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10 de outubro de 2021
10 de outubro de 2021.
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GILSON DA SILVA EVANGELISTA
10 de outubro de 2021
“Art. 1° Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e
cinco dias depois de oficialmente publicada.”
Este artigo trata do período de vacatio legis, no âmbito interno, quando a norma não expressar
o início de sua entrada em vigor. Deste modo a obrigatoriedade da lei passa a valer após o
período, conforme art. 1° e §§.
“Art. 2° Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a
modifique ou revogue.”
Com exceção de norma com período de vigência determinada, a vigência de uma norma
só será extinta quando, expressa ou tacitamente, revogada por outra norma de mesma
hierarquia ou superior.
Embora seja uma exigência materialmente impossível essa previsão pretende, segundo
Gagliano e Filho, garantir o “interesse público, não se admitindo, em regra, o erro de direito”.
“Art. 4° Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os
costumes e os princípios gerais de direito.”
“Art. 5° Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum.”
Para fins de aplicação da lei, este artigo determina que o juiz considere as situações
sociais atuais, atendendo possíveis mudanças no cenário, mantendo esta norma sempre
aplicável, independente do “momento histórico”.
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“Neste ponto, toda a construção pretoriana sobre certos conceitos jurídicos, calcada
principalmente na doutrina e na observação da sociedade, permite entender o conteúdo
socialmente vigente da lei. (GAGLIANO ET FILHO, 2021).
“Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito,
o direito adquirido e a coisa julgada.”
“Art. 7o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo
e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família.”
A partir deste artigo até o artigo 19° a LINDB trata de questões territoriais na aplicação
das normas, em que se estabelecem quais normas, nacionais ou estrangeiras, terão
competência para regularem ações envolvendo pessoa, bens ou obrigações estrangeiras.
Este artigo determina que as obrigações e contratos sejam regulados pelas leis onde
foram celebrados. Atos celebrados no exterior com resultados no Brasil seguirão as normas
brasileiras sendo admitidas as peculiaridades das normas estrangeiras.
“Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que
domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens.”
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Ao tratar sobre sucessão a LINDB determina que as regras sejam regidas pela lei do
país de domicílio da pessoa que deixa os bens, independente da situação dos bens. Quando
bens estrangeiros estão situados no Brasil a lei brasileira regulara a sucessão desde que mais
benéfica ao cônjuge e aos filhos brasileiros.
Quanto às pessoas jurídicas referidas no caput, essas serão reguladas pelas leis onde se
constituírem, podendo abrir filiais, agências ou estabelecimentos somente após aprovação do
Governo brasileiro e seguirão as normas internas.
“Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado
no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação.”
Este artigo determina que a competência para conhecer das ações relativas a imóveis
situados no Brasil ou realizar diligências solicitadas por autoridades estrangeiras e das
autoridades brasileiras, conforme as leis nacionais.
“Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele
vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros
provas que a lei brasileira desconheça.”
O artigo 13 é bem objetivo declarando que o ônus das provas, os meios de obtê-las
serão regidas pelas leis do país onde ocorreu o fato.
“Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca
prova do texto e da vigência.”
O juiz deverá exigir que o reclamante faça incluir lei estrangeira vigente e com tradução
oficial, ressalvados disposições contrárias em tratados.
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“c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a
execução no lugar em que foi proferida;”
“Art. 16. Quando, nos termos dos artigos precedentes, se houver de aplicar a lei
estrangeira, ter-se-á em vista a disposição desta, sem considerar-se qualquer remissão por ela
feita a outra lei.”
“Art. 17. As leis, atos e sentenças de outro país, bem como quaisquer declarações de
vontade, não terão eficácia no Brasil, quando ofenderem a soberania nacional, a ordem
pública e os bons costumes.”
“Trata-se de uma forma de preservação dos valores nacionais, sem prejuízo do respeito aos
sistemas estrangeiros.” (GAGLIANO ET FILHO, 2021)
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alimentícia e, ainda, ao acordo quanto à retomada pelo cônjuge de seu nome de solteiro ou à
manutenção do nome adotado quando se deu o casamento.”
“Art. 19. Reputam-se válidos todos os atos indicados no artigo anterior e celebrados
pelos cônsules brasileiros na vigência do Decreto-Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942,
desde que satisfaçam todos os requisitos legais.”
“Parágrafo único. No caso em que a celebração desses atos tiver sido recusada pelas
autoridades consulares, com fundamento no artigo 18 do mesmo Decreto-Lei, ao interessado
é facultado renovar o pedido dentro em 90 (noventa) dias contados da data da publicação
desta lei.”
Aos brasileiros situados no estrangeiro terão, nos consulados, seus direitos atendidos
quanto ao disposto no art. 18 que trata de celebração de casamentos e demais atos de Registro
Civil e tabelionato, frisando a indispensabilidade de advogado constituído em casos de
divórcio. Validados os atos, conforme art. 19.
Os artigos a seguir foram incluídos pela lei n°13.655/18, segundo Gagliano e Filho os
11 artigos poderiam ser aprovados em “lei autônoma”, mas destaca que por ser a LINDB um
diploma de sobredireito e uma das mais importante normas infraconstitucionais, a decisão do
legislador em incluir os novos artigos nesta lei infere-se importante atenção em sua
interpretação.
“Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base
em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as conseqüências práticas da
decisão.”
Este artigo tem gerado incertezas no tocante à expressão “valores jurídicos abstratos”,
que continua tão abstrata quanto seus termos. Porém, entende o Promotor Fernando
Rodrigues Martins que os princípios jurídicos atendem de forma objetiva o direito e conclui
que “Em suma, o tratamento destinado ao Direito, quer através dos princípios ou das regras,
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“Art. 21. A decisão que, nas esferas administrativa, controladora ou judicial, decretar a
invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa deverá indicar de modo
expresso suas conseqüências jurídicas e administrativas.”
“Parágrafo único. A decisão a que se refere o caput deste artigo deverá, quando for o
caso, indicar as condições para que a regularização ocorra de modo proporcional e equânime
e sem prejuízo aos interesses gerais, não se podendo impor aos sujeitos atingidos ônus ou
perdas que, em função das peculiaridades do caso, sejam anormais ou excessivos.”
Ao anular um ato previamente acertado entre as parte cabe à esfera que anulou indicar
as medidas cabíveis para que as partes não saiam prejudicadas com a decisão.
Não é o caso, sarcasticamente, indicado por Gagliano e Filho quando a lei diz que a
norma deverá expressar as conseqüências jurídicas, “Então, nessa linha, o agente público terá
de recorrer às lições de Alquimia ou exercícios de Futurologia!”, mas conforme
complementado no Parágrafo único “indicar as condições para que a regularização ocorra de
modo proporcional e equânime e sem prejuízo aos interesses gerais (...)”. Ainda assim, vale
ressaltar que mesmo sem necessidade de prever o futuro, determinar como as partes
procederão, para todas as decisões, é humanamente impossível, pois demandaria
conhecimentos específicos em diversas áreas, demandaria análises de especialistas e possível
aumento na espera da decisão final.
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“IV - deverá prever com clareza as obrigações das partes, o prazo para seu cumprimento
e as sanções aplicáveis em caso de descumprimento.”
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“Art. 28. O agente público responderá pessoalmente por suas decisões ou opiniões
técnicas em caso de dolo ou erro grosseiro.”
“Art. 29. Em qualquer órgão ou Poder, a edição de atos normativos por autoridade
administrativa, salvo os de mera organização interna, poderá ser precedida de consulta
pública para manifestação de interessados, preferencialmente por meio eletrônico, a qual será
considerada na decisão.”
“Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na
aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e
respostas a consultas.”
“Nessa diretriz, buscam-se estabelecer marcos de segurança na aplicação das normas pelas
autoridades públicas de qualquer natureza, que passam a ser, inclusive, estimuladas a
estabelecer normas internas vinculantes, na forma do novel art. 30 da LINDB” (GAGLIANO
ET FILHO, 2021).
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REFERÊNCIAS:
GAGLIANO, P. S.; FILHO, R. P. Manual de direito civil. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2021.
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