamente ao seu objeto e momento de atuação, por isso que, na decadên-
cia, a ineficácia diz respeito ao exercício do direito e o tempo opera os seus efeitos desde
o nascimento deste, ao passo que, na prescrição, a inércia diz respeito ao exercício da
ação e o tempo opera os seus efeitos desde o nascimento desta, que, em regra, é posterior
ao nascimento do direito por ela protegido (CÂMARA LEAL, Antônio Luiz da. Da prescrição e
da decadência. 2ª ed. Rio de Janeiro: Forense, 1959, p. 115).
A prescrição afeta a pretensão ao exercício da ação e decadência afeta o direito em si.

Quanto à Fazenda Pública (União, estados, DF, municípios, autarquias e fundações públi-
cas), o prazo prescricional será de cinco anos para as ações de responsabilidade civil.

Decreto n. 20.910/1932

Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, pres-
crevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.
Art. 2º Prescrevem igualmente no mesmo prazo todo o direito e as prestações correspondentes a
pensões vencidas ou por vencerem, ao meio soldo e ao montepio civil e militar ou a quaisquer res-
tituições ou diferenças.

Constituição Federal de 1988

Art. 37. [...]


§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda
da função pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação
previstas em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
10m § 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados por qualquer agente, servidor
ou não, que causem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento.

Até pouco tempo atrás, a jurisprudência e a doutrina majoritária entendiam que as ações
de ressarcimento do erário são imprescritíveis. No entanto, o Supremo Tribunal Federal (STF)
mudou esse entendimento.
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ITA do RE 669069, Voto do Min. Relator Teori Zavascki:


“Ora, se fosse nesse amplíssimo sentido o conceito de ilícito anunciado no § 5º, do art. 37,
da CF, estaria sob a proteção da imprescritibilidade toda e qualquer ação ressarcitória movida
pelo Erário, mesmo as fundadas em ilícitos civis que sequer decorrem de doo ou culpa. A pró-
pria execução fiscal seria imprescritível, eis que a não satisfação de tributos ou de outras obri-
gações fiscais, principais ou acessórias, certamente representa um comportamento contrário
ao direito (ilícito, portanto) e causador de dano. […]. O que se mostra mais consentâneo com
o sistema de direito, inclusive o constitucional, que consagra a prescritibilidade como princípio,
é atribuir um sentido estrito aos ilícitos de que trata o § 5º, do art. 37, da Constituição Federal,
afirmando como tese de repercussão geral a de que a imprescritibilidade a que se refere o
mencionado dispositivo diz respeito apenas a ações de ressarcimento de danos decor-
rentes de ilícitos tipificados como de improbidade administrativa [decorrente de ato
doloso] e como ilícitos penais.

Apesar da menção a ilícitos penais no voto do então ministro Teori Zavascki, nas ementas
há apenas a referência à improbidade.
Julgado: STF. RE 852475. DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO ADMINISTRATIVO.
RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. IMPRESCRITIBILIDADE. SENTIDO E ALCANCE DO ART.
37, § 5º, DA CONSTITUIÇÃO. 1. A prescrição é instituto que milita em favor da estabilização
das relações sociais. 2. Há, no entanto, uma série de exceções explícitas no texto consti-
tucional, como a prática dos crimes de racismo (art. 5º, XLII, CRFB) e da ação de grupos
armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º,
XLIV, CRFB). 3. O texto constitucional é expresso (art. 37, § 5º, CRFB) ao prever que a lei
estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos na esfera cível ou penal, aqui entendidas
em sentido amplo, que gerem prejuízo ao erário e sejam praticados por qualquer agente. 4. A
Constituição, no mesmo dispositivo (art. 37, § 5º, CRFB) decota de tal comando para o Legis-
lador as ações cíveis de ressarcimento ao erário, tornando-as, assim, imprescritíveis. 5. São,
portanto, imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato
doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. 6. Parcial provimento do recurso
extraordinário para (i) afastar a prescrição da sanção de ressarcimento e (ii) determinar que
o tribunal recorrido, superada a preliminar de mérito pela imprescritibilidade das ações de
ressarcimento por improbidade administrativa, aprecie o mérito apenas quanto à pretensão
de ressarcimento. (Relator(a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Relator(a) p/ Acórdão: Min.
EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 08/08/2018)
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Assim, a imprescritibilidade prevista pela Constituição se aplica apenas às ações de


ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbi-
dade Administrativa.
15m
Julgado: STJ
REsp 1687349/AL. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS À EXE-
CUÇÃO FISCAL. ACÓRDÃO DO TCU. TOMADA DE CONTAS. FRAUDES OCORRIDAS NA
EMISSÃO DE VALES POSTAIS. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. IMPRESCRITIBILIDADE.
ACÓRDÃO RECORRIDO EM SINTONIA COM O ENTENDIMENTO DO STJ. RECURSO NÃO
PROVIDO. 1. Verifica-se que o acórdão recorrido está em sintonia com o entendimento do
STJ quanto à imprescritibilidade das ações de ressarcimento ao Erário decorrentes da prática
de atos de improbidade administrativa. 2. Ademais, “o Supremo Tribunal Federal, ao apreciar
o RE 669.069/MG, submetido ao regime da repercussão geral, limitou-se à análise da prescri-
tibilidade das ações civis, explicitando que a orientação contida no julgamento não se aplica
ao ressarcimento dos danos ao erário decorrentes da prática de ato de improbidade admi-
nistrativa” (AgRg no REsp 1.472.944/SP, Rel. Ministra Diva Malerbi, Segunda Turma, DJe de
28.6.2016). 3. Recurso Especial não provido. (Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA
TURMA, julgado em 03/10/2017, DJe 11/10/2017)

Com a manifestação do STF no sentido da prescritibilidade das ações de ressarcimento


da Fazenda Pública por atos ilícitos civis, surgiu uma bifurcação:
• Ação de responsabilidade civil proposta pela Fazenda – prazo de 3 anos (Código Civil);
– Manifestação do STF.
• Ação de responsabilidade civil contra a Fazenda – 5 anos (Decreto n. 20.910/1932).
– Manifestação do STJ.

Informativo 813, STF: “[...]. Seria necessário aplicar o prazo prescricional comum para as
ações de indenização por responsabilidade civil em que a Fazenda figurasse como autora.
Ao tempo do fato, o prazo prescricional seria de 20 anos de acordo com o CC/1916 (art. 177).
Porém, com o advento do CC/2002, o prazo fora diminuído para três anos. […].” (PLENO, RE
669069/MG, rel. Min. Teori Zavascki, 3.2.2016)
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Julgado: STF. RE 669069. Ementa: CONSTITUCIONAL E CIVIL. RESSARCIMENTO AO


ERÁRIO. IMPRESCRITIBILIDADE. SENTIDO E ALCANCE DO ART. 37, § 5º, DA CONSTI-
TUIÇÃO. 1. É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente
de ilícito civil. 2. Recurso extraordinário a que se nega provimento. (Relator(a): Min. TEORI
ZAVASCKI, Tribunal Pleno, julgado em 03/02/2016)

Interrupção do prazo prescricional


O prazo prescricional aplicável às ações contra a Fazenda Pública pode ser interrompido
uma vez, ocasião na qual recomeçará a correr pela metade (2 anos e meio), sem que importe
em redução do prazo de 5 anos. Isto é, o recomeço do prazo prescricional mais o tempo
decorrido antes da interrupção não podem ser inferiores a cinco anos. Assim, se a interrupção
ocorrer após decorrido apenas um ano do prazo inicial, por exemplo, o recomeço do prazo não
importará em três anos e meio (dois anos e meio mais um ano do prazo antes da interrupção),
mas se estenderá até cinco anos. Ou seja, a regra acaba por não se aplicar se a interrupção
do prazo prescricional ocorrer antes de dois anos e meio.

20m
Decreto n. 20.910/1932

Art. 9º A prescrição interrompida recomeça a correr, pela metade do prazo, da data do ato que a
interrompeu ou do último ato ou termo do respectivo processo.

Súmula 383, do STF


A prescrição em favor da Fazenda Pública recomeça a correr, por dois anos e meio, a
partir do ato interruptivo, mas não fica reduzida aquém de cinco anos, embora o titular do
direito a interrompa durante a primeira metade do prazo.

O recomeço da contagem pela metade ocorre do último ato ou termo do respectivo processo.
Portanto, a prescrição interrompida não volta a fluir de imediato.
Há a sua suspensão durante o tempo necessário para a Administração apurar a dívida e
individualizá-la a cada um dos beneficiados pelo direito.
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Decreto n. 20.910/1932

Art. 4º Não corre a prescrição durante a demora que, no estudo, ao reconhecimento ou no pa-
gamento da dívida, considerada líquida, tiverem as repartições ou funcionários encarregados de
estudar e apurá-la.
Parágrafo único. A suspensão da prescrição, neste caso, verificar-se-á pela entrada do requeri-
mento do titular do direito ou do credor nos livros ou protocolos das repartições públicas, com de-
signação do dia, mês e ano.

A prescrição voltará a correr quando a Administração pratica algum ato incompatível com
o interesse de saldar a dívida, quando se torna inequívoca a sua mora.

Reconhecimento Administrativo de Débito


A partir da ideia de interesse público secundário (meramente patrimonial), estabeleceu-se
que a Administração pode reconhecer administrativamente um débito, o que acarretará
duas consequências:

25m
1. Renúncia da prescrição
Diante do reconhecimento do débito, a Fazenda Pública renuncia à prescrição.
Julgado: STJ. AgRg no Ag 1196164/RJ. […]. 2. A edição da Lei 10.559/2002, que regula-
mentou o disposto no art. 8º. do Atos das Disposições Transitórias – ADCT e instituiu o Regime
do Anistiado Político, importou em renúncia tácita à prescrição pela Administração, pois
reconheceu o direito à reparação econômica aos atingidos por atos de exceção, decorren-
tes de motivação exclusivamente política. Precedente. […]. (Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES
MAIA FILHO, QUINTA TURMA, julgado em 22/02/2011, DJe 21/03/2011)

Julgado: STJ. EDcl no AgRg no Resp 888.315/RJ. […]. 2. Conforme recente orientação
deste Superior Tribunal de Justiça, a edição da Lei n.º 10.559/02 – que, ao regulamentar o art.
8º do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, instituiu o Regime do Anistiado Polí-
tico – significou verdadeira renúncia tácita da Administração Pública à prescrição, nos
termos dos arts. 191 e 202, inciso VI, do atual Código Civil, tendo em vista que o mencionado
diploma legal é expresso ao reconhecer, aos atingidos pelos atos de exceção cuja motivação
tenha sido exclusivamente política, o direito à reparação econômica. Precedentes. […]. (Rel.
Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 11/11/2008, DJe 09/12/2008)
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2. Estabelecimento de termo inicial do prazo prescricional quinquenal


Se não houvesse esse novo termo inicial do prazo, após reconhecimento do débito, ter-
-se-ia a imprescritibilidade.
Julgado: STJ. AgRg no AgRg no AREsp 51586/RS. 1. O reconhecimento administra-
tivo do débito importa em renúncia ao prazo prescricional já transcorrido, sendo este o
termo inicial a ser levado em consideração para a contagem da prescrição quinquenal.
Precedentes: AgRg no AREsp 50.172/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma,
DJe 13/04/2012; AgRg no Ag 1.218.014/RJ, Rel. Ministro Felix Fischer, Quinta Turma, DJe
04/10/2010; AgRg no Ag 894.122/SP; Quinta Turma, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, DJe
04/08/2008. 2. No presente caso, apesar do reconhecimento administrativo do débito, ocorrido
em 02/05/2002, ter importado renuncia à prescrição, sua publicação deve ser tida como termo
inicial para a contagem da prescrição quinquenal do Decreto-Lei 20.910/32. Assim, com o ajui-
zamento da presente ação ordinária em 11/07/2008 deve ser reconhecida a prescrição, consi-
derando que ultrapassado o prazo quinquenal. 3. Agravo regimental não provido. (Rel. Minis-
tro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/11/2012, DJe 22/11/2012)

ATENÇÃO
Se o prazo prescricional já estava consumado, o reconhecimento administrativo de
débito importa em renúncia e termo a quo da contagem de novo prazo quinquenal.
Se o prazo prescricional estava em curso, o reconhecimento administrativo de débito
importa em interrupção, com a contagem do prazo prescricional pela metade a partir do
último ato ou termo do processo.

30m

�Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula
preparada e ministrada pelo professor Thiago Pivotto.
A presente degravação tem como objetivo auxiliar no acompanhamento e na revisão do conteúdo
ministrado na videoaula. Não recomendamos a substituição do estudo em vídeo pela leitura exclu-
siva deste material.
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