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ANO IX VOL.

49 BIMESTRAL - FEVEREIRO 2015 - DISTRIBUIÇÃO GRATUITA

• HÁ 93 ANOS
• PROCURA-SE IDOSO
• UM GOVERNO DE MAUS COSTUMES

MERCADO MUNICIPAL DE SANTOS

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NOBEL

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EDITORIAL Sumário
Edição 49 Ano 9 - Fevereiro de 2015
Olá, leitores:

Na edição de feverei- 4 TROVAS


ro há muitas histórias e te- 5 ADRIANA
mas atuais relatados por nos- Carolina Ramos
sos especialistas. É incrivel 6 CRIMEIA: LOCAL DE VELHAS E NOVAS BATALHAS
como a análise do que se pas- Ney Paes Loureiro Malvasio
sou revela os caminhos esco- 7 VOCÊ É UNHAFOBO, AMIGO LEITOR?
Fernando Jorge
lhidos para a construção do
presente. 8 A EPOPEIA DA LEGIÃO DE SÃO PAULO
Sérgio Paulo Muniz Costa
Manter esse olhar
9 UM GOVERNO DE MAUS COSTUMES
atento é fundamental para Ives Gandra da Silva Martins
evitar a reincidência de er- 10 HÁ 93 ANOS
ros e seguir em frente. Cláudio de Cápua
E por falar em olhar, 11 AO SUÍCIDA EM POTENCIAL
Amaryllis Schloenbach
nossa capa traz o belíssimo
interior do Mercado Munici- 12 RUI RIBEIRO COUTO (1898-1963) E A PAIXÃO
PELO MUNDO - MEMÓRIA DE UM MENINO
pal, tradicional polo de com- APRENDIZ EM SANTOS
pras santistas, cuja história Maria Apparecida Franco Pereira
remota a 1902 e que tantas 13 DA ABOBRINHA COM OVO AO PERU COM
FAROFA
lembranças deve guardar, Wilma Therezinha Fernandes de Andrade
junto ao aroma de frutas e
14 PROCURA-SE IDOSO
verduras frescas. Maria Zilda da Cruz
No noticiário, dicas 15 MÍOPE
culturais e novidades imper- Marcia Ramos
díveis. 16 ADOLESCÊNCIA E IDENTIDADE
Lannoy Dorin
17 NOTAS CULTURAIS
Boa leitura
18 ESPAÇO DO LIVRO

O Editor

Expediente
Editor - Cláudio de Cápua. MTB 80
Jornalista Responsável - Liane Uechi. MTB 18.190.
Editoração Gráfica - Liane Uechi
Revisão: Cláudio de Cápua
Designer Gráfico - Mariana Ramos Gadig Gonçalves
Fotos: Gervásio Rodrigues
Capa: Mercado Municipal de Santos- J.A.Sarquis
End.: Rua Euclides da Cunha, 11 sala 211. Santos/SP. E-mail: revistaartecultura@yahoo.com.br
Participam desta edição: Amaryllis Schloenbach,Carolina Ramos; Cláudio de Cápua; Fernando
Jorge; Ives Gandra da Silva Martins; Lannoy Dorin; Marcia Ramos; Maria Apparecida Franco
Pereira; Maria Zilda da Cruz; Ney Paes Loureiro Malvasio; Sérgio Paulo Muniz Costa e Wilma There-
zinha Fernandes de Andrade. Os autores têm responsabilidade integral pelo conteúdo dos
artigos aqui publicados. Distribuição Gratuita. 3.000 exemplares.

PARA ANUNCIAR ENTRE EM CONTATO:


revistaartecultura@yahoo.com.br

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TROVAS
TROVAS

Na vida, a insinceridade Cada livro, nova história...


o eixo das coisas desloca: Cada folha, novo ardor...
- nem sempre quem dá lealdade, e, no final, a vitória
recebe lealdade em troca. se for enredo de amor!
Carolina Ramos José Feldman

Passaste por minha vida Finquei firme, os pés no chão:


e eu escrevi nossa história... - Esta é a minha terra nova!
Na página envelhecida E a rosa do coração
eu te prendi...na memória! se abriu em forma de trova!
Eulinda Barreto Fernandes Mercedes Libôa Sutilo

Na vida, em toscos degraus, Ao saudar um novo dia,


entre tropeços e sustos, o pássaro, em liberdade,
mais que a revolta dos maus, traz no canto a melodia
temo a revolta dos justos! de um hino à felicidade!
Rodolpho Abbud Renata Paccola

Quando, no ocaso da vida Na lágrima do meu verso,


um amor nos surpreende, nesta madrugada calma,
a existência agradecida ao contemplar o universo
em nova chama se acende. a brisa me embala a alma.
Amaryllis Schloenbach Cláudio de Cápua

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ADRIANA
CAROLINA RAMOS
A vida é assim como um longo a saudade da família e
fio de linha enrolado num carretel per- a emoção dos amigos
dido no espaço. Carretel ou novelo, condôminos, que não
que se desenrola devagarinho, conti- o conseguem ver sem
nuamente, sem que a gente perceba, imaginá-la ao volante.
ou, o que é mais comum, tudo faça E foi justa-
para esquecer que ele está ficando mente à saída do ele-
vazio. vador que, dois dias
E é assim que, de surpresa, antes da sua triste e
ganhamos e perdemos amigos, a cada inesperada partida,
passo dado! Rompe-se o fio, ou, tão trocamos cumprimen-
somente, dá ele uma última volta a tos com Adriana. Des-
desprender-se do seu carretel, logo cíamos, meu marido e
descartado por não ser mais útil. eu, até o térreo e ela
Um prédio de apartamentos ali chegava, vinda do
pode também ser definido de forma almoço no costumeiro
inusitada, como qualquer coisa seme- restaurante, onde
lhante a gaveteiros, que, a imitar es- quase sempre a en-
tantes, guardam histórias sem conta, contrávamos.
que podem, ou não, serem mescladas -Vão almo-
às demais que se aninham nesses in- çar? – indagou sorrin-
saciáveis colecionadores de memórias. do – eu estou vindo de
E o destino, hábil tecelão de tramas, lá.
trança e destrança fios a bel prazer, - Deixou algo
nem sempre compondo textos compa- gostoso para nós? – indaguei, brejeiramente, não me ocorrendo nada de menos
tíveis com o que gostaríamos de ler ou tolo e mais oportuno para ser dito.
vivenciar. Os sorrisos trocados foram o adeus e a última lembrança que nos deixou
Alegre e descontraída, assim essa amiga, às vésperas da definitiva despedida. Hoje, ao lembrar daquele en-
era Adriana, amiga que reencontrei no contro, ressuscito a pergunta pairada no ar, que ela deixou sem resposta.
prédio em que moro, muito tempo de- Na verdade, Adriana deixou-
pois de contemporâneas no Colégio -nos, sim, muita coisa gostosa e boa,
São José e, posteriormente, no Institu- não apenas a melancolia da saudade!
to Musical Santa Cecília, onde comple- Os frutos do seu trabalho são
tamos o curso de Piano. Ela, dedicada o legado precioso que seu sorriso fran-
inteiramente à pedagogia musical, liga- co deixou atrás de si, aos amigos e de
da ao Instituto Lavignac, onde o sopro modo especial à cultura de Santos, que
da arte alimentou sua existência, aju- muito se beneficiou com o encanta-
dando-a difundir o mundo dos sons mento da sua música, com os frutos do
que, na verdade, era o seu próprio seu afã didático e com sua notória sen-
mundo. A arte nos ligava, embora em sibilidade artística.
campos diversos. No entanto, os anda- Adriana deixou, também, arti-
res que, há tantos anos, separavam gos literários alusivos ao seu gênero
nossas “gavetas”, sequer nos levaram preferido, a música. Alguns deles, com
a trocar a gentileza de uma visita. Ocu- aplauso dos leitores, chegaram a enfei-
pávamos, praticamente, o mesmo es- tar as páginas desta Revista, que ora,
paço, em andares diferentes, e isto com muito carinho, a reverencia.
bastava para manter a amizade, mercê - Obrigada, Adriana!
de encontros ocasionais, que não pas-
savam de rápido passeio de elevador,
vez ou outra, estendidos até a garagem Carolina Ramos é poetisa e escritora,
(ou vice-versa), onde a esperava o ve- vice-presidente do Conselho Nacional
lho “ Fusca”, velho, mas sempre novo! da União Brasileira de Trovadores
Se digo, novo, é porque a fidelidade da - UBT e presidente da UBT/Santos;
dona o mantinha sempre nos “trin- Diretora de Comunicação do Instituto
ques”, sem jamais pensar em passá-lo Histórico e Geográfico de Santos.
a alguém, embora, com certeza, fosse Pertence à Academia Santista de
Letras - ASL, à Academia Feminina de
ele o carro mais “idoso” da garagem do
Ciências, Letras e Artes de Santos
nosso prédio, onde continua imóvel, - AFCLAS e à Academia Cristã de
calado, de olhar tristonho, curtindo a Letras de São Paulo - ACL
seu modo a falta da dona, a espicaçar

5 Fevereiro 2015 Santos Arte e Cultura

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CRIMEIA: LOCAL DE VELHAS E NOVAS BATALHAS
NEY PAES LOUREIRO MALVASIO

A Cri- no campo de
meia aparece honra e na roupa
nos jornais, nos civil. Por terra,
dias de hoje, assegurando a
como se fosse vida dos bravos
uma novidade. soldados, temos
Mas, não é nada de citar a primei-
disso, oh... Cri- ra inglesa enfer-
meia, local de meira da Histó-
grandes batalhas ria, a famosa
e guerras. Florence Nightin-
No iní- gale. O grande
cio do século poeta das terras
XVIII, sob as or- britânicas, à épo-
dens de Catari- ca, ficou para
na, a Grande, a sempre indelé-
Rússia, sob seu vel, debaixo de
comando e de- seus poemas li-
pois dos Czares, gados à memorá-
avançou sobre vel batalha de
as terras dos girassóis e as conquistaram dos turcos, in- Balaklava.
cluindo a Crimeia, importante local para a Rússia, sim, pois Mas, é claro, temos de nos reportar ao grande nú-
se olharmos a Rússia, inclusive nos dias de hoje, vemos um mero de navios oriundos das batalhas navais da Crimeia, já
dos grandes problemas daquele país gigante, mas coberto que a novidade da artilharia francesa foi utilizada pela Arma-
de gelo, os portos eram no nordeste e no leste, em grande da do Czar. Esses novos canhões eram responsáveis pelo
parte do ano, gelados na mãe Rússia. afundamento da flotilha turca, mas deixando uma grande
Portanto, para a Rússia e seus atuais ucranianos, quantidade de novidades na indústria naval, nascendo os
parte da grande população ligada aos russos, a Crimeia incríveis vasos encouraçados nos nossos mares. Enfim, a
sempre foi um porto livre do gelo, eterna ligação com a Eu- Crimeia era uma grande bola de fogo. De um lado, tínhamos
ropa e a Ásia, ligação esta, desde o avanço das terras rus- a infindável guerra entre Rússia e Turquia, além das potên-
sas no século XVIII até os dias de hoje, às terras turcas, na cias sempre se colocando na guerra da Crimeia. Temos
época Império Otomano, hoje, Turquia. O que nos propor- essa real bola de fogo até a Segunda Guerra Mundial, quan-
ciona um pouco da situação atual. do, utilizando o maior canhão krupp daépoca, destroem as
Em 1853, a Rússia e os turcos, devido a este porto fortalezas situadas na Crimeia.
e seu estratégico canal, detêm uma moderna batalha naval. A partir desse momento, quando, por fim, os ale-
As seis naus (ships of the line) e o resto da frota do Czar, mães são derrotados em 1945, temos em1953 a morte de
sediada no porto da Crimeia, dirigem­-se para o porto turco. Stalin, deixando em seu lugar Kruschev. Entretanto, ele ter-
Entretanto, a artilharia dos novos navios russos encontra-­se mina com o massacre de Stalin na Crimeia, sobre a popula-
armada com os canhões paixhans, a nova artilharia da ma- ção oriental do lugar. Esta política de Kruschev acaba pela
rinha. passagem da Crimeia, da Rússia para a Ucrânia. Essa polí-
Essa artilharia, que dota os grandes navios russos, tica deu­-se em plena União Soviética, quando os dois paí-
atacou a Esquadra turca, deixando-os completamente sem ses atuais eram uma espécie de estados, aí vemos que a
seus principais navios e perdendo pelo menos 3.000 ho- Crimeia ao passar de poucas décadas, tornar-se-ia algo que
mens em meio aos 4.500 marinheiros otomanos. Como se a Rússia iria querer de novo, com seu porto militar, seus
vê, essa total derrocada dos turcos botou lado a lado os aeroportos, seus canais de transmissão de petróleo.
principais Reinos, o Reino Unido da rainha Vitória, a França Entretanto, como já escrevi, os grandes momentos
de Napoleão lll, a Sardenha de Vítor Emanuel ll , a Itália (só já estão sobre a Rússia... a Ucrânia, estava sem dinheiro e
estaria completa em 1870) e é claro, os turcos, existe algo querendo ir para as tropas da Europa era um sem proble-
parecido com a Crimeia nos dias de hoje? Só que os Esta- mas para eles.
dos Unidos colocam­-se na frente da Inglaterra, pouco mu- Mas, a Rússia, essa sim, pode trazer problemas!
dou.
Apesar dessa situação, da atual guerra da Crimeia,
abrirei um espaço da guerra do século XIX, pois muito acon-
teceu, da guerra aos novos inventos, como as fotografias Ney Paes Loureiro Malvasio. neymalvasio@gmail.
com é formado em História (Unisantos), Comunica-
utilizadas fora dos panteísmo até então. O fotógrafo Roger
ção (Unisanta), Mestrado em História na UFRJ.
Fenton foi esse grande nome, nos combates. Outras roupas Oficial Reformado do Exército, professor de História
mais do que interessantes, desenhadas por dois comandan- do Colégio Militar do Rio de Janeiro e Membro do
tes ingleses da época... IHGS. Autor do livro "Distantes Estaleiros"
Field Marshall Lord Raglan e Lord Cardigan, seus
dois desenhos de jaquetas tornaram­-se bastante utilizados,

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VOCÊ É UNHAFOBO, AMIGO LEITOR?
FERNANDO JORGE

O sábio suíço Dufour desco-


briu que a unha do dedo mínimo cres-
ce menos rapidamente do que as dos
outros dedos, e que as dos polegares
são as que se desenvolvem mais de-
pressa.
Conforme certos psicólogos,
talvez superarrojados nos seus méto-
dos dedutivos, as unhas rosadas e
fortes pertencem aos individuos sa-
dios, as largas e rentes aos tenazes e
arrebatados, as vermelhas aos per-
versos e vingativos, as pequenas e
redondas aos ciumentos, as aduncas
aos soberbos e cúpidos, as sujas e
malcuidadas aos negligentes e inquie-
tos, as curtas e roídas aos estúpidos
ou libertinos, as longas e delgadas
aos preguiçosos e aos estetas...
As siamesas têm por hábito
deixar crescer de modo inacreditável suportar, sem perder os sentidos, o aroma de uma rosa. O sábio Júlio César
as unhas das mãos. E, quando ficam Scalígero, médico e gramático italiano, num dos seus escritos, informa que cer-
enormes, costumam adorná-las com to fidalgo gascão experimentava tanto medo ao ouvir o som da sanfona que,
pequenas placas de prata. Isto nos percebendo os menores acordes desse instrumento, logo sentia uma extraordi-
lembra o Príncipe de Tarento, que, se- nária vontade de urinar...
gundo afirma Scarron, "havia deixado A esta relação podemos acrescentar o nome de Henrique IV, o galante
crescer a unha do dedo mínimo da e bravo soberano que, segundo as
mão esquerda até atingir um tamanho "Memórias" de Sully, não quis que
espantoso, o que ele considerava a Villeroy fosse grão-mestre de arti-
coisa mais elegante do mundo". lharia, porque as unhas deste eram
Sempre pelo espaço de do- pálidas...
zes meses, o rei Victor Manuel, da Itá- Não ignoramos que a xe-
lia, não cortava determinada unha de nofobia é o horror aos estrangeiros;
seus dedos. Mas, no primeiro dia de a cinofobia, o horror aos cães; a
cada ano, após a unha ter alcançado claustrofobia, o horror a ambientes
cerca de uma polegada de compri- fechados; a enofobia, o horror ao
mento, o monarca a enviava a um joa- vinho; a fotofobia, o horror à luz; a
lheiro, que a polia e lhe aplicava o ma- escotofobia, o horror à escuridão; a
tiz característico da pedra "Olho de gerentofobia, o horror aos velhos; a
gato". Em seguida o artífice a montava mitofobia, o horror às mentiras; a
num fino engaste de ouro rodeado de triscaidecofobia, o horror ao núme-
brilhantes. Depois, com todo requinte, ro treze; a tafofobia, o horror de ser
sua majestade ofertava esta joia à se- sepultado vivo em consequência de
gunda esposa, a Condessa Rosina, morte aparente; a astrofobia, o hor-
que chegou a possuir umas quatorze ror aos terremotos, furacões, relâm-
idênticas. pagos e tempestades... E o horror às
Sabemos que vários homens unhas... como deve ser chamado?
célebres nutriam, aversão por ani- Unhafobia? Você é unhafobo, amigo
mais, objetos ou coisas. O cheiro de leitor?
peixe produzia febre em Erasmo de
Rotterdam. Jacques I, rei da Inglater- Fernando Jorge é jornalista, membro do
ra, tornava-se pálido ao ver qualquer Conselho de Ética do Sindicato dos
espada. Fabrício Campani assegura Jornalistas Profissionais do Estado de
São Paulo. O petropolitano Fernando
que D. Juan Rol, cavaleiro de Alcânta-
Jorge é autor do livro “A Academia do
ra, caía em síncope quando escutava Fardão e da Confusão”, lançado pela
a palavra "Lana". Henrique III tinha Geração Editorial, em que mostra
ojeriza pelos gatos. E Francisco Ver- numerosos erros de Português cometi-
nier, Duque de Veneza, não conseguia dos pelos membros da Academia
Brasileira de Letras.

7 Fevereiro 2015 Santos Arte e Cultura

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A EPOPEIA DA LEGIÃO DE SÃO PAULO
SÉRGIO PAULO MUNIZ COSTA
São passados cerca de dois e São Paulo, tendo na Legião de São
séculos desde o início das guerras tra- Paulo a sua principal força, cujos efeti-
vadas pela fronteira Sul que perdura- vos tiveram destacada atuação ao lon-
ram até a Guerra da Tríplice Aliança go de toda a guerra. Por ocasião da
(1864-1870), a maior da História do guerra de 1816, os seus efetivos tive-
Brasil, cujo sesquicentenário de abertu- ram participação decisiva nas vitórias
ra, inexplicavelmente, passou em bran- de Ybirocaí, Carumbé, Catalão e Tacu-
cas nuvens no ano findo. Bem maior, arembó. Um dos mais renomados co-
no entanto, do que a desmemória da mandantes táticos da guerra, o Briga-
guerra contra Solano Lopes é o quase deiro Joaquim de Oliveira Álvares,
completo desconhecimento a respeito antigo integrante da Legião e coman-
das guerras no Sul no início do século dante da vitória de Carumbé, foi depois
XIX, cujas origens retroagem ao XVIII. Ministro da Guerra, e a principal crôni-
Olvidam-se assim acontecimentos e ca da guerra, “Memórias da Campanha
personagens decisivos para a forma- de 1816”, foi redigida por um destaca-
ção e evolução da Nação, como os fei- do legionário, o Major Diogo Arouche
tos dos homens da Legião de São Pau- de Moraes Lara.
lo na Guerra de 1811 e na Guerra Se ainda resistem ao esqueci-
contra Artigas (1816-1820). mento os feitos da Legião de São Pau-
A criação da Legião de São lo, desapareceu a memória do monu-
Paulo, em 1775, para reconquistar a mento a um dos capítulos mais
Província de São Pedro do Rio Grande importantes dessa epopeia, no qual se
ocupada pelos espanhóis desde 1763 leria, abaixo dos nomes das batalhas
se baseava na fama dos paulistas da Guerra de 1811, (Barão do Rio
como os guerreiros e exploradores por Branco): "Este monumento, que deve
excelência do Brasil Colonial. A Legião perdurar, consagrado pela religião, os
era uma adaptação da cavalaria ligeira officiais e soldados da Legião de São
europeia, mais leve e rápida, ao cená- Paulo no Prata collocarão no dia 1º de
rio sul-americano, a qual deveria de- dezembro do ano de 1812”.
pender o mínimo possível dos apoios Se o monumento existiu ou
logísticos convencionais, dada a preca- não, e por que não foi erigido ou desa-
riedade de meios na Colônia. pareceu, é uma história a desvendar.
Com efeito, “em janeiro de Mas se existe um lugar onde ele deve-
1776, [...] os dez Regimentos da Le- ria perdurar é Santos, o berço da Le-
gião (seis de Infantaria e quatro de gião .
Cavalaria), mais o “Regimento Me-
xia” (de Santos), achavam-se pos-
tados, respectivamente na Frontei-
ra do Rio Pardo e em Porto Alegre”.
Nessa guerra, os paulistas compu-
seram a força que, sob o comando
de Rafael Pinto Bandeira, conquis-
taria o Forte de Santa Tecla em 24
de março de 1776 e participaram
das ações que culminaram na reto-
mada da praça de Rio Grande em
1º de abril do mesmo ano. Foi um
início auspicioso para a Legião
que, além de ter seus feitos reco- "Estandarte histórico do 5o
nhecidos, inspirou a criação da Le- Regimento Cavalaria Mecanizado,
gião de Tropas Ligeiras recrutada na com sede em Quaraí - RS"
própria capitania de São Pedro.
Mas a consagração da Legião
Sérgio Paulo Muniz Costa é Doutor em
de São Paulo na História Militar do Bra-
Ciências Militares e Historiador, é
sil viria de sua atuação nas Guerras de membro do Instituto Histórico e Geográfi-
1811 e contra Artigas, em 1816. O co Brasileiro, pesquisador associado do
Exército de Pacificação de D. Diogo de Centro de Estudos e Pesquisas de
Sousa, que interveio na Banda Oriental História Militar do Exército e membro do
em 1811, era composto de tropas bra- Centro de Pesquisas Estratégicas da
sileiras do Rio Grande, Santa Catarina UFJF.

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UM GOVERNO DE MAUS COSTUMES
IVES GANDRA DA SILVA MARTINS

As palavras “ética” e “moral” gens” e “ocultação da verdade”, com o


têm sua origem na Grécia e em Roma. que, por ínfima margem, conseguiram a
Tornaram-se sinônimas de “bons costu- vitória a 28 minutos do encerramento da
mes”. Na realidade, ética (ethos), de eti- contagem oficial, quando a presidente
mologia grega, e moral (mos, moris), de ultrapassou o candidato da oposição,
temos dimensão do que sejam 1 bilhão
etimologia romana, possuem, todavia, com quase 90% de votos apurados.
de reais. E já foram detectados desvios
conteúdo distinto pela própria conforma- O marqueteiro, que se espe-
de, pelo menos, 10 bilhões de reais!!!
ção dos vocábulos. Nas nações em que cializou em enganar o eleitor dizendo
Compreende-se a razão pela
surgiram, os gregos, mais especulativos que a economia andava muito bem,
qual o governo, acuado por tais escân-
que práticos – nunca conseguiram con- sem dizer a verdade sobre o aumento
dalos, tenha procurado editar o Decreto
formar um império, nem mesmo com do desemprego, a queda constante do
nº 8243/14 - felizmente derrubado na
Alexandre -, colocavam a ética no plano PIB,
o crescimento da inflação, as ma-
Câmara dos Deputados - mediante o
ideal, como se pode ler na “Ética de Ni- quiagens do superávit primário, o déficit
qual, no estilo das semiditaduras da Ve-
cômaco” de Aristóteles. Os romanos, da balança comercial, a elevação dos
nezuela, Bolívia e Equador, prescindiria
que, graças à herança cultural grega, juros – que ocorreu 3 dias depois do re-
do Congresso para governar.
acrescida da instrumentalização do Di- sultado -, o fracasso da contenção ao
A tristeza que sentem todos os
reito, influenciaram a história do mundo, desmatamento, além de outros inúme-
brasileiros, que lutam por bons costu-
com presença, durante 2.100 anos (753 ros apelos populistas, conseguiu des-
mes na política, na profissão, em sua
A.C. a 1.453 D.C.), quando da queda de construir “imagens” de cidadãos de
vida social e familiar, por verem o país
Constantinopla, deram à palavra “moral” bons costumes (Marina Silva e Aécio) e
assim desfigurado perante o mundo,
um sentido pragmático de aplicação real iludir o povo que, por escassa margem
não deve, todavia, inibir o povo de lutar
à vida cotidiana. de votos, outorgou à presidente mais
contra a corrupção, o que se principia
Pessoalmente, entendo que um mandato.
por diagnosticar o mal e combatê-lo,
esta diferença de origem permite dedu- Neste mercado de ilusões,
mesmo que isto implique o profundo
zir que “ética” e “moral” se completam chegou a presidente a dizer que ela es-
desconforto de dizer que a Presidente
- não aceito as diversas distinções que tava apurando as irregularidades ocorri-
Dilma governou atolada na pequenez
se fazem sobre a subordinação de um das na Petrobrás, quando, na verdade,
pouco saudável de um governo ora in-
conceito a outro - sendo a “ética” a face as duas instituições, que não prestam
competente, ora corrupto.
da moral no plano ideal e a “moral” a vênia ao Poder, é que o estavam fazen-
Como terá mais quatro anos
face da ética no plano prático. do, com competência e eficácia, à reve-
para governar, que faça seu “mea culpa”
De qualquer forma, tanto du- lia da Chefe do Executivo: a Polícia Fe-
perante a nação e recomece a caminha-
rante o domínio de gregos quanto dos deral e o Ministério Público. Se,
da, sabendo escolher pessoas compe-
romanos, a ética e a moral eram símbo- realmente, pretendesse a apuração,
tentes, honestas, dignas e que estejam
los dos bons costumes a serem preser- não teriam seus partidos de sustenta-
dispostas a fazer com que seu governo
vados pelos governos. ção torpedeado a CPI da Petrobras.
passe para a história bem avaliado, de-
Infelizmente, já há longo tempo Comentei - não me lembro
pois do desastre do primeiro mandato.
que as noções de bons costumes, de para que jornalista - que a presidente
Para isto deve abandonar o discurso da
ética e de moral deixaram de ser símbo- deveria nomear seu marqueteiro para o
luta de classes, distanciando-se dos
los do governo brasileiro. Ministério da Fazenda, pois, se iludiu o
“progressistas” da Venezuela e de
O episódio do mensalão ape- eleitorado sobre o PIB, emprego, des-
Cuba, que pretendem tornar todos os
nas descerrou a cortina do que ocorria matamento, moralidade etc., deve saber
ricos, pobres. Que siga o exemplo dos
nos porões da administração federal, iludir também os investidores, mostran-
“liberais” dos Estados Unidos e da Ale-
agora com a multiplicação de escânda- do-lhes que a economia brasileira vai
manha, que querem tornar todos os po-
los envolvendo diretamente os partidos muito bem.
bres, ricos.
do governo e de apoio, a principal esta- O certo, todavia, é que nunca

tal brasileira e inúmeras empresas, que, na história brasileira houve tanta exposi-
Dr. Ives Gandra da Silva Martins é Pro-
provavelmente, seriam mais bem en- ção de maus costumes governamen-
fessor Emérito das Universidades Mackenzie,
quadradas na figura penal da “concus- tais, como nos governos destes últimos
UNIP, UNIFIEO, UNIFMU, do CIEE/O ESTADO
são” (pagar à autoridade por falta de al- 12 anos. DE SÃO PAULO, das Escolas de Comando e
ternativa possível de atuar sem Se um empresário sofresse as- Estado-Maior do Exército - ECEME e Superior
pagamento), do que na de “corrupção saltos em sua empresa durante 8 anos, de Guerra - ESG; Professor Honorário das
ativa” (corromper a autoridade para ob- em 10 bilhões de reais, e não percebes- Universidades Austral (Argentina), San Martin de
ter vantagem). se nada, ou seria fantasticamente in- Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia); Doutor
A própria propaganda oficial, competente ou decididamente coniven- Honoris Causa da Universidade de Craiova (Ro-
para obter uma votação que deu à pre- te. Quando presidi a Academia Paulista mênia) e Catedrático da Universidade do Minho
sidente apenas 38% dos votos dos elei- de Letras, meu saudoso confrade Clo- (Portugal); Presidente do Conselho Superior
tores inscritos - financiada pelos parti- dowaldo Pavan perguntou-me se sabia de Direito da FECOMERCIO - SP; Fundador e
dos mencionados nos desvios de quanto duram 1 bilhão de segundos. Presidente Honorário do Centro de Extensão
dinheiro público e privado-- foi, segundo Disse-lhe que não sabia. Contou-me, Universitária.
seus próprios articuladores afirmaram, então, que 1 bilhão de segundos corres-
lastreada na “desconstrução de ima- pondem a 31 anos e meio!!! Nós não
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HÁ 93 ANOS
CLÁUDIO DE CÁPUA

Em 1922 no mês de fevereiro, acontece, oficialmen- à literatura vigente: "Queremos luz, ar, ventiladores, aero-
te no Brasil, a Semana de Arte Moderna, tendo por cenário o planos, reivindicações obreiras, idealismos, motores, cha-
Teatro Municipal de São Paulo. Nos dias 13, 15 e 17 de fe- minés de fábricas, sangue, velocidade, sonho na nossa
vereiro, apresenta-se a nova doutrina através de conferên- arte. E o rufo de um automóvel, nos trilhos de dois versos,
cias, a nova prosa e a nova poesia mediante leitura e decla- espante da poesia o último deus homérico, que ficou, ana-
mação, a nova música por intermédio de concertos, a nova cronicamente, a dormir e a sonhar, na era do Jazz Band e
arte plástica em óleo sobre tela, a escultura em terracota e a do cinema, com a flauta dos pastores da Arcádia e os seios
arquitetura em maquete. divinos de Helena". Menotti ainda diz: "Procuramos, cada
A segunda noite da Semana é considerada a princi- um, atuar de acordo com o nosso temperamento, dentro da
pal, quando Menotti del Picchia demarca os limites e os pro- mais arrojada sinceridade" e, mais, que os jovens escrito-
pósitos do novo movimento, onde cada autor apresenta de res querem fazer nascer" uma arte genuinamente brasilei-
viva-voz o seu gênero. Mário de Andrade confessa que não ra, filha do céu e da terra, do homem e do mistério". A Se-
sabe como declamar Pauliceia Desvairada, de sua autoria, mana de Arte Moderna é a tomada de posição corajosa dos
até o fim, diante de uma grande vaia. Ronald de Carvalho moços intelectuais de São Paulo, diante das práticas rei-
apresenta o poema "Os Sapos", de autoria de Manuel Ban- nantes no Brasil àquela época.
deira, que ridiculariza o parnasianismo e o neo parnasianis-
mo, sob xingamentos e vaias... Cláudio de Cápua é aviador, jornalista e escritor. Pertence
O poeta Menotti del Picchia salienta que a estética ao Instituto Histórico e Geográfico de Santos, à Academia
do grupo é reação e, como tal, guerreira opondo-se, assim, Paulistana de História. É sócio-fundador da União Brasileira
de Trovadores - Seção de São Paulo. www.de-capua.com
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AO SUÍCIDA EM POTENCIAL
AMARYLLIS SCHLOENBACH

Seu gesto de desespero me sos do desespero rondem essa prisão.


toma de assalto e chego quase a lhe Liberte-se, mas não fugindo
dar razão por querer tomar essa atitu- como um covarde, ou, no fundo, que-
de tão drástica. rendo bancar o herói!
Mas a alma humana tem me- Você já tentou, firmemente,
andros, que, contornados com a cal- analisar com frieza o que o incita a
ma de um barquinho a remos, mostra uma viagem sem retorno? Procurou
paisagens que o passageiro de veloz ser racional, examinar o assunto dian-
barco a motor não pode captar! te de suas possibilidades e chances
A motivação é compreensí- futuras?
vel, mas todas as indagações são váli- Por que continuar alimentan-
das. E acima de tudo há de pairar a do ilusões falidas e ir ao encontro da
verdade, ainda que cruel. Sua deci- destruição do que se tem de mais
são, no fundo, não é tanto pelo que belo?
expôs tão apaixonadamente. Lá den- A alma doente cura-se tão so-
tro de você, gira um moinho, descom- mente com a busca, dentro de nós, da
passadamente, moendo sua resistên- força para enfrentar a luta, a fim de su-
cia, seu ânimo, sua coragem. perar os momentos negativos, por que
Por fraqueza, afinal, você se- todos passam. Não só você!
ria capaz, talvez, dessa imprudência. Reavalie sua capacidade de
No entanto, apelo para sua consciên- se dar. Afinal, se sua vida não serve
cia, pois, acredito, há de haver ainda mais para você, poderá servir para
um resto de energia, mantida em tê- ajudar alguém. Não seja egoísta. Exis-
nue fio, que poderá ganhar força nova. tem sentimentos nobres e estes, sim,
Você sabe! Se enfrentar o devem ser oferecidos, recebidos e cul-
problema que o corrói e abafa, aceita- tivados com o imenso carinho latente
rá o revés e poderá superar esse que existe em você.
amargo momento.
Você é sensível e está terri- Amaryllis Schloenbach é jornalista,
advogada, poetisa cronista. Publ. “Pelos
velmente amargurado. Mas a vida não
Meandros do Tempo”/1987 e “Girândo-
é um carcereiro impiedoso. Se se sen- la”/1993 (ambos poesia, SP).
te aprisionado, não deixe que os pas-

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RUI RIBEIRO COUTO (1898-1963)
E A PAIXÃO PELO MUNDO - MEMÓRIA DE UM MENINO APRENDIZ EM SANTOS
MARIA APPARECIDA FRANCO PEREIRA

A recente descoberta, para soubesse ler aos oito anos, era o uni- sil” (de Aires de
mim,de um novo Rui Ribeiro Couto ,foi verso, aos meus pés e diante dos meus Casal?): “Em
a leitura de “Barro do município”, publi- olhos, o verdadeiro livro aberto” muitas das
cado em 1956, com crônicas escritas (p.91).”Até naqueles quintais de Vila suas pági-
em vários jornais, nos inícios das déca- Mathias as imagens do porto se insinu- nas, com
das de 1930 e 40, lembrando aspectos avam, cercando-me de uma poderosa tinta amare-
de vida cotidiana nos lugares pelos sugestão de mares e viagens”(p. 91). lecida, en-
quais passou e viveu no Brasil: São Residia na Vila Mathias, bairro contro as
Paulo (quando estudava na Academia promissor de comércio que juntamente notas que eu
de Direito); no Vale do Paraíba paulista com a Vila Macuco abrigavam os traba- tomava na
e interior mineiro e Rio de Janeiro (lo- lhadores portuários: os anos de sua in- classe, nomes
cais onde atuou ou como delegado de fância “coincidem precisamente com a de rios e monta-
polícia ou promotor público ou jornalis- época mais urbana da minha vida de nhas que o professor
ta. menino, numa rua que ficava nas ime- acrescentava ao texto[...] (p. 85).
Não vou deter-me no escritor, diações do porto por trás dos grandes Rui Ribeiro Couto completa
que, desde 1934, faz parte da Acade- armazéns de café, desembocando no que: ”A Europa não veio a mim, obscu-
mia Brasileira de Letras e autor de uma mar. Podia ver todos os dias os barcos ro menino dos trópicos somente na-
rica bagagem literária; nem na sua car- que entravam e saíam: ’Lá vai um va- quela imagem do porto de Santos,
reira diplomática (1921 a 1963), pela por’ era o grito a cada instante. (Eu não aberto à simpatia pelas nações [...] (p.
França, Holanda, Portugal,Genebra, sabia que sem querer saudava as na- 92), mas também pelo contato com
Iugoslávia (com estadas intercaladas ções). O vapor em movimento era a duas senhoras das relações de sua
no Brasil), vida no exterior que se pro- imagem cotidiana em que o universo avó, que frequentavam a sua casa:
longou até a sua morte em Paris me mandava alegria” (p.81), Vivendo uma francesa (que lhe dava aulas de
(1963). “à sombra dos armazéns de café e dos piano), mais erudita; e uma alemã,
Chamou-me a atenção a sua navios do porto’(p.82) crescia cada vez “que me admitia no seu mundo ‘de pes-
“paixão pelo mundo”, que se formou mais o desejo de conhecer as terras da soa grande’: “eu podia falar à vontade,
na cidade de Santos, onde nasceu e outra margem do Atlântico.”Ao porto é contar histórias do colégio, explicar a
viveu até os 15 anos. que devo a minha essência”(p.84) . E minha vida (caçadas de passarinho
Rui Ribeiro Couto ficou órfão “sempre fico inspirado em viagens”(p. com arapucas e estilingues) e os meus
de pai e foi criado pela sua avó e sua 18). negócios (troca de selos ou decalco-
mãe, portuguesa da Ilha da Madeira, Santos, no início do século manias).(p.93).
portanto em uma família com todas as XX, era o grande centro exportador do O conhecimento do mundo,
dificuldades que sofriam os imigrantes. café: a vida portuária e comercial agru- assim, também veio através de coleção
“Embora a vida fosse difícil para a mi- pava e irmanava todos os homens. O de selos em albuns, quando tinha tre-
nha família, eu me sentia filho de reis adolescente Rui Ribeiro Couto vai tra- ze ou catorze anos, . Preferia os selos
no parque de um palácio; como se ar- balhar num escritório de café e seu pa- usados e conseguia-os a bordo dos
rastasse poder e riqueza, passeava à trão, percebendo sua inteligência e vi- navios, com os marinheiros. “A paixão
tarde entre as goiabeiras do quintal, vacidade, mantém-no num importante pelos selos no colégio era uma paixão
admirava as couves da pequenina hor- colégio do bairro, a Escola da Associa- pelo mundo”. Em casa ou “nos interva-
ta (catando amorosamente caracóis) e ção Instrutiva “José Bonifácio”, onde los das aulas comparávamos nossas
afofava a terra nos canteiros de cama- recebe esmerada educação. Ele fala coleções, discutíamos raridades, trocá-
radinhas, beijos-de-frades, violetas, da sua aventura de aprender a descri- vamos duplicadas’. Concluía:[...] “eu
cravinas e sempre-vivas. Ainda que já ção do país ao ler a “Corografia do Bra- sentia que aquele brinquedo me dera a
posse do mundo e todos os mares ago-
ra podiam ser meus”(p 94-96).
Como diria o filósofo espanhol
Ortega y Gasset, “esses mares” passa-
ram a fazer parte da sua circunstância,
da sua vida. Ou como diz o próprio Rui
(p. 18), a existência de sua pátria é o
seu território pessoal, “que eu mesmo
juntei por amor, como uma criança que
fez um brinquedo para ela só”.

Maria Apparecida Franco Pereira é


Mestra e Doutora,Historiadora da
Universidade Católica de Santos

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DA ABOBRINHA COM OVO AO PERU
COM FAROFA
WILMA THEREZINHA FERNANDES DE ANDRADE

Na vés-
pera de Natal, Gis-
leine, a emprega-
da, pediu à patroa:
- A se-
nhora vai me dar
alguma coisa por
conta do 13º? Pre-
ciso de algum di-
nheiro para a ceia
de Natal dos meus
três filhos.
A reação
foi sonora garga-
lhada e, quando
diminuiu o riso, a
patroa Ivete (nome
fictício), disse:
- Você
não tem direito ao
13º, você não é re-
gistrada. Não te-
nho obrigação de lhe dar nada! nhou com a minha placa, pode encher o
Já em anos anteriores, a cena tanque do carro!
se repetira e, por ter sido presenciada Gisleine levou na brincadeira,
pela filha de Ivete, esta dera a Gisleine, mas gostou de ter telefonado para Ive-
às escondidas, 100 reais, o que ameni- te, pois fora ajudada por, digamos, for-
zara a situação. ças imponderáveis.
Naquele ano, de mais um recu- Bem gasto, o dinheiro deu
sa, o jantar do dia 24 foi arroz, feijão, para os presentes, roupa nova para a
abobrinha com ovo. Sem grana alguma filha menorzinha, ceia farta com peru
para o dia 25, a empregada tirou 2 reais recheado, com direito à farofa, bebidas
da condução e jogou no bicho. A patroa e à satisfação social de ter uma ceia ca-
tinha trocado de carro, pois alguém lhe prichada como todo mundo. Porque
dissera que tinha um carro de velho e Natal tem também esta condição - além
ela comprara um novo, zero km. de celebrar o nascimento de Jesus - a
Gisleine teve a ideia de jogar o de fazer a união de todos numa Noite
número da placa do carro novo: 0722, Feliz.
do 1º ao 5º, milhar e centena. Como
todo mundo sabe, o jogo do bicho é uma
das instituições mais sérias do continen- Wilma Therezinha Fernandes de Andra-
te Brasil. Jogou de manhã e à noitinha, de é formada em História e Geografia
a notícia! Primeiro prêmio! Ganhara 750 pela “Sedes Sapientiae” da Pontifícia
reais! Universidade de São Paulo (PUC);
Feliz, felicíssima (quem disse mestre e doutora em História Social
que o dinheiro não traz felicidade?), pela Universidade de São Paulo (USP).
para quem só conta com o salário míni- Museóloga, trabalhou no Museu de
Arte Sacra de Santos (MASS) durante
mo do Brasil, setecentas e cinquenta
26 anos. Iniciou o Roteiro Histórico de
pratas é uma festa! Gisleine telefonou Santos há 51 anos. É professora
para a patroa: doutora - assistente de História na
- Ganhei 750 reais no jogo do Universidade Católica de Santos
bicho, apostando no 0722, número da (UniSantos). Tem publicações científi-
placa do carro! cas de História, didáticas, paradidáticas
- Sua filha da mãe (o xinga- e de ficção em livros, jornais, revistas.
mento foi outro, mas as crianças podem
ler o que escrevo), então como você ga-

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PROCURA-SE IDOSO
MARIA ZILDA DA CRUZ
Comunicar-se é transmitir no- ondas sonoras bem junto aos ouvidos seu celular: fazia uma pausa, lia a res-
tícias, conhecimentos, emoções de ou numa telinha iluminada. Jovens, posta e devolvia outra mensagem
alegria e, às vezes, de tristeza. Na pas- crianças e adultos ainda jovens torna- muda. Seria uma ligação direta com o
sagem das conversas as ideias se ram-se escravos de aparelhos cada seu Deus?! Ele, o Divino, estaria res-
aclaram ou se chocam. O mundo cres- vez menores, emplacados nas palmas pondendo a uma devota privilegiada?
ce com pensamentos nobres ou se das mãos. São gracinhas oferecendo A terceira-idade, porque não
amesquinha com a covardia da malda- letras e números. Dedos ágeis esco- quer ser prisioneira da tão avançada
de. Os animais, não racionais, se pen- lhem destinos geográficos, próximos tecnologia do comunicar-se, reluta em
sam é uma incógnita para nós. Mas ou distantes, dedilham rápidos e en- dedilhar o tal aparelhinho, ladrão da
suas emoções são bem extravasadas: viam ou recebem mensagens curtas, gostosa conversa compartilhada, rica
alegrias e tristezas; amores e ódios; econômicas em letras e sílabas. Até de emoções. Defensivos, os não-jo-
ternuras e agressões diversificam os porque há pressa em saber quem faz o vens em idade formam oásis no deser-
seus comportamentos. Já o homem quê. to do silêncio do falar e ouvir entre pes-
pode manifestar os sentimentos em A tela, hipnotizadora do olhar, soas.
suas falas, através de línguas bem di- leva a obediência do espírito no jugo de Esperançosamente, se procu-
ferenciadas. Umas são incompreensí- ser um alienado da palavra oral. O con- ra um idoso, muitos idosos para a deli-
veis entre si: os sons se chocam e vívio social, criador, morre no silêncio, ciosa prática de jogar conversa fora: a
nada dizem fora da cultura em que nas- sem ouvinte, num mundo voltado e ali- TERTÚLIA.
cem. Outras se irmanam, e, tateando mentado por um único EU: o dono do
buscas de significados, acabam pas- aparelhinho fortemente defendido en-
sando as mensagens desejadas. tre as próprias mãos. Parece a relíquia Maria Zilda da Cruz é Mestra e Doutora
em Psicologia pela Universidade de São
Mas, no momento, assiste-se ambulante, entorpecente proibitivo do
Paulo-USP- Membro da Academia
a uma nova barreira contra a comuni- comunicar-se com a pessoa à sua fren-
Feminina de Ciências, Letras e Artes de
cação oral. Não se fala. Os pensamen- te.
Santos e Membro da Diretoria da
tos, dificilmente, se encontram, se Não se conversa mais com Academia Santista de Letras.
constroem. Só as notícias passam. Se crianças e jovens, sempre ocupados
for fofoca, melhor ainda, porque não é com a tela magnética. Os adultos,
preciso checar a fonte, nem a veracida- que se têm como evoluídos, também
de da mesma. se deixaram cair nas emaranhadas
Surgiu a comunicação virtual. redes, numa fuga de falar por ondas
Os computadores de bom uso se trans- sonoras saídas dos lábios e direcio-
mudaram em dezenas de primos an- nadas a ouvintes ao seu lado.
darilhos. Nos bolsos, nas bolsas e de Existem cenas quase ina-
preferência nas mãos, os celulares, creditáveis. Numa mesa composta
smartfones, ipads e tantos outros mem- por respeitáveis autoridades, em
bros da família comunicável são os reis evento público oficial, com grande
da atenção. Tornou-se muito difícil falar plateia, dois senhores escreviam
com alguém. Se você quer dizer “bom mensagens (ou jogavam?) em seus
dia” a alguém ao seu lado, só se sou- celulares. Mantinham-se alheios a
ber o seu e-mail e dedilhar o alô mati- qualquer reprovação ao comporta-
nal ao destinatário. Outra via eletrôni- mento pouco elegante. Singular, ou-
ca, prima ou irmã do conhecido e-mail, tro caso provocava inveja! Uma se-
também serve. Conversa só a distân- nhora, durante todo tempo de um ato
cia. Contato com o próximo será pelas religioso, passava mensagens em

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MÍOPE
MÁRCIA RAMOS

Míope é míope até de óculos. tamente.


Não enxerga a realidade como ela Para o míope desaparelhado,
deve ser. ainda, os objetos são maiores do que
Mantém a visão macroscópica realmente são. Porque o míope não
do real, a mesma que teria se estivesse enxerga onde eles estão e sim a região
sem os óculos. Enxerga borrões de na qual é mais provável que eles este-
matéria e imatéria e, assim, identifica jam, a área de maior probabilidade de
padrões, tendências e pode até prever sua ocorrência, tal qual nuvem de pon-
o futuro. Como não é comum que se tos num gráfico (o que, confirma suas
perceba isso, geralmente atribui-se a suspeitas de que a realidade é virtual e
ele uma boa intuição. depende de análise estatística para
Também tem uma boa visão existir e, portanto, só existe enquanto
microscópica da realidade. amostra e varia de acordo com o méto-
Por não enxergar longe, o mí- do de coleta, o observador, a análise e
ope precisa olhar o real de perto, de a interpretação). Assim, a perseguição
bem perto. Enxerga pequenininho e de um mosquito, por exemplo, é injusta
consegue analisar detalhes que nin- para o mosquito, é claro. O míope en-
guém observa. Penetra na realidade, xerga a região onde ele mais provavel-
passa por entre os poros do real e en- mente está e qualquer tapa de mão
xerga-lhe o âmago, as intenções, a na- cheia com certeza o acerta. Se é que o
tureza. Por isso o míope é alguém que mosquito realmente existia.
nem sempre precisa olhar para conhe- Já com os óculos, as coisas
cer as coisas. ficam menores do que realmente são.
Muitas vezes o que ele vê O míope sempre usa essa vantagem
causa-lhe desgosto e, por isso, o mío- para enfrentar os problemas.
pe nem sempre aprecia olhar para as Além disso, o verdadeiro mío-
coisas, muito menos através das len- pe, aquele de sangue, é assim desde
tes. Tenta melhorar a situação concen- criança. Nunca viu o mundo como ele
trando-se na audição. Aí tudo se torna realmente é e passou a vida vendo o
terrível. Passa a ouvir o que as pesso- real enquadrado, tela flutuante de acor-
as estão realmente falando, a real di- do com o ritmo de seu corpo. Com isso
mensão dos ruídos, o caos dos sons ele exerce grande domínio sobre a rea-
urbanos. Precisa, com urgência, de um lidade. Sabe que é mutável de acordo
alívio para o excesso de realidade. En- com seu desejo: pode vê-la nitidamen-
tão, tira os óculos e resolve encarar o te ou não, e pode transformá-la. A rea-
real de frente. Porque míope é meio lidade está pendurada no seu nariz ou
surdo quando não enxerga nitidamente: se desfaz numa pintura impressionista,
não faz leitura labial e não localiza a fon- sempre bela, na qual as cores se fun-
te dos ruídos. Assim, ele não entende dem para criar novas formas. A partir
conversas vãs que não mereçam con- daí, o míope cria universos.
centração e raciocínio, não vê coisas Mas, falta-lhe a visão do real
com as quais não estaria de acordo e na sua real proporção, o que lhe confe-
não precisa cumprimentar quem não re certa inadequação à vida comum, à
quer. Pode estar presente, olhando para capacidade de viver simplesmente,
manchas que devem ser rostos, olhos e abstraindo a análise e achando o nor-
bocas, enquanto se diverte com divaga- mal real. O que ele realmente não
ções. Na verdade, o míope literalmente acha. Porque ao míope é impossível
não vê o que não quer ver. reconhecer o real como real, já que
Sem os óculos, o míope não nunca o conheceu na realidade.
enxerga o contorno das coisas. O que
vê é o halo das luzes, o rastro do movi-
mento, a aura das pessoas, por isso, é Márcia Ramos é bióloga e mestre na
comum que se torne um místico, com área de Oceanografia Biológica
muitos seguidores que enxergam perfei-
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ADOLESCÊNCIA E IDENTIDADE
LANNOY DORIN

Uniformidade e diferenciação são dois processos diferenciação vai se impondo ao da uniformidade. Se, po-
próprios da natureza humana e que ocorrem paralelamente rém, o adolescente, por vários motivos, não puder contar
do início do desenvolvimento individual até a velhice. As- com pessoas que o guiem, dificilmente alcançará o que
sim, cada ser humano tem a tendência tanto para ser se- chamamos de individualização, ou ser aquilo que poten-
melhante aos demais em ideias, sentimentos, desejos, ati- cialmente se é. Será, então, uma pessoa sugestionável e
tudes e comportamentos, como para se diferenciar de pobre em ideias, sentimentos, desejos, atitudes e compor-
todos. tamentos próprios.
Embora existam simultaneamente, ora um ora ou- O adolescente monitorado tende a seguir quem é
tro predomina na criança, jovem, adulto ou idoso. Na infân- líder. E se este tem um mau caráter, porque formado num
cia, que é a fase da imitação e obediência, a uniformidade lar desestruturado, sua influência provavelmente será per-
cede pouco espaço à diferenciação. Na adolescência, esta niciosa. É por isso que a adolescência dos filhos às vezes
se impõe, porque é a etapa da vida em que o adolescente é uma sucessão de problemas para os psicólogos suge-
busca a identidade e a autoafirmação. Posteriormente, há rem que estes sempre procurem saber onde os filhos vão
um certo equilíbrio entre os dois processos: o adulto e o e com quem saem.
idoso seguem a maioria, embora se esforçando para ser Quando certos pais descobrem que um filho usa
diferente dos demais. drogas ou comete delitos, se perguntam: "Quando errei?".
Como toda regra, essa acima citada tem exce- O único erro dos pais é tratar um filho adolescente
ções. Há indivíduos que não têm desenvolvida sua indivi- como se fosse adulto. Um jovem pensa como um adulto,
dualidade. De modo que são apenas reflexos das persona- mas conhece o mundo como criança. Ouvi-lo com paciên-
lidades dominantes no seu meio social. São tal qual uma cia e orientá-lo com amor e determinação é o método pro-
biruta, que muda de posição segundo a direção do vento. E filático para se evitar que venha a ser um desajustado.
chegam à velhice incapazes de se definirem e justificarem
a existência que tiveram. Lannoy Dorin é professor, mestre em psicologia,
A adolescência, como dissemos, é a fase do de- escritor e jornalista .
senvolvimento individual em que aos poucos o processo de

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NOTAS CULTURAIS RODA SP VIAJA PELA BAIXADA SANTISTA
NOTAS CULTURAIS
HOSPEDARIA
DOS IMIGRANTES

O programa Roda O visitante receberá infor-


SP, da Secretaria de Turis- mações sobre diversos pon-
mo do Estado de São Paulo, tos turísticos, além de poder
leva turistas, em confortá- viajar o dia todo com apenas
veis veículos, entre ônibus e um ingresso, no valor de R$
A Fatec Rubens gares, 18 salas administrati- vans, aos nove municípios 10, que deve ser adquirido
da Baixada Santista: San- no próprio ônibus.
Lara ganhará uma nova vas, entre outros.
tos, São Vicente, Praia É permitido que o
sede: o prédio da antiga Por ser tombado Grande, Mongaguá, Itanha- passageiro desça em vários
Hospedaria dos Imigrantes, pelo Condepasa, o imóvel ém, Peruíbe, Guarujá, trechos do itinerário, de acordo
situada à Rua Silva Jardim, da década de 1960 e com Cubatão e Bertioga até o co- com a rota escolhida, e suba
95, no Macuco. Na área de cerca de 5 mil m², será res- meço de março. novamente quando quiser.
14.600 mil m² haverá 28 sa- taurado, mantendo as ca-
las de aula, 21 laboratórios, racterísticas originais. A Alguns pontos turísticos visitados: Biquinha (SV); Teleférico / Zo-
três salas de apoio e uma de obra deverá ser entregue ológico / Ilha Porchat (SV); Orquidário (Stos); Museu Pelé (Stos);
vídeo, auditório com 259 lu- em 2017. “ Aquário (Stos); Fortaleza da Barra (Gja) ; Praia do Tombo; Praia
de Pitangueiras; Praia Branca (Gja); Forte São João – Bertioga;
ESTRANHEZA Riviera de São Lourenço – Bertioga - Portinho (PG); Praia do
Causou estranheza o processo seletivo para Boqueirão / Praça da Paz (PG); Praia da Ocian / Estátua de Ne-
tuno – Praia Grande; Poço das Antas / Igreja Matriz – Mongaguá;
a escolha dos escritores brasileiros que repre-
Plataforma Marítima de Pesca / Parque Ecológico A Tribuna –
sentarão o Brasil no Salão do Livro de Paris 2015. Mongaguá; Igreja Matriz Sant’Anna / Convento Nossa Senhora
Na semana, que foi anunciada as inscrições dos escritores da Conceição – Itanhaém; Cama de Anchieta / Painéis de An-
interessados (que precisariam ter obras publicadas em fran- chieta – Itanhaém; Ruínas do Abarebebê – Peruíbe, dentre ou-
cês) foi anunciado que os 48 já estavam escolhidos. tros.

SAUDADE
Vanja Orico morre aos 85 anos. A atriz e cineasta faleceu no Rio de Janeiro. Motivo: câncer intestinal. Vanja ganhou
fama em filmes nacionais sobre o cangaço. Veterana da Rádio e TV Tupi, também atuou em filmes do consagrado Fe-
derico Fellini, na Itália, na década de 50.

foto: site Prefeitura Santos


CONCHA ACÚSTICA
A Concha Acústica, após ampla pedra e duas chapas de aço
reforma que lhe conferiu novos recursos perfuradas, que absorvem o
acústicos, foi reinaugurada no dia 26 de som; ao redor, as paredes de
janeiro último, durante comemorações do vidro com 3,20m de altura são
aniversário de 469º anos da cidade de feitas por duas camadas, com
Santos. plástico na parte interna para
Instalada no Canal 3, a Concha conter a propagação sonora.
ganhou recursos acústicos e de controle O espaço ganhou piso de resi-
do som, para evitar impactos ao ambiente na reciclada e 226 assentos de
e aos moradores da área. pvc e acomodará 80 pessoas
A reestreia começou às 19h, em pé. O local contará, ainda,
com show do quarteto Blue Hat, com mú- com seis ventiladores para
sicos da Jazz Big Band. melhorar a sensação térmica
Na reforma foram instalados no ambiente.
dois painéis no fundo do palco, com lã de
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Espaço do Livro
CLÁUDIO DE CÁPUA

PABLO ESCOBAR
Ascensão e queda do grande traficante
de drogas"
de Alonso Salazar J.

Livro de autoria de Alonso


Salazar J., jornalista dedicado a repor-
tagens investigativas na Colômbia. Au-
tor de várias matérias da realidade vi-
vida pelo povo colombiano diante da
violência gerada pelo tráfico de dro-
gas.
O personagem central desta
obra é o poderoso chefe do "Cartel de
Medellin", o temido narcotraficante Pa-
blo Escobar.
Alonso entrevistou parentes,
amigos, vizinhos e até inimigos de Pa-
blo, para escrever este livro, onde
mostra várias facetas da vida de Esco-
bar, que, embora um fora da lei e im-
piedoso assassino, mostrava-se
exemplar no trato com sua família.

É SUAVE A NOITE....
Sonia Regina Rocha Rodrigues

A médica santista Sonia Regi-


na Rocha Rodrigues traz a público "É
suave a noite", composto por mais de
30 contos e crônicas que revelam seu
talento literário e seu envolvimento cul-
tural, que já lhe renderam reconheci-
mento no Mapa Cultural Paulista e tam-
bém a utilização de sua monografia na
prova do Enem.

ESTÁ BOMBANDO....
O livro "Santos Dumont, Domador do Espaço" é o mais vendido na
Livraria Nobel, em Santos (loja Boqueirão). Na Amazon, onde está à
venda em versão eletrônica, ocupa o segundo lugar no tema: Aviação.

Fevereiro 2015- Santos Arte e Cultura 18

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Janeiro Santos Arte e Cultura 19

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