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JOÃO H.

NEGRÃO - DEC-FCTUC - Universidade de Coimbra - 2005

MECÂNICA - Ciência que descreve as condições de


movimento e repouso de corpos sob a acção de forças.

ESTÁTICA

CORPOS RÍGIDOS CINEMÁTICA

DINÂMICA
CINÉTICA
DOS SÓLIDOS
RES. DOS MATERIAIS

TEORIA DA ELASTICIDADE
CORPOS DEFORMÁVEIS
TEORIA DA PLASTICIDADE

MECÂNICA TEORIA DA VISCOSIDADE

INCOMPRESSÍVEIS HIDRÁULICA

DOS FLUIDOS
COMPRESSÍVEIS

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GALERIA DE FAMOSOS

Aristóteles (364-322 A.C.) - Alavanca


“Dêem-me um apoio e eu moverei o mundo“

Arquimedes (287-212 A.C.) - Hidrostática


(princípio da impulsão, “Eureka!“)

Leonardo da Vinci (1452-1519) - Alguns


estudos sobre Resistência de Materiais

Copérnico (1473-1543) - Órbitas circulares


heliocêntricas
Stevinus (1548-1620) - Hidrostática
regra do paralelogramo
Kepler (1571-1630) - Leis de Kepler, órbitas
planetárias

Galileu (1564-1642) - Mecânica celeste


queda dos graves, pêndulo
Varignon (1654-1722) - Estática, Teorema
de Varignon
Newton (1642-1727) - Leis de Newton,
gravitação, atracção universal
Mecânica Newtoniana
Navier (1785-1836) - Estática Aplicada, Me-
cânica dos Fluidos, Elasticidade


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CONCEITOS BÁSICOS

ESPAÇO - Conceito associado à noção de posição


de uma partícula ou ponto material

TEMPO - Medida da sucessão dos eventos

MASSA - Quantidade de matéria que um corpo possui

FORÇA - Acção de um corpo sobre outro (por con-


tacto ou à distância). Caracteriza-se por:
intensidade
direcção
sentido

UNIDADES S.I.
ESPAÇO - Metro (m)

TEMPO - Segundo (s)

MASSA - Quilograma (kg)


(múltiplo frequente em Engenharia:Tonelada-massa)
FORÇA - Newton (N). Em Engenharia, é mais usado
o múltiplo Quilonewton (KN)

SÓ 3 DESTAS QUANTIDADES SÃO INDEPENDENTES

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Matéria - Substância que ocupa espaço. Um corpo é


uma quantidade de matéria delimitada por uma super-
fície fechada

Partícula ou ponto material - Corpo de dimensões


infinitesimais.

Corpo - Conjunto de partículas que ocupam uma posi-


ção mais ou menos fixa entre si. Se a posição relativa
destas é fixa, trata-se de um corpo rígido. Caso con-
trário, será um corpo deformável.

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA
MECÂNICA
Trata-se de conceitos insusceptíveis de demonstração
matemática, cuja veracidade é atestada por via expe-
rimental e pela intuição.

1 - Lei do paralelogramo para a adição de forças


2 - Princípio da transmissibilidade
3 a 5 - Leis fundamentais de Newton
6 - Lei da gravitação ou da atracção universal

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REVISÃO DE MECÂNICA VECTORIAL

Escalares - Exprimem a quantidadeou intensidade de


uma grandeza física (p.e. massa, volume)

Vectores - Além de uma quantidade ou intensidade,


caracterizam-se ainda por uma direcção, um sentido
e um ponto de aplicação (p.e. peso, aceleração)

FORÇAS são adequadamente representadas por


vectores.

Dado o conceito de ponto material, todas as forças


terão o mesmo ponto de aplicação. Este é o passo
introdutório para o estudo de corpos.

Representação vectorial de forças:


O comprimento do vector
exprime a intensidade da A recta de suporte ou
força linha de acção carac-
terizam a direcção

A seta define o sentido

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Fixos (Intensidade, direcção, sentido e ponto


de aplicação definidos)
Vectores Livres (Intensidade, direcção e sentido fixos;
ponto de aplicação qualquer)
Deslizantes (Móveis ao longo da respectiva
linha de acção)

OPERAÇÕES ELEMENTARES
COM VECTORES

Vectores iguais - Mesmas intensidade, direcção e


sentido; ponto de aplicação qualquer.

F1 F2
|F2|=|F1| F1 = F2

Vector negativo de um vector dado - Mesmas inten-


sidade e direcção mas sentido oposto.

F1 F2

|F2|=|F1| F1 = -F2

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Adição de vectores >>>>> regra do paralelogramo:

F1 tante Princípio de
Resul
Stevinus
F2
Resulta deste princípio que:
A grandeza (intensidade) da resultante não é igual
à soma das intensidades das componentes, salvo
no caso de vectores colineares.
Regra do triângulo:
F2 R
F1
R F1
F2
R = F1 + F2 = F2 + F1
A soma vectorial é comutativa.
F2 F2
F1 F3 F1 F3
R1 R2
R R
R = R1 + F3 = (F1 + F2) + F3
R = F1 + R2 = F1 + (F2 + F3)
A soma vectorial é associativa.

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F1 - F2 = F1 + (- F2)
A diferença de dois vectores é igual à soma do
vector aditivo com o negativo do vector subtractivo.

F kF

O produto de um vector F por um escalar k é um vector


com a mesma direcção e ponto de aplicação de F, inten-
sidade igual a çk ç.çF çe sentido definido pelo sinal de k.

Resultante de várias forças concorrentes

R1 R2
R Polígono
R de forças

Decomposição de uma força em componentes

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Componentes rectangulares (cartesianas)


Em problemas de análise vectorial é recomendável
o uso de direcções de decomposição comuns para
todos os vectores sob consideração. Por facilidade
de interpretação, estas serão geralmente associadas
às direcções horizontal (x) e vertical (y) do espaço
cartesiano em problemas bidimensionais (ainda um
terceiro eixo z para problemas espaciais).
y
Os vectores unitários ^i e ^j constituem
uma base ortogonal para o espaço
plano, dado que podem exprimir
^ qualquer vector neste contido.
j
1

^
i
x
F = Fx + Fy
1
Fx = ÷ Fx÷ i^ = Fx i
^

y
Fy = ÷ Fy÷ j^ = Fy j
^

F
Fy ÷ Fx÷ = ÷ F÷ cos a
a ÷ Fy÷ = ÷ F÷ sin a
x
Fx
^ ^
F = Fx i + Fy j

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Para problemas espaciais:


z
^ y ^ ^ ^
k ^ F = Fxi + Fyj + Fzk
j
1

1 ^
i
x Fx = lïFï
1
Fy = mïFï
Fz = nïFï
z

ïFï= F = ÖFx + Fy + Fz
y 2 2 2

g
b
a l = cos a
x
m = cos b l +m +n =1
2 2 2

n = cos g

Soma analítica de vectores:


^ ^ ^ ^ ^ ^
P = Px i + Py j + Pz k Q = Qx i + Qy j + Qz k

^ ^ ^
R = (Px+Qx) i + (Py+Qy) j + (Pz+Qz) k =
^ ^ ^
R x i + R y j + Rz k

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Base ortonormada:
z ^ ^ ^ ^ ^ ^
i j k (j i -k)
^ y
k ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^
j j k i (k j -i)
1

1 ^
i ^ ^ ^ ^ ^ ^
x k i j (i k -j)
1

O símbolo  representa o produto vectorial, que será


descrito dentro em pouco.

Para um observador posicionado segundo o sentido


positivo do versor produto resultante, o 2º versor da
operação obter-se-á por rotação do 1º versor no sen-
tido directo (anti-horário):

^ ^ ^
k k k
^ ^ ^
j j j

^ ^ ^
i i i

^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^ ^
i j k j k i k i j

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Vector unitário (versor) segundo uma


direcção arbitrária definida pelos co-
senos directores {l,m,n}:
^ ^ ^ ^
u=li+mj+nk
Representação de um vector em função
do versor contido na sua direcção:
z
y F
g F = ï F ïu^
b
a u^
x

Diagrama de corpo livre:


Representação esquemática de um problema, na qual é
abstraída toda a informação não essencial ao processo
de determinação das condições de equilíbrio:
F1 F2

 A 
 A 
1000
1000

Problema real Diagrama de corpo livre

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Operações específicas de
Mecânica Vectorial

Produto escalar de dois vectores:


Dados dois vectores P e Q, define-se produto escalar de P
por Q e representa-se por P . Q a operação
Q
P . Q = ïPï.ïQïcos a
a P
O resultado é um escalar, positivo ou negativo,
igual ao produto da intensidade de um vector
pela da projecção do outro na sua direcção.
Q
É comutativo P
Q . P = ïQï.ïPïcos b
(Cos a = Cos b) b
É distributivo
P.(Q+R) = P.Q + P.R
É nulo para vectores perpendiculares
(Cos a = Cos b = 0)
É máximo (em módulo) para vectores colineares
(Cos a = Cos b = ±1)

Não é associativo
(P . Q) . R não faz sentido.como produto escalar.
Multiplicação por uma constante:
m Q . P = ïmQï.ïPïcos b = ïQï.ïmPïcos b

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Produto vectorial de dois vectores:


Dados dois vectores P e Q, designa-se por produto vectorial
de P por Q e representa-se por P Ù Q o vector com as carac-
terísticas seguintes:
- A direcção é perpendicular ao plano definido por P e Q
- A intensidade é dada por
ïVï=ïPÙQï=ïPïïQïsina V Q a
(=área do paralelogramo da figura)
P
- O sentido é o que define um triedro positivo, isto é, um
observador na extremidade de V verá P à sua direita e
Q à sua esquerda:
Regra do saca-rolhas:
Q
PÙQ O sentido do vector-produto
é o que corresponderia ao
Q P da ponta de um saca-rolhas
ao qual se imprimisse uma
tação no sentido do 1º pa-
P QÙP ra o 2º vector do produto.

Não é comutativo: PÙQ = - QÙP (como se vê das figuras)

É distributivo: PÙ(Q + R) = PÙQ + PÙR


Não é associativo: (PÙQ)ÙR ¹ PÙ(QÙR)
É nulo para vectores colineares
(Sin a = Sin b = 0)
É máximo (em módulo) para vectores perpendiculares
(Sin a = Sin b = ±1)
Multiplicação por uma constante:
m( P Ù Q ) = mP Ù Q = P Ù mQ = mV

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Produto misto:
Dados três vectores P, Q e R, designa-se por produto misto
a operação que consiste na aplicação consecutiva de um
produto vectorial e de um produto escalar com a sequência

P.(QÙR)=(QÙR).P=S

Significado geométrico: O produto Q Ù R é um vector


de intensidade igual à área do
QÙR paralelogramo definido pelos
dois vectores e normal ao seu
P
R plano.
H O produto escalar é dado pela
A multiplicação desta intensidade
pela da projecção H de P, que
é a altura, a respeito da base
Q A, do parapelipípedo definido
pelos 3 vectores.

O produto misto forneçe o volume deste paralelipípedo.

O produto misto mantém-se igual se se fizer a permutação


circular dos vectores intervenientes:
P
P . (Q Ù R) = R . (P Ù Q) = Q . (R Ù P)
Q R

Qualquer outra permutação resulta na troca de sinal final:

P . (Q Ù R) = - R . (Q Ù P) = - Q . (P Ù R) = - P . (R Ù Q)

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Formas algébricas dos produtos escalar,


vectorial e misto:
Sejam 3 vectores P, Q e R, dados em componentes
cartesianas:
^ ^ ^
P = Px i + Py j + Pz k
^ ^ ^
Q = Qx i + Qy j + Qz k
^ ^ ^
R = R x i + R y j + Rz k

Expressão analítica do produto escalar:

p = P . Q = Px Qx + Py Qy + Pz Qz

Expressão analítica do produto vectorial:


^ ^ ^
i j k
PÙQ = Px Py Pz =
Qx Qy Qz
^ ^ ^
= (PyQz-PzQy)i+(PzQx-PxQz)j+(PxQy-PyQx)k

Expressão analítica do produto misto:

Rx Ry R z
R . ( P Ù Q ) = Px P y P z =
Qx Qy Qz

= Rx(PyQz-PzQy)+Ry(PzQx-PxQz)+Rz(PxQy-PyQx)

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Dois importantes conceitos de Análise Vectorial baseiam-se


no uso das operações referidas:
Momento de uma força em
relação a um ponto:

Dados: Ponto O,de coordenadas (x,y,z)


Vector F (direcção, sentido, intensidade, l. acção)

Designa-se por momento de F em relação a O e represen-


ta-se por M o produto vectorial

M=rÙF
no qual r é o vector-posição, com origem em O e extremi-
dade em qualquer ponto da recta de suporte de F.
M Recordando a definição do produto
vectorial, vê-se que a intensidade
deste vector, qualquer que seja r, é
O r
d a F
M = Frsin = Fd

onde d é a distância do ponto O à recta de suporte de F.


Sabe-se ainda que o vector-momento, cuja representação
convencional se ilustra, é normal ao plano de r e F.

A intensidade do momento dum vector (força) em relação


a um ponto traduz a tendência da força de produzir movi-
mento de rotação em torno do eixo que passa pelo ponto
e contém o vector-momento.

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Momento de uma força em


relação a um eixo:
^ ^ ^ ^
Dados: Versor da direcção (eixo) AB: v = li + mj + nk
Ponto O de AB,de coordenadas (x,y,z)
Vector F (direcção, sentido, intensidade, l. acção)
Designa-se por momento de F em relação a AB e represen-
ta-se por M o produto misto
^
M=v . ( rÙF )
no qual r é o vector-posição, com origem em O e extremi-
dade em qualquer ponto da recta de suporte de F.
B O produto vectorial constitui, como
M se viu anteriormente, o momento
^
v
em relação a O (vector-momento M).

M O produto escalar resulta depois na


O r grandeza da projecção deste vector
A
F sobre a direcção AB.

O momento de um vector (força) F em relação a um eixo


AB traduz a tendência da força de produzir movimento
de rotação de corpo rígido em torno desse eixo.

Conclusão importante:
O momento em relação a um eixo complanar com a recta de su-
porte da força será sempre nulo (porque o vector-momento que
resulta do produto vectorial é normal ao plano e, assim, o produto
escalar subsequente é nulo O Momento nulo em relação a rectas
concorrentes com a da força ou paralelas a esta.

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PRINCÍPIOS DA REDUÇÃO DE SISTEMAS DE FORÇAS


1 O momento de uma força em relação a um ponto não
se altera quando esta se desloca ao longo da sua
linha de acção.
F
F
O  O  ro-o’‘
ro-o’
O’‘ O’‘

d O’ d O’

 ro-o’ F  = Fro-o’sin =F.d = Fro-o’’sin = ro-o’’ F 

2 O momento de uma força em relação a um ponto O’ é


igual à soma do seu momento em relação a O com o
da força, aplicada em O, em relação a O’.

ro’-o O’ F ro’-aF = ( ro’-oro-a)F =


O ro’-a
= ro’-oF  ro-aF
ro-a
A (Propriedade distributiva do produto vectorial)

3 TEOREMA DE VARIGNON - O momento de um sistema


de forças concorrentes em relação a um ponto arbi-
trário é igual ao momento da força resultante em re-
lação ao mesmo ponto.

A demonstração deste teorema decorre também da aplicação da


propriedade distributiva do produto vectorial:

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F2 F3
R
= rO-A F1 + rO-A F2 +...+ rO-A Fn =
O
M res

F1 A Fn-1 = rO-A ( F1 + F2 +...+ Fn ) = rO-AR

rO-A Fn
O

4 Se se modificar o ponto de aplicação de uma força, o


sistema assim obtido será estaticamente equivalente
ao inicial desde que lhe seja acrescentado o vector-
momento de valor igual ao do momento da força na
posição inicial em relação à posição final.
F
M = rO’-O  F F

O’ rO’-O equivalente a O’
O O

5 O tópico anterior é consistente com o princípio da


transmissibilidade uma vez que, se O’ pertencer à
recta de suporte de F, o momento é nulo e a força
pode assim ser livremente deslocada ao longo dessa
linha.

6 CONJUGADO ou BINÁRIO: Sistema de duas forças pa-


ralelas de igual intensidade mas sentidos opostos.

Redução 4 M
-F
M
F
r F
-F

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O par de forças que constitui o binário é equivalente a um


vector livre, assim designado porque pode ser aplicado em
qualquer ponto do espaço, sem que tal produza alteração
das condições estáticas.

A intensidade do conjugado ou binário é dada pelo produto da intensi-


dade (comum) das forças pela distância ou braço entre as respectivas
linhas de acção:

F d/k d
d
kF
F
F kF F

M = F.d M = (kF).(d/k)=Fd M = F.d

Conjugados equivalentes - Produzem o mesmo momento


e estão contidos no mesmo plano ou em planos paralelos.

7 Qualquer sistema de forças é redutível a um sistema


força-conjugado.

z F1
M
F1 y
O r1F1
rn O rnFn
r1 x
r2 r2F2 F2

Fn R
F2 Fn
Por aplicação
sucessiva da
redução 4

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8 Casos particulares da redução 7 :

8a Sistema de forças concorrentes:


As forças podem ser adicionadas vectorialmente no ponto de
concorrência O Sistema redutível a uma força única.
8b Sistema de forças coplanares:
Para um ponto arbitrário, o sistema é redutível a uma força
coplanar com as do sistema e a um vector-momento perpen-
dicular ao plano das forças. Por uma translação, nesse plano,
do ponto de aplicação da resultante (redução 4 ), é possível
a anulação desse momento O Redução a uma força única.
8c Sistema de forças paralelas:
Cada força produz um momento cujo vector está contido no
plano perpendicular à direcção comum da forças. O sistema
resulta assim numa força resultante e num vector-momento
que lhe é perpendicular, sendo possível a anulação deste por
uma redução do tipo 4 . Se a resultante é nula, o sistema
reduzir-se-á então a um momento resultante O Redução a
uma força única ou a um momento (conjugado)
8d Sistema redutível a um conjugado (momento)
Embora esta condição não seja geralmente satisfeita, não há
pré-requesitos do sistema de forças para a sua ocorrência.
8e Sistema redutível a uma força única
Salvo nas situações referidas em 8a e 8b, em que é sempre
possível, esta condição não é geralmente satisfeita por siste-
mas arbitrários. Uma vez mais, no entanto, não há pré-reque-
sitos para a sua ocorrência.

NOTA: O caso 8b é especialmente relevante na solução de


problemas bidimensionais, correntes na modelação
de estruturas simples de Engenharia Civil.

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REDUÇÃO DE CARREGAMENTOS CONTÍNUOS


M = ò r(s)Ùpûds
dF=pûds R=p(L2-L1) L2

p M = ò L1psds = !p(L22-L12)=


L1 r(s
) ds L2 =p(L2-L1)(L2+L1)/2= R.seq
s
o seq= !(L1+L2) Resultante na linha média
do carregamento

^
M = ò r(s)Ùpûds
dF=pu ds R=pL/2
L1+L
p M = ò p(s)(s+L1)ds =
L1
L1+L
) ds
L1 r(s L = ò ps/L.(s+L1)ds =
s L1

o =pL/2.(L1+(L) = R.seq
seq = L1+(L
Resultante a 2/3 do
comprimento carregado

p1 p3 1 Usar sobreposição de efeitos


p4 para definir cargas parcelares:
p2
p5 R3
R1 p3-p4 R4
L1 L p1-p2 R2
seq = ? p4-p5
p2 p5
R R3 R5
R1 R4
R2
R5
2 Usar teorema de Varignon para
determinar posição da resultante

roR =  ro Ri
i
(Ponto O qualquer)

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ESTÁTICA
Capítulo da Mecânica dedicado ao estudo do
equilíbrio de sistemas materiais em repouso.
Princípio de Stevinus ou da sobreposição de efeitos:
“O efeito resultante de um conjunto de acções actuando simul-
tâneamente é igual à soma ou sobreposição dos efeitos das
acções individuais.“
NOTA: O termo acção é aqui entendido no sentido lato, como sendo
toda a causa (não necessariamente uma força, e.g. tempera-
tura, deformação imposta, etc.) de solicitação de um corpo,
podendo ser avaliada a priori.

Princípio da igualdade acção-reacção (3ª Lei de Newton);


“A toda a acção corresponde uma reacção igual e de sentido
contrário.“

NOTA: O termo acção é aqui entendido no sentido restrito de força


solicitante.

EQUILÍBRIO ESTÁTICO DO PONTO MATERIAL

Uma partícula ou ponto material diz-se em equilíbrio quando é


nula a resultante de todas as forças sobre ela actuantes.

2D :
{ S Fx = 0
S Fy = 0
3D :
{ S Fx = 0
S Fy = 0
S Fz = 0
Pela 1ª Lei de Newton, um ponto material em equilíbrio man-
tém-se imobilizado (estático) ou em movimento uniforme e
rectilíneo (se estava inicialmente em movimento).

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ESTÁTICA DO CORPO RÍGIDO

As entidades do mundo macroscópico são os corpos, cons-


tituídos pelo preenchimento de um dado volume por pontos
materiais.
Corpos rígidos »»»»»»» Estática
Corpos deformáveis »»»Resist. de Materiais
Sobre um corpo podem actuar:
Forças externas - Representam a acção do meio exterior
sobre o corpo considerado. Podem ser:
Acções (tendem a causar o movimento do corpo);
Reacções (tendem a impedir o movimento do corpo).
NOTA: O peso próprio do corpo pode, neste sentido, incluir-se
no grupo das acções, na medida em que representa o efeito do
campo gravítico sobre a massa do corpo, de acordo com a 2ª
Lei de Newton, tendendo a produzir a sua queda.
Forças internas - Asseguram a integridade do corpo,
nomeadamente quando sujeito a forças externas.
Movimentos de corpo rígido
As acções podem exercer-se sobre pontos arbitrários do corpo
As reacções actuam sobre o corpo por via das ligações. Estas
constituem assim o vínculo do corpo ao exterior (fixo).

Na ausência de ligações ou vínculos do corpo:

Translação x Translação y Rotação


Caso 2D (corpos no plano)

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z
Translação x Translação y Translação z
y

Rotação qx Rotação qy Rotação qz

Caso 3D (corpos no espaço)

EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS - CASO 2D


De acordo com a 1ª Lei de Newton, a ausência de movimento
de corpo rígido (ou equilíbrio estático) requer que seja nula, para
cada um dos movimentos possíveis,a resultante de forças ten-
dentes a produzir esse tipo de movimento.
Assim, e à semelhança do caso do ponto material, deverão ser
satisfeitas duas equações de equilíbrio de forças no plano
S Fx = 0 S Fy = 0
onde Fx e Fy compreendem as acções e também as (eventuais)
reacções associadas às ligações que vinculam o movimento
segundo as direcções x e y.
Adicionalmente e uma vez que deve ainda ser impedida a rotação
do corpo, requer-se uma equação de equilíbrio de momentos em
relação a um qualquer ponto do espaço plano ou, noutros termos,
que seja nula a soma dos momentos de todas as forças do siste-
ma em relação ao ponto:
S Mz = 0

PARA USO EXCLUSIVO NO ÂMBITO DA DISCIPLINA DE ESTÁTICA APLICADA DO DEC-FCTUC


JOÃO H. NEGRÃO - DEC-FCTUC - Universidade de Coimbra - 2005

Mz1 = r1 Ù F1
F1
d1
O
ïMz1ï = ïF1ïïr1ïsin a =
a-180
r1 = -ïF1ïïr1ïsin (a-180) =
a = ïF1ï(±d1)

Como todos os vectores (forças) são


F2 coplanares, todos os vectores-momento
F1 são colineares (perpendiculares ao
d1
O d2 plano da figura), podendo assim adi-
d3
d4 cionar-se algebricamente. Logo, para a
F3 condição de equilíbrio estático
F4
SïMZiï= SïFiï(±d)i

EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS - CASO 3D

Neste caso o equilíbrio requer o impedimento de 6 movimentos


independentes (3 translações e 3 rotações em torno dos eixos
cartesianos). Para os primeiros, devem satisfazer-se as equa-
ções de equilíbrio de forças segundos os eixos cartesianos, já
apresentadas para o ponto material:

S Fx = 0 S Fy = 0 S Fz = 0
Para as rotações, requerem-se 3 equações de equilíbrio de mo-
mentos em torno dos eixos cartesianos:

S Mx = 0 S My = 0 S Mz = 0

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JOÃO H. NEGRÃO - DEC-FCTUC - Universidade de Coimbra - 2005

EQUILÍBRIO 2D - CASO PARTICULAR DE 3D

Considere-se o caso em que todas as forças do sistema se


situam num plano comum (seja xoy, por simplicidade formal).

z
y

1 A satisfação da equação de equilíbrio de forças segundo


o eixo z fica automaticamente assegurada.

2 A redução das forças a um qualquer ponto O do plano pro-


duzirá apenas vectores-momento normais a esse plano,
uma vez que as direcções x e y são coplanares com o
sistema de forças, não desenvolvendo então componentes
de momento devidas a essa redução (ver princípios de
redução).
Assim, caso o sistema inicial seja constituído apenas por
forças ou ainda por momentos segundo (em torno de) z,
ficará também assegurada a verificação das equações de
equilíbrio de momentos em torno de x e y.

3 A satisfação das restantes 3 equações é, portanto, condi-


ção necessária e suficiente para garantir o equilíbrio geral
do sistema. Estas constituem as equações de equilíbrio
2D ou no plano, constituindo então um caso particular do
problema tridimensional.

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