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JOÃO H.

NEGRÃO - DEC-FCTUC - Universidade de Coimbra - 2005

ANÁLISE POR “EXPLOSÃO” DA ESTRUTURA


Nesta metodologia, a estrutura é separada nos seus elementos
constituintes, sejam estes barras individuais ou substruturas
constituídas por várias barras. A separação pode fazer-se em
quaisquer secções, sejam estas rígidas ou contenham dispo-
tivos de libertação. Por conseguinte, os subsistemas isolados
não corresponderão necessariamente a corpos rígidos da es-
trutura global.
De acordo com o princípio dos cortes, cada subsistema deve,
com vista à preservação da situação de equilíbrio, ser actuado
pelas forças sobre si exercidas pelos subsistemas confinantes.
Cada força de ligação nas posições dos cortes aparece então
representada como um par acção-reacção actuando nos dois
subsistemas unidos pela secção em causa.
É esta reciprocidade que permite a progressão do processo de
solução: determinada uma força de ligação com base no equi-
líbrio de um subsistema, proceder-se-á à substituição do seu
valor no subsistema confinante na sua secção de actuação.
Esta substituição reduz o número de incógnitas neste último e
permite, eventualmente, a determinação de novas incógnitas
a partir de equações de equilíbrio do subsistema.
Este método é de grande utilidade quando, dada a multiplicida-
de de ligações internas, não é evidente a individualização de
subsistemas constituintes de tipo isostático simples.
10 KN/m

EXEMPLO C D F
B 80 KNm
4

Analise a estrutura isos-


tática da figura. A
E
G
20 KN

3 3 3 3

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A estrutura tem 5 ligações ao exterior e não são evidentes as equações


de equilíbrio parcial que, conjuntamente com as globais, permitiriam a
sua determinação. Opta-se, assim, por proceder à desmontagem do
sistema, como representado na figura seguinte.
É agora necessário encontrar equações de equilíbrio que permitam o
arranque e a progressão do processo de resolução. Para o efeito, são
desejáveis equações envolvendo uma só incógnita, a fim de evitar a so-
lução de sistemas de equações simultâneas.
10 F6 F8 10
F4
F5 F5 F7 F7 HF
MF
MC F6 D F3 F8 F9
C F
F10 F10
MC F3 F9
F4
F4 80
B MB
MB
F4 F9
F4 F10
F3
G
A
F4 F3
F10
F1 F1 F1 F1 F2 F2 F2 F2
HA E F9
20
VA VG

1 Equilíbrio do subsistema ABCD

10 O pistão B impede a realização de força


F5 axial em ABC. Logo, a acção F4, exercida
C D F6 pelo sistema vizinho em A, deverá ter a
B direcção transversal à do eixo da barra.
y Por outro lado, existindo articulações em
a
F4 x A e D, deverão ser nulos os momentos
A
flectores nessas secções.
Com base nestas observações, representa-se na figura o diagrama
de corpo livre do subsistema. O requisito de equilíbrio de momentos
é expresso pela condição

SM =0
ABCD
D ou seja

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HF
B
F4 cos a .6 + F4 sin a .4 - 10*3*3/2 = 0 4 = +6,62 ( A
)

Conhecida F4, podem determinar-se as forças de ligação em D:

SF =0
ABCD
hor -F4 sin a + F5 = 0 H F5 = +5,29 (
D
)

SF =0
ABCD
ver F4 cos a -10*3 + F6 = 0 H F6 = +26,03 ( )D

O equilíbrio de momentos dos subsistemas AB e BC fornece os


valores dos momentos flectores MB e MC :

SM=0
AB
F4*LAB + MB = 0 H MB = -16,54 ( ) (LAB =2,5)
B

SM=0
ABC
F4*LAC + MC = 0 H MC = -33,09 ( C) (LAC =5,0)

2 Equilíbrio do nó E (forças verticais)


Do equilíbrio de forças verticais no nó E resulta, imediatamente:
F3 = +20,00
A figura seguinte ilustra a situação no actual estágio de resolução (a
azul as quantidades ainda indeterminadas):

10 26,03 F8 10
6,62
5,29 5,29 F7 F7 HF
MF
33,09 D F8 F9
20 F
C F10
33,09 26,03 F10
F9
20
6,62 6,62
80
16,54
16,54 B

6,62 6,62 F9
20 F10

A G
6,62 20
F10
F1 F1 F1 F1 F2 F2 F2 F2
HA E F9
20
VA VG

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3 Equilíbrio do nó D

SF =0
E
hor -5,29 + F7 = 0 H F7 = +5,29 ( D
)

SF =0
E
ver -20 - 26,03 - F8 = 0 H F8 = -46,03 ( D
)

26,03 F8 10 26,03 46,03 10


5,29 F7 F7 HF 5,29 5,29 HF
20
D F8 F9 F
MF 20 D 5,29 F9 F
MF
F10 46,03 F10

4 Equilíbrio do subsistema DF

SF =0
DF
ver -46,03 - 10*3 - F10 = 0 HF 10 = -76,03 ( )

SM=0 -46,03*3 -10*3 /2 + MF = 0 H MF = +183,09 (


2 F
DF
)

10 10 10
D HF D HF 183,09 D HF 183,09
5,29 F9 5,29 F9 5,29
MF 37,02
46,03 F10 F 46,03 76,03 F 46,03 76,03 F
F10 76,03 76,03
F9 F9
37,02
80 80 80

76,03 76,03 37,02


F10 G G
F2 F9 F10 F2 F9 76,03 F2 76,03
F9 F9 37,02
G
VG VG VG

5 Equilíbrio do subsistema FG

-76,03*3 + 80 + 4*F9 = 0 H F9 = +37,02 (


F

SM=0
G
)

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6 Reacção horizontal em F (do equilíbrio de DF)

SF =0
DF
hor -5,29 - 37,02 - HF = 0 H HF = - 42,31 ( F
)
10 10
HF 42,31
5,29 37,02 5,29 37,02
F 183,09 F 183,09
46,03 76,03 46,03 76,03

7 Equilíbrio do nó G

SF =0
G
hor 37,02 - F2 = 0 H F2 = + 37,02 ( )
G

SF =0
G
ver - 76,03 + VG = 0 H VG = + 76,03 ( G
)
76,03 76,03
20 20
F1 F2 F2 F2 F2 37,02 F1 37,02 37,02 37,02
E G E G
20 20
VG
76,03
8 Equilíbrio do nó E (forças horizontais)

SF =0
E
hor 37,02 - F1 = 0 H F1 = + 37,02 ( )E
20 20
6,62 6,62
a F1 F1 F1 F1 37,02 A 37,02 37,02 37,02
HA A E HA E
VA VA
20 20
9 Equilíbrio do nó A

SF =0
A
hor 6,62 sin a + 37,02 + HA = 0 H HA = - 42,31 ( A)

SF =0 - 6,62 cos a + VA = 0 H VA = 3,97 (


A

A
ver )
6,62 6,62
A 37,02 A 37,02
HA 42,31
VA 3,97

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10 Diagramas de corpo livre finais dos subsistemas

10 26,03 46,03 10
6,62 42,31
5,29 5,29 5,29
33,09 D 5,29 183,09
20 37,02
C F
33,09 26,03 46,03 76,03 76,03
20
6,62 6,62 37,02
80
16,54
16,54 B
37,02
6,62 6,62
20 76,03

76,03 G
6,62 20
A 37,02 37,02 37,02 37,02 37,02
42,31 E
3,97 20
76,03

11 Verificação das equações de equilíbrio globais (confirmação)

10 KN/m
42,31
C D F
183,09
B 80 KNm
4

42,31 E
A 20 KN G

3,97 76,03
3 3 3 3

SF =0 ver 3,97 - 10*6 - 20 + 76,03 = 0

SF =0 hor -42,31 + 42,31 = 0

SM=0
2
G
3,97*12-10*6*6-20*6+42,31*4+183,09+80 = 0

Seguir-se-ia o traçado dos diagramas de esforços, feito da forma habitual.

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TRELIÇAS E ESTRUTURAS ARTICULADAS


Considere-se uma barra AB, articulada nas extremidades e
integrada num sistema estrutural actuado por um carregamento
qualquer. Isolando a barra do sistema e considerando que as
rótulas impossibilitam a realização de momentos flectores nas
suas extremidades, o respectivo diagrama de corpo livre será,
caso não exista carregamento aplicado ao longo da barra
B B
F N
B
F V

A
A
F N
A
F V

As forças de ligação dos elementos adjacentes são represen-


tadas em termos de componentes normal e transversal ao
eixo da barra.
Estabelecendo o equilíbrio de momentos em relação a um
ponto qualquer - seja a extremidade B, por exemplo - tem-se,
designando por L o comprimento da barra e considerando que
A
só a componente F V pode gerar momento em relação aquele
ponto
A A
F V .L=0 F V =0

Do equilíbrio de forças na direcção transversal à do eixo da


barra resulta, de imediato
B
F V =0
Para a terceira equação, que estabelece o equilíbrio na direc-
ção longitudinal da barra, tem-se finalmente
A B
F V =-F V

condição que define um estado de esforço axial constante.

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Assim
Uma barra bi-articulada sem carregamento directamente
aplicado permite apenas a realização de forças de ligação
dirigidas segundo o seu eixo.
Uma barra nestas condições designa-se por biela, tirante (se o
esforço axial é permanente ou predominantemente de tracção)
ou escora (se o esforço axial é permanente ou predominante-
mente de compressão).
NOTA: Pode agora entender-se a razão pela qual foi introduzido na 1ª lição, de
forma um tanto a prioristica, o conceito de biela como dispositivo trans-
missor de uma força de ligação com uma direcção dada.

Designa-se por articulada uma estrutura constituída exclusi-


vamente por bielas. Os pontos de junção das bielas são os
nós. Estes sistemas constituem um sub-grupo das estruturas
reticuladas.

Uma importante família das estruturas articuladas é a das


treliças ou sistemas triangulados, nos quais as bielas são
ligadas segundo um padrão de triângulos, embora possam
apontar-se casos que não seguem exactamente este modelo.

Tais sistemas são abundantemente utilizados em Engenharia


Civil, numa variedade de formas e aplicações como pontes,
gruas, torres de telecomunicações e difusão de sinal, gares,
pavilhões industriais, coberturas, postes de alta tensão, etc.

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Podem ser planos (quando todas as barras partilham um plano


comum) ou espaciais, isostáticos ou hiperstáticos.
No caso dos sistemas planos, o carregamento deverá também
ser aplicado no plano comum, uma vez que a capacidade
resistente da estrutura fora do plano é muito reduzida. Para
obviar a essa limitação, é frequente associarem-se sistemas
planos não-coplanares de forma cooperante, desempenhando
cada um deles a função de travamento dos restantes.

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A grande vantagem das treliças ou vigas trianguladas em rela-


ção a peças compactas é a melhor aproveitamento da capaci-
dade resistente do material,resultando numa superior relação
resistência/peso.

Material Material próximo


sub-aproveitado do limite de resistência

1 2 3

1 2 2

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1 Banzos (superior e inferior) - Realizam a resistência


ao momento flector e ao esforço axial. Têm geralmente
tensões de sinal contrário (no caso da figura, o banzo
inferior é traccionado).
Em construção metálica são normalmente executados
com perfis U, secções tubulares (circulares, quadradas
ou rectangulares) ou secções compostas de cantoneiras
ligadas por pernos.

2 Diagonais - Realizam a resistência ao esforço trans-


verso. Consoante a sua orientação e o carregamento,
poderão estar traccionadas ou comprimidas. Podem
executar-se com qualquer das formas anteriores, ou
ainda com cantoneiras simples.

3 Montantes ou pendurais - Funções análogas às das


diagonais. Apresentarão esforço axial de sinal oposto
ao destas, em geral.

Hipóteses básicas na análise de estruturas articuladas

1 - Todas as barras são perfeitamente articuladas nas extre-


midades.

2 - Não existe carregamento aplicado no vão das barras indi-


viduais.

3 - As barras desenvolvem apenas esforço axial (consequên-


cia das duas hipóteses anteriores).

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A 2ª hipótese não é a rigor realizável em estruturas reais, uma


vez que existe sempre o efeito do peso próprio associado ao
material da barra. Em consequência, ao esforço axial instalado
na barra como resultado da sua participação no funcionamento
global da estrutura, deverá ainda sobrepor-se o efeito de flexão
local desta como viga sujeita ao seu peso próprio:

P = rgA
N

N L

No entanto, como este efeito é comparativamente pouco impor-


tante, em face do esforço axial resultante do carregamento glo-
bal do sistema, é habitual repor-se a 2ª hipótese considerando,
como parte do carregamento global, o peso próprio da barra
repartido por igual entre os seus nós:
N

PL/2
N
PL/2

Para o carregamento exterior (vento, sobrecargas, cargas per-


manentes, etc.) esta hipótese é assegurada fazendo coincidir
os pontos de descarga daqueles carregamentos com os nós
da estrutura.

Note-se que, embora pouco recomendável e económico, pode-


rá sempre aplicar-se o carregamento em qualquer ponto da
barra, desde que sejam levados em conta os esforços de flexão
e corte adicionais por ele produzidos.

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DETERMINAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ESTATIA DE


UMA ESTRUTURA ARTICULADA

A cada barra de uma estrutura articulada corresponde, como


já foi dito, uma única força (esforço axial) conhecida em direc-
ção mas não em valor algébrico (intensidade e sentido). Logo,
às b barras de um sistema articulado correspondem outras
tantas incógnitas do problema de equilíbrio estático. Se a es-
tas se adicionarem as r reacções relativas às ligações exte-
riores (apoios), ter-se-á um total de

b + r incógnitas

Para a sua determinação e uma vez que a articulação de todas


as extremidades tira sentido às equações nodais de equilíbrio
de momentos, dispôe-se das condições de equilíbrio de forças
nos n nós:
y Nj z Nj
Nk y Nk

x x

Nm Nl Nm Nl

åN ix = Fx = 0
åN ix = Fx = 0 i = j,k,l,m

i = j,k,l,m
åN iy = Fy = 0
åN iy = Fy = 0 i = j,k,l,m

i = j,k,l,m
åN iz = Fz = 0
i = j,k,l,m

2n equações em 2D 3n equações em 3D

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A condição de isostaticidade ou de determinação do problema


estático é, portanto

b + r = 2n (2D) ou b + r = 3n (3D)
Se
b + r > 2n (2D) ou b + r > 3n (3D) Estrutura hiperstática.
b + r < 2n (2D) ou b + r < 3n (3D) Estrutura hipostática.

NOTA: Nestas expressões, as libertações internas correspondentes às


articulações dos nós são implicitamente consideradas no núme-
ro de incógnitas por barra, que passa das 3 das estruturas reti-
culadas para 1.

TRELIÇAS SIMPLES

Considere-se uma barra simplesmente apoiada, à qual se jus-


tapõe um arco de três rótulas constituído por duas barras:

Quer a viga inicial quer o arco são estruturas isostáticas. De


acordo com a regra de construção de sistemas isostáticos com
níveis de cooperação distintos, a estrutura triangulada resul-
tante será também isostática. Possuindo o conjunto 3 ligações
ao exterior, significa isto que o triângulo constitui um corpo
rígido. Esta afirmação pode ser constatada pelo facto de que
só é possível modificar a sua forma alterando o comprimento
de, pelo menos, uma barra, possibilidade em contradição com
a hipótese dos corpos rígidos, na qual se baseia toda a teoria
de Estática Aplicada.

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Por outro lado, sendo a estrutura exteriormente (um corpo, três


ligações ao exterior) e globalmente (pela forma de construção)
isostática, deverá ser também interiormente isostática. Assim
O triângulo tri-articulado constitui um módulo isostático
básico para a construção de estruturas articuladas.

Se se repetir sucessivamente a adição de arcos de duas bar-


ras e/ou se alterar a posição das ligações, manter-se-á a natu-
reza isostática da estrutura:

Assim:
Treliças ou sistemas triangulados simples são aqueles
que podem ser construídos, a partir de um módulo triangu-
lar inicial, por adição sucessiva de duas barras e um nó.

ANÁLISE DE SISTEMAS SIMPLES


Para além de métodos gráficos, que cairam em desuso com a
banalização dos meios de cálculo, e de procedimentos mais
sofisticados como o Método dos Elementos Finitos, a análise
destes sistemas pode ser conduzida por vários métodos, dos
quais serão a seguir descritos dois:

1 - Método dos nós


2 - Método de Ritter

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MÉTODO DOS NÓS


Este processo consiste na solução consecutiva das equações
de equilíbrio nodaI. O seu uso é adequado quando se pretende
a determinação completa dos esforços na estrutura ou somente
em barras situadas na vizinhança do nó inicial da análise.
Como cada nó fornece apenas duas (três, em 3D) equações
de equilíbrio, o arranque do método deve ter lugar num nó no
qual existam não mais do que duas incógnitas por determinar,
ou seja, não mais do que duas barras com esforço axial ainda
desconhecido. Nós nestas condições serão sempre encontra-
dos em sistemas simples e serão:
Nós de apoio (após o cálculo das reacções)
ou
Nós interiores ligando apenas duas barras.
A figura seguinte esquematiza os passos de resolução para
um caso simples, que será depois concretizado.
Nó a resolver
Esforços a determinar no equilíbrio do nó
Esforços já determinados
Esforços a determinar

P P P P P P P P P

1.5P
1 1.5P 1.5P
2 1.5P 1.5P
3 1.5P

P P P P P P P P P

1.5P
6 1.5P 1.5P
5 1.5P 1.5P
4 1.5P

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No passo 6 , resta apenas uma incógnita por determinar, que


é o esforço axial na diagonal que se dirige ao apoio da direita.
A satisfação das duas equações de equilíbrio deve, em todo o
caso, ser satisfeita por esta incógnita única, condição que cons-
titui uma verificação do processo de resolução já empreendido.

EXEMPLO DE APLICAÇÃO
10 10 10
1 Equilíbrio do nó 1
2 6
4 N1-2 (tracção, por hipótese)
sin a = 0.8
4

a cos a = 0.6
1 3 5 7 N1-3 (tracção, por hipótese)

15 15 0.6N1-2 + N1-3 = 0 N1-2 = -18.75 (c)


15
3 3 3 3 3 3 0.8N1-2 + 15 = 0 N1-3 = 11.25 (t)

2 Equilíbrio do nó 2 3 Equilíbrio do nó 3
10
6.25 N3-4 (tracção, por hipótese)
N2-4 (tracção, por hipótese)
18.75 a a
aa N2-3 (tracção, por hipótese)
11.25 N3-5 (tracção, por hipótese)

0.6*18.75 + N2-4 + 0.6N2-3 = 0 -11.25 - 0.6*6.25 + 0.6N3-4 + N3-5 = 0


0.8*18.75 - 10 - 0.8N2-3 = 0 0.8*6.25 + 0.8N3-4 = 0
N2-3 = + 6.25 (t) N3-4 = - 6.25 (c)
N2-4 = -15.00 (c) N3-5 = +18.75 (t)

4 Equilíbrio do nó 4 5 Equilíbrio dos nós 5, 6 e 7


10 A simetria do problema permite concluir
15.00 que os esforços nas barras 4-6, 5-6 e 6-7
N4-6 (tracção, por hipótese)
6.25 serão iguais, respectivamente, aos das
aa N4-5 (tracção, por hipótese) barras 2-4, 2-3 e 1-2.

Por simples simetria,


verifica-se que:
N4-5 = - 6.25 (c)
N4-6 = -15.00 (c)

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MÉTODO DE RITTER OU DO PONTO OPOSTO

Este método baseia-se no princípio dos cortes e requer que a


geometria da treliça seja tal que permita definir pelo menos
uma linha de corte que intersecte não mais do que três barras
da estrutura, sendo que estas devem ser não concorrentes e
ter direcções distintas.
O uso do método é apropriado para casos nos quais se preten-
da o cálculo de esforços em apenas algumas barras da estru-
tura, geralmente em posição que obrigue a um grande número
de operações pelo método dos nós.
P
P P
P P
P 1 P Exemplifique-se com a asna
P/2 P/2 da figura, na qual se pretende
L/4

2
3
determinar os esforços axiais
4 nas barras assinaladas.
L/8
L
4P 4P

Pelo método dos nós, seria


necessária a construção e
resolução das equações de
equilíbrio para os 8 nós indi-
cados.

P
P P Secione-se a treliça com um
P s P corte s-s’ intersectando, no
P P máximo, 3 barras nas condi-
P/2 P/2 ções referidas na introdução
L/4

deste método. Utilizando o


princípio dos cortes, poderá
L/8
L s’ então proceder-se ao equilí-
4P 4P brio parcial:

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P
P P
P P
P N1 N1 P
P/2 P/2
N3
N3
N4 N4

4P Pela esquerda Pela direita 4P


Os esforços axiais N1, N3 e N4 serão obtidos da solução de 3 equações
de equilíbrio de momentos em relação a 3 pontos não colineares. Daí
a exigência de o corte não intersectar mais do que 3 barras (a fim de
não existir um número excessivo de incógnitas) e a de estas não serem
concorrentes (a fim de que as equações sejam independentes).

A solução destas equações será simplificada se forem considerados os


pontos de concorrência de cada duas barras, em cujos casos as equa-
ções envolverão como única incógnita o esforço axial da barra não-
-concorrente nesse ponto. Esta escolha requer que nenhumas duas
das três barras seccionadas sejam paralelas, caso em que o ponto de
concorrência se situa no infinito, impedindo a construção da equação.

Trabalhando com o equilíbrio à direita, vem:


P
P
å MA = 0 Þ
N1
P 4P.(3L/8) - P/2.(3L/8) - P.(L/4)
A
P/2 - P.(L/8) - N4.(3L/16) = 0
a N4 = 5P (Tracção)
N3
B
N4
C å MB = 0 Þ

y P.(L/8) + P.(L/4) + P.(3L/8)


+N3.cosa(3L/8) + N3.sina(3L/16) = 0
4P
(a = Arctg 2/3)
x
N3 = - Ö13/2 P (Compressão)

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P
P
N1
P åM C = 0 Þ
b A
P/2
3.5P.(L/2) - P.(3L/8) - P.(L/4) - P.(L/8)
N3 + N1.cosb(3L/16) + N1.sinb(L/8) = 0
B
N4 (b = Arctg ½)
C y
N1 = - 2Ö5 P (Compressão)
x 4P

Falta ainda a determinação do esforço axial na barra 2 . Introduzindo


um novo corte s-s’, são agora intersectadas 4 barras. No entanto, os
esforços nas barras 3 e 4 foram já determinados no corte anterior e
o esforço na barra 5 não é pretendido nem necessário para o cálculo.
Assim, a fim de evitar o seu aparecimento na equação da qual se obte-
rá N2, estabelecer-se-á a equação de momentos a respeito de um
ponto sobre a direcção da barra 5 . (excepto o vértice da asna). Seja
esse o ponto D.
P
P
s D P
L/8

y 5 P
N5 2 P/2
N2 3 a
x
Ö13/2 P
4
5P
s’

4P
åM D = 0 Þ

P.(L/8-L/8-L/4)+(7/2).P.(3L/8)-5P.(5L/16)+Ö13/2 Psina.(L/8)+N2.(L/8) = 0

N2 = 3P (Tracção)

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MÉTODO DAS PROJECÇÕES


Este método constitui uma variante do método de Ritter, apro-
priado para casos em que duas das 3 barras a que correspon-
dem incógnitas são paralelas. Nesse caso, não é possível a
determinação do esforço axial na 3ª barra por uma equação
de equilíbrio de momentos em relação ao ponto de intersecção
das outras duas, uma vez que este está no infinito. Assim, as
duas outras equações de equilíbrio de momentos complemen-
tam-se as com uma equação de equilíbrio parcial de forças do
corpo cortado:
Exemplo: Determinar os esforços nas 3 barras indicadas.
10 s’ 10 10 10 s’
N2-4
2 6 2
4 N3-4
4

a N3-5
1 3 5 7 1 3
s s
15 15 15
3 3 3 3 3 3 3 3

å M3 = 0 Þ 10*3 - 15*6 - N2-4*4 = 0 N2-4 = -15 (c)

å M4 = 0 Þ 10*6 - 15*9 + N3-5*4 = 0 N3-5 = +18.75 (t)

åF Ey = 0 Þ 15 - 10 + N3-4 sin a = 0 N3-4 = - 6.25 (c)

Nota final:
O uso dos métodos descritos não é estanque. Dependendo das con-
dições de cada problema, poder-se-á usar qualquer combinação destes.
O método de Ritter, por exemplo, poderá ser usado para tornar deter-
minado o equilíbrio de um nó interior (isto é, resolver todas as barras
menos duas no nó), após o que a solução pelo método dos nós pode-
rá arrancar dessa posição.

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TRELIÇAS NÃO-SIMPLES OU COMPLEXAS

Embora sejam também isostáticas, treliças deste tipo possuem


uma geometria que não pode ser obtida pela adição sucessiva
de duas barras e um nó ao triângulo básico. Em consequência,
não existirão nós adequados para arranque do método de equi-
líbrio nodal (isto é, nos quais haja que determinar apenas duas
incógnitas). Também não será possível definir secções de corte
iniciais que intersectem apenas 3 barras, pelo que o método de
Ritter não poderá igualmente ser utilizado.
Estas estruturas podem ser obtidas a partir de treliças simples,
modificando a posição de uma ou mais barras sem que tal re-
sulte na introdução de mecanismos.

A’
B B

Simples Complexa

Em ambos os casos:

b=9
r =3 b + r - 2n = 9 + 3 - 2*6 = 0
n=6

Uma vez que o sistema é isostático, as 2n equações de equilíbrio nodal


serão suficientes para a solução do problema. A dificuldade está em que
estas serão equações simultâneas, que exigirão um tratamento algébri-
do do sistema (isto é, nenhuma delas será expressa em função de uma
única incógnita).

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MÉTODO DE SUBSTITUIÇÃO
Nalgumas treliças complexas é possível, no entanto, utilizar um proces-
so de resolução mais simples, que consiste da seguinte sequência:

1 Mudar a posição de uma barra do sistema complexo, por forma a


torná-lo simples (passo inverso do representado na figura anterior)
Barra A’-B Barra A-B

A’ B B

2 Resolver esse sistema simples e, em particular, determinar o esfor-


ço axial NA-B devido ao carregamento aplicado ao sistema complexo.

3 Resolver de novo o sistema simples, agora para um par de forças


unitárias e de sentidos opostos, dirigidas segundo a direcção da
barra real A’-B. Seja FI-J o esforço na barra I-J originado por estas
forças. Os esforços obtidos para as diversas barras representam a
influência de um esforço axial unitário na barra A’-B.
A

1 1 B

4 Não existindo a barra A-B, deverá ser nulo o esforço axial nela pro-
duzido pelo carregamento real. Pelo princípio da sobreposição de
efeitos, este esforço será igual à soma do obtido na análise 2 com
o devido ao esforço NA’-B , a determinar por esta condição:

NA’-B FA-B + NA-B = 0

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5 Os esforços axiais finais nas barras (Ni) serão obtidos por sobrepo-
sição dos da análise 2 (Ni2) com os produzidos pelo esforço axial
da barra A’-B (NA’-B):
Ni = Ni2 + NA´-B FI

EXEMPLO C 10

3
Determinar os esforços nas
F
barras da treliça complexa B D
da figura.
3
A E

1 Treliça simples transformada 4 4


C 10
2 Esforços na treliça simples
(Equilíbrio dos nós)
3

B D
F NA-B = +2.5 NC-D = -25/3
NA-F = +25/6 NA-D = +7.12
3

NB-F = -10/3 NF-E = 0


A E
NB-C = +25/6 ND-E = -7.5
4 4 NC-F = +2.5

3 Esforço unitário em AD
C
FA-B = -0.117 FC-D = +0.390
FA-F = +0.390 FA-D = -0.333
B D
FB-F = -1.248 FF-E = -1.170
1 F FB-C = +0.390 FD-E = +0.351
FC-F = -0.468
1
A E

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4 Esforço final na barra B-E


Condição de anulação do esforço final em B-F, que não existe:

NB-E FB-F + NB-F = 0 -1.248 * NB-E - 10/3 = 0 NB-E = -2.670

5 Esforços finais nas barras da estrutura real.

NI-J = NB-E FI-J + N(I-J)2

NA-B = NB-E FA-B + N(A-B)2 = -2.670 * (-0.117) + 2.500 = +2.812


NB-C = NB-E FB-C + N(B-C)2 = -2.670 * (+0.390) + 25/6 = +3.125
NC-D = NB-E FC-D + N(C-D)2 = -2.670 * (+0.390) - 25/3 = -9.375
ND-E = NB-E FD-E + N(D-E)2 = -2.670 * (+0.351) - 7.500 = -8.437
NA-F = NB-E FA-F + N(A-F)2 = -2.670 * (+0.390) + 25/6 = +3.125
NC-F = NB-E FC-F + N(C-F)2 = -2.670 * (-0.468) + 2.500 = +3.750
NE-F = NB-E FE-F + N(E-F)2 = -2.670 * (-1.170) + 0.000 = +3.125
NA-D = NB-E FA-D + N(A-D)2 = -2.670 * (-0.333) + 7.120 = +8.010
NB-E = NB-E FB-E + N(B-E)2 = -2.670 * (1.000) + 0.000 = -2.670

9.
37
C 10 C 5
25 -
3.1 +
9.
25
3.750

37
3.750

3.1 5 +
3.
5 12
B F D B .12 F 5
D
3 + +
2.812

3.
8.437

8.437
2.812

25 12 + -
3.1 10 2.6
5
8.0 70
10
A E A + - E
2.6
0 70
8.01
7.5 7.5

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ANÁLISE CINEMÁTICA DE
SISTEMAS RETICULADOS
APLICAÇÕES: - Identificação de mecanismos potenciais;
- Padrão de deformação da estrutura;
- Método dos Trabalhos Virtuais;
- Identificação de graus de liberdade translacionais;

HIPÓTESES BÁSICAS

1ª - O sistema é constituído por corpos (barras) rígidos

Em consequência desta hipótese, a deformação do sistema resultará,


exclusivamente, do movimento de corpo rígido dos seus corpos ou
partes constituintes.

2ª - Os deslocamentos são pequenos, não alterando de


forma significativa a geometria do sistema (lineari-
dade geométrica)
A caracterização geométrica do sistema deformado poderá, portanto,
ser feita em termos da sua configuração inicial. Exemplificando com a
barra da figura seguinte:
B’
Em resultado de uma rotação j em torno
B de A, a barra AB move-se para a posição
AB’. Nos termos desta hipótese

j
a+j @a Þ
a AC = AB cos a @ AC’ = AB’ cos (a + j )
A
C’ C

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Resulta também desta hipótese que os arcos de circunferência descritos


pelos pontos do sistema, em consequência de rotações de corpo rígido,
podem ser substituídos pela sua tangente na posição inicial. Portanto, o
movimento de rotação de um ponto, em torno de um centro de rotação,
CR, ocorrerá segundo a perpendicular ao raio (r ) com origem no centro
e extremidade no ponto considerado (ver figura).

A
A’’ Lim AA’’ = AA’
A’ j®0

Lim CR-A’’ = CR-A’ = r


rA

B j®0

j
B’’
j B’

Ainda com base na 2ª hipótese, o seno e a tangente dos ângulos de


rotação poderão, para efeitos de cálculo, ser substituídos pelo valor
do ângulo, expresso em radianos:

AA’’ = r . tg j @ r . sin j @ r . j

3ª - É aplicável o princípio da sobreposição de efeitos.

Embora a realização de um mecanismo ou de uma deformação imposta


resultem da ocorrência instantânea de uma combinação de movimentos
de corpo rígido afectando todo ou parte do sistema, pode conseguir-se
a sua caracterização pela aplicação sequencial ou sobreposição dos
vários movimentos de corpo rígido (translações e/ou rotações) simples
envolvidos (ver figura).

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dy

d
dx q

º
+ dx +
dy

Nota: Esta hipótese, válida para sistemas planos, não é geralmente satisfeita
pelas componentes de rotação de sistemas tridimensionais (ver figura).

z y

x
qx qy qz

z y

x
qy qz qx

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Ao aplicar sequencialmente as componentes do movimento combinado,


podem surgir incompatibilidades nas ligações da estrutura, nas fases
deformadas intermédias, as quais devem ser eliminadas pela aplicação
dos movimentos subsequentes, como se exemplifica a seguir:

C D

B PASSO 1 B’ B
1
Uma vez que a barra AB está vinculada com
uma rótula em A, as suas possibilidades de
movimento limitam-se à rotação em torno
desse ponto. A aplicação isolada desta dá
origem à descontinuidade BB’.
A
SISTEMA HIPOSTÁTICO
Þ 1 MECANISMO

PASSO 2
Esta descontinuidade é anulada pela translação
horizontal do corpo BCD, mas este movimento
produz a incompatibilidade DD’, uma vez que
o apoio em D não permite translação horizontal.

D’ D
D’

D’’
PASSO 3
3 2
A incompatibilidade assinalada no Passo 2 é
anulada por uma rotação do corpo BCD em
torno de B (ou B’, pelo hipótese 2), a qual
traz de novo a secção extrema ao plano ao
qual se encontra vinculada pelo apoio em D,
Não havendo outras incompatibilidades por
resolver, está assim encontrado o mecanismo.

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METODOLOGIA DE RESOLUÇÃO
O exemplo anterior contém em si muitos dos aspectos mais relevantes
do processo de solução para sistemas de maior complexidade. Embora
seja difícil sistematizar este processo, dada a diversidade de sistemas
estruturais possíveis e, em consequência, da melhor abordagem para
cada problema, indicam-se em seguida algumas regras que podem ser
de grande utilidade no traçado da deformada:

1 Evitar começar o traçado da deformada por corpos sujeitos, simul-


taneamente, a rotações e translações, o que dificulta a identificação
da sua posição deformada. Corpos com uma ligação dupla ao exterior
possuem apenas um movimento de corpo rígido possível, o que torna
mais simples a determinação do seu movimento no mecanismo em
questão. Rótulas, por exemplo, só permitirão a rotação do corpo a elas
vinculado. Do mesmo modo, o movimento de um corpo ligado a um
slides será, quando muito, o de translação no plano de escorregamen-
to deste. Duas ligações simples em vez de uma dupla produzirão um
efeito similar.

2 Dado um sub-sistema em rotação em torno de um ponto fixo, a


trajectória de um seu qualquer ponto A será, por força da hipótese 2
atrás discutida, perpendicular ao segmento que une os dois pontos,
o qual constitui um raio do movimento de rotação em torno do ponto
fixo. A translação de A resultante desse movimento pode obter-se
como descrito anteriormente ou, preferindo-se a determinação das
suas componentes segundo um sistema de eixos de referência, pela
forma a seguir indicada:
A
y
a d
dy

dx d y = d cos a = r.j cos a = j.Dx


x A’’
r

Dy

j
d x = d sin a = r.j sin a = j.Dy

a Dx
CR

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3 A componente de translação de uma barra segundo a direcção axial


deverá ser constante em todos os seus pontos. Doutro modo, variará o
seu comprimento, o que está em contradição com a hipótese 1.

DL1 = DL2

DT
DL
2

2
DL
1

DL - Translação na direcção longitudinal


DT - Translação na direcção transversal
DT
1

4 Devem manter-se inalterados os ângulos entre barras concorrentes


num nó e rigidamente ligadas entre si, em coerência com a hipótese 2.

j1
j’1¹j1
j3 j’3=j3
j2
j’2=j2

EXEMPLOS Identificar e representar os mecanismos dos sistemas


seguintes, distinguindo os casos de vinculação insufi-
ciente dos de vinculação ineficaz.
3

3 5 2 2 2

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