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Instituto Brasileiro do Concreto

PATOLOGIAS MAIS COMUNS EM EDIFÍCIOS RESIDENCIAIS NA CIDADE


DE SÃO PAULO

Eng.º MSc. Paulo Fernando Araujo Silva (*)


Eng.ª Carla C. de Paula (FAAP – SP)
Eng.º Luiz Felipe F. Costa (3D Eng.ª)
(*) Prof. de Patologia das Construções da FAAP-SP
(*) Concremat Engenharia e Tecnologia S/A

RESUMO

Os problemas patológicos das edificações residenciais têm aumentado, devido


aos seguintes fatores:
• maior velocidade de execução das obras;
• cimentos mais resistentes, permitindo com isto a utilização de concretos
com elevada relação água/cimento e baixíssimo consumo de cimento; e
• mão-de-obra cada vez mais desqualificada.
Para estudar as Patologias mais Comuns em Edifícios Residenciais na
Cidade de São Paulo foi elaborado um formulário / questionário padrão, o qual foi
utilizado para obtenção dos dados junto a ABERRE (Associação Brasileira de
Engenharia de Recuperação e Reforços Estruturais).
O presente trabalho tem por finalidade apresentar as Patologias mais comuns
observadas, suas causas e métodos de ensaios empregados, bem como os
procedimentos mais utilizados na recuperação da Estrutura.

1. INTRODUÇÃO
Tem sido observado um aumento do número das empresas de recuperação de
estruturas, em função da grande quantidade de patologias (“doenças”) encontradas
nas estruturas.

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As empresas de Construção Civil gastam muito dinheiro com manutenções


corretivas, durante e após a conclusão das obras. Muitas vezes estas manutenções
são feitas sem os devidos cuidados e conhecimento, e desta forma elas têm que
serem refeitas.
Como o investimento em educação na área técnica operacional é muito baixo e
se investe muito mais em “marketing”, através de propaganda, obtenção de
ISO – 9000, etc., provavelmente, a área de recuperação de estruturas tende a
aumentar nos próximos anos.
A falta de cuidados na confecção das estruturas, aliada a ausência de norma
brasileira mais rigorosa (entre os anos de 1978 e 2000), com relação a exigência de
relação água/cimento mínima, consumo de cimento mínimo, cobrimento mínimo,
etc., pode ser observada no aumento do número de casos patológicos, que cresce a
cada dia.
Fazendo um levantamento bibliográfico pode-se observar que, este fato já
ocorreu na Europa e que estamos percorrendo o mesmo caminho (aliás errado) que
eles percorreram a partir da segunda guerra mundial. Entretanto, eles já fizeram
mudanças há mais de 10 anos e nós ainda continuamos no caminho errado. Em um
estudo elaborado na Europa, para se saber as causas dos problemas patológicos
concluiu-se que elas são devido a:
• maior velocidade da execução das obras;
• cimentos mais resistentes, permitindo com isto a utilização de concretos
com elevada relação água/cimento e baixíssimo consumo de cimento; e
• mão-de-obra cada vez mais desqualificada.
Em uma análise rápida de nossas construções pode-se observar os mesmos
problemas, que os acima apresentados.
O presente trabalho tem por finalidade apresentar as Patologias mais comuns
em edifícios residenciais na cidade de São Paulo, suas causas e métodos de
ensaios empregados, bem como os procedimentos mais utilizados na recuperação
de estruturas.

2. PESQUISA
Inicialmente foi elaborado um formulário / questionário padrão, o qual foi
utilizado para obtenção dos dados junto as empresas que formam a ABERRE
(Associação Brasileira de Engenharia de Recuperação e Reforços Estruturais).
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O questionário (anexo 1) é dividido em seis partes:


• patologias e suas causas mais prováveis;
• indicação da parte constituinte da edificação que mais tem apresentado
defeitos;
• a existência ou não de levar em conta a durabilidade das estruturas,
durante a fase de projeto;
• os ensaios mais empregados para o diagnóstico da estrutura;
• as soluções ou metodologias empregadas nas recuperações das obras;
• observações, que os entrevistados julgassem pertinentes.
As palavras em vermelho, que aparecem no questionário, representam os
sintomas, os quais podem ser identificados através de uma inspeção visual. Cada
sintoma possui, no mínimo, uma subdivisão, a qual indica o caminho pelo qual a
patologia percorreu para que ocorresse o dano, bem como a causa mais provável
desta doença.
A parte da estrutura que mais tem apresentado defeito também foi avaliada:
fundação (infraestrutura), mesoestrutura, superestrutura e contenções.
Buscou-se verificar se durante a fase de projeto são levados em consideração
a caracterização do ambiente, dos materiais, da execução e da manutenção.
Os ensaios mais empregados para diagnosticar e as metodologias utilizadas
para recuperar dependem da empresa contratada, bem como da disponibilidade de
equipamentos, por parte delas.

3. RESULTADOS OBTIDOS
Os sintomas mais observados são os de Desplacamento do Concreto e
infiltração pela junta de dilatação, conforme mostra a figura 1.

fig. 1 – Sintomas das Patologias.

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Os desplacamentos do concreto, os quais deixam as armaduras aparentes,


foram causados pela corrosão das armaduras. O principal fator para que houvesse a
corrosão foi o baixo ou insuficiente cobrimento da armadura (fig. 2).

fig. 2 – Fatores que determinaram a corrosão da armadura.

A infiltração pela junta de dilatação com a conseqüente lixiviação da Portlandita


também foi citada como um sintoma muito freqüente. Em alguns casos houve
infiltração (20%), mas sem extração do Ca(OH)2.
A “mesoestrutura” foi a parte da edificação, cujos componentes estruturais
mais apresentaram problemas (fig. 3).

Fig. 3 Área mais deteriorada.

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Com relação aos cuidados durante a fase de projeto, observou-se que não há
preocupação com a caracterização do meio-ambiente, com a manutenção
preventiva e nem com a definição dos materiais.
Os principais problemas executivos estão relacionados com o cobrimento das
armaduras, juntas de concretagem e espaçamento entre barras de aço.

Fig. 4 – Problemas relacionados com a execução.


A retração do concreto foi a principal causadora das fissuras e trincas nos
elementos estruturais (fig. 5). As retrações plástica e térmica foram as que mais
comumente apareceram (fig. 6).

fig. 5 – Causas das fissuras e trinca do concreto.

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fig. 6 – Tipos de retração mais comuns.


O ataque por cloretos ocorre devido a baixa qualidade do concreto, o qual é
muito poroso.
As baixas resistências do concreto são devido ao excesso de aditivos (acima
do permitido pelos fabricantes), além dos erros de pesagem.
A segregação do concreto ocorre devido a grandes alturas de queda e
espaçamento entre armaduras muito pequenos.

Dentre as observações citadas espontaneamente pelos entrevistados podemos


citar:
• é muito comum a corrosão dos pés dos pilares do subsolo, devido a
lavagem feita com água e cloro. Este fato também ocorre na fachada,
causando o desplacamento dos revestimentos cerâmicos;
• uso inadequado de pastilhas de revestimento;
• estruturas mais esbeltas;
• impermeabilização apresenta defeitos com freqüência;
• descimbramento inadequado dos balanços;
• mão-de-obra desqualificada.
Os ensaios mais empregados são a extração de corpos de prova e
porcentagem de cloretos (fig. 7).

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fig. 7 – Ensaios empregados no diagnóstico de estrutura.

As soluções mais utilizadas nas recuperações estruturais são o grout e a


resina epoxídica (fig. 8).

fig. 8 - Soluções utilizadas na recuperação estrutural.

4. CONCLUSÕES

Em função do exposto anteriormente pode-se concluir que, se não houver uma


maior preocupação com a vida útil durante a fase de projeto (melhor detalhamento,
especificação, pagamento mais digno, etc.), treinamento dos conceitos básicos das
técnicas de bem construir, para todos os níveis, além de normas mais rigorosas,
teremos cada vez mais o aumento das doenças das construções.
A pesquisa efetuada será refeita em 2001, de forma que possa ser aprimorada.

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5. ANEXO
Anexo 1. Questionário Padrão.

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