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A Justiça na República de

Platão

Livros I a IV
Ética e Política

Não eram distintas


Na estrutura política da Polis, o
cidadão vivia imerso na sua própria
comunidade.
Público e Privado

Não eram nitidamente distintos

Os comportament0s privados assumiam


uma valência pública; inversamente, o
mundo da política influia na ética.
Política

Para os Filósofos clássicos, política não é


uma atividade técnica, mas a mais
completa forma de educação.

Na República, uma parte consistente da


legislação tem como finalidade a
educação.
A Justiça
Esqueleto teórico
Vida privada Vida pública
(indivíduo) (Estado)
Livro I
A pergunta pela definição
• Sócrates refuta as opiniões errôneas
Doxa
• Polemarco: a justiça consiste em fazer bem
aos amigos e mal aos inimigos.
(331e – 332a)
• Trasímaco: a justiça seria o útil de quem
estivesse no poder. (338c)
___________
• Sócrates não responde e demonstra querer ir
embora;
• Glauco e Adimanto provocam Sócrates pedindo-o p/
resolver o problema;
• No livro II, Sócrates é positivo e mais concreto
• Glauco: para os homens em geral, a
justiça não é um fim em si, mas um fim
para obter algo.

• Adimanto: quem louva a justiça o faz em


função dos bens que ela oferece.
____________
Glauco e Adimanto querem saber de
Sócrates se a justiça é um bem que merece
ser escolhida por si mesma, já que as
punições podem ser dribladas
Bem que merece ser escolhido por si
mesmo

Homem

Justiça Eudaimonia

A injustiça não conduz à felicidade.

• Em Sócrates: virtude e felicidade coincidem


O Estado Ideal
• Sócrates analisa a justiça no Estado e
traça uma analogia entre a justiça no
Estado e no indivíduo.

368 c – 369 a (p. 71)


O Estado e as classes
• O Estado é necessário devido às
diversas necessidades materiais da
cidade Artífices (aqueles
que se dedicam às atividades
produtivas.

Numa cidade cada um deve dedicar-se à atividade


para a qual tem aptidão.
Conflito

• O aumento das necessidades e das


atividades geram um conflito. (p. 80/81)

Inevitabilidade Guardiões(367c)
da guerra
_____________
Como cães adestrados, os guardiões devem ser
capazes de ser duros com os amigos, mansos e
benevolentes com os amigos. Para tanto, devem
obter o conhecimento do bem e do mal.
Portanto, o guardião deve ser filósofo
____
Os guardiões devem conhecer os valores
fundamentais sobre os quais o Estado está
assentado.
A educação do guardião
Homem

Corpo Alma
Naturezas distintas

Ginástica Música

A finalidade da educação é a harmonia psicofísica do indivíduo;


Uniformidade equilibrada de intenções e comportamentos.
• A FORMAÇÃO DO FILÓSOFO REQUER BASE MORAL
(PADRÃO DE NORMALIDADE)
399 C – 403 C
• O corpo é instrumento da alma: música e
ginástica tem a alma como objeto. Porém,
o cuidado com ambos é indispensável.

• Somente com harmonia psicofísica o


homem pode obter sabedoria.

• O cuidado com o corpo visa a conquista


do equilíbrio e a temperança.
Governantes e guardiões
Critérios p/ a eleição:
 Como o governante deve ser eleito?
1º critério: deve tender para o bem do Estado.
Para tal, é necessário que haja coincidência
entre bem particular e bem público.
Felicidade do governante = à felicidade do
Estado.

Esta coincidência só pode ser encontrada entre os


membros de uma classe que é preparada para
promover o bem comum: os guardiões.
2º critério
Mito das raças (mentira útil)
(414b-415d/p.134)
Ouro: governantes
Prata: guardiões
Bronze: artífices

Cada um deve ser inserido na classe que lhe cabe


em função de sua natureza (aptidão) e não em
função do nascimento.
Significado do mito das raças

• Para Platão, tanto o filho de um pobre


quanto de um latifundiário deveriam
ser camponeses ou artesãos, se não
fossem capazes de cuidar do Estado.
Divisão do Trabalho
Conforme o talento

Conforme a necessidade

A felicidade está em cumprir a aptidão


(parte inicial do livro III)
Por quê?
• Deve haver distância entre:
Poder econômico----------Interesse privado

Poder político------------------------bem comum

Platão entende que aquele que se


interessa por riquezas materiais tende a
sobrepor tais interesses ao bem comum.
A difícil harmonia entre público e
privado
(Parte inicial do livro IV/ p. 161)

Adimanto: não estaria a cidade penalizando os


guardiões? Platão responde Adimanto lançando
mão do princípio de perfeição: os bens que os
guardiões renunciaram não são bens de
verdade.
Correspondência entre Estado e
Indivíduo
O que a justiça no Estado ?
Classes .....................................................Virtudes

Governantes ...................................Sophia
Guardiões .....................................Andréia
Todos...............................................Sophrosine
As virtudes
• Sophia: consiste no conhecimento do bem e do mal
de maneira geral. É para poucos.

• Andréia: consiste na força da alma em geral.


Também é uma forma de saber, porque consiste na
capacidade de manter firme a própria opinião
sobre o que se deve temer e o que não se deve.

• Sophrosine: é o conhecimento do que é pior no


mundo dos desejos e o acordo entre eles.
Fundamentado sobre o fato que os melhores
governa os piores.
A justiça
• (§1º da p.186) A justiça é a qualidade que
permite ás outras virtudes nascerem e se
conservarem: é a virtude em função da
qual cada um exerce apenas sua tarefa. A
injustiça é o oposto.
• Por isso, a justiça é fundamental para a
cidade.
Do Estado ao indivíduo
A alma
Tripartição da alma: tal como o Estado, a
alma é composta de 3 partes:
Alma / Virtude
parte racional / sabedoria
parte irascível / coragem
parte concupiscível / temperança
Obs: a temperança é uma virtude própria
de todo estado e a toda alma.
• A justiça é a virtude que mantém a
ordem hierárquica, de modo que a
razão governe as outras duas partes.

• As outras classes reconhecem a


“superioridade” do Filósofo e, por isso,
põem-se sob sua guia.
1ª QUESTÃO
Muitas têm sido as explicações das causas históricas para a
origem da filosofia na Jônia. Alguns consideram que as
navegações e as transformações técnicas tiveram o poder de
desencantar o mundo e forçar o surgimento de explicações
racionais sobre a realidade. Outros enfatizam a invenção do
calendário (tempo abstrato), da moeda (signo abstrato para a
ação de troca) e da escrita alfabética (transcrição abstrata da
palavra e do pensamento), que teriam propiciado o
desenvolvimento da capacidade de abstração dos gregos,
abrindo caminho para a filosofia. Idem, ibidem.

Tendo como referência inicial o texto acima, julgue o item a

seguir. A formação da pólis, a cidade-Estado, é a principal

determinação histórica para o nascimento da filosofia


2ª QUESTÃO
(UEL – 2005) “- Mas a cidade pareceu-nos justa, quando
existiam dentro dela três espécies de naturezas, que
executavam cada uma a tarefa que lhe era própria; e, por
sua vez, temperante, corajosa e sábia, devido a outras
disposições e qualidades dessas mesmas espécies.

- É verdade.

- “Logo, meu amigo, entenderemos que o indivíduo, que


tiver na sua alma estas mesmas espécies, merece bem,
devido a essas mesmas qualidades, ser tratado pelos
mesmos nomes que a cidade”. (PLATÃO. A república. Trad.
de Maria Helena da Rocha Pereira. 7 ed. Lisboa: Fundação
Calouste Gulbenkian, 1993. p. 190.)
• Com base no texto e nos conhecimentos
sobre a justiça em Platão, é correto
afirmar:
a) As pessoas justas agem movidas por
interesses ou por benefícios pessoais,
havendo a possibilidade de ficarem invisíveis
aos olhos dos outros.
b) A justiça consiste em dar a cada indivíduo
aquilo que lhe é de direito, conforme o
princípio universal de igualdade entre todos
os seres humanos, homens e mulheres.
c) A verdadeira justiça corresponde ao poder
do mais forte, o qual, quando ocupa cargos
políticos, faz as leis de acordo com os seus
interesses e pune a quem lhe desobedece.
d) A justiça deve ser vista como uma virtude
que tem sua origem na alma, isto é, deve
habitar o interior do homem, sendo
independente das circunstâncias externas.
Rodrigo Sousa Fialho
rodrigofialho28@gmail.com

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