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Suliminar – Leonard Mlodinow

Subliminar = algo que está abaixo do limite da consciência.

Desde muito cedo, diversos pesquisadores se empenhavam em desvendar os


mistérios que cercam o funcionamento da mente humana, em especial do
inconsciente, bem como do mundo físico que nos cerca. Diversas teorias foram
formuladas, porém com o passar dos anos e do avanço tecnológico, tais teorias
foram caindo por terra e sendo atualizadas por pesquisas científicas mais
precisas e completas.

A neurociência permitiu estudar com maior precisão o funcionamento de nosso


cérebro.

Cap. 1. O novo inconsciente

Animais no geral possuem repertórios comportamentais pré-programados, ou


seja, eles executam tais comportamentos de forma automática e inconsciente.
Assim como os animais, também possuímos comportamentos pré-
programados/ automáticos, porém em uma escala menor. Nosso cérebro é
dividido em uma parte consciente e outra inconsciente.

Até que ponto comportamentos complexos e com grande impacto em nossas


vidas, são também automáticos?

Nossos comportamentos automáticos estão relacionados também aos


aspectos ontogenéticos de nossa vida. (Pontos de referência implícitos que
produzem comportamentos e pensamentos rotineiros).

Experiências de vida, principalmente as traumáticas desencadeiam alterações


em nossa estrutura cerebral / neurônios.
O autor diferencia o inconsciente estudado por Freud, o qual envolve os
desejos ocultos, o ID, luxúria, ira etc. Do inconsciente descrito por ele, que está
mais ligado à realidade.

Qual é a fonte do amor? Será se verdadeiramente os opostos se atraem?

Estudos indicam que tendemos a desenvolver vieses inconscientes em favor


de características semelhantes às nossas.

Alguns estudos provaram que fatores ambientais influenciam na forma como


interagimos e interpretamos os estímulos à nossa volta.

Por exemplo, ao descrever um prato de maneira floreada / gourmetizada as


pessoas tenderão a achar a comida mais gostosa, e provavelmente pagarão
mais por ela do que se estivesse descrita de forma normal. “A descrição de um
prato representa um importante fator em seu paladar”.

“Nós julgamos produtos pela caixa, livros pela capa e até balanços anuais de
corporação pelo melhor acabamento em papel brilhante. P.31”

- A roupagem do produto é tão importante quanto o produto e si.

“O marketing do produto é tão importante quanto o produto em si, pois as


pessoas pensam que apreciam o produto por suas qualidades, porém fatores
muita das vezes irrelevantes como a cor da embalagem podem ser diferenciais
na hora do cliente comprá-lo.

O córtex orbitofrontal é o responsável pelas experiências do prazer. Ao


experimentar dois vinhos idênticos com embalagens e preços diferentes, o
gosto será diferente para cada um deles.

Estudos indicam que o nome de algo influencia na maneira como as pessoas


interagem. Empresas, autores, livros etc, as pessoas se identificam mais com
nomes mais fáceis de pronunciar, ainda que o conteúdo não seja bom. P.35.

“A luz do sol exerce sutis efeitos sobre o comportamento humano. P.36.


Cap. 2. Sentidos + Mente = Realidade

”Cada ser constrói ativamente para si uma imagem do mundo” - Kant

Desde muito cedo há discussões acerca do papel exercido por nossa


subjetividade / inconsciente sobre a forma como interagimos e interpretamos os
estímulos à nossa volta. Diversos teóricos como Kant, Wundt, William James,
procuraram desenvolver teorias capazes de racionalizar nossa compreensão
acerca de tais aspectos da mente humana. Através da convergência de tais
esforços e teorias, foi atribuída à Psicologia status de ciência, porém,
inicialmente com ferramentas bem limitadas de estudo.

Alguns cientistas estimam que temos consciência de apenas 5% dos processos


que ocorrem em nossa mente, os outros 95% são encobertos. P.44. Tomamos
muitas decisões por segundo, sem termos consciência delas, pois é no nível
inconsciente que elas ocorrem, deixando espaço para as escolhas mais
importantes de nossa mente que ocorrem de forma consciente.

Uma das mais importantes funções de nosso inconsciente é o processamento


de dados enviados por nossos olhos, cerca de 1/3 do nosso cérebro se dedica
ao processamento da visão. P. 45. Esse processo contribui para a
sobrevivência humana e perpetuação da espécie.

Cada lobo cerebral possui uma função específica, quando lesionado tais
funções ficam prejudicadas. Lobo Occipital = responsável pela visão.

Identificar e interpretar rostos é função importante da nossa constituição, pois


podemos julgar se alguém está feliz, contente ou insatisfeito, se é amigável ou
perigoso. Para isso, nosso cérebro possui uma área denominada área
fusiforme da face, responsável pela interpretação e análise de rostos humanos.
P. 48.

Mesmo quando não conseguimos discriminar e tomar consciência de


determinados estímulos, nosso cérebro registra todas as informações captadas
por nossos órgãos sensoriais, gerando uma consciência subliminar da
ocorrência. P.55.
Preenchemos as lacunas de informações de nossos órgãos sensoriais de
maneira inconsciente, devolvendo a informação de forma completa para a
mente consciente. Porém nem sempre a informação devolvida condiz com o
estímulo recebido.

“Todas as mentes humanas são como um cientista, criando um modelo do


mundo ao redor, o mundo cotidiano que nosso cérebro detecta pelos sentidos”.
P. 62.

O mundo que percebemos é um ambiente artificialmente construído, cujas


características e propriedades são ao mesmo tempo produto dos nossos
processos mentais inconscientes dos dados reais. P. 62.

Cap. 3. Lembrança e esquecimento.

Historicamente o testemunho ocular de vítimas de violência ou crimes em


geral, serve de base para a condenação dos criminosos, porem estudos
indicam que cerca de ¼ das identificações feitas pelas vítimas são incorretas,
acarretando em condenações indevidas.

O que acontece com o funcionamento da memória humana para produzir


tantas distorções?

- Segundo a visão tradicional de memória, nosso cérebro grava um registro


preciso e completo de eventos.

Através dos estudos de Munstberg, analisando relatos de testemunhas


oculares, ele concluiu que nenhum de nós pode reter na memória a vasta
quantidade de detalhes com que nos confrontamos em qualquer momento da
vida. P.74.

Segundo ele, conseguimos registrar e resgatar as lembranças dos principais


aspectos do acontecimento, porém os detalhes ficam prejudicados e em
lacunas. Para preencher essas lacunas, criamos novas memórias incorretas,
porém verdadeiras para nós. (Distorções da memória). P. 75.

Embora nossa memória esteja longe de ser perfeita, seu desempenho foi
suficiente para permitir a sobrevivência da espécie humana nos mais remotos
tempos. Nossa memória funciona como um filtro de dados, em que
absorvemos e assimilamos as principais informações do contexto e aquelas
características irrelevantes e secundárias (detalhes), descartamos ou
esquecemos com facilidade.

Paciente Solomon Dificuldades em reconhecer fisionomias e entender o


raciocínio principal de sentenças). P. 77.

Como a memória muda com o tempo?

Os detalhes de nossas memórias vão se modificando com o decorrer do


tempo. Memórias vão se perdendo e outras memórias vão sendo
acrescentadas, como se fosse uma espécie de telefone sem fio cognitivo.

Será se estamos sempre enganados, mas nunca em dúvida?

De forma geral, retemos as informações gerais sobre um determinado evento


ou objeto, para que nossa memória consiga captar e reter os detalhes é preciso
que esses detalhes tenham sido captados por nossa atenção consciente. P.86.

“Um detalhe precisa ser importante para nós, para ser registrado”.

Surgimento de falsas memórias = uma memória que parece real, mas não é.
Não parecem diferentes das memórias da realidade. P.87.

Somos facilmente induzidos a falsas memórias que às vezes elas podem ser
plantadas por um simples comentário casual de alguém acerca de um incidente
que não aconteceu de verdade. P.91.

Cap. 4. A importância de ser social.

A linguagem pode ser um aspecto importante para os seres humanos, mas nós
temos ligações emocionais e sociais que transcendem as palavras. P.96.
Muito antes de conseguirmos verbalizar atração ou repulsa, já nos sentimos
atraídos pelo bondoso e repelidos pelo malvado. Os cientistas descobriram que
partes do nosso cérebro ligados ao processo de recompensa são estimuladas
quando participamos de atos de cooperação mútua. P. 97.

Somos acima de tudo uma espécie social, por isso a participação em grupos
sejam eles sociais, de apoio, turmas etc consiste no reflexo da necessidade
humana de se associar com os outros, e do nosso desejo fundamental por
aprovação, pertencimento, apoio etc. P.99.

Através de alguns estudos, os cientistas descobriram que a dor social,


provocada por alguma situação social ruim / traumática, possui os mesmos
componentes envolvidos da dor física. Experimento com Tylenol.

A Teoria da Mente busca explicar as diferenças existentes entre os seres


humanos e os demais animais. Nós possuímos uma capacidade de reflexão e
pensamento muito mais complexa do que nos outros animais. Nossas relações
exigem altos níveis de ToM para se consolidarem.

A ToM aborda a capacidade de reflexão de nossos próprios pensamentos e na


inferência dos pensamentos de outros indivíduos.

Intencionalidade de primeira ordem – reflexão sobre seu próprio estado mental.

Intencionalidade de segunda ordem –reflexão sobre o estado mental de outra


pessoa.

Terceira- o que uma pessoa pensa que uma segunda pessoa está pensando

Quarta ordem em diante.

Estudos com primatas comprovaram que eles se situam entre os pensamentos


de primeira ordem e segunda ordem. Já os humanos conseguem se envolver
em pensamentos de até a sexta ordem.
Experimento com cartas de Stanley Milgram = seis graus de separação. Seis
vínculos de relações são o suficiente para ligar duas pessoas quaisquer no
mundo.

A parte do cérebro que nos homens é responsável pelo pensamento


consciente, é muito menos desenvolvida nos outros animais, por isso eles
reagem mais e pensam menos, seguindo seus instintos primitivos.

Processos químicos são responsáveis por determinados comportamentos


apresentados pelos animais. Por exemplo no caso da ovelha antipática, que
após receber descargas de oxitocina (hormônio do prazer/amor/bem-estar) no
organismo, fica mais receptiva a interações sociais.

Embora nossos comportamentos sejam muito mais complexos que os dos


outros animais, compartilhamos as mesmas raízes evolutivas, portanto alguns
comportamentos entre nós e eles tendem a ser semelhantes (macho quando
vai acasalar etc).

A neurociência atribui o termo inconsciente, designado para explicar processos


comportamentais, sentimentos, formas de se relacionar e outros que fogem da
consciência, aos processos mentais que ocorrem em nossa estrutura cerebral.

Nosso cérebro é subdivido em três partes (reptiliano – responsável pelas


funções de sobrevivência básicas; Límbico – fonte de nossa percepção social
inconsciente; Neocortex – responsável por nossos comportamentos
conscientes).

fMRI = Aparelho de ressonância magnética funcional, possibilitou mapear as


estruturas cerebrais de forma a identificar o processo de funcionamento do
cérebro nas mais diversas ocasiões, possibilitando inúmeros estudos na área
da neurociência.

Cap. 5. Interpretando as pessoas

A comunicação não verbal constitui um importante aspecto das interações


sociais do ser humano. Os cientistas conferem grande importância à
capacidade da linguagem falada, mas também possuímos uma trilha paralela
da comunicação não verbal. P.132.

“Os gestos que fazemos, a posição em que mantemos nosso corpo, as


expressões de nosso rosto e as características não verbais de nosso discurso
– tudo isso contribui para a forma como os outros nos veem”. P.132.

Leitura dos sinais sociais.

Externar pistas inconscientes baseadas em nossas expectativas é uma forma


de modificar o comportamento público de outras pessoas, sem conseguirmos
discriminar tais modificações. Ao comunicar nossas expectativas aos outros,
essas pessoas tendem a responder de acordo com elas.

Experimento com crianças = classificar crianças como mais inteligentes,


criando determinadas expectativas sobre elas, realmente faz com que seu
desempenho aumente. P.137 (Experimento Rosenthal).

Segundo Darwin, expressar sentimentos e comportamentos não verbais


proporcionam uma vantagem na sobrevivência, não sendo habilidades
exclusivas dos seres humanos. P.138.

Estudos empreendidos inicialmente por Darwin e em seguida por Paul Ekman


provaram que a expressão de emoções básicas como felicidade, medo raiva,
repulsa, tristeza e surpresa são comuns aos seres humanos, independente da
cultura no qual faz parte. “O mesmo estado de espírito é expresso em todo o
mundo com uma uniformidade notável”. P.141.

Crianças cegas ou indivíduos de culturas isoladas partilham das formas


básicas de expressão.

Em nossa sociedade existem dois tipos de dominação (Física e Social). A


dominação física envolve agressão ou ameaças de agressão; portar armas,
camiseta apertada, marombeiro etc. Já a dominação social envolve possuir
prestígio social através de dinheiro, roupas de marca, conhecimento, títulos
etc). P.144.

Experimento envolvendo taxas de dominação. Quando possuímos uma


hierarquia social menor de dominação tendemos a desviar nosso olhar dos
olhos da pessoa com quem falamos, seja exercendo o papel de ouvinte ou
falante. Quanto maior nossa hierarquia for, mais olharemos para os olhos do
outro. P.146.

A nossa comunicação não verbal constitui um importante aspecto de nossas


interações sociais. Através dela conseguimos efetivamente criar vínculos
sociais e estabelecer empatia com outras pessoas. A comunicação não verbal
forma uma linguagem social que de muitas maneiras é mais rica e fundamental
que nossas palavras, permitindo identificar nas pessoas emoções e outras
características. P.148.

Um dos principais fatores de sucesso social consiste em saber interpretar as


pistas não verbais emitidas pelas pessoas. (Popularidade de uma criança é
diretamente proporcional a sua capacidade de interpretar os outros). P.149.

Desde a tenra infância, os que são bons em dar e receber sinais têm mais
facilidade para formar estruturas sociais e atingir seus objetivos em situações
sociais. P. 150.

Cap. 6. Julgando as pessoas pela cara

Homens ajustam o timbre de voz para mais agudo ou grave de acordo com a
posição na hierarquia social no qual se encontram. P.156.

Estudos empíricos demonstraram que o timbre de nossa voz bem como o


toque, são fatores que modificam a forma como as pessoas nos interpretam. O
toque parece transmitir um sentido subliminar de afeto e ligação, aumentando o
sucesso de nossas interações sociais. P.162.

Assim como voz, toque e atitude, a aparência e a expressão facial exercem


poderosa influência na maneira como julgamos as pessoas. “Efeito rosto. ”
P.165.

Cap. 7. Classificação de pessoas e coisas


Gostamos de pensar que julgamos as pessoas como indivíduos, e às vezes
tentamos de maneira consciente avaliar os outros com base em suas
características específicas. Em geral conseguimos, porém se não conhecemos
a pessoa, nossa mente pode procurar as respostas em sua categoria social.
P.181.

“Vieses perceptivos de categorização estão na raiz do preconceito”.

Cap. 8. In groups / Out Groups

Os cientistas chamam de in-groups aqueles grupos no qual fazemos parte e


out-groups os grupos que as excluem. “Nós e Eles”. Naturalmente todos nós
pertencemos a vários grupos, somos pais, filhos, alunos, funcionários etc. Em
cada um desses grupos, possuímos percepções distintas acerca dos estímulos
que nos cercam, constituindo uma importante concepção de nossa
autoimagem. P.195.

Cada grupo possui a sua “norma grupal”, ou seja, é a maneira como interpreta
determinadas coisas. Quando estamos inseridos no contexto de grupo, a
maneira como percebemos as coisas varia de acordo com a norma grupal
daquele grupo. P.196.

Tendemos a enxergar nosso in-groups como pessoas mais parecidas com a


gente, e até certos atributos negativos pessoais são deixados de lado quando
estamos inseridos dentro do contexto de grupo.

A identidade de nosso in-group influencia na forma como julgamos as pessoas,


mas também a forma como nos sentimos sobre nós mesmos, como nos
comportamos e às vezes até nosso próprio desempenho. P.201.

Cap. 9. Sentimentos

Todos nós possuímos diversas identidades. Nossa personalidade não está


carimbada em nós de forma indelével, ela é dinâmica e mutável. P.211.
Fingir um determinado estado emocional (alegria, tristeza euforia etc) é o
primeiro passo para alcança-lo.

Síndrome de Korssakov (consiste em um tipo de amnésia em que as pessoas


podem perder a capacidade de elaborar novas memórias).

A evolução não projetou nossos cérebros para entender a si mesmo com


precisão, mas sim para nos ajudar a sobreviver. Observamos a nós mesmos e
ao mundo e entendemos as coisas apenas o bastante para seguir em frente.
P.230.

Cap. 10. O eu

Será que acreditamos mesmo nas versões melhoradas de nós mesmos que
oferecemos à nossa plateia? Com que exatidão percebemos a nós mesmos?

Efeito acima da média = é quando possuímos uma percepção de nós mesmos


superestimada.

Indivíduos “normais” como alunos, professores, médicos, etc, tendem a pensar


em si mesmos não só como competentes, mas também como eficientes,
mesmo que não o sejam. P236.

A escolha irracional nos torna mais felizes.

“A ignorância é o elixir da felicidade”

Nós escolhemos os fatos em que queremos acreditar.

Estudos mostram que pessoas que possuem uma percepção mais acuradas de
si mesmas, tendem a ser mais depressivas e terem baixa autoestima. Já uma
autoavaliação mais positiva e superestimada é mais saudável. P.256.

Acreditar em si mesmo é uma força positiva na vida. ]

A tendência que as pessoas possuem de se convencerem do que fazem ser


correto é denominado de raciocínio motivado. Ou seja, acreditamos no que
confirma nossos preconceitos,

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